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III CULTURA BRASILEIRA UNICID

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Prévia do material em texto

Cultura Brasileira
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. João Elias Nery
Revisão Técnica:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
• Introdução
• As Culturas em Tempos de Modernização e Democracia
• A Modernidade nas Ruas: A Cultura para as Massas
• A Cultura Encontra o Povo
 · Analisar o período dos anos 1950-60 e sua relação com a cultura de 
massa no Brasil. Evidenciar o papel do cinema produzido no Brasil 
nos anos 1950.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Nacional – Popular 
na Cultura Brasileira
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
Contextualização
Nesta unidade, analisaremos o desenvolvimento da cultura no Brasil dos após o 
primeiro período getulista, de 1930-1945. O período getulista é tão marcante na 
história do País, em função da revolução de 1930 e do Estado Novo, que, de certa 
forma, ofusca os acontecimentos do período posterior.
Há a opção por analisar as culturas brasileiras a partir de recortes cronológicos, 
pois, mais do que fazer um retrato da cultura em seu tempo, leva-nos a relacionar 
essa área com os contextos políticos e econômicos.
Dessa forma, ao identificar as relações entre cultura e realidade, seguimos 
parâmetros estabelecidos por teóricos do campo dos Estudos Culturais desde os 
anos 1930, nos quais a cultura é expressão de cidadãos inseridos em contextos 
específicos. Tal realidade, no período citado, ofereceu inúmeros desafios à 
sociedade, que trilhou caminhos da modernização autoritária.
Desse modo, nesta unidade daremos ênfase ao período de 1945-1960 
predominantemente, evidenciando as características da cultura brasileira e suas 
influências na época, principalmente da cultura de massa.
8
9
Introdução
A figura de Getúlio Vargas e o populismo polarizaram a sociedade brasileira 
no período de 1930 a 1945 e, também, nos anos 1950 e 1960. A influência das 
práticas políticas e culturais da Era Vargas são visíveis até os dias de hoje, marcando 
a sociedade e interferindo no cotidiano e nos projetos para o País.
Abordaremos a Cultura entre os anos 1945 e 1960, tendo como parâmetros 
principais a experiência de democracia eleitoral, a expansão da cultura de massas 
e a inserção do Brasil no mundo da Guerra Fria, dividido entre capitalistas e 
comunistas, EUA e URSS.
Fim da Segunda Guerra Mundial, fim do Estado Novo e, a partir de 1945, abre-se 
um período de, saberíamos posteriormente, quase 20 anos de democracia no 
Brasil Republicano.
Na área das culturas, houve muitas transformações. Um país que se industria-
lizava, principalmente no Sudeste do país, e entrava na Modernidade mantendo 
traços da sociedade tradicional, precisava consolidar práticas culturais capazes de 
criar identidades no ambiente das metrópoles, marcado esse pela produção em 
série e pelo surgimento das multidões, a partir de então analisadas pela Sociologia 
e por outras áreas acadêmicas como fenômeno essencial do século XX.
As culturas brasileiras, que haviam sido instrumentalizadas pelo Estado Novo e 
profissionalizadas pelos meios de comunicação que se desenvolveram intensamente 
no período de 1930 a 1945, enfrentavam agora novos desafios. O principal con-
tinuava sendo criar mecanismos de expressão para a diversidade existente no país.
Veremos neste texto a trajetória daqueles anos de democracia eleitoral e 
expansão dos signos da Modernidade.
As Culturas em Tempos de Modernização 
e Democracia
O Brasil do final da primeira metade do século XX já não se reconhecia como 
uma comunidade. A expansão das metrópoles, principalmente do Sudeste do 
Brasil, e a dos meios de comunicação de massa trariam elementos novos para as 
relações entre os segmentos sociais que compunham a sociedade.
O conhecimento objetivo das pessoas e da realidade tende a decrescer e, em seu 
lugar, um conhecimento mediado vai ser cada vez mais importante para a vida do 
cidadão e do indivíduo.
Dissolvem-se algumas das principais formas de relação comunitária, no bairro 
e no trabalho, e emergem as atividades definidas na agenda da comunicação e da 
9
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
cultura de massa. Rapidamente, a cultura popular será em grande medida apropria-
da pelos valores e estética da cultura de massa. De produtores de cultura, os cida-
dãos dos extratos mais pobres da população passam a fornecedores de conteúdo e 
formas para a cultura de massa.
