Buscar

Rogério de Vidal Curso Direito Penal Militar Parte Geral

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL DIREITO PENAL 
MILITARMILITAR
Aula 1 Aula 1 –– Parte GeralParte Geral
Rogerio de Vidal CunhaRogerio de Vidal Cunha
Oficial de JustiOficial de Justiçça Federala Federal
JustiJustiçça Militar da Uniãoa Militar da União
2a Auditoria da 3a CJM2a Auditoria da 3a CJM
Carta a El - Rei de Portugal 
- O Militar
Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde 
homens vivem em comum, comendo do mesmo 
alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um 
toque de corneta se levantam para obedecer. De noite, a 
outro toque de corneta se deitam, obedecendo. Da 
vontade fizeram renuncia como da vida. Seu nome é
Sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento 
físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente 
esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que 
os poetas não se cansam de celebrar.
Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os 
corações mais cansados sentem estremecer alguma 
coisa dentro de
si. A gente conhece-os por militares... 
Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que 
comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a 
Liberdade e a Vida. Publicistas de vista curta acham-
nos caros de mais, como se alguma coisa houvesse 
mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, 
continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si 
mesma. Pelo preço de sua sujeição eles compram a 
liberdade para todos e defendem da invasão estranha e 
do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede 
agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram,
algum dia o farão. E, desde hoje, é como se fizessem. 
Porque por definição o homem da guerra é nobre. E 
quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a 
coragem, e à sua direita a disciplina." 
(Trecho da carta escrita por Moniz Barreto, em 1893, 
publicada no jornal do Exército de Portugal, nº 306) 
POR QUE UM DIREITO PENAL POR QUE UM DIREITO PENAL 
PARA OS MILITARES ?PARA OS MILITARES ?
"Assim como há uma sociedade civil fundada sobre a liberdade, há
uma sociedade militar fundada sobre a obediência, e o juiz da 
liberdade não pode ser o da obediência. " 
"George Clemenceau"
Pode-se usar para explicar a necessidade de normas penais 
especiais para os militares a Teoria Tridimensional do 
Direito de Miguel Reale:
O Direito é:
FATO + VALOR + NORMA
FATOFATO
� O fato é que os integrantes das instituições militares são os únicos seres 
humanos de quem a lei exige o sacrifício da própria vida A nenhum 
funcionário público, na verdade a nenhum cidadão, exceto aos militares, 
lei alguma impõe deveres tão especiais, deveres que podem implicar a 
obrigação de morrer e até de matar..
VALORVALOR
� A vida, portanto, é o bem supremo do indivíduo, o maior valor tutelado pelo direito e, 
por isso, os crimes contra a vida são os mais graves na legislação de todos os países 
civilizados.
� Entretanto, para os integrantes das Forças Armadas, que são obrigados, em 
determinados momentos, a morrer e a matar, há um outro valor que se sobrepõe à
própria vida. Este valor é a Pátria. Essa é uma circunstância absolutamente única, 
especial, singular, incontornável.
� E existência desse valor, não poder dar-se sem a que as Forças Armadas(FFAA) e 
Auxiliares(PM BM) organizem-se com base na HIERARQUIA E DISCIPLINA, que são 
os valores fundamentais de tais instituições constitucionalmente assegurados(CF art. 
142)
NORMANORMA
Da conjugação desses fatos e valores surge a necessidade de normas específicas 
para a tutela da Hierarquia e Disciplina pilares das FFAA, seja no campo Penal como 
Processual e mesmo Administrativo( Regulamentos Disciplinares)
DO CRIME SEGUNDO AS CONCEPDO CRIME SEGUNDO AS CONCEPÇÇÕES FINALISTAS E PÕES FINALISTAS E PÓÓS FINALISTAS ( S FINALISTAS ( 
FUNCIONALISTA)FUNCIONALISTA)
CRIME
TIPICIDADE
Conduta
Resultado
Nexo de Causalidade
Tipicidade: a) Formal: Adequação Típica
b) Material: Criação de Riscos não 
permitidos( Imputação Objetiva), Ofensa 
relevante ao bem jurídico( Princípio da 
Insignificância), Conduta Socialmente 
reprovada(Adequação Social)
Ilicitude(Antijuricidade)
Estado de Necessidade
Legitima Defesa
Estrito Cumprimento de dever legal
Excludente do Comandante
CULPABILIDADE
Imputabilidade
Potencial Consciência da Ilicitude
Exclusão : Obediência 
Hierárquica
Exigibilidade de Conduta 
Diversa
Coação Moral Irresistível
Estado de Necessidade
Dolosa
Culposa
CRIME MILITARCRIME MILITAR
VISÃO GERALVISÃO GERAL
�� VVáários são os critrios são os critéérios para a definirios para a definiçção de crime militar:ão de crime militar:
�� A) RATIONE PERSONAE: leva em conta a condiA) RATIONE PERSONAE: leva em conta a condiçção de militares dos envolvidos ão de militares dos envolvidos 
e dos deveres que lhe são inerentese dos deveres que lhe são inerentes
�� B) RATIONE LOCI: Leva em consideraB) RATIONE LOCI: Leva em consideraçção o local da ocorrência do delito( ex. ão o local da ocorrência do delito( ex. 
áárea sob administrarea sob administraçção militar)ão militar)
�� C) RATIONE LEGIS: São crimes militares aqueles que a lei define C) RATIONE LEGIS: São crimes militares aqueles que a lei define assim.assim.
�� D) RATIONE MATERIAE: exige que se verifique a dupla qualidade, nD) RATIONE MATERIAE: exige que se verifique a dupla qualidade, no ato e no o ato e no 
agente.agente.
�� E) RATIONE TEMPORIS: são militares aqueles praticados em determiE) RATIONE TEMPORIS: são militares aqueles praticados em determinados nados 
momentos, como no caso de guerra declarada. momentos, como no caso de guerra declarada. 
A ConstituiA Constituiçção de 1988 adota o critão de 1988 adota o critéério do rio do rationeratione legislegis( Art. 125) ao definir que ( Art. 125) ao definir que 
compete a Justicompete a Justiçça Militar processar e julgar os crimes militares DEFINIDOS EM a Militar processar e julgar os crimes militares DEFINIDOS EM 
LEI.LEI.
Assim, são crimes militares aqueles que a lei atribuiu tal caracAssim, são crimes militares aqueles que a lei atribuiu tal caracterteríística. O que não stica. O que não 
significa que a lei tenha abandonado os demais critsignifica que a lei tenha abandonado os demais critéérios, pois no art. 9rios, pois no art. 9ºº eles eles 
são utilizados como circunstância para a definisão utilizados como circunstância para a definiçção do crime militar.ão do crime militar.
