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CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
PROFESSOR IZAÍAS CORDEIRO DE LIMA
DIREITO CONSTITUCIONAL
INTRODUÇÃO
Inicialmente faz-se necessário compreender o significado de direito constitucional. 
O direito constitucional é matriz do ordenamento jurídico, fundamental à organização e estrutura política do Estado. 
Segundo José Afonso da Silva, o direito constitucional estabelece a estrutura do Estado, organiza os órgãos e instituições, regula a aquisição, exercício e transmissão do poder, bem como a limitação desse poder por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais aos cidadãos.
Alguns doutrinadores costumam definir direito constitucional como ramo do direito público.
Entretanto, a doutrina moderna, nos trilhos do entendimento de Hans Kelsen, entende o direito constitucional como matriz de todo ordenamento jurídico do Estado, e não simplesmente como ramo do direito público. 
Por isso, Marcelo Novelino, tendo em conta que a Constituição é o fundamento de validade de todo ordenamento jurídico, afirma que o direito constitucional é mais do que ramo do direito público, é o tronco do qual derivam todos os ramos do direito.
Matérias constitucionais em sentido estrito
As matérias constitucionais em sentido estrito abrangem tão somente as normas que sejam fundamentais para organização do Estado.
São elas:
a) Estrutura do Estado (forma de Estado, forma de Governo, Sistema de Governo);
b) Distribuição de competências;
c) Aquisição, exercício e transmissão do poder;
d) Divisão funcional do poder;
e) Limitação do poder estatal, através da previsão de direitos e garantias fundamentais aos cidadãos.
ESTADO E CONSTITUIÇÃO
Estado
O Estado pode ser conceituado como sociedade politicamente organizada, em determinado território, dotada de soberania. 
Assim, temos como elementos necessários para existência do Estado: 
a) Povo: é o elemento humano do Estado que se organiza em sociedade política.
O povo de um Estado é formado pelas pessoas que mantêm um vínculo jurídico-político de nacionalidade com o Estado, chamados de nacionais (brasileiros natos, art. 12, I, CF ou naturalizados, art. 12, II, CF).
b) Território: é o elemento físico sobre o qual o povo se organiza. O território é o limite da ação jurídica e política do Estado.
c) Governo soberano: é o elemento de poder que se exerce sobre determinado território. 
A doutrina define a soberania como poder político supremo e independente.
Poder político supremo: o poder internamente é superior a todos os demais poderes.
Poder político independente: o poder externamente não se submete a nenhum outro poder, ou seja, encontra-se em pé de igualdade com todos os outros Estados.
Constituição
A Constituição é a lei fundamental do Estado, pois serve como instrumento para sua organização. 
Nesse sentido, a Constituição independe da existência de um texto escrito, pois haverá organização do Estado ainda que não haja Constituição escrita.
A Constituição como lei fundamental e instrumento de organização do Estado é chamada de Constituição material do Estado. E nesse sentido, todo Estado possui uma Constituição, por mais rudimentar que seja sua estrutura. Pois, a própria definição de Estado pressupõe a organização política.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
As diversas concepções de Constituição foram elaboradas para servir fundamento para a Constituição.
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA
Esse fundamento foi elaborado por Ferdinand Lassalle em 1862 (Essência da Constituição), segundo o qual a Constituição de um Estado é a soma dos fatores reais do poder que nele atuam. Para Ferdinand Lassalle, fatores reais do poder são as forças políticas atuantes na conservação das instituições.
Nesta concepção a Constituição é vista como fato social, e não como norma jurídica. A Constituição deve ser reflexo da realidade social do país.
Assim, segundo Lassalle, existem duas constituições: 
a) Constituição real: é o reflexo da realidade social do país, sendo uma Constituição efetiva e verdadeira (seja ela escrita ou não escrita);
b) Constituição escrita: se não refletir a realidade social do país, não passará de uma simples folha de papel. 
CONCEPÇÃO POLÍTICA
Esse fundamento foi elaborado por Carl Schmitt em 1928 (Teoria da Constituição), segundo o qual a Constituição é fruto de uma decisão política fundamental.
Segundo Schmitt, a Constituição não tem fundamento em outra norma jurídica que lhe dê validade, mas tem seu fundamento em uma decisão política fundamental oriunda do poder constituinte.
Portanto, a Constituição surge de uma vontade do poder constituinte, fruto da vontade política fundamental de organizar o Estado.
Por isso é que Carl Schmitt estabeleceu a divisão entre Constituição e leis constitucionais.
Somente as normas essenciais para organização do estado (estruturação dos órgãos e instituições estatais, atribuição de competência, aquisição, exercício e transmissão do poder, divisão funcional do poder, limitação do poder) seriam fruto da decisão política fundamental, consideradas como Constituição.
As demais normas, previstas na Constituição, mas não essenciais para organização do Estado não seriam fruto da decisão política fundamental, por isso são consideradas como leis constitucionais.
CONCEPÇÃO JURÍDICA
Esse fundamento foi desenvolvido por Hans Kelsen (Teoria pura do direito), segundo o qual a Constituição é norma jurídica pura, sem qualquer consideração de ordem sociológica, política ou filosófica.
Kelsen desenvolveu dois fundamentos para a Constituição: sentido lógico-jurídico e sentido jurídico positivo.
No sentido lógico-jurídico, a Constituição é a norma hipotética fundamental, tendo por função servir de fundamento lógico para validade da Constituição em sentido jurídico-positivo.
A norma é definida como fundamental porque serve de fundamento para Constituição no sentido jurídico-positivo.
A norma é definida como hipotética porque só existe hipoteticamente, abstratamente, não se encontrando positivada em lugar algum.
Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, esse fundamento de ordem hipotética e fundamental era necessário para o sistema proposto por Kelsen, pois ele não admitia como fundamento da Constituição argumentos de ordem política, sociológica e filosófica. Sendo assim, fez-se necessário a elaboração de um fundamento pressuposto (não positivado) para Constituição.
No sentido jurídico-positivo, a Constituição é compreendida como conjunto de norma positiva e suprema.
A norma é positiva porque se encontra escrita na Constituição do Estado. 
A norma é suprema porque está no ápice do ordenamento jurídico e serve de fundamento de validade para todas as demais normas jurídicas. 
Da supremacia da norma constitucional é que surge o princípio da hierarquia das normas, na medida em que a norma inferior (ex. decreto regulamentar) busca seu fundamento de validade na norma superior (ex. lei ordinária ou lei complementar), e esta por consequência busca seu fundamento de validade na Constituição.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto à origem
De acordo com esse critério a Constituição pode ser outorgada, democrática ou cesarista.
Outorgada
É aquela imposta de maneira unilateral pelo agente ou grupo detentor do poder político, sem que haja participação popular, seja direta ou indireta. 
Nesse tipo de Constituição o detentor do poder político simplesmente estabelece uma pequena limitação ao seu próprio poder.
Exemplo: CF de 1824, império; CF de 1937, Polaca; CF de 1967, ditadura militar
Democrática (promulgada, votada ou popular.)
É aquela que nasce como fruto do trabalho do Poder Constituinte Originário, sendo produzida com a participação popular, seja a participação democrática direta (plebiscito ou referendo), ou participação democrática indireta representativa (eleição de Assembleia Nacional Constituinte). 
Exemplo: CF de 1934, democrática social; CF de 1946, redemocrática; CF de 1988, redemocrática.
Cesarista
É aquela imposta unilateralmente pelo detentor do poder político, mas que foi submetida à consulta popular por meiodo plebiscito ou referendo. Essa participação popular não é democrática, pois visa tão somente imprimir alguma legitimidade ato impositivo.
Exemplo: Constituição do Chile de 1981 imposta por Pinochet.
Quanto à forma
De acordo com esse critério a Constituição pode ser escrita ou não escrita.
Escrita (instrumental)
É aquela formada por um conjunto de regras sistematizadas por um órgão constituinte incumbido dessa tarefa, estabelecendo as regras fundamentais para organização do Estado.
Exemplo: todas as Constituições brasileiras.
A Constituição escrita pode ser:
Codificada ou unidocumental: ocorre na situação em que as normas constitucionais estão agrupadas em um só código ou documento.
Não codificada ou pluridocumental: ocorre na situação em que as normas constitucionais estão espalhadas por vários códigos ou documentos.
OBS: na atualidade a CF de 1988 pode ser classificada como Constituição escrita não codificada ou pluridocumental, em face da possibilidade de convenção internacional de direitos humanos aprovados com o quórum de emenda constitucional ser equivalente a emenda constitucional (art. 5º, § 3º, CF)
Não escrita (consuetudinária ou costumeira)
É aquela que não foi elaborada por um órgão incumbido da tarefa constitucional, sendo que suas normas se formaram de precedentes judiciais, leis esparsas, convenções e costumes. 
Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, na Constituição consuetudinária também existem normas escritas. Entretanto, a diferença reside no fato de que na Constituição escrita as normas escritas foram elaboradas por um órgão especialmente incumbido da tarefa constitucional. Enquanto que na Constituição consuetudinária as normas quando escritas foram cristalizadas em leis esparsas ou convenções, sem que um órgão especial incumbido da tarefa constitucional as elaborassem.