Das expressões religiosas à música, do circo ao cordel, tudo tende a ser transfor-
mado em produto cultural e a ser oferecido como mercadoria.
Importante!
O que é Literatura de Cordel?
Trata-se de uma forma de literatura popular, escrita em geral de forma rimada, que 
pode ser oral ou impressa em folhetos, que podem ou não ser expostos em cordas – 
daí o nome de cordel. Essa prática veio de Portugal e se popularizou mais nos estados 
nordestinos do Brasil, mostrando histórias folclóricas, de amor ou do cotidiano da cultura 
popular regional. Em alguns casos, além das rimas, há também xilogravuras.
Você Sabia?
Figura 1 – Literatura de Cordel no Brasil
Fonte: Wikimedia Commons
Um eficiente e profissionalizado sistema de comunicação de massas, composto 
por rádio, cinema e mídia impressa, já estava montado e em funcionamento desde 
os anos 1930 e o hábito de consumo também havia sido instalado.
Os novos tempos veriam a televisão juntar-se ao grupo de mídias, primeiro como 
aventura das classes dominantes, depois como poderoso instrumento de comunica-
ção para as massas.
A primeira fase da televisão no Brasil inicia-se em 1950 e vai até meados da 
década de 1960, sem grandes alterações em sua participação, ou seja, é um brin-
quedo para as elites, o que levou pesquisadores a definirem essa fase como Elitista.
As tecnologias disponíveis, bem como o contexto político e econômico, não 
permitiam a expansão da TV como veríamos acontecer nos anos 1970.
10
11
As duas primeirasdécadas da televisão foram importantes para organizar o 
segmento, definindo sistemas de produção e distribuição de mensagens e modelos 
de propriedade e funcionamento das empresas – a definição da televisão como 
concessão pública é desse período e persiste até os dias atuais.
Essas transformações no campo da cultura fazem parte do processo marcado 
pelo fim do estado novo com a deposição de Getúlio Vargas em 1945, que 
coincidiu com eventos de grande importância que ocorreram no mundo.
O final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria foram os mais 
significativos. Derrotado o projeto nazifascista, restava a disputa entre capitalismo 
e comunismo. As armas apresentadas pelos adversários não estavam apenas no 
campo bélico, como se pode constatar ao final, mas na disputa das ideias.
A questão que se colocou para a humanidade como um todo era das mais 
complexas, pois dois modelos antagônicos de organização social, econômica 
e política apresentavam-se à sociedade e procuravam, cada um à sua maneira, 
conquistar a hegemonia a partir da promessa de construção de um mundo melhor.
O campo da cultura será amplamente utilizado em tal disputa na tentativa de 
convencer as populações de que o “melhor dos mundos” era aquele oferecido pela 
sociedade na qual estavam, isso sem que houvesse contato de parte a parte, ou 
seja, a Cortina de Ferro, como o Ocidente capitalista se referiu ao bloco socialista, 
não permitia a entrada em seus territórios dos produtos, serviços e, principalmente, 
ideias do mundo “do lado de lá”, bem como pouco daquele mundo circulou para o 
bloco ocidental.
Figura 2 – Moda nos Blocos Ocidental e Oriental
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons e webpark.ru
Para quem não viveu esses tempos, talvez seja difícil imaginar um mundo sem 
as marcas globalizadas e com fortes restrições à circulação de pessoas e ideias em 
função de disputas ideológicas hoje menos presentes em nossa sociedade.
No Brasil, havia um discurso e desenvolveu-se um forte sentimento anticomu-
nista entre parte da população e do governo, já explorado no período anterior e 
relevante na política nacional nas décadas seguintes.
11
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
A Guerra Fria ocorreu nos meios de comunicação com anúncios frequentes 
de novas armas e acordos, divulgados segundo interesses específicos. A Cultura 
desses tempos foi fortemente influenciada pelo temor de uma “guerra final” que, 
felizmente, nunca veio. A polarização entre EUA e União Soviética deu-se em 
todos os campos, do político ao esportivo, incluindo o cultural.
No Ocidente, o american way of life, expressão largamente difundida pela 
indústria cultural dos EUA, amplamente hegemônica, representava o ideal de vida 
do ocidente cristão, individualista e capitalista; enquanto que o mundo soviético, 
com os valores coletivos e socialistas, era a referência para o bloco formado por 
países alinhados com tal política.
