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Justiça Eleitoral no Brasil

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO 1 – TURMA A
DOCENTE: I'TALO FIORAVANTI SABO MENDES
A JUSTIÇA ELEITORAL NO BRASIL
BRASÍLIA
2017
1. Introdução 
O exercício do voto regular, livre e monitorado por uma instituição independente é uma das condições fundamentais para a consolidação de um regime democrático. O direito de escolha, pelo cidadão, de quem deve exercer o poder representa o fundamento central do princípio da soberania popular. [1: MOISÉS, José Álvaro. "Democracia", in GIOVANNI, Geraldo de e NOGUEIRA, Marco Aurélio (organizadores). Dicionário de Políticas Públicas, 2ª edição. São Paulo: Editora da Unesp; Fundap, 2015, pág. 237.]
Dessa forma, a sua efetividade "depende de que os eleitores tenham o direito de se expressar livremente, de se organizar em partidos e/ou associações voluntárias, de ter assegurado o direito de competir em condições de igualdade e, finalmente, de ter acesso a fontes de informação não subordinadas às estruturas de poder".[2: MOISÉS, José Álvaro. Ob. cit., pág 237.]
Nesse entendimento, o objetivo do presente trabalho é apresentar o arcabouço institucional responsável pela sistematização do processo eleitoral no Brasil. Trata-se, na atualidade, da Justiça Eleitoral, órgão componente do Poder Judiciário nacional e previsto na Constituição Federal de 1988, cuja criação remonta ao Decreto nº. 21.076/1932, o Código Eleitoral de 1932.[3: MENDES, I'talo Fioravanti Sabo. "O Decreto-Lei nº 7.586/1945 e a Reconstrução da Justiça Eleitoral no Brasil: uma análise jurídica e político-institucional", in CARVALHO NETO, Tarcísio Vieira de e FERREIRA, Telson Luís Cavalcante (coord.). Direito Eleitoral — aspectos materiais e processuais. São Paulo: Migalhas, 2016, pág. 135.]
Para isso, será realizado um breve histórico das formas pelas quais se moldaram os processos eleitorais, no Brasil, do pós-independência a 1932, com foco nos órgãos e nas instituições responsáveis pela realização de eleições no País. Ademais, os problemas presentes nesses sistemas serão apontados, evidenciando-se a necessidade de fortalecimento de um órgão autônomo e independente que pudesse legitimar a vontade popular, sobretudo em uma conjuntura de ascensão de uma democracia de massas a partir da terceira década do século XX.
De maneira análoga, o trabalho apresentará as inovações trazidas pela reforma eleitoral de 1932, da qual se sobressai a criação da Justiça Eleitoral, uma inovação do sistema eleitoral brasileiro. Especialmente após a criação do Tribunal Superior Eleitoral, em 1945, até a atualidade, a Justiça Eleitoral tem sido objeto de sucessivos textos constitucionais, o que evidencia o importante papel institucional do sistema no controle das disputas eleitorais, conferindo-lhes validade e legitimidade.
Além disso, serão registradas as especificidades da estrutura que regula as eleições no Brasil, tal qual prevista na Constituição Federal de 1988 e posteriores alterações. Serão discriminadas, entre outros aspectos, as funções, a composição das instâncias eleitorais, bem como os temas centrais que são objeto da jurisdição eleitoral no atual ordenamento constitucional brasileiro.
Por fim, destaca-se que o presente estudo deverá seguir uma metodologia teórico-descritiva, incorporando visões de estudiosos do assunto, bem como análise dos diferentes arcabouços legais e institucionais que tem feito parte do Estado brasileiro, com ênfase na temática do trabalho.
	2. Os sistemas eleitorais brasileiros de 1822 a 1932
	
	Até a Independência do Brasil, em 1822, poucas foram as manifestações coloniais que demandaram a elaboração de um processo eleitoral. Entre essas ocorrências, destacam-se as eleições para as Cortes de Lisboa, ocorridas em 1821, e as eleições para o 1º Conselho de Estado, criado pelo então Príncipe-regente, em fevereiro de 1822. O voto, nesses contextos, ocorreu por meio indireto, havendo sido estabelecidos graus por meio dos quais cada eleitor escolheria seus representantes.[4: PORTO, Walter Costa. O Voto no Brasil — Da Colônia à 6ª. República, 2ª. edição revista. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002, págs. 22 e 30.]
	Tais experiências eleitorais, ainda que de pouca importância prática, corresponderam a um embrião do que seria a estrutura de eleições, no Brasil, até a edição da Lei Saraiva de 1881, quando, entre outras alterações, introduziu-se o voto direto no País.[5: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 44.]
	