Exemplos: Constituição inglesa, neozelandeza.
Quanto à elaboração
De acordo com esse critério a Constituição pode ser dogmática ou histórica.
Dogmática
É aquela formada racionalmente por um órgão constituinte, em um momento específico, com a observância da teoria política e os dogmas do direito dominante naquele momento.
Exemplo: todas as Constituições brasileiras.
OBS: toda Constituição dogmática é necessariamente escrita.
Histórica
É aquela que se forma lenta e continuamente no decorrer da história de um povo e evolução da sociedade, refletindo as tradições desse povo.
Exemplo: Constituição inglesa.
OBS: a Constituição histórica corresponde a uma Constituição consuetudinária.
Quanto ao conteúdo
De acordo com esse critério a Constituição pode ser material ou formal.
Material
É aquela que contém normas (sejam escritas ou não escritas) fundamentais para organização do Estado, tais como:
a) Forma de Estado, forma e sistema de Governo;
b) Divisão funcional do poder; 
c) Distribuição da competência; 
d) Aquisição, exercício e transmissão do poder político; 
e) Limitação do poder estatal.
De acordo com esse critério, o importante para identificar a norma como constitucional é o seu conteúdo. Não importa a forma como essa norma foi inserida no ordenamento jurídico.
Sob esse aspecto, pode-se afirmar que todo Estado possui uma Constituição, pois se encontra impregnado no próprio conceito de Estado. Haja vista que não existe Estado sem organização política no respectivo território, por mais rudimentar que sejam as suas estruturas.
De acordo com esse critério, é possível encontrar uma norma constitucional fora do texto da Constituição escrita. Basta que essa norma diga respeito à organização fundamental do Estado, não importando o processo como foi elaborada.
Formal
É aquela elaborada por um órgão especialmente designado para tarefa constituinte, com a observação de um procedimento especial para inserção da norma no ordenamento jurídico. 
Na acepção formal, o que define a norma como constitucional é a forma como inserida no ordenamento jurídico. Não possuindo importância o seu conteúdo ou matéria. 
Assim, qualquer norma prevista na Constituição será considerada norma constitucional, não importando se seu conteúdo diz respeito à organização fundamental do Estado.
Todas as normas constantes da Constituição escrita formal gozam do mesmo tratamento jurídico e possuem o mesmo grau de supremacia no ordenamento jurídico, devendo ser observadas pelo legislador infraconstitucional.
Quanto à alterabilidade
Quanto à alterabilidade (estabilidade, mutabilidade) a constituição pode ser rígida, flexível ou semirrígida. 
Rígida
É aquela que exige, para modificação de seu texto (por meio de emenda), um procedimento legislativo especial e solene, mais árduo e dificultoso do que o processo legislativo para elaboração das normas infraconstitucionais.
Esse procedimento mais dificultoso para modificação da norma constitucional consiste em:
a) Iniciativa de proposta de emenda constitucional restrita a alguns órgãos (Presidente da República, 1/3 do Senado, 1/3 da Câmara dos Deputados, mais da metade das Assembleias Legislativas das Unidades Federativas). 
b) Votação em dois turnos, nas duas casas do Congresso Nacional;
c) Quórum de 3/5 (três quintos) dos membros em cada casa legislativa para aprovação da emenda.
Exemplo: Constituição brasileira de 1988.
A Constituição rígida tem como consequência a supremacia formal da Constituição. Surgindo daí o princípio da hierarquia do ordenamento jurídico (sistema piramidal do ordenamento jurídico), onde as normas constitucionais situam-se no ápice do ordenamento, numa posição de supremacia, enquanto as demais normas infraconstitucionais se encontram na base da pirâmide.
Da supremacia formal da Constituição surge o sistema de controle de constitucionalidade das normas infraconstitucionais, emendas constitucionais e Constituições Estaduais, onde todas as demais normas devem estar em conformidade com a Constituição Federal. 
OBS: Assim, compreende-se que a rigidez constitucional não impede a emenda da Constituição, mas tão somente dificulta a emenda, com a finalidade de garantir estabilidade e supremacia da Constituição.
Flexível 
É aquela que não possui um processo legislativo mais árduo e dificultoso para alteração de seu texto do que o processo legislativo para alteração das demais normas infraconstitucionais.
Na Constituição flexível o mesmo processo legislativo para alteração de uma lei infraconstitucional é usado para alteração da norma Constitucional.
Nos Estados que adotam Constituição flexível não existe supremacia formal da Constituição sobre as demais normas infraconstitucionais, pois qualquer lei posterior altera a Constituição se com ela for incompatível.
Assim, a falta de supremacia formal da Constituição tem como consequência a ausência do sistema de controle de constitucionalidade, pois as normas do ordenamento jurídico estão em um mesmo nível de hierarquia, não havendo superioridade formal da norma Constitucional.
Semirrígida (semiflexível)
É aquela que exige um procedimento especial e solene (mais dificultoso do que o procedimento de criação das leis infraconstitucionais) para alteração de algumas normas da Constituição.
Entretanto, admite o procedimento simples (procedimento de criação das leis infraconstitucionais) para alteração de determinadas normas da Constituição.
Exemplo: Constituição brasileira de 1824, art. 178 (Constituição do Império).
OBS: segundo a doutrina, nem toda Constituição escrita é, necessariamente, rígida. Entretanto, a tendência atual é elaboração de constituição escrita e rígida.
Outras classificações quanto à alterabilidade
Constituição superrígida
Essa classificação foi elaborada por Alexandre de Moraes, onde considera as constituições que contém cláusulas pétreas como superrígida, pois podem ser alteradas por meio de procedimento rígido, mas no que tange às cláusulas pétreas não podem sofrer alteração.
A doutrina critica essa classificação, pois as cláusulas pétreas podem ser alteradas, só não podendo ser suprimidas da Constituição.
Constituição imutável
É aquela Constituição que nãoadmite alteração de seu texto, seja qual for o procedimento. 
Esse tipo de Constituição não é aceitável na atualidade, pois a Constituição precisa ser alterada para acompanhar o desenvolvimento da sociedade.
Constituição fixa
É aquela que pode sofrer alteração de seu texto somente por meio do mesmo poder que a criou, ou seja, Poder Constituinte Originário.
Constituição transitoriamente flexível
É aquela que, de regra, é rígida, mas em determinado momento por ela mesma previsto, admite sua modificação por um procedimento simples (procedimento de criação das leis infraconstitucionais).
Exemplo: Constituição brasileira de 1988, pois no artigo 3º do ADCT admitiu o procedimento de revisão da Constituição.
Quanto à extensão
Quanto a esse critério a Constituição pode ser analítica (prolixa ou extensa) ou sintética (concisa ou sucinta).
Analítica
É aquela que aborda assuntos que não estão relacionados à organização fundamental do Estado, estabelecendo normas que deveriam estar previstas em normas infraconstitucionais. 
Assim, além dos assuntos essenciais a organização do Estado, aborda assuntos que não tem relação com a organização do Estado.
É chamada de analítica porque desce a minúcias e tem conteúdo extenso.
Exemplo: Constituição brasileira de 1988.
Sintética
É aquela que veicula somente normas relacionadas à organização fundamental do Estado, ou seja, versa somente sobre matéria estritamente constitucional.
A Constituição sintética não tem preocupação de regulamentar assunto não relacionado com a organização do Estado. Por isso, resulta numa Constituição concisa ou sucinta.
É chamada de sintética porque não desce a minúcias e tem conteúdo sucinto.
Exemplo: Constituição estadunidense de 1787.
Quanto à finalidade
De acordo com esse critério a Constituição pode ser garantia ou dirigente.
Garantia
É aquela que busca assegurar aos cidadãos as liberdades-negativas ou liberdades-impedimentos, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais.
A Constituição garantia busca a limitação e abstenção do poder de ingerência do Estado na esfera particular do cidadão, com a finalidade de proteger as liberdades públicas.
Esse tipo de Constituição é típico dos Estados liberais, surgiu dos movimentos iluministas e constitucionais clássicos do século XVIII e concretizou os direitos fundamentais de primeira geração.
Exemplo: Constituição estadunidense.
Dirigente (programática)
É aquela que se caracteriza por conter normas definidoras de programas e diretrizes estatais a serem concretizados pelos poderes públicos.
A Constituição programática busca exigir que o Estado implemente prestações positivas tendentes a concretizar os direitos sociais.
Esse tipo de Constituição é típico dos Estados sociais prestacionistas, surgiu dos movimentos sociais do século XX, principalmente do movimento pós segunda guerra e concretiza os direitos fundamentais de segunda geração.
Exemplo: Constituição brasileira de 1988.
Quanto à realidade
Quanto a realidade (critério ontológico) a Constituição pode ser normativa, nominativa ou semântica.
Normativa
É aquela que busca regular a vida política do Estado (organizar e limitar o poder) e efetivamente consegue esse objetivo, pois se encontra de acordo com a realidade social e política do Estado.
Assim, existe correspondência entre a realidade social e política do Estado e o texto constitucional. 