Ambos se esforçavam por mostrar as vantagens do seu sistema e as desvantagens 
do outro como artifício para convencimento da sua superioridade.
No Brasil, viviam-se tempos de gestação de novas práticas políticas advindas 
daquelas desenvolvidas a partir da Revolução de 1930.
O Brasil se tornara um país com características muito diferentes daquelas da 
Primeira República, apresentando grande complexidade em sua formação social, 
política e econômica. Novos atores tinham assumido papéis importantes nesses 
campos e o fim do Estado Novo abriria possibilidades e desafios para a ocupação 
do cenário político.
A Modernidade nas Ruas: 
A Cultura para as Massas
As profundas mudanças pelas quais a sociedade brasileira passara nas primeiras 
décadas da República foram mais lentamente assimiladas pelo campo da Cultura. 
A sociedade de massas que se constituiria no Brasil exigia novos valores e condutas 
e o cidadão das novas metrópoles precisava desenvolver uma série de saberes e 
hábitos novos, inexistentes nos padrões das gerações anteriores, que agiam a 
partir de valores fortemente determinados pela religião católica, pela família e 
pelo tradicionalismo.
Importante ressaltar que tais mudanças eram maiores nas grandes cidades e 
metrópoles do que no campo. O Brasil, que ainda tinha a maioria da população 
vivendo no campo, passava então a conviver também com uma sociedade 
urbano-industrial.
Esse processo de urbanização, destacado pelos exemplos das cidades do Rio 
de Janeiro e de São Paulo, foi formado também por um grande processo de 
migração, principalmente de nordestinos, que se juntaram aos antigos imigrantes, e 
descendentes de antigos escravos, e formaram as classes populares e médias dessas 
cidades. Além de um processo de êxodo rural, cujos migrantes foram levados para 
a cidade pela atração das atividades de serviços e pelo processo de industrialização. 
12
13
Figura 3 – Viaduto do Chá, década de 1950
Fonte: Wikimedia Commons
As condições para a expansão da sociedade urbano-industrial estavam presentes 
e a cultura de massas seria sua principal referência para a adaptação dos diferentes 
segmentos da população às novidades. Em um país majoritariamente analfabeto, 
coube ao rádio, ao cinema e, posteriormente, à televisão a tarefa de industrializar 
a informação e o entretenimento.
Os anos dourados do capitalismo mundial se refletiam também no Brasil que, 
depois da resolução dos conflitos que levaram ao suicídio do Presidente Vargas, em 
1954, passavam por uma etapa otimista com os anos JK.
A Modernidade estava em toda parte, mas Brasília, a nova capital, era o 
seu principal símbolo. O otimismo daqueles tempos contagiou os brasileiros de 
maneira inequívoca. À derrota na Copa do Mundo de Futebol de 1950 e à morte 
de Vargas sucederam-se a vitória na Suécia, em 1958, e o Presidente “Bossa 
Nova” Juscelino Kubitschek.
Num primeiro momento, essa construção e cultura estavam arraigadas mais à 
elite e às classes médias, mas depois foi se popularizando. No caso da rádio, esse 
fenômeno deu-se também no campo, entre os camponeses era comum músicas 
que tratavam de seu modo de vida – da ruralidade, do cotidiano na agropecuária, 
da moda de viola entre os caipiras paulistas, por exemplo.
O rádio consolidou, nas décadas de 1940 e 1950, linguagens e produção que 
se adequavam aos padrões de consumo de parcelas significativas da população e 
faziam propaganda e publicidade. As radionovelas difundiam histórias de amor e 
do cotidiano brasileiro, ao mesmo tempo em que faziam propagandas de toaletes 
e outros produtos.
Na área jornalística, programas como Repórter Esso definiam padrões de 
objetividade na cobertura aos fatos; na dramaturgia radiofônica, as radionovelas 
atraíam a audiência para consumo no nível ficcional determinado por horários e 
padrões de publicidade.
13
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
Figura 4 – Heron Domingues, apresentador do Reporter Esso
Fonte: radioemrevista.com
A música torna-se definitivamente um produto cultural ao ser difundida pelo Rá-
dio, criando um mercado para a indústria do segmento que se conectava com a in-
dústria cinematográfica, potencializando os efeitos dessa nascente indústria cultural.
Havia programas de auditório nas rádios, popularizados pela Rádio Nacional, 
sediada no Rio de Janeiro, consagrando temáticas e músicas mais populares, que 
agradavam ao gosto das massas daquele período.