CRIME MILITARCRIME MILITAR
�� Por sua vez a constituiPor sua vez a constituiçção refereão refere--se a uma espse a uma espéécie de crime militar cie de crime militar 
os PROPRIAMENTE MILITARES, dandoos PROPRIAMENTE MILITARES, dando--lhe efeitos relevantes( como lhe efeitos relevantes( como 
a dispensa de ordem escrita e fundamentada para a prisão de seusa dispensa de ordem escrita e fundamentada para a prisão de seus
autores) daautores) daíí a necessidade de sistematizaa necessidade de sistematizaçção do crime militar em:ão do crime militar em:
CRIMES PROPRIAMENTE MILITARESCRIMES PROPRIAMENTE MILITARES
CRIMES TIPICAMENTE MILITARESCRIMES TIPICAMENTE MILITARES
CRIMES IMPROPRIAMENTE(ACIDENTALMENTE) CRIMES IMPROPRIAMENTE(ACIDENTALMENTE) 
MILITARESMILITARES
CRIME PROPRIAMENTE MILITAR:
A ConstituiA Constituiçção Federal no art. 5ão Federal no art. 5ºº , LXI, permite a prisão independente de , LXI, permite a prisão independente de 
mandado judicial, nos crimes propriamente militares, definidos emandado judicial, nos crimes propriamente militares, definidos em lei, m lei, 
contudo, atcontudo, atéé o momento o conceito legal não sobreveio, dividindoo momento o conceito legal não sobreveio, dividindo--se a se a 
doutrina no que vem a ser o crime propriamente militar:doutrina no que vem a ser o crime propriamente militar:
TEORIA CLTEORIA CLÁÁSSICA:SSICA:
��CLCLÁÁUDIO AMIM, UDIO AMIM, CCÉÉLIO LOBÃOLIO LOBÃO , JORGE C. ASSSISJORGE C. ASSSIS : Crime que s: Crime que sóó podeser pode ser 
cometido por militar, por consistirem em violacometido por militar, por consistirem em violaçções de deveres que lhe são ões de deveres que lhe são 
prpróóprios.prios.
TEORIA DE JORGE ROMEIROTEORIA DE JORGE ROMEIRO
��JORGE ROMERO, Celso COIMBRA : Crimes em que a aJORGE ROMERO, Celso COIMBRA : Crimes em que a açção penal são penal sóó pode ser pode ser 
promovida contra militarpromovida contra militar
Nos parece mais adequada cientificamente a teoria clNos parece mais adequada cientificamente a teoria cláássica do que a do prof. ssica do que a do prof. 
Romero atRomero atéé mesmo pelo fato de que não pode mesmo pelo fato de que não pode podepode buscar a definibuscar a definiçções de ões de 
direito material com base na legitimidade subjetiva da adireito material com base na legitimidade subjetiva da açção penal. Contudo ão penal. Contudo éé a a 
que melhor explica a posique melhor explica a posiçção do crime de insubmissão que são do crime de insubmissão que sóó pode ser pode ser 
cometido por civil.cometido por civil.
EXEMPLOS
Violência contra superior 
Art. 157. Praticar violência 
contra superior: 
Recusa de obediência 
Art. 163. Recusar obedecer a 
ordem do superior sobre assunto 
ou matéria de serviço, ou 
relativamente a dever imposto 
em lei, regulamento ou instrução:
Deserção
Art. 187. Ausentar-se 
o militar, sem licença, da 
unidade em que serve, ou 
do lugar em que deve 
permanecer, por mais de 
oito dias: 
Abandono de posto 
Art. 195. Abandonar, sem ordem 
superior, o posto ou lugar de 
serviço que lhe tenha sido 
designado, ou o serviço que lhe 
cumpria, antes de terminá-lo: 
CRIMES TIPICAMENTE MILITARESCRIMES TIPICAMENTE MILITARES
�� São aqueles que somente estão previstos no CSão aqueles que somente estão previstos no Cóódigo digo 
Penal Militar, sem que exista equivalente no CPenal Militar, sem que exista equivalente no Cóódigo digo 
Penal Comum. Ex. DeserPenal Comum. Ex. Deserçção, Insubmissão, Violência ão, Insubmissão, Violência 
contra superior, Furto de uso, Dano Culposo contra superior, Furto de uso, Dano Culposo etcetc, , ou os ou os 
que possuem definique possuem definiçção diversa na lei penal comumão diversa na lei penal comum
Art. 268. Causar incêndio em 
lugar sujeito à administração 
militar, expondo a perigo a 
vida, a integridade física ou o 
patrimônio de outrem: 
CÓDIGO PENAL COMUM
Art. 250 - Causar incêndio, 
expondo a perigo a vida, a 
integridade física ou o 
patrimônio de outrem:
Desaparecimento, consunção ou extravio 
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou 
extraviar combustível, armamento, munição, 
peças de equipamento de navio ou de aeronave 
ou de engenho de guerra motomecanizado: 
CÓDIGO PENAL 
COMUM
NÃO HÁ TIPO 
IGUAL
Crime tipicamente militar não é sinônimo de crime 
propriamente militar, pois podem haver crimes previstos 
somente no CPM que podem ser , dependendo das 
circunstâncias, praticados por civis.
Ex. : o crime de Ingresso clandestino 
Art. 302. Penetrar em fortaleza, 
quartel, estabelecimento militar, 
navio, aeronave, hangar ou em outro 
lugar sujeito à administração militar, 
por onde seja defeso ou não haja 
passagem regular, ou iludindo a 
vigilância da sentinela ou de vigia:
Veja-se esse crime só é
previsto no CPM, mas pode 
ser praticado por qualquer 
pessoa, mesmo que Civil
�� São tambSão tambéém chamados de ACIDENTALMENTE m chamados de ACIDENTALMENTE 
militares, e são aqueles que encontrammilitares, e são aqueles que encontram--se se 
previstos tanto no CPM como no CPB com a previstos tanto no CPM como no CPB com a 
mesma definimesma definiçção. Ex. Homicão. Ex. Homicíídio, furto, dio, furto, 
apropriaapropriaçção indão indéébita. bita. 
CRIMES IMPROPRIAMENTE MILITARES
CPM - Homicídio simples
Art. 205. Matar alguém: 
CPB - Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
O QUE FAZ O CRIME IMPROPRIAMENTE MILITAR CRIME MILITAR ?
O PRECEITO SECUNDÁRIO, OU SEJA O ENQUADRAMENTO DA 
CONDUTA EM UMA DAS HIPÓTESES DO ART. 9º, II OU III
Ex. O CIVIL MATAR MILITAR EM SITUAÇÃO DE ATIVIDADE, EM 
ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO MILITAR ( CPM ART. 9º , III, “b”)
CRIME MILTAR: CRITCRIME MILTAR: CRITÉÉRIOS DE DEFINIRIOS DE DEFINIÇÇÃOÃO
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo 
diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o 
agente, salvo disposição especial; 
���� SUJEITOS DO CRIME: QUALQUER PESSOA , ressalvada disposição 
em especial, que são justamente os crimes propriamente militares
que, por sua natureza só podem ser cometidos por militares. 