OBS: a Constituição brasileira é considerada normativa.
Nominativa
É aquela que busca regular a vida política do Estado (organizar e limitar o poder), mas não consegue concretizar esse objetivo, pois não se encontra em consonância com a realidade social e política do Estado.
Assim, não existe correspondência entre a realidade social e política do Estado e o texto constitucional.
Semântica
É aquela que não tem a pretensão de regular a vida política do Estado, não busca limitar o poder, busca somente conferir legitimidade aos detentores do poder.
Quanto à decretação
Quanto a decretação a Constituição pode ser autoconstituição ou heteroconstituição.
Autoconstituição
É aquela que foi elaborada pelos próprios órgãos do Estado que busca organizar.
Assim, o próprio Estado é quem elabora sua Constituição.
Exemplo: Todas as Constituições brasileiras.
Heteroconstituição
É aquela que foi elaborada por órgão distinto do Estado que busca organizar.
Assim, outro Estado ou Organismo internacional é quem elabora a Constituição para determinado Estado.
Exemplo: Constituições da Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Estrutura da Constituição 
A Constituição Federal de 1988 apresenta a seguinte estrutura:
a) Preâmbulo;
b) Parte dogmática ou corpo;
c) Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Preâmbulo
Segundo Jorge Miranda, o preâmbulo é proclamação mais ou menos solene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado constitucional, mas não é componente necessário de qualquer Constituição, mas tão somente elemento natural de Constituição feita em momento de ruptura histórica.
A grande discussão se refere à natureza jurídica do preâmbulo. Segundo Jorge Miranda, três posições se formaram:
1) Tese da irrelevância jurídica: O preâmbulo situa-se no domínio da política, sem relevância jurídica;
2) Tese da plena eficácia jurídica: O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais;
3) Tese da relevância jurídica indireta: o preâmbulo participa das características da Constituição, mas não deve ser confundido com a parte dogmática.
A posição que prevalece no Brasil é a tese da irrelevância jurídica, pois segundo o Supremo Tribunal Federal o preâmbulo não apresenta relevância jurídica, pois se encontra no domínio da política refletindo posição ideológica do constituinte. Ademais, o preâmbulo não é de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro.
Por isso, Pedro Lenza conclui que o preâmbulo não tem força normativa, não cria direitos ou obrigações, servindo apenas para rumo interpretativo das normas constitucionais.
Parte dogmática ou corpo
A parte dogmática da Constituição compreende as normas que dizem respeito à organização do Estado, servindo de fundamento para todo ordenamento jurídico.
A parte dogmática é que apresenta força normativa da Constituição, devendo ser observada por todos os órgãos e instituições, pois é o parâmetro de validade das normas infraconstitucionais. 
Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
O ADCT compreende as normas constitucionais referentes a transição de um regime constitucional anterior para novo regime constitucional, evitando a descontinuidade da normatização constitucional a respeito de institutos fundamentais.
O ADCT, segundo a doutrina, apresenta a mesma natureza das normas constantes da parte dogmática da Constituição, ou seja, apresenta a mesma força normativa constitucional e hierarquia às demais normas da Constituição.
Por isso, pode ser invocado como parâmetro de constitucionalidade das normas, devendo ser observado por todos os órgãos e entes federativos.
Ademais, qualquer mudança nas normas do ADCT deve observar o procedimento de alteração das normas constitucionais, pois apresenta a mesma natureza.
Finalmente, resta informar que segundo a classificação de Uadi Lammêgo Bulos, as normas do ADCT apresentam eficácia esvaída, exaurida ou esgotada, pois são normas de caráter transitório, esgotando toda sua força normativa com a concretização de seus comandos.
Elementos da Constituição
Essa estruturação da Constituição foi construída por José Afonso da Silva, a partir do detalhamento em espécie das normas constitucionais. O jurista especificou 5 elementos na Constituição Federal de 1988.
1) Elementos orgânicos: são aqueles referentes às normas que regulam a estruturação do Estado e do poder.
Exemplos: a) Título I (Dos Princípios Fundamentais); b) Título III (Da Organização do Estado); c) Título IV (Da Organização dos Poderes); d) Título VI (Da Tributação e do Orçamento).
2) Elementos limitativos: sãoaqueles referentes às normas que limitam o poder do Estado, através da previsão de direitos e garantias fundamentais.
Exemplo: Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais) com exceção do capítulo II do referido Título.
3) Elementos socioideológicos: são aqueles referentes às normas que consagram o Estado social (estado do bem estar social).
Exemplo: a) Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais); b) Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira); c) Título VIII (Da Ordem Social).
4) Elementos de estabilização constitucional: são aqueles referentes às normas que asseguram a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
Exemplo: a) Artigo 34 a 36 da CF/88 (Da Intervenção Federal e Estadual); b) Título V ( Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas); c) Artigos 102 e 103 da CF/88 (Da Jurisdição Constitucional); d) Artigos 59 e 60 da CF/88 (Da Emenda a Constituição).
5) Elementos formais de aplicabilidade: são aqueles que se referem às normas que estabelecem regras de aplicação da Constituição.
Exemplo: a) Atos das Disposições Constitucionais Transitórias; b) Artigo 5º, § 1º, CF/88.
Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Antes de adentrarmos na classificação da eficácia das normas constitucionais, faz-se necessário entendermos alguns conceitos relevantes para matéria.
Vigência da norma
Considera-se vigente uma norma desde o momento de sua elaboração pelo órgão estatal. Refere-se à existência da norma no mundo jurídico. 
O fato de o órgão estatal que elaborou a norma ser incompetente para tal tarefa reflete na validade da norma, e não na vigência.
Validade da norma
Considera-se válida uma norma desde que esteja de acordo com a norma superior que seja seu fundamento de validade. 
Assim, um decreto será válido se estiver de acordo com a lei que regulamenta. Uma lei será válida se estiver em consonância com a Constituição. Observe, então, que a validade da norma está relacionada com a hierarquia do ordenamento jurídico, onde a norma inferior busca seu fundamento na norma superior.
Eficácia da norma (eficácia jurídica)
A eficácia jurídica da norma diz respeito à aptidão para produzir os efeitos que lhe são próprios. 
Em regra, a norma é eficaz desde o momento de sua vigência (existência no mundo jurídico), mas é possível que determinada norma tenha vigência e não tenha eficácia, como no caso da norma que altera o processo eleitoral, que entra em vigor na data de sua publicação, mas só tem aplicabilidade (eficácia) para as eleições que ocorra 1 ano após (art. 16, CF).
Efetividade (eficácia social)
A eficácia social pressupõe a eficácia jurídica.
A eficácia social da norma diz respeito a capacidade para cumprir concretamente sua finalidade para a qual foi criada. 
Assim, se a norma tiver aplicação concreta, resolvendo os problemas para o qual foi criada, terá eficácia social.
Classificação quanto ao grau de eficácia
A doutrina moderna entende que toda norma constitucional é dotada de eficácia jurídica, embora possa haver diferentes graus de eficácia conforme atribuídos pelo legislador constitucional. 
Classificação de José Afonso da Silva
O citado autor, em seus estudos sobre a eficácia das normas constitucionais, dividiu em três espécies:
1) Norma de eficácia plena
As normas de eficácia plena são aquelas que desde o momento de sua entrada em vigor tem a possibilidade de produzir todos os seus efeitos, pois o legislador constituinte regulou suficientemente seus interesses, não reclamando a regulamentação por norma infraconstitucional.
Como o legislador constituinte já atribuiu à norma eficácia suficiente para aplicação, não necessita de lei infraconstitucional para complementar seu alcance, ou seja, sua eficácia não depende do legislador infraconstitucional.
As normas de eficácia plena têm aplicabilidade direta, imediata e integral.
Exemplos
a) Os princípios fundamentais do Estado (art. 1º, CF);
b) Divisão funcional dos poderes (art. 2º, CF); 
c) Distribuição de competência (arts. 21, 22, 23 e 24, CF).
2) Norma de eficácia contida
As normas de eficácia contida são aquelas que desde o momento de sua entrada em vigor tem possibilidade de produzir todos os seus efeitos, pois o legislador constituinte regulou suficientemente seus interesses. Porém, podem sofrer limitação e restrição de sua eficácia pelo legislador infraconstitucional ou por outras normas constitucionais.
Como o legislador constituinte deixou margem de restrição para o legislador infraconstitucional, este pode restringir a norma constitucional por meio de uma lei.
Entretanto, enquanto não sobrevier a lei restringindo a norma constitucional, esta tem eficácia plena. Entretanto, quando vier a lei restringindo a norma constitucional, haverá diminuição de seu âmbito de aplicação.
As normas de eficácia contida têm aplicabilidade direta, imediata, mas não integral após a regulamentação, pois estão sujeitas a limitação de sua eficácia e aplicabilidade.
A restrição da norma constitucional pode surgir:
a) Por meio de norma infraconstitucional;
Exemplos
a) Prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares (art. 5º, VII, CF);
b) Exercício da escusa de consciência por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política (art. 5º, VIII, CF);
c) Livre exercício de trabalho, ofício e profissão (art. 5º, XIII, CF);
d) Livre locomoção no território nacional em tempo de paz (art. 5º, XV, CF);
e) Publicidade dos atos processuais (art. 5º, LX, CF).
b) Por meio de norma constitucional.
