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Coleção Grandes Cientistas Sociais: Max Weber

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Coleção Grandes Cientistas Sociais: Max Weber
Capítulo 4: Os Três tipos de Puros de Dominação Legítima
A dominação é a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, podendo fundar-se em várias maneiras de submissão, podendo depender de interesses utilitários de vantagens e inconvenientes, de meros "costumes", ou de puro afeto pessoal. Nas relações entre dominantes e dominados, a dominação costuma apoiar-se em três bases jurídicas de legitimidade, as quais se encontram entrelaçadas em uma estrutura sociológica diversa dos meios administrativos.
Dominação Legal
A dominação legal depende de um estatuto, sua forma mais pura é a dominação burocrática, onde qualquer direito pode ser criado ou modificado mediante um estatuto sancionado corretamente.
A Forma de Estado de determinado país pode ser um exemplo da dominação legal, isto pois o dominante é eleito ou nomeado por seus dominados, e estes criam as regras e sanções que sua circunscrição ira obedecer. Contudo este não é o único exemplo, temos também as grandes empresas capitalistas privadas. Elas possuem uma parte heterônoma, por ser regulada em parte pelo Estado, uma heterocéfala, pois os quadros judiciais e policiais executam as funções sancionarias, e uma autocéfala, porque estabelecem sua organização administrativa.
A burocracia é o que define a dominação legal, contudo ela não é sua única característica, isto pois a relação entre dominantes e dominados pode ser estabelecida por sorte, basta que esta competência esteja instituída em um estatuto. Portanto o que determina a dominação legal é seu estatuto, devendo este ser obedecido e respeitado por dominantes e dominados.
Dominação Tradicional
A dominação tradicional é a espécie de dominação mais velha que ainda existe, seu exemplo clássico é dominação patriarcal, onde quem ordena, baseado nas tradições culturais, é o "senhor", os que obedecem, em virtude de sua dignidade própria, são os "súditos", e o quadro administrativo é formado pelos "servidores", os quais geralmente estão ligados diretamente ao "chefe".
Neste modelo administrativo é possível observar duas espécies de estrutura: a primeira é a estrutura patriarcal , onde os servidores são recrutados pessoalmente pelo senhor, devendo representar ele em suas funções, e sua administração é totalmente heterônoma e heterocéfala, pois não existe direito próprio do administrador sobre seu cargo, nem tampouco possuem seleções profissionais. Um exemplo para esta estrutura é o sultanato. Já segundo modelo de estrutura é a estamental. Nela os servidores não representam o senhor e sim pessoas independentes, por isso a administração é autocéfala e autônoma. Um exemplo de dominação estamental é a relação entre patrícios e plebeus na Antiga Europa.
Dominação Carismática
A Dominação carismática é dependente de uma devoção afetiva à pessoa do senhor, a seus dotes sobrenaturais e suas faculdades mágicas, revelações ou heroísmos, poder intelectual ou de oratória.
 Nesta dominação os senhores geralmente são profetas, guerreiros heróis e os grandes demagogos. Eles são chamados de lideres, enquanto os súditos são seus apóstolos.
A dominação carismática estabelece uma relação social extra cotidiana e puramente pessoal entre lideres e apóstolos, seja pelas ordens carismáticas, pela passagem do quadro administrativo ou por transformações da palavra carisma em determinadas épocas.
A passagem do quadro administrativo pode se dar de três maneiras: pela busca de novas qualificações carismáticas; por meio de oráculos ou demais formas de designação; ou por designação do qualificado carismaticamente. 
Esta última maneira de passagem do quadro administrativo pode ocorrer por meio do próprio portador do carisma, por um apostolado qualificado, pelo sangue do líder anterior (igual as monarquias, onde a hereditariedade vigora), pela objetivação de um ritual do carisma (o próximo líder deve passar por um rito, como por exemplo uma unção), ou pelo reconhecimento de tal pessoa como líder, como por exemplo um comandante de um batalhão que salvou seu país (esta forma baseia-se na confiança dos apóstolos para com o líder, uma vez que esta acabe um novo líder surge).

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