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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E. Durkheim e Max Weber(1)

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FACULDADE BÍBLICA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
BACHARELADO EM TEOLOGIA
Luís Paulo Von Mühlen Rodrigues
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: E. DURKHEIM E MAX WEBER
Pindamonhangaba - SP
2018
Luís Paulo Von Mühlen Rodrigues
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: E. DURKHEIM E MAX WEBER
Trabalho – PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: E. Durkheim e Max Weber - apresentado para obtenção de nota parcial da disciplina Fundamentos da Sociologia, do curso de graduação em Teologia da Faculdade Bíblica das Assembleias de Deus – FABAD.
Pindamonhangaba – SP
2018
INTRODUÇÃO
Émile Durkheim e Max Weber são, antes de mais nada, dois grandes estudiosos, pensadores e intelectuais. Eles não mudaram ou colaboraram apenas com o surgimento e formação da sociologia, enquanto ciência. Seus trabalhos constituíram um complexo tratado de descobertas - novas descobertas – que influenciaram uma gama quase que incontável de estudiosos e pesquisadores das mais diversas áreas. A sociologia, tal como a conhecemos hoje, certamente não teria metade da importância que possui sem a vasta contribuição legada por Durkheim e Weber. Isso define e resume praticamente tudo do que será exibido aqui. A sociedade ou a vida social, enquanto objeto de investigação, nunca mais seria produto do natural ou do acaso quando se deparou com esses dois baluartes do pensamento da era modernista. O que iremos apresentar, pois, é um trabalho denominado pesquisa bibliográfica onde destacaremos de forma objetiva, a Vida e a Obra desses dois gênios.
Émile Durkheim: Vida e Obra
Como uma das referências da sociologia, tanto na sua amplitude conceitual como prática, surge o francês David Émile Durkheim (1858-1917). Formalmente, criou a disciplina acadêmica da sociologia e, com Karl Marx e Max Weber, é comumente citado como o principal arquiteto da ciência social moderna e pai da sociologia. O positivismo do seu compatriota Comte, conferiu a ele a extensão de uma linha de pensamento devidamente fundamentada e articulada, assumindo o estudo da sociedade como um todo, isto é, um estudo abrangente com ênfase no coletivo e não no individual. Seus trabalhos, em geral, tinham sempre intenções práticas de interferir na sociedade. Para ele, a sociedade deveria ser estudada com afinco, pois carecia de “ordem”. Assim, entre induções e deduções, são as certezas adquiridas/observadas que dão volumetria e simetria a um trabalho de mérito e de grande primazia legado à humanidade. 
Durkheim, nasceu em Épinal, região de Lorena, na França, no dia 15 de abril de 1858. Foi um sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês. Descendente de família judia, filho e neto de rabinos, foi preparado para seguir o mesmo caminho, mas rejeitou sua herança judaica. Estudou no Colégio d’Epinal e no Liceu, em Paris, e, depois, estudaria filosofia na Escola Normal Superior de Paris. Acredita-se que o fato de Durkheim não ter seguido os preceitos da cultura judaica pode ter influenciado em muito no teor de seus estudos e de suas preocupações religiosas, preferindo, então, analisá-las desde o ponto de vista social. Estudou as teorias de Auguste Comte e Herbert Spencer, o que fez com que conferisse uma matriz científica às suas teorias (como já citado acima, no primeiro parágrafo, usando outras palavras). No ano de 1879, aos 21 anos de idade, ele ingressou na Escola Normal Superior de Paris (École Normale Supérieure), onde se graduou em Filosofia no ano de 1882, sob a tutela de Fustel de Coulanges. Cinco anos após sua formatura, em 1887, vai trabalhar na universidade de Burdeos, na França, como professor de pedagogia e ciência social. Será nesse período, em que trabalhou em Burdeos (1887- 1902), que irá desafiar a sociedade acadêmica com a criação e instituição da sociologia, enquanto ciência. É aqui também que publicará suas quatro principais obras, a saber:
 
Da divisão do Trabalho (1893)
As Regras do Método Sociológico (1895)
O Suicídio (1897)
As Formas Elementares da Vida Religiosa (1912) 
No livro "Da Divisão do Trabalho Social" (1893), Durkheim estabeleceu as bases da sociedade comparando a um organismo vivo, onde cada parte funcionava como um órgão biológico que agiria de forma dependente. Assim, numa sociedade "doente", que ele denominava de anomia, a cura para o melhor funcionamento social seria a solidariedade orgânica. Esta obra nasce em um contexto social onde a sociedade não conseguia controlar o crescimento populacional e não atendiam à demanda de produção de alimentos. 