Exemplos
a) Restrições: aos direitos de reunião; sigilo de correspondência e sigilo da comunicação telegráfica e telefônica (art. 136, § 1º, I, CF);
b) Restrições: da liberdade de ir e vir; da inviolabilidade da correspondência; do sigilo das comunicações; da prestação de informações e da liberdade de imprensa; suspensão da liberdade de reunião (art.139, CF).
3) Normas de eficácia limitada
As normas de eficácia limitada são aquelas que não têm a possibilidade de produzir, desde sua entrada em vigor, todos os seus efeitos, pois o legislador constituinte não regulamentou suficientemente todos seus interesses. Por isso, necessitam de uma lei infraconstitucional integrativa que lhe desenvolva sua eficácia.
Assim, a norma de eficácia limitada necessita de uma atuação posterior do legislador infraconstitucional para que produza todos os seus efeitos.
Enquanto não editada a lei infraconstitucional, não tem o poder de produzir todos os seus efeitos.
As normas de eficácia limitada, no tocante aos efeitos positivos, são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois somente incidem plenamente a partir de sua regulamentação infraconstitucional.
Exemplos
a) Indenização compensatória por despedida arbitrária ou sem justa causa (art. 7º, I, CF);
b) Direito de greve do servidor público (art. 37,VII, CF);
c) Acesso do estrangeiro a cargos e empregos públicos (art. 37, I, CF);
d) Aposentadoria especial para servidor público (art. 40, § 4º, CF).
Efeitos diretos e imediatos das normas de eficácia limitada
As normas de eficácia limitada produzem alguns efeitos diretos, imediatos e vinculantes, no tocante aos efeitos negativos, quais sejam:
a) Vinculam o legislador infraconstitucional aos seus vetores, com a consequente inconstitucionalidade da norma infraconstitucional posterior que a ferirem (efeito negativo impeditivo);
b) Vinculam a legislação infraconstitucional aos seus vetores, com a consequente não recepção de norma infraconstitucional anterior que lhe seja contrária (eficácia negativa paralisante);
c) Estabelecem um dever de regulamentação para o legislador infraconstitucional;
d) Constituem sentido para interpretação da Constituição;
Ainda, José Afonso da Silva divide as normas de eficácia limitada em normas de definidoras de princípio institutivo ou organizativo e normas definidoras de princípio programático.
Normas de definidoras de princípio institutivo ou organizativo
São aquelas que contêm esquemas gerais de estruturação de órgãose entidades, devendo o legislador infraconstitucional concretizar essas normas através da criação e organização dos órgãos e entidades.
Exemplos
a) Criação e organização de Estados e Municípios (art. 18, §§ 3º e 4º, CF);
b) Criação de região metropolitana (art. 25, § 3º, CF);
c) Organização do Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional (art. 90, § 2º e art. 91, § 2º, CF);
d) Organização da justiça dos Estados (art. 125, CF);
e) Organização das Forças Armadas (art. 142, CF).
Normas definidoras de princípio programático
São aquelas que veiculam programas a serem implementados pelo Estado, exigem do Estado a atuação para concretização das prestações positivas prevista nestas normas.
Assim, compreende-se que as normas programáticas se dirigem ao Estado para que concretize os programas estabelecidos pelo legislador constituinte.
Exemplos
a) Direito à tecnologia (art. 218, CF);
b) Direito à saúde (art. 196, CF);
c) Direito à educação (art. 205, CF);
d) Direito à cultura (art. 215, CF);
e) Direito à previdência, ao trabalho, à segurança, à moradia (art. 6º, CF).
	Norma de eficácia contida
	Norma de eficácia limitada
	Tem aplicabilidade direta e imediata, isso porque o direito nela previsto pode ser exercido imediatamente, sem necessidade de lei infraconstitucional.
	Tem aplicabilidade indireta e mediata, isso porque o direito nela previsto somente pode ser exercido após a regulamentação pela lei infraconstitucional.
	A lei infraconstitucional servirá para restringir a eficácia da norma e impor limites.
	A lei infraconstitucional servirá para tornar viável o exercício do direito previsto na norma constitucional.
	Enquanto não for editada a lei infraconstitucional, a norma constitucional tem eficácia plena.
	Enquanto não for editada a lei infraconstitucional, não é possível o exercício do direito.
Princípios fundamentais
Os princípios fundamentais são as diretrizes fundamentais para organização e estrutura constitucional do Estado. 
Os princípios fundamentais estabelecem a forma de Governo, forma de Estado, regime político, fundamentos da República, divisão funcional do poder, objetivos fundamentais da República e princípios regentes da República na ordem internacional.
Princípio Republicano
A República é a forma de Governo adotada pela Constituição de 1988.
O Estado brasileiro somente se tornou República em 15 de novembro de 1889, através de um Decreto que instituiu a República provisoriamente. Somente com a Constituição de 1891 a República se tornou forma de Governo definitiva.
O princípio republicano está intimamente relacionado ao princípio democrático, que exalta a valorização dos interesses do povo. 
A forma de Governo do Estado está relacionada a maneira de instituição do poder na sociedade, bem como a relação entre governantes e governados.
A instituição do poder e a relação entre governantes e governados se descobrem através das características da República.
Características da República
a) Eletividade dos governantes pelo povo;
b) Alternância no poder, revelando a temporariedade dos mandatos;
c) Representatividade popular, possível graças à eletividade e temporariedade dos governantes;
d) Responsabilidade civil, penal, administrativa e política dos governantes;
e) Participação dos cidadãos no governo, direta ou indiretamente.
Princípio sensível
Em que pese entendimento em contrário, prevalece que a forma republicana de Governo não é considerada como cláusula pétrea pela Constituição, podendo ser objeto de emenda constitucional.
Entretanto, a forma republicana de Governo é um princípio constitucional sensível, cuja violação tem como consequência a intervenção da União no Estado ou Distrito Federal (art. 34, VII, a, CF).
Monarquia 
A outra forma de governo, atualmente, adotada em alguns Estados é a monarquia.
Características da monarquia
a) Hereditariedade do poder do monarca (passa do monarca para seu herdeiro);
b) Vitaliciedade no poder do monarca, pois o poder do monarca é perpétuo (existe até a morte ou renúncia em favor do herdeiro);
c) Não representatividade popular do monarca, pois não é eleito pelo voto popular;
d) Irresponsabilidade penal, administrativa e política do monarca.
Princípio federativo
A Federação é forma de Estado adotada pela Constituição de 1988.
O Estado brasileiro somente se tornou Federação em 15 de novembro de 1889, através de um Decreto, que instituiu a Federação provisoriamente. Entretanto, somente com a Constituição de 1891 a Federação foi adotada definitivamente.
A forma de Estado está relacionada a maneira como ocorre a distribuição do poder político no território do Estado. 
A forma federativa significa que o poder político está distribuído dentro do território, coexistindo várias unidades políticas dotadas de autonomia política.
Federação quanto à origem
A Federação por agregação ou movimento centrípeto tem sua origem a partir de um pacto celebrado entre Estados soberanos que cedem sua soberania para o ente Federal (dotado de soberania), enquanto que eles (ex-Estados soberanos) adquirem a autonomia.
Exemplo: Federação dos Estados Unidos da América.
A Federação por desagregação ou movimento centrífugo tem sua origem a partir da descentralização política e concessão de autonomia do ente soberano unitário para entes locais, que se tornam autônomos.
 Exemplo: Federação do Brasil.
Autonomia dos entes federados
A federação brasileira é formada por 4 unidades políticas autônomas, quais sejam: União (ordem central), Estados, Distrito Federal (ordem regional) e Municípios (ordem local).
A autonomia desses entes políticos é manifestada pela:
a) Auto-organização: capacidade própria de elaborar a Constituição para seu regimento (arts. 25, 29 e 32, CF);
b) Autogoverno: capacidade de eleger seus governantes (poder executivo e poder legislativo) e organizar a sua justiça (arts. 27, 28 e 125);
OBS: o Distrito Federal não dispõe de capacidade para organização de sua justiça (art. 21, XIII, CF).
OBS: os Municípios não organizam justiça.
c) Auto-administração: capacidade de exercer competências administrativa e tributária (art. 25, § 3º, CF). 
Características da federação
a) Descentralização política: a Constituição prevê núcleos de poder político autônomos;
b) Repartição de competência: a Constituição prevê a repartição de competência como forma de garantir a autonomia dos entes federativos;
c) Soberania do Estado Federal: os entes que compõem o Estado Federal gozam somente de autonomia, enquanto que a soberania somente pertence ao Estado Federal (República Federativa do Brasil).
d) Vedação da secessão: não se permite a separação dos entes federativos, pois o pacto federativo é indissolúvel;
e) Repartição de receitas tributárias: a forma de garantir autonomia financeira aos entes federativos ocorre por meio da repartição de receitas;
f) Intervenção: diante de situação de ameaça da Federação, o processo interventivo surge como meio de garantir a existência da Federação.
g) Guardião da Constituição: o Estado Federal surge a partir da Constituição e somente esta pode resguardá-lo, por isso necessário se faz a existência de um órgão guardião da Constituição Federal. No Brasil, esta função é exercida pelo STF.