Contudo o STF entende que o civil não pode cometer o crime de 
dano culposo(HC 67579 ), mesmo que não exista a restrição no tipo.
���� LOCAL: Qualquer local, mesmo que fora do Território Nacional, eis 
que o CPM adota o princípio extraterritoriedade( CPM art. 7º)
����Neste inciso encontram-se definidos os crimes propriamente 
militares e os tipicamente militares.
Aqui o que vai definir a existência de crime militar é a sua ausência 
de previsão no Direito Penal Comum( Ex. Deserção) , ou a sua 
previsão de modo diverso( Ex. Crime de Incêndio- Área sob a 
administração militar)
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com 
igual definição na lei penal comum, quando praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, 
contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em 
lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em 
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do
lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou 
reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, 
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, 
contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem 
administrativa militar; 
f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
O Inciso II trata dos crimes impropriamente ( acidentalmente ) 
militares , já que considera como crime militares aqueles que 
possuam a mesma definição.
Neste inciso e no inciso III, como se verá, não basta a mera 
tipicidade legal ( ou seja, a previsão no CPM do crime, é necessário 
que o preceito primário( crime) seja complementado por uma das 
circunstâncias previstas nas alíneas dos Incisos(preceito 
secundário).
Além disso só são crimes militares os DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL 
MILITAR, não se aplicando as leis esparsas ( Ex. Abuso de 
Autoridade, Tortura, Crimes Ambientais), mesmo que cometidos por
MILITAR DA ATIVA CONTRA MILITAR DA ATIVA, ou em ÁREA SOB 
ADMINISTRAÇÃO MILITAR - STJ: SÚMULA 172
Nesse dispositivo o SUJEITO ATIVO será
sempre MILITAR DA ATIVA, e o sujeito 
passivo dependerá de cada uma das alíneas.
O conceito de Militar é o do art. 22 do CPM (qualquer pessoa que, em tempo de 
paz ou de guerra, seja incorporada às forcas armadas, para nelas servir em posto, 
graduação, ou sujeição à disciplina militar. ) ampliado, pela CF/88 aos Milicianos ( 
Militares Estaduais)
Para a lei 6.880/81( Estatuto dos Militares – Art. 6º- são equivalentes as 
expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", "em serviço na ativa", "em 
serviço", "em atividade" ou "em atividade militar".
Aqui adota-se o critério RATIONE PERSONAE , destacando-se que 
pouco importa que um ou outro militar esteja de folga, férias, licença, 
agregado, o que importa é que não esteja REFORMADO ou na RESERVA. 
Também é irrelevante o conhecimento da condição de militar dos sujeitos, 
salvopara aplicação do art. 47, I do CPM ( qualidade de superior)
���� O STJ tem entendimento de que se os militares estão de folga, e o 
crime ocorre fora de área sob administração militar não há crime militar. 
Mas não é o que predomina na doutrina nem no STM.
A) por militar em situação de atividade ou 
assemelhado, contra militar na mesma situação ou 
assemelhado; 
Lembrar que também é considerado MILITAR DA ATIVA o Reformado 
ou da Reserva, empregado na administração militar
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração 
militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da 
aplicação da lei penal militar. 
Fora essa hipótese , o Militar reformado ou da Reserva é equivalente a Civil, 
ressalvada as suas Prerrogativas de Posto ou Graduação
Art. 13. O militar da reserva, ou 
reformado, conserva as 
responsabilidades e prerrogativas do 
posto ou graduação, para o efeito da 
aplicação da lei penal militar, quando 
pratica ou contra ele é praticado 
crime militar. 
Por. Ex. Oficial GENERAL da reserva 
que comete crime militar( Art. 9º, III), 
continua com a prerrogativa de ser 
Julgado pelo STM. O Oficial reformado 
continua sendo julgado pelo Conselho 
Especial, etc.
CRIME COMETIDO POR MILITARES FEDERAIS x MILITARES 
ESTADUAIS 
EX. SOLDADO FN AGRIDE TENENTE DA BRIGADA
DUAS POSIÇÕES
STM : COMPETÊNCIA DA 
JMU
STF : COMPETÊNCIA DA 
Justiça Comum
É a predominante na 
doutrina nacional
E Policiais Militares 
de Estados Diversos?
CRIME MILITAR ( Ambos 
são da ativa, mesmo de 
estados diferentes)
Mas o Militar réu é julgado 
pela Justiça Militar de seu 
estado, mesmo que 
cometido o crime em 
outro
A QUESTÃO DO PM TEMPORÁRIO
O Soldado PM Temporário é o jovem que é recrutado pelas Polícias Militares 
dos estados para prestar serviço auxiliar voluntário (SAV) nas unidades 
respectivas.
O SAV baseia-se na Lei Federal nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, e através 
dela os estados podem contratar temporariamente homens e mulheres para 
prestarem serviços administrativos.
O PM TEMPORÁRIO É MILITAR DA ATIVA? 
Para o TJM-SP o PM-Temp é
militar (APELACAO CRIMINAL Nº
005453/05 ) aplicando o art. 22 
do CPM c/c a Legislação 
Estadual
Para a doutrina, com razão, não 
é, pois não é INTEGRANTE das 
Forças Auxiliares, sendo mero 
VOLUNTÁRIO, que não possui 
qualquer vínculo administrativo 
com as Polícias Militares
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito 
à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; 
CRTIÉRIO DE DEFINIÇÃO: RATIOCI LOCI ( ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO 
MILITAR)
Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA
Sujeito Passivo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA
CIRCUNSTÂNCIA: Crime ocorrido em ÁREA SOB A 
ADMINISTRAÇÃO MILITAR
Ex. Soldado PM que, no interior de Viatura , agride 
fisicamente Civil , ou Sd FN que no interior de Unidade Militar 
agride fisicamente Oficial da Reserva
O que é área sob a administração militar?
É aquela que integra o patrimônio das instituições militares , 
ou os que foram confiados às sua administração.
É o local onde as instituições militares desenvolvem as suas 
atividades institucionais, como quartéis , navios e aeronaves 
militares, campos de treinamento, paióis , viaturas etc.
Os imóveis residenciais( 
PNR) destinados aos 
Militares enquadram-se no 
conceito?
SÃO DUAS SITUAÇÕES:
As áreas comuns: 
Corredores, Salões 
de Festa, recepção 
, enquadram-se
As unidades de 
moraria( Apts) não, 
pois a casa é asilo 
inviolável do indivíduo
Ressalvado se 
ambos forem 
militares( Art. 
9o, II, “a”)
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão 
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA.
Mas não basta ser militar da ativa, ele deve estar em uma das 
situações enumeradas na alínea “c”.