	Dessa forma, as "Instruções de 1824", documento que buscou explicar o processo eleitoral criado pela Constituição imperial de 1824, definiram a exigência de eleições para Deputados, para Senadores e para os Conselhos Gerais das Províncias. A escolha desses representantes se daria em dois graus: em eleições primárias, realizadas por moradores de paróquias que atendessem os requisitos constitucionais e legais (chamados "votantes"), e em segundo grau, pelos eleitos dessas paróquias (denominados "eleitores"), que efetivamente escolheriam os representantes dos mencionados órgãos.
	A estrutura de realização das eleições, nessa conjuntura, era largamente influenciada pela Igreja Católica. O estabelecimento de editais, realização de procedimentos de conformidade, bem como assistência durante as eleições, em primeiro grau, era de responsabilidade do pároco da freguesia. Até 1881, salvo exceções, as votações ocorriam dentro de igrejas. Como salienta Walter Costa Porto, "a assembleia para escolha dos eleitores de paróquia seria presidida pelo juiz de fora ou ordinário 'com assistência do pároco'".[6: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 46.]
	Da mesma maneira, vale destacar que "a crítica maior ao modelo trazido pelas Instruções de 1824 era quanto ao poder quase absoluto, concedido à mesa eleitoral. Seu arbítrio (...) não iria conhecer limites, sendo sua formação 'a mais irregular e filha sempre das inauditas desordens e demasias'"[7: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 48.]
	Sucessivas legislações eleitorais emergiram no decorrer do século XIX, porém somente a reforma de 1881 buscou acabar com a influência das mesas eleitorais no processo de escolha de eleitores de segundo grau, estabelecendo o voto direto como tentativa de sepultar o então doente sistema eleitoral. Contudo, apesar de um sucesso momentâneo, constata-se que as eleições pós-1884 "foram mais uma vez marcadas pelos velhos vícios, pela antiga compressão oficial".[8: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 107.]
	Com a promulgação da Constituição de 1891, a primeira sob regime republicano, verifica-se, de maneira geral, forte influência do modelo norte-americano na formatação institucional do País. Apesar disso, a sistemática e os vícios eleitorais verificados durante o período do Império mantiveram-se na realidade nacional.
	A Constituição de 1891 conferiu atribuição ao Congresso Nacional "para regular as condições e o processo da eleição para os cargos federais, em todo o Pais". Dessa forma, manteve-se sob controle dos próprios eleitos a competência para regular o processo de escolha dos representantes do povo.[9: BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24.02.1881. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm>. Acesso em 13 de outubro de 2017.]
	
