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COMÉRCIO INTERNACIONAL

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COMÉRCIO – REINALDO – 2014.1
1) Discuta o argumento: “Não há uma teoria geral do comércio internacional”.
	Quando analisamos a grande quantidade de modelos de comércio internacional criados ao longo de séculos, como o modelo de vantagem absoluta, de vantagem comparativa, os diversos enfoques, como o clássico, o neoclássico, neofatorial, neotecnológico, começamos a entender que não há uma teoria geral e aceita por todos para o comércio internacional.
	Uma primeira comparação entre os modelos, principalmente entre os dois primeiros e os mais recentes pode nos levar a crer que caminhamos para uma teoria geral, que cada modelo era válido na sua época, no entanto, certos modelos considerados ultrapassados ainda são utilizados atualmente, e mesmo o modelo antigo de Adam Smith possuiu um papel importante e de certa forma ainda pode ser considerado válido.
	Além disso, cada modelo possui pressupostos diferentes que condizem com sua época: O modelo ricardiano pressupõe pleno emprego, livre mobilidade interna de fatores e não-mobilidade de tecnologia, sendo que na época a Inglaterra pregava uma espécie de livre-comércio e uma proibição a exportação de tecnologia, até mesmo de viagens de engenheiros e técnicos para outros países industriais ou em industrialização, enquanto que o enfoque neoclássico inverte a mobilidade de fatores para tecnologias e a não-mobilidade de uma para a outra, o que condiz também com a época onde as tecnologias de produção já eram relativamente bem distribuídas entre os países centrais, mas condiz ainda mais com a própria teoria neoclássica. Entre esses dois modelos já se vê uma mudança do fator central: da tecnologia passamos para a dotação de fatores, ou seja, da teoria clássica ricardiana passamos para a teoria neoclássica. Além disso, temos também a passagem de modelos que acreditam na concorrência perfeita para modelos mais recentes que consideram a sua versão imperfeita como base para as trocas.
	Somado a isso, nenhum modelo é estritamente teórico: todos têm seus pressupostos, teorias, hipóteses e conclusões, e é mais do que comum que todos esses queiram provar algo de certa teoria: Ricardo queria provar sua teoria como verdadeira tanto para a economia quanto para o parlamento inglês, o enfoque neoclássico procurava adaptar o comércio para sua nova teoria, os novos enfoques e novos modelos vêm para adaptar ou explicar as novas situações do comércio internacional que mudaram ao longo dos séculos.
	Portanto, além dos pressupostos de cada modelo impedirem a existência de uma teoria geral do comércio internacional, a mera existência de teorias econômicas conflitantes e que se criticam mutuamente também contribui para isso. Podemos também adicionar as mudanças cada vez mais rápidas no comércio internacional e também o caráter político da economia e do comércio em si para inviabilizar uma teoria geral, afinal, mesmo com a existência de um “modelo perfeito”, ao se sair dele para o mundo real, onde temos problemas não-modelados e questões que vão muito além da mera alocação de recursos e de equações de demanda e oferta, veríamos inúmeras contradições que o impediriam de ser completamente posto em prática.
2) Analise alguns dos principais resultados dos novos modelos de comércio internacional que enfatizam economia de escala, diferenciação de produto e estrutura de mercado?
	Os novos modelos procuram se desvencilhar dos inúmeros pressupostos e hipóteses que os modelos anteriores assumiram e que, na opinião dos que adotam esses mais recentes, limitavam muito os resultados e conclusões retirados deles, sobretudo os referentes à concorrência perfeita e todos seus pressupostos (inúmeras firmas pequenas tomadoras de preço), livres mobilidades de capitais, trabalho e/ou tecnologia, e pleno emprego de fatores e/ou trabalho.
	Ao se passar de um objeto de estudo ideal para um mais real