Federalismo de segundo grau
Pelo fato de os Municípios observarem dois graus de normas superiores para elaboração de sua Lei Orgânica, a doutrina entende que o nosso federalismo é de segundo grau.
O poder de auto-organização dos Estados-membros e Distrito Federal observa somente um grau superior, ou seja, para sua organização, os Estados e Distrito Federal devem observar as normas previstas na Constituição Federal (arts. 25 e 32, CF).
Enquanto que o poder de auto-organização dos Municípios deve observar dois graus superiores, ou seja, para sua organização, os Municípios devem observar normas previstas na Constituição Federal e normas previstas na Constituição Estadual (art. 29, CF).
OBS: a banca CESPE entende que o federalismo brasileiroé de terceiro grau, pois formado por três ordens.
Cláusula pétrea 
A forma federativa de Estado é considerada cláusula pétrea na Constituição de 1988, não podendo ser objeto de emenda constitucional tendente a suprimi-la (art. 60, § 4º, I, CF).
Estado unitário
Outra forma de Estado adotado na atualidade é o Estado unitário. O Estado será unitário se existir um único centro de poder político dentro do território. 
Estado Unitário Puro: no Estado unitário puro todas as competências e decisões serão exercidas e executadas de maneira centralizada.
Estado Unitário descentralizado administrativamente: no Estado unitário descentralizado administrativamente as competências e decisões legislativas serão exercidas de maneira centralizadas, mas a execução das decisões políticas centrais é delegada a entes administrativos.
Estado Unitário descentralizado politicamente: no Estado unitário descentralizado politicamente as competências e decisões legislativas serão exercidas de maneira centralizadas, mas a execução das decisões políticas é delegada a entes administrativos com autonomia de decidir no caso concreto a execução mais conveniente.
	Federação
	Estado unitário descentralizado politicamente
	Descentralização política para decisão e execução.
	Descentralização política somente para execução das decisões centrais.
	Essa descentralização ocorre através da previsão constitucional de distribuição de competências legislativas próprias aos entes federativos.
	Essa descentralização não configura distribuição de competências legislativas próprias para os entes administrativos.
	A descentralização política na Federação ocorre para atribuir autonomia aos entes federativos de elaborar e executar suas decisões.
	A descentralização política no Estado unitário ocorre tão somente para atribuir autonomia aos entes administrativos de executar as decisões políticas centrais.
Confederação
Outra forma de Estado é a Confederação, que surge de uma união dissolúvel dos Estados soberanos, por meio de tratado internacional, onde é admissível o direito de secessão, pois a confederação pode ser dissolvida a qualquer momento.
	Federação
	Confederação
	Forma-se através de Constituição Federal
	Forma-se através de tratado internacional
	Entes dotados de autonomia
	Entes dotados de soberania
	Vedação de secessão 
	Direito de secessão 
Princípio da indissolubilidade do pacto federativo
Uma das características da federação é a indissolubilidade do pacto federativo, com a finalidade de conservação da unidade política nacional.
Uma vez criado o pacto federativo indissolúvel, não é admitido a qualquer ente federativo o direito de separação (secessão) da República. 
Assim, a Constituição veda o direito de secessão (separação) aos entes federados que compõe a República através da proibição da indissolubilidade do vínculo federativo.
A tentativa de separação de qualquer ente federativo tem como consequência a intervenção federal com o objetivo de manter a unidade política nacional (art. 34, I, CF).
Estado de direito e princípio democrático
O Estado de direito surgiu durante o movimento denominado iluminismo (movimento da burguesia do século XVIII), que buscava a limitação do poder do Estado. A limitação do poder estatal se dava pela exigência de abstenção do Estado na esfera particular do cidadão, chamada de liberdades-negativas ou direitos negativos. 
Assim, classicamente, o estado de direito está relacionado ao limite do poder estatal através da sujeição do Estado ao princípio da legalidade (obediência a lei).
O princípio democrático se manifesta pela garantia de participação popular no poder, e se apresenta como coluna do regime político, pois o poder emana do povo, direta ou indiretamente.
A democracia na antiguidade era entendida como vontade da maioria. Entretanto, segundo Marcelo Novelino, atualmente se entende a democracia para um sentido amplo (democracia formal e material), como: vontade da maioria, participação popular, eletividade dos governantes, alternância no poder, igualdade material, proteção aos direitos das minorias, pluralismo político e seguridade dos direitos fundamentais aos cidadãos.
O princípio democrático está estritamente ligado ao princípio da soberania popular, pois todo poder emana do povo, ou seja, o povo é quem titulariza o poder, enquanto que o exercício do poder pode ocorrer diretamente ou indiretamente.
Democracia direta: no regime político de democracia direta o povo exerce o poder sem que haja intermediários representantes. Nesse regime político, o povo cria as leis, administra a coisa pública e julga as questões públicas diretamente.
Exemplo: a democracia direta no Brasil se manifesta pelo voto direto, secreto e igual; pelo referendo e plebiscito popular e pela iniciativa popular de lei (art. 14, I, II e III, CF).
Democracia indireta (democracia representativa): no regime político de democracia representativa o povo exerce o poder através de representantes eleitos periodicamente. Nesse regime político, a criação das leis, administração da coisa pública e julgamento dos conflitos serão exercidos pelos representantes do povo.
Exemplo: a democracia representativa no Brasil se manifesta pela criação de leis, administração da coisa pública e julgamento dos conflitos serão exercidos pelos órgãos de poder.
Democracia semidireta (democracia participativa): no regime político de democracia participativa o povo exerce o poder através de representantes eleitos periodicamente, mas existe a manifestação de alguns institutos da democracia direta.
Exemplo: a democracia participativa no Brasil se manifesta pela conjugação da democracia representativa e democracia direta.
Fundamentos da República
A República Federativa do Brasil tem como fundamento:
1) A soberania
Primeiramente cumpre dizer que a soberania pertence ao Estado brasileiro, cujo nome oficial é República Federativa do Brasil. Os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) receberam tão somente a autonomia.
A soberania como fundamento do Estado é definida como poder político supremo e independente.
Poder político supremo: significa que dentro do território brasileiro o Estado goza de supremacia, na medida em que todos os demais poderes estão submissos ao poder do Estado.
Poder político independente: significa que fora do território brasileiro (relações internacionais) o Estado goza de independência e autodeterminação, na medida em que todos os Estados estão em pé de igualdade.
A soberania do Estado decorre do povo, artigo 1º, § único da CF (todo poder emana do povo, inclusive a soberania do Estado).
2) Cidadania
A cidadania como fundamento do Estado não se confunde com a cidadania no sentido técnico-político. 
A cidadania no sentido técnico-político se limita à atribuição de direitos políticos ativos ao povo.
A cidadania como fundamento do Estado é mais ampla, estando relacionada com a integração das pessoas ao gozo de direito de liberdade, igualdade material, de participação política.
A cidadania, nesse sentido, se revela como conceito aberto, pois à medida que o Estado democrático e social avança surge a necessidade de ampliação do conteúdo da cidadania.
3) Dignidade da pessoa humana
A dignidade da pessoa humana se revela como valor constitucional supremo, servindo de vetor para concretização dos direitos e garantias fundamentais.
Todos os direitos fundamentais (sociais, culturais, econômicos, liberdade, igualdade, vida, propriedade, segurança, privacidade) surgiram com a finalidade de tutelar e satisfazer a dignidade da pessoa humana. 
Feliz é a conclusão de Marcelo Novelino, no sentido de que existe uma relação de mútua dependência entre a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, pois ao mesmo tempo em que estes surgiram como uma exigência da dignidade para proporcionar dignidade humana, somente por meio desses direitos fundamentais a dignidade poderá ser respeitada, promovida e protegida.
A dignidade da pessoa humana também se revela comoconceito aberto, pois à medida que avançam as conquistas democráticas o conteúdo da dignidade humana se amplia.
4) Valorização social do trabalho e da livre iniciativa
A consagração constitucional da livre iniciativa revela que o Estado brasileiro adota como regime econômico o capitalismo, garantindo a liberdade de atuação econômica e profissional. 
A livre iniciativa garante que o indivíduo pode se dedicar a qualquer atividade econômica ou atividade profissional, sem que seja necessária autorização estatal para seu desempenho, salvo nos casos em que a lei exigir autorização (art. 170, § único e art. 5º, XIII, CF).
A consagração constitucional da valorização do trabalho revela que o Estado brasileiro deve proteger e valorizar as relações de trabalho, pois é a partir delas que surge a geração de riquezas para concretização da dignidade humana.
Por isso, a Constituição elevou a proteção do trabalho a status de direito e garantia fundamental (art. 7º, CF). Ainda, previu o trabalho como direito social na medida em que necessário para garantir o mínimo existencial da humana (art. 6º, CF).