Se no período getulista o samba reinou entre os estilos musicais mais populares, 
agora havia outros elementos e estilos, caso do xote e baião, cujo protagonista foi 
Luiz Gonzaga, bem como o bolero, estilo oriundo de países latino americanos, que 
acabou influenciando o próprio samba com a criação do samba-canção.
Essas expressões populares cooptadas de certa forma pela indústria cultural 
nem sempre eram bem vistas pela elite da época, como explica o pesquisador:
Nos anos 1950, percebemosuma contradição crescente no campo da 
cultura brasileira, que se agravaria nas décadas seguintes e expressava os 
dilemas de uma sociedade excludente, desigual e conflituosa. Ainda que 
eventualmente úteis, para fins de manipulação ideológica, para uma boa 
parte das elites políticas o povo e os produtos culturais a eles dirigidos 
eram motivos de vergonha [...]. Na visão dessa elite, o problema não era 
o veículo em si (o rádio e o cinema, por exemplo), mas os conteúdos e 
os tipos humanos veiculados, quase sempre pessoas pobres, lutando pela 
vida, ou tipos debochados e cafajestes, malandros que fugiam às normas 
de conduta da burguesia (NAPOLITANO, 2014, p. 17). 
Algumas das características mais comuns eram um certo conformismo contra a 
ordem social existente, uma certa ingenuidade e malícia, solidariedade com aqueles 
definidos como mais fracos, um senso de humor frente a vida, temas comuns nas 
músicas e nos filmes da época no Brasil. Nas rádios, as radionovelas faziam ainda 
grande sucesso.
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Os filmes de Mazzaropi, como o típico caipira, 
foi imortalizado no personagem Candinho, que se 
apaixonava por uma moça de “vida fácil”, expres-
são comum na época, saindo do campo para a ci-
dade, retratando um pouco da malícia ingênua que 
era comum nos filmes brasileiros dos anos 1950.
O cinema, no Brasil, seguiu a trajetória das dé-
cadas anteriores: exibição majoritária da produção 
de Hollywood e produção local baseada nos valo-
res da cultura popular – principalmente na Atlânti-
da, responsável pela produção de filmes do gênero 
“chanchada”, comédias e paródias utilizando ar-
tistas do circo e do rádio, música e humor – para 
diversão das massas.
Figura 5 – Mazzaropi
Fonte: portalcultura.com.br
Importante!
O que foram as chanchadas?
Eram fi lmes populares, cômicos, sem temáticas mais profundas, com assuntos brasileiros 
mostrados de maneiras divertidas. Oscarito e Grande Otelo foram atores representantes 
desse cinema brasileiro.
Você Sabia?
De popular a popularesco, os produtos da Atlântida exibiam valores da cultura 
tradicional, rural, como “coisas do passado”, passíveis de escárnio pela cultura 
urbano-in dustrial “moderna”.
Figura 6 – Atlântida Cinematográfi ca
Fonte: culturadigital.br
Já a Vera Cruz, paulista, procurou estabelecer padrões de produção próximos 
aos do cinema estadunidense, obtendo algum sucesso de crítica; porém, fracasso 
de público.
15
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
A imprensa, no período, teve grande influência, tanto no campo político quanto 
na formação de hábitos de consumo. Os principais grupos responsáveis pelas 
publicações impressas em São Paulo e Rio de Janeiro, além de uns poucos de 
outros menos importantes veiculados nos demais estados, participaram ativamente 
da política nacional, interferindo diretamente na definição das alianças políticas e 
nos projetos, seja nos bastidores, seja pela divulgação de fatos a partir de opiniões 
que interessavam aos “barões” da imprensa, apoiando ou criticando governos.
Exemplos disso são os jornais Última Hora, dirigido por Samuel Wainer e 
que apoiava Getúlio Vargas, e o Tribuna da Imprensa, no qual Carlos Lacerda 
publicou críticas contundentes contra Vargas e que esteve no centro do processo 
que culminou com o suicídio do presidente, em agosto de 1954.
Os empresários responsáveis pelos Diários Associados, Estado de São Paulo, 
Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e O Globo e Manchete foram atores 
importantes no período posterior ao suicídio de Vargas, interferindo na eleição de 
JK e na formação da opinião pública sobre o seu governo.
O teatro apresenta uma vertente sofisticada no Teatro Brasileiro de Comédia 
(TBC) que, em São Paulo, reúne diretores, produtores e artistas em torno de 
projetos dirigidos à classe média paulistana, buscando trazer para São Paulo um 
teatro de vertente mundial e de nomes e clássicos modernos consagrados.
