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Livro Eletrônico Aula 00 Direito Processual Penal p/ PC-SP (Agente de Telecomunicações) Com videoaulas - Pós-Edital Professor: Renan Araujo 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo AULA DEMO: INQURITO POLICIAL. LEI 12.830/13. SUMçRIO 1 INQURITO POLICIAL ........................................................................................... 5 1.1 Natureza e caractersticas .............................................................................. 5 1.2 Incio do IP (instaurao do IP) ..................................................................... 8 1.2.1 Formas de instaurao do IP nos crimes de ao penal pblica incondicionada ....... 8 1.2.1.1 De ofcio ................................................................................................ 8 1.2.1.2 Requisio do Juiz ou do MP .................................................................... 10 1.2.1.3 Requerimento da vtima ou de seu representante legal ............................... 10 1.2.1.4 Auto de Priso em Flagrante ................................................................... 11 1.2.2 Formas de instaurao do IP nos crimes de Ao Penal Pblica Condicionada Representao ............................................................................................................. 11 1.2.2.1 Representao do Ofendido ou de seu representante legal .......................... 11 1.2.2.2 Requisio de autoridade Judiciria ou do MP ............................................ 12 1.2.2.3 Auto de Priso em Flagrante ................................................................... 12 1.2.2.4 Requisio do Ministro da Justia ............................................................. 13 1.2.3 Formas de Instaurao do IP nos crimes de Ao Penal Privada .......................... 13 1.2.3.1 Requerimento da vtima ou de quem legalmente a represente ..................... 13 1.2.3.2 Requisio do Juiz ou do MP .................................................................... 13 1.2.3.3 Auto de Priso em Flagrante ................................................................... 14 1.2.4 Fluxograma ................................................................................................. 14 1.3 Tramitao do IP ......................................................................................... 14 1.3.1 Diligncias Investigatrias ............................................................................. 15 1.3.1.1 Requerimento de diligncias pelo indiciado e pelo ofendido ......................... 18 1.3.1.2 Identificao criminal ............................................................................. 18 1.3.1.3 Nomeao de curador ao indiciado ........................................................... 20 1.4 Forma de tramitao .................................................................................... 21 1.4.1 Incomunicabilidade do preso ......................................................................... 23 1.4.2 Indiciamento ............................................................................................... 24 1.5 Concluso do inqurito policial .................................................................... 25 1.6 Poder de investigao do MP ........................................................................ 30 2 LEI 12.830/13 .................................................................................................... 30 3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 33 4 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 36 4.1 Smulas vinculantes .................................................................................... 36 4.2 Smulas do STF ............................................................................................ 37 5 RESUMO .............................................................................................................. 37 6 EXERCêCIOS PARA PARATICAR ........................................................................... 42 7 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 73 8 GABARITO ........................................................................................................ 130 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Ol, meus amigos! com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovao de vocs no concurso da POLêCIA CIVIL DO ESTADO DE SÌO PAULO (PC-SP). Ns vamos estudar teoria e comentar exerccios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de AGENTE DE TELECOMUNICAÍES. E a, povo, preparados para a maratona? O edital acabou de ser publicado, e a Banca ser a VUNESP. A prova objetiva est agendada para o dia 01.07.2018. So 300 vagas!! Bom, est na hora de me apresentar a vocs, certo? Meu nome Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pblica da Unio no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e ps- graduado em Direito Pblico pela Universidade Gama Filho. Minha trajetria de vida est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples: Foco + Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h ingrediente secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprovao de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprovaoÓ, no estou falando apenas por falar. O Estratgia Concursos possui ndices altssimos de aprovao em todos os concursos! Neste curso vocs recebero todas as informaes necessrias para que possam ter sucesso na prova da PC-SP. Acreditem, vocs no vo se arrepender! O Estratgia Concursos est comprometido com sua aprovao, com sua vaga, ou seja, com voc! Mas possvel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc ainda no esteja plenamente convencido de que o Estratgia Concursos a melhor escolha. Eu entendo voc, j estive deste lado do computador. Ës vezes difcil escolher o melhor material para sua preparao. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse: 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Esse print screen acima foi retirado da pgina de avaliao do curso de Direito Processual Penal para Delegado da PC-PE. Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%. Aindano est convencido? Continuo te entendendo. Voc acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em razo disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc. Acha que a aula demonstrativa pouco para testar o material? Pois bem, o Estratgia concursos d a voc o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, voc pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se no gostar, devolvemos seu dinheiro. Sabem porque o Estratgia Concursos d ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso no vai acontecer! No temos medo de dar a voc essa liberdade. Neste curso estudaremos todo o contedo de Direito Processual Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambm com exerccios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: AULA CONTEòDO DATA Aula 00 Inqurito Policial. Lei 12.830/13 14.05 Aula 01 Provas (parte I): Teoria geral 21.05 Aula 02 Provas (parte II): Provas em espcie 28.05 Aula 03 Priso (conceito e espcies): priso em flagrante. Priso preventiva. Priso temporria. 