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TCC 15.03.17

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO 
GRANDE DO NORTE 
 
 
 
 
DIMAS LEOCÁDIO DA SILVA FILHO 
EIDSA BRENDA DA COSTA FERREIRA 
HOSANA DANTAS JÁCOME 
JOSICLEYTON AZEVEDO DOS SANTOS 
MALU LEHMANN 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DE UMA HERANÇA CONSTRUÍDA: 
Análise das manifestações patológicas da Igreja Matriz de Areia Branca- RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ – RN 
2017 
 
DIMAS LEOCÁDIO DA SILVA FILHO 
EIDSA BRENDA DA COSTA FERREIRA 
HOSANA DANTAS JÁCOME 
JOSICLEYTON AZEVEDO DOS SANTOS 
MALU LEHMANN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DE UMA HERANÇA CONSTRUÍDA: 
Análise das manifestações patológicas da Igreja Matriz de Areia Branca- RN 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso Técnico Integrado 
em Edificações do Instituto Federal de 
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio 
Grande do Norte, em cumprimento às 
exigências legais como requisito parcial à 
obtenção do título de Técnico em 
Edificações 
Orientador: Sandra Renúzia 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ – RN 
2017 
 
DIMAS LEOCÁDIO DA SILVA FILHO 
EIDSA BRENDA DA COSTA FERREIRA 
HOSANA DANTAS JÁCOME 
JOSICLEYTON AZEVEDO DOS SANTOS 
MALU LEHMANN 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DE UMA HERANÇA CONSTRUÍDA: 
Análise das manifestações patológicas da Igreja Matriz de Areia Branca- RN 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso Técnico Integrado 
em Edificações do Instituto Federal de 
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio 
Grande do Norte, em cumprimento às 
exigências legais como requisito parcial à 
obtenção do título de Técnico em 
Edificações 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em ___/___/____, 
pela seguinte Banca Examinadora: 
 
 
 
 
 
 
______________________________________________________________ 
Nome do Prof Orientador - Presidente 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
______________________________________________________________ 
Nome do Prof convidado, Membro da banca - Examinadora 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
______________________________________________________________ 
Nome do Prof convidado, Membro da banca - Examinadora 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 
 
 
 
RESUMO 
A preservação dos traços arquitetônicos originais de um edifício histórico deve 
ser considerada fundamentalmente como um cuidado primordial e imprescindível. 
Tendo em vista que muitas vezes se trata de um registro que faz parte do contexto de 
desenvolvimento da identidade de um povo, deve existir sempre o interesse de se 
preservar essas construções que foram deixadas como herança cultural através de 
gerações. Nesse sentido, o trabalho empreendido consiste no estudo do patrimônio 
mais antigo de um centro urbano, a igreja. A partir desse objeto de estudo, objetiva-
se identificar as manifestações patológicas que acometem o templo e com base nos 
resultados dessa análise desses problemas, sugere-se a realização de estudos 
específicos para a elaboração de um sistema de manutenção adequado para tratá-
los. Dentro dos procedimentos metodológicos utilizados, foi realizada uma pesquisa 
exploratória com abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos a partir de 
documentos, bibliográficas e vistorias no edifício clerical. A partir do trabalho realizado, 
foi possível identificar diversos problemas de ordem patológica e não patológica, 
muitos deles indicando deficiências nas atividades de manutenção realizadas no 
edifício. Desse modo, concluiu-se que as construções antigas requerem um cuidadoso 
planejamento de manutenção preventiva, que por sua vez pode evitar futuras 
complicações e dessa forma previne prováveis intervenções dispendiosas, que ferem 
a originalidade do patrimônio. 
Palavras-chave: Manutenção. Igreja. Preservação. Manifestações patológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The conservation of the original architectural details of a historical building 
must be considered fundamentally as an indispensable and primordial caution. In view 
of the several times, it is a register that is part of the development context of people’s 
identity, there must always be an interest in preserving the building that was left as a 
cultural heritage between generations. In this respect, the undertaken research 
consists in the study of the oldest patrimony on an urban center, a church. From this 
object of study, the goal is to identify the pathological manifestations that affects the 
temple and based on the results of the analysis of these problems, it is suggested the 
achievement of specific studies to develop an appropriate maintenance system to treat 
them. Among the methodological procedures used, was conducted an explanatory 
research with qualitative approach. The obtained data were extracted from documents, 
bibliographic sources and an inspection in the clerical building. Based on the work 
done, it was possible to identify a few pathological and non-pathological problems, 
many of them indicating deficiencies in maintenance activities performed in the 
building. Therefore, it was concluded that old constructions need a careful planning of 
preventive maintenance, which can avoid future complications and this way preventing 
likely expensive interventions, that hurt the heritage’s originality. 
Keywords: Maintenance. Church. Preservation. Pathological manifestations. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Esboço da planta baixa da igreja matriz 17 
Figura 2 - Vitrais norte e sul 18 
Figura 3 - Vista do teto e arcadas da nave central da igreja 18 
Figura 4 - Fachada ocidental da igreja 19 
Figura 5 - Fachada oriental da igreja 20 
Figura 6 - Marquise com trincas e manchas de umidade 22 
Figura 7 - Armadura aparente na parte superior da marquise 22 
Figura 8 - Marquises com trincas na parte inferior 23 
Figura 9 - Trincas nos elementos estruturais da torre da igreja 23 
Figura 10 – Revestimento sendo impelido e ferragem aparente 24 
Figura 11 - Descolamento de revestimento argamassado com pulverulência 25 
Figura 12 - Descolamento de tinta junto a partes do reboco 26 
Figura 13 - Descolamento de revestimento texturado 27 
Figura 14 - Descolamento de piso cerâmico 27 
Figura 15 - Placas de concreto trincadas 28 
Figura 16 - Vitrais quebrados 29 
Figura 17 - Grades de proteção corroídas e manchas esverdeadas 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 8 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 10 
2.1 PATRIMÔNIO E PRESERVAÇÃO 10 
2.2 PATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 10 
2.2.1 Diagnóstico 11 
2.2.2 Prognóstico e terapia 12 
2.3 MANUTENÇÃO E REFORMA 12 
3 CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA IGREJA MATRIZ 14 
3.1 DADOS GERAIS DA CIDADE DE AREIA BRANCA 14 
3.2 O LEGADO DA ARQUITETURA NA RELIGIÃO 14 
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA IGREJA MATRIZ 16 
3.3.1 Área interna 16 
3.3.2 Área externa 19 
3.3.3 Alvenaria 20 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 21 
4.1 ANÁLISE PATOLÓGICA DA IGREJA 21 
4.1.1 Trincas 21 
4.1.1.1 Trincas e manchas de umidade em marquises 21 
4.1.1.2 Trincas em elementos estruturais 23 
4.1.2 Descolamento de revestimento 24 
4.1.2.1 Revestimentos de argamassa 24 
4.1.2.2 Pintura 25 
4.1.3 Falhas em revestimento de piso 27 
4.2 A MANUTENÇÃO PREDIAL 28 
 
