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Direito Constitucional Resumo Av2

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Princípios Fundamentais: 
Apresentam-se entre os artigos 1º ao 4º, encampando uma gama substancial de definições e objetivos a serem respeitados, mantidos e alcançados dentro de todo território nacional.
- Denominação do Estado Brasileiro: República Federativa do Brasil. 
- República
- Estado Democrático de Direito
- Fundamentos da Organização do Estado brasileiro
Fundamentos da Organização do Estado brasileiro
• Soberania
• Cidadania 
• Dignidade da pessoa humana 
• Valores Sociais do trabalho e da livre iniciativa 
• Pluralismo político
Soberania
Para que exista em um Estado é necessário que haja autodeterminação e autogoverno, com a presença de outros dois elementos fundamentais: o poder político supremo, ou seja, poder que não está subordinado por nenhum outro na ordem interna, e a independência, que na ordem internacional o Estado não precisa se subordinar a regras que não sejam por este voluntariamente aceitas, estando, ainda, em patamar de igualdade com os poderes soberanos dos outros povos.
Cidadania
Princípio que qualifica o indivíduo como membro pertencente da vida o Estado, reconhecendo-o como pessoa que está de forma fundamental integrado à sociedade estatal, influenciando de forma mediata e imediata em sua configuração e funcionamento. 
A Dignidade da Pessoa Humana
Se refere ao valor supremo moral e ético, que leva consigo a síntese de todos os direitos fundamentais inerentes ao homem. É o mínimo inviolável, invulnerável, do indivíduo, que deve estar presente em todos os estatutos jurídicos.
Valores Sociais do Trabalho e da Iniciativa Privada
É um fundamento da ordem econômica, que defende a principal característica do capitalismo, que é a iniciativa privada. Entretanto, tal princípio faz ressalva substancial, referente ao fato de que, mesmo sendo a sociedade brasileira claramente capitalista, a ordem econômica prioriza os valores sociais do trabalho humano sobre todos os demais valores de economia de mercado.
Pluralismo Político
Este princípio decorre da própria organização da sociedade moderna, que se caracteriza por ser pluralista em sua constituição social, econômica, cultural, política, etc. Assim, o pluralismo político visa garantir a ampla participação popular nos destinos políticos do país.
Objetivos Fundamentais
Essa se configura como uma das inovações da Constituição de 1988, pois foi a primeira vez que uma Constituição brasileira fez a enumeração de seus objetivos fundamentais. Tais objetivos visam, na realidade, estabelecer a concretização da democracia econômica, social e cultural, efetivando o princípio da dignidade da pessoa humana.
I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. Garantir o desenvolvimento nacional
III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Princípios de Regência das Relações Internacionais da RFB
Art 4º A RFB rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I. independência nacional;
II. prevalência dos direitos humanos;
III. autodeterminação dos povos;
IV. não-intervenção;
V. igualdade entre os Estados;
VI. defesa da paz;
VII. solução pacífica dos conflitos;
VIII. repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX. cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X. concessão de asilo político.
Direitos e Garantias
Direito: Norma de conteúdo declaratório Ex.: Direito à vida, liberdade de locomoção, propriedade, etc. 
Garantia: Normas de conteúdo assecuratório, ou seja é assegurado. Ex.: Habeas Corpus
Classificação Constitucional dos Direitos Fundamentais
a) Direitos Individuais e coletivos (Art. 5, CF) 
b) Direitos Sociais (Art. 6 a 11, CF) 
c) Direitos de Nacionalidade (Art. 12 e 13, CF) 
d) Direitos Políticos e Partidos Políticos (Art. 14 a 17)
Direitos individuais
São aqueles que asseguram aos brasileiros, a sua integridade física e moral. 
Direito à Vida: Ninguém pode ser condenado à pena de morte, no Brasil. 
Direito à Liberdade: Ninguém pode ser preso, por delegado ou policial, sem ordem escrita do juiz, a não ser em caso de flagrante delito. Todos tem a liberdade de ir e vir em tempos de paz. 
Direito à Igualdade: Não se pode tratar diferentemente mulheres e homens, negros e brancos, velhos e moços. Lei é igual para todos. 
Direito à segurança: O Estado tem o dever de garantir a ordem pública, impedindo a prática do terrorismo. 