Na obra “As Regras do Método Sociológico” (1895), ele vai estabelecer as bases (metodologia) da sociologia como Ciência Social. Nesta obra o autor enfatiza a questão do fato social e regras que o sociólogo tem que levar em consideração para analisar e contextualizar um fato social. 
Em “O Suicídio” (1897), Durkheim vai relatar vários casos de suicídios ocorrentes em uma sociedade, classificando-os em três tipos: Suicídio Egoísta, no qual o indivíduo chega ao ato extremo apenas por motivos pessoais; Suicídio Altruísta, onde o indivíduo dá sua vida em função de uma causa; e Suicídio Anônimo, onde o indivíduo toma essa decisão em função da ocorrência de uma crise dolorosa ou súbitas transformações dentro da sociedade em que vive de modo que ela deixe de cumprir sua função reguladora. Para Durkheim (1897) “por trás de cada suicídio cometido há sempre um fator social”. Assim, o suicídio era uma patologia da sociedade, isto é, derivada de um estado de anomia (desordem; ausência de regras pré-estabelecidas). Vejamos abaixo algumas conclusões sobre a relação entre o suicídio e a sociedade em Durkheim: 
Qualquer suicídio tem, no fundo, uma causa social
Qualquer sociedade pode oferecer índices de suicídio
Interessa ao sociólogo: analisar as causas desses suicídios não como fenômenos individuais, mas como fenômenos sociais e analisar, o fator “O que, no interior de uma determinada sociedade, leva as pessoas a tirarem sua própria vida? ”.
Cada sociedade deve lidar com o suicídio de uma maneira diferente, isto é, encontrará caminhos diferentes para enfrentar o problema.
Na obra “As Formas Elementares da Vida Religiosa” (1912), coloca em questão a religião relacionada ao indivíduo, onde conclui que, à medida que a sociedade cresce a influência religiosa diminui dentro do contexto social. E, demonstra quais seriam as bases das religiões, principalmente da religião da sua época chamada de totemismo primitivo. 
Por fim. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, e ainda, publicou centenas de estudos sociais, acerca de temas como educação, crimes, religião e suicídio. A morte o interrompeu em 15 de novembro de 1917, em Paris -onde encontra-se enterrado no Cemitério do Montparnasse -. A grosso modo, sua obra constitui uma “teoria da coesão social”, para responder como as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna, enquanto a religião e a etnia pareciam desmoronar.
Max Weber: Vida e Obra
Karl Emil Maximilian Weber foi um grande sociólogo e economista alemão. Sua obra, como veremos a seguir, possui um mote enorme de seguidores e abarcou diversas áreas do conhecimento. Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha, no dia 21 de abril de 1864 e foi o primeiro de sete filhos de Max Weber, advogado e político, membro do Partido Nacional Liberal, e de Helene Fallenstein, uma descendente de imigrantes huguenotes franceses. A família estimulou intelectualmente os jovens Weber desde a tenra idade. Seu irmão Alfred Weber, quatro anos mais jovem, também se tornaria sociólogo, mas, sobretudo, um economista.
Em 1882, Max Weber matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Heidelberg, onde seu pai havia estudado, frequentando também cursos de economia, política, história e teologia. Em 1884 voltou para casa paterna e se transferiu para a Universidade de Berlim, onde obteve em 1889 o doutorado em Direito e em 1891 a tese de habilitação, ambos com escritosda história do direito e da economia. Formou-se em Direito e doutorou-se em Economia. Foi nomeado professor de economia da Universidade de Heidelberg. Entre 1900 e 1918, ficou afastado do magistério em consequência de um colapso nervoso. Nesse período que ficou afastado, colaborou em diversos jornais alemães e realizou diversas pesquisas. 