5 CONSIDERAÇÕES
FINAIS 30 
 REFERÊNCIAS 31 
8 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A interação entre passado e presente é permitida por diversos meios, seja por 
crenças e costumes conservados, seja por artefatos preservados ao longo do tempo. 
Dentre esses elementos estão as construções, as quais carregam suas características 
arquitetônicas e possibilitam o conhecimento dos métodos construtivos usados no 
passado, representando assim, o contexto histórico em que foi construída. Desse 
modo, fica clara a importância de transmitir essa herança para as futuras gerações. 
Os bens de importância histórico-cultural recebem inúmeras significações, é 
possível defini-los como um registro, tangível ou não, da cultura produzida por grupos 
sociais. Dessa forma, a igreja Nossa Senhora da Imaculada Conceição, objeto de 
estudo deste trabalho, pode ser definida como um patrimônio cultural. Sendo 
entendido que lhe é atribuído, pela população areia branquense, um valor especial - 
de cunho arquitetônico, histórico e turístico - como símbolo da religiosidade acentuada 
do povo da região. 
No entanto, é sabido que construções de longa existência tendem a 
apresentar marcas de degradação por envelhecimento natural e problemas 
patológicos ocasionados, muitas vezes, por falta de manutenção ou manutenção 
inadequada. Essa conjuntura desenrola na degradação do patrimônio e, 
consequentemente, na necessidade de reformas para a recuperação de sua estrutura. 
Devido às circunstâncias emergenciais, essas reformas acabam por ignorar a 
importância das características arquitetônicas da construção. 
Nesse sentido, objetiva-se com este trabalho analisar as manifestações 
patológicas presentes na edificação, considerando possíveis intervenções de modo a 
tratar problemas patológicos sem descaracterizar tal patrimônio. Bem como, 
esclarecer a importância da organização de um sistema de manutenção, de forma que 
se evite mudanças arquitetônicas significativas. 
A concretização dos objetivos deste projeto poderá reavivar o interesse por 
uma história que está presente no dia a dia das pessoas e, muitas vezes, se torna 
banal. Além de demonstrar que as construções não devem ser tratadas como 
descartáveis, mas sim, como produtos do trabalho e dos valores presentes na 
sociedade e na época em que foram construídas. E que, por meio da realização de 
atividades de manutenção em edificações, é possível evitar que os bens percam suas 
características arquitetônicas originais. 
9 
 
 
Para o desenvolvimento deste trabalho, fez-se uma pesquisa exploratória 
utilizando uma abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada a partir de 
pesquisas documentais, sobre a história da igreja e da cidade de Areia Branca, e 
bibliográficas, acerca do tema manifestações patológicas em edificações históricas. 
Além disso, através de pesquisas de campo, para a coleta de dados e fotografias, são 
ilustradas as manifestações patologias e as características da edificação. 
Com a finalidade de dar progressão ao trabalho, este foi dividido em cinco 
seções. Esta seção tratou de uma exposição geral sobre o tema, os objetivos do 
trabalho e a importância de estudar o assunto. Já na segunda seção, estão listadas 
as definições importantes para a compreensão da questão abordada. A terceira, 
apresenta a contextualização e caracterização do objeto estudado. Em seguida, a 
seção quatro traz as análises dos resultados da pesquisa, tendo como enfoque as 
manifestações patológicas presentes na igreja. Por fim, a quinta seção analisa o 
atendimento aos objetivos, fazendo as considerações finais do trabalho. 
 
10 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
A partir dessa seção, serão abordados conceitos e termos essenciais para o 
entendimento global acerca do conteúdo abordado no trabalho. 
 PATRIMÔNIO E PRESERVAÇÃO 
Com o passar do tempo, o modo de vida das pessoas se transforma, e junto 
a isso, está a transformação do modo de construir e dos padrões estéticos. Essa 
alteração traz consigo a necessidade de se preservar elementos de épocas passadas. 
De acordo com CREA-SP (2008, p. 15), uma corrente de conhecimento é passada 
através desses bens, de forma que sua destruição pode romper a transmissão dessa 
herança. Além disso, a utilização e preservação do que já está construído concorda 
com as ideias de sustentabilidade, termo frequente no mundo atual. 
Definir o que é importante preservar parte do significado que a propriedade 
possui no meio em que ela está inserida, seja ele histórico, cultural ou sentimental. 
Assim sendo, o patrimônio cultural é definido como qualquer elemento que carregue 
a memória e a identidade do grupo que o produziu. Sendo parte importante para a 
ampliação do bem-estar e da participação cidadã na sociedade. (CREA-SP, 2008, p. 
13) 
 PATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 
A patologia das construções, Segundo Oliveira (2013, p. 24), “pode ser 
entendida como a parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as 
causas e origens dos defeitos das construções, ou seja, é o estudo das partes que 
compõem o diagnóstico do problema”. Dessa forma, para que seja possível estudar 
os problemas patológicos existentes, a patologia busca alterações estruturais e/ou 
funcionais na edificação afetada. 
Acresce que, a maioria dos problemas patológicos em construções 
apresentam sintomas com padrões característicos, as manifestações patológicas. 
São esses sintomas que possibilitam o estudo e o entendimento da natureza, da 
origem e os mecanismos que desencadearam a falha. (OLIVEIRA, 2013, p. 22). 
De acordo com Lund e Lamego (2009, p. 1) “as manifestações patológicas 
mais significativas podem ser classificadas, para fins de identificação, em três grandes 
grupos: umidade, fissuras e descolamento de revestimentos”. Em se tratando da 
11 
 
