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FÍSICA TEÓRICA III Vitor Dias Cargas Elétri as Resumo - Notas de Aula Introdução A Físi a do eletromagnetismo foi estudada pela primeira vez pelos �lósofos da Gré ia antiga, que des obriram que se um pedaço de âmbar (resina fóssil) fosse fri ionado e depois aproximado de pedaços de palha, esta seria atraída pelo âmbar. Hoje sabemos que a atração entre o âmbar e a palha se deve a uma força elétri a. Os �lósofos gregos também des obriram que se um erto tipo de pedra (um imã natural) é aproximado de peda inhos de ferro, o ferro é atraído pela pedra. Hoje sabemos que a atração entre o imã e a pedra se deve a uma força magnéti a. A partir dessa origem na Gré ia antiga, as iên ias da eletri idade e do magnetismo se desenvolveram independentemente por muitos sé ulos, até 1820, quando Hans Christian Oersted des obriu uma ligação entre elas: uma orrente elétri a em um �o é apaz de muda a direção da agulha de uma bússola. Dessa forma, ao longo da história, Mi hael Faraday, desenvolveu esta teoria através de vários experimentos, até que em meados do sé ulo XIX, James Clerk Maxwell olo ou as idéias de Faraday de forma matemáti a. Com isso, vamos omeçar pelo estudo do iní io desdes on eitos eletromagnéti os, a arga elétri a. (a) (b) Figura 1: Interação entre orpos arregados A Eletrostáti a estuda os fen�menos quando as argas elétri as estiverem em repouso em relação à um sistema iner ial de referên ia. A Carga Elétri a está asso iada a intensidade das interações elétri as de uma partí ula que depende deste valor de arga, que pode ser positiva ou nega- tiva. Cargas de mesmo sinal se repelem e argas de sinais opostos se atraem. Um orpo om quantidades iguais dos dois tipos de argas é eletri amente neu- tro; um orpo om um ex esso de argas positivas ou negativas está eletri amente arregado. Carga Elétri a Elementar: e = 1.6× 10−19C Próton: +e = 1.6× 10−19C Elétron: −e = 1.6× 10−19C 1 1 Corpo Eletrizado Quando o número de elétrons é igual ao número de prótons este orpo é eletri amente neutro. A falta ou ex esso de elétrons é dada pela equação: Q = ±n · e, onde n é o número de elétrons em falta ou ex esso em um determinado orpo e e é o valor da arga do elétron. 1.1 Contaminação Ba teriana e a Força Eletrostáti a (a) (b) Figura 2: Tela de Monitor om onta- minação. A força eletrostáti a pode desempenhar um papel sutil na ontaminação ba teriana de um hospital. Nas irurgias endos ópi as, por exemplo, o médi o observa o interior do orpo do pa iente na tela de um monitor. Nos monitores onven ionais (mas não nos monitores de ristal líquido) a imagem é pro- duzida por elétrons emitidos por um anhão eletr�ni o e atraídos para uma tela positiva- mente arregada. A tela arregada também atrai partí ulas presentes no ar, omo po- eira, �apos de linha e élulas epiteliais. No aso de partí ulas eletri amente neutras os elétrons se on entram no lado mais próximo da tela, o que faz om que as partí ulas adquiram uma arga induzida. Quando o irurgião aproxima o dedo enluvado da tela para mostrar alguma oisa à equipe, estas partí ulas de poeira e ba térias podem ser transferidas para a luva do irurgião e por sua vez para o pa iente e dessa forma o orrer uma ontaminação não só na pele do pa iente omo também nos órgãos internos do pa iente, o que seria muito pior. 1.2 Condutores e Isolantes A lassi� ação dos materiais está rela ionado om o movimento das argas em seu interior. • materiais ondutores - são materiais nos quais as argas elétri as se movem om fa ilidade. Ex.: metais, orpo