Depois de completar estudos jurídicos, econômicos e históricos em várias universidades, se distingue precocemente em algumas pesquisas econômico-sociais com a Verein für Sozialpolitik (associação fundada em 1872 pelos economistas associados à Escola historicista alemã de economia à qual Weber já tinha aderido em 1888). Em 1893 casou-se com Marianne Schnitger, que mais tarde se tornaria uma feminista e estudiosa, bem como curadora póstuma das obras de seu marido. Foi nomeado professor de Economia nas universidades de Freiburg em 1894 e de Heidelberg em 1896. Entre 1897, ano em que seu pai morreu, e 1901 sofreu de uma aguda depressão, de modo que do final de 1898 ao final de 1902 não realizou atividades regulares de ensino ou científicas. Neste período ele esteve em alguns sanatórios e fez diversas viagens pela Europa tendo ficado vários meses na cidade de Roma onde recuperou as forças.
Depois de curado de suas enfermidades, no Outono de 1903, renunciou ao cargo de professor e aceitou uma posição como diretor-associado do recém-nascido Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik (Arquivos de Ciências Sociais e Política Social), com Edgar Jaffé e Werner Sombart como colegas: nesta revista publicaram em duas partes, em 1904 e 1905, o artigo-chave A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Depois e naquele mesmo ano, visitou os Estados Unidos. Aqui, precisamos fazer um paralelo. A obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” é considerada a grande obra de Max Weber e é o seu texto mais lido e conhecido. A primeira parte desta obra foi publicada em 1904 (em forma de artigo, como vimos) e a segunda veio a público em 1905, depois da viagem do autor e de sua esposa aos Estados Unidos. Uma segunda versão da obra, revisada pelo próprio Weber, com diversos acréscimos, foi publicada em 1919/1920. Depois dessa grande obra publicada (que destacaremos após concluir sua biografia), Weber, conseguiu se dedicar exclusivamente aos estudos, graças a uma enorme renda privada derivada de uma herança em 1907. Assim, foi passando da economia ao direito, da filosofia à história e à sociologia, sem ser forçado a retornar à sua atividade docente. Sua pesquisa científica abordou questões teórico-metodológicas cruciais e tratou de complexos estudos histórico-sociológicos sobre a origem da civilização ocidental e seu lugar na história universal. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como diretor de hospitais militares de Heidelberg e ao término do conflito, voltou ao ensino da disciplina de economia, primeiro em Viena e, depois, em 1919, em Munique, onde dirigiu o primeiro instituto universitário de sociologia na Alemanha. Em 1918 ele estava entre os delegados da Alemanha em Versalhes para a assinatura do tratado de paz e foi conselheiro para os redatores da Constituição da República de Weimar. Weber pretendia escrever volumes adicionais sobre o cristianismo e o islamismo, mas contraiu a gripe espanhola e morreu em Munique, em 14 de junho de 1920. Seu manuscrito de Economia e Sociedade foi deixado inacabado; sendo editado por sua esposa postumamente, publicado em 1922. Weber, por fim, encontra-se sepultado no Cemitério de Bergfriedhof de Heidelberg, em Baden-Württemberg na Alemanha.
Quanto a sua obra, podemos destacar:
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1903).
Estudos sobre a Sociologia e a Religião (1921) – Obra póstuma.
Estudos de Metodologia (1922) – Obra póstuma.
Em sua obra, em geral, dedicou-se a compreender a nova sociedade que se formava a partir da consolidação do capitalismo industrial na Europa. Weber vai sofrer influência de quase todos os intelectuais e pensadores de sua época, em especial, Marx, Kant, Nietzsche e outros. De Kant, especialmente, vai desenvolver o conceito de "tipo ideal", segundo o qual as categorias da ciência social seriam uma construção subjetiva do pesquisador (sua interpretação) - temática que permeia sua obra como um todo -. Com Nietzsche, vai compartilhar a idéia de um futuro melancólico para o capitalismo. Com Marx, vai corroborar a mesma visão quanto ao interesse no desenvolvimento do capitalismo no mundo moderno e às investigações em torno dos sistemas anteriores de produção e das lógicas de relações sociais que se estabeleciam em volta deles. No entanto, contrariamente ao pensamento de Marx, Weber não dava a mesma importância ao conflito de classes e também não submetia suas análises comparativas à noção de materialismo histórico dos trabalhos marxistas. 