 
umidade, de acordo com Bauer (2008, p.924), as manifestações mais comuns 
referentes a esse problema são manchas de umidade, corrosão, bolor, fissuras e 
mudança de coloração dos revestimentos. 
No que diz respeito aos descolamentos de revestimento, Bauer (2008, p. 903) 
afirma que estes ocorrem de modo a separar uma ou mais camadas do revestimento. 
Desse modo, os descolamentos podem apresentar diversas manifestações 
patológicas que prejudicam tanto os aspectos estéticos, quanto as funções de 
proteção e isolamento. Quando se trata do revestimento cerâmico, Bauer (2008, p. 
906) relata que o descolamento das placas ocorre devido à inexistência de juntas de 
movimentação, ineficiência do assentamento ou mesmo a falta de rejuntamento. 
A fissuração, por sua vez, é um problema patológico que desperta interesse 
em diversas áreas da engenharia por estar, dentre outros motivos, relacionado 
diretamente com a resistência dos materiais. De acordo com Moraes apud Lordsleem 
(1997, p. 31), entende-se por trinca: “um fenômeno, patológico às construções, 
caracterizado pela ruptura entre as partes de um mesmo elemento ou entre dois 
elementos acoplados, causando danos de ordem estética ou estrutural a uma 
edificação”. 
 Essa manifestação patológica é concebida como produto de solicitações 
maiores que a capacidade de resistência da edificação, de acordo com Eldridge apud 
Lordsleem (1997, p. 31). A fissura é conhecida também como trinca ou rachadura de 
acordo com o espaçamento de sua abertura. De acordo com a NBR 9575:2003, as 
aberturas com até 0,5 mm são chamadas de fissuras, por sua vez as maiores de 0,5 
mm e menores de 1,0 mm são denominadas trincas. Enquanto as rachaduras 
apresentam aberturas mais ressaltadas da ordem de 5 mm de largura. 
2.2.1 Diagnóstico 
Segundo Lichtenstein (1986, p. 05), “O diagnóstico da situação é o 
entendimento dos fenômenos
em termos da identificação das múltiplas relações de 
causa e efeito que normalmente caracterizam um problema patológico”. Uma das 
etapas importantes no processo de diagnóstico, é identificar onde o problema foi 
originado. 
Os problemas patológicos têm suas origens motivadas por falhas que 
ocorrem durante a realização de uma ou mais das atividades inerentes ao 
processo genérico a que se denomina de construção civil, processo este que 
12 
 
 
pode ser dividido, em três etapas básicas: concepção (planejamento / projeto 
/ materiais), execução e utilização. (OLIVEIRA; DANIEL, 2013, p.24). 
Em prédios antigos, os problemas patológicos são originados por falta de 
manutenção e uso inadequado. Desse modo, torna-se necessário a, considerar a 
ação de agentes de degradação que atuam normalmente no edifício no decorrer do 
tempo e aqueles que, de modo anormal, resultem em alterações patogênicas. (LUND; 
LAMEGO, 2009, p. 1) 
2.2.2 Prognóstico e terapia 
 
Após o diagnóstico, faz-se necessário definir a conduta a ser tomada. 
Inicialmente, é feito o prognóstico, hipóteses da tendência de evolução futura do 
problema e as alternativas de intervenção. Depois de estabelecido o prognóstico, 
decide-se por uma das alternativas existentes. Podendo ser decidido pela não 
intervenção ou pelo tratamento do problema, a terapia. (LICHTENSTEIN, 1986, p. 05) 
 MANUTENÇÃO E REFORMA 
 
Realizar atividades de manutenção e reformar são duas maneiras de atuar 
nas edificações de modo a recuperar as condições destas. É demasiado importante 
entender a diferença entre esses termos, principalmente quando se trata da atuação 
em edifícios que exigem a preservação de suas características originais, isso porque, 
ocasionalmente, a reforma está associada às modificações do elemento. 
A NBR 16280:2015 define reforma em edificação como sendo a “Alteração 
nas condições da edificação existente com ou sem mudança de função, visando 
recuperar, melhorar ou ampliar suas condições de habitabilidade, uso ou segurança, 
e que não seja manutenção”. Já a Manutenção é determinada pela NBR 5674:2012 
como um “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a 
capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de modo a atender 
as necessidades e segurança dos seus usuários”. 
Para a realização de atividades de manutenção, se faz necessário a organizar 
um sistema de manutenção. A NBR 5674:2012 define sistema de manutenção como 
sendo: “conjunto de procedimentos organizados para gerenciar os serviços de 
manutenção”. Como parte integrante do sistema, existe o programa/plano de 
manutenção. 
13 
 
 
“O programa consiste na determinação das atividades essenciais de 
manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de 
referência, referências normativas e recursos necessários, todos referidos 
individualmente aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos, 
componentes e equipamentos. O programa de manutenção deve ser 
atualizado periodicamente. ” (NBR 5674:2012) 
A NBR 5674:2012 define três tipos de manutenção necessárias: manutenção 
rotineira, manutenção corretiva e manutenção preventiva. De acordo com a mesma 
norma, “a manutenção preventiva é caracterizada por serviços cuja realização seja 
programada com antecedência”. Cremonini apud Villanueva (2015, p. 88) afirma que 
um sistema de manutenção está diretamente ligado à manutenção preventiva, pois as 
intervenções são realizadas antes que ocorram os possíveis defeitos dos 
componentes. 
 
