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A Filosofia na Idade Média O Pensamento Agostiniano

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Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix 
Disciplina: Introdução à Filosofia 
Professor: Antonio Carlos Ferrarezi 
 
A Filosofia na Idade Média 
A Importância e a Contribuição do Pensamento Agostiniano 
 
 
Introdução 
 
Classificamos por Idade Média o período delimitado entre os Séculos V e XV, situado entre 
a Antigüidade Clássica e o Renascimento, tendo por principais referenciais históricos, 
respectivamente, a queda do Império Romano, em 476, e a tomada da cidade de 
Constantinopla (hoje Istambul, na Turquia) pelos turcos, em 1453. A expressão Idade 
Média surgiu no período do Renascimento. 
 
Foi na Idade Média que se constituiu o sistema escolar. Nos primórdios da Idade Média 
surgiram, nos conventos, as primeiras escolas. No Século XII as escolas das catedrais se 
juntaram às escolas dos mosteiros. Por volta de 1200 começaram a ser fundadas as 
primeiras grandes universidades européias. O termo faculdades, para diferenciar as 
diferentes áreas do saber, teve suas origens nos tempos medievais. 
 
A riqueza cultural, urbanística e arquitetônica do Império Romano sofreu uma queda 
considerável nos primeiros cem anos da Idade Média, no Século V da Era Cristã. Esse 
declínio cultural também se verificou no comércio e no sistema financeiro. “Na Idade 
Média foram reintroduzidos o comércio de trocas e a economia de bens in natura” 
(GAARDER, 2001, p. 190). A economia se estabeleceu com base no sistema feudal. O 
princípio fundamental do feudalismo consistia na posse de terras por parte dos 
latifundiários, nas quais os camponeses tinham de trabalhar para garantir sua sobrevivência 
(cf. GAARDER, 2001, p. 190). 
 
A Filosofia Patrística 
 
Denominamos de Filosofia Patrística o período marcado pelos primeiros seis séculos da Era 
Cristã, quando os primeiros grandes pensadores da Igreja Cristã se empenharam ao máximo 
para unir a Filosofia Grega com o Cristianismo. Podemos afirmar que esse foi o principal 
objetivo da Filosofia Patrística, ou seja, unir a nova religião em formação – o Cristianismo 
– com suas verdades e afirmações doutrinárias, com as verdades naturais da Filosofia 
Grega. 
 
Em Filosofia chamamos de verdades naturais as verdades obtidas tão somente pela pesquisa 
e pelo esforço da razão. Na Patrística surgem as chamadas verdades reveladas, isto é, 
aquelas verdades que são consideradas reveladas pelo campo do sagrado, reveladas por 
Deus através da nova fé, o Cristianismo. 
 
Coube à Patrística, enquanto movimento intelectual, filosófico e teológico, a tarefa de unir 
as grandes verdades do Cristianismo com as principais linhas de pensamento da Filosofia 
Grega, unindo, assim, filosofia e teologia, filosofia e fé cristã, ou poderíamos também 
afirmar de uma outra forma: unindo fé e razão. 
 
Vários pensadores se lançaram nessa tarefa, mas, sem dúvida alguma, a maior contribuição 
nesse sentido foi deixada por Santo Agostinho. 
 
Santo Agostinho 
 
Santo Agostinho, cujo nome completo é Aurélio Agostinho, era natural do Norte da África 
e viveu no período de 354 a 430. A vida de Santo Agostinho resume a transição entre o 
final da Antigüidade Clássica e os primórdios da Idade Média, afirma Gaarder. Nascido em 
Tagaste, na província romana da Numídia, Agostinho viveu os últimos anos de sua vida 
como Bispo de Roma, quando ainda não havia sido instituído o Papado na vida da Igreja 
Católica Apostólica Romana. A região de origem de Santo Agostinho hoje se localiza na 
Argélia. 
 
Santo Agostinho é considerado o filósofo mais importante desde os tempos de Platão e 
Aristóteles, dada sua criatividade e originalidade. Ele marca o fim do período antigo 
clássico, antecedendo a chegada da Idade Média. Ainda bastante ligado aos clássicos, o 
pensamento agostiniano refletia já as grandes mudanças pelas quais passava o seu tempo e 
sinalizava já o prenúncio do importantíssimo papel que o Cristianismo teria na formação da 
cultura ocidental, para a qual Agostinho contribuiu significativamente (cfr. MARCONDES, 
2004, p. 109). 
 
