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Prof. MSc. Eng. Júlio Cesar Salles Cunha Engenharia Civil – 5º Período – Turma A e B Disc. Materiais de Construção I AGLOMERANTES CIMENTO Definições NBR 11172/90 Cimento Aglomerante hidráulico constituído em sua maior parte de silicatos e/ou aluminatos de cálcio. Cimento natural Aglomerante hidráulico obtido pela calcinação e moagem de um calcário argiloso, denominado “rocha de cimento” ou “marga”. História No Antigo Egito era utilizado um material feito de gesso calcinado como aglomerante. Entre os gregos e romanos, eram usados solos vulcânicos das proximidades de Pozzuoli ou da ilha de Santorini, que endureciam depois de misturadas com água. História Em 1786 o inglês John Smeaton criou uma mistura resistente através da calcinação de calcários argilosos e moles. Esse é o marco da criação do cimento artificial. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. História Tempos depois, em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. Definição O cimento (derivada do latim cæmentu) é um material cerâmico que, em contato com a água, produz reação exotérmica de cristalização de produtos hidratados, ganhando assim resistência mecânica. É o principal material de construção usado como aglomerante. É uma das principais commodites mundiais, servindo até mesmo como indicador econômico. Definição NBR 11172/90 Cimento Portland Aglomerante hidráulico artificial, obtido pela moagem de clínquer Portland, sendo geralmente feita a adição de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Definições NBR 11172/90 Clínquer Produto granulado resultante da queima até fusão parcial ou completa de constituintes minerais, e que após sua moagem se constitui em um produto com propriedades hidráulicas. Clínquer Portland Clínquer constituído, em sua maior parte, por silicatos e aluminatos de cálcio hidráulicos, obtido por queima, até fusão parcial, de uma mistura homogênea e convenientemente proporcionada, constituída basicamente de calcário e argila. Clínquer aluminoso Clínquer constituído, em sua maior parte, de aluminato de cálcio obtido pela fusão completa de uma mistura homogênea e convenientemente proporcionada, constituída basicamente de calcário e bauxita. Definição Clínquer : nódulos de 5 a 25mm de diâmetro de um material sinterizado, produzido quando uma mistura de matérias-primas de composição pré-determinada é aquecida a altas temperaturas O processo de fabricação do cimento comporta seis operações: ➢ Extração da matéria-prima (argila e calcário) ➢ Britagem, pré-homogeneização, moagem, homogeneização farinha ➢ Calcinação processo de clinquerização • via úmida moagem e homogeneização com água, gerando uma pasta. • via seca conjunto de pré aquecedores, pré calcinador, forno propriamente dito e resfriador. ➢ Moagem clínquer + gesso ➢ Armazenamento em silos ➢ Ensacamento e comercialização Processo de fabricação Processo de fabricação Mineração/Britagem Mineração/Britagem Pré-homogeneização e Dosagem O material britado é transportado para a fábrica e armazenado em silos verticais ou armazéns horizontais. Essa armazenagem pode ser combinada com uma função de pré-homogeneização que consiste em colocar por camada o calcário e a argila. Pré-homogeneização e Dosagem As matérias-primas selecionadas são depois dosificadas, tendo em consideração a qualidade do produto a obter (clínquer). Essa dosagem é efetuada com base em parâmetros químicos pré-estabelecidos Pré-homogeneização e Dosagem Moagem do “cru” Definida a proporção das matérias-primas, elas são retomadas dos locais de armazenagem e transportadas para moinhos onde se produz o chamado “cru” (mistura finamente moída). Simultaneamente à moagem ocorre um processo de adição de outros materiais: areia (SiO2), cinzas de pirite (Fe2O3) e bauxita (Al2O3), de forma a obter as quantidades pretendidas dos compostos que constituem o “cru”: cálcio, sílica, alumínio e ferro, essenciais na fabricação do cimento. Moagem do “cru” Homogeneização A mistura de “cru” , devidamente