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Apresentação da Sala Ambiente Módulo II Pobreza e Cidadania Período: 16/03 a 06/05/2016 Profa. Msc. Clotilde Tinoco Sales 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 1 Prezado(a) cursista, Neste Módulo II - Pobreza e Cidadania continuaremos discutindo e nos apropriando das relações estruturais que envolvem a problemática da pobreza e da pobreza extrema geradas pela sociedade capitalista. Como alerta o professor Miguel Arroyo(2014), no módulo I, o primeiro passo para refletirmos sobre as relações entre educação, pobreza e desigualdade social é admitir que estes dois últimos fenômenos existem e, ao mesmo tempo, compreender que exigências a condição de ser pobre de nossas crianças da Educação Básica fazem às nossas práticas educativas. Falar de Pobreza e Cidadania é reparar o cumprimento dos direitos civis, políticos e sociais dos cidadãos para que, de fato, a Democracia seja plena como princípio de igualdade e oportunidade mediado pela justiça. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 2 Ementa Cidadania, democracia e pobreza. Fenomenologia da pobreza no Brasil. Dinheiro, renda e autonomia. O Bolsa Família como programa assistencial e não assistencialista. Efeitos do PBF sobre a subjetividade de seus participantes. Carga Horária 75h/a 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 3 Objetivo geral Fornecer aos profissionais da educação básica e a outros profissionais envolvidos com políticas sociais que estabeleçam relações com a educação, um conhecimento dos efeitos não econômicos do PBF e de sua importância para a subjetividade dos participantes, o que se relaciona às questões sobre educação. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 4 Objetivos específicos Possibilitar aos profissionais da educação básica e a outros profissionais envolvidos com políticas sociais que estabeleçam relações com a educação uma abordagem de seu trabalho que não se limite à gestão burocrática dos mesmos, mas que leve em conta as necessidades dos participantes enquanto indivíduos dotados de personalidade e de sensibilidade próprias. Conscientizar os profissionais da educação básica e a outros profissionais envolvidos com políticas sociais que estabeleçam relações com a educação sobre a importância do PBF não somente do ponto de vista econômico, mas também social e político. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 5 Objetivos específicos ( cont.) Analisar as relações entre pobreza e cidadania e apropriar-se de uma imagem de pobreza mais complexa e multifacetada; Apresentar algumas considerações teóricas sobre a relação entre dinheiro, processos de autonomia e de capacitação moral, bem como sobre a opressão de gênero; Desconstruir alguns dos preconceitos mais comuns sobre os(as) pobres e suas vidas. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 6 A Sala Ambiente está dividida em 4 unidades Unidade I: Cidadania e Democracia O que é cidadania? O que é uma sociedade democrática? A relação entre cidadania e democracia. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 7 Unidade II Pobreza: um conceito complexo e multifacetado Onze dimensões de pobreza que por vezes são negligenciadas no debate sobre pobreza e educação: Falta de condições básicas para uma vida saudável. Acesso nulo ou irregular à renda proveniente de trabalho. Trabalho infantil e abandono escolar. Alta natalidade. Acidentes. Falta de crédito. Invisibilidade e “mudez”. Desigualdade interna às famílias. Vergonha. Cultura da resignação; Exclusão da cidadania. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 8 Unidade III Pobreza e Capabilidades: a ideologia da meritocracia. Desigualdade, educação e cidadania. Pobreza e Capabilidades. Pobreza e Humilhação. A implicação da ideologia da meritocracia na educação e os problemas por ela trazidos para as relações entre pobreza, desigualdade e educação. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 9 Unidade IV: Renda monetária e autonomia: algumas conclusões A importância de programas de garantia condicionada de renda, como o Bolsa Família, como direito público que garante um nível maior de autonomia individual para os pobres. A importância dos gestores e profissionais da educação básica na garantia da efetivação desta autonomia. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 10 Unidade I - CIDADANIA E DEMOCRACIA O que é cidadania? O que é uma sociedade democrática? A relação entre cidadania e democracia. Carga horária: 10h/a Textos disponíveis para estudo na Unidade I: Texto 1 - O texto 1 - “A evolução do conceito de cidadania”. Autores(as): FILHO, Cyro de Barros Rezende; NETO, Isnard de Albuquerque Câmara; Texto 2 - O Texto 2, intitulado: “Evolução histórica dos conceitos de Cidadania e Direitos Humanos”. Autores(as): SIQUEIRA, Lígia Airemoraes; LOPEZ, Marcelo Leandro Pereira; 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 11 Atividade Avaliativa 1: Fórum Simples: Cidadania e Democracia Terá 2 momentos: 1◦) Realizado no encontro presencial (estudo do texto em grupo e discussão em plenária ); 2◦) Participação individual no fórum de discussão. Prezado(a) cursista, No encontro presencial do Módulo, você estudará os artigos indicados anteriormente, os quais abordam com profundidade o conceito de Cidadania. Esta é uma preparação para você interagir no Fórum de debates. Os 2 textos são complementares e trazem esclarecimentos importantes sobre as relações entre os termos Cidadania e Direitos Humanos. A atividade presencial será desenvolvida em 05 grupos de 05 participantes. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 12 Leia com atenção as orientações: O texto 1- “A evolução do conceito de cidadania”. Autores(as): FILHO, Cyro de Barros Rezende; NETO, Isnard de Albuquerque Câmara, está dividido em 02 grupos: Grupo 01: Introdução, O nascimento da cidadania, As estruturas políticas na idade média e a cidadania. Grupo 02: O iluminismo e a busca da igualdade, A efervescência do debate atual sobre cidadania. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 13 O Texto 2 - “Evolução histórica dos conceitos de Cidadania e Direitos Humanos”. Autores(as): SIQUEIRA, Lígia Airemoraes; LOPEZ, Marcelo Leandro Pereira, está dividido em 03 grupos: Grupo 03: 1. Introdução, item 4. Cidadania e Direitos Humanos na História, subitens: Antiguidade clássica, Idade Média. Grupo 04: Subitem: Século das Luzes e Nascimento do Liberalismo. Grupo 05: Item 05: Conceito atual de Cidadania e Direitos Humanos. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 14 Após o estudo do texto e a discussão entre seus pares, elabore uma síntese das ideias principais para serem socializadas na plenária, destacando: a) Como o texto estabelece relação entre Cidadania e Direitos Humanos? b) Qual a evolução do conceito de Cidadania através da história, considerando a Antiguidade Clássica, a Idade Média, o Século das Luzes e o conceito atual de Cidadania e Direitos Humanos? c) Para completar este estudo, pesquise no Saiba Mais - página 60, disponível no caderno do módulo II - em pdf, o significado da expressão “Estado Democrático de Direito”. Veja também, no *SAIBA MAIS - Conceito de Democracia e o Vídeo: Severinas (disponível no caderno digital, pág. 03). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 15 Entre no fórum da sua turma e faça interação com seus colegas,considerando a questão proposta. *A postagem no fórum é individual! *Valor da Atividade: 20 pontos *Data limite para a participação no fórum: 23/03/2016. Critérios de avaliação: 1) Participação no desenvolvimento da atividade no encontro presencial (5 pontos); 2) Articulação em grupo das ideias abordadas no texto (5 pontos); 3) Participação individual no fórum de discussão. O cursista deve expor com clareza suas ideias e conhecimentos coerentes com o estudo realizado, as questões norteadoras da discussão e a questão formulada no fórum (6 pontos); 4) Interação com outro cursista no fórum. A interação não pode fugir ao conteúdo proposto para a discussão (4 pontos); 5) Postagem fora do prazo menos 2 pontos. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 16 UNIDADE II POBREZA: UM CONCEITO COMPLEXO E MULTIFACETADO - 20h/a Onze dimensões de pobreza que por vezes são negligenciadas no debate sobre pobreza e educação: *Falta de condições básicas para uma vida saudável; *Acesso nulo ou irregular à renda proveniente de trabalho; *Trabalho infantil e abandono escolar; *Alta natalidade; *Acidentes; *Falta de crédito; *Invisibilidade e “mudez”; * Desigualdade interna às famílias; *Vergonha; *Cultura da resignação; *Exclusão da cidadania. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 17 ATIVIDADE 2 – INDIVIDUAL – UNIDADE II (Envio de arquivo único) Prezado(a) cursista, Compreender o conceito de pobreza é complexo, porque como afirmam Rego; Pinzani(2014), existem muitas facetas que a envolvem como, por exemplo, preconceitos em relação aos pobres por falta de conhecimento de sua situação e o equívoco de identificar a pobreza apenas associado ao baixo nível de renda. A própria definição de pobreza pelo governo baseada na renda dificulta diferenciar pobreza e pobreza extrema. Diante disso, convido você a conhecer com maior profundidade as causas que levam à ausência de bem- estar social. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 18 Faça o estudo atento dos 2 textos indicados para leitura obrigatória e estabeleça as conexões entre as ideias postas nos textos, a saber: Texto 1 – “As mulheres no universo da pobreza, o caso brasileiro”. Autora LAVINAS, Lena; Texto 2- “Pobreza e exclusão: traduções regionais de duas categorias da prática”. Autora LAVINAS, Lena; Em seguida, desenvolva as seguintes etapas: 1ᵃ etapa: acesse o caderno digital na página (23) e interaja com o Infográfico Interativo – “Facetas da Pobreza”; 2ᵃ etapa: construa um quadro síntese sobre as principais características das facetas da pobreza, conforme modelo disponível nesta unidade de estudo; 3ᵃ etapa: Com base no estudo dos textos, faça um comentário crítico das facetas da pobreza e exclusão social que estão no quadro síntese e o envie como Arquivo Único para a Sala Ambiente. ; 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 19 3ₐEtapa ( Continuação) • a. Pontue que ações públicas na sociedade e na comunidade poderiam minimizar as desigualdades provocadas pela pobreza. • b. Faça referência à escola ou a instituição na qual você trabalha, destacando que ações tem sido efetivadas nesses locais, como contribuição para assegurar os direitos de cidadania e a justiça social. • Objetivando ainda, aprimorar suas informações e conhecimentos, no decorrer do estudo dos textos indicados, recorra à fonte - Saiba Mais que se encontra disponível no caderno digital, páginas 72 e 75 e Assista aos vídeos: • ESCOLA COM INFRAESTRUTURA – Vídeo - Educação.doc 3 http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/ conheca-escolaspublicas-em-areas-pobres-do-brasil- quesao-exemplos-de-ensino-dequalidade/3216988/ - (pág. 72). • DEMOCRACIA NA ESCOLA (pág. 75) - Vídeo - Educação.doc - Democracia na escolahttp://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/ comunidadedesafia-ideia-de-que-educacao- eresponsabilidade-do-governo/3249051/ 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 20 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: 1) Normas da ABNT: organização/estruturação do trabalho. O texto contempla as normas técnicas do trabalho científico: margens, espacejamento entre as linhas, fonte. (5 pontos); 2) O comentário crítico deve ser coerente, contemplando o diálogo entre os dois textos indicados como leituras obrigatórias (20 pontos); 3) Coerência e coesão textual. A construção textual deve ser lógica e formal, evitando ambiguidades na compreensão (5 pontos); 4) Postagem fora do prazo (menos 2 pontos). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 21 UNIDADE III POBREZA E CAPABILIDADES: A IDEOLOGIA DA MERITOCRACIA. Desigualdade, educação e cidadania. Pobreza e Capabilidades. Pobreza e Humilhação. A implicação da ideologia da meritocracia na educação e os problemas por ela trazidos para as relações entre pobreza, desigualdade e educação. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 22 Atividade 3 – ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – 1ª Etapa Prezado(a) cursista, Nesta Unidade III você iniciará uma atividade de pesquisa empírica utilizando uma Entrevista Semi-estruturada, com as seguintes questões: 1. O que é cidadania e quais os princípios que asseguram que uma pessoa possa ser identificada como cidadão (ã)? 2. Qual a relação entre pobreza e cidadania? 3. No seu entendimento, qual a contribuição do bolsa família para a melhoria do sucesso escolar de seu (s) filho (s) e/ou dos estudantes? 4. Na sua compreensão, o programa bolsa família trouxe mudanças para a sua vida e/ou para a vida dos estudantes? Em que aspectos? 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 23 Estas questões deverão ser respondidas pelos seguintes sujeitos: a. Uma família que recebe o benefício do Programa Bolsa Família; b. Diretor (a) de escola; c. Coordenador (a) pedagógico (a); d. Um (a) professor (a) da escola que tenha beneficiário do bolsa família em sua sala de aula; e. Um (a) morador (a) da comunidade que não seja beneficiário do bolsa família; f. E por você cursista. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 24 Para realizar esta atividade siga as seguintes etapas: Etapa 1: Faça contato com uma escola situada em seu bairro/comunidade. Esclareça o objetivo da visita e solicite aos gestores informações de quantas famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família e que recebem o benefício e o endereço das mesmas. Etapa 2: Faça o contato com uma família para realizar a entrevista. Etapa 3: Tendo levantado os dados por meio da entrevista, transcreva-os e envie como arquivo único para a sala ambiente. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 25 SAIBA MAIS: De acordo com Rego; Pinzani (2014), a entrevista semi-estruturada é caracterizada por uma maior flexibilidade em seu roteiro. Ao invés de um corpo rígido de perguntas que devem ser respondidas em ordem, independente das circunstâncias e dos sujeitos que são questionados, esse tipo de entrevista é guiado por alguns objetivos gerais, mas sempre levando em conta que algumas perguntas podem ter importância maior para alguns entrevistados do que para outros. Na Unidade IV, você fará a análise dos dados da Entrevista Semi-estruturada e fundamentará com os textos indicadospara leitura obrigatória, disponíveis na Sala Ambiente. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 26 A POSTAGEM É INDIVIDUAL! Data limite da postagem: 15/04/2016 Total: 20 pontos Critérios para avaliação: 1) Participação individual e envolvimento na atividade (12 pontos); 2) Organização e sistematização dos dados da entrevista (8 pontos); 3) Postagem fora do prazo (menos 2 pontos). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 27 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 28 Atividade 4 – Análise dos dados da Entrevista Semiestruturada - 2ª Etapa Prezado(a) cursista, Na Unidade III, você realizou a Primeira Etapa da Pesquisa empírica com a Entrevista Semi- estruturada e enviou para a Sala Ambiente. Agora, aqui na Unidade IV, você fará a análise dos dados coletados na Entrevista Semi- estruturada (Atividade 3), tendo como referência os textos indicados nesta unidade para leitura obrigatória: Texto 1 - O Programa Bolsa Família - Evolução e efeitos sobre a pobreza .pdf Texto 2- Perspectivas de análise da pobreza na sociedade produtora de mercadorias elementos para o debate .pdf Em seguida envie a análise dos dados da Entrevista Semi-estruturada à Sala Ambiente como ARQUIVO ÚNICO. É importante ressaltar que, analisar os dados da pesquisa não significa simplesmente articular com as ideias dos autores de referência, mas é fundamental que você se coloque como sujeito participante de sua produção textual, contextualizando a realidade, expressando suas ideias e atentando para uma abordagem consistente e objetiva. Atenção: Estude os textos do caderno gráfico da Unidade IV, sobre Renda Monetária e Autonomia: algumas conclusões/tópicos, como aprofundamento para fundamentar a análise dos dados da ( Entrevista Semiestruturada). Um ótimo trabalho! 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 29 A POSTAGEM É INDIVIDUAL Data limite da postagem: 28/04/2016. Valor da Atividade: 30 PONTOS. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: 1) Normas da ABNT: 1a Referências: (3 pontos); 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 30 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 31 1b Normas da ABNT em geral: (4 pontos) 2) Abordagem argumentativa consistente, clara, objetiva, coesa e coerente; 2a. Destaque e relevância das principais ideias dos autores(as), evidenciadas nas citações diretas simples, citações diretas longas e paráfrases. (10 pontos); 2b. Análise crítica dos dados e objetividade na apresentação dos resultados, evidenciando os aspectos relevantes (13 pontos); 3) Postagem individual fora do prazo (menos 2 pontos). Para refletir... Os dentes afiados da vida Preferem a carne Na mais tenra infância Quando As mordidas doem mais E deixam cicatrizes indeléveis Quando O sabor da carne Ainda não foi estragado Pela salmoura do dia a dia É quando ainda se chora É quando ainda se revolta É quando ainda Paulo Leminski. Toda poesia 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 32 Introdução ao conteúdo dos textos A pobreza e a pobreza extrema marca a vida das pessoas não somente do ponto de vista material, mas também sua interioridade, subjetividade, afetando sua autonomia moral e a visão de si mesmas. Porém, há uma fenda se abrindo entre as gerações mais jovens[...] querem mais da vida e consideram a educação o instrumento principal para sair do círculo vicioso da pobreza e a falta de instrução.