14 
 
 
3 CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA IGREJA MATRIZ 
 
Nesse segmento do estudo, são explanados elementos que constituem a 
conjuntura em que está inserida a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, 
ademais da realização de uma descrição das características do edifício clerical. 
 DADOS GERAIS DA CIDADE DE AREIA BRANCA 
 
O munícipio costeiro de Areia Branca está situado no litoral norte do estado 
do Rio Grande do Norte, a cidade é conhecida pelas suas exuberantes praias, dunas 
e falésias e pela sua significativa produção de sal, a qual lhe rendeu o título de “Terra 
do Sal”. O território que hoje equivale à cidade de Areia Branca, ao longo de sua 
história, recebeu a intitulação de povoado, distrito e vila. Somente no ano de 1892, tal 
localidade obteve sua emancipação política do município de Mossoró, conquistando 
sua autonomia político-administrativa e apenas em 1927 a região foi elevada à 
categoria de cidade. 
A sustentação econômica da cidade está baseada na atividade de extração 
do petróleo, na pesca, no turismo e na extração de sal. Esta última atividade inclusive 
possui grande destaque, o município possui um famoso porto-ilha com a finalidade de 
regular a grande demanda de sal produzido na região, que tem como destino 
abastecer o mercado interno e externo. 
 O LEGADO DA ARQUITETURA NA RELIGIÃO 
 
A tradição religiosa municipal, assim como a economia da cidade, está 
fortemente vinculada ao ambiente marítimo. Nos dias 05 a 15 de agosto, anualmente, 
é celebrada uma grande festa e uma procissão marítima em devoção a co-padroeira 
da cidade, a Nossa Senhora dos Navegantes. Tal festa contribui de forma significativa 
para a atividade turística da cidade, atraindo todos os anos fiéis e devotos que 
veneram a Padroeira dos Marítimos. 
Menos famosa, a padroeira oficial da cidade é a Nossa Senhora da 
Conceição. Em homenagem a essa padroeira, foi erguida a primeira igreja do 
município, este templo é atualmente encarado como um marco na história de Areia 
Branca e que se faz presente na cultura municipal até os dias atuais, sendo 
15 
 
 
considerado um patrimônio cultural da cidade. O desenvolvimento da Igreja de Nossa 
Senhora da Conceição reflete a trajetória de Areia Branca ao longo de sua história. 
Em seus primórdios, em 1885, quando edificada, a igreja era somente uma 
pequena capela. Nessa época, Areia Branca ainda era considerada somente um 
povoado pertencente ao município de Mossoró. Essa capela veio a se desenvolver no 
decorrer dos anos e em 1909 teve sua construção finalizada, quando tornou-se a 
Igreja Matriz da então considerada Vila de Areia Branca, território este que já era 
independente de Mossoró. Somente a partir de 1919, a Igreja Matriz de Areia Branca 
veio a se tornar a Sede Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Imaculada 
Conceição, desmembrando-se da Paróquia de Mossoró e criando seu próprio território 
eclesial, abrangendo sedes de cidades vizinhas como Grossos e Serra do Mel. 
A paróquia tem sua relevância melhor compreendida e dimensionada ao 
analisarmos a religiosidade no contexto municipal. Segundo o censo do IBGE de 
2010, uma parcela superior a 70% da população de Areia Branca professa crença 
católica. A partir de um índice expressivo como esse é possível mensurar a proporção, 
a importância e a representatividade que essa igreja tem para a cidade e para os seus 
habitantes. 
Levando em conta todo o legado cultural e a tradição que essa Igreja possui, 
possíveis intervenções na estrutura do edifício clerical são tratadas com bastante 
precaução e devem ser executadas sob a garantia de manter os traços que conferem 
originalidade à construção. Recentemente, entre os anos de 2008 e 2009 a Igreja 
Matriz se encontrava em condições precárias de conservação e teve de ser interditada 
e submetida a um processo interventor. O pároco na época, o padre Luís Sampaio 
justificou a intervenção: 
“É bom e oportuno dizer para os desinformados que o templo que tem uma 
história tão bonita, já às portas do seu centenário, em 2007, ameaçava ruir. 
Informado por engenheiros e mestres locais da situação de risco, o Pároco, 
no caso é 1º e maior
responsável, junto ao seu conselho administrativo 
resolve interdita-la para a restauração”. (2010) 
Esse tratamento realizado foi responsável por alterar o aspecto estético do 
interior da Igreja, assim como do seu lado externo. Ademais da restauração estrutural, 
foram inseridos no edifício clerical alguns elementos culturais locais que fazem 
referência ao ambiente marítimo da região, como o desenvolvimento de uma calçada 
em formato de barco, a colocação de uma âncora e um timão acompanhado de uma 
grande bússola. 
16 
 
 
 CARACTERIZAÇÃO DA IGREJA MATRIZ 
 
Com base nas pesquisas feitas, a arquitetura das igrejas é caracterizada 
principalmente pelo grande tamanho do edifício e segue uma entre várias tradições 
derivadas, em última instância, das tradições arquitetônicas do cristianismo primitivo. 
O Revivalismo é a tendência arquitetônica predominante na edificação estudada. 
Frequente na época em que a igreja matriz foi construída, a tendência tem como 
principal característica recuperar e ressignificar os estilos anteriores. 
A igreja que, no início se tratava de uma simples capela, dedicada à Nossa 
Senhora da Conceição, se tornou Matriz de Areia Branca e hoje é um dos maiores 
centros de peregrinação da região. Resultado das modificações que ocorreram nos 
seus mais de 100 anos de história. Nela, podemos ver como a arquitetura simples se 
manifestou na história da região e atualmente é motivo de orgulho da população local. 
3.3.1 Área interna 
 
