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1 Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix Disciplina: Introdução à Filosofia Professor: Antonio Carlos Ferrarezi O Legado da Filosofia Grega Para o Mundo Ocidental Europeu Introdução Quando estudamos Filosofia, precisamos destacar um fator muito importante: o legado da Filosofia Grega para o mundo ocidental europeu. Assim podemos perceber quais foram os resultados práticos da ação da Filosofia Grega no mundo moderno e em nosso mundo contemporâneo. Além disso, descobriremos também que – apesar de sermos brasileiros e de estarmos muito longe da Filosofia Clássica Grega – a verdade é que as suas principais máximas chegam até nós, na medida em que fomos colonizados pelos europeus. Portanto, nós também somos herdeiros do legado que a Filosofia Grega passou para a cultura ocidental européia. Vejamos quais foram os principais pontos desse legado cultural e filosófico: 1. Leis Universais da Natureza: a ideia de que a Natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais. Isso significa que essas leis e princípios são os mesmos e agem da mesma forma em qualquer parte do mundo e em qualquer tempo. Dessa forma, graças aos filósofos gregos, Isaac Newton – filósofo inglês do Século XVII – estabeleceu a lei da gravitação universal de todos os corpos da Natureza1. Lei Necessária => porque nenhum corpo escapa de seu enunciado e não pode funcionar de outra forma que não seja essa por ela apresentada. Lei Universal => porque se aplica em qualquer tempo e em qualquer lugar do mundo. Outro exemplo: as leis geométricas do triângulo e do círculo, demonstradas pelos filósofos gregos, são necessárias e universais. 2. As Leis Necessárias e Universais Podem ser Conhecidas: as leis necessárias e universais da Natureza podem ser plenamente conhecidas pelo homem, através do pensamento. Portanto, isso significa que não se trata de conhecimentos misteriosos e secretos, que necessitam ser revelados pelas divindades. São conhecimentos que podem ser perfeitamente alcançados apenas pela razão humana. 3. Regras Para o Pensamento – A Lógica: o nosso pensamento também opera segundo leis, obedecendo a regras e normas universais e necessárias, segundo as quais nós somos capazes de diferenciar o conhecimento verdadeiro do falso. Portanto, nosso pensamento é lógico e obedece a leis lógicas de funcionamento. Aristóteles foi o filósofo grego que sistematizou a Lógica, no século IV a.C., cuja obra primeira chamou-se Organon. 1 Essa lei afirma que todo corpo, ao sofrer a ação de um outro, produz uma reação igual e contrária, a qual pode ser calculada usando como instrumento de cálculo a massa do corpo afetado, a velocidade e o tempo com que a ação e a reação se deram. 2 4. A Vontade Livre do Homem: herdamos da Filosofia Grega Antiga também a idéia de que as práticas humanas, a ação moral, a política, as técnicas e as artes dependem da vontade do homem, de nossas deliberações, de nossas escolhas, sejam elas de ordem passional ou racional; são fruto de nossas preferências, de acordo com valores que adotamos e que foram criados pelas gerações que nos antecederam. Hoje nós nos apropriamos desses valores, mas também podemos transformá- los, atualizá-los. Isso significa que tais valores não foram impressos nos homem por seres divinais ou por mistérios inexplicáveis, impossíveis de serem conhecidos. 5. Acontecimentos Naturais e Necessários e Contingentes ou Acidentais: os acontecimentos naturais e humanos são necessários, pois obedecem a leis naturais ou da natureza humana. Mas eles também podem ser contingentes ou acidentais, na medida em que dependerem de nossas deliberações. Exemplo: pedra caindo = fato necessário e universal; homem andando = fato necessário, natural e universal; pedra caindo na cabeça do homem ao andar = fato contingente ou acidental. Esse exemplo, vinculado ao campo das ações humanas, tem um sentido diferente. Exemplo: andar é ato natural, que segue leis naturais e universais da anatomia e da fisiologia humana. Entretanto, o ato de escolher para onde quero ir é resultado de uma deliberação voluntária: ao cinema, ao teatro, à igreja, à festa etc. É lei natural e universal que os corpos caem – pela lei da gravidade – mas é deliberação voluntária o fato do homem construir uma bomba para ser lançada sobre uma cidade (Hiroshima – 1945). Um dos legados importantes da Filosofia é, portanto, essa diferença entre o necessário e o contingente, pois isso nos ajuda a evitarmos tanto o fatalismo, quanto a ilusão. Fatalismo => tudo é necessário; temos que nos conformar com tudo e nos resignarmos; Ilusão => podemos todas as coisas, basta uma ajuda do sobrenatural. 6. Sentido à Vida: herdamos dos filósofos gregos a idéia de que, por Natureza, nós aspiramos ao conhecimento verdadeiro, à felicidade, à justiça, ou seja, não queremos viver cegamente, mas queremos dar um sentido à nossa vida, queremos buscar a felicidade, por isso criamos valores que nos ajudem a dar esse sentido à Vida. Conclusão Portanto, a Filosofia surgiu quando alguns pensadores gregos, admirando esse mundo, a Natureza, a Vida, o Universo e, insatisfeitos com as explicações até então dadas – pela Tradição - para as realidades conhecidas, começaram a questionar tudo e a buscar respostas, crendo que, por intermédio da razão humana, os acontecimentos humanos, os fatos da Natureza e as ações humanas podiam muito bem serem conhecidas e entendidas. Acreditaram que a razão é capaz de conhecer a si mesma. Assim, a Filosofia surgiu quando se descobriu que a verdade do mundo e dos homens não era algo secreto, misterioso, que precisava ser revelada por deuses, mas que poderia ser conhecida pela razão. Mas isso dependia do uso correto do pensamento, da razão – por isso a organização da Lógica Aristotélica, que é utilizada até os dias de hoje pela humanidade. Os 3 filósofos também acreditaram e afirmaram que os conhecimentos adquiridos pela razão humana poderiam ser armazenados e ensinados, transmitidos às gerações futuras. Fontes Bibliográficas: 1. CHAUÍ, Marilena, Convite à Filosofia, São Paulo, Ed. Ática, 1997, 6ª edição. 2. HIRSCHBERGER, Johannes, História da Filosofia na Antigüidade, São Paulo, Ed. Herder, 1969.
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