Direito à Propriedade: As pessoas têm direito de adquirir propriedades.
Direitos Coletivos
São aqueles que garantem os direitos dos indivíduos em grupo. 
Direitos de Fazer reuniões: São os direitos que os cidadãos têm, de fazer reuniões pacíficas, em lugares públicos, independente de autorização, tendo apenas que comunicar às autoridades, para que não aconteçam duas reuniões em mesmo lugar. 
Direitos de participação em Associações e Cooperativas: Criação de cooperativas independentes de autorização, não podendo a autoridade proibir o seu funcionamento.
Classificação Doutrinária dos Direitos Fundamentais
Noberto Bobbio é um dos principais doutrinadores que defendem a hipótese de Dimensão e não Geração.
Direitos de 1º Dimensão:
Surgiram em primeiro lugar na história Liberdades públicas
O Estado tem o dever de não interferir nestes direitos.
Ex.: Vida, Propriedade e Liberdade
Obs.: Com o avanço da humanidade, novos direitos de 1º Dimensão vão surgindo.
Ex.: Direito de Morrer – Polêmica entre povo e Estado.
A primeira Constituição brasileira tinha os direitos de 1º Dimensão.
Direitos de 2º Dimensão
Direitos Sociais
O Estado tem o dever de agir e garantir estes direitos.
Ex.: Saúde, educação, moradia, alimentação, etc) (Art.6)
No Brasil, os direitos de 2º Dimensão apareceram na Constituição de 1934.
Direito de 3º Dimensão
Direitos difusos (pertencem uma coletividade indeterminável de pessoas).
Ex.: Meio Ambiente Sadio (Art. 225, CF), Busca pela Paz (4, CF)
Direitos de 4º Dimensão
Trata das manipulações do patrimônio genético se ocupando do redimensionamento de conceitos e limites biotecnológicos e, por isso, são direitos fundamentais relativos à humanidade.
Titulares dos Direitos Fundamentais
Em razão do princípio da Universalidade, todos são titulares dos Direitos Fundamentais.
Aos brasileiros; Estrangeiros residentes no país e todo aquele que estiver por passagem no país.
Características dos Direitos Fundamentais
• Historicidade: Decorrem de uma evolução histórica.
• Universalidade: Pertencem a todos.
• Relatividade: Os direitos fundamentais não são absolutos. As normas definidoras dos direitos fundamentais são princípios (Segundo Robert alexy, princípios são mandamentos de otimização, devem ser cumpridos no máximo possível).
• Concorrência: Os direitos fundamentais podem ser usufruídos concomitantemente.
• Inalienabilidade: Os direitos fundamentais não podem ser renunciados. Pode ser não exercido, mas nunca renunciados.
• Imprescritibilidade: Os direitos fundamentais não prescrevem, ainda que não utilizados por longo período.
• Vinculantes: Os direitos fundamentais são vinculados aos 3 Poderes. Se a norma definidora do direito fundamental exige uma regulação legislativa, se esta não for feita, ocorrerá inconstitucionalidade por omissão.
4. (DP/SP/2007 — FCC) Em relação ao poder constituinte originário, pode -se afirmar:
a) Envolve processos cognitivos e questões complexas sobre teoria política, filosofia, ciência política e teoria da Constituição, já que dispõe, de maneira derivada, sobre a principal lei de um Estado, sua organização e os direitos e garantias fundamentais.
b) Os positivistas admitem que é um poder de direito que se funda num poder natural, do qual resultam regras anteriores ao direito positivo e decorrentes da natureza humana e da própria ideia de justiça da comunidade.
c) Sua teorização precedeu historicamente a primeira Constituição escrita, tendo como grande colaborador a figurado abade Emmanuel de Sieyès que alguns meses antes da Revolução Francesa publicou um panfleto intitulado “A Essência da Constituição”.
d) Sua atividade se dá nos casos de necessária evolução constitucional, onde o texto poderá ser modificado através de regras e limites jurídicos contidos na norma hipotética fundamental idealizada por Hans Kelsen.
e) Na sua atuação poderá encontrar implicações circunstanciais impositivas como por exemplo as pressões econômicas, sociais e de grupos particulares, mas fundará sua legitimidade numa pauta advinda da ideia de direito da comunidade e de sua tradição cultural.
