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RELAÇÃO MAQUIAVEL X HOBBES

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RELAÇÃO MAQUIAVEL X HOBBES:
Com uma diferença cronológica de quase cem anos, Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes são escritores de tempos diferentes, logo suas concepções de Estado, ordem e poder são diferentes e suas relações umas com as outras também.
Maquiavel era um teórico do Estado. A ideia de Estado de acordo com Norberto Bobbio e que podemos assemelhar a ideia de Maquiavel, é de que o Estado deve ser visto como poder político (poder público/poder soberano). Ele lida com o Estado da maneira que ele “é” e não como “deve ser”. Segundo ele, a política trata-se de racionalidade e moralidade, não de valores, pois essa nasce da malignidade do homem, ou seja, da natureza humana. O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos e assim obter poder e manter (ou criar) a ordem social. Para isso, o autor florentino aborda dois conceitos importantes para a compreensão e criação de um bom governo: virtú e fortuna. 
	A virtude política, que é uma abordagem diferente da virtude cristã e mais conhecida como virtú é basicamente uma ação conduzida por racionalidade (o indivíduo deve agir e não esperar pelas coisas nem que Deus os dê as mesmas) que trará resultado e alcançar objetivos. 
O governante de virtú cria instituições, boas leis capaz de educar os homens para a vida em sociedade, ou seja, virtudes cívicas: preocupação com o bem comum, participação política, fazer cidadãos ativos politicamente. 
Já a fortuna, conceito totalmente desligado de Deus, é o acaso, algo externo, saber que tudo muda e nada permanece a mesma coisa. Logo, o soberano deve ter a virtú de lidar com a fortuna para governar de uma boa forma. 
A força é fundamento do poder, segundo Maquiavel. Mas é preciso virtú para mantê-la (uso da virtú associado à fortuna).
O segundo pensador, HOBBES, autor de “O Leviatã”, e um dos Contratualistas diz que o Estado é uma criação do homem com objetivo principal a ordem pública e fazem isso movido pela razão. E o contrato social é que dá origem ao Estado. 
O estado de natureza segundo Hobbes é onde os homens vivem livres (não havendo poder maior) e todos portam poder (autogoverno). Homens são egoístas, competitivos, violentos, ávidos de poder. Depois de saber que todos podem tudo, surge o medo e a insegurança absoluta. Logo, se no estado de natureza todos podem tudo, isso leva a uma guerra generalizada/caos por causa do medo. A guerra se generaliza porque agimos em conformidade com nossos próprios objetivos. Então, para manter-se vivo no meio da guerra, sempre se deve agir primeiro que o outro (atacar para não ser atacado). A guerra surge por ausência de sanção, de um poder maior.
E para dar fim na guerra, os homens criam ao longo dos anos e artificialmente, através do contrato social, o Estado para manutenção da ordem e preservação da vida. Hobbes mostra então a importância de um poder soberano que mantenha a ordem, paz e vida.
Primeira coisa a ser abdicada dos homens ao Estado/soberano é o uso individual da força. Precisa ter meios para exercer sua soberania, meios esses, conseguidos pela abdicação do povo, que é o monopólio da força, todos seus direitos naturais (menos a vida). Mas sentir medo no estado de natureza é pior do que sentir medo no estado civil. Temer ao Estado/soberano é melhor do que viver no estado de natureza sentindo medo toda hora (paranoia, medo de morrer, sem proteção), pois o Estado dá proteção. O contrato social em Hobbes é, basicamente, ser submisso ao Estado para ter proteção (sobreviver). Então, o poder do soberano é inquestionável, indivisível e irrevogável, para manter o poder do soberano, a ordem e a vida de todos os indivíduos. 
Concluindo e juntando as ideias de ambos, enquanto Hobbes estabelece nitidamente a forma de governo absolutista como necessária Maquiavel prefere a forma de governo que for necessária na época que está a beira do caos, como forma de poder e para unificar o povo e trazer ordem.

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