MIILITAR EM SERVIÇO: é o que se encontra exercendo função do cargo 
militar, decorrente de qualquer ato normativo ou ordem verbal ou escrita de 
superior hierárquico ( ex. conservação, limpeza, manutenção, administração , 
condução de veículos)
OU EM RAZÃO DA FUNÇÃO: Mesmo de folga o militar tem obrigações 
relacionadas com a sua atividade, em especial os POLICIAIS MILITARES . Assim, 
mesmo que fora de serviço( folga p. ex.) o militar POSSUI O DEVER JURÍDICO 
DE AGIR ( CPP art. 301, CPPM art. 243) em caso de flagrância delitiva. Assim , p. 
ex. o Militar , de folga, que após impedir um crime ( entrou em situação de 
atividade) causa lesão ao preso, comete crime militar.
FORMATURA: Alinhamento e ordenação da tropa. É toda reunião do 
pessoal em forma, armado ou desarmado (RISG, art. 253). 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra 
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
Sujeito Ativo: MILITAR DA ATIVA , com a mesma ressalva da alínea anterior
Local: Qualquer local
PERÍODO DE MANOBRAS: 
são as movimentações de 
tropa destinada ao 
treinamento.
CIRCUNSTÂNCIAS
PERÍODO DE EXERCÍCIOS: é o 
necessário ao adestramento da 
tropa , incluindo marchas, 
treinamentos com material bélico 
etc.
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o 
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa 
militar;
Sujeito ativo: MILITAR DA ATIVA
Local: QUALQUER LUGAR
CIRCUNSTÂNCIAS
Patrimônio sob a 
administração militar
São os que pertencem às 
instituições militares, ou que 
estejam legalmente sob a sua 
guarda.
Ex. no RS parte das viaturas da PM 
são locadas, portanto, não são do 
Estado, mas estão sob a 
administração da PM
Ordem Administrativa 
Militar
É a regularidade da organização, 
existência ou finalidade das 
Instituições Militares, bem como as 
suas funções institucionais
CRIME MILITAR - CONT.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra 
as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no 
inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem 
administrativa militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de 
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da 
Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, 
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em 
função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e 
preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente 
requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
Crimes militares em tempo de guerra 
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a 
vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Incluído 
pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
CRIMES MILITARES COMETIDOS POR CIVIS
Ao contrário do que se pode , a princípio, imaginar os Civis podem 
cometer crimes militares, pois como já visto, o legislador adota o 
critério RATIONE LEGIS, e nada impede que a lei atribua a civis o 
cometimento de crimes militares
Mas não pode a lei atribuir genericamente à Civis deveres compatíveis 
somente com os militares, mas , por outro lado , pode exigir de todo o 
cidadão que abstenha-se de condutas prejudiciais às INSTITUIÇÕES 
MILITARES, que possuem relevância constitucional.
Assim, somente quando a conduta do civil ofender as instituições 
militaresé que poderá ser processado pela Justiça Militar.
Por ex. Um civil, em área sob a administração militar furta o veículo de 
outro civil. Comete Crime Militar?
Não, pois não há ofensa às INSTITUIÇÕES MILITARES.
E NA JUSTIE NA JUSTIÇÇA MILITAR ESTADUAL?A MILITAR ESTADUAL?
�� O art. 125 da CF/88 deu O art. 125 da CF/88 deu àà JME competência para JME competência para 
processar e julgar somente POLICIAIS MILITARES E processar e julgar somente POLICIAIS MILITARES E 
BOMBEIROS MILITARES, não admitindo o julgamento de BOMBEIROS MILITARES, não admitindo o julgamento de 
civis.civis.
�� Assim, se um civil , em Assim, se um civil , em áárea sob administrarea sob administraçção militar ão militar 
estadual , mata Policial Militar, responde no Jestadual , mata Policial Militar, responde no Júúri.ri.
�� Contudo, a JustiContudo, a Justiçça Militar Federal tem competência para a Militar Federal tem competência para 
Processar e Julgar civis. Assim, e civil , em Processar e Julgar civis. Assim, e civil , em áárea sob a rea sob a 
administraadministraçção militar mata militar da ativa responde da ão militar mata militar da ativa responde da 
JMU.JMU.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou 
por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais 
não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos 
seguintes casos: 
Os civis, militares da reserva e reformados só cometem crimes militares 
quando suas condutas atentarem contra as INSTITUIÇÕES MILITARES
Consideram-se instituições 
militares as Forças Armadas, 
constituídas pela Marinha, 
Exército e Aeronáutica, 
estruturadas em ministérios e, 
também, os altos órgãos 
militares de administração, 
planejamento e comando.
STM, Rec. Crim. 60656, MG, Rel: 
Min. Cherubim Rosa Filho, D.J. 
26/04/93)
Assim, se forem contra as 
IM, são crimes militares os 
previstos só no CPM , ou 
com definição diversa, ( 
CPM art. 9º, I), bem como 
os que tenham a mesma 
definição do CPB( Art. 9º, 
II), presentes as 
circunstâncias do inciso III)
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem 
administrativa militar;
Aplica-se o mesmo disto em relação ao Inciso II, “e”, invertendo-se somente o 
sujeito ativo, que pode ser somente Civil ou Militar reformado ou da reserva.
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de 
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou 
da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
Os conceitos de “lugar sujeito 
à administração militar” e 
“militar em atividade” já foram 
oferecidos.
Já o conceito de Servidor da 
Justiça Militar é dado pelo Art. 
27 do CPM.
Art. 27. Quando este Código se 
refere a funcionários, compreende, 
para efeito da sua aplicação, os 
juízes, os representantes do 
Ministério Público, os funcionários e 
auxiliares da Justiça Militar.
Célio Lobão, contesta a 
constitucionalidade deste dispositivo, 
ao argumento que no caso dos 
servidores da JM não há ofensa às IM
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, 
vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, 
acantonamento ou manobras;
Sujeito Ativo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA
Sujeito Passivo: Militar da ativa em uma das circunstâncias abaixo:
FORMATURA: Alinhamento e ordenação da tropa. É toda reunião do 
pessoal em forma, armado ou desarmado (RISG, art. 253). 
PERÍODO DE PRONTIDÃO: é um estado de alerta em que as tropas 
estão prontas para operações
VIGILÂNCIA E OBSERVAÇÃO: dizem respeito a um estado de espreita, 
de constante observação
EXPLORAÇÃO: é o reconhecimento de um terreno.
ACAMPAMENTO: é o estacionamento temporário de tropas com o 
aproveitamento das condições naturais.
ACANTONAMENTO: é o estacionamento temporário de tropas com o 
aproveitamento de instalações já existentes.
CIRCUNSTÂNCIASLocal: QUALQUER LUGAR
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar 
em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de 
vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou 
judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em 
obediência a determinação legal superior.