5. (Procurador/DF -2007 — ESAF) Acerca do poder constituinte, da reforma da Constituição, das cláusulas pétreas, do ato jurídico perfeito e do direito adquirido, assinale a opção correta.
a) Não há limites para a ação do poder constituinte originário.
b) A característica da superioridade do poder constituinte originário deriva do fato de este ser anterior a todas as outras manifestações de poder em um Estado.
c) O exercício do poder constituinte derivado, ou poder constituído, sofre limitações de ordem circunstancial, material, processual e temporal, das quais algumas podem ser implícitas.
d) Considere a seguinte situação hipotética. Um cidadão firma contrato de mútuo com uma empresa, na vigência de lei que permite a penhora de determinados bens, em caso de inadimplemento da dívida. Posteriormente, entra em vigor nova lei, que passa a classificar como impenhoráveis alguns daqueles bens. Nesse caso, se o mutuário vier a ser executado, poderão ser penhorados todos os bens admitidos pela lei vigente quando da formação do contrato.
e) Por ser integrante da Constituição, a norma constitucional que enumera as cláusulas pétreas, também chamadas de cláusulas de inamovibilidade, é passível de alteração como outros dispositivos constitucionais. Desse modo, é juridicamente possível a aprovação de emenda constitucional que altere o rol daquelas cláusulas.
DIREITOS SOCIAIS:
ART. 6º, CR
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
- Dimensão dos Direitos Fundamentais.
- Direitos de 2ª Geração.
- Prestações positivas proporcionadas pelo Estado de forma direta ou indireta.
- Dependência em grande parte da atuação do Estado.
- Maior parte das normas são de eficácia limitada.
- Propiciam condições materiais para fruição de outros direitos.
Igualdade e Liberdade
- Existe um padrão mínimo de observância desses direitos?
- Como efetivar estes direitos frente a disponibilidade de recursos estatais?
- Quais as condições materiais mínimas para a concretização dos direitos fundamentais? 
TEORIA DO MÍNIMO VITAL:-
- Existe um mínimo tolerável de satisfação das necessidades humanas, sem o que, corre-se o risco de inviabilizar a existência digna do ser humano.
Exemplo: Bolsa família.
 
Direito à nacionalidade
a. Distinção entre Nacionais e Estrangeiros.
b. Brasileiros Natos.
c. Brasileiros Naturalizados.
d. Nacionais e Estrangeiros perante a CF/88.
e. Perda da Nacionalidade Brasileira.
f. Reaquisição da Nacionalidade.
DISTINÇÃO ENTRE NACIONAIS E ESTRANGEIROS
Em face do Estado, todo indivíduo ou é nacional ou é estrangeiro.
- A Nacionalidade representa um vínculo jurídico que designa quais são as pessoas que fazem parte da sociedade política estatal. Ao conjunto dessas pessoas chama-se Povo.
- População é um conceito meramente demográfico, designativo do número de habitantes de um dado território num determinado momento.
- Nacional é a pessoa natural do Estado. É todo aquele que se encontra preso ao Estado por um vínculo jurídico que o qualifica como seu integrante.
Ser “nacional” é uma situação jurídica e não uma mera situação de fato.
- Pessoa Estrangeira é aquela a que o direito do Estado não atribuí a qualidade de nacional.
- Os “estrangeiros” sofrem restrições no tocante à direitos políticos ou ao exercício de atividades que possam interferir na segurança nacional, mas gozam dos benefícios conferidos aos nacionais, em matéria de proteção dos direitos individuais.
Critérios que, normalmente, o Direito Positivo de cada Estado adota para conferir nacionalidade a seus integrantes:
•JUS SANGUINIS: o indivíduo tem a mesma nacionalidade de seus genitores, seja qual for o lugar de nascimento.
• JUS SOLI: todo aquele que venha a nascer no território de um Estado adquire a nacionalidade deste.
•O BRASIL procura combinar os dois critérios acima citados.
Brasileiros Natos
Artigo 12, inciso I da CF:
a) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço do seu país.
Ø Há exceção ao princípio do jus soli quanto aos filhos de estrangeiro ou estrangeira que esteja a serviço do seu país (aqui aplica-se o jus sanguinis). 
b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
Ø Outra exceção ao jus soli (aqui aplica-se o jus sanguinis).