(Retrato do vídeo - Severinas - Rego; Pinzani, 2014). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 33 A pobreza leva à falta de instrução, uma vez que as crianças são obrigadas a deixar a escola para trabalhar e ajudar no sustento da família (Rego; Pinzani, pág. 7, 2014). A falta de instrução perpetua a pobreza [...] sem instrução e qualificação, não há como entrar no mundo do trabalho e sair dessa condição. ( id., pág. 7,2014). A exclusão econômica gera a exclusão social e política, porque os pobres passam a viver à margem da sociedade, sem voz e sem vez ( id., pág. 7, 2014). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 34 SÍNTESE - Textos - Caderno Gráfico Unidade I - texto 1 - Cidadania e democracia O que é ser cidadão? O que é uma sociedade democrática? Essas duas palavras entrelaçam-se, e tem uma longa história. Os(as) cidadão/ãs como figura histórica e teórica constituem-se na intensa luta dos homens e das mulheres por liberdade e autonomia. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 35 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 36 As diversas formas de as sociedades e as instituições entenderem a cidadania e a própria democracia, interferem, radicalmente, no estatuto da cidadania como princípio político indispensável à vida democrática. O acesso ao bem - estar social e a autonomia de escolhas dos indivíduos querem dizer que ser autor(a) do próprio destino constitui a verdadeira medida do grau de democratização realizada em uma sociedade. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 37 [...] se uma sociedade não garante que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de acesso ao bem-estar, à cultura e à educação em sentido amplo, tal sociedade apresenta déficits enormes de democratização de sua estrutura social e política. [...] isso contamina o convívio cívico do corpo social, pois conviver com a injustiça, o desrespeito e a desigualdade torna todos(as) os (as) habitantes de uma nação embrutecidos(as) e insensíveis à dor do outro. (Rego; Pinzani, pág. 9, 2014). 1. Cidadania e democracia – Capacidade de voz As pesquisas sociológica e filosófica tem apontado que os pobres tem dificuldade de ter voz, ou seja, de formular, organizar e, sobretudo, de expressar suas necessidades, transformando-as em demandas por justiça.(Rego; Pinzani, 2014). A pobreza os(as) joga, [...] no mundo dos “incapacitados(as)”, uma vez que não foi lhes dado o direito de se capacitarem para exercer a própria voz. Esse fato, constitui a expropriação de sua humanidade.(id., Rego Pinzani, 2014). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 38 São exemplos os preconceitos e violências simbólicas quando em situações de assistência e usufruto de seus direitos dos serviços de assistência em instituições públicas: Os assistidos; Longos silêncios nos guichês de atendimento; Reticências nas respostas aos pedidos de informação; As falas ásperas; Desdém com as dificuldades de entendimento; Informação fragmentada e dúbia; A instituição que foi criada para lhe proteger e atender, torna-se mais uma que o rejeita e discrimina. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 39 A atitude de indiferença diante dos pobres, pode ser manifestada quando, por exemplo, o grupo de jovens de classe média alta de Brasília que, 1997, ateou fogo no corpo de um índio que dormia em um ponto de ônibus. Um dos homicidas se justificou dizendo: “Ah! Mas era somente um índio”. Se a finalidade das políticas públicas é se constituir em política de cidadania, seus conteúdos normativos e suas orientações de condução prática não podem deixar de ser prescritivos em relação ao respeito que os profissionais que atuam nas instituições devem prestar aos cidadãos que a procuram para que seus direitos sejam atendidos. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 40 A cidadania supõe a existência de um status social e político em que os sujeitos sociais pertencentes a uma determinada nação, seja por nascimento, seja por opção, estarão submetidosao ordenamento jurídico de um Estado. Isso quer dizer que os (as) cidadãos(ãs) são iguais no direito à proteção por parte do Estado. A dignidade paritária é, com efeito, um componente irrenunciável de uma democracia. A cidadania se constitui em um arcabouço de direitos, prerrogativas e deveres que configura um sistema de reciprocidade determinantes da natureza das relações dos indivíduos entre si e deles com o Estado. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 41 A teoria das gerações de direitos, de Thomas H. Marshall - elaborada na década de 60, com base na experiência histórica inglesa, divide a Cidadania em três partes. (Aprofunde a leitura na página 16 do caderno gráfico do módulo II). São elas: 1) Direito Civil; 2) Direito Político; 3) Direito Social. Para Marshall apud Rego e Pinzani, (2014), historicamente as conquistas dos direitos de cada aspecto da cidadania pressupõe a conquista do aspecto anterior. Essa igualdade mesmo no plano puramente jurídico, foi uma conquista das grandes lutas sociais fundadoras da modernidade. Assim, a conquista da cidadania como direito se deu a partir da Revolução Francesa, de 1789. Nessa época, a cidadania se transforma como força de inclusão dos indivíduos em um status de igualdade. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 42 Mas, apesar da conquista da cidadania, as elites dominantes resistiam criando condicionalidades de exclusão, decidindo quem tinha o direito de votar. Vejamos algumas: a) O não direito da maioria da população votar em seus governantes; b) Somente os homens tinham o poder do voto; c) Exigência de determinada quantia de renda para se qualificar como eleitor; d) Nessas condições o que se conhece como corpo político, povo soberano, era representado apenas pelos ricos, porque estes podiam votar. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 43 Brasil Imperial - Séc. XIX – Quem podia votar e por quê? a) Fazendeiros ricos, mesmo sendo analfabetos podiam votar, eram considerados cidadãos , sujeitos de direitos, pois tinha grandes propriedades de terras e de escravos; b) Da mesma forma, somente podiam ser eleitores os proprietários de terras, assim, a cidadania, por muito tempo, esteve vinculada às propriedades; c) Não ter posse de terras ou de fábricas, era atestado como falta de autonomia e de capacidade de escolha, sendo estas duas exigências fundamentais para votar. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 44 No Brasil, pouco antes da proclamação da República em 1889 - século XIX, foi promulgada uma lei eleitoral que proibia o voto do analfabeto. Como na época, a maioria da população era analfabeta, ficou excluída desse direito. Essa lei vigorou até o ano de 1985. As grandes lutas pelo direito ao voto universal e outros direitos dos(as) trabalhadores(as) tiveram sua aparição na cena pública europeia nos anos 30 do séc. XIX. Conquistado o direito de voto, as mulheres permaneceram excluídas desse direito, mesmo sendo protagonistas nas lutas sufragistas. No Brasil, as mulheres conquistaram o direito de voto apenas nos anos 30 do século XX, antes da Inglaterra, pioneira nesse tipo de luta. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 45 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 46 A universalização do direito de voto como tendência da modernidade trouxe para a agenda política da cidadania outras conquistas, como os direitos sociais e a ampliação dos direitos civis. Essas conquistas como resultado de lutas coletivas consistentes ao longo da história, exigem a presença ativa do Estado e de seus agentes públicos a fazerem da cidadania seu núcleo central de atenção. [...] Os dispositivos legais e políticos postos em movimento exigem tanto qualificadas políticas educacionais contempladas nas políticas de transferência de renda quanto a formação republicana e democrática dos(as) responsáveis pela operação de tais políticas ( Rego; Pinzani, pág. 18, 2014. (Leia no SAIBA MAIS, pág. 60 do caderno gráfico - Módulo II). O que é Estado Democrático de Direito? “Estado Democrático” é aquele que garante o direito às liberdades civis e aos direitos humanos. Ele é dito “de Direito” porque as garantias estão baseadas na utilização de um sistema jurídico, de leis, que as mantém e as defende. Essa condição institucional do Estado é permeada por uma série de garantias fundamentais que lhe dão base, como o direito de ir e vir, por exemplo.( Rego; Pinzani, pág. 60- caderno gráfico – Módulo II). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 47 UNIDADE II: POBREZA: UM CONCEITO COMPLEXO E MULTIFACETADO Dimensões de pobreza negligenciadas no debate sobre pobreza e educação: 1- Falta de condições básicas para uma vida saudável; 2- Acesso nulo ou irregular à renda proveniente de trabalho; 3- Trabalho infantil e abandono escolar; 4- Alta natalidade; 5- Acidentes; 6-Falta de crédito; 7- Invisibilidade e “mudez”; 8- Desigualdade interna às famílias; 9- Vergonha; 10- Cultura da resignação; 11- Exclusão da cidadania. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 48 Síntese - POBREZA: UM CONCEITO COMPLEXO E MULTIFACETADO Embora a baixa renda ou nula seja um forte fator causador da pobreza, não é o único aspecto a ser levado em conta, pois existem inúmeras facetas da pobreza que não se deixam compreender facilmente. Assim, podemos identificar 11 facetas que estão presentes na situação de vulnerabilidade das populações pobres como as apresentadas aqui no conteúdo da Unidade II. Em um Estado de bem-estar social, que oferece gratuitamente aos(as) cidadãos(ãs) quase todos os serviços básicos - educação, assistência à saúde, seguro-desemprego, auxílio- moradia, entre outros, uma baixa renda não implica necessariamente em uma vida sem certo conforto. Por outro lado, em um Estado que não garanta esses serviços, mesmo para famílias que tenham uma renda satisfatória, pode não ser o suficiente para protege-las de riscos ligados à pobreza. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 49 A pobreza se manifesta sob diferentes realidades e sob diferentes dificuldades enfrentadas por indivíduos pobres. Como exemplo, podemos citar: a classe social e econômica de lavradores(as) que vivem de trabalho esporádico “bicos”; de lavradores(as) ou camponeses(as) sem terra; de operários(as) não qualificados(as); de prestadores de serviços não qualificados(as); de camponeses que possuem e cultivam terrenos pobres, secos e não irrigados como é o caso do sertão brasileiro. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 50 Outra diferença de manifestação da pobreza é o lugar de moradia: o(a) pobre da área urbana tem problemas diferentes do pobre morador da zona rural. Na zona urbana apesar da presença de vários tipos de violência, pode-se contar com serviços públicos melhores e em quantidade maior do que os que vivem na zona rural. A população da zona rural mora em áreas isoladas e pouco assistidas pelo Estado. Nessa categoria se encontram os povos ribeirinhos da Amazônia, as populações do sertão. São como povos sem Estado, porque dificilmente tem acesso aos serviços básicos. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 51 Uma das consequências das formas de abandono por parte do Estado e de exploração das elites locais é a falta de capital social e cultural, pois a população pobre geralmente é desprovida de educação formal e sem qualificação profissional, por isso, são obrigados a vender sua força de trabalho em atividades pesadas, sendoenganados e mal remunerados. (Rego; Pinzani, 2014). Outros critérios para entender a pobreza no Brasil são: - a etnia ou a cor da pele - índios(as) e negros(as) são geralmente mais vulneráveis, por razões históricas; - o gênero - particularmente as mães solteiras ou viúvas; - a idade - crianças e idosos(as); - a composição e a estrutura familiar. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 52 O cientista político (Paul Streeten apud Rego; Pinzane, 2014, p.21), afirma que há ainda o fator temporal . “a renda dos pobres tende a variar de ano em ano e de estação a estação, no contexto do ano, dependendo do tempo e de outros acidentes”. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 53 Reflita: O que é capital cultural? Estamos tão acostumados(as) a julgar as pessoas com base em suas notas que desconsideramos a existência de outras formas de conhecimento não avaliadas na escola. Por conta dessa maneira de olhar, é que surge a violência simbólica na forma de agressões verbais, no uso de preconceitos, estereótipos, não se considerando e respeitando que alguns estudantes aprendem com mais facilidade do que outros. Para o sociólogo francês (Pierre Bourdieu,1930-2002 apud Rego; Pinzani, 2014, p. 62-63), [...] a chave para entender essa diferença estaria na diversidade de adequação entre os conhecimentos e os valores que o(a) estudante traz de fora da escola - de sua casa, da rua, de seus(suas) amigos(as), das redes sociais - com aqueles conhecimentos e valores que são transmitidos pelos(as) professores(as) e pelos livros e que, ao final, servem para avaliar os(as) alunos(as). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 54 Como observa (Pierre Bourdieu apud Rego; Pinzane, 2014, p. 63, ); [...]em se tratando de garantir uma posição de prestígio econômico e social, dois indivíduos dotados de capitais culturais diferentes não estão em pé de igualdade tal como pretendem alguns pensadores neoliberais, cujas teorias sustentam que a ascensão social depende única e exclusivamente da vontade e do esforço individual - logo, do mérito - de cada um(a). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 55 E o que seria o Capital Social? De acordo com Rego; Pinzani (2014), não basta ter um bom capital cultural para garantir sucesso e realização social e profissional, há algo mais que separa marginalizados e privilegiados. O sociólogo francês Pierre Bourdieu, citado por Rego; Pinzani(2014), constatou em seus estudos que estar “bem relacionado” - fazer parte de um círculo de pessoas influentes e respeitadas - faz diferença para o sucesso ou o fracasso na vida escolar ou profissional. Essa teia de relações humanas que pode abarcar desde eventos simples de favores como outros mais marcantes, Bourdieu chamou de “capital social”. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 56 Contudo, as duas formas de capital - social e cultural estão intimamente relacionadas. Por exemplo, não basta ser convidado para uma festa chique para manter os laços que formam o capital social pessoal de alguém, é preciso saber se portar, saber que roupa vestir, como e com quem conversar, como e quando dançar. Da mesma forma, ter um grau de conhecimentos não é o suficiente para se chegar onde se quer na vida: é preciso interagir com as “pessoas certas” e viver experiências que transformam a maneira de pensar e de agir no mundo, a cultura.(REGO; PINZANI, 2014). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 57 (Streeten, 1995 apud Rego; Pinzani, 2014, p.22)apresenta um elenco de “benefícios não materiais “ considerados pelos pobres mais valiosos do que qualquer melhoria material e mensurável”: boas condições de trabalho; a liberdade de escolher seu trabalho e as maneiras de sustentar-se; autodeterminação, segurança e respeito de si; não ser perseguido, não ser humilhado, não ser oprimido; não ter medo da violência e não ser explorado; a afirmação de valores religiosos e culturais tradicionais; empoderamento [empowerment], reconhecimento; ter tempo adequado para o lazer e formas satisfatórias de utilizá-lo; um sentimento de que sua vida e seu trabalho têm um sentido; a oportunidade de participar ativamente em grupos voluntários e em atividades sociais em uma sociedade civil pluralista. [...] Nenhum legislador pode garantir que todas estas aspirações sejam satisfeitas, mas políticas públicas podem criar as oportunidades para sua realização. (STREETEN, apud Rego; Pinzani, 2014, p. 22). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 58 Devido a complexa configuração ideológica que cerca a pobreza, constata-se que nos governos e instituições nacionais e internacionais há pessoas pouco preparadas para formular e executar políticas combativas. Pierre (Salama; Destremau, 1999 apud Rego; Pinzane, 2014) ressaltam que, profissionais dos serviços públicos e planejadores, embora grandes conhecedores da pobreza no papel, são incapazes de compreende-la na vida cotidiana e, quando chamados à responsabilidade, seja nas organizações internacionais ou nos governos, acabam preconizando políticas inadequadas. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 59 UNIDADE III POBREZA E CAPABILIDADES: A IDEOLOGIA DA MERITOCRACIA. Desigualdade, educação e cidadania. Pobreza e Capabilidades. Pobreza e Humilhação. A implicação da ideologia da meritocracia na educação e os problemas por ela trazidos para as relações entre pobreza, desigualdade e educação. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 60 (Wilkinson; Pickett, 2010 apud Rego; Pinzani, 2014, p.24), apontam fenômenos negativos provocados pela desigualdade de renda e riqueza: AUMENTA: Patologias psiquiátricas e de adição; Gravidez entre menores; Homicídios; População carcerária; Mortalidade infantil. DIMINUI: Confiança entre seus membros; Expectativas de vida; Resultados escolares entre as crianças; Mobilidade social. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 61 Outras questões destacadas por (Wilkinson; Pickett 2010 apud Rego; Pinzani, 2014, p.24 - 25), são: falta de um espaço físico adequado para se sentar e se concentrar; ausência de livros ou de acesso à internet para fazer pesquisas; obrigação de cuidar dos(as) irmãos(ãs) menores; testemunham, com frequência, episódios de violência doméstica; não recebem apoio adequado dos pais, em razão da baixa escolaridade ou nula, para auxilia-los em suas atividades escolares ou mesmo não estão dispostos a faze-lo. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 62 Estar na escola não é suficiente para uma formação que ajude a sair da pobreza. A frequência escolar é uma condição necessária para garantir uma boa educação, mas sem escola de qualidade, sem boas condições de estudo em casa, sem apoio dos pais e professores, as crianças de famílias pobres dificilmente conseguirão bons resultados para ampliar suas chances profissionais na vida. (REGO; PINZANI, 2014). Então, se trata da ausência de condições favoráveis para aprender e não falta de inteligência e capacidade para aprender. Portanto, é injusto culpar as crianças por seus resultados insatisfatórios. Permanece o grande dilema, enquanto as crianças de famílias favorecidas economicamente recebem uma educação de melhor qualidade na escola e em suas famílias, as crianças da classe pobre recebem uma educação de baixa qualidade na escola e em suas famílias. Assim, a desigualdade social também se mantem pela desigualdade de instrução e educação. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 63 E o que tem sido a cidadania para as mulheres? A estrada da cidadania para as mulheres sempre foi feita de muitas outras veredas. [...] São várias as modalidades dedominação e exclusão que sofrem na vida pública e privada. Suas vozes foram, há muito tempo, emudecidas, pois os vários padrões de dominação a que estão submetidas se entrecruzam em muitos momentos e circunstâncias da vida, tanto do ponto de vista político como cultural, formando, por vezes, um labirinto sem porta de saída. (REGO; PINZANI, 2014, p. 27). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 64 AS MULHERES... (Giovanna Zincone, 1992 apud Rego; Pinzani, 2014) fala de exclusão no plano pré-político, já que a dominação econômica e cultural sofrida pela mulher começa na família e pode ser tão opressiva como outras instituições da sociedade em geral. Isso, se constitui um paradoxo para a convivência democrática, pois embora excluídas do aprendizado e do exercício do direito à voz pública são, ao mesmo tempo, as primeiras pedagogas de seus(as) filhos(as), os futuros(as) cidadãos(ãs) do amanhã. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 65 A escola está longe de cumprir os seus ideais de cidadania... As crianças só poderão superar as experiências negativas presenciadas na família através da ação da escola. No entanto, a maioria das escolas públicas não se preocupa em educar as crianças e os jovens para atuarem como cidadãos(ãs) ativos(as) politicamente. O que se verifica é o abandono de um componente fundamental da vida democrática: a formação que compreende a educação dos sentimentos, da sensibilidade, da sociabilidade; uma educação formadora de identidade e de subjetividade. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 66 O descaso por parte do Estado em formar cidadãos(ãs), é a desinformação generalizada, a indiferença política, cívica e, sobretudo, a transformação das pessoas em alvos fáceis para qualquer tipo de manipulação religiosa, ideológica, em especial a da demagogia política mais perigosa, deformadora de qualquer sentido republicano da vida coletiva. Resulta [...] em um enfraquecimento dos vínculos de coesão e solidariedade civis e na perigosa redução de qualquer sentimento de pertencimento a uma coletividade. (Rego; Pinzani, 2014, p. 27-28). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 67 (Souza, 2009 apud Rego; Pinzani 2014, p. 29), diz que essa ideologia silencia qualquer tipo de determinação social. Isola [...] o indivíduo do seu contexto socioeconômico, atribuindo-lhe [...] a responsabilidade exclusiva (o mérito ou o demérito) pelo seu sucesso (ou fracasso) na educação e no trabalho, bem como pela sua posição na sociedade. O mito do mérito individual depende[...] do fato de isolar o indivíduo da sociedade, como se tudo o que o ele alcança na sua vida não dependesse das possibilidades que a sociedade lhe oferece. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 68 • As possibilidades [...] não se referem apenas às condições objetivas externas, como viver em segurança, receber educação pública de qualidade, contar com um sistema de saúde pública, eficiente, dispor de infraestrutura para exercer sua profissão, entre outros, mas também às condições intersubjetivas que dependem da cooperação das outras pessoas, dos outros membros da sociedade, sem os quais não conseguiria [...] sobreviver, e às condições subjetivas, isto é, às capacidades e habilidades que consegue desenvolver graças à sociedade. • A teoria das capabilidades, elaborada por (Amartya Sen e Martha Nussbaum, 2008 apud Rego; Pinzani 2014, p. 29), é útil para entender de que maneira políticas públicas influenciam concretamente a vida das pessoas, por isso ela é utilizada com frequência para a avaliação de tais políticas. ( Assista ao Vídeo “Capabilidades”, disponível na página 29 do caderno digital). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 69 Como a teoria das Capabilidades pode ajudar a enfrentar a pobreza? Conforme Rego; Pinzani, 2014, p.29): é possível [...] por meio dessa teoria descrever a situação dos(as) pobres no Brasil[...] em termos de funcionamentos e capabilidades. Em relação a todos os pontos já levantados - da má nutrição à vergonha, da renda escassa ou nula, à exclusão política; é possível identificar uma série de funcionamentos valiosos, [...] por exemplo, estar adequadamente nutrido(a), possuir autoestima, participar ativamente da vida política - que pressupõem a presença de certas capabilidades. É possível[...] avaliar políticas públicas de combate à pobreza com base na sua eficácia em criar capabilidades. Para tanto, é necessário considerar os bens a serem distribuídos por elas (dinheiro, como no caso do PBF; infraestrutura, como no caso do Programa Luz Para Todos; assistência médica, como no caso do Programa Mais Médicos, suporte profissional, etc.) e levar em conta os “fatores de tradução”, que permitem “traduzir” tais bens em capabilidades reais. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 70 Mas, Rego; Pinzani(2014), alertam que, o ponto central da teoria das capabilidades é que ela nos permite enxergar a situação da pobreza em termos de privação ou falta de liberdade. É por isso, Sen, 2008 apud Rego; Pinzani(2014), fala, entre outras coisas, em “liberdade para viver em uma atmosfera livre de epidemias” ou em “estar livre da fome e das enfermidades”. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 71 (Amartya Sen, 2008 apud Rego; Pinzani,2014, p.29), conclui: Quando avaliamos, ao redor do mundo, as desigualdades na capacidade de escapar das doenças que não são inevitáveis, ou da fome que pode ser evitada, ou da morte prematura, não estamos examinando apenas diferenças no bem-estar, mas também nas liberdades básicas que valorizamos e apreciamos. 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 72 [...] Convém lembrar que um indivíduo se torna mais livre à medida que aumenta o leque de opções entre as quais pode escolher - e isso compreende tanto os vários possíveis funcionamentos como o conjunto de capabilidades necessárias para eles. (REGO; PINZANI, 2014, p.30). Para refletir... crianças provenientes de famílias desestruturadas, malnutridas, morando em casebres ou em moradias precárias, etc. Poder-se-ia afirmar que essas crianças podem se decidir, livremente, a dedicar-se seriamente aos estudos e alcançar bons resultados e que, quando isso não acontece, a responsabilidade seria, portanto, unicamente delas? (REGO; PINZANI, 2014, id., p.30). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 73 Para Refletir... [...] alcançar bons resultados na escola é um funcionamento valioso que depende de um conjunto de capabilidades entre as quais estão, com certeza, inteligência, aplicação, disciplina e perseverança, que são qualidades individuais. Além delas há, no entanto, condições objetivas, como a presença de uma escola com infraestrutura apropriada e com professores(as) eficientes; a possibilidade de dispor de um lugar onde estudar com tranquilidade; o apoio de pais que prezam pelo estudo e podem encorajar ou até ajudar a criança a fazer seus deveres, etc. Mesmo as qualidades individuais, por vezes, só podem ser desenvolvidas a partir de condições objetivas: pensem nas consequências negativas da má nutrição sobre as capacidades de aprendizagem e memória [...].(REGO; PINZANI, 2014, p. 30) 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 74 Para Refletir... [...] ao introduzir a ideia dos “fatores de tradução”, a teoria das capabilidades mostra que, para solucionar os problemas ligados à pobreza, não é suficiente distribuir bens – [...] exemplo: abrir bibliotecas, melhorar a infraestrutura escolar, qualificar os(as) professores(as), etc., mas deve ser levada em conta a capacidade dos beneficiários da distribuição de transformar, de fato, tais bens em capabilidades. Como todo educador sabe perfeitamente,de nada adianta distribuir livros a estudantes sem se preocupar em estimulá- los(as) e segui-los(as) no processo de leitura.(REGO; PINZANI, 2014, p. 30). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 75 Para Refletir... [...] A responsabilidade dos(as) educadores(as) na “tradução” dos meios oferecidos pela escola - e que podem ser considerados como bens distribuídos aos(às) estudantes - em capabilidades para funcionamentos valiosos é, com efeito, enorme. Naturalmente, os(as) próprios educadores(as) devem dispor das capabilidades necessárias para realizar essa tarefa - por exemplo, serem não só qualificados(as), engajados(as), abertos(as), mas também receberem o reconhecimento e a estima de pais, estudantes e autoridades públicas, tanto quanto serem adequadamente remunerados(as).(REGO; PINZANI, 2014, p. 31). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 76 Para Refletir... [...] é possível dizer que os(as) educadores(as) podem promover a liberdade de seus(suas) alunos(as), uma vez que podem, por intermédio da educação, aumentar seu conjunto de capabilidades - o que não deve ser confundido com um simples processo de capacitação: [...] não se trata somente de habilidades e saberes técnicos específicos, mas também de um leque de opções para funcionamentos valiosos, como ser um(a) cidadão(ã) ativo(a), elaborar autonomamente um plano de vida, escolher uma profissão condizente aos próprios talentos e aos próprios desejos, etc. [...] a ideia do processo educativo como processo de emancipação se enriquece, assim, de mais uma dimensão. ).(REGO; PINZANI, 2014, p. 31). 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 77 LEIA TAMBÉM... Pobreza e Humilhação - Unidade III A implicação da ideologia da meritocracia na educação e os problemas por ela trazidos para as relações entre pobreza, desigualdade e educação. Renda monetária e autonomia: algumas conclusões - Unidade IV: Bom estudo a todos(as)! 16/03/2016 POR CLOTILDE TINOCO SALES 78
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