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Vigilância em saúde

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Vigilância em Saúde
Profa. Daniela Aquino
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Vigilância Epidemiológica no Brasil
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) – 1975: legislação específica (Lei 6.259/75 e Decreto 78.231/760 – notificação de doenças transmissíveis selecionadas, agravos inusitados à saúde e situações de calamidade pública.
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Estruturação de órgãos responsáveis em todos os estados da Federação, capacitando-os a alimentar os sistema de notificações e desencadear ações para o controle de problemas de saúde sob sua responsabilidade.
Estabelecidas formas de coleta, processamento, análise e interpretação de dados e de execução de medidas de controle.
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Conceitos, Funções e Praticas de Monitoramento
Aplicado em várias áreas do conhecimento, o termo monitoramento apresenta-se com significados distintos, tais como acompanhar e avaliar, controlar mediante acompanhamento contínuo, olhar atentamente, observar ou controlar com propósito especial.
Em Epidemiologia tem sido definido como a “elaboração e análise de mensurações rotineiras visando detectar mudanças no ambiente ou no estado de saúde da comunidade”.
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No campo da Saúde Pública, o monitoramento de eventos epidemiológicos vem sendo empregado como importante estratégia de detecção e acompanhamento de problemas de saúde que se expressam de forma endêmica, epidêmica ou mesmo inusitada.
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Vigilância Epidemiológica
É uma técnica de monitoramento desenvolvida com o objetivo de acompanhar e analisar, sistematicamente, um elenco de doenças ou condições predefinidas, bem como fatores de risco, com o propósito de orientar as intervenções necessárias ao seu controle, eliminação ou erradicação.
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Vigilância Epidemiológica
A partir de 1990, a Lei Orgânica da Saúde incorporou um conceito mais amplo de vigilância epidemiológica, entendida com “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.
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Vigilância Epidemiológica
A partir de 2003, o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais, passaram a utilizar o conceito de Vigilância em Saúde para indicar a consolidação da ampliação do objeto de monitoramento para além da tradicional vigilância de doenças transmissíveis. 
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Essa mudança segue uma tendência internacional, de órgãos como a OMS e o CDC, que têm utilizado os termos vigilância em saúde ou vigilância em saúde pública para representar, de maneira integrada, as atividades de vigilância das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco; a vigilância ambiental em saúde; e a vigilância da situação de saúde.
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Vigilância Epidemiológica
Propósito de fornecer orientação técnica permanente aos profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de prevenção e controle de doenças e agravos.
Informação-decisão-ação (informação para decisão/ação).
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Funções da VE
Coleta de dados e informações
Processamento, análise e interpretação dos dados coletados
Tomada de decisão-ação
Avaliação
Divulgação de informações pertinentes
Normatização
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VE de doenças transmissíveis
Tipos e fontes de dados
Notificação compulsória (principal)
Outros gerados no setor saúde (nascidos vivos, morbidade, mortalidade, infestação de vetores)
Outros de instituições extrassetoriais (demográficos, ambientais, socioeconômicos, registros de acidentes, etc.
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Notificação Compulsória
Comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feito à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes.
O sistema de notificação compulsória é alimentado e operado nos próprios serviços de vigilância, visando garantir a agilidade do desencadeamento das ações de controle da doença.
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A escolha das doenças de notificação compulsória obedece a alguns critérios, razão pela qual a lista é periodicamente revisada tanto em função da situação epidemiológica da doença, como pela emergência de novos agentes, por alterações no Regulamento Sanitário Internacional, e também devido a acordos multilaterais entre países.
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 Principais critérios adotados para a seleção de doenças transmissíveis de notificação compulsória:
Normas do Regulamento Sanitário Internacional vigente
Doenças de elevada incidência (Magnitude)
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Poder de transmissão do agente etiológico (Potencial de disseminação)
Doenças de elevada taxa de letalidade, hospitalizações e sequelas (Gravidade)
Doenças de relevância social e econômica (Transcendência)
Doenças para as quais existem meios de prevenção e controle (Vulnerabilidade)
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Doenças objeto de acordos internacionais que visam esforços conjuntos para alcance de metas continentais ou mundiais de controle, eliminação ou erradicação (Compromissos Internacionais).