humano, água da torneira, et . • não- ondutores - também onhe idos omo isolantes, são materiais nos 2 quais as argas não podem se mover. Ex.: plásti os, borra ha, vidro, água destilada, et . • semi ondutores - são materiais om propriedades elétri as intermediárias entra as dos ondutores e as dos não- ondutores. Ex.: silí io e germânio. • super ondutores - são ondutores perfeitos, ou seja, materiais nos quais as argas se movem sem en ontrar nenhuma resistên ia. 1.3 Prin ípios Bási os da Eletrostáti a Para que se umpra este prin ípio, o sistema deve ser isolado, ou seja, não tro a argas om meios externos. A) Atração e Repulsão: argas de mesmo sinal se repelem e de sinais ontrários, se atraem; Figura 3: repulsão e atração B) Prin ipio da onservação das argas. ∑ Qantes = ∑ Qdepois QA +QB = Q ′ A +Q ′ B Figura 4: Conservação de Cargas Exemplo: QA = +8 ;QB = −4; Q ′ A = +2 e Q ′ B = +2 Q ′ A = Q ′ B = (QA +QB) 2 Exemplo: Dispõe-se de três esferas metáli as iguais e isoladas uma da outra. Duas esferas A e B estão eletri amente neutras e a ter eira C, possui uma arga elétri a Q. Colo a-se C em ontatos su essivos om A e B. A arga �nal de C, após o segundo ontato é: 3 (5a) (5b) Figura 5: material ondutor e não- ondutor. As argas elétri as em um ondutor são distribuídas pela superfí ie externa do mesmo (Fig.5a). Se o material não for ondutor, a distribuição de argas será em uma dada região (Fig.5b). 1.4 Métodos de Eletrização A) Eletrização por Atrito Quando dois orpos são onstituídos de materiais diferentes, um deles ede elétrons de sua superfí ie para o outro. Quem re ebeu elétrons: Eletrizado negativamente Quem edeu elétrons: Eletrizado positivamente Figura 6: Regras para eletrização. B) Eletrização por Contato Ex.1: Aproximação de um bastão arregado negativamente Figura 7: passos 1 e 2 de uma eletrização por ontato. 4 Figura 8: passos 3 e 4 de uma eletrização por ontato. Ex.2: Aproximação de um bastão arregado positivamente - em aula C) Eletrização por Indução Consiste na separação de argas elétri as em um ondutor ou isolante, sem que ele tenha ontato om o outro orpo eletrizado. Ex.1: Aproximação de um bastão arregado positivamente Figura 9: passos 1 e 2 de uma eletrização por indução. Figura 10: passos 3 e 4 de uma eletrização por indução. Ao afastarmos o orpo indutor do induzido neste momento, o orpo induzido � a om a arga oposta do orpo indutor. Ex.2: Aproximação de um bastão arregado negativamente - em aula 1.5 Eletros ópio de folhas É um instrumento utilizado para veri� ar a presença de argas elétri as em um material e quanti� á-las. 5 Figura 11: Eletros ópio de folhas. Figura 12: eletrização do eletros ópio por ontato e por indução. 2 Lei de Coulomb (1785) A lei de Coulomb expressa a força eletrostáti a entre duas argas peque- nas (pontuais) q1 e q2 em repouso (ou quase em repouso) separadas por uma distân ia r e apenas está rela ionada a objetos arregados: (13a) (13b) Figura 13: Forças envolvendo duas argas q1 e q2: repulsão(13a) e atração(13b). onde rˆ é um vetor unitário na direção da reta que liga as duas partí ulas, r é a distân ia entre as partí ulas e K é uma onstante. F = 1 4πǫ0 |q1||q2| r2 rˆ lei de Coulomb (1) Figura 14: Grá� o represen- tativo da força eletrostáti a. Onde ǫ0 = 8.85×10 −12C2/N ·m2 é a permissivi- dade do vá uo e 1/4πǫ0 = K = 8.99×10 9N ·m2/C2 é a onstante eletrostáti a. A força de atração ou repulsão entre argas pon- tuais em repouso tem a direção da reta que liga as argas. Quando mais de duas argas estão presentes, 6 a Eq. (1) se apli a a todos os pares de argas. A força total a que ada arga está submetida pode ser al ulada, de a ordo om o prin ípio de superposição, omo a soma vetorial dasforças exer idas por todas das outras argas sobre a arga onsiderada, assim omo a força gravita ional. ~F1,total = ~F1,2 + ~F1,3 + ~F1,3 + . . .