Com base nos textos estudados, a maioria das catedrais e grandes igrejas 
tem uma planta baixa cruciforme, própria para abrigar um número grande de pessoas. 
Nas igrejas de tradição europeia ocidental, como evidencia a figura 1, o plano é 
geralmente longitudinal, na forma da chamada cruz latina1, com uma longa nave2 
atravessada por um transepto3. A nave é o espaço onde são distribuídos os bancos e 
os genuflexórios4, começa da entrada indo até o cruzeiro5. O ambiente é constituído 
de uma nave principal e outras duas, chamadas colaterais ou naves laterais. 
 As colaterais são separadas da principal por arcadas, uma sequência de 
arcos, formando dois corredores abertos para a nave central. Os seis pares de colunas 
e os arcos formados a partir delas, são a característica que mais chama atenção nas 
naves. Os dois últimos pares formam quatro grandes arcos, demarcando o cruzeiro. 
A nave central, sustentada pelas colunas, é um pouco mais alta que as colaterais e 
 
1A cruz latina é uma cruz formada por dois segmentos de medidas diferentes que se intersectam em 
um ângulo reto, onde o segmento menor tem uma proporção de três quartos do maior. 
2O termo arquitetônico nave é originário do grego naos, referente à ala central de uma igreja. 
3O transepto é a parte de um edifício de uma ou mais naves que atravessa perpendicularmente o seu 
corpo principal e dá ao edifício a sua planta em cruz. 
4 Nas capelas e oratórios, móvel para rezar, em forma de cadeira. 
5 Cruzeiro é o espaço situado na intersecção da nave central com o transepto nas igrejas ou catedrais 
cristãs que apresentam planta em cruz. 
17 
 
 
contém um piso a mais, o antigo coro6. O acesso a ele é feito por uma escada ao redor 
da primeira coluna do lado sul, que tem como função importante dar acesso à torre 
principal da Igreja. 
Na parte do fundo, voltado para o oriente, fica o altar principal, que tem o piso 
elevado em relação ao resto da igreja. Atrás do altar encontra-se a abside, parte do 
edifício que se projeta fora de forma semicilíndrica ou poliédrica. Também há uma 
espécie de deambulatório simples, uma passagem que circunda a abside. Do lado 
norte há uma sacristia7, destinada aos paramentos litúrgicos, enquanto do outro ficam 
os banheiros e uma dispensa. Estas últimas duas partes, deambulatório e sacristia, 
não são vistas por quem está na nave da igreja, suas entradas encontra-se atrás das 
capelas. 
Figura 1 - Esboço da planta baixa da igreja matriz 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
A forma da igreja, seguindo um eixo pré-determinado, geralmente na direção 
Leste-Oeste, tem papel importante na sua iluminação. Sendo essa a direção do sol 
nascente, as características arquitetônicas aproveitam a luz natural. Nos lados norte, 
sul e leste da planta encontram-se três grandes vitrais cruciformes. O posicionamento 
desses vitrais, perpendiculares uns aos outros, proporcionam o encontro dos raios 
 
6 O termo arquitetônico coro, originário do grego choros, designa uma área do templo cristão, onde 
ficam os músicos e instrumentos. 
7 Termo arquitetônico que designa a casa anexa a uma igreja, onde são guardados os paramentos e 
outros objetos de culto, e onde os padres tomam as vestes do culto. 
18 
 
 
solares no centro da Igreja. Existe também, acima de cada arcada da nave central, 
um conjunto de janelas circulares, vitrais em mosaico, denominados de clerestório. 
Figura 2 - Vitrais norte e sul 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
O piso da Igreja é feito por peças quadrangulares cerâmicas de cor branca. O 
teto é constituído por peças retangulares de madeira. A porta principal é mais alta e 
espaçosa que as outras, todas de madeira, distribuídas no perímetro da igreja. Além 
das portas, a ventilação também é realçada por sete pares de janelas de madeira. As 
paredes são coloridas por dois tons de azul e o branco está presente nas colunas e 
arcos, cores que representam a padroeira da cidade, datada do final de 2016. 
 
Figura 3 - Vista do teto e arcadas da nave central da igreja
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
19 
 
 
3.3.2 Área externa 
A decoração externa de uma catedral ou uma grande igreja é, geralmente, 
pictórica, apresentando esculturas, pinturas e mosaicos. Entre os elementos 
arquitetônicos decorativos estão colunas, pilastras, arcadas, cornijas8, molduras, 
florões9 e tracerias10. O formato final destas várias características é uma das mais 
claras indicações do estilo e da época de um edifício. Sendo a "fachada ocidental" a 
parte mais adornada do exterior de uma igreja. 
Em catedrais ou grandes igrejas existe, geralmente, uma característica externa 
que direciona os olhos do observador em direção ao céu. No caso da Igreja Matriz, a 
sua principal característica externa é a torre principal, que foi construída na década 
de 40 para 50 e tem cerca de 25 metros de altura. A torre é decorada por colunas em 
seus vértices, um relógio, quatros pináculos11 que ficam na parte superior de cada 
lado, duas sacadas utilizadas para os sinos e a última janela. As duas torres laterais 
são bem mais simples, de altura estimada de 10 a 15 metros, tem formato de um 
prisma octogonal. Jutas, as três torres formam os principais elementos da fachada 
ocidental. 
Figura 4 - Fachada ocidental da igreja 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
8 Cornija é um termo usado em arquitetura que se refere a uma faixa horizontal que se destaca da 
parede. 
9 Florão, também designado crista, é a designação de um pequeno elemento arquitetônico decorativo 
em pedra difundido em edifícios da Idade Média, presente, sobretudo, no estilo gótico. 
10 O termo traceria, ou arrendado, refere-se ao trabalho decorativo em pedra (também por vezes 
madeira) composto por elementos geométricos e utilizado na arquitetura. 
11 Pináculo é o ponto mais alto de um determinado lugar, um edifício ou uma torre, por exemplo. 
20 
 