	Os vícios desse sistema puderam ser verificados durante o Governo Campos Salles (1898-1902), quando modificação no regimento da Câmara dos Deputados contribuiu para a implementação da chamada "política dos estados". A alteração possibilitou que o presidente ou, sucessivamente, qualquer dos vice-presidentes da Câmara dos Deputados da última sessão legislativa efetuassem, após análise de conformidade, a diplomação dos novos eleitos. [10: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 195.]
	Nesse sentido, "falando de depuração — o termo utilizado no Congresso para indicar o não-reconhecimento — Maria Carmen Côrtes Magalhães diz que a histografia brasileira a consideracomo a degola de deputados oposicionistas". Era, assim, a última etapa do extermínio de oposições no plano federal, que se seguia à "burla da eleição e com os arranjos na apuração, pelas juntas locais".[11: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 202.][12: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 202.]
	Os problemas do processo eleitoral foram temas de controvérsia e crítica durante toda a República Velha. Em 1916, Wenceslau Braz sancionou a Lei nº. 3.139/1916, que buscou remediar a situação caótica dos alistamentos eleitorais. A Lei estabeleceu que "o requerimento de alistamento seria dirigido ao juiz de direito; uma junta, composta do juiz federal da seção, de seu substituto e do procurador-geral do estado, do Distrito Federal ou do território, julgaria os recursos interpostos contra a decisão, inicial, dos magistrados".[13: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 191.]
	Tal legislação pode ser considerada o início de uma participação mais ativa do Poder Judiciário no processo eleitoral no País. Como salienta Darcy Bessone, citado por Walter Costa Porto, "pode ter sido o ponto de partida para a criação da Justiça Eleitoral, a verificar-se na República Nova, depois de 1930."[14: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 191.]
	Apesar desses avanços durante o Governo de Wenceslau Braz, inúmeros outros problemas permaneceram na realização de eleições, como as fraudes durante a diplomação. As críticas ao sistema eleitoral permaneceram presentes durante a década de 1920, com crescimento da pressão social por formas verdadeiramente democráticas de escolha de representantes.
	Isso acabou sendo um dos embates centrais durante as eleições presidenciais de 1930, que opôs o governista Julio Prestes a Getúlio Vargas, representante da união de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, a chamada Aliança Liberal. Em linhas gerais, a Aliança defendia "uma reforma eleitoral que inclui o voto secreto, a representação das minorais e a entrega da direção das mesas eleitorais a uma 'magistratura federal togada'".[15: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 182.][16: PORTO, Walter Costa. Ob. cit., pág. 182.17 Facismo italiano foi um sistema político autoritário de caráter totalitário e repressivo, instaurado por Benito Mussolini, na Itália, em 1922.18 Salazarismo português foi desencadeada pelas forças armadas ,em 1932, aconteceu em um período de recuperação econômica, para um processo de estabilização nas contas públicas. Era um Regime conservador e autoritário, anticomunista, antidemocrático e antiliberal. ]
	Instado pelas dúbias razões do assassinato do candidato oposicionista a vice-presidência, o paraibano João Pessoa, Getúlio marchou para a capital do País e sepultou, em 1930, o período histórico denominado República Velha. Em 1932, com a edição do Decreto 21.076/1932, é finalmente criada a Justiça Eleitoral brasileira e, com o fim do Estado Novo, em 1945, um novo capítulo na construção da democracia no Brasil é inaugurado.
3. Justiça Eleitoral e sua organização
	O Estado Novo foi instaurado em 1937 no governo Getúlio Vargas e foi um período marcado pelo autoritarismo, supressão de liberdades individuais e por uma forte intervenção estatal, sendo inspirado pelo facismo italiano17 e salazarismo português18 .
	No mesmo ano, o então presidente Getúlio Vargas, anunciou uma nova Constituição (1937) que previa a suspensão de todos os direitos políticos, abolia os partidos e as organizações civis. O Poder Legislativo foi completamente fechado, a liberdade de expressão se limitava em divulgar ações do governo e censurar os meios de comunicações. 
A eclosão da Segunda Guerra Mundial desestabilizou a autonomia política externa de Vargas, a dualidade diplomáticas entre o nazismo e governo norte-americano, seu posicionamento neutro e o breve e bem sucedido envio de tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial, com o objetivo na defesa da democracia no continente europeu, trouxe ao Estado Novo uma incoerência em suas ideologias, sofrendo fortes pressões para o fim de seu Regime.
Em 1945, com o fim regime autoritário e a retomada democrática, o processo eleitoral foi regulado pela Lei Agamenon (Decreto-Lei 7.586/1945), ela estabelecia eleições para presidente, senadores e deputados federais. A Justiça Eleitoral ficou sobre a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, sendo o próprio STF com competências na regulação de requisitos para candidatura à cargos públicos, até surgimento do Código Eleitoral de 1950.
A Justiça Eleitoral tinha sua organização conforme a Justiça Federal houve a criação de um Tribunal Superior, com sede na capital da República, e Tribunais Regionais, nas capitais dos Estados. Sua composição em cada circunscrição judiciária era de um juiz eleitoral de primeira instância, apresentando também um Ministério Público próprio, exercido por um Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior e procuradores regionais junto aos tribunais regionais. 
A Constituição de 1946 reafirmou os direitos políticos pertinentes ao processo eleitoral, retornou as atribuições da Justiça Eleitoral ao Tribunal Superior Eleitoral, conferindo a ele uma maior autonomia, e criou-se uma junta apuradora, presidida por um juiz e composta por dois outros cidadãos nomeados pelos Tribunais Regionais Eleitorais.
O Código Eleitoral de 1950 manteve a estrutura originária da Justiça Eleitoral, com poucas modificações, sofrendo em 1955, a edição de apenas duas emendas redigidas para pelo presidente do TSE, objetivando uma melhor operacionalização das leis eleitorais.
Ente 1964 e 1985, a ditadura militar alterou significativamente as atribuições do Poder Executivo e Legislativo, regulando a organização e o funcionamento dos partidos. A Justiça Eleitoral não perdera sua função institucional, mantendo a ela responsabilidades no que se refere ao alistamento, admissão de candidato, apurações das eleições e posse dos eleitos.
O Código Eleitoral de 1965 estabeleceu a obrigatoriedade de votar em candidatos de um mesmo partido em eleições proporcionais, proibição de coligação eleitoral, prazo de seis meses para o registro do candidato e multa para cidadãos não alistados ou eleitores que ausentassem na eleição.
	