É facultado a Estados e Municípios incluir doenças de importância local, sem no entanto, excluir nenhuma de notificação obrigatória no país.
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Notificação Compulsória
Os dados relativos à notificação compulsória são produzidos nos serviços de saúde e incluídos no SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) a partir do nível local do sistema de saúde. A entrada dos dados no SINAN é feita a partir do seu regisytro em formulários padronizados:
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Ficha Individual de Notificação (FIN)
Ficha Individual de Investigação (FII)
Planilha e Boletim de Acompanhamento de Surtos
Boletins de Acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose
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A partir da alimentação do banco de dados do SINAN, pode-se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem como, realizar análises, de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar, particularmente no que diz respeito às doenças transmissíveis de notificação obrigatória. Além disso, é possível avaliar a qualidade dos dados.
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OUTROS ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS:
Deve ser notificada a simples suspeita da doença. Isto é imprescindível, pois a espera da confirmação do caso para notificá-lo poderá resultar no atraso das ações pertinentes.
A notificação do caso não fere o código de ética médica nem quebra o sigilo profissional, uma vez que o dado é informado a profissionais de saúde que atuam no Serviço de VE.
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A notificação deve ter caráter sigiloso, embora podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário, principalmente em situação de grande risco para a comunidade, respeitando-se, contudo, o anonimato dos cidadãos.
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Notificação Negativa
É a notificação da não ocorrência de doenças de notificação compulsória, na área de abrangência da unidade de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da área estão em alerta, para a ocorrência de tais eventos.
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Laboratórios
Por permitirem detectar casos que não foram conhecidos por meio de notificação compulsória os laboratórios clínicos também são importantes fontes de informação.
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Internações Hospitalares- Sistema de Informação de Internação Hospitalar (SIH-SUS)
As internações hospitalares são fonte de notificação, uma vez que o hospital é porta de entrada para os casos graves.
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Declaração de óbitos (DO)- Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)
São fontes complementares do sistema de informação. Devido a falhas no Sistema de Informações de Morbidade, muitas vezes casos de doença de notificação só são conhecidos por meio dessa fonte.
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Investigação Epidemiológica
Atividade por meio da qual se obtém informações complementares sobre um ou mais casos com a finalidade de estabelecer as fontes e mecanismos de transmissão e as medidas de controle.
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Notificação de surtos e epidemias
A ocorrência
de surtos e epidemias deve ser imediatamente comunicada aos serviços de vigilância epidemiológica para acompanhamento e adoção das medidas de controle pertinentes. As áreas vizinhas devem ser alertadas e, quando necessária, sua colaboração deve ser solicitada.
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Investigações Especiais
Procedimento eventual utilizado em VE nas seguintes situações:
Registro de dados existentes é incompleto
Dados obtidos por fontes pouco confiáveis
Mudança no comportamento epidemiológico de uma doença
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Dificuldade de se avaliar coberturas vacinais ou eficácia de vacinas
Busca de associação causal entre fator suspeito e doença em estudo
Descoberta de agravos inusitados ou de enfermidades desconhecidas.
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Imprensa e População
Muitas vezes quando o sistema de informação e a vigilância não são eficientes, a imprensa e a população se constituem em importantes fontes de informação sobre a ocorrência de enfermidades em grupos populacionais, principalmente diante de suspeitas de epidemias.
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Dados demográficos, ambientais, socioeconômicos
A disponibilidade de indicadores demográficos, ambientais e socioeconômicos é primordial para a caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida da população, às quais se vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância. 
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Dados sobre aspectos climáticos e ecológicos também podem ser necessários para a compreensão do fenômeno analisado.