dosada e com a finura adequada, deve ter a sua homogeneização assegurada para permitir uma perfeita combinação dos elementos formadores do clínquer. A homogeneização é executada em silos verticais de grande porte, através de processos pneumáticos e por gravidade. Homogeneização Pré-aquecimento Antes do “cru” entrar no forno, este será aquecido ao passar pela torre de ciclones, onde é iniciado a fase de pré-aquecimento Na torre dá-se a descarbonatação e inicia-se a pré-calcinação do material. Cozedura Com as transformações físico-químicas ocorridas na torre de ciclones devido às variações térmicas, o “cru” dá lugar à farinha, produto apto para entrar no forno. Ao entrar no forno, a farinha desloca-se lentamente até ao fim deste passando por um processo de clinquerização (1300 ~1500 °C), resultando no clínquer, produto com aspecto de bolotas escuras. Cozedura Resfriamento Uma vez cozido, o clínquer sai do forno e segue para o arrefecedor onde sofre uma diminuição brusca de temperatura que lhe confere característica importantes do cimento. O calor transportado pelo clínquer é transferido para o ar que é recuperado, melhorando assim o rendimento térmico do processo. Resfriamento Moagem e Adições O cimento resulta da moagem do Clínquer, Gesso e Aditivos (cinzas volantes, escórias de alto forno, filler calcário) que irão dar as características do cimento. Após a moagem, o cimento produzido é normalmente transportado por via pneumática ou mecânica e armazenado em silos ou armazéns horizontais. Moagem e Adições Moagem e Adições Embalagem e Expedição A remessa do cimento ao mercado pode ser feita de duas maneiras: a granel ou em sacos. Na forma de granel é transferido diretamente do silo de armazenagem para caminhões-cisterna, cisterna para transporte ferroviário ou para navios de transporte de cimento. Na forma de saco, o cimento é embalado (através de máquinas ensacadeiras) e depositados em paletes. Embalagem e Expedição Embalagem e Expedição O cimento estraga? “O cimento, bem estocado, é próprio para uso por três meses, no máximo, a partir da data de sua fabricação.” IDEAL: no máximo 60 dias TIPOS DE CIMENTO PORTLAND 1.Cimento Portland Comum – CP I 2.Cimento Portland Composto – CP II 2.1.Cimento Portland Composto com Fíller – CP II-F 2.2.Cimento Portland Composto com Pozolana – CP II-Z 2.3.Cimento Portland Composto com Escória – CP II-E 3.Cimento Portland de Alto Forno – CP III 4.Cimento Portland Pozolânico – CP IV 5.Cimento Portland de Alta Resistência Inicial – CP V-ARI 6.Cimento Portland Resistente a Sulfatos – CP RS 7.Cimento Portland Branco – CPB CIMENTO PORTLAND Nomenclatura: 1.Cimento Portland Comum – CP I É o cimento básico, sem qualquer outra adição além do gesso. Sua utilização é indicada em construções de concreto nas quais a estrutura não fique exposta a ambientes agressivos, com presença de sulfato. Pode ser encontrado comadição de até 5% de pozolana (CP I-S). NBR 5732 – Cimento Portland Comum. CIMENTO PORTLAND CIMENTO PORTLAND 2.Cimento Portland Composto – CP II Libera calor em uma velocidade menor do que o CP I, portanto é indicado para concretagens de grande maciço, onde o elevado volume de concreto e a pequena superfície exposta dificultaria o processo de resfriamento da massa. NBR 11578 – Cimento Portland composto. 2.1.Cimento Portland Composto com Fíler – CP II-F Possui adiçao de 6% a 10% de cabonatos de cálcio (calcário) que passa a ser denominado de fíller . CIMENTO PORTLAND 2.Cimento Portland Composto – CP II 2.2.Cimento Portland Composto com Pozolana – CP II-Z Possui adição de 6% a 14% de material pozolânico. (Rochas vulcânicas ou cinzas volantes). Recomendado para aplicações em ambientes ricos em sulfatos, como obras marítmas, subterrâneas ou industriais. CIMENTO PORTLAND 2.Cimento Portland Composto – CP II 2.3.Cimento Portland Composto com Escória – CP II-E Apresenta adição de 6% a 34% de escória de Alto Forno e até 10% de fíller. A escória de altoforno é obtida pelo processo de fusão do subproduto da produção de aço ou ferro,conhecido