+ ~F1,n (2) Curiosamente a equação de Newton tem a mesma forma da Força Gravita- ional entre duas partí ulas de massa separadas por uma distân ia r. ~F = G · m1 ·m2 r2 (são sempre atrativas) (3) Exemplo: Uma partí ula om uma arga de +3.00× 10−6C está a 12.0cm de distân ia de uma segunda partí ula om uma arga de −1.50 × 10−6C. Cal ule o módulo da força eletrostáti a entre as partí ulas e indique se a força entre as duas partí ulas é de atração ou repulsão. 2.1 O Coulomb e o Ampère A unidade de arga do SI é o oulomb (C), que é de�nido em termos da unidade de orrente elétri a, o ampère (A), omo a arga que passa por um erto ponto em 1 segundo quando existe uma orrente elétri a de 1 ampère neste ponto (1C) = (1A) · (1s) Figura 15: Corrente em um on- dutor. Esta de�nição se baseia na relação entre a or- rente i e a taxa de variação om o tempo dq/dt da arga que passa por um ponto do espaço: i média = ∆Q ∆t (4) i = lim ∆t→0 ∆Q ∆t = dq dt orrente elétri a (5) 2.2 Condutores Esféri os Os dois teoremas das as as da eletrostáti a são os seguintes: 7 • Uma as a om uma distribuição uniforme de arga atrai ou repele uma partí ula arregada situada do lado de fora da as a omo se toda a arga da as a estivesse situada no entro; • Se uma partí ula arregada está situada no interior de uma as a om uma distribuição uniforme de arga, a as a não exer e nenhuma força eletrostáti a sobre a partí ula. 3 A Carga é Quantizada Na épo a de Benjamin Franklin, a arga elétri a era onsiderada um �uido ontínuo. Os experimentos revelam que o ��uido elétri o� também não é on- tínuo, e sim omposto de unidades elementares de arga. Todas as argas positivas e negativas q que podem ser dete tadas pode ser es ritas na forma: q = ne, n = ±1,±2,±3, . . . (6) onde e, é a arga elementar do elétron. Os quarks, partí ulas elementares das quais são feitos os prótons e nêutrons, têm argas de ±e/3 ou ±2e/3. É possível, por exemplo, en ontrar uma partí ula sem arga elétri a ou om uma arga de +10e ou −6e, mas não uma partí ula om uma arga de 3, 57e. A arga elétri a é onservada: a arga elétri a de qualquer sistema isolado é onstante. 4 A Carga é Conservada o pro esso de fri ionarmos um bastão de vidro om um pedaço de seda mos- tra que as argas não são ridadas, mas apenas há uma transferên ia de argas de um orpo para o outro. Exemplos importantes da onservação de arga são observados no de aimento radioativo dos nú leos at�mi os, um pro esso pelo qual um nú leo se transforma em um nú leo diferente. Um nú leo de urânio 238 238U , por exemplo, se trasnforma em um nú leo de tório 234 (234Th) emitindo uma partí ula alfa, que é um nú leo de hélio 4 (4He). o número que pre ede o símbolo do elemento quími o é hamado de número de massa, e é igual ao número total de prótons e nêutrons presentes no nú leo. Dessa forma temos de aimento do urânio 238 238U −→234 Th+4 He (7) 8 O nú leo-pai 238U ontém 92 prótons (uma arga de +92e), o nú leo-�lho 234Th ontém 90 prótons (uma arga de +90e) e a partí ula alfa emitida, 4He, ontém 2 prótons (uma arga de +2e). Vemos que a arga total é +92e antes e depois do de aimento; assim, a arga é onservada. (O número total de prótons e nêutrons também é onservado: 238 antes do de aimento e 234 + 4 = 238 depois do de aimento.) 9
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