1. Uma história das investigações lingüísticas (1)

Curso de Linguística Histórica 2º. Semestre de 2014 1. UMA HISTÓRIA (BREVE) DAS INVESTIGA ÇÕES LINGUÍSTICAS Prof. Thomas Finbow Departamento de Linguística (FF LCH/USP) 1. AS ORIGENS DAS LÍNGUAS (E DA INVESTIGAÇÃO LINGUÍSTICA) \u2022 A história do experimento do faraó Psamético (Psamtik) I (663- 610 a.C.), no livro do historiador e viajante grego , Heródoto. 2. AS ORIGENS DAS LÍNGUAS (E DA INVESTIGAÇÃO LINGUÍSTICA) \u2022 O Imperador Sacro Romano, Frederico II de Hohenstaufen (1194 -1250), narrado pelo frade franciscano Salimbene di Adam de Parma. 3. AS ORIGENS DAS LÍNGUAS (E DA INVESTIGAÇÃO LINGÜÍSTICA) \u2022 James IV de Escócia (1473- 1513) na History de Robert Lindesay de Pitscottie. 4. DANTE \u2013 DE VULGA RI ELOQUENTIA \u2022 DANTE ALIGHERI ( 1265 \u2013 1321 ): De vulgari eloquentia [ \u201c Sobre a eloqüência no vernáculo \u201d ] (escrito entre 1302 e 1305). \u2013 O florentin o segue o ensino da Igrej a, afir mando que a língua humana origina l mente era u ma e uniforme (e que essa língua original era o heb raico, con forme a tradição cristã). \u2013 Após da \u201c confusão das línguas \u201d na Torr e de Babel, essa única lingua vulgaris n atura lis (u m código abstr ata, un iversal e nobre dada por Deus aos humanos no Jardim de Éden) foi \u201c confundida \u201d em muitas língu as: os vulgari (as línguas vernáculas) que variam no tem p o e no espaço . \u2022 Dante divide Europa (a Cris ta ndade) em tr ês regiões linguísticas, conforme um esquema típico da filosofia escolástica medieval : \u2013 No leste \u2013 o grego, \u2013 No norte \u2013 as línguas germânicas (Dante não as distinguiu das línguas eslavas), \u2013 No sul \u2013 as línguas rom ânicas. 5. DANTE \u2013 DE VULGARI ELOQUENTIA [cont.] \u2022 Dante subdivi de este ydi oma triphari um meridional novamente em três: \u2022 Língua de Oco (dos Y spani = os prove nçais e catalães). \u2022 Língua de Oïl ( dos Franci = os povos do Reino de França) \u2022 Língua de Si (dos Latini = os povos da Península Italiana). \u2022 Além dos volgari , Dante r econhece a existência de uma outra língua, que el e chama a grammatica (o latim eclesiástico medieval). \u2022 Porém, por ele, o latim não é uma lingua vulgaris naturalis, porque não é a l íngua nativa ( volgari ) de ninguém. \u2022 Portanto, Dante o denomina grammatica um locutio secundaria artificialis , ou seja, um artefato específico e concreto criado pelos homens para contrabalançar as fraquezas e variabilidade dos vernáculos. 6. OS SÉCULOS XVI E XVII: JOSEPH JUSTUS SCALIGER (1540 -1609) \u2022 O latinista protestante francês Scaliger (1540 -1609) organizou as línguas da Europa em quatro classes maiores baseadas na sua palavra para \u201c Deus \u201d : \u2022 deu- (as línguas neolatinas ) \u2022 theo- (o grego ) \u2022 gott- (as línguas germânicas ) \u2022 bog- (as línguas eslavas ) \u2022 Scaliger reconheceu sete classes linguísticas m enores: \u2022 O epirótico [o albanês] e o tártaro [o turco], \u2022 O húngaro e o finlandês, \u2022 O gaélico [irlandês e escocês], \u2022 O velho britânico [galês e bretão], \u2022 O cantábrico [o basco]. \u2022 Porém, Scaliger não reconheceu o parentesco entre as duas línguas celtas (os ramos goidélico e britônico) e