A cultura e a elite paulista
[...] no geral, a palavra de ordem, em São Paulo, era atualização cultural, 
busca de um compasso com o mundo desenvolvido. Em outras palavras, 
atualizar as formas, representações e tecnologias da produção artístico-
cultural, cunho modelo era a “cultura” do mundo desenvolvido. Na verdade. 
Essas iniciativas de atualização se concentravam em três áreas principais: 
teatro, cinema e artes plásticas. A música popular continuava tendo no 
Rio de Janeiro seu principal foco criativo, cujos meios de comunicação 
ditavam os grandes sucessos nacionais. Em São Paulo o TBC -Teatro 
Brasileiro de Comédia, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz e as 
mudanças no campo das artes plásticas- criação do MASP (Museu de Arte 
de São Paulo) em 1947, do MAM (Museu de Arte Moderna) em 1948, 
e da Bienal de Artes Plástica- são expressões mais significativas desse 
processo. Mas não devemos esquecer que, a partir de São Paulo, surgia 
outro sistema de comunicação de massa, ainda tímido: a televisão (criada 
em 1950, pelo empresário Assis Chateaubriand, o mesmo empresário 
por trás do Masp) (NAPOLITANO, 2014, p. 18-19).
Desse modo, São Paulo e Rio de Janeiro rivalizavam como centralidades da 
cultura de massa e também como centro difusor de concepções mais elitistas da 
cultura. No caso de São Paulo, a centralidade econômica transforma-se também 
em hegemonia e cultura dominante. Não sendo propriamente uma cultura erudita, 
mas procurando ser mais sofisticada.
16
17
Figura 7 – Companhia Cinematográfi ca Vera Cruz
Fonte: brasil.gov.br
A companhia cinematográfica Vera Cruz foi concebida para produzir filmes bra-
sileiros que buscam competir com o cinema hollywoodiano. Situava-se em São Ber-
nardo do Campo, cidade hoje da Região Metropolitana de São Paulo. Apesar de al-
guns sucessos como Sinhá Moça, Floradas na Serra e o Cangaceiro – esse último 
premiado em Cannes (evento cinematográfico francês) –, essa companhia entrou 
em falência em 1954, devido à dificuldade financeira e de distribuição dos filmes.
Apesar disso, a cidade de São Paulo apresentava também outra concepção de 
teatro, desenvolvida nos anos 1950, no Teatro Arena, com produções despojadas 
e temáticas relacionadas à realidade nacional.
Teatro de Arena
O Teatro de Arena foi um movimento artístico cultural relacionado ao teatro que nos anos 
1950 fundou em São Paulo um grupo que se apresentavam em fábricas, salões, clubes e no 
próprio teatro. Em princípio, apresentavam peças de autores consagrados internacionais, 
mas depois começaram a tratar de temáticas nacionais. Um dos grandes sucessos da época 
foi a peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, tratando dos confl itos 
humanos, do movimento operário no Brasil nesta época.
Ex
pl
or
Em outro registro, o teatro continua a atrair grandes públicos para o que ficou 
conhecido como Teatro de Revista, que segue a linha popularesca das chanchadas 
da Atlântida no cinema.
Também houve produções cinematográficas com tendências mais à esquerda, 
caso do filme Rio 40 graus e Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. 
Rio 40 graus foi censurado por um tempo, pois retratava meninos de favela, que 
vendiam amendoins, em situações do cotidiano que, em geral, não eram observados 
pela sociedade carioca.
17
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
O cenário da cultura de massas dessas décadas teve 
a televisão, inaugurada em 1950, como novidade. Pro-
duzida por egressos do Rádio e utilizando tecnologias 
ainda restritivas à programação e à exibição, a TV será 
um brinquedo de luxo para os que podiam adquirir os 
aparelhos e empresas que podiam realizar os progra-
mas e exibi-los. Década após década, ela será um la-
boratório no qual experiências serão desenvolvidas e, 
posteriormente, aprofundadas – como o vínculo com 
a linguagem radiofônica e temas e produtos popula-
rescos – ou abandonadas – principalmente programascom formatos elitistas.
Fundamentalmente, a TV, até meados da década de 
1960, terá como fatores a impedirem seu desenvolvi-
mento a ausência de aparelhos para a maior parte da 
população e de uma rede para retransmissão do sinal. 
