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1 Of. de Redação para Rádio – Prof. Eliana Albuquerque – UESC – 2018.1 PARTE 4 – O ROTEIRO E A EDIÇÃO Roteiro radiofônico – o mapa da mina O roteiro (ou script) é fundamental para a produção dos programas de rádio porque é através do roteiro que a produção planeja e interliga o trabalho de repórteres, sonoplastas, locutores e, às vezes, inserções do público ao vivo ou não. É onde está dito quem, o que e em que ordem entra no ar. É o caminho por onde o programa vai caminhar do princípio ao seu final. Por isso, quanto melhor e mais completo for o roteiro, mais tranquilo correrá o programa. A exceção fica nos programas ao vivo, que são produzidos a partir de espelho e fichas de produção, como no caso do radiojornalismo. O texto no roteiro Para distinguir a parte do roteiro que é destinada à locução da outra, destinada à técnica, foi convencionado usar letras maiúsculas sublinhadas para o que se refere à técnica, com o resto do roteiro seguindo as normas gerais de redação radiofônica. Para programas com apenas um locutor, geralmente se usa textos em blocos de, no máximo, cinco linhas. Com dois ou três locutores, fragmentar o texto na forma manchetada dá mais velocidade à locução. Em qualquer dos casos, é importante lembrar das recomendações e regras gerais; Sinalizando as interpretações Para dar ênfase às palavras, deve ser usado o sublinhado ou as aspas; para dizer como quer a interpretação de determinada fala, o correto é usar os parêntesis. Marcando a sonoplastia Sonoplastia é o estudo, a seleção e a aplicação de recursos sonoros capazes de movimentar um programa radiofônico, despertando a atenção e a emoção do ouvinte. É através da música e dos efeitos sonoros que o rádio acorda os sentimentos e as sensações, muitas vezes inconscientes. Isso pode fazer com que o ouvinte mantenha ou não ligado o aparelho de rádio. Por isso a escolha das sonoras é tão importante na produção radiofônica. Vamos conhecer algumas delas: 1. Característica é a música que inicia ou termina o programa ou um bloco do programa; 2. Cortina é um pequeno trecho musical que separa uma parte do programa de outras. É usada para marcar a transmissão de comentários e editoriais, entre outros; 3. Vinheta é geralmente uma frase musicada, gravada com antecedência e que identifica uma emissora, um apresentador, um programa ou até um patrocinador. É uma espécie de “logomarca oral”; 2 4. BG (ou beckground) é o mesmo que fundo musical. Geralmente é uma música instrumental, colocada como pano de fundo para a leitura do locutor. Pode dar profundidade e reflexividade à locução; 5. Efeito sonoro é um termo usado para designar sons produzidos por objetos a fim de parecer outros sons. Ex: batida de carro, canto de galo, barulho de mar. A finalidade é fazer com que o ouvinte “veja” o quadro que está sendo descrito através da oralidade; 6. Fusão é, como o nome já indica, a mistura de duas coisas. No caso, o som original vai diminuindo enquanto uma nova sonora vai aparecendo na transmissão; 7. Sobreposição é a transmissão simultânea de dois ou mais sons como um BG e um efeito sonoro, por exemplo; 8. Entrevista ou ilustração é a fala de alguém, de alguma fonte, em forma de perguntas e respostas ou não. Podem ser gravadas ou ao vivo. Nos dois casos, é necessário indicar no roteiro com a deixa inicial (DI) e deixa final (DF), como vimos antes. Se for gravada, indique também qual o tipo de fita usada (fita cassete, rolo ou MD) e as emendas necessárias para a edição do material; 9. Música você sabe o que é. No roteiro precisa estar indicado o nome do disco ou CD, nome da música, faixa e tempo total da inserção. No final da transmissão, o ouvinte precisa saber o nome da música e do intérprete. Portanto, isto precisa ser dito. Veja dois exemplos de roteiro: Exemplo 1: Roteiro para pequeno documentário, com dramatizações 012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012345 Téc. CARACTERÍSTICA – CD 5 – FAIXA 3 - RODA 15” E VAI A BG Sara Histórias que ninguém mais conta – segunda parte – O dia que o peixe boi entrou na Lagoa Encantada./ Téc. SOBE, RODA 10” E VAI A BG – CORTA E EMENDA COM CD 1 DE EFEITOS SONOROS – FAIXA 2 – CORTA EM 20”. Paulo A noite começa na Lagoa Encantada./ O barulho dos grilos e a lua cheia dão ao ar um clima de mistério./ Maneca olha a imensidão de água apurando os olhos./ (?)Quem sabe não vê uma sereia?/ Téc. ENTRA CD EGBERTO GISMONTE – FAIXA 2 – RODA 10” E VAI A BG Dani Sereias encantadas, que levam pescadores para o fundo da Lagoa fazem parte do imaginário popular local./ (continua) 3 Téc. SOBE BG RODA 10” E CORTA - EMENDA COM CD 2 DE EFEITOS SONOROS – FAIXA 5 – CORTA EM 5”. Paulo (?!) Que é aquilo?! , pergunta Maneca em voz alta./ (?) Será uma sereia que veio me buscar?/ Alan (!) Sereias não pulam daquele jeito!