 
Na fachada oriental, o que mais chama atenção é a parte externa do vitral 
principal, localizado entre duas janelas. É possível ainda, identificar a parte externa 
da abside e duas portas simples que dão acesso à Sacristia.
Já os lados norte e sul 
possuem estruturas e elementos simples. Além das portas laterais, é possível notar 
uma parte saliente das capelas das naves laterais. Também é possível notar os 
extremos exteriores do transepto, contendo os vitrais laterais. A solução de cobertura 
em toda a igreja é em platibanda. A pintura externa é constituída de basicamente três 
cores: branco, azul atlântico e vermelho. 
Figura 5 - Fachada oriental da igreja 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
3.3.3 Alvenaria 
Na Igreja Matriz de Areia Branca, o método construtivo utilizado consistiu no 
emprego de alvenaria estrutural e de vedação. A alvenaria de vedação caracteriza-se 
por ser autoportante, já que possui a capacidade de sustentar o seu próprio peso. Por 
sua vez, a alvenaria estrutural desempenha o papel de resistir ao seu respectivo peso 
e a outras cargas exercidas sobre ela. 
No erguimento das paredes e na edificação dos arcos existentes na paróquia, 
foram utilizados tijolos maciços de barro cozido. Os arcos ainda apresentam um 
acabamento em gesso. Blocos maciços são elementos que possuem distintas 
finalidades, podendo desempenhar uma função portante nas alvenarias estruturais ou 
de preenchimento nas alvenarias de vedação, de acordo com a exigência do 
ambiente. 
21 
 
 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 
Nesta seção são demonstradas as manifestações patológicas identificados na 
Igreja Matriz durante a vistoria efetuada, realizando a análise dessas de acordo com 
conhecimento extraído de bibliografias estudadas. 
 ANÁLISE PATOLÓGICA DA IGREJA 
Na etapa de vistoria da Igreja da Nossa Senhora da Imaculada Conceição 
foram encontradas manifestações patológicas e alguns defeitos em esquadrias, que 
interferem diretamente na parte estética do edifício e podem vir a afetar a sua 
estrutura. Dessa forma, é de fundamental importância que os problemas patológicos 
que provocaram tais sintomas sejam tratados. A seguir, serão apresentadas as 
manifestações patológicas observadas no edifício, a indicação das causas mais 
prováveis e possíveis formas de recuperação. 
4.1.1 Trincas 
Foi possível identificar na Igreja diversas manifestações patológicas 
decorrentes do processo de fissuração. As fissuras e trincas se fazem presentes em 
diversos lugares no templo, principalmente, em marquises e nos elementos estruturais 
da paróquia areia-branquense. Segundo Chand apud Thomaz (1989, p. 151), a 
identificação das causas dessa manifestação patológica é bastante difícil e pouco 
precisa, pois não raras vezes observa-se que as trincas são originadas por um 
somatório de causas distintas. 
4.1.1.1 Trincas e manchas de umidade em marquises 
 
As marquises são elementos comuns na igreja estudada, que se apresentam 
como um traço marcante de sua arquitetura. Porém, identificou-se, na maioria delas, 
a existência de trincas e fissuras. Múltiplas são as causas para o aparecimento dessas 
manifestações em marquises, segundo Braguim (2006, p. 14) as principais são: O 
detalhamento incorreto da armadura principal, a consideração de cargas menores que 
as necessárias para o uso da estrutura e a não consideração da agressividade do 
ambiente. 
 Na parte inferior e lateral das marquises foi possível visualizar manchas de 
umidade. Tal manifestação é, possivelmente, decorrente da existência de trincas na 
22 
 
 
parte superior da estrutura em balanço. Já que a precipitação pluviométrica que entra 
nas brechas, pode provocar uma infiltração passível de observação no lado oposto, 
como foi encontrado na vistoria. 
Figura 6 - Marquise com trincas e manchas de umidade 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
Outra manifestação identificada foi a corrosão da armadura, a qual se torna 
aparente em alguns lugares e admite às manchas de umidade supracitadas um 
aspecto alaranjado. Esse fenômeno pode ter a mesma causa das manchas, a 
infiltração de aguas pluviais. Além disso, a condensação da água proveniente do 
oceano traz junto de si cloretos que intensificam a corrosão. A expansão das 
ferragens, provocada pelo processo corrosivo, pode ter colaborado para a existência 
de trincas que podem ser observadas nas figuras 6, 7 e 8. 
Figura 7 - Armadura aparente na parte superior da marquise 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
23 
 
 
Figura 8 - Marquises com trincas na parte inferior 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
É recomendada para essas marquises que possuem manifestações 
patológicas, a execução de rigorosos procedimentos de inspeção, de forma a avaliar 
as cargas e sobrecargas e vistoriar o processo de impermeabilização, com a finalidade 
de obtenção de um diagnóstico fidedigno que norteará a terapia adotada. 
4.1.1.2 Trincas em elementos estruturais 
 
Certos pilares e vigas que formam a estrutura do edifício exibem trincas ao 
longo de seu comprimento. Em alguns desses elementos estruturais, foi possível 
identificar que as trincas foram provocadas pelo aumento de volume das ferragens, 
pois apresentam um aspecto de que o revestimento foi empurrado da estrutura. 
Quanto a expansão da armação, sua provável causa é a umidade, já que, como no 
caso das marquises, é possível identificar manchas de umidade. Em outros casos não 
foi possível fazer a mesma análise. 
Figura 9 - Trincas nos elementos estruturais da torre da igreja 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
24 
 