Sujeito Ativo: CIVIL, MILITAR REFORMADO OU DA RESERVA
Sujeito Passivo: Militar da ativa em uma das circunstâncias abaixo:
Local: QUALQUER LUGAR
CIRCUNSTÂNCIAS
01- Função militar: é o exercício das obrigações 
inerentes ao cargo militar. ( Lei 6.880/80 Art. 23. )
02- garantia e preservação da ordem pública: 
É hipótese prevista pelo art. 142 da CF/88 , na qual as FFAA atuam não na defesa da 
Pátria contra agressões externas, mas sim para a garantia da Estabilidade do País 
atuando na garantia da Lei e da Ordem. Os requisitos para a atuação das FFAA está
prevista na no art. 15 da Lei Complementar 97/99. 
03- obediência a determinação legal de 
superior: Nesse caso exige-se que a ordem seja legal ( não para o seu cumprimento 
pois mesmo que ilegal o militar deve cumpri-la) mas para a qualificação do crime 
militar pelo civil.
CRIMES CONTRA A VIDA COMETIDOS CONTRA CIVIS
Segundo o Art. 9º, II ( crimes 
acidentalmente militares) o homicídio 
cometido por militar da ativa , em 
serviço, contra civil é crime militar.
Contudo, em virtude de pressões de 
Organismos Internacionais, 
desconhecedores da realidade da Justiça 
Castrense( cujo maior defeito è a falta de 
visibilidade), pressionaram o Governo 
Federal que , em 1996 editou a lei 
9.299/96, que incluiu um parágrafo único 
ao art. 9º do CPM:
Art. 9º. ...........................
Parágrafo único. Os crimes 
de que trata este artigo, 
quando dolosos contra a vida 
e cometidos contra civil, 
serão da competência da 
justiça comum. 
É CONSTITUCIONAL ESSA NORMA?
Segundo o STM essa norma é
Inconstitucional, pois se o crime 
enquadra-se em uma das 
circunstâncias do art. 9º do CPM, é, 
portanto, CRIME MILITAR, e a 
competência para o seu julgamento 
é da JM a quem, segundo a CF/88 
compete, exclusivamente , julgar os 
crime militares definidos em lei.
Já segundo o entendimento do STF, 
a lei 9.299/96 ao determinar a 
competência do Júri para os crimes 
dolosos contra a vida cometidos 
contra civis, o exclui do rol de 
crimes militares( HC 260404-MG)
STM STF
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
Civil Mata Militar da Ativa em área 
sob a administração militar:
CRIME MILITAR - JM
Militar de serviço mata Civil que 
invade Unidade Militar:
CRIME COMUM - TJ
DO ERRO EM DIREITO PENAL MILITARDO ERRO EM DIREITO PENAL MILITAR
CONCEITO DE ERRO: é a 
falsa percepção da realidade, 
sendo a ignorância a ele 
equiparada para fins penais.
No Direito Penal Comum, o legislador 
de 1984, inclinando-se à concepção 
finalista ( Welzel) do delito, dividiu o 
erro em :
ERRO SOBRE OS ELEMENTOS DO TIPO
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo 
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei.
ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO
Art. 21 - O desconhecimento da lei é
inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
DO ERRO EM DIREITO PENAL MILITARDO ERRO EM DIREITO PENAL MILITAR
Já o Legislador do Código 
Penal Militar, seguindo a linha 
do CP de 1969( que nunca 
entrou em vigor) manteve-se 
ligado à concepção naturalista 
do delito(Causalismo) e adotou 
a classificação do erro oriunda 
do direito romano, dividindo o 
erro em :
Erro de direito 
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou 
substituída por outra menos grave 
quando o agente, salvo em se 
tratando de crime que atente contra 
o dever militar, supõe lícito o fato, 
por ignorância ou erro de 
interpretação da lei, se escusáveis.Erro de fato 
Art. 36. É isento de pena quem, 
ao praticar o crime, supõe, por erro 
plenamente escusável, a inexistência 
de circunstância de fato que o 
constitui ou a existência de situação 
de fato que tornaria a ação legítima. 
ERRO DE DIREITO
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída 
por outra menos grave quando o agente, salvo em se 
tratando de crime que atente contra o dever militar, 
supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de 
interpretação da lei, se escusáveis. 
O erro de direito, dentro do conceito analítico de crime, atua na CULPABILIDADE, 
eis que retira do agente o CONHECIMENTO DA ILICITUDE DO FATO. Aqui o agente 
atua com dolo(vontade livre e consciente) mas acredita, por erro, ou ignorância, 
que a sua conduta não é ilícita.
Se o erro for 
escusável(invencível) a 
pena é atenuada ou 
substituída por outra 
menos grave.
Exemplo: Militar da Ativa que , em área 
sob a administração militar, encontra 
determinado bem e acreditando que, por 
tê-lo encontrado é seu (“achado não é
roubado”), não o entrega a autoridade 
competente no prazo de 15 dias. ( CPM 
art. 249, § único)
Observar que no Código Penal Comum, o erro de proibição excluí a 
pena, ao passo que o erro de direito somente a atenua. E se for 
crime contra dever militar, não produz qualquer efeito.
ERRO DE DIREITO E O DEVER MILITAR
O Código Penal Militar não admite o instituto do ERRO DE DIREITO 
aos crimes contra o DEVER MILITAR.
O conceito de crimes contra o dever militar, 
segundo ROMEIRO, implica em todos os crimes 
propriamente militares, pois são os crimes que 
dizem respeito aos deveres da vida militar. E 
não só os assim tipificados no CPM ( Art. 183 a 
204)
MAS QUAL O FUNDAMENTO PARA TANTO?
A vedação em relação aos crimes que envolverem os deveres 
militares , ocorre em virtude do ADESTRAMENTO por que 
passam todos os militares no qual lhe são repassados os 
conhecimento necessários a poder discernir sobre a ilicitude ou 
não de suas condutas, relativas à LEI PENAL MILITAR. Daí
presumir-se que, pelo adestramento, o militar obtém a 
potencial consciência da ilicitude relativa a seus deveres.
ERRO DE FATO
Art. 36. É isento de pena 
quem, ao praticar o 
crime, supõe, por erro 
plenamente escusável, 
a inexistência de 
circunstância de fato 
que o constitui ou a existência 
de situação de fato que tornaria a ação 
legítima. 
Erro culposo 
1º Se o erro deriva de culpa, a este 
título responde o agente, se o fato é
punível como crime culposo. 
Erro provocado 
2º Se o erro é provocado por 
terceiro, responderá este pelo crime, a 
título de dolo ou culpa, conforme o caso.
ERRO DE FATO ESSENCIAL
Na primeira parte do dispositivo, o 
agente erra em relação ao próprio 
tipo penal, o erro ou a ignorância 
excluem o próprio dolo do agente, ou 
seja, a sua vontade final é maculada 
pelo erro.