Para finalizar, faz-se necessário asseverar que a Constituição elevou a valorização social do trabalho e a livre iniciativa como fundamentos para ordem econômica, devendo ser exercida para existência digna de todos (art. 170, CF).
5) Pluralismo político
O pluralismo político não deve ser entendido tão somente como possibilidade da existência de vários partidos políticos. O pluralismo político é muito mais que isso.
O pluralismo significa que Estado brasileiro deve reconhecer a diversidade de pensamentos, manifestações e exercícios.
Por isso, a Constituição garante o pluralismo partidário (art. 17, CF); religioso (art. 19 e art. 5º, VI, CF); econômico (art. 170, CF); cultural (art. 215, CF); meios de comunicação (art. 220, CF); intelectual (art. 5º, IV, CF); instituições de ensino (art. 206, III, CF).
Princípio da separação funcional do poder
Art. 2º - São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Segundo Marcelo Novelino, a repartição equilibrada do poder entre os diversos órgãos é feita de modo que nenhum deles possa ultrapassar os limites estabelecidos pela Constituição sem ser contido pelos demais.
Primeiramente cumpre informar que o poder não pertence à União, mas sim à República Federativa do Brasil, pois somente esta é dotada de soberania.
Ademais, segundo Rousseau, o poder é uno e indivisível, pois pertence ao Estado e emana do povo.
Por isso, quando se fala em repartição funcional do poder, quer significar que o poder se manifesta em funções (legislativa, administrativa e jurisdicional), as quais são exercidas por órgãos diferentes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
Função: é a maneira através da qual o Estado manifesta sua vontade.
Órgão: é o instrumento de que se vale o Estado para exercer a função.
A identificação de funções do Estado foi elaborada inicialmente por Aristóteles, em sua obra chamada “Política”. Aristóteles dividiu as funções estatais em três: função de criação das normas gerais; função de aplicação das normas ao caso concreto; função de julgar os conflitos surgidos dessa aplicação das normas.
Aristóteles identificou essas três funções, mas as descrevia como sendo exercidas exclusivamente pelo soberano, que detinha o poder supremo.
O avanço da divisão funcional do poder coube a Montesquieu, em sua obra “Do Espírito das Leis”, no século XVIII, a partir da identificação das três funções do Estado esboçada por Aristóteles. 
Montesquieu inovou a teoria de Aristóteles, ao sistematizar a divisão funcional do poder em três funções que deveriam ser exercidas por três órgãos distintos e independentes entre si.
O mérito da obra de Montesquieu não se encontra em identificar as três funções do Estado, mas, sim, na atribuição de cada função ao órgão independente, fazendo com que um órgão exerça o controle sobre o outro órgão (controle recíproco). 
Assim, um órgão serve de limite ao outro órgão, pois segundo Montesquieu, a limitação a um poder somente é possível por outro poder capaz de limitá-lo.
A teorização de Montesquieu surgiu como contraponto ao absolutismo monárquico e serviu de fundamento para as revoluções do século XVIII na Europa e América do Norte.
Apesar de Montesquieu ter sistematizado a limitação do poder através da tripartição de funções, pregou uma divisão funcional do poder de maneira rígida, onde cada órgão exercia sua função sem que houvesse qualquer interpenetração por parte de outro órgão.
Somente com americanos (Hamilton, Madison e John Jay) na obra “O Federalista” é que surgiu a possibilidade do exercício da função de maneira flexível, através de uma interpenetração e harmonia entre os órgãos de poder. 
O exercício harmônico do poder, de maneira flexível, tem como consequência o surgimento do exercício das funções típicas e atípicas pelos órgãos. A função típica é exercida predominantemente, enquanto que a função atípica é exercida acessoriamente.
O modelo esboçado pela doutrina americana foi adotado no Brasil pela Constituição de 1988, tendo em vista que cada de poder exerce sua função típica (predominante) e duas funções atípicas (acessórias)
Legislativo: exerce a função de inovar o ordenamento jurídico (função legislativa típica). Exerce a função de julgar os crimes políticos praticados por algumas autoridades (função jurisdicional atípica). Exerce também a função de administrar as casas legislativas (função executiva atípica).
Executivo: exerce a função de administrar a coisa pública (função executiva típica). Exerce a função de julgar o contencioso administrativo (função judiciária atípica). Exerce também a função de inovar o ordenamento jurídico através da lei delegada e medida provisória (função legislativa atípica).
Judiciário: exerce a função de aplicar a lei ao caso concreto mediante provocação (função jurisdicional típica). Exerce a função de administrar os tribunais (função executiva atípica). Exerce também a função de inovar o ordenamento jurídico, através da criação dos regimentos internos (função legislativa atípica).
Objetivos fundamentais da República
Os objetivos fundamentais são valores que se buscam alcançar na República. 
Diferentemente dos fundamentos da República, que consistem em componentes da estrutura da República. 
O artigo 3º da Constituição de 1988 consagra uma lista expressa de objetivos essenciais de maneira exemplificativa.
Todos os objetivos fundamentais expressos no artigo 3º da Constituição estão estritamente relacionados à concretização da dignidade da pessoa humana e são normas de eficácia limitada de princípios programáticos.
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Princípios regentes da República na ordem internacional
Os princípios que regem as relações da República Federativa do Brasil na ordem internacional orientam a postura a ser adotada perante os outros Estados.
Esses princípios podem ser divididos em três grupos: 
Grupo relacionado com a soberania 
a) Independência nacional (I); 
b) Autodeterminação dos povos (III); 
c) Não intervenção (IV); 
d) Igualdade entre os Estados (V).
Esse grupo de princípios busca a afirmação do Brasil como Estado independente e garante o respeito à independência dos outros Estados.
Grupo relacionado com os direitos humanos
a) Prevalência dos direitos humanos (II);
b) Defesa da paz (VI);
c) Solução pacífica dos conflitos (VII);
d) Repúdio ao terrorismo (VIII);
e) Concessão de asilo político (X).
Esse grupo de princípios busca a proteção dos direitos humanos como maneira de garantir o respeito à dignidade da pessoa humana.
Grupo relacionado coma comunitariedade
a) Cooperação com os povos para o progresso da humanidade;
b) Integração econômica, cultural, política e social com os povos da América Latina, visando a formação de comunidade latino-americana de nações.
Esse grupo de princípios busca a integração do Brasil com os outros Estados, principalmente com os povos da América Latina.
	Fundamentos 
(art. 1º)
	Objetivos fundamentais
(art. 3º)
	Regência internacional
(art. 4º)
	I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
	I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
	 I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Direitos e garantias fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais estão previstos no Título II da Constituição Federal e se dividem em cinco grupos:
1) Direitos e deveres individuais e coletivos (Capítulo I);
2) Direitos sociais (Capítulo II);
3) Direitos de nacionalidade (Capítulo III);
4) Direitos políticos (Capítulo IV);
5) Direitos aos partidos políticos (Capítulo V).
Gerações de direitos fundamentais
Considerando que os direitos fundamentais surgiram em momentos distintos, a doutrina cunhou a expressão geração (dimensão) para designar as conquistas ocorridas numa determinada época.
Direitos de primeira geração
Os direitos de primeira geração estão relacionados com o princípio da liberdade. 
Foram consagrados com a garantia dos direitos civis e políticos conquistados durante os movimentos do Iluminismo do Século XVIII, principalmente com as revoluções francesa e norte americana. Surgem como contraposição do estado liberal ao Estado absolutista.
Os direitos de primeira geração buscaram impor limites à intervenção estatal na esfera particular dos cidadãos, com a finalidade de garantir a liberdade aos indivíduos.
Esses direitos ficaram conhecidos como liberdades-negativas, direitos negativos ou direitos de defesa, pelo fato de impor abstenção do Estado em favor da liberdade dos indivíduos (Estado abstencionista).
Exemplos de direitos conquistados: vida; liberdade de reunião; liberdade de expressão; liberdade religiosa; liberdade de ir e vir; propriedade; inviolabilidade de domicílio. 
Direitos de segunda geração
Os direitos de segunda geração estão relacionados com o princípio da igualdade material.
Foram consagrados com a garantia dos direitos econômicos, culturais e sociais durante os movimentos sociais do final do Século XIX e Século XX, principalmente após a primeira guerra mundial (1914-1918). Surgem como contraposição do Estado social ao Estado liberal.
Os direitos de segunda geração buscavam a intervenção do Estado para implementar prestações sociais e serviços públicos aos indivíduos, com a finalidade de reduzir as desigualdades surgidas durante o Estado liberal e revolução industrial.
Esses direitos são chamados de direitos positivos, liberdades-positivas e estado do bem estar social, pelo fato de impor ao Estado a atuação para prestar direitos materiais aos cidadãos (Estado intervencionista).
Exemplos de direitos conquistados: igualdade material; direitos trabalhistas; saúde; educação; habitação; previdência social; assistência social.
Direitos de terceira geração
Os direitos de segunda geração estão relacionados com o princípio da fraternidade e solidariedade.
Os direitos de terceira geração somente foram consagrados em norma positiva a partir da segunda metade do século XX, como consequência das atrocidades cometidas durante a segunda guerra mundial (1939 – 1945).