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Vigilância Sentinela
Para conhecer determinados problemas de saúde, nem sempre se necessita da notificação universal, podendo-se lançar mão de coleta de um subconjunto de casos que se mostram suficientes tanto para aprofundar a investigação epidemiológica, como para reconhecer características, início ou fim de um evento epidemiológico de duração limitada.
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Processamento, análise e interpretação dos dados
Os dados coletados pela VE devem ser consolidados sistematicamente (segundo características de pessoas, lugar e tempo), com periodicidade definida de acordo com a apresentação epidemiológica de cada doença e agravo e com a disponibilidade de instrumentos de controle.
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A análise dos dados pode ser realizada apenas mediante cálculo de medidas frequência de doença, medidas de associação e representação gráfica da sua distribuição, ou também empregando métodos de análise estatística.
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A interpretação envolve um processo de comparação destes e de outros dados disponíveis, de modo que as conclusões resultantes permitam o estabelecimento de tendências à identificação de fatores associados e o reconhecimento de pontos mais vulneráveis para a aplicação de medidas de controle.
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Tomada de decisão/ação
A análise e interpretação dos dados fundamentam a tomada de decisões com vistas à aplicação das medidas de prevenção e controle mais adequadas à situação.
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Avaliação
O sistema de VE mantém-se eficiente quando seu funcionamento é aferido regularmente, para correções de rumo oportunas. A avaliação do sistema presta-se, ainda, a demonstrar os resultados obtidos com a ação desenvolvida que justifiquem os recursos investidos em sua manutenção.
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Retroalimentação do sistema
Retorno regular de informações às fontes produtoras, demonstrando sua contribuição no processo.
Informes epidemiológicos (local, regional, estadual, macrorregional, nacional)
Boletins destinados a dirigentes.
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Monitoramento de doenças e agravos não transmissíveis (DANT)
Mudanças na sociedade
Educação em saúde
Adoção de hábitos saudáveis (leis restritivas ao consumo de álcool, tabaco, prática de exercícios físicos)
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PORTARIA Nº 104, DE 25 DE JANEIRO DE 2011. 
Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde.
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ANEXO I- Lista de Notificação Compulsória – LNC 
1. Acidentes por animais peçonhentos; 
2. Atendimento antirrábico; 
3. Botulismo; 
4. Carbúnculo ou Antraz; 
5. Cólera; 
6. Coqueluche; 
7. Dengue; 
8. Difteria; 
9. Doença de Creutzfeldt-Jakob; 
10. Doença Meningocócica e outras Meningites; 
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11. Doenças de Chagas Aguda; 
12. Esquistossomose; 
13. Eventos Adversos Pós-vacinação; 
14. Febre Amarela; 
15. Febre do Nilo Ocidental; 
16. Febre Maculosa; 
17. Febre Tifóide; 
18. Hanseníase; 
19. Hantavirose; 
20. Hepatites Virais;
21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical;
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22. Influenza humana por novo subtipo; 
23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais 
pesados); 
24. Leishmaniose Tegumentar Americana; 
25. Leishmaniose Visceral; 
26. Leptospirose; 
27. Malária; 
28. Paralisia Flácida Aguda; 
29. Peste; 
30. Poliomielite; 
31. Raiva Humana; 
32. Rubéola; 
33. Sarampo;
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34. Sífilis Adquirida; 
35. Sífilis Congênita; 
36. Sífilis em Gestante; 
37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS; 
38. Síndrome da Rubéola Congênita; 
39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino; 