Ø Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, embora não estejam a serviço do Brasil, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
Ø São duas hipóteses:
1ª) Registrado em repartição competente brasileira - é considerado nato, independentemente de manifestação de vontade.
2ª) Não registrado - a aquisição da nacionalidade brasileira dependerá de manifestação expressa do interessado em adquirir a nacionalidade brasileira, a qualquer tempo.
Brasileiros Natos
“São privativos de brasileiros natos os seguintes cargos”:
a) Presidente e Vice-Presidente da República;
b) Presidente da Câmara dos Deputados;
c) Presidente do Senado Federal;
d) Ministro do Supremo Tribunal Federal;
e) da carreira diplomática;
f) de oficial das Forças Armadas;
g) de Ministro de Estado da Defesa.
Brasileiros Naturalizados
Artigo 12, inciso II da CF:
a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Nacionais e Estrangeiros perante a CF/88
- Inviolabilidade do direito à Vida, à Liberdade, à Segurança, à Igualdade e à Propriedade;
- Não Haver Distinção entre Natos e Naturalizados (Art. 12, §2o, CF);
- Cargos Privativos de Brasileiros Natos (Art. 12, §3o, CF).
Perda da nacionalidade Brasileira
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que (Art. 12, §4o, CF):
I- tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II- adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária.
III-adquiri outra nacionalidade, salvo nos casos:
Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira.
Ex.: alguém que nasça no Brasil mas seja dependente de estrangeiro cujo país confira a qualidade de nacionais aos filhos dos seus nacionais nascidos no estrangeiro.
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Reaquisição de nacionalidade
- A perda da nacionalidade brasileira nos casos do art. 12, § 4º, I e II, não é impeditiva de reaquisição.
- Quem perdeu a nacionalidade pelos motivos elencados acima poderá readquiri-la por decreto do Presidente da República, se estiver domiciliado no Brasil. (Lei nº 818/49, art. 36).
- A requisição não será concedida se ficar apurado que o brasileiro optou por outra nacionalidade (art. 12, § 4º, II) para se eximir de obrigações cívicas.- A requisição se opera a partir do decreto que a concedeu, não tendo efeito retroativo.
- Não cabe reaquisição no caso de naturalizado que teve sua naturalização cancelada por sentença judicial, a menos que o cancelamento tenha sido desfeito por ação rescisória.
Extradição
Somente os brasileiros natos não poderão ser extraditados, no caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes.
Direitos Políticos dos analfabetos
A CF/88 garantiu aos analfabetos o alistamento eleitoral facultativo para pode exercer o direito de sufrágio ativo. Uma vez realizado o alistamento eleitoral, o exercício do voto torna-se obrigatório para o analfabeto. Quanto ao direito de sufrágio passivo, a CF/88 não assegurou o exercício de tal direito. Desta feita, estão os analfabetos restritos ao exercício do direito político de sufrágio ativo.
Controle de constitucionalidade superveniente em normas recepcionadas pela nova constituição.
O STF não admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato normativo produzido antes da nova Constituição e perante o novo paradigma. Nesse caso, ou se fala em compatibilidade e aí haverá recepção, ou em revogação por inexistência de recepção. Nesse sentido, deixa claro o STF que vigora o princípio da contemporaneidade, ou seja, uma lei só é constitucional perante o paradigma de confronto em relação ao qual ela foi produzida.
Teoria da Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais
- Visa responder a pergunta sobre a capacidade ou não da norma constitucional incidir no mundo concreto sem necessariamente receber algum complemento da ação do legislador.
- Há um gradualismo eficacial das normas constitucionais (Maria Helena Diniz).
Todas as normas possuem alguma eficácia que pode ser:
- Eficácia Social ou Efetividade, quando a norma já incidiu, concretamente, modificando o mundo real.
- Eficácia Jurídica, quando a norma está apta ou não a incidir no mundo concreto.
Normas de Eficácia Plena e Aplicabilidade Imediata
- São normas autoaplicáveis, que não necessitam de qualquer complemento do legislador infraconstitucional para virem a gerar seus efeitos.
Exemplos:
- Art. 19 – É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: recusar fé aos documentos públicos.
- Art. 156 – Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I – Propriedade predial e territorial urbana.