Esses direitos são consagrados como de titularidade de todo cidadão, pois visam proteger interesses de titularidade coletiva ou difusa. Não se destinam a proteção de direitos individuais.
São chamados de direitos fraternais ou liberdades-fraternais, pelo fato de impor ao Estado a garantia e o respeito aos direitos coletivos e difusos.
Exemplos de direitos conquistados: meio ambiente equilibrado; defesa do consumidor; paz; autodeterminação dos povos; patrimônio comum da humanidade; progresso social; democracia; informação; pluralismo político.
Complementaridade dos direitos fundamentais
A doutrina ressalta que, a cada nova geração de direito fundamental não ocorre a substituição ou caducidade das gerações anteriores. As gerações de direitos fundamentais são complementares, na medida em que uma geração seguinte serve de acréscimo à geração antecedente.
Segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, na maioria das vezes os direitos integrantes de uma geração antecedente ganham novo conteúdo e alcance, com o surgimento de uma geração futura.
Exemplo: direito de propriedade, que surgiu na primeira geração como direito individual; mas com o surgimento da segunda geração o direito de propriedade passou a atender a função social; finalmente, com a terceira geração, o direito de propriedade deve respeitar o meio ambiente equilibrado.
Distinção entre direitos e garantias fundamentais
Os direitos fundamentais correspondem aos bens jurídicos descritos na Constituição. Esses bens jurídicos declaram a existência de uma situação jurídica favorável ao indivíduo.
As garantias fundamentais correspondem aos instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. Esses instrumentos asseguram o gozo aos direitos fundamentais.
	Direitos fundamentais
	Garantias fundamentais
	Direito à vida
	Vedação da pena de morte
	Direito à liberdade
	Garantia do Habeas Corpus
	Direito a manifestar o pensamento
	Vedação da censura
	Direito ao juiz natural
	Vedação do juízo de exceção
Características dos direitos e garantias fundamentais 
Historicidade: Os direitos fundamentais surgiram ao longo da história, como resultado de lutas por melhoria da humanidade.
Universalidade: Os direitos fundamentais destinam-se a todos os povos, indiscriminadamente. Embora nem todos os povos ainda tenham alcançados determinado de grau de conquista dos direitos.
Imprescritibilidade: Os direitos fundamentais não desaparecem pelo decurso do tempo ou pelo fato de o titular não usá-los.
OBS: o que pode prescrever é a pretensão do ressarcimento patrimonial.
Inalienabilidade: Os direitos fundamentais não podem ser alienados ou transferidos para outras pessoas.
OBS: o que pode ocorrer é a transmissão de alguma coisa (ex. propriedade, imagem). Mas nesse caso não significa que a pessoa alienou seu direito de propriedade ou direito de imagem. 
Irrenunciabilidade: Os direitos fundamentais não podem ser renunciados. Pode ocorrer de eles não serem exercidos pelo titular.
OBS: a doutrina moderna admite, excepcionalmente, a renúncia temporária de direito fundamental. 
Exemplo: renúncia a intimidade e imagem no caso reality show.
Concorribilidade: O comportamento de uma pessoa pode se enquadrar no âmbito de proteção de mais de um direito fundamental. Assim, o titular pode exercer mais de um direito fundamental ao mesmo tempo.
Exemplo: direito de informação e direito opinião; direito de reunião e inviolabilidade do domicílio.
Relatividade: Os direitos fundamentais não são absolutos, pois podem ser excepcionados nas hipóteses previstas na Constituição. Encontram limites nos demais direitos igualmente consagrados na Constituição. 
Exemplos
a) Desapropriação é uma exceção ao direito de propriedade. 
b) Interceptação telefônica é uma exceção ao sigilo de comunicação telefônica. 
c) Busca e apreensão em domicílio é uma exceção a inviolabilidadedo domicílio.
Ademais, o STF tem relativizado vários direitos fundamentais, como o sigilo de correspondência, direito à intimidade. Segundo o STF, os direitos fundamentais não podem ser invocados como escudo protetor de práticas ilícitas, sob pena de desrespeitar o verdadeiro Estado de direito.
Funções dos direitos fundamentais
Os direitos fundamentais podem desempenhar várias funções dentro da ordem jurídica. Assim, surgiram duas teorias para explicar essas funções.
Teoria dos quatro status
Essa teoria foi elaborada por Georg Jellinek no século XIX. Ele divide as funções em quatro status, levando em consideração a posição do indivíduo diante Estado.
Status passivo: O indivíduo encontra-se em posição de subordinação perante o Estado, devendo obedecer aos mandamentos e proibições estatais.
Status negativo: O indivíduo encontra-se em posição de exigir do estado que não interfira em sua autodeterminação. Esse status garante a liberdade do indivíduo perante a ingerência do Estado.
Status positivo: O indivíduo encontra-se em posição de exigir do Estado que atue positivamente em seu favor, para concretizar as prestações de bens e serviços. Esse status garante ao indivíduo a concretização das normas programáticas.
Status ativo: O indivíduo encontra-se em posição de participar da formação de vontade política do Estado. Esse status garante o exercício dos direitos políticos aos cidadãos.
Teoria trialista 
Essa teoria foi elaborada por Vieira de Andrade no século XX, levando em consideração o núcleo dos diversos direitos fundamentais. Entretanto, não considera o status passivo, pois não corresponde a direito fundamental, mas sim a deveres perante o Estado.
Direitos de defesa (direitos de resistência): caracteriza-se por exigir do estado um dever de abstenção, impedindo a ingerência estatal na esfera de liberdade do indivíduo.
OBS: corresponde ao status negativo.
Direitos de prestação: caracteriza-se por exigir do Estado uma atuação para prestar serviços sociais (educação, saúde, moradia).
OBS: corresponde ao status positivo.
Direitos de participação: caracteriza-se por garantir participação na formação da vontade política do Estado.
OBS: corresponde ao status ativo.
Distinção entre direitos humanos e direitos fundamentais
Os direitos humanos são resultados dos tratados de direito internacional e não se encontram, de regra, positivados em normas constitucionais.
Os direitos fundamentais são resultados da construção do órgão constituinte de determinado Estado e se encontram positivados na Constituição.
Destinatários dos direitos fundamentais
Apesar de a Constituição afirmar que os direitos fundamentais são garantidos aos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, a doutrina e a jurisprudência já firmaram entendimento que os direitos fundamentais são garantidos aos estrangeiros mesmo que não sejam residentes no Brasil.
Porém, faz necessário esclarecer que alguns direitos somente são exercidos pelos brasileiros, como por exemplo, ação popular e alistamento eleitoral.
Os direitos fundamentais surgiram tendo como destinatários somente as pessoas físicas, como decorrência da não intervenção do Estado na liberdade do indivíduo. 
Entretanto, com o passar dos tempos as Constituições de diversos Estados passaram a prever direitos fundamentais também para pessoas jurídicas.
Atualmente, a doutrina constitucionalista admite que até mesmo o Estado seja titular de alguns direitos fundamentais.
	Direitos de titularidade das pessoas físicas, jurídicas e Estado. 
	Direito de propriedade; 
Legalidade; 
Contraditório e ampla defesa.
	Direitos de titularidade somente das pessoas físicas e jurídicas.
	Inviolabilidade do domicílio; Assistência jurídica gratuita.
	Direitos de titularidade somente das pessoas físicas.
	Direito de locomoção; Inviolabilidade da intimidade; Direito de reunião.
	Direitos de titularidade somente do Estado.
	Desapropriação; 
Requisição administrativa.
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais
Inicialmente, os direitos fundamentais surgiram para proteger o indivíduo da ingerência do poder estatal. Como meio de limitação do poder do Estado frente ao cidadão.
Por isso, inicialmente, a relação dos direitos fundamentais ocorria entre o Estado e o indivíduo, o que ficou conhecida como eficácia vertical dos direitos fundamentais.
Posteriormente, percebeu-se que a ingerência e opressão ocorriam não somente do Estado contra o indivíduo, mas também entre os indivíduos (indivíduo oprimindo indivíduo).
Isso fez com que a incidência dos direitos fundamentais fosse estendida para as relações privadas, para evitar a ingerência e opressão de um particular contra o outro. Essa relação ficou conhecida como eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Restrições aos direitos fundamentais
A Constituição, considerando que não consagra direitos fundamentais absolutos, possibilita a limitação e restrição dos direitos fundamentais, sempre com a finalidade de proteger os diversos valores constitucionais.
Ademais, toda restrição a direito fundamental deve estar autorizada, expressa ou implicitamente, na Constituição.
A restrição imposta aos direitos fundamentais pode ocorrer através de reserva legal ou através da Constituição.
Restrição através de reserva legal
A restrição através de reserva legal pode ser simples ou qualificada.
Reserva legal simples
Ocorre quando o dispositivo constitucional consagra uma restrição ao direito fundamental, exigindo tão somente que a restrição se opere através de lei.
Exemplos
a) Restrição ao direito de assistência religiosa nas entidades de internação coletiva (art. 5º, VII, CF); 
b) Restrição ao direito de livre locomoção no território nacional (art. 5º, XV, CF); 
c) Restrição ao direito de livre exercício de trabalho, ofício e profissão (art. 5º, XIII, CF); 
d) Restrição ao exercício de imperativo de consciência (art. 5º, VIII, CF).