40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 
41. Tétano; 
42. Tuberculose; 
43. Tularemia; 
44. Varíola; e 
45. Violência doméstica, sexual e/ou outras violências.
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ANEXO II- Lista de Notificação Compulsória Imediata – LNCI 
I. Caso suspeito ou confirmado de: 
1. Botulismo; 
2. Carbúnculo ou Antraz; 
3. Cólera; 
4. Dengue nas seguintes situações: 
• Dengue com complicações (DCC), 
• Síndrome do Choque da Dengue (SCD), 
• Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), 
• Óbito por Dengue 
• Dengue pelo sorotipo DENV4 nos estados sem transmissão endêmica desse sorotipo; 
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5. Doença de Chagas Aguda; 
6. Doença conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território nacional que não constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint Louis, Ilhéus, Mormo, Encefalites Eqüinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chikungunya, Encefalite Japonesa, entre outras;
7. Febre Amarela; 
8. Febre do Nilo Ocidental; 
9. Hantavirose; 
10. Influenza humana por novo subtipo; 
11. Peste; 
12. Poliomielite; 
13. Raiva Humana; 
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14. Sarampo; 
15. Rubéola; 
16. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 
17. Varíola; 
18. Tularemia; e 
19. Síndrome de Rubéola Congênita (SRC).
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II. Surto ou agregação de casos ou óbitos por: 
1. Difteria; 
2. Doença Meningocócica; 
3. Doença Transmitida por Alimentos (DTA) em embarcações ou aeronaves; 
4. Influenza Humana; 
5. Meningites Virais; 
6. Outros eventos de potencial relevância em saúde pública, após a avaliação de risco de acordo com o Anexo II do RSI 2005, destacando-se: 
a) Alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de constar no Anexo I desta Portaria; 
b) Doença de origem desconhecida; 
c) Exposição a contaminantes químicos; 
d) Exposição à água para consumo humano fora dos padrões preconizados pela SVS; 
e) Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões preconizados pela Resolução do CONAMA;
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f) Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não ionizantes por fontes não controladas, por fontes utilizadas nas atividades industriais ou médicas e acidentes de transporte com produtos radioativos da classe 7 da ONU. 
g) Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou desabrigados; 
h) Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver comprometimento da capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades de saúde locais em consequência evento.
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III. Doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que podem acarretar a ocorrência
de doenças em humanos, destaca-se entre outras classes de animais: 
1. Primatas não humanos 
2. Eqüinos 
3. Aves 
4. Morcegos
Raiva: Morcego morto sem causa definida ou encontrado em situação não usual, tais como: vôos diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de movimentos, agressividade, contrações musculares, paralisias, encontrado durante o dia no chão ou em paredes.
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5. Canídeos 
Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que apresentaram doença com sintomatologia neurológica e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou confirmado laboratorialmente para raiva. 
Leishmaniose visceral: primeiro registro de canídeo doméstico em área indene, confirmado por meio da identificação laboratorial da espécie Leishmania chagasi. 
6. Roedores silvestres 
Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos naturais de peste.
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ANEXO III- Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinelas – LNCS
1. Acidente com exposição a material biológico relacionado ao trabalho; 
2. Acidente de trabalho com mutilações; 
3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes; 
4. Acidente de trabalho fatal; 
5. Câncer Relacionado ao Trabalho; 
6. Dermatoses ocupacionais; 
7. Distúrbios Ostemusculares Relacionados ao Trabalho ( DORT)
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8. Influenza humana; 
9. Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho; 
10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho; 
11. Pneumonias; 
12. Rotavírus; 
13. Toxoplasmose adquirida na gestação e congênita; e 
14. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho;
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VIGILÂNCIA SANITÁRIA
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História da Vigilância Sanitária no Brasil
Séculos XVIII e XIX- atividades para evitar a propagação de doenças nos agrupamentos urbanos que surgiam (observar o exercício de certas atividades profissionais, coibir o charlatanismo, fiscalizar embarcações, cemitérios e áreas de comércio de alimentos).
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Século XIX- reestruturação (descobertas nos campos da bacteriologia e terapêutico).
Pós II Guerra Mundial – ampliação das atribuições.
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Século XX – Década de 80 -a crescente participação popular e de entidades representativas de diversos segmentos da sociedade no processo político moldaram a concepção vigente de vigilância sanitária, integrando, conforme preceito constitucional, o complexo de atividades concebidas para que o Estado cumpra o papel de guardião dos direitos do consumidor e provedor das condições de saúde da população.