Ex. SD que deixa de entregar à
autoridade competente aparelho 
celular que achou acreditando tratar-
se do seu.( CPM art. 259, § único)
Aqui , assemelha-se com o erro de 
tipo do Código Penal comum, 
contudo, como o CPM é inspirado no 
causalismo, o Dolo, encontra-se na 
CULPABILIDADE, e não no tipo, daí
isentar-se de PENA o agente.
ERRO DE FATO
Art. 36. É isento de pena quem, ao 
praticar o crime, supõe, por erro 
plenamente escusável, a inexistência de 
circunstância de fato que o constitui 
ou a existência 
de situação de 
fato que tornaria 
a ação legítima. 
Erro culposo 
1º Se o erro deriva de culpa, a este 
título responde o agente, se o fato é
punível como crime culposo. 
Erro provocado 
2º Se o erro é provocado por 
terceiro, responderá este pelo crime, a 
título de dolo ou culpa, conforme o caso.
ERRO DE FATO ESSENCIAL
Na segunda parte do dispositivo 
estamos diante das chamadas 
DISCRIMINANTES PUTATIVAS, nas 
quais o agente, por errada 
compreensão da realidade fática 
acredita que ao agir estar acobertado 
por uma das excludentes da Ilicitude:
São Excludentes da ilicitude :
•LEGITIMA DEFESA
•ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER 
LEGAL
•ESTADO DE NECESSIDADE
•EXERCÍCIO REGULAR DE UM 
DIREITO
•DESCRIMINANTE DO Cmt
ILICITUDEILICITUDE
�� Causas de Exclusão(CPM art. 42):Causas de Exclusão(CPM art. 42):
Art. 42. Não hArt. 42. Não háá crime quando o agente pratica o fato: crime quando o agente pratica o fato: 
I I -- em estado de necessidade; em estado de necessidade; 
II II -- em legem legíítima defesa; tima defesa; 
III III -- em estrito cumprimento do dever legal; em estrito cumprimento do dever legal; 
IV IV -- em exercem exercíício regular de direito. cio regular de direito. 
ParParáágrafo grafo úúnico. Não hnico. Não háá igualmente crime quando o comandante de igualmente crime quando o comandante de 
navio, aeronave ou pranavio, aeronave ou praçça de guerra, na iminência de perigo ou a de guerra, na iminência de perigo ou 
grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, agrave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a
executar serviexecutar serviçços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou os e manobras urgentes, para salvar a unidade ou 
vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendividas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendiçção, a ão, a 
revolta ou o saque. revolta ou o saque. 
As questões mais relevantes em Direito Penal Militar, em relação às excludentes 
da ilicitude são do ESTADO DE NECESSIDADE e o chamada EXCLUDENTE DO 
COMANDANTE.
ESTADO DE NECESSIDADE
O direito penal comum, com a reforma de 1984, adotou a teoria unitária para o Estado de 
Necessidade, somente o reconhecendo como excludente da ilicitude. Já o direito penal militar 
acolheu a TEORIA DIFERECIADORA, eu divide o estado de necessidade em EXCLUDENTE da 
Ilicitude e EXCULPANTE que elimina a CULPABILIDADE do Agente.
Art. 43. Considera-se em estado de 
necessidade quem pratica o fato para 
preservar direito seu ou alheio, de 
perigo certo e atual, que não 
provocou, nem podia de outro modo 
evitar, desde que o mal causado, por 
sua natureza e importância, é
consideravelmente inferior ao mal 
evitado, e o agente não era 
legalmente obrigado a arrostar o 
perigo. 
Art. 39. Não é igualmente culpado 
quem, para proteger direito próprio 
ou de pessoa a quem está ligado por 
estreitas relações de parentesco ou 
afeição, contra perigo certo e atual, 
que não provocou, nem podia de 
outro modo evitar, sacrifica direito 
alheio, ainda quando superior ao 
direito protegido, desde que não lhe 
era razoavelmente exigível conduta 
diversa.
Aqui o bem jurídico defendido é
superior ou igual ao sacrificado, 
excluindo a ilicitude da conduta.
Ex. Militar que para socorrer 
colega ferido subtrai veículo da 
unidade.
Vida é maior que patrimônio
Aqui a questão se opera na 
culpabilidade( inexigibilidade de 
conduta diversa) pois o bem 
jurídico sacrificado é inferior ao 
bem defendido, mas apesar disso 
não se pode exigir do autor outra 
conduta.
Ex. Militar que deserta para 
ajudar família financeiramente.
A EXCLUDENTE DO COMANDANTE:
O parágrafo único do art. 42 
do CPM prevê uma forma de 
exclusão de ilicitude exclusiva 
do direito penal militar.
Parágrafo único. Não há
igualmente crime quando o 
comandante de navio, aeronave 
ou praça de guerra, na iminência 
de perigo ou grave calamidade, 
compele os subalternos, por 
meios violentos, a executar 
serviços e manobras urgentes, 
para salvar a unidade ou vidas, ou 
evitar o desânimo, o terror, a 
desordem, a rendição, a revolta 
ou o saque. 
O Comando é a soma de autoridade, 
deveres e responsabilidades de que o 
militar é investido legalmente quando 
conduz homens ou dirige uma 
organização militar. 
O Cmt tem o dever de manter a tropa 
eficiente( CPM Art. 198), tendo os seus 
subordinados a obrigação de obedecer( 
CPM art.163). Daí que o Cmt que, para 
garantir a eficiência da tropa em uma 
das situações citadas, pode exercer de 
seu direito de comando, inclusive por 
meios violentos.
Equiparação a comandante 
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o 
efeito da aplicação da lei penal militar, toda 
autoridade com função de direção. ( ex. Ten. 
Comandando fração de tropa é , para essa fração 
Cmt)
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADEEXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
Art. 38. Não é culpado quem comete 
o crime: 
Coação irresistível 
a) sob coação irresistível ou 
que lhe suprima a faculdade de agir 
segundo a própria vontade; 
Obediência hierárquica 
b) em estrita obediência a 
ordem direta de superior hierárquico, 
em matéria de serviços. 
1° Responde pelo crime o 
autor da coação ou da ordem. 
2° Se a ordem do superior tem 
por objeto a prática de ato 
manifestamente criminoso, ou há
excesso nos atos ou na forma da 
execução, é punível também o 
inferior. 
A coação aqui obrigatoriamente 
é MORAL, já que a coação física 
exclui o DOLO pois não há
vontade. Aqui exclui-se a 
culpabilidade pela inexigibilidade 
de conduta diversa.
A grande peculiaridade do DPM é
que nos crimes em que há
violação do dever militar, o 
agente não pode invocar coação 
irresistível senão quando física 
ou material. (Art. 40)
Isso ocorre pois ao Militar existe a 
obrigação de agir, bem como de 
sacrifício da própria vida em 
defesa de seus deveres militares.