as duas línguas fino- úgricas (o finlandês [do ramo fino] e o húngaro [do ramo úgrico]. Tampouco percebeu que muitas dessas línguas pertenciam a uma superfamília indo-europeia, mas não devemos culpá- lo por isso. 7. O S ÉCULO XVIII \u2022 PETER SIMON PALLAS (174 1-1811). \u2013 Linguarum totius orbis voca bularia compa rativa (1787). \u2013 [ \u201c Vocabulário comparativo d as línguas d e todo o globo \u201d .] \u2022 Classificou os m ateriais reunidos conforme um sistema que resultou de um estudo do matem ático e filósofo alemão GOTTFRIED WILHELM LEIBNITZ que foi patrocinado pela imperatriz Catarina II da Rúss ia. \u2022 LTOVC conteve 285 palavras em 200 línguas (149 da Ásia e 51 da Europa). \u2022 LORENZO HERVÁS (1735-1809). \u2013 Catálogo de las lenguas de las naciones conocidas y numera ción, división y clases de estas según la diversidad de sus idiomas y dia lectos (1800 - 1805). \u2022 JOHANN CHRISTOPH ADELUNG (1732 -1806). \u2013 Mithridades oder allgemeine Sprachen kunde . (4 vols., 18 06 \u2013 1807) \u2013 [ \u201c Mitridates, ou a ciência geral das línguas \u201d ]. 8. O MÉTODO COMPARATIVO AVANT LA LETTRE \u2022 JÁNOS SAJNOVICS (1733- 1785) \u2013 Demonstratio idioma Hungarorum et Lappor um idem esse . (1770). \u2022 [ \u201c A demonstração da língua dos húngaros e dos lapões serem a m esma \u201d .] \u2022 SÁMUEL GYARMATHI (1751 -1830) \u2013 Affinitas linguae hung aricae cum linguis fennicae originis gramma tice demonstrata . (G öttingen, 1799 ). \u2022 [ \u201c A relação da origem da língua húngara com a língua finlandesa gramaticalmente demonstrada \u201d .] \u2022 JOHN HORNE TOOK (1736 -1829) \u2013 Epea pteróenta. Diversions of Purley (publicado em 17 86): \u2013 \u2018 All those com mon terminati ons, in any lang uage, of which all Nouns or Verbs in that language equally partake (und er the notion of declension or conjugation) are them selves separate words with distinct meanings [...] those terminati on s are explicable, and ought to be explained. \u2019 \u2022 [ \u201c Todas essas terminações comuns, em qualquer língua, de que todos os substantivos ou verbos naquele idioma partici pam igualmente (sob a noção da declinação ou da conjugação) [as desinências] são elas mesmas palavras autônomas com significados diferentes [...] essas terminações são explic áveis, e deveriam ser explicadas. \u201d ] 9. OS PRIMEIROS CONTA CTOS EUROPEUS COM O SÂNSCRITO \u2022 FELIPPO SASSETTI (Florença, 1540 \u2013 Goa, 1588). \u2013 Comerciante . Escreveu um livro em 1585 em que ele comentou as sim ilaridades entre o itali ano e a lí ngua sânscrita: \u2022 Deva \u2013 dio, sa rpa \u2013 serpe, sapta \u2013 sette, ashta \u2013 otto, nava \u2013 no ve. \u2022 HEINRICH ROTH (Aug sburg, 16 20 \u2013 Agra, 16 68). \u2013 Jesuíta. Escreveu uma gram ática do sânscrito, Grammatica linguae Sanscretanae Brachma num In diae Orientalis, em 1660. \u2022 BENJAMIN SCHULTZE. \u2013 Missionário que contribuiu à tradução da Bíblia para o tâm il com outro pastor alemão, Bartolom äus Ziegenbalg. \u2013 No 19 de a gosto de 1725, Schultze escreveu uma carta para um tal \u201c Professor Franken \u201d , na qu al comentou as semel hanças entre os numerais em sânscrito, latim e alemão.

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