Normas de Eficácia Contida e Aplicabilidade Imediata
- São normas que não necessitam da intervenção do legislador infraconstitucional para serem usufruídas.
- Elas estão, de pronto, aptas a gerar efeitos e serem aplicadas. Entretanto, por um fenômeno de superabundância semântica, podem vir-a-ser restringidas pela ação do legislador ordinário.
Exemplos:
Art. 5º:
- XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer.
- XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanencer ou dele sair com seus bens.
Normas de Eficácia Limitada
- São normas não auto-aplicáveis. Elas, necessariamente, demandam ação do legislador infraconstitucional para vir a gerar efeitos no mundo real.
Dividem-se em três:
- Limitada genérica;
- De princípio institutivo ou organizada;
- De princípio programático.
Norma de Eficácia Limitada Genérica
- A norma já deixa claro o que é permitido ou proibído.
Exemplos:
- Art. 19 – É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles os seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
- Art. 113 – A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
Norma de Eficácia Limitada de Princípio Institutivo ou Organizativo
- São normas que demandam a criação de pessoas jurídicas de direito público, isto é, órgãos públicos que viriam organizar o Estado.
Para tanto, necessitam da ação do legislador infraconstitucional para editar uma lei para regular o modo pelo qual o novo ente público nascerá e se organizará.
Exemplos:
- Art. 25. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metroplitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
- Art. 88 – Alei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.
Normas de Eficácia Limitada de Princípio Programático
- São normas que estabelecem ao Estado a necessidade de realização de políticas públicas para dirimir desigualdades sociais. São programas políticos, desejos, que dirigem a Sociedade para a efetivação de determinados objetivos impostos pelo Poder Constituinte Originário.
Exemplos:
- Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT
- Tem natureza de norma constitucional, contendo regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988), além de estabelecer regras de caráter meramente transitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica é exaurida assim que ocorre a situação prevista.
- Servir de ponte entre duas ordens constitucionais, não podendo o constituinte derivado alterar o conteúdo desse ato, cuja concepção coube, exclusivamente, ao poder constituinte originário.
- Editado simultaneamente com o texto constitucional em vigor, nele foram concentradas as matérias que, por sua natureza discrepante do que disciplinado no corpo permanente, foram ressaltadas dessa disciplina. E mais, nele foram arroladas as hipóteses de vigência limitada no tempo.
- As disposições transitórias têm prazo certo de realização, ao contrário das normas constitucionais propriamente ditas, que são permanentes e inalteráveis até a reforma ou a emendabilidade.
- Nelas reúnem-se providências, decisões que não teriam, por sua espécie transitória, lugar e oportunidade entre os preceitos da Constituição.
- O Ato das Disposições Transitórias contém normas de caráter não permanente, destinadas a conciliar, no período de transição, algumas regras respeitáveis do regime anterior com as do novo regime.
- As normas que compõem o Ato das Disposições Transitórias não deveriam criar direitos posteriormente ao período de transição, nem devem ser invocadas na interpretação do texto propriamente dito. Realizados os fatos nelas previstos, essas normas são como se não mais existissem; não poderão ser aplicadas aos fatos supervenientes (acontecem ou surgem depois).
Analisando o conteúdo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias de 1988
1- normas exauridas (esgotadas);
2- normas dependentes de legislação e de execução;
3- normas dotadas de duração temporária expressa;
4- normas de recepção;
5- normas sobre benefícios e direitos;
6- normas com prazos constitucionais ultrapassados.
Poder Constituinte
Conceito:
- É o poder que manifesta as regras que dão sustentação a todo o ordenamento jurídico. Assim, a Constituição dá fundamento às leis, sendo por isso denominada norma hipotética fundamental.” (Fernando Capez).
- Poder Constituinte é, em última análise, a expressão máxima da soberania nacional, como elemento basilar de caracterização do Estado.” (R. Friede).
- O poder constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. (Alexandre de Moraes).
Características Essenciais:
- Inicial – não existe outro antes dele.
- Autônomo – titular temliberdade para escolher o conteúdo a ser adotado na constituição.
- Incondicionado – não está sujeito a qualquer regra de forma e conteúdo.
Poder Constituído
É todo aquele instituído na Constituição pelo poder constituinte originário. São:
- Derivado
- Decorrente
Espécies: Originário ou revolucionário
- É a expressão das decisões soberanas da maioria de um povo em determinado momento histórico. (F. Capez).