como escória de ferro. É recomendado em estruturas de médio calor de hidratação, como barragens. CIMENTO PORTLAND 3.Cimento Portland de Alto Forno – CP III Possui adição de 35% a 70% de escória de alto forno e até 5% de fíler. Possui baixo calor de hidratação e maior resistência a agentes agressivos. Sua utilização é indicada para os mesmos casos do cimento composto por escória, porém com vantagens em relação ao CP II. CIMENTO PORTLAND 4.Cimento Portland Pozolânico – CP IV Adição de 15% a 50% de material pozolânico, o que proporciona ao concreto maior impermeabilidade e conseqüentemente, durabilidade. As pozolanas podem ser naturais (de origem vulcânica) ou artificiais: - Argilas calcinadas: provenientes da calcinação de algumas argilas que, quando tratadas com temperaturas entre 500 e 900 °C, passam a reagir com o hidróxido de cálcio; - Cinzas volantes: resíduos provenientes da combustão de carvão pulverizado ou granulado. (precipitação eletrostática) CIMENTO PORTLAND 5.Cimento Portland de Alta Resistência Inicial – CP V-ARI Possui a mesma composição do CP I mas com dosagens diferentes de argila e calcário na composição do clínquer. Seus grãos também são mais finos. Apresenta maior resistência nas primeiras idades, sendo indicado para obras onde se exija uma desforma rápida, reparos, pré-moldados de concreto. Pode ter até 5% de adição de fíler. CIMENTO PORTLAND 6.Cimento Portland Resistente a Sulfatos – CP RS Possui características que o deixa mais resistente a sulfatos, podendo ser usado em obras marítimas ou industriais. Pela NBR 5737 – Cimentos Portland resistentes a sulfatos, os cimentos tipo CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI, podem ser considerados resistentes a sulfatos se: - Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no máximo 8 % e 5 % em massa, respectivamente; - Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60 % e 70 % de escória granulada de alto-forno, em massa; - Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25 % e 40 % de material pozolânico, em massa; - Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos. 7.Cimento Portland Branco – CPB É produzido a partir de clínquer Portland branco. Coloração esta adquirida pela utilização de matérias primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês; além do fato de utilizar caulim ao invés de argila. CIMENTO PORTLAND -Cimento Portland branco estrutural: é utilizado na execução de concretos estruturais com finalidades arquitetônicas; -Cimento Portland branco não-estrutural: Não pode ser utilizado para fins estruturais, sendo aplicado em acabamentos, tais como o rejuntamento de revestimentos cerâmico. Composição química do cimento Portland Os constituintes fundamentais do cimento Portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2), e alumina (Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a calcinação para retardar o tempo de pega do produto. Composição química do cimento Portland Nesse processo ocorrem combinações químicas, principalmente no estado sólido, que conduzem à formação dos seguintes compostos: silicato tricálcico (3CaO • SiO2 = C3S); silicato bicálcico (2CaO • SiO2 = C2S); aluminato tricálcico ( 3CaO • Al2O3 = C3A); ferro aluminato tetracálcico ( 4CaO • Al2O3 • Fe2O3 = C4AFe). Composição química do cimento Portland C3S - Principal mineral que contribui para a resistência mecânica. É a fase que reage mais rapidamente com a água. Endurecimento (reação) rápido, liberação de um moderado calor de hidratação, altas resistências iniciais. C2S - Reage mais lentamente com a água porém, após períodos maiores (aproximadamente um ano), atinge a mesma resistência mecânica que a C3S. Endurecimento lento, baixo calor de hidratação liberado, altas resistências finais. C3A - Reage muito rapidamente com a água, porém sem apresentar fortes propriedades hidráulicas. Em combinação com os silicatos, o mesmo eleva a resistência inicial do cimento. Endurecimento muito rápido, muito alto calor de hidratação, baixa resistência. C4AF - Apresenta taxas