	Evidentemente, o regime autoritário outorga uma série de Atos Institucionais, sendo no campo eleitoral, vigorava os AI-2, AI-3 e o AI-5. O AI-2 que extinguia eleições diretas para presidente da República, dissolveu os partidos criados em 1945 e estabeleceu o bipartidarismo. O AI-3, as eleições para governadores passaram a ser indiretas e prefeitos das capitais nomeados pelos governadores e o AI-5, grandes restrições aos direitos civis e políticos, sendo revogado em 1978, com a volta da Justiça Eleitoral e suas devidas atribuições. 
	No ano de 1985, a Emenda Constitucional nº 25 incluiu o direito do voto dos analfabetos, sendo que em 1986, houve um recadastramento realizado pela Justiça Eleitoral, com o objetivo de eliminar possíveis fraudes.
 	
	Com a Constituição de 1988, há a retomada dos direitos políticos, a ampliação do e permanência da Justiça Eleitoral, a garantia do voto facultativo para os analfabetos e para os maior de 16 anos e menores 18, eleições em dois turnos para o Executivo, dentre outras garantias previstas em Lei Complementares.
3. Organização da Justiça Eleitoral 
Logo após esse processo histórico, e a edição do decreto 21.076/1932, criou-se a justiça eleitoral brasileira. Possuindo organização definida pela Constituição Federal- CF e competências previstas no código eleitoral (Lei nº 4.737/1965). Nesse sentido, o artigo 118 da Constituição Federal de 88, prevê: 
 
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: I - o Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as Juntas Eleitorais.
Dessa forma, estando organizada em Tribunal Superior Eleitoral, Tribunais Regionais Eleitorais, Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais, a justiça eleitoral possui uma característica que a difere dos outrosórgãos do poder judiciário, que é a inexistência de magistrados próprios vinculados em definitivo a própria justiça eleitoral. Será visto em seguida as atribuições de cada órgão competente: 
Tribunal Superior Eleitoral- TSE: O TSE com sede em Brasília e jurisdição em todo território nacional, é composto por sete membros. Em seu artigo 119 define a composição deste tribunal, envolve: três juízes dentre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral-TSE, dois juízes dentre os ministros do Superior Tribunal de Justiça-STJ, e dois juízes, nomeados pelo presidente da república e escolhidos dentre seis advogados indicados pelo STF. O presidente e o vice-presidente do TSE são eleitos dentre os ministros do TSF. 
Tribunal Regional Eleitoral- TRE: Os tribunais regionais eleitorais estão instalados em Brasília e nas demais capitais dos Estados e também com composição de sete membros. Em seu artigo 120 é definido sua composição:
Art.120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. § 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II – de um Juiz do Tribunal Regional Federal com sede na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de Juiz Federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III – por nomeação, pelo Presidente da República, de dois Juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.§ 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores. Constituição Federal- CF. 
 Dessa forma, o TSE e o TRE possuem magistrados vindos de outros ramos do judiciário e dos tribunais que possuem jurisdição em seu respectivo Estado e no Distrito Federal, além dos membros da advocacia, para fins de obediência ao quinto constitucional (art.94, CF). 
 
Juízes Eleitorais- Por não possuir magistrados efetivos na jurisdição eleitoral, quem assim exerce a função eleitoral, são juízes de direito designados por no mínimo dois anos e máximo de quatro aos consecutivos. Os juízes eleitorais são juízes de direito pertencentes a justiça Estadual e designados pelo TER para comandar as zonas eleitorais. 
 