ODEBIÊNCIA HIERARQUICA
b) em estrita obediência a ordem 
direta de superior hierárquico, em 
matéria de serviços. 
2° Se a ordem do 
superior tem por objeto a 
prática de ato 
manifestamente 
criminoso, ou há excesso nos 
atos ou na forma da execução, é
punível também o inferior. 
As forças militares se organizam com 
base na Hierarquia e na Disciplina, 
sendo a obediência à cadeia de 
comando essencial a sua 
funcionalidade.
Se no DP comum, a ordem não deve ser 
manifestamente ilegal, no DPM essa 
ordem não pode ser MANIFESTAMENTE 
CRIMINOSA, pois ao militar não é dado 
questionar a legalidade dos atos de 
seus superiores. Já que possui o dever 
de OBEDIÊNCIA. Se acredita na 
ilegalidade da ordem que recebeu em 
matéria de serviços deve sempre seguir 
a cadeia de comando.
Mas se a ordem for MANIFESTAMENTE 
CRIMINOSA pode negar-se a cumpri-la, 
mas se o fizer, adere a vontade do 
Superior e responde com ele pelo crime.
Em relação a obediência hierárquica 
destacam-se dois sistemas: O das 
baionetas cegas, no qual não é
dado nunca ao subordinado 
questionar suas ordens e o das 
Baionetas Inteligentes, que o 
admite. O Brasil adota um sistema 
misto, pois a princípio não admite 
contestetação, salvo se a ordem for 
manifestamente criminosa.
DAS PENAS
Código Penal Militar
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento; 
f) suspensão do 
exercício do posto, graduação, 
cargo ou função; 
g) reforma. 
As penas no direito penal militar 
são bem diferentes das do direito 
comum, pois refletem 
peculiaridades da vida na caserna.
Além disso, só o DPM admite a 
pena de Morte, que será aplicada 
somente em caso de GUERRA 
DECLARADA.
Art. 56. A pena de morte é
executada por fuzilamento. 
Código Penal Militar
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão;
e) impedimento; 
f) suspensão do exercício 
do posto, graduação, cargo ou 
função; 
g) reforma. 
Ao contrário do CP comum que prevê a a 
existência de 3 Regimes de 
cumprimento de pena( Fechado, Semi-
Aberto e Aberto) o CPM só prevê o 
regime FECHADO para cumprimento da 
pena a que for o militar . Pelo art. 59 as 
penas de detenção ou reclusão, de até 2 
anos são convertidas em PRISÃO, sendo 
cumpridas na forma dos incisos. A pena 
superior a 2 anos é cumprida em 
PENITENCIÁRIA MILITAR, ou , na sua 
falta em presídio civil.
Mas se for cumprida em 
estabelecimento civil( por militar ou 
civil) aplica-se a Lei de Execuções 
Penais( Lei 7.210)
A diferença entre detenção e reclusão só
diz respeito ao máximos e mínimos de 
pena, quando não previstos no tipo.
Art. 58. O mínimo da pena de 
reclusão é de um ano, e o máximo 
de trinta anos; o mínimo da pena 
de detenção é de trinta dias, e o 
máximo de dez anos. 
Ex. Art. 181( Arrebatamento de Preso) 
Reclusão até 4 anos 
Ex. Art. 223(Ameaça) pena detenção até
6 meses
Código Penal Militar
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento;
f) suspensão do exercício 
do posto, graduação, cargo ou 
função; 
g) reforma. 
A pena de impedimento sujeita o 
condenado a permanecer no recinto 
da unidade, sem prejuízo da 
instrução militar.
A pena de impedimento é aplicada 
nos crime de insubmissão ( CPM Art. 
183), e impõe ao condenado a 
obrigação de permanência no recinto 
da Unidade Militar , recolhendo-se 
após a sua instrução diária .
É pena privativa de liberdade, pois, 
ainda que não seja recolhido a 
estabelecimento penal militar o 
insubmisso tem a sua liberdade de 
locomoção reduzida, eis que não 
pode ausentar-se do recinto da 
unidade.
Código Penal Militar
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento;
f) suspensão do exercício 
do posto, graduação, cargo 
ou função; 
g) reforma.
Trata-se de pena não privativa de 
liberdade em que há a suspensão 
temporária do exercício (afastamento) 
do Oficial( posto) ou do Praça( 
Graduação) de suas funções.
Art. 64- A pena de suspensão do exercício do 
posto, graduação, cargo ou função consiste na 
agregação, no afastamento, no licenciamento 
ou na disponibilidade do condenado, pelo 
tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu 
comparecimento regular à sede do serviço. Não 
será contado como tempo de serviço, para 
qualquer efeito, o do cumprimento da pena. 
Contudo, se a pena de suspensão não 
puder ser cumprida em virtude da reforma 
ou reserva do sentenciado, ela converte-se 
em detenção de 6 meses a 1 ano.( § único)
Reforma é a passagem 
compulsória do Militar para a 
reserva, segregando-o do 
Convívio de seus pares. So é
admitida aos Militares com 
Estabilidade Assegurada.
Ex. de Crimes com tal apenamento:
Art. 204( Exercício de Comercio por Oficial)
Art. 324 (Inobservância de lei, regulamento 
ou instrução )
PENAS ACESSÓRIAS
Com a reforma de 1984 o Código Penal Comum, deixou de prever a 
Figura das Penas Acessórias, que são aquelas decorrentes da imposição 
de uma das penas principais já estudadas.
Art. 98. São penas acessórias: 
I - a perda de posto e patente; 
II - a indignidade para o 
oficialato; 
III - a incompatibilidade com o 
oficialato; 
IV - a exclusão das forcas armadas; 
V - a perda da função pública, ainda que 
eletiva; 
VI - a inabilitação para o exercício de função 
pública; 
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou 
curatela; 
VIII - a suspensão dos direitos políticos. 
Tomar cuidado com essa regras pois o Art. 142 
da CF reza:
VI - o oficial só perderá o posto e a patente 
se for julgado indigno do oficialato ou com 
ele incompatível, por decisão de tribunal 
militar de caráter permanente, em tempo de 
paz, ou de tribunal especial, em tempo de 
guerra;
VII - o oficial condenado na justiça 
comum ou militar a pena privativa de 
liberdade superior a dois anos, por sentença 
transitada em julgado, será submetido ao 
julgamento previsto no inciso anterior; 
Assim, se o Oficial for condenado a pena 
igual ou inferior a 2 anos, é submetido ao 
Conselho de Justificação, sendo após a 
decisão desse conselho submetida a 
Tribunal Militar( STM, TJM ou TJ). Se a 
pena for superior a 2 anos o MP 
representa diretamente ao tribunal.
Oficial Incompatívelé aquele 
inconciliável com o Oficialato. 
