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Gêneros Literários O Gênero Lírico

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Teoria da Literatura I 
Gêneros Literários 
O Gênero Lírico 
“Pertencerá à Lírica todo poema de extensão menor, na medida em que nele não se 
cristalizarem personagens nítidos e que, ao contrário, uma voz central – quase sempre 
um “Eu” – nele exprimir seu próprio estado de alma.” 
Anatol Rosenfeld 
No poema lírico há sempre um “eu” que se expressa, no entanto, não devemos 
confundir o eu lírico com o eu biográfico, pois na literatura, a realidade estabelece uma 
tensão com o imaginário, criando uma realidade totalmente nova. 
Quanto mais lírico o poema, menor é a distância entre o eu e o mundo, que se fundem e 
se confundem. A fusão do sujeito com o objeto envolve tudo: mundo interior e exterior, 
presente, passado e futuro, daí Staiger denominar recordação a essência da poesia lírica. 
O eu está nas coisas e as coisas estão no eu. 
Quanto mais descrições, análises, diálogos e reflexões no poema, mais o sujeito se 
distanciará do objeto e o clima lírico se diluirá, acentuando os gêneros dramático e 
épico. 
Fenômenos Estilísticos Líricos 
Musicalidade: a musicalidade da linguagem, fenômeno típico da composição lírica, é 
obtida através de: 
- Uma elaboração especial de ritmo; 
- Utilização dos meios sonoros da língua; 
- Rima – repetição de sons iguais ou similares em diferentes sílabas, que ocorrem em 
intervalos determinados e reconhecíveis, geralmente no final de dois ou mais vocábulos; 
- Assonância – figura de linguagem que consiste na repetição de sons de vogais em um 
verso ou em uma frase, especialmente nas sílabas tônicas; 
- Aliteração – figura de linguagem que consiste na repetição de sons de consoantes 
iguais ou semelhantes, ocorrendo geralmente no início das palavras que compõe o verso 
ou frase; 
A palavra “lírica” origina-se de uma composição poética grega que era cantada ao som 
de instrumentos, como a lira. 
Repetição: ao lado da musicalidade temos a repetição, que se manifesta através de: 
- Paralelismo – divide-se em sintático e semântico, o primeiro acontece quando há 
simetria entre as estruturas do texto, o segundo, quando há harmonia entre as ideias 
apresentadas; 
- Ritmo – quando a execução e consequentemente a leitura do texto é realizada dentro 
de intervalos regulares e periódicos, como em uma música; 
- Metro – a métrica se dá através da contagem do número de sons em cada verso, esse 
número será repetido em outros versos, para efeito de ritmo e musicalidade; 
- Estrofes – partes de um poema que possuem determinado um número de versos e que 
podem apresentar ou não a rima; 
- Recursos sonoros; 
- Repetição do refrão; 
- Homofonia – característica de palavras que são escritas de maneira diferente, mas que 
são pronunciadas de forma idêntica; 
A repetição demonstra a proximidade entre o eu e o mundo, pois intensifica a fusão das 
coisas em um estado afetivo. A palavra verso significa etimologicamente retorno, volta. 
Desvio da Norma Gramatical: 
“a norma do discurso poético é a antinorma [...] o poeta busca intencionalmente o 
obscurecimento e o equívoco, levando a língua a perder a firmeza. A ambiguidade, 
característica inerente a toda obra poética, decorre muitas vezes da violação da norma.” 
Jean Cohen 
Os desvios da norma obscurecem o texto, fazendo com que ele se torne original e 
ambíguo. Um dos desvios mais comuns é o Hipérbato – uma inversão da ordem natural 
das palavras de uma oração para efeito estilístico. 
Antidiscursividade: Susanne Lager divide o simbolismo em dois tipos de 
manifestações: o simbolismo verbal, que ocorre nas sequências frasais, lineares, onde as 
ideias se enfileiram; e o simbolismo apresentativo, que funciona de forma simultânea e 
integral, sendo este característica do poema lírico. 
Alogicidade: esta propriedade diz respeito à porção do imaginário que compõe a 
criação artística. O poema, fruto também do imaginário humano, rompe com a realidade 
controlada pela razão. Essa alogicidade pode se manifestar através de: 
- Oximoro – figura de linguagem na qual se combinam palavras de sentido oposto que 
parecem excluir-se, mas que no contexto, reforçam o sentido desejado. 
- Paradoxo – contradição de ideias na mesma frase, tornando-a ilógica. 
“Todas essas contradições corroboram a impossibilidade de captar o poema lírico 
através do racioncíno, pois o transbordamento de sentimentos ultrapassa a jurisdição da 
lógica, aprofundando outras camadas alheias ao regulamento codificado.” 
Segundo o Prof. Dr. Eduardo Luz: o poema é introjetado por: 
- Correspondência: processo ou efeito de corresponder-se, de estabelecer relações e 
reciprocidade (no caso, entre o poema e o leitor); 
- Ressonância: fenômeno que diz respeito à repercussão de vibrações entre dois objetos 
com mesma frequência de vibração, fazendo com que ambos oscilem mais em conjunto 
do que isolados (no caso, entre o poema e o leitor); 
Construção Paratática: na composição lírica a construção paratática predomina sobre 
a hipotática, sendo a primeira a justaposição de elementos (frases, versos) sem o uso de 
conectivos entre eles; e na segunda, dá-se o uso de conjunções e de conectivos, 
característica inerente ao raciocínio lógico e que desmancha parte da atmosfera lírica 
quando presente. 
Conclusão 
“Todos os fenômenos estilísticos examinados decorrem da essência lírica, a recordação, 
que funde mundo interior e mundo exterior. Este não distanciamento impossibilita a 
observação e a compreensão e cria um contexto impreciso em que a expressão 
linguística deixa de ser construída logicamente, fazendo tudo dissolver-se: o contorno 
do eu e do mundo e a estrutura da língua. Assim se justificam a musicalidade, as 
repetições, o desvio da norma gramatical, a anti-discursividade, a alogicidade, a 
construção paratática. Esses fenômenos estilísticos podem apresentar-se em qualquer 
obra, no entanto, somente quando predominam, esta se enquadrará no ramo da Lírica.”

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