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CCJ0108 - SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA Aula 03: Litigiosidade social e o direito além do estado AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO Sociologia Jurídica e Judiciária OS CONFLITOS E OS LITÍGIOS O conflito provoca o litígio e este, por sua vez, rompe o equilíbrio e a paz social. Do ponto de vista clássico, a função do direito seria de resolução do conflito. Atualmente, é possível uma outra interpretação da função de resolução dos conflitos. Isto porque parte- se do pressuposto de que conflito é elemento permanente na sociedade. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO Sociologia Jurídica e Judiciária Critério de composição voluntária dos conflitos É estabelecido por mútuo acordo das partes. Quando surge o conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da melhor maneira possível, por meio do exercício da autonomia de sua vontade. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO AUTOTUTELA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO Art. 251. CC/2002 - Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO AUTOTUTELA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO Art. 188. CC 2002 - Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. (estado de necessidade) Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO AUTOTUTELA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO AUTOTUTELA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO manualdojogadorcaro.com.br Sociologia Jurídica e Judiciária Critério autoritário Cabe ao chefe do grupo o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem sob sua autoridade. Normalmente, a autoridade lança mão do seu foro íntimo, do próprio senso de Justiça, do que lhe guia a consciência, para desempenhar a tarefa de compor conflitos. Atenção! Atualmente o critério autoritário é ainda utilizado no meio familiar. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO Critério de composição jurídica Previamente elaborado e enunciado, aplicável a todos os casos que ocorrem a partir de então. A composição jurídica surge a partir do momento em que o Estado traz para si o monopólio de dizer que o direito (tutela jurisdicional), agora não é mais fruto da vontade das partes envolvidas ou da vontade de uma autoridade, mas fruto da vontade da lei. Sociologia Jurídica e Judiciária AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO AUTOCOMPOSITIVAS negociação individual ou coletiva Conciliação e mediação renúncia Sociologia Jurídica e Judiciária Formas de resolução dos conflitos NEGOCIAÇÃO • Negociar é buscar o acordo por meio do diálogo, é a forma para as pessoas minimizarem ou eliminarem suas diferenças. CONCILIAÇÃO • Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode chegar a sugerir opções de solução para o conflito (art. 165, § 2º DO CPC). • http://www.cnj.jus.br CONCILIAÇÃO NO CPC • Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. • § 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. MEDIAÇÃO Na mediação, o mediador facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham soluções. http://www.cnj.jus.br MEDIAÇÃO NO CPC • Art. 165. • § 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO HETEROCOMPOSITIVAS Arbitragem Jurisdição EM DESTAQUE Importante demarcar que o processo judicial cada vez mais se revela como um fator de acirramento de ânimos e não de pacificação. A decisão, unicamente como um comando, coloca as partes nas posições de vencedor e vencido, ganhador e perdedor, vitorioso e derrotado, não promovendo a paz. Sociologia Jurídica e Judiciária Formas de resolução dos conflitos Arbitragem no CPC • Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. • Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. • Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. • § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. • § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. PREVISÃO LEGAL DA ARBITRAGEM • Meio de solução pacífica de controvérsias utilizada para resolução de conflitos de âmbito nacional ou internacional, sendo ela uma via jurisdicional (reconhecida pelo Estado). • Fundamentos: • - Corte Permanente de Arbitragem • _ Protocolo de Genebra de 1923 • - Código de Bustamante (1928) • - Convenção de Nova York de 1958 (mais de 130 países) - ONU • - Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional de 1975. • - Convenção Interamericana sobre eficácia extraterritorial das sentenças e laudos arbitrais estrangeiros (1979) • - Protocolo de Las Lenãs (1992) • Lei n. 9.307/1996 ARBITRAGEM Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. (Lei n. 9.307/1996) Pedido de vista interrompe julgamento de disputa de ações na Odebrecht • Pedidode vista do ministro Raul Araújo interrompeu o julgamento, pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de processo que discute se caberá ao Poder Judiciário ou à arbitragem resolver a disputa travada pelas empresas Graal Participações Ltda. e Kieppe Participações e Administração Ltda. em torno de ações da Odebrecht Investimentos S/A (Odbinv). • A relatora do caso, ministra Isabel Gallotti, já havia dado seu voto no sentido de extinguir a ação de execução específica de cláusula arbitral proposta pela Graal contra a Kieppe, acionista controladora da Odbinv. Para ela, a cláusula arbitral passível de execução forçada precisa estar expressa no contrato em caráter exclusivo e compulsório. A simples menção à arbitragem como uma das possibilidades para solução de conflitos não obriga as partes a se submeterem a esse procedimento. • A Graal pretendia submeter a disputa à arbitragem, porém a Kieppe alegou que o acordo não previa cláusula arbitral exclusiva e defendeu que a controvérsia fosse decidida judicialmente. JURISDIÇÃO ESTATAL • A jurisdição é a realização do Direito por um terceiro imparcial em uma situação concreta. • Trata-se de uma das funções do Estado. • Da jurisdição [...] podemos dizer que é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. • MIRANDA, Pontes. Comentários ao Código de Processo Civil, p. 81. AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO Sociologia Jurídica e Judiciária Escola Monista – entende que somente o grupo político está apto a criar as normas de direito. Escola Pluralista – possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico. Monismo, pluralismo jurídico e o direito além do estado AULA 03: LITIGIOSIDADE SOCIAL E O DIREITO ALÉM DO ESTADO Sociologia Jurídica e Judiciária O Pluralismo Jurídico – o direito além do Estado As esferas críticas e seus temas próprios do pluralismo jurídico e relação ao direito além do Estado (extraestatal) são o que há de mais atual na Sociologia Jurídica e Judiciária e dizem respeito ao “direito vivo”, que brota das ações promovidas pelos grupos minoritários, os novos movimentos sociais, entre outros. São elas: a) Esfera institucional: crítica ao monismo estatal; b) Esfera sociológica: crítica ao legalismo estatal; c) Esfera pós-moderna: crítica à ideia de unidade social (fragmentação); d) Esfera antropológica: crítica ao imperialismo. • QUESTOES OBJETIVAS • 1. Analise as proposições seguintes para verificar se são verdadeiras ou falsas e após assinale a alternativa correta: • I- A doutrina monista se encontra mais próxima das teorias marxistas e positivistas. • II- A sociedade brasileira sempre conviveu com sistemas distintos de direito, um oficial, do Estado, e outro, não oficial originado no interior da própria sociedade. • III- Para a doutrina monista a principal fonte do direito é, depois da norma legislada, a norma não-estatal. • a) V- V- V • b) F- F- V • c) V- V- F • d) F- V- F • e) F- F- F • 2. Que nome se dá à teoria que aponta a coexistência de vários sistemas jurídicos numa mesma sociedade, produzidos por múltiplos grupos de expressão? • a) monismo jurídico • b) função social • d) fenômeno jurídico • c) eficácia jurídica • e) pluralismo jurídico • CASO CONCRETO • Ana Maria é moradora da comunidade Arraial da Felicidade, nos arredores do centro da cidade de Pirapojanga do Agreste. Desde a semana passada mudou a rotina de seus horários. Isto aconteceu porque depois que foi o chefe da ?boca? implantou o toque de recolher, ela só pode chegar em casa até as 10 da noite. Mas não reclama. Todo mês recebe cesta básica e vagabundo não se cria mais na comunidade. • Percebe-se que na comunidade em que vive Ana Maria há um ?poder paralelo? ao do Estado impondo suas regras. Explique esse fenômeno com base na teoria pluralista do direito.
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