Juntas Eleitorais- É também órgão de primeira instância e será constituída apenas 60 dias antes da eleição, extinguindo-se após o término dos trabalhos de apuração dos votos. É órgão transitório da justiça eleitoral. Sua composição se dá por um juiz de direito que é seu presidente, que pode ou não ser titular da zona eleitoral, e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, são indicados pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral depois de indicados pelo juiz eleitoral. O presidente da junta eleitoral pode nomear pessoas para exercerem as funções de escrutinadores e auxiliares, em número que atenda boa marcha dos trabalhos. O artigo 40 do código eleitoral confere as competências da junta eleitoral, sendo assim:
Art.40- Apurar, no prazo de 10 dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição;
- Resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração;
- Expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178;
- Expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
4. Funções da Justiça Eleitoral
 
A justiça eleitoral é composta por quatro funções: administrativa, consultiva, jurisdicional e normativa;
 
Função Administrativa: É encarregada por administrar todo o processo eleitoral, ela prepara e organiza todas as etapas a ele relacionadas, sendo o juiz eleitoral encarregado por administrar todo esse processo. Algumas de suas atividades são: transferência de domicílio eleitoral, alistamento eleitoral, medidas para impedir a prática de propaganda irregular, entre outros. 
 Função Consultiva: Encontra-se prevista nos artigos 23, XII, e 30, VIII, do código eleitoral. Determina que o superior tribunal eleitoral- STE e o tribunal regional eleitoral- TRE, devem responder questionamentos sobre os assuntos referentes à matéria eleitoral. As respostas às perguntas não vinculam outros tribunais ou juízes, porém, na prática são usados como referencias ou casos similares. 
 Função Jurisdicional: Serve para solucionar os conflitos de interesse e zelar pela uniformidade nas decisões eleitorais, suas principais atividades são: pedidos de registro de candidatos; representações sobre propaganda eleitoral; ações para apuração de crimes eleitorais, condutas vedadas a agentes públicos, captação ilícita de sufrágio, entre outros. Somando a isso é o ato do magistrado de compreender o Direito, em razão da lide, e resolvê-lo, tanto para a área cível ou criminal – é a chamada jurisdição contenciosa. Existe também a jurisdição voluntária, que apesar de não ser jurisdição propriamente dita (é uma atividade administrativa).
 
Função Normativa: É a função de se expedir instruções e resoluções. Está descrita no art. 1° parágrafo único e art. 23. IX, do código eleitoral e que lhes permite expedir resoluções e instruções para a execução de lei eleitorais, entre elas o código eleitoral. O conteúdo vindo dessas normas tem o propósito de regular as matérias de competência do órgão colegiado que as instituiu. 
4. Considerações finais
	
A Justiça Eleitoral em seu contexto histórico mostrou-se uma instituição forte garantindo lisura em seu processo, embora nos faça refletir na atualidade como um sistema frágil, porém desde o princípio teve a responsabilidade de oferecer soluções a problemas políticos de cunho eleitoral.
O protagonismo do Poder judiciário no processo eleitoral permitiu que mesmo em meio a cenários ditatoriais, seu papel de manter, mesmo que mascarada, uma democracia representativa, valorizando posteriormente o princípio da Soberania Popular em proporcionar ao povo uma eleição justa e com resultado seguros. 
	
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24.02.1881. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm>. Acesso em 13 de outubro de 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05.10.1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 13 de outubro de 2017.
MENDES, I'talo Fioravanti Sabo. "O Decreto-Lei nº 7.586/1945 e a Reconstrução da Justiça Eleitoral no Brasil: uma análise jurídica e político-institucional", in CARVALHO NETO, Tarcísio Vieira de e FERREIRA, Telson Luís Cavalcante (coord.). Direito Eleitoral — aspectos materiais e processuais. São Paulo: Migalhas, 2016.
MOISÉS, José Álvaro. "Democracia", in GIOVANNI, Geraldo de e NOGUEIRA, Marco Aurélio (organizadores). Dicionário de Políticas Públicas, 2ª edição. São Paulo: Editora da Unesp; Fundap, 2015.
PORTO, Walter Costa. O Voto no Brasil — Da Colônia à 6ª. República, 2ª. edição revista. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.
VALE, Teresa Cristina de Souza Cardoso. Pré-história e História da Justiça Eleitoral. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História. São Paulo, julho de 2011.

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