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Com a Constituição brasileira assumindo a saúde como um direito fundamental do ser humano, e atribuindo ao Estado o papel de provedor dessas condições, a definição de vigilância sanitária, apregoada pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, passa a ser, nesse contexto, conforme o artigo 6º, parágrafo 1º, a seguinte:
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“Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:
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I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo;
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.”
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 Essa definição amplia o seu campo de atuação, pois, ao ganhar a condição de prática capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, torna-se uma prática com poder de interferir em toda a reprodução das condições econômico-sociais e de vida, isto é, em todos os fatores determinantes do processo saúde–doença.
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O CAMPO DE ABRANGÊNCIA DA
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
I – Bens e serviços de saúde
 Subsistema de produção de bens de consumo e serviços de saúde, que interferem direta ou indiretamente na saúde do consumidor ou comunidade. São bens e serviços de saúde que interessam ao controle sanitário:
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1. As tecnologias de alimentos, referentes aos métodos e processos de produção de alimentos necessários ao sustento e nutrição do ser humano.
2. As tecnologias de beleza, limpeza e higiene, relativas aos métodos e processos de produção de cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal e saneantes domissanitários.
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 3. As tecnologias de produção industrial e agrícola, referentes à produção de outros bens necessários à vida do ser humano, como produtos agrícolas, químicos, drogas veterinárias, etc.
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 4. As tecnologias médicas, que interferem diretamente no corpo humano, na busca da cura da doença, alívio ou equilíbrio da saúde, e compreendem medicamentos, soros, vacinas, equipamentos médico-hospitalares, cuidados médicos e cirúrgicos e suas organizações de atenção à saúde, seja no atendimento direto ao paciente, seja no suporte diagnóstico, terapêutico e na prevenção ou apoio educacional.
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5. As tecnologias do lazer, alusivas aos processos e espaços onde se exercem atividades não-médicas, mas que interferem na saúde dos usuários, como centros esportivos, cabeleireiros, barbeiros, manicures, pedicuros, institutos de beleza, espaços culturais, clubes, hotéis, etc.
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6. As tecnologias da educação e convivência, referentes aos processos e espaços de produção, englobando escolas, creches, asilos, orfanatos, presídios, cujas condições das aglomerações humanas interferem na sua saúde.
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II – Meio ambiente
 Subsistema que se refere ao conjunto de elementos naturais e daqueles que resultam da construção humana e suas relações sociais:
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 1. O meio natural, correspondente a água, ar, solo e atmosfera. Interessam ao controle sanitário as tecnologias utilizadas na construção de sistemas de abastecimento de água potável para o consumo humano, na proteção de mananciais, no controle da poluição do ar, na proteção do solo, no controle dos sistemas de esgoto sanitário e dos resíduos sólidos, entre outros, visando à proteção dos recursos naturais e à garantia do equilíbrio ecológico e consequentemente da saúde humana.
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 2. O meio construído, referente às edificações e formas do uso e parcelamento do solo. Aqui o controle sanitário é exercido sobre as tecnologias utilizadas na construção das edificações humanas (casas, edifícios, indústrias, estabelecimentos comerciais, etc.) e a forma de parcelamento do solo no ambiente urbano e rural; sobre os meios de locomoção e toda a infra-estrutura urbana e de serviços; sobre o ruído urbano e outros fatores, no sentido de prevenir acidentes, danos individuais e coletivos e proteger o meio ambiente.
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 3. O ambiente de trabalho, relativo às condições dos locais de trabalho, geralmente resultantes de modelos de processos produtivos de alto risco ao ser humano. O controle sanitário se dirige a esse ambiente, onde frequentemente encontra cidadãos que são obrigados a dedicar grande parte de seu tempo ao trabalho em condições desagradáveis, em ambientes fechados e insalubres, em processos repetitivos, competitivos e sob pressão, o que altera e põe em risco a saúde física e psicológica e a vida dos indivíduos e da comunidade.
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ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
 Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.
"Proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu acesso".
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