Indigno é aquele, torpe sórdido, 
não merecedor dessa condição
Art. 98. São penas acessórias: 
I - a perda de posto e patente; 
II - a indignidade para o 
oficialato; 
III - a incompatibilidade com o 
oficialato; 
IV - a exclusão das forcas 
armadas; 
V - a perda da função pública, 
ainda que eletiva; 
VI - a inabilitação para o 
exercício de função pública; 
VII - a suspensão do pátrio 
poder, tutela ou curatela; 
VIII - a suspensão dos direitos 
políticos. 
Essa pena acessória é aplicada 
aos Praças das FFAA 
condenados a penas privativas 
de liberdade superiores a 2 anos 
( CPM art. 102)
Contudo as Praças das Forças 
Auxiliares somente podem perder a sua 
Graduação por decisão do Tribunal 
Militar( Art. 125 da CF/88). 
Com a exclusão das FFAA, o militar 
passa a cumprir pena em Presídio civil, 
ficando sujeito ao regramento da LEP, 
inclusive com direito à progressão de 
regime.
�� Inaplicabilidade das Penas Restritivas de direito no DPMInaplicabilidade das Penas Restritivas de direito no DPM
O CO Cóódigo Penal Militar não digo Penal Militar não 
previu , ao contrpreviu , ao contráário do CPB, rio do CPB, 
as penas RESTRITIVAS DE as penas RESTRITIVAS DE 
DIREITO, sendo entendimento DIREITO, sendo entendimento 
pacpacíífico no STM de que são fico no STM de que são 
incompatincompatííveis com a realidade veis com a realidade 
castrense.castrense.
Esta Corte tem entendimento firme no Esta Corte tem entendimento firme no 
sentido de não aceitar a aplicasentido de não aceitar a aplicaçção da Lei ão da Lei 
nnºº 9.714/98, que dispõe sobre penas 9.714/98, que dispõe sobre penas 
restritivas de direitos, não srestritivas de direitos, não sóó em razão da em razão da 
especialidade e autonomia do Direito especialidade e autonomia do Direito 
Penal Militar, mas, tambPenal Militar, mas, tambéém, por sua m, por sua 
incompatibilidade com as peculiaridades incompatibilidade com as peculiaridades 
atinentes atinentes àà vida militar e ao militar. ( STM vida militar e ao militar. ( STM 
Ap. 2004.01.049688Ap. 2004.01.049688--2 )2 )
Contudo, a maioria da doutrina critica esse entendimento, pelo menos, em 
relação aos Civis, pois entende que, nesse caso, a substituição da pena 
corporal por outra restritiva de direitos em nada prejudica a Organização e a 
Disciplinas Militares.
CONCURSO DE CRIMESCONCURSO DE CRIMES
Concurso de crimes 
Art. 79. Quando o agente, mediante 
uma só ou mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, as penas privativas de liberdade 
devem ser unificadas. Se as penas são da 
mesma espécie, a pena única é a soma de 
todas; se, de espécies diferentes, a pena 
única e a mais grave, mas com aumento 
correspondente à metade do tempo das 
menos graves, ressalvado o disposto no 
art. 58. 
Concurso Material(CM): O agente 
, com várias condutas pratica 
vários crimes. Ex. Sd que furta bem 
da Unidade e logo após deserta.
Concurso Formal: O agente com 
uma só ação pratica mais de um 
crime . Ex. Soldado que por 
negligência atropela vários colegas.
O CPM dá o mesmo tratamento ao concurso material e formal( de forma 
diferente do Direito Penal Comum), adotando o critério da exasperação 
das penas quando diferentes( pega-se a maior e aumenta-se até a metade 
do tempo da menos grave), e o critério da cumulação quando idênticas( 
somam-se todas as penas)
Ex. Réu é condenado à pena de 3 meses de detenção por lesão corporal( CPM art. 209) 
e 6 meses pelo crime de calúnia( CPM 214). Qual a sua pena? Como as penas são 
idênticas( DETENÇÃO) soma-se: penal final 9 meses.
Ex. Réu é condenado a 6 meses de detenção por lesões corporais, e a 6 anos de 
reclusão por homicídio. Qual a sua pena? Sua pena será a do mais grave acrescida da 
metade da pena do menos grave(3 meses). Pena final 6 anos e 3 meses.
CRIME CONTINUADO
Crime continuado 
Art. 80. Aplica-se a regra 
do artigo anterior, quando o 
agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, 
devem os subseqüentes ser 
considerados como continuação 
do primeiro. 
Parágrafo único. Não há
crime continuado quando se 
trata de fatos ofensivos de bens 
jurídicos inerentes à pessoa, 
salvo se as ações ou omissões 
sucessivas são dirigidas contra 
a mesma vítima. 
A figura do crime continuado é ficção legal pela 
qual o agente, comete vários crimes, contudo, 
em virtude de condições de tempo, lugar e 
maneira de execução, a lei considera-os como 
um crime único. Ex. Soldado que arromba 
vários armários de seus colegas e deles 
subtrai valores.
Contudo o CPM, em sentido totalmente 
contrário ao CP, não considera o crime 
continuado determinando a aplicação das 
regras do concurso de crimes, ou seja , 
SOMA DE TODAS AS PENAS.
Mas a doutrina e jurisprudência, 
entendendo a regra draconiana, mandam 
aplicar a regra do art. 71 do CP, 
considerando como existente um crime 
único, aplicando somente uma das penas 
exasperada de 1/6 s 2/3.
STM Ap 2000.01.048459-0 UF: BA No caso de 
crime continuado deve ser aplicado 
subsidiariamente o art. 71 do Código Penal, o 
que possibilitou a redução da pena. Apelo 
parcialmente provido. Decisão majoritária. 
EXTINEXTINÇÇÃO DA PUNIBILIDADEÃO DA PUNIBILIDADE
PRESCRIÇÃO
Em relação à prescrição no DPM, a situação mais digna de nota é a prescrição nos 
crimes de DESERÇÃO E INSUBMISSÃO
Art. 131. A prescrição começa a 
correr, no crime de insubmissão, do 
dia em que o insubmisso atinge a 
idade de trinta anos. 
Art. 132. No crime de deserção, embora 
decorrido o prazo da prescrição, esta só
extingue a punibilidade quando o desertor 
atinge a idade de quarenta e cinco anos, e, 
se oficial, a de sessenta. 
No crime de insubmissão o termo 
inicial da prescrição não será a 
data de consumação do delito, mas 
sim o momento em que o agente 
completar 30 anos. Após essa data 
o prazo prescricional será o do art. 
125 do CPM( 4 anos).
Já na deserção o prazo prescricional 
corre normalmente, mas somente 
poderá ser declarado quando o 
desertor completar 45 anos.
Em ambos os casos as regras só se aplicam aos acusados enquanto não 
capturados( trânsfugas) com a captura o prazo passa a ser o do art. 125 do CPM.
Essas regras são necessárias pois ambos os crimes são permanentes, e não 
fosse assim seriam imprescritíveis.

Continue navegando