- A vontade da maioria pode ser expressada por eleições ou por uma revolução.
- Explica uma nova ordem fundamental, jurídica e política de uma sociedade;
- O poder constituinte originário é ilimitado, não se subordina a qualquer regra jurídica anterior;
- É um poder soberano.
- É absoluto.
Natureza Jurídica:
- Poder de fato
- Sociológico-político
- Não se resume ao direito positivo.
Natureza Jurídica
Titularidade:
- A nação que o exercita por meio do povo, os eleitores.
Agente:
- Assembleia constituinte.
Poder Constituinte Derivado
Conceito:
- O poder de reforma que pode adaptar a constituição aos novos tempos, porém lhe é vedado sacrificar sua estrutura essencial. (Capez).
De Revisão – (especial, transitório):
- No caso do Brasil, previsto no Art. 3º do ADCT, possibilitou alterações na CF/88 pelo quórum da maioria absoluta e encerrou os trabalhos em 1994. – norma exaurida.
Reformador – Emendas – via ordinária, permanente. Art. 60 da CF -1988
Está subordinado as condições fixadas pelo poder originário:
- Mais da metade das assembleias legislativas do País;
- 1/3 de deputados ou senadores;
- Presidente da república.
Para aprovar: Art. 60, § 2º
- Voto de 3/5 dos deputados e senadores
- Dupla votação em cada casa.
Reformador:
Promulgar a E.C – Art.60, § 3°
- Mesa da Câmara e do Senado;
Não são objetos de E.C
- Cláusulas Pétreas – Art.60, § 4º:
- Forma de Estado;
- Voto direto, secreto, universal e periódico;
- Separação dos poderes
- Direitos e garantias individuais.
Características:
- Secundário
- Limitado
- Condicional
Limitações:
Formal – limitações legais – Art. 60, I, II e III C.F;
- Quem pode propor reformas à Constituição.
Circunstancial - só pode ser exercido se não houve fator de instabilidade:
- Intervenção federal a qualquer Estado-membro; Art. 34 CF;
- Estado de sítio; Art. 136 CF;
- Estado de defesa. Art. 137.Poder Constituinte
Limitação temporal:
- Tempo estabelecido pelo poder originário para que ocorram mudanças – atual constituição estabeleceu 5 anos para a revisão constitucional, (Art. 3º DT), não estabeleceu tempo para a emenda constitucional.
Limitação material: Não pode modificar:
- Matérias consagradas como intangíveis, cláusulas pétreas – Art. 60, § 4º:
- Forma federativa de Estado – Art. 1º;
- Voto direto, secreto, universal e periódico – Art. 14;
- Separação dos poderes – Art. 2º;
- Direitos e garantias individuais – Art. 5ºPoder Constituinte
Poder Constituinte Decorrente
Conceito:
- É conferido a cada Estado-membro de uma federação para elaboração sua Constituição própria.
- Adaptar à nova realidade.
- Aplicar o princípio da simetria.
- É o poder exercido pelos Estados-membros para fazerem suas constituições
- Art. 25 C.F
- É decorrente da forma federativa de Estado
- É necessário adequar as constituições estaduais à nova ordem constitucional.
Estados: (Institucionalizador: criação e Reformador: reforma)
- CF/1988: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
Municípios:
- Cabe elaborar a Lei Orgânica – Art. 29 – obedecendo os princípios da Constituição Federal e da Constituição Estadual.
Distrito Federal:
- Art. 32 – Lei Orgânica – tem competência legislativa reservadas aos Estados e Municípios.
Territórios:
- Art.33 - organização administrativa e judiciária disposta em lei, domínio federal.
Reforma:
Alterações feitas, observando o procedimento estabelecido pelo poder originário.
Revisão:
- Procedimento preventivo, conforme estabelecido pelo poder originário, que pode ser modificada ou não.
Emenda:
- É a materialização da reforma constitucional.
Mutação:
- Processo feito pelos tribunais na interpretação da norma constitucional, não altera o texto e sim o entendimento.
Conjunto de valores da Constituição:
- A Constituição não pode ser compreendida e interpretada, se não tivermos em mente essa estrutura, considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que a integra.

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