Tais condições seriam alteradas apenas a partir de 1967.
Figura 8 – Rio 40 graus, de 
Nelson Pereira dos Santos
Fonte: adorocinema.com
A Cultura Encontra o Povo
A sociedade urbano-industrial que se formava no Brasil dos anos 1950 propiciou 
algo novo para a cultura do país. As culturas tradicionais, popular e erudita, antes 
circunscritas aos seus públicos, pobres e ricos, circulava nas metrópoles e era objeto 
da cultura de massas, que fazia conviverem valores de ambas no cinema, no rádio, 
na tevê e na imprensa.
A ampliação das classes médias que têm acesso ao ensino superior e às artes 
ocorre em paralelo à construção de um imaginário de um país “em desenvolvi-
mento”, a caminho das transformações que o aproximariam do modelo hegemô-
nico de vida, o dos EUA, potência emergente após a Segunda Guerra Mundial e 
responsável pela difusão dos principais símbolos da vida moderna na produção 
cultural do período.
A música, o cinema, o jornalismo e a televisão, ou seja, a indústria cultural dos 
EUA era a principal referência para a nascente cultura de massas brasileira; porém, 
à moda do modernismo dos anos 1920, os brasileiros absorviam, à sua maneira, 
as influências do jazz, do rock e da estética padronizada por Hollywood, criando 
o novo: bossa nova, cinema novo, arte e política do CPC.
A Bossa Nova foi um movimento musical brasileiro lançado por Tom Jobim, Vinícius de 
Moraes e João Gilberto e outros compositores do Rio de Janeiro que foram influenciados 
principalmente pelo samba e pelo jazz. Trata-se de um ritmo calmo, cadenciado, geralmente 
acompanhado de violão ou piano, com letras poetizadas em geral. Alguns sucessos da Bossa 
Nova foram: Chega de saudade, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim; Garota de Ipanema, 
de Tom Jobim e Vinícius de Moraes; Ela é carioca, de Vinícius de Moraes; Eu sei que vou te 
amar, de Tom Jobim; Águas de março, de Tom Jobim; Se todos fossem iguais a você, de 
Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Ex
pl
or
18
19
Na construção simbólica das artes, a cultura criadora individualizada (BOSI, 
1992) encontra o povo não mais como referência para exposição do antigo, do 
atraso, mas como força para a transformação da própria Arte e da realidade, 
movimento que vai estabelecer um vínculo entre arte política e arte apolítica, 
dicotomia que se vai manter viva por décadas em função da Ditadura Militar que 
se iniciaria em 1964.
No teatro, na música e no cinema, a busca por signos de identidade nacional e 
de elementos de pertencimento e de superação do atraso serão essenciais para a 
compreensão do Brasil do período.
Brasília, “Presidente Bossa Nova”, “fuscas”, inflação, dívida externa e arte 
engajada: o Brasil do final da década de 1950 parecia macunaimicamente tentar 
uma solução criativa para os impasses que a história criara para si.
Figura 9 – Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Fonte: ebc.com.br
No começo dos anos 1950, o Brasil vivia o que alguns denominaram de 
“anos dourados”, com certo crescimento econômico e ampliação do processo de 
urbanização das cidades brasileiras, principalmente das metrópoles do Sudeste – 
São Paulo e Rio de Janeiro.
A década de 1960 começava com burburinho, crises políticas e movimentos 
de massa.
Finalizando esta unidade é importante salientar que os anos de 1945-60 foi um 
período democrático no Brasil, com a cultura de massas sendo influenciada pelos 
EUA e o País tornando-se uma sociedade urbano-industrial, principalmente nas 
metrópoles do Sudeste.
Trata-se também de um período no qual a cultura popular alcançou também 
a cultura de massa por meio da mídia impressa e principalmente pelas rádios e 
programas de auditórios.
19
UNIDADE O Nacional – Popular na Cultura Brasileira
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Cultura Popular no Brasil
AYALA, Marcos et al. Cultura popular no Brasil. São Paulo: Ática, 2006. (e-book- 
biblioteca virtual).
Introdução às Culturas Populares no Brasil
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 Leitura
Teatro de Arena
Enciclopédia Itaú Cultural.
https://goo.gl/xciql7
O Brasil de JK > Sociedade e Cultura nos Anos 1950
Fundação Getúlio Vargas.
https://goo.gl/gvuS56
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Referências
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