inicialmente altas de reatividade com a água. Em idades mais avançadas: taxas baixas ou muito baixas - contribui pouco para a resistência mecânica. Endurecimento rápido, calor de hidratação alto, resistência desprezível. Composição química do cimento Portland Comportamento mecânico dos compostos do cimento Portland (TARTUCE e GIOVANNETTI, 1990). Propriedades do cimento Finura: ➢Corresponde à área específica de contato dos grãos de cimento com a água da mistura. ➢Tanto maior quanto mais eficiente for a moagem do clínquer com gesso. ➢Influência no comportamento do cimento: •Velocidade de endurecimento •Potencialidade – reatividade ➢Determinação: •Finura: peneiramento (nº 200 e nº 325) •Área específica: Permeabilidade de Blaine Propriedades do cimento Tempos de pega: ➢Tempo para solidificação da pasta plástica de cimento. ➢Início de pega: Marca o ponto no tempo em que a pasta torna-se não trabalhável. ➢Fim de pega: tempo necessário para a pasta se torne totalmente rígida. Importância: ➢Determina o período de tempo que o concreto pode ser trabalhado após o seu lançamento. Pega e endurecimento ➢Pega: Período de fenômenos químicos, em que ocorrem desprendimento de calor e reações; ➢Endurecimento: Período de fenômenos físicos de secagem e entrelaçamento dos cristais; ➢Início de pega: Tempo que decorre desde a adição de água até o início das reações com o composto de cimento; ➢Fim de pega: Situação em que a pasta não sofre mais nenhuma deformação em função de pequenas cargas e se torna um bloco rígido. ENSAIOS Propriedades físicas • Densidade • Finura • Tempo de pega •Resistência à compressão Propriedades químicas • Expansibilidade de Le Chatelier Determinação da massa específica NBR NM 23/2001 • Frasco de Le Chatelier • Deve ser utilizado um líquido que não reaja quimicamente com o cimento. Neste caso pode ser utilizado xilol ou querosene Determinação da Finura NBR 11579/013 NBR 5732/91 e NBR 5733/91 • Proporção em peso do material retido malha nº 200 - 75µ CP Comum ≤ 10% CP ARI ≤ 6% • Valor da Superfície Específica 2800cm²/gr....3000cm²/gr (Turbidímetro deWagner) • Trabalhabilidade • Exsudação • Resistência Início de pega A agulha de Vicat penetra na pasta até uma distância de (4 ± 1) mm da base Fim de pega A agulha de Vicat penetra na pasta até uma distância de 0,5 mm na pasta Determinação do tempo de pega - NBR NM 65/03 NBR 16607/2017 CIMENTO PORTLAND: PEGA RÁPIDA: MENOR DO QUE 30 MINUTOS; PEGA SEMI-RÁPIDA: ENTRE 30 E 60 MINUTOS; PEGA NORMAL: MAIS DO QUE 60 MINUTOS. Determinação do tempo de pega - NBR NM 65/03 Determinação da Resistência à compressão NBR 7215/96 É preparada uma argamassa de cimento com quantidades pré estabelecidas pela Norma conforme tabela abaixo Material Massa para mistura (g) •Cimento Portland •Água •Areia norma - fração grossa - fração média grossa - fração média fina - fração fina 624 300 468 468 468 468 fração grossa 1,2 mm fração média grossa 0,6 mm fração média fina 0,3 mm fração fina 0,15 mm Cimento Determinação da resistência à compressão NBR 7215/96 CP moldado com proporção determinada por Norma Capeador Capeamento com pasta de enxofre 100 mm 50 mm Determinação da resistência à compressão NBR 7215/96 Idade de ruptura Tolerância 24 h 30 min 3 dias 1 h 7 dias 2 h 28 dias 4 h 91 dias 1 dia Tolerância de tempo para ruptura (NBR 7215) (0,25 0,05) MPa/s Determinação da resistência à compressão NBR 7215/96 Resistência à compressão DIAS 3 7 28 CP I – 25 RC ≥ 8 MPa 15 25 CP I – 32 RC ≥ 10 MPa 20 32 CP I – 40 RC ≥ 15 MPa 25 40 Determinação de expansibilidade de Le Chatelier NBR 11582/91 Agulha de Le Chatelier 30 mm 165 mm 30 mm É preparada uma pasta com 500 g de cimento e água necessária para consistência normal; Moldam-se 6 CPs sendo 3 destinados ao ensaio à quente e 3 para o ensaio a frio; O resultado da expansibilidade é a média de 3 determinações, expresso em milímetros com aproximação de 0,5 mm. Determinação de expansibilidade de Le Chatelier NBR 11582/91 ATÉ A PRÓXIMA AULA! Boa noite!
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