/ Responde João que chegava naquela hora./ (!)Aquilo deve ser um peixão dos bons!, diz ele. Dani O vulto brilhante continuava saltando nervosamente, como se quisesse chamar atenção./ Téc. RODA CD 2 DE EFEITOS SONOROS – FAIXA 3 – RODA 5” E VAI A BG. SOBREPÕE COM EFEITO SONORO DE ÁGUA AGITADA E SUSPENSE - RODA 5” E CORTA Sara Não saia daí. Depois do intervalo comercial você vai ver o que acontece nas.../ Téc. CARACTERÍSTICA – CD 5 – FAIXA 3 - RODA 15” E VAI A BG Sara Histórias que ninguém mais conta – segunda parte – O dia que o peixe boi entrou na Lagoa Encantada./ Téc. RODA CD 12 – FAIXA 1 - COMERCIAL 30” – CASA DO PESCADOR – EMENDA COM FAIXA 5 – COMERCIAL 15” – ESTÚDIO S – EMENDA COM FAIXA 8 – COMERCIAL 15” – SUPERMERCADO BAM BAM E CORTA RODA CARACTERÍSTICA – CD 5 – FAIXA 3 - RODA 15” E VAI A BG Sara Estamos de volta com as histórias que ninguém mais conta – segunda parte – O dia que o peixe boi entrou na Lagoa Encantada./ 4 Exemplo 2: programete musical 0123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789 Téc. CARACTERÍSTICA – RODA CD COLETÂNEA DO RAUL – FAIXA 7 RODA 15’ E VAI A BG Loc 1 Raul Seixas./ O dia em que a terra parou./ Loc 2 A década de setenta marca a afirmação do por rock nacional./ Raul Seixas é um dos principais expoentes dessa época./ Téc. CARACTERÍSTICA – SOBE, RODA 15’E VAI A BG – FUNDE COM FUNDO MUSICAL – CD POP ROCK NACIONAL – FAIXA 1 – RODA 10’E VAI A BG Loc 1 É um momento em que o Brasil vive acentuada estagnação econômica./ Loc 2 O milagre brasileiro é um fracasso./ A miséria e o desemprego crescem rapidamente./ É a desmoralização do projeto econômico da ditadura./ Loc 1 É também momento de intensa luta pelas liberdades democráticas, quando a criatividade dos artistas se coloca a serviço da causa social./ Loc 2 A música alternativa e de protesto ganha força./ Temas polêmicos fazem parte das novas letras e o público assume seu descontentamento diante da hipocrisia política e social./ Loc 1 Raul Seixas, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Chico Buarque se tornam referenciais para a juventude./ Téc. FUNDO MUSICAL SOBE E RODA 5’- VAI A BG E CORTA – EMENDA COM CD COLETÂNEA RAUL SEIXAS – FAIXA 5 – 1’33” CD COLETÂNEA CHICO BUARQUE – FAIXA 2 – 2’15 Loc 1 Você ouviu Gitá, de Raul Seixas./ Depois Construção, de Chico Buarque./ Duas músicas sempre atuais./ Téc. CARACTERÍSTICA – SOBE, RODA 15” – VAI A BG E CORTA 5 Espelho e fichas de produção Espelho é um esboço do programa (ao vivo ou gravado), onde se “desenha” as inserções de entrevistas e reportagens, com horários previamente definidos por bloco de assunto. Para cada programa, o produtorpode ainda trabalhar com fichas onde consta o nome do programa, a data, o produtor, o entrevistado, assunto, informações básicas sobre o assunto a ser tratado e observações importantes. São planejamentos específicos de programas radiojornalisticos e nada comuns em outros tipos de programas como os de radiodramaturgia, por exemplo. Modelos de espelho e fichas de produção podem ser encontrados no livro de Ferraretto (2000, p. 304 e 305) A edição A edição é o caminho para o sucesso ou fracasso de qualquer veículo, seja ele rádio, TV ou jornal. É a edição quem dá personalidade à informação. Apara arestas, destaca ou minimiza impactos, faz uma leitura permanente da vontade do público e a ela deve priorizar porque é justamente ai que está plantado o segredo do sucesso. Em rádio, a edição deve procurar dar clareza, concisão e coerência às matérias gravadas, além de vibração. Isso requer arte e técnica. Segundo Porchat (1991), Editar em rádio significa montar uma matéria após selecionar, hierarquizar e emendar trechos da gravação. Como um artesão, o editor deve limpar a matéria, eliminando o que for desnecessário para seu entendimento. E dar brilho, redigindo um bom texto que a torne coerente e interessante (PORCHAT, ibidem, p.74). Alguns cuidados devem ser observados na hora de fazer a edição: 1. Na hora do corte, atenção para não mutilar o trabalho e modificar o sentido do que ele quis transmitir. Às vezes, o corte de uma única palavra pode alterar todo o sentido de um texto. 2. O mesmo princípio se aplica às entrevistas. Antes de tesourar, é preciso escutar tudo, compreender o que o entrevistado quis dizer e, só depois, se deve fazer os cortes. Assim não haverá risco de modificar o sentido do que foi dito. 3. Quando emendar um texto em outro, é importante observar se há conexão entre eles. Se não houver, é necessário que se faça a costura, ou seja, redija um texto de ligação entre a idéia anterior e a seguinte. É preciso haver coerência entre os dois, dando ao texto final uma sequência lógica e a aparência de um todo. Se estiver com dúvidas na hora de editar qualquer matéria, consulte os repórteres que a fizeram. Eles estiveram no local, viram os fatos de perto, recolheram os dados. Sabem melhor do que você o que pode ou não ser descartado. 6 Bibliografia: 1. FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 2000; 2. KOPPLIN, Elisa e FERRARETTO, Luiz Artur. Técnica de Redação Radiofônica. Porto Alegre, Sagra-Luzzatto, 1992; 3. MEDITSCH, Eduardo (org). Rádio e Pânico: a Guerra dos Mundos 60 anos depois. Florianópolis: Ed. Insular, 1998; 4. ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A Informação no Rádio. São Paulo, Summus, 1985; 5. PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo da Jovem Pan. São Paulo, Ática, 1991.
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