O Bispo de Roma do Século V da Era Cristã trouxe grande contribuição para a elaboração 
da filosofia cristã na Idade Média, até o Século XIII, quando se deu a redescoberta do 
pensamento de Aristóteles, pela influência, sobretudo, dos filósofos árabes, com destaque 
para Avicena e Averróis. Santo Agostinho estabeleceu uma estreita relação entre o 
pensamento de Platão e a fé cristã, o que acabou se constituindo na primeira grande síntese 
entre o pensamento cristão e a filosofia grega, o que ficou conhecido como platonismo 
cristão (cf. MARCONDES, 2004, p. 110). 
 
Os principais aspectos da contribuição do pensamento de Santo Agostinho para o 
desenvolvimento da filosofia são: 
1. Sua formulação das relações entre teologia e filosofia, entre fé e razão; 
2. Sua teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e da 
interioridade; 
3. Sua teoria da História elaborada na obra Cidade de Deus. 
 
“A filosofia de Santo Agostinho foi elaborada com base numa aproximação do 
neoplatonismo de Plotino e Porfírio com os ensinamentos de São Paulo e do Evangelho de 
São João. O platonismo é visto, na linha da Escola de Alexandria, como antecipando o 
cristianismo, este sim, agora, a verdadeira filosofia” (MARCONDES, 2004, p. 111). 
 
Pode-se afirmar que Santo Agostinho foi o primeiro pensador a desenvolver, com base em 
concepções neoplatônicas e estóicas, uma noção de interioridade que prenunciaria o 
conceito de subjetividade da Era Moderna. Pode ser encontrada na filosofia agostiniana a 
oposição entre interior e exterior e a concepção de que a interioridade é o lugar da verdade, 
isto é, o homem encontrará a verdade olhando para a sua interioridade. É nesse sentido que 
se aplica a célebre fórmula agostiniana: “In interiore homine habitat veritas” (No homem 
interior habita a verdade). (cf. MARCONDES, 2004, p. 112). 
 
A Cidade de Deus 
 
Na obra Cidade de Deus Agostinho expõe sua concepção de história, interpretando a 
história da humanidade a partir do relato bíblico da Criação, no livro de Gêneses, como um 
processo sucessivo de alianças e rupturas entre o homem e seu Criador, até chegar ao juízo 
final e à redenção, quando se dará a volta do homem a Deus. Portanto, Santo Agostinho vê 
a história do ponto de vista teleológico, ou seja, tendo um sentido, uma direção, marcada 
por um evento inicial e tendo um ponto final, uma finalidade, que consiste no retorno à 
situação da qual se originou, isto é, em Deus. Assim, os fatos históricos são vistos como 
tendo uma finalidade, um sentido que pode ser compreendido à luz da revelação de Deus. 
Dessa forma, o pensamento agostiniano rompe com a concepção grega antiga de tempo, um 
tempo cíclico, sem início e sem fim. “Essa concepção agostiniana terá uma grande 
influência no desenvolvimento da noção ocidental de tempo histórico e se encontra, em 
última análise, até mesmo na raiz da visão hegeliana” (MARCONDES, 2004, P. 112). 
 
Santo Agostinho não é o primeiro filósofo a inserir a história na sua filosofia, assim como, 
também, não era absolutamente nova a idéia de uma luta entre o bem e o mal. A novidade 
do pensamento agostiniano na questão da luta entre o bem e o mal é o fato de que tal luta 
acontece dentro da história e através da história. Nesse aspecto Santo Agostinho difere do 
pensamento platônico, retomando a visão linear da história, encontrada na Bíblia (no 
Antigo Testamento). “Agostinho acreditava que Deus precisava de toda a história para 
erigir o seu Reino. A história é necessária para educar o homem e eliminar o mal” 
(GAARDER, 2001, p. 197). 
 
Essas principais teses agostinianas, sua visão da história, se encontram desenvolvidas na 
obra Cidade de Deus.Referências Bibliográficas: 
 
GAARDER, Jostein, O Mundo de Sofia, São Paulo, Cia. das Letras, 2001. 
 
MARCONDES, Danilo, Iniciação à História da Filosofia, Rio de Janeiro, Jorge Zahar 
Editor, 2004, 9ª ed.

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