 
Figura 10 – Revestimento sendo impelido e ferragem aparente 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
Desse modo, de acordo com Thomaz (1989, p. 167), é de suma importância a 
execução de uma análise minuciosa para averiguar se tal fissuração compromete a 
edificação como um todo ou somente provoca um problema de caráter estético. Caso 
certifique-se que a trinca é ativa, isto implica que a manifestação patológica está 
aumentando, a utilização de um selador flexível é recomendada como uma possível 
terapia. No entanto, se a conclusão da análise for de que a trinca não é ativa e 
encontra-se em um estágio que apenas prejudica a estética do prédio, somente se faz 
necessário o preenchimento e a cobertura em seu revestimento final de acabamento. 
4.1.2 Descolamento de revestimento 
 
Dentre as manifestações patológicas mais encontradas em toda área da 
igreja, está o descolamento de revestimento. Esta manifestação patológica se faz 
presente tanto na fachada, quanto nas áreas internas do edifício. Nas vedações 
verticais, foram encontrados os descolamentos do revestimento de argamassa e de 
tinta. 
4.1.2.1 Revestimentos de argamassa 
Durante a vistoria, foram detectados diversos pontos do edifício que 
apresentaram descolamento do revestimento argamassado. Os descolamentos, 
segundo Bauer (2008, p. 904), “podem se manifestar com empolamento em placas, 
ou com pulverulência”, nos casos da edificação estudada, a argamassa se encontrava 
pulverulenta. Ainda de acordo com Bauer (2008, p. 905), é possível observar o 
esfarelamento do revestimento e, quando recebem pintura, a película de tinta se 
destaca com facilidade carregando partículas de reboco no seu verso. 
25 
 
 
As principais causas dos descolamentos com pulverulência, conforme Bauer 
(2008, p. 905), são: o tempo insuficiente de carbonatação da cal presente na 
argamassa, a proporção água/massa semi-pronta utilizada ser superior a 
recomendada pelo fabricante, o uso do material depois do prazo máximo de 
estocagem. Outros autores ainda destacam que as seguintes causas intensificam a 
desagregação do revestimento: o excesso de finos no traço, altas concentrações de 
cloretos e a presença de umidade. Esta última causa, por sua vez, está atrelada à 
formação de bolor. 
Em se tratando da igreja,
junto aos descolamentos de revestimentos são 
visíveis algumas manchas de umidade ocasionadas pela água da chuva, já que se 
trata de uma área sem cobertura. Portanto, o fator umidade somado às complicações 
relacionadas à presença de cloreto e as causas prováveis citadas por Bauer, 
culminaram no problema patológico existente. Como solução para esse caso, seria 
necessário o refazimento do reboco com os materiais e as proporções adequados à 
situação. 
Figura 11 - Descolamento de revestimento argamassado com pulverulência 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
4.1.2.2 Pintura 
 
Além do descolamento de argamassa, foram encontrados locais em que o 
destacamento de pintura se deu tanto concomitante ao dos revestimentos de 
argamassa, quanto de forma isolada. Diante desse tipo de manifestação fica claro que 
existe problema de aderência no sistema substrato-pintura, sendo inúmeras as causas 
desse tipo de defeito. Manifestações como essa podem tanto prejudicar a estética da 
26 
 
 
edificação, quanto sua capacidade de proteção e isolamento do substrato. Diante 
disso, entende-se por destacamento o desprendimento de partes da pintura, 
provocado por falta de aderência ao substrato. 
De acordo com Marques (2013, p. 91), condições de aplicação desfavoráveis, 
deficiência na preparação da superfície e tipo de tinta inadequada para a situação e 
envelhecimento natural do revestimento são algumas das principais causas da perda 
de aderência. No caso da edificação em estudo, a preparação incorreta da base para 
repintura é a causa mais provável do descolamento, visto que nos locais da 
manifestação é possível identificar a superfície completamente lisa e/ou com 
resquícios da tinta anterior. Ainda é observável que, em alguns locais, a tinta foi 
aplicada diretamente no reboco. 
 
Figura 12 - Descolamento de tinta junto a partes do reboco 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
Diante do que foi desenvolvido, a solução mais adequada a esse tipo de 
situação é refazer a pintura e, em concordância com Marques (2013, p. 92) devem ser 
usadas as metodologias adequadas de preparação de superfície, considerando as 
características da base. Em seguida, realizar a repintura, aplicando métodos 
adequados e produtos quimicamente compatíveis seguindo as indicações dos 
fabricantes, respeitando o tempo de secagem entre as demãos. No caso de texturas, 
para corrigir o problema é preciso raspar ou escovar a superfície até a remoção total 
da textura, aplicar fundo preparador, seguido da textura de revestimento. 
27 
 
 
Figura 13 - Descolamento de revestimento texturado 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
4.1.3 Falhas em revestimento de piso 
 
As falhas em revestimento de piso foram encontradas com menor frequência. 
Na parte externa da edificação, identificou-se apenas um desplacamento de algumas 
placas cerâmicas isoladas, as causas possíveis dessa falha são a deficiência na 
execução do revestimento e a falta de rejuntamento. Nas áreas internas, foram 
detectadas algumas placas de concreto pré-moldado trincadas, podendo ser resultado 
do emprego de concreto de baixa qualidade, subdimensionamento da placa ou a 
progressão de fissuras perpendiculares ou paralelas à base. 
 