05.06 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Nossas aulas sero disponibilizadas conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram cobradas em concursos pblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matria. Sempre que possvel, trabalharemos com questes da prpria VUNESP, que a Banca do concurso. Todavia, para no ficarmos com uma preparao defasada, vamos utilizar tambm questes de outras Bancas renomadas (FCC, FGV, etc.). Alm da teoria e das questes, vocs tero acesso a duas ferramentas muito importantes: ¥ RESUMOS Ð Cada aula ter um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 pginas (a depender do tema), indo direto ao ponto daquilo que mais relevante! Ideal para quem est sem muito tempo. ¥ FîRUM DE DòVIDAS Ð No entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que o responsvel pelo Frum de Dvidas, exclusivo para os alunos do curso. Outro diferencial importante que nosso curso em PDF ser complementado por videoaulas. Nas videoaulas iremos abordar os tpicos do edital com a profundidade necessria, a fim de que o aluno possa esclarecer pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc. No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Prof. Renan Araujo E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br Youtube: www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ Observao importante: este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos. ;-) 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1! INQURITO POLICIAL 1.1!Natureza e caractersticas Antes de tudo, precisamos definir o que seria o Inqurito Policial, para, a partir da, estudarmos os demais pontos. Podemos defini-lo como: ÒInqurito policial , pois, o conjunto de diligncias realizadas pela Polcia Judiciria para a apurao de uma infrao penal e sua autoria, a fim de que o titular da ao penal possa ingressar em juzoÓ.1 Assim, por Polcia Judiciria podemos entender a Polcia responsvel por apurar fatos criminosos e coligir (reunir) elementos que apontem se, de fato, houve o crime e quem o praticou (materialidade e autoria). A Polcia Judiciria representada, no Brasil, pela Polcia Civil e pela Polcia Federal. A Polcia Militar, por sua vez, no tem funo investigatria, mas apenas funo administrativa (Polcia administrativa), de carter ostensivo, ou seja, sua funo agir na preveno de crimes, no na sua apurao! Cuidado com isso! Nos termos do art. 4¡ do CPP: Art. 4¼ A polcia judiciria ser exercida pelas autoridades policiais no territrio de suas respectivas circunscries e ter por fim a apurao das infraes penais e da sua autoria. O IP tem natureza de procedimento administrativo, e no de processo judicial. Muito cuidado com isso! O inqurito policial possui algumas caractersticas, atreladas sua natureza. So elas: ¥ O IP administrativo - O Inqurito Policial, por ser instaurado e conduzido por uma autoridade policial, possui ntido carter administrativo. O Inqurito Policial no fase do processo! Cuidado! O IP pr- processual! Da porque eventual irregularidade ocorrida durante a investigao no gera nulidade do processo. 2 ¥ O IP inquisitivo (inquisitorialidade) - A inquisitorialidade do Inqurito decorre de sua natureza pr-processual3. No Processo temos autor 1 1 Tourinho Filho, Fernando da Costa, 1928 Ð Processo penal, volume 1 / Fernando da Costa Tourinho Filho. Ð 28. ed. ver. e atual. - So Paulo : Saraiva, 2006. 2 Este o entendimento do STJ, no sentido de que eventuais nulidades ocorridas durante a investigao no contaminam a ao penal, notadamente quando no h prejuzo algum para a defesa (STJ - AgRg no HC 235840/SP). 3 Para entendermos, devemos fazer a distino entre sistema acusatrio e sistema inquisitivo. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo (MP ou vtima), acusado e Juiz. No Inqurito no h acusao, logo, no h nem autor, nem acusado. O Juiz existe, mas ele no conduz o IP, quem conduz o IP a autoridade policial (Delegado). No Inqurito Policial, por ser inquisitivo, no h direito ao contraditrio nem ampla defesa4. Como dissemos, no IP no h acusao alguma. H apenas um procedimento administrativo destinado a reunir informaes para subsidiar um ato (oferecimento de denncia ou queixa). No h, portanto, acusado, mas investigado ou indiciado (conforme o andamento do IP).5 Em razo desta ausncia de contraditrio, o valor probatrio das provas obtidas no IP muito pequeno, servindo apenas para angariar elementos de convico ao titular da ao penal (o MP ou o ofendido, a depender do tipo de crime) para que este oferea a denncia ou queixa. CUIDADO! O Juiz pode usar as provas obtidas no Inqurito para fundamentar sua deciso. O que o Juiz NÌO PODE fundamentar sua deciso somente com elementos obtidos durante o IP. Nos termos do art. 155 do CPP: Art. 155. O juiz formar sua convico pela livre apreciao da prova produzida em contraditrio judicial, no podendo fundamentar sua deciso exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigao, ressalvadas as provas cautelares, no repetveis e antecipadas. Vejam que mesmo nesse caso, existem excees, que so aquelas provas colhidas durante a fase pr-processualem razo da impossibilidade de se esperar a poca correta, por receio de no se poder mais obt-las (ex.: Exame de corpo de delito). ¥ Oficiosidade Ð Em se tratando de crime de ao penal pblica incondicionada, a autoridade policial deve instaurar o Inqurito Policial sempre que tiver notcia da prtica de um delito desta natureza. Quando o crime for de ao penal pblica incondicionada (regra), O sistema acusatrio aquele no qual h dialtica, ou seja, uma parte defende uma tese, a outra parte rebate as teses da primeira e um Juiz, imparcial, julga a demanda. Ou seja, o sistema acusatrio multilateral. J o sistema inquisitivo unilateral. No h acusador e acusado, nem a figura do Juiz imparcial. No sistema inquisitivo no h acusao propriamente dita. 4 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124. Isso no significa que o indiciado no possua direitos, como o de ser acompanhado por advogado, etc. Inclusive, o indiciado, embora no possua o Direito Constitucional ao Contraditrio e ampla defesa nesse caso, pode requerer sejam realizadas algumas diligncias. Entretanto, a realizao destas no obrigatria pela autoridade policial. 5 Entretanto, CUIDADO: O STJ possui decises concedendo Habeas Corpus para determinar autoridade policial que atenda a determinados pedidos de diligncias; O exame de corpo de delito no pode ser negado, nos termos do art. 184 do CPP: Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negar a percia requerida pelas partes, quando no for necessria ao esclarecimento da verdade. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo portanto, a instaurao do IP poder ser realizada pela autoridade policial independentemente de provocao de quem quer seja. claro que, se o MP j dispuser dos elementos necessrios ao ajuizamento da ao penal, o IP no precisa ser iniciado. O que o inciso I do art. 5¼ quer dizer que a autoridade policial tem o poder-dever de instaur-lo, de ofcio, no caso de crimes desta natureza (O que determinar a instaurao, ou no, ser a existncia de indcios mnimos da infrao penal e a eventual utilidade do IP). ¥ Oficialidade Ð O IP conduzido por um rgo oficial do Estado. ¥ Procedimento escrito - Todos os atos produzidos no bojo do IP devero ser escritos, e reduzidos a termo aqueles que forem orais (como depoimento de testemunhas, interrogatrio do indiciado, etc.). Essa regra encerra outra caracterstica do IP, citada por alguns autores, que a da FORMALIDADE. ¥ Indisponibilidade - Uma vez instaurado o IP, no pode a autoridade policial arquiv-lo6, pois esta atribuio exclusiva do Judicirio, quando o titular da ao penal assim o requerer. ¥ Dispensabilidade - O Inqurito Policial dispensvel, ou seja, no obrigatrio. Dado seu carter informativo (busca reunir informaes), caso o titular da ao penal j possua todos os elementos necessrios ao oferecimento da ao penal, o Inqurito ser dispensvel. Um dos artigos que fundamenta isto o art. 39, ¤ 5¡ do CPP7. ¥ Discricionariedade na sua conduo - A autoridade policial pode conduzir a investigao da maneira que entender mais frutfera, sem necessidade de seguir um padro pr-estabelecido. Essa discricionariedade no se confunde com arbitrariedade, no podendo o Delegado (que quem preside o IP) determinar diligncias meramente com a finalidade de perseguir o investigado, ou para prejudic-lo. A finalidade da diligncia deve ser sempre o interesse pblico, materializado no objetivo do Inqurito, que reunir elementos de autoria e materialidade do delito. ¥ Sigiloso - o IP sempre sigiloso em relao s pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatrio, no havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.8 Todavia, o IP no , em regra, sigiloso em relao aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em relao a determinadas peas do Inqurito quando necessrio para o sucesso da investigao (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento de interceptao telefnica formulado pelo Delegado ao Juiz). 