Reserva legal qualificada
Ocorre quando o dispositivo constitucional consagra uma restrição ao direito fundamental, exigindo que a restrição se opere através de lei e estabelecendo as condições e os meios para restrição do direito.
Exemplos
a) Restrição ao sigilo de comunicação telefônica somente pode ocorrer com a finalidade de investigação criminal ou instrução processual (art. 5º, XII, CF);
b) Restrição à publicidade do processo somente pode ocorrer quando a defesa da intimidade ou o interesse social exigirem (art. 5º, LX, CF);
c) Restrição ao direito de não extradição por crime praticado após a naturalização somente pode ocorrer nos casos de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes (art. 5º, LI, CF).
Limite dos limites
Apesar de os direitos fundamentais poderem ser restringidos, não se admite restrição ilimitada. Toda restrição aos direitos fundamentais deve observar limites, tendo por parâmetro a proporcionalidade e proibição de excesso de restrição.
Ao restringir um direito fundamental, o legislador infraconstitucional deve resguardar o núcleo essencial desse direito, pois esse núcleo essencial decorre da vontade do legislador constituinte, não podendo o legislador infraconstitucional extirpar por sua vontade o conteúdo essencial do direito fundamental.
Assim, pode-se compreender que o legislador infraconstitucional ao impor limite ao direito fundamental, encontra-se limitado também. Por isso, a doutrina denomina essa teoria de limite dos limites, ou seja, ao limitar um direito fundamental também deve se observar limites.
Restrição através da Constituição
É possível também que ocorra restrição a um direito fundamental diretamente por meio da Constituição.
Essa restrição pela norma constitucional ocorre em situação de estado de anormalidade constitucional (estado de defesa e estado de sítio), onde se torna possível restringir um direito fundamental por determinação de autoridade administrativa competente, sem que seja necessária autorização judicial.
Entretanto, considerando que nenhuma lesão ou ameaça de lesão pode ser afastada da apreciação judicial (art.5º, XXXV, CF), é possível o controle jurisdicional posterior dessas restrições, sempre que provocado o órgão judicial (controle jurisdicional repressivo).
Exemplos
a) Restrições aos direitos: de reunião; de sigilo de correspondência e de sigilo da comunicação telegráfica e telefônica (art. 136, § 1º, I, CF);
b) Restrições aos direitos: da liberdade de ir e vir; da inviolabilidade da correspondência; do sigilo das comunicações; da prestação de informações e da liberdade de imprensa; suspensão da liberdade de reunião (art.139, CF).
Conflitos de direitos fundamentais
O conflito entre direitos fundamentais ocorre quando uma pessoa invoca um direito fundamental em sua proteção frente a outro direito fundamental invocado por outra pessoa em sua proteção.
No caso de conflito entre direitos fundamentais o aplicador da norma deve realizar um juízo de ponderação (proporcionalidade), levando em consideração a situação do caso concreto.
O aplicador deve harmonizar e combinar os direitos em conflito, realizando a redução de um direito para prevalência de outro direito. Mas em hipótese alguma haverá sacrifício total de direito fundamental.
Admite-se tão somente a redução do âmbito de incidência de determinado direito para prevalência de outro direito, tudo de acordo com a situação concreta. Assim, não é possível, abstratamente, dizer de antemão qual direito prevalece sobre outro.
Exemplos
a) Liberdade de comunicação e inviolabilidade da intimidade; 
b) Liberdade de pensamento e vedação do racismo.
Enumeração aberta dos direitos fundamentais
Art. 5º, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Os direitos fundamentais formam um complexo de normas não exaustivo, pois não estão limitados pelas normas atuais existentes, sendo possível a inserção de novos direitos a esse complexo.
Segundo Gomes Canotilho, os direitos fundamentais podem ser aumentados através da inserção de novos direitos ao texto constitucional, pois constituem normas abertas. 
Direitos fundamentais catalogados e não catalogados
Considerando que os direitos fundamentais formam um complexo de normas não exaustivo, podemos dividi-los em: 
Direito fundamentais catalogados: são aqueles previstos nos artigos 5º a 17 da Constituição.
Direitos fundamentais não catalogados: são aqueles que estão fora dos artigos 5º a 17, encontram-se espalhados pelo texto constitucional ou em tratado internacional equivalente à Constituição (art. 5º, § 3º, CF).
Tratados internacionais equiparados à emenda constitucional
Art. 5º, § 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
O tratado internacional para ser equiparado à emenda constitucional deve cumprir alguns requisitos, quais sejam:
a) Ter natureza de direitos humanos;
b) Ser aprovado nas duas casas do legislativo em dois turnos de votação;
c) Ser aprovado com quórum de 3/5 dos votos em cada casa.
O tratado que for aprovado pelo rito especial previsto acima passa a gozar de status equivalente a emenda constitucional, guardando relação de paridade com as normas constitucionais.
Assim, só poderão ser alterados por outro tratado internacional aprovado pelo rito especial previsto acima ou por meio de emenda constitucional. Mas em nenhuma hipótese se admite a supressão do direito humano previsto no tratado internacional equiparado à emenda constitucional, pois passa a compor os direitos fundamentais, portanto, considerado como cláusula pétrea.
Ademais, servirão com parâmetro de controle de constitucionalidade, ou seja, qualquer norma infraconstitucional, outro tratado internacional e emenda constitucional não podem contrariá-lo.
No ano de 2008 foi incorporado no ordenamento jurídico o primeiro tratado internacional sobre direitos humanos aprovado pelo rito especial acima previsto. O tratado versa sobre pessoas portadoras de necessidades especiais, foi assinado em Nova Iorque em 30 de março de 2007.
A grande discussão que se formou a época, quando surgiu a possibilidade de tratado internacional de direitos humanos com equivalência à emenda constitucional, foi a respeito da natureza jurídica do tratado de direitos humanos que fosse aprovado sem o procedimento especial (dois turnos de votação e quórum de 3/5).
O STF adotou a posição de que os tratados têm as seguintes naturezas:
a) Natureza de emenda constitucional: somente os tratados internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados com o procedimento especial, de acordo com o art. 5º, § 3º da Constituição.
O tratado internacional, nesse caso, equivale à emenda constitucional.
b) Natureza de supralegalidade: para os tratados internacionais sobre direitos humanos que não forem aprovados com o procedimento especial do art. 5º, § 3º da Constituição, ou seja, aprovados com o procedimento simples de criação de lei ordinária (um turno de votação e quórum de maioria simples).
O tratado internacional, nesse caso, não equivale à emenda constitucional, entretanto se encontra acima da norma legal, gozando de grau superioridade em relação à lei.
c) Natureza de legalidade: para os tratados internacionais que não versarem sobre direitos humanos, e logicamente serão aprovados com o procedimento simples de criação de lei ordinária (um turno de votação, quórum de maioria simples).
O tratado internacional, nesse caso, tem equivalência à lei ordinária.
Aplicabilidade imediata
Art. 5º, § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
O referido dispositivo declara que os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Entretanto, cumpre mencionar que nem todos os direitos e garantias fundamentais comportam aplicação imediata, pois alguns dependem de regulamentação por norma infraconstitucional para que possam produzir efeitos positivos.
Esses direitos que reclamam regulamentação por norma infraconstitucional para que o indivíduo possa gozar do referido direito previsto são veiculados por normas de eficácia limitada (classificação de José Afonsa da Silva).
OBS: vide comentários às normas de eficácia limitada.
Direitos individuais em espécies
Direito à vida
O direito à vida é considerado o direito básico, pois a partir dele é que se estruturam todos os demais direitos. 
A inviolabilidade do direito à vida recebe proteção contra as violações do Estado e de terceiros.
O direito a vida deve ser compreendido em duplo caráter: negativo e positivo.
Caráter negativo 
Proteção deve recair na vida intrauterina (direito de nascer vivo) e vida extrauterina (direito de continuar vivo). 
Nesse sentido, a proteção impõe a proibição de intervenções na vida física.
Como corolário desse direito, o Código Penal proíbe e pune o homicídio e o aborto, somente admitindo o aborto necessário e aborto sentimental (art. 128, I e II, CP). Ademais a Constituição proíbe a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 5, XLVII, CF).
Caráter positivo
A proteção deve recair sob a dignidade da vida humana.
Nesse sentido, impõe-se ao Estado a atuação positiva para garantir o mínimo existencial a uma vida digna, como a prestação de bens e serviços sociais.
Como corolário desse direito, a Constituição garante o direito à saúde, educação, lazer, segurança, trabalho, infância, maternidade, moradia (art. 6º, CF).
Aborto de anencéfalo
Cumpre frisar que o Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 54 decidiu que não constitui crime de aborto, a antecipação do parto por motivo de anencefalia. A corte suprema, diante do conflito de direitos fundamentais, ponderou o direito à vida intrauterina (direito do feto) e direito à vida digna (direito da gestante), e entendeu pela prevalência desse último.
Pesquisa com células-tronco

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