Figura 14 - Descolamento de piso cerâmico 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
28 
 
 
Figura 15 - Placas de concreto trincadas 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
 A MANUTENÇÃO PREDIAL 
 
A ocorrência de problemas patológicos na fase de uso e operação, depende 
diretamente da inexistência de um sistema de manutenção. Villanueva (2015, p. 50) 
lembra que mesmo as edificações mais antigas devem desenvolver um programa de 
manutenção de acordo com a norma NBR 5674, constituído de medidas preventivas 
simples. Assim, para o desenvolvimento de um plano de manutenção: 
[...] deve-se analisar criteriosamente a função do edifício, determinando todos 
os sistemas que o compõem: estrutura, paredes, cobertura, pisos, instalações 
elétricas, instalações hidráulicas, telefonia e informática, caixilharia e outros 
sistemas e equipamentos. A partir daí, é necessário recolher-se o maior 
número possível de informações a respeito desse sistema [...]. A partir da 
montagem de um quadro onde todos esses elementos estejam dispostos e 
organizados, é possível organizar os trabalhos de forma sistemática, 
determinando-se assim a periodicidade de cada inspeção e os custos globais 
dos serviços. (FACULDADES DE ALTA FLORESTA; 2010, p. 5) 
A NBR 5674:2012 normatiza o desenvolvimento de um plano de manutenção, 
que deve ser elaborado e executado por profissionais qualificados. Desse modo, com 
o desenvolvimento estruturado dos serviços, é possível reduzir/evitar intervenções 
emergenciais para reparar problemas da edificação, diminuindo a ocorrência de 
mudanças arquitetônicas nesta. 
A exemplo dos problemas que podem ser prevenidos com atividades de 
periódicas simples, tem-se os vitrais, que apresentam algumas partes quebradas e 
grades de proteção corroídas. O processo de corrosão por oxidação, intensificado 
pela proximidade como mar, desencadeou no aparecimento de uma mancha de 
coloração esverdeada nas paredes. Tal fator, poderia ser evitado com a limpeza 
29 
 
 
frequente e pintura das peças com material adequado. A situação desse elemento 
inspira preocupação, pois os vitrais são componentes da edificação que caracterizam 
a arquitetura de uma Igreja. 
Figura 16 - Vitrais quebrados 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Figura 17 - Grades de proteção corroídas e manchas esverdeadas 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Tendo em vista as questões apresentadas, é possível perceber que o fato de 
a edificação estar próxima ao mar, requer o maior cuidado para a manutenção desta. 
Concomitantemente, foi constatada a importância da manutenção predial, conforme 
destaca a NBR 5674:2012, a edificação é um espaço onde se abriga, direta ou 
indiretamente, todas as atividades produtivas. Desse modo, cumprem um papel social 
fundamental, e é a existência do sistema de manutenção que possibilita o 
prolongamento da sua função na sociedade. 
30 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O processo de elaboração desta pesquisa permitiu a exibição da dimensão 
que possui a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição no contexto municipal 
de Areia Branca. Ademais, possibilitou a execução de uma análise das manifestações 
patológicas que a degradam atualmente, visando a conservação desse patrimônio 
histórico. Em consonância, o estudo conduziu a uma reflexão sobre a preservação de 
um patrimônio e a manutenção de sua originalidade que o caracteriza. 
Partindo da perspectiva inicial do estudo, foi possível identificar sinais que 
evidenciam o envelhecimento da Igreja. O templo apresenta trincas e fissuras, 
manchas de umidade, descolamento de revestimento e de piso, dentre outros 
problemas. A análise realizada acerca de tais manifestações patológicas confirmou a 
importância da confecção de um programa efetivo de manutenção, que contribui para 
a preservação da edificação, sem descaracterizá-la. 
A vistoria realizada no local proporcionou a compreensão do real estado em 
que se apresenta a Igreja, possibilitando o registro fotográfico da conjuntura em que 
os problemas patológicos se manifestam. Além disso, a leitura de obras que tratam 
de manifestações patológicas auxiliou no entendimento destes problemas, pois com 
esse recurso foi possível execução de um paralelo comparativo entre os casos da 
Igreja e os abordados nos textos estudados. 
Diante de um tema relevante e da apresentação sobre a importância
da 
manutenção em edificações históricas, é interessante o desenvolvimento de estudos 
futuros com a finalidade de aprofundar o entendimento sobre os métodos de 
organização de um sistema de manutenção. Podendo assim, contribuir para a 
preservação de edificações que possuem valor histórico, como a igreja matriz de Areia 
Branca. 
A partir do que foi exposto, é perceptível que as construções históricas têm uma 
significação importante para a sociedade em geral e é preciso preservá-las. Dessa 
forma, a manutenção nas edificações cumpre o papel de prolongar o tempo de uso de 
uma edificação, independentemente da idade desta. Assim, as construções mais 
antigas continuam erguidas garantindo que o estilo arquitetônico transcenda épocas 
e seja sempre um referencial, já que, a identidade de um povo é refletida naquilo que 
foi socialmente edificado. 
31 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 
 
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Manutenção de edificações - Requisitos para o sistema de gestão de 
manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 16280: 
Reforma em edificações - Sistema de gestão de reformas - Requisitos. Rio de 
Janeiro: ABNT, 2015. 
 
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https://areiabranca.wordpress.com/tag/igreja/ >. Acesso em: 20 jan, 2017. 
 
BAUER, L. A. Materiais de construção. Rio de Janeiro: LTC, v. 2, 2008. p. 903-941. 
 
BRAGUIM, J. R. Perigo suspenso: Queda de marquises alerta para o risco de 
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COSTA, A. C. A linguagem das trincas. Revista Techne, v. 1, n. 3, p. 14-16, 
Março/Abril 1993. 
 
CREA-SP - CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E 
AGRONOMIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Patrimônio histórico: Como e por 
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IBGE. IBGE Cidades. Rio Grande do Norte; Areia Branca,síntese das 
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LORDSLEEM JUNIOR, A. C. Sistemas de recuperação da alvenaria de vedação: 
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MARQUES, F. P. Tecnologias de aplicação de pinturas e patologias em paredes 
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OLIVEIRA, D. F. O Conceito de Qualidade Aliado às Patologias na Construção. 
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 24. 
2013. 
 
THOMAZ, E. Trincas em edíficios: Causas, prevenção e recuperação. São 
Paulo: PINI-Epusp-IPT, 1989. p. 151-167. 
 
VILLANUEVA, M. M. A importância da manutenção preventiva para o bom 
desempenho da edificação. Escola Politécnica - Universidade Federal do Rio de 
Janeiro. Rio de Janeiro, p. 50-88. 2015.

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