Weber buscava, assim como seus predecessores, entender as transformações sociais legadas da Revolução Industrial que ainda se desenrolavam. No entanto, sua linha de pensamento dava a mesma importância, tanto para os fatores econômicos do mundo social, quanto para o individual, relacionado com o sujeito ou agente, que enxergava como o principal ator no processo de mudança social, possuindo, portanto, enorme relevância no estudo do contexto dos fenômenos sociais. Weber acreditava que as motivações das ações dos indivíduos em seu convívio diário eram os principais fatores que determinariam os rumos dos processos de mudança social. Isto seria chamado de “ação social”. Assim, o conceito de “ação social” foi concebido por Weber como qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. 
Na sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (1904), Weber procura destacar o aspecto favorável da ética cristã, especialmente do protestantismo, na formação do capitalismo ocidental. Para ele, os fundamentos dessa religião – que prega a intensa dedicação ao trabalho e não condena a acumulação de riquezas – favoreceram a consolidação do capitalismo nos países onde sua influência era grande. Por conseguinte, Max Weber destacou como o protestantismo dos séculos XVI e XVII e o dogma da vocação profissional constituiu a base do moderno sistema econômico capitalista, pois instituiu um comportamento metódico, disciplinado e racional. Nisso estaria inserido o contexto cultural e valorativo das sociedades cristãs, e não apenas seu modelo ou situação econômica. 
A obra de Max Weber é também marcada pela “racionalização social” outro termo bastante utilizado por ele para demonstrar a responsabilidade e o caráter efetivo da sociologia como uma ciência diferentes de todas as demais. Em Weber, teremos algo novo em relação à aplicação do estudo da sociologia. Ele será responsável por conferir à sociologia uma reputação científica. Durante toda sua vida, vai procurar estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico (fruto de uma investigação minuciosa) e os julgamentos de valor sobre a realidade. Para ele, um cientista não tinha direito de possuir preferências políticas e ideológicas. A racionalização, portanto, terá um aspecto intenso e funcional. A sociologia weberiana influenciou e ainda influencia grandes teóricos, que enxergam na visão de Weber uma ferramenta para desvendar os mistérios das relações humanas ou sociais.
CONCLUSÃO
Esta pesquisa, embora tenha sido elaborada de modo sucinto, nos mostra dois homens de espírito irrequietos e extremamente incomodados/inconformados com o contexto histórico-social ao qual estavam inseridos. Durkheim e Weber, somente deixaram de produzir quando se depararam com a certeza mais assombrosa de todas: a morte. Suas obras continuam influenciando um sem número de estudiosos e pesquisadores nas mais diversas áreas do conhecimento e permanecem como fonte-base de todas as perguntas acerca da compreensão da vida em sociedade. 
REFERÊNCIAS
Comunidade Cultura e Arte. Émile Durkheim, o legitimador da sociologia. Disponívelem: <https://www.comunidadeculturaearte.com/emile-durkheim-o-legitimador-da-sociologia/>. Acesso em 25 de maio de 2018.
Pensador. Biografia de Émile Durkheim. Disponível em: <https://www.pensador.com/autor/emile_durkheim/biografia/>. Acesso em 25 de maio de 2018.
Sua Pesquisa. Émile Durkheim. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/biografias/emile_durkheim.htm>. Acesso em 25 de maio de 2018.
E biografia. Émile Durkheim. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/emile_durkheim/>. Acesso em 25 de maio de 2018.
Toda Matéria. Max Weber. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/max-weber/>. Acesso em 25 de maio de 2018.
Mundo Educação. Max Weber. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/max-weber.htm>. Acesso em 25 de maio de 2018.
WIKIPÉDIA. Max Weber. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber>. Acesso em 25 de maio de 2018.

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