6 Art. 17 do CPP. 7 ¤ 5o O rgo do Ministrio Pblico dispensar o inqurito, se com a representao forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ao penal, e, neste caso, oferecer a denncia no prazo de quinze dias. 8 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.2!Incio do IP (instaurao do IP) As formas pelas quais o Inqurito Policial pode ser instaurado variam de acordo com a natureza da Ao Penal para a qual ele pretende angariar informaes. A ao penal pode ser pblica incondicionada, condicionada ou ao penal privada. 1.2.1 Formas de instaurao do IP nos crimes de ao penal pblica incondicionada 1.2.1.1 De ofcio Tomando a autoridade policial conhecimento da prtica de fato definido como crime cuja ao penal seja pblica incondicionada, poder proceder (sem que haja necessidade de requerimento de quem quer que seja) instaurao do IP, mediante Portaria. Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato criminoso, independentemente do meio (pela mdia, por boatos que correm na boca do povo, ou por qualquer outro meio), ocorre o que se chama de notitia criminis. Diante da notitia criminis relativa a um crime cuja ao penal pblica incondicionada, a instaurao do IP passa a ser admitida, ex officio, nos termos do j citado art. 5¡, I do CPP. Quando esta notcia de crime surge atravs de uma delao formalizada por qualquer pessoa do povo, estaremos diante da delatio criminis simples. Nos termos do art. 5¡, ¤ 3¡ do CPP: CARACTERêSTICAS DO IP Administrativo Sigiloso Escrito Inquisitorial (inquisitivo) Dispensvel Oficial Indisponvel Discricionrio Oficioso 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo ¤ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existncia de infrao penal em que caiba ao pblica poder, verbalmente ou por escrito, comunic-la autoridade policial, e esta, verificada a procedncia das informaes, mandar instaurar inqurito. A Doutrina classifica a notitia criminis da seguinte forma: ⇒ Notitia criminis de cognio imediata Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razo de suas atividades rotineiras. ⇒ Notitia criminis de cognio mediata Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de um expediente formal (ex.: requisio do MP, com vistas instaurao do IP). ⇒ Notitia criminis de cognio coercitiva Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razo da priso em flagrante do suspeito. A delatio criminis, que uma forma de notitia criminis, pode ser: ⇒ Delatio criminis simples Ð Comunicao feita autoridade policial por qualquer do povo (art. 5¼, ¤3¼ do CPP).⇒ Delatio criminis postulatria Ð a comunicao feita pelo ofendido nos crimes de ao penal pblica condicionada ou ao penal privada, mediante a qual o ofendido j pleiteia a instaurao do IP. ⇒ Delatio criminis inqualificada Ð a chamada Òdenncia annimaÓ, ou seja, a comunicao do fato feita autoridade policial por qualquer do povo, mas sem a identificao do comunicante. Mas, e no caso de se tratar de uma denncia annima. Como deve proceder o Delegado, j que a Constituio permite a manifestao do pensamento, mas veda o anonimato? Nesse caso, estamos diante da delatio criminis inqualificada, que abrange, inclusive, a chamada Òdisque-dennciaÓ, muito utilizada nos dias de hoje. A soluo encontrada pela Doutrina e pela Jurisprudncia para conciliar o interesse pblico na investigao com a proibio de manifestaes apcrifas (annimas) foi determinar que o Delegado, quando tomar cincia de fato definido como crime, atravs de denncia annima, no dever instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja verificada a procedncia da denncia e, caso realmente se tenha notcia do crime, instaurar o IP.9 9 (...) Admite-se a denncia annima como instrumento de deflagrao de diligncias, pela autoridade policial, para apurar a veracidade das informaes nela veiculadas, conforme jurisprudncias do STF e do STJ. (...) (AgRg no RMS 28.054/PE, Rel. MIN. ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 19/04/2012) O STF corrobora esse entendimento: (...) Segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal, nada impede a deflagrao da persecuo penal pela chamada Ôdenncia annimaÕ, desde que esta seja seguida de diligncias realizadas para averiguar os fatos nela noticiados (86.082, rel. min. Ellen 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.2.1.2 Requisio do Juiz ou do MP O IP poder ser instaurado, ainda, mediante requisio do Juiz ou do MP. Nos termos do art. 5¡, II do CPP: Art. 5o Nos crimes de ao pblica o inqurito policial ser iniciado: (...) II - mediante requisio da autoridade judiciria ou do Ministrio Pblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para represent-lo. Essa requisio deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, no podendo ele se recusar a cumpri-la, pois requisitar sinnimo de exigir com base na Lei. Contudo, o Delegado pode se recusar10 a instaurar o IP quando a requisio: ¥ For manifestamente ilegal ¥ No contiver os elementos fticos mnimos para subsidiar a investigao (no contiver os dados suficientes acerca do fato criminoso)11 1.2.1.3 Requerimento da vtima ou de seu representante legal Nos termos do art. 5¡, II do CPP: Art. 5o Nos crimes de ao pblica o inqurito policial ser iniciado: (...) II - mediante requisio da autoridade judiciria ou do Ministrio Pblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para represent-lo. Vejam que aqui o CPP fala em requerimento, no requisio. Por isso, a Doutrina entende que nessa hiptese o Delegado no est obrigado a instaurar o IP, podendo, de acordo com a anlise dos fatos, entender que no existem indcios de que fora praticada uma infrao penal e, portanto, deixar de instaurar o IP. Gracie, DJe de 22.08.2008; 90.178, rel. min. Cezar Peluso, DJe de 26.03.2010; e HC 95.244, rel. min. Dias Toffoli, DJe de 30.04.2010 Ð Informativo 755 do STF). A denncia annima s pode ensejar a instaurao do IP, excepcionalmente, quando se constituir como o prprio corpo de delito (ex.: carta na qual h materializao do crime de ameaa, etc.). 10 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 111/112 11 Neste ltimo caso o Delegado deve oficiar a autoridade que requisitou a instaurao solicitando que sejam fornecidos os elementos mnimos para a instaurao do IP. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo O requerimento feito pela vtima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso no for possvel, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5¡, ¤ 1¡ do CPP: ¤ 1o O requerimento a que se refere o no II conter sempre que possvel: a) a narrao do fato, com todas as circunstncias; b) a individualizao do indiciado ou seus sinais caractersticos e as razes de convico ou de presuno de ser ele o autor da infrao, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeao das testemunhas, com indicao de sua profisso e residncia. Caso seja indeferido o requerimento, caber recurso para o Chefe de Polcia. Vejamos: Art. 5o (...) ¤ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inqurito caber recurso para o chefe de Polcia. 1.2.1.4 Auto de Priso em Flagrante Embora essa hiptese no conste no rol do art. 5¡ do CPP, trata-se de hiptese clssica de fato que enseja a instaurao de IP. Parte da Doutrina, no entanto, a equipara notitia criminis e, portanto, estaramos diante de uma instaurao ex officio. 1.2.2 Formas de instaurao do IP nos crimes de Ao Penal Pblica Condicionada Representao A ao penal pblica condicionada aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende da representao da vtima, ou seja, a vtima tem que querer que o autor do crime seja denunciado. Nestes crimes, o IP pode se iniciar: 1.2.2.1 Representao do Ofendido ou de seu representante legal Trata-se da chamada delatio criminis postulatria, que o ato mediante o qual o ofendido autoriza formalmente o Estado (atravs do MP) a prosseguir na persecuo penal e a proceder responsabilizao do autor do fato, se for o caso. Trata-se de formalidade necessria nesse tipo de crime, nos termos do art. 5¡, ¤ 4¡ do CPP: Art. 5¼ (...) ¤ 4o O inqurito, nos crimes em que a ao pblica depender de representao, no poder sem ela ser iniciado. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo No se trata de ato que exija formalidade, podendo ser dirigido ao Juiz, ao Delegado e ao membro do MP. Caso no seja dirigida ao Delegado, ser recebida pelo Juiz ou Promotor e quele encaminhada. Nos termos do art. 39 do CPP: Art. 39. O direito de representao poder ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declarao, escrita ou oral, feita ao juiz, ao rgo do Ministrio Pblico, ou autoridade policial. Caso a vtima no exera seu direito de representao no prazo de seis meses, a contar da data em que tomou conhecimento da autoria do fato, estar extinta a punibilidade (decai do direito de representar), nos termos do art. 38 do CPP: Art. 38. Salvo disposio em contrrio, o ofendido, ou seu representante legal, decair no direito de queixa ou de representao, se no o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denncia. Caso se trate de vtima menor de 18 anos, quem deve representar o seu representante legal. Caso no o faa, entretanto, o prazo decadencial s comea a correr quando a vtima completa 18 anos, para que esta no seja prejudicada por eventual inrcia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular n¡ 594 do STF se coaduna com este entendimento. E se o autor do fato for o prprio representante legal (como no caso de estupro e violncia domstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do CPP12, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representao: 1.2.2.2 Requisio de autoridade Judiciria ou do MP Como nos crimes de ao penal pblica incondicionada, o IP pode ser instaurado mediante requisio do Juiz do membro do MP, entretanto, neste caso, depender da existncia de representao da vtima. 1.2.2.3 Auto de Priso em Flagrante Tambm possvel a instaurao de IP com fundamento no auto de priso em flagrante, dependendo, tambm, da existncia de representao do ofendido. Caso o ofendido no exera esse direito dentro do prazo de 24h contados do momento da priso, obrigatria a soltura do preso, mas permanece o direito de o ofendido representar depois, mas dentro do prazo de 06 meses. 12 Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e no tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poder ser exercido por curador especial, nomeado, de ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, pelo juiz competente para o processo penal. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.2.2.4 Requisio do Ministro da Justia Esta hiptese s se aplica a alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7¡, ¤ 3¡, b do CP), crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da Repblica ou contra qualquer chefe de governo estrangeiro (art. 141, c, c/c art. 145, ¤ nico do CP) e alguns outros. Trata-se de requisio no dirigida ao Delegado, mas ao membro do MP! Entretanto, apesar do nome requisio, se o membro do MP achar que no se trata de hiptese de ajuizamento da ao penal, no estar obrigado a promov-la. Diferentemente da representao, a requisio do Ministro da Justia no est sujeita a prazo decadencial, podendo ser exercitada enquanto o crime ainda no estiver prescrito. 1.2.3 Formas de Instaurao do IP nos crimes de Ao Penal Privada 1.2.3.1 Requerimento da vtima ou de quem legalmente a represente Nos termos do art. 5¡, ¤ 5¡ do CPP: Art. 5¼ (...) ¤ 5o Nos crimes de ao privada, a autoridade policial somente poder proceder a inqurito a requerimento de quem tenha qualidade para intent-la. Caso a vtima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instaurao do IP, nos termos do art. 31 do CPP: Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciso judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo. Este requerimento tambm est sujeito ao prazo decadencial de seis meses, previsto no art. 38 do CPP, bem como deve atender aos requisitos previstos no art. 5¡, ¤ 1¡ do CPP, sempre que possvel. 1.2.3.2 Requisio do Juiz ou do MP Neste caso, segue a mesma regra dos crimes de ao penal pblica condicionada: a requisio do MP ou do Juiz deve ir acompanhada do requerimento do ofendido autorizando a instaurao do IP. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.2.3.3 Auto de Priso em Flagrante Tambm segue a mesma regra dos crimes de ao penal pblica condicionada, devendo o ofendido manifestar seu interesse na instaurao do IP dentro do prazo de 24h contados a partir da priso, findo o qual, sem que haja manifestao da vtima nesse sentido, ser o autor do fato liberado. 1.2.4 Fluxograma ATENÌO! Se o inqurito policial visa a investigar pessoa que possui foro por prerrogativa de funo (Òforo privilegiadoÓ), a autoridade policial depender de autorizao do Tribunal para instaurar o IP. Qual Tribunal? O Tribunal que tem competncia para processar e julgar o crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de funo (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federais). Este o entendimento adotado pelo STF13. 1.3!Tramitao do IP J vimos as formas pelas quais o IP pode ser instaurado. Vamos estudar agora como se desenvolve (ou deveria se desenvolver o IP). 13 STF - Inq. 2.411. H decises, no mbito do STJ, em sentido contrrio, o que indica uma provvel alterao de entendimento num futuro prximo. INSTAURAÌO DO IP Crimes de ao penal pblica INCONDICIONADA De ofício Por requisição do Juiz ou do MP Por requerimento da vítima APF (instauração de ofício, para alguns) Crimes de ação penal pública CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA Sempre necessário que haja representação da vítima Crimes de ação penal PRIVADA Sempre necessário que haja requerimento da vítima 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.3.1 Diligncias Investigatrias Aps a instaurao do IP algumas diligncias devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas diligncias esto previstas no art. 6¡ do CPP: Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prtica da infrao penal, a autoridade policial dever: I - dirigir-se ao local, providenciando para que no se alterem o estado e conservao das coisas, at a chegada dos peritos criminais; (Redao dada pela Lei n¼ 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei n¼ 5.970, de 1973) II - apreender os objetos que tiverem relao com o fato, aps liberados pelos peritos criminais; (Redao dada pela Lei n¼ 8.862, de 28.3.1994) III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observncia, no que for aplicvel, do disposto no Captulo III do Ttulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareaes; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras percias; VIII - ordenar a identificao do indiciado pelo processo datiloscpico, se possvel, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condio econmica, sua atitude e estado de nimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contriburem para a apreciao do seu temperamento e carter. X - colher informaes sobre a existncia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficincia e o nome e o contato de eventual responsvel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Includo pela Lei n¼ 13.257, de 2016) Art. 7o Para verificar a possibilidade de havera infrao sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poder proceder reproduo simulada dos fatos, desde que esta no contrarie a moralidade ou a ordem pblica. Alguns cuidados devem ser tomados quando da realizao destas diligncias, como a observncia das regras processuais de apreenso de coisas, bem como s regras constitucionais sobre inviolabilidade do domiclio (art. 5¡, XI da CF), direito ao silencio do investigado (art. 5¡, LXIII da CF), aplicando-se no que tange ao interrogatrio do investigado, as normas referentes ao interrogatrio judicial (arts. 185 a 196 do CPP), no que for cabvel. Percebam que o art. 7¡ prev a famosa ÒreconstituioÓ, tecnicamente chamada de reproduo simulada. ESTA REPRODUÌO VEDADA QUANDO FOR CONTRçRIA Ë MORALIDADE OU Ë ORDEM PòBLICA (no caso de um estupro, por exemplo). O investigado no est obrigado a participar desta diligncia, pois no obrigado a produzir prova contra si. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Em se tratando de determinados crimes, a autoridade policial ou o MP podero requisitar dados ou informaes cadastrais da vtima ou de suspeitos14. So eles: ⇒ Sequestro ou crcere privado ⇒ Reduo condio anloga de escravo ⇒ Trfico de pessoas ⇒ Extorso mediante restrio da liberdade (Òsequestro relmpagoÓ) ⇒ Extorso mediante sequestro ⇒ Facilitao de envio de criana ou adolescente ao exterior (art. 239 do ECA) Ou seja, em se tratando de um desses crimes o CPP expressamente autoriza a requisio direta pela autoridade policial (ou pelo MP) dessas informaes, podendo a requisio ser dirigida a rgos pblicos ou privados (empresas de telefonia, etc.). De forma esquematizada: 14 Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no ¤ 3¼ do art. 158 e no art. 159 do Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cdigo Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente), o membro do Ministrio Pblico ou o delegado de polcia poder requisitar, de quaisquer rgos do poder pblico ou de empresas da iniciativa privada, dados e informaes cadastrais da vtima ou de suspeitos. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) Pargrafo nico. A requisio, que ser atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conter: (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) I - o nome da autoridade requisitante; (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) II - o nmero do inqurito policial; e (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) III - a identificao da unidade de polcia judiciria responsvel pela investigao. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) Art. 13-B. Se necessrio preveno e represso dos crimes relacionados ao trfico de pessoas, o membro do Ministrio Pblico ou o delegado de polcia podero requisitar, mediante autorizao judicial, s empresas prestadoras de servio de telecomunicaes e/ou telemtica que disponibilizem imediatamente os meios tcnicos adequados Ð como sinais, informaes e outros Ð que permitam a localizao da vtima ou dos suspeitos do delito em curso. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) ¤ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estao de cobertura, setorizao e intensidade de radiofrequncia. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) ¤ 2o Na hiptese de que trata o caput, o sinal: (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) I - no permitir acesso ao contedo da comunicao de qualquer natureza, que depender de autorizao judicial, conforme disposto em lei; (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) II - dever ser fornecido pela prestadora de telefonia mvel celular por perodo no superior a 30 (trinta) dias, renovvel por uma nica vez, por igual perodo; (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) III - para perodos superiores quele de que trata o inciso II, ser necessria a apresentao de ordem judicial. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) ¤ 3o Na hiptese prevista neste artigo, o inqurito policial dever ser instaurado no prazo mximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrncia policial. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) ¤ 4o No havendo manifestao judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitar s empresas prestadoras de servio de telecomunicaes e/ou telemtica que disponibilizem imediatamente os meios tcnicos adequados Ð como sinais, informaes e outros Ð que permitam a localizao da vtima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicao ao juiz. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vigncia) 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Alm disso, em se tratando de crimes relacionados ao trfico de pessoas, o membro do MP ou a autoridade policial podero requisitar, mediante autorizao judicial15, s empresas prestadoras de servio de telecomunicaes e/ou telemtica que disponibilizem imediatamente os dados (meios tcnicos) que permitam a localizao da vtima ou dos suspeitos do delito em curso (como sinais, informaes e outros). Contudo, o acesso a esse sinal: ⇒ No permitir acesso ao contedo da comunicao, que depender de autorizao judicial (apenas dados como local aproximado em que foi feita a ligao, destinatrio, etc.). ⇒ Dever ser fornecido pela prestadora de telefonia mvel celular por perodo no superior a 30 dias (renovvel uma vez por mais 30 dias). Para perodos superiores ser necessria ordem judicial Nesses crimes (relacionados ao trfico de pessoas) o IP dever ser instaurado em at 72h, a contar do registro de ocorrncia policial (informao da ocorrncia do crime autoridade, o chamado ÒB.O.Ó). De forma esquematizada: 15 Embora seja necessria a prvia autorizao judicial, caso o Juiz no se manifeste em at 12h, a autoridade (MP ou autoridade policial) poder requisitar diretamente, sem a autorizao judicial. Nesse caso, dever comunicar tal fato ao Juiz, imediatamente. PODER DE REQUISIÌO îrgo responsvel Autoridade policial MP Destinatrios da requisio Órgãos públicos Empresas privadas Objeto da requisio Dados e informações cadastrais das vítimas ou dos suspeitos Cabimento Sequestro ou cárcere privado Redução à condição análoga à de escravo Tráfico de pessoas Extorsão mediante restrição da liberdade (“sequestro relâmpago”) Extorsão mediante sequestro Facilitação de envio de criança ou adolescente ao exterior (art. 239 do ECA) 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.3.1.1 Requerimento de diligncias pelo indiciado e pelo ofendido O ofendido ou seu representante legal podemrequerer a realizao de quaisquer diligncias (inclusive o indiciado tambm pode), mas ficar a critrio da Autoridade Policial deferi-las ou no. Vejamos a redao do art. 14 do CPP: Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado podero requerer qualquer diligncia, que ser realizada, ou no, a juzo da autoridade. Contudo, com relao ao exame de corpo de delito, este obrigatrio quando estivermos diante de crimes que deixam vestgios (homicdio, estupro, etc.), no podendo o Delegado deixar de determinar esta diligncia. Nos termos do art. 158 do CPP: Art. 158. Quando a infrao deixar vestgios, ser indispensvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-lo a confisso do acusado. 1.3.1.2 Identificao criminal Com relao identificao do investigado (colheita de impresses de digitais), esta identificao criminal s ser necessria e permitida quando o investigado no for civilmente identificado, pois a Constituio probe a submisso daquele que civilmente identificado ao procedimento constrangedor da coleta de digitais (identificao criminal), nos termos do seu art. 5¡, LVIII: Art. 5¼ (...) PODER DE REQUISIÌO DE DADOS DE TELECOMUNICAÍES OU TELEMçTICOS Órgão responsável (DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL) Autoridade policial MP Destinatrios da requisio Empresas prestadoras de servio de telecomunicaes e/ou telemtica Objeto da requisio Disponibilizao imediata dos meios tcnicos adequados Ð como sinais, informaes e outros Ð que permitam a localizao da vtima ou dos suspeitos do delito em curso. Cabimento Crimes relacionados ao Trfico de pessoas (em curso) 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo VIII - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei; Primeiramente, quem se considera civilmente identificado? A resposta est no art. 2¼ da Lei 12.037/90: Art. 2¼ A identificao civil atestada por qualquer dos seguintes documentos: I Ð carteira de identidade; II Ð carteira de trabalho; III Ð carteira profissional; IV Ð passaporte; V Ð carteira de identificao funcional; VI Ð outro documento pblico que permita a identificao do indiciado. Pargrafo nico. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificao civis os documentos de identificao militares. Contudo, percebam que a CF/88 veda a identificao criminal do civilmente identificado Òsalvo nas hipteses previstas em leiÓ. Quais so estas excees? A Lei que regulamenta a matria, atualmente, a Lei 12.037/09. Vejamos o que diz seu art. 3¼: Art. 3¼ Embora apresentado documento de identificao, poder ocorrer identificao criminal quando: I Ð o documento apresentar rasura ou tiver indcio de falsificao; II Ð o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III Ð o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informaes conflitantes entre si; IV Ð a identificao criminal for essencial s investigaes policiais, segundo despacho da autoridade judiciria competente, que decidir de ofcio ou mediante representao da autoridade policial, do Ministrio Pblico ou da defesa; V Ð constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificaes; VI Ð o estado de conservao ou a distncia temporal ou da localidade da expedio do documento apresentado impossibilite a completa identificao dos caracteres essenciais. Pargrafo nico. As cpias dos documentos apresentados devero ser juntadas aos autos do inqurito, ou outra forma de investigao, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. Assim, em qualquer destes casos, poder ser realizada a identificao criminal. Contudo, ainda que haja necessidade de se proceder a este tipo vexatrio de identificao, no se pode proceder de forma a deixar constrangida a pessoa, devendo a autoridade (Em regra, o Delegado) tomar as precaues necessrias a evitar qualquer tipo de constrangimento ao investigado. Por fim, mas no menos importante, A Lei 12.654/12 acrescentou alguns dispositivos Lei 12.037/09, passando a permitir a coleta de MATERIAL GENTICO como forma de identificao criminal. Vejamos: 00000000000 - DEMO 0 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Art. 5¼ (...) Pargrafo nico. Na hiptese do inciso IV do art. 3o, a identificao criminal poder incluir a coleta de material biolgico para a obteno do perfil gentico. (Includo pela Lei n¼ 12.654, de 2012) Art. 5o-A. Os dados relacionados coleta do perfil gentico devero ser armazenados em banco de dados de perfis genticos, gerenciado por unidade oficial de percia criminal. (Includo pela Lei n¼ 12.654, de 2012) ¤ 1o As informaes genticas contidas nos bancos de dados de perfis genticos no podero revelar traos somticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinao gentica de gnero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genticos. (Includo pela Lei n¼ 12.654, de 2012) ¤ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genticos tero carter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilizao para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em deciso judicial. (Includo pela Lei n¼ 12.654, de 2012) ¤ 3o As informaes obtidas a partir da coincidncia de perfis genticos devero ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Includo pela Lei n¼ 12.654, de 2012) Percebam que o ¤ nico do art. 5¼ apenas possibilita a coleta de material gentico na hiptese do inciso IV do art. 3¼, ou seja, somente quando a identificao criminal for indispensvel s investigaes. De qualquer forma, esse perfil gentico coletado dever ser armazenado em banco de dados sigiloso, de forma a preservar o indiciado de qualquer constrangimento, nos termos do art. 7¼-B da Lei. 1.3.1.3 Nomeao de curador ao indiciado O art. 15 prev a figura do curador para o menor de 21 anos quando de seu interrogatrio: Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe- nomeado curador pela autoridade policial. Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudncia so pacficas no que tange alterao desta idade para 18 anos, pois a maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anos com o advento do Novo Cdigo Civil em 2002. Assim, atualmente este artigo est sem utilidade, pois no h possibilidade de termos um indiciado que civilmente menor (eis que a maioridade civil e a maioridade penal ocorrem no mesmo momento, aos 18 anos), diferentemente do que ocorria quando da edio do CPP, j que naquela poca a maioridade penal ocorria aos 18 anos e a maioridade civil ocorria apenas aos 21 anos. Assim, era possvel haver um indiciado que era penalmente maior, mas civilmente menor de idade. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.4!Forma de tramitao O sigilo no IP o moderado,seguindo a regra do art. 20 do CPP: Art. 20. A autoridade assegurar no inqurito o sigilo necessrio elucidao do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. A corrente doutrinria que prevalece a de que o IP sempre sigiloso em relao s pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatrio, no havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.16 Entretanto, o IP no , em regra, sigiloso em relao aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em relao a determinadas peas do Inqurito quando necessrio para o sucesso da investigao (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento do Delegado pedindo a priso do indiciado, para evitar que este fuja). Com relao ao acesso por parte do advogado, h previso no art. 7¼, XIV do Estatuto da OAB. Vejamos o que diz esse dispositivo: Art. 7¼ So direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer instituio responsvel por conduzir investigao, mesmo sem procurao, autos de flagrante e de investigaes de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos autoridade, podendo copiar peas e tomar apontamentos, em meio fsico ou digital; (Redao dada pela Lei n¼ 13.245, de 2016) Durante muito tempo houve uma divergncia feroz na Doutrina e na Jurisprudncia acerca do direito do advogado de acesso aos autos do IP, principalmente porque o acesso aos autos do IP, em muitos casos, acabaria por retirar completamente a eficcia de alguma medida preventiva a ser tomada pela autoridade. Visando a sanar essa controvrsia, o STF editou a smula vinculante n¡ 14, que possui a seguinte redao: Smula vinculante n¼ 14 Ò direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria, digam respeito ao exerccio do direito de defesaÓ. Percebam, portanto, que o STF colocou uma Òp-de-calÓ na discusso, consolidando o entendimento de que: ⇒ Sim, o IP sigiloso 16 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo ⇒ No, o IP no sigiloso em relao ao advogado do indiciado, que deve ter livre acesso aos autos do IP, no que se refere aos elementos que j tenham sido juntados a ele.17 bvio, portanto, que se h um pedido de priso temporria, por exemplo, esse mandado de priso, que ser cumprido em breve, no dever ser juntado aos autos, sob pena de o advogado ter acesso a ele antes de efetivada a medida, o que poder levar frustrao da mesma. Outro tema que pode ser cobrado, se refere necessidade (ou no) da presena do defensor (Advogado ou Defensor Pblico) no Interrogatrio Policial. pacfico que a presena do advogado no interrogatrio JUDICIAL INDISPENSçVEL, at por fora do que dispe o art. 185, ¤1¡ do CPP18. Entretanto, no h norma que disponha o mesmo no que se refere ao interrogatrio em sede policial. Vejamos o que diz o art. 6¡ do CPP: Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prtica da infrao penal, a autoridade policial dever: (...) V - ouvir o indiciado, com observncia, no que for aplicvel, do disposto no Captulo III do Ttulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; Vejam que o inciso que trata do interrogatrio em sede policial determina a aplicao das regras do inqurito judicial, NO QUE FOR APLICçVEL. A questo : Exige-se, ou no, a presena do advogado? Vem prevalecendo o entendimento de que o indiciado deve ser alertado sobre seu direito presena de advogado, mas, caso queira ser ouvido mesmo sem a presena do advogado, o interrogatrio policial vlido. Assim, a regra : deve ser possibilitado ao indiciado, ter seu advogado presente no ato de seu interrogatrio policial. Caso isso no ocorra (a POSSIBILIDADE de ter o advogado presente), haver nulidade neste interrogatrio em sede policial. Contudo, mais uma polmica surgiu. A Lei 13.245/16, que alterou alguns dispositivos do Estatuto da OAB, passou a prever, ainda, que direito do defensor Òassistir a seus clientes investigados durante a apurao de infraes, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatrio ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatrios e probatrios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamenteÓ. Art. 7¼ (...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apurao de infraes, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatrio ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatrios e probatrios dele decorrentes ou 17 No s diligncias que ainda estejam em curso. 18 Art. 185 (...) ¤ 1o O interrogatrio do ru preso ser realizado, em sala prpria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurana do juiz, do membro do Ministrio Pblico e dos auxiliares bem como a presena do defensor e a publicidade do ato. (Redao dada pela Lei n¼ 11.900, de 2009) 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apurao: (Includo pela Lei n¼ 13.245, de 2016) A pergunta que fica : a presena do advogado passou a ser considerada INDISPENSçVEL tambm no interrogatrio policial? Ainda no temos posicionamento dos Tribunais sobre isso, pois muito recente. Mas h duas correntes: v 1¼ CORRENTE - O advogado, agora, indispensvel durante o IP. v 2¼ CORRENTE - A Lei no criou essa obrigatoriedade. O que a Lei criou foi, na verdade, um DEVER para o advogado que tenha sido devidamente constitudo pelo indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso o indiciado deseje no constituir advogado, no haveria obrigatoriedade. Assim, necessrio que os Tribunais Superiores se manifestem sobre o tema para que possamos ter um posicionamento mais seguro. 1.4.1 Incomunicabilidade do preso O art. 21 do CPP assim dispe: Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado depender sempre de despacho nos autos e somente ser permitida quando o interesse da sociedade ou a convenincia da investigao o exigir. Pargrafo nico. A incomunicabilidade, que no exceder de trs dias, ser decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do rgo do Ministrio Pblico, respeitado, em qualquer hiptese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redao dada pela Lei n¼ 5.010, de 30.5.1966) A incomunicabilidade consiste em deixar o preso sem contato algum com o mundo exterior, seja com a famlia, seja com seu advogado. A despeito de o art. 21 do CPP ainda estar formalmente em vigor, a Doutrina unnime ao entender que tal previso NÌO foi recepcionada pela CF/88, por duas razes: ⇒ A CF/88 prev que direito do preso o contato com a famlia e com seu advogado ⇒ A CF/88, em seu art. 136, ¤3¼, IV, estabelece ser vedada a incomunicabilidade do preso durante oestado de defesa. Ora, se nem mesmo durante o estado de defesa (situao na qual h a flexibilizao das garantias individuais) possvel decretar a incomunicabilidade do preso, com muito mais razo isso no possvel em situao normal. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 1.4.2 Indiciamento O indiciamento o ato por meio do qual a autoridade policial, de forma fundamentada, ÒdirecionaÓ a investigao, ou seja, a autoridade policial centraliza as investigaes em apenas um ou alguns dos suspeitos, indicando-os como os provveis autores da infrao penal. Assim: Vejam, portanto, que a autoridade policial comea investigando algumas pessoas (suspeitas), mas no decorrer das investigaes vai descartando algumas, at indiciar uma ou alguma delas. claro que nem sempre isso vai acontecer, ou seja, possvel que s haja um suspeito e ele seja indiciado, ou, possvel ainda que haja vrios suspeitos e todos sem indiciados, etc. O indiciamento no desconstitui o carter sigiloso do Inqurito Policial, sendo apenas um ato mediante o qual a autoridade policial passa a direcionar as investigaes sobre determinada ou determinadas pessoas. O ato de indiciamento PRIVATIVO da autoridade policial19, nos termos do art. 2¼, ¤6¼ da Lei 12.830/13: Art. 2¼ (...) ¤ 6o O indiciamento, privativo do delegado de polcia, dar-se- por ato fundamentado, mediante anlise tcnico-jurdica do fato, que dever indicar a autoria, materialidade e suas circunstncias. Ainda que tal previso legal no existisse, tal concluso poderia ser extrada da prpria lgica do IP: ora, se a autoridade policial quem instaura, preside e 19 Se a pessoa a ser indiciada possui foro por prerrogativa de funo (Òforo privilegiadoÓ), a autoridade policial depender do Tribunal que tem competncia para processar e julgar o crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de funo (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federais) (STF Ð Inq. 2.411). Todavia, h decises, no mbito do STJ, em sentido contrrio, o que indica uma provvel alterao de entendimento num futuro prximo. INDICIADOS: "A" e "C" SUSPEITO "A" SUSPEITO "B" SUSPEITO "C" SUSPEITO "D" 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo conduz o IP, naturalmente a autoridade policial quem tem atribuio para o ato de indiciamento. 1.5!Concluso do inqurito policial Esgotado o prazo previsto, ou antes disso, se concludas as investigaes, o IP ser encerrado e encaminhado ao Juiz. Nos termos do art. 10 do CPP: Art. 10. O inqurito dever terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hiptese, a partir do dia em que se executar a ordem de priso, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiana ou sem ela. ¤ 1o A autoridade far minucioso relatrio do que tiver sido apurado e enviar autos ao juiz competente. Caso o Delegado no consiga elucidar o fato no prazo previsto, dever assim mesmo encaminhar os autos do IP ao Juiz, solicitando prorrogao do prazo. Caso o indiciado esteja solto, o Juiz pode deferir a prorrogao do prazo. Caso o indiciado esteja preso, o prazo no pode ser prorrogado, sob pena de constrangimento ilegal liberdade do indiciado, ensejando, inclusive, a impetrao de Habeas Corpus. Estes prazos (10 dias e 30 dias) so a regra prevista no CPP. Entretanto, existem excees previstas em outras leis20: ¥ Crimes de competncia da Justia Federal Ð 15 dias para indiciado preso (prorrogvel por mais 15 dias) e 30 dias para indiciado solto. ¥ Crimes da lei de Drogas Ð 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto. Podem ser duplicados em ambos os casos. ¥ Crimes contra a economia popular Ð 10 dias tanto para indiciado preso quanto para indiciado solto. ¥ Crimes militares (Inqurito Policial Militar) Ð 20 dias para indiciado solto e 40 dias para indiciado preso (pode ser prorrogado por mais 20 dias). O STJ firmou entendimento no sentido de que, estando o indiciado solto, embora exista um limite previsto no CPP, a violao a este limite no teria qualquer repercusso, pois no traria prejuzos ao indiciado, sendo considerado como prazo imprprio. Vejamos: (...) 1. Esta Corte Superior de Justia firmou o entendimento de que, salvo quando o investigado se encontrar preso cautelarmente, a inobservncia dos lapsos temporais estabelecidos para a concluso de inquritos policiais ou investigaes deflagradas 20 Importante ressaltar que, caso se trate de crime hediondo ou equiparado, e tenha sido decretada a priso temporria, o IP dever ser concludo no prazo mximo de 30 dias, prorrogveis por mais 30 dias, que o prazo mximo da priso temporria em relao a tais delitos. 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo no mbito do Ministrio Pblico no possui repercusso prtica, j que se cuidam de prazos imprprios. Precedentes do STJ e do STF. 2. Na hiptese, o atraso na concluso das investigaes foi justificado em razo da complexidade dos fatos e da quantidade de envolvidos, o que revela a possibilidade de prorrogao do prazo previsto no artigo 12 da Resoluo 13/2006 do Conselho Nacional do Ministrio Pblico - CNMP. 3. Habeas corpus no conhecido. (HC 304.274/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 12/11/2014) A maioria da Doutrina e da Jurisprudncia entende que se trata de prazo de natureza processual. Assim, a forma de contagem obedece ao disposto no art. 798, ¤ 1¡ do CPP: Art. 798. Todos os prazos correro em cartrio e sero contnuos e peremptrios, no se interrompendo por frias, domingo ou dia feriado. ¤ 1o No se computar no prazo o dia do comeo, incluindo-se, porm, o do vencimento. Contudo, estando o indiciado PRESO, Doutrina e Jurisprudncia entendem, majoritariamente, que o prazo considerado MATERIAL, ou seja, inclui o dia do comeo, nos termos do art. 10 do CP. H divergncia na Doutrina quanto ao destino do IP, face promulgao da Constituio de 1988 (O CPP de 1941), posto que a CRFB/88 estabelece que o MP o titular da ao penal pblica. Entretanto, a maioria da doutrina entende que a previso de remessa do IP ao Juiz permanece em vigor, devendo o Juiz abrir vista ao MP para que tenha cincia da concluso do IP, nos casos de crimes de ao penal pblica, ou ainda, disponibilizar os autos em cartrio para que a parte ofendida possa se manifestar, no caso de crimes de ao penal privada. Ainda com relao ao destinatrio do IP, a Doutrina se divide. Parte da Doutrina, acolhendo uma interpretao mais gramatical do CPP, entende que o destinatrio IMEDIATO do IP o Juiz, pois o IP deve ser remetido a este. Desta forma, o titular da ao penal seria o destinatrio MEDIATO do IP (porque, ao fim e ao cabo, o IP tem a finalidade de angariar elementos de convico para o titular da ao penal). Outraparcela da Doutrina, que parece vem se tornando majoritria, entende que o destinatrio IMEDIATO seria o titular da ao penal, j que a ele se destina o IP (do ponto de vista de sua finalidade). Para esta corrente o Juiz seria o destinatrio MEDIATO, pois as provas colhidas no IP seriam utilizadas, ao fim e ao cabo, para formar o convencimento do Juiz. Caso o MP entenda que no o caso de oferecer denncia (por no ter ocorrido o fato criminoso, por no haver indcios a autoria, etc.), o membro do MP requerer o arquivamento do IP, em petio fundamentada, incluindo todos os fatos e investigados. Caso o Juiz discorde, remeter os autos do IP ao PGJ (Procurador-Geral de Justia), que decidir se mantm ou no a 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo posio de arquivamento. O Juiz est obrigado a acatar a deciso do PGJ (Chefe do MP).21 Mas, em se tratando de crime de ao penal privada, o que se faz? Depois de concludo o IP, nesta hiptese, os autos so remetidos ao Juiz, onde permanecero at o fim do prazo decadencial (para oferecimento da queixa), aguardando manifestao do ofendido. Essa a previso do art. 19 do CPP: Art. 19. Nos crimes em que no couber ao pblica, os autos do inqurito sero remetidos ao juzo competente, onde aguardaro a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou sero entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. O Juiz nunca poder determinar o arquivamento do IP sem que haja manifestao do MP nesse sentido! NUNCA!22 A Doutrina criou a figura do arquivamento implcito. Embora no tenha previso legal, o arquivamento implcito, como o nome diz, deduzido pelas circunstncias. Ocorrer em duas hipteses: ⇒ Quando o membro do MP ajuizar a denncia apenas em relao a alguns fatos investigados, silenciando quanto a outros 21 Como regra geral, essa deciso judicial irrecorrvel. Existe, todavia, hiptese excepcional de Òrecurso de ofcioÓ no caso de arquivamento de IP relativo a crime contra a economia popular, na forma do art. 7¼ da Lei 1.521/51. Neste caso, o Juiz, ao arquivar o IP, dever remeter os autos do IP ao Tribunal. 22 Apenas para corroborar: (...) No se admite o arquivamento de inqurito policial de ofcio, sem a oitiva do Ministrio Pblico, sob pena de ofensa ao princpio acusatrio. (STF, Pleno, AgRg no Inq 2913 julg. 01/03/2012) ARQUIVAMENTO DO IP CRIMES DE AÌO PENAL PRIVADA Concluído o IP, os autos são remetidos ao Juízo, aguardando-se manifestação do ofendido (ajuizamento da queixa- crime ou pedido de arquivamento) CRIMES DE AÌO PENAL PòBLICA MP promove o arquivamento Juiz concorda Inquérito é arquivado Juiz discorda Remete ao Chefe do MP Chefe do MP mantm a posio pelo arquivamento Juiz est OBRIGADO a arquivar Chefe do MP entende que deve ser oferecida denncia Prprio chefe do MP denuncia; ou Chefe do MP designa outro membro para oferecer a denncia 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo ⇒ Quando o membro do MP ajuizar a denncia apenas em relao a alguns investigados, silenciando quanto a outros Nesses casos, como o MP teria sido omisso em relao a determinados fatos ou a determinados indiciados, parte da Doutrina sustenta ter havido um pedido implcito de arquivamento em relao a estes. No entanto, o STF vem rechaando a sua aplicao em decises recentes, afirmando que no existe Òarquivamento implcitoÓ: Ò(...) O sistema processual penal brasileiro no prev a figura do arquivamento implcito de inqurito policial.Ó (HC - 104356, informativo 605 do STF). Outros pontos merecem destaque: ¥ ARQUIVAMENTO INDIRETO Ð um termo utilizado por PARTE da Doutrina para designar o fenmeno que ocorre quando o membro do MP deixa de oferecer a denncia por entender que o Juzo (que est atuando durante a fase investigatria) incompetente para processar e julgar a ao penal. Todavia, o Juiz entende que competente, ento recebe o pedido de declnio de competncia como uma espcie de pedido indireto de arquivamento. Grande parte da Doutrina entende este fenmeno como inadmissvel, j que se o Promotor entende que o Juzo no competente deveria requerer a remessa dos autos do IP ao Juzo competente para, ento, prosseguir nas investigaes ou, se j houver fundamentos, oferecer a denncia. ¥ TRANCAMENTO DO INQURITO POLICIAL Ð O trancamento (encerramento anmalo do inqurito) consiste na cessao da atividade investigatria por deciso judicial quando h ABUSO na instaurao do IP ou na conduo das investigaes (Ex.: instaurado IP para investigar fato nitidamente atpico, ou para apurar fato em que j ocorreu a prescrio, ou quando o Delegado dirige as investigaes contra uma determinada pessoa sem qualquer base probatria). Neste caso, aquele que se sente constrangido ilegalmente pela investigao (o investigado ou indiciado) poder manejar HABEAS CORPUS (chamado de HC ÒtrancativoÓ) para obter, judicialmente, o trancamento do IP, em razo do manifesto abuso. A deciso de arquivamento do IP faz coisa julgada? Em regra, NÌO, pois o CPP admite que a autoridade proceda a novas diligncias investigatrias, se de OUTRAS PROVAS tiver notcia. Isso significa que, uma vez arquivado o IP, teremos uma espcie de Òcoisa julgada secundum eventum probationisÓ, ou seja, a deciso far Òcoisa julgadaÓ em relao quelas provas. Assim, no poder o MP ajuizar a ao penal posteriormente com base NOS MESMOS ELEMENTOS DE PROVA, nem se admite a reativao da investigao. O STF, inclusive, possui um verbete de smula neste sentido: SòMULA 524 00000000000 - DEMO Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 13 D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-SP 2018 (PîS-EDITAL) Ð AGENTE DE TELECOMUNICAÍES Teoria e questes Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Arquivado o Inqurito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justia, no pode a ao penal ser iniciada, sem novas provas. Entretanto, existem EXCEÍES, ou seja, situaes em que o arquivamento do IP ir produzir Òcoisa julgada materialÓ (no ser possvel recomear a investigao). Vejamos: ¥ ARQUIVAMENTO POR ATIPICIDADE DO FATO Ð Neste caso, h entendimento PACêFICO no sentido de que no mais possvel reativar, futuramente, as investigaes. Isso absolutamente lgico, j que no faz o menor sentido permitir a retomada das investigaes quando j houve manifestao do MP e chancela do Juiz atestando a ATIPICIDADE da conduta (irrelevncia penal do fato)23. ¥ ARQUIVAMENTO EM RAZÌO DO RECONHECIMENTO DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE OU DE CULPABILIDADE Ð A Doutrina e a jurisprudncia MAJORITçRIAS entendem que tambm no possvel reabrir futuramente a investigao. Embora haja divergncia jurisprudencial a respeito, o STJ possui entendimento neste sentido24. O STF, embora tenha vacilado sobre a questo, vem decidindo pela possibilidade de reabertura das investigaes, caso surjam novas provas, mesmo no caso de arquivamento em razo da presena de excludente de ilicitude ou excludente de culpabilidade (ou seja, o STF vem entendendo que o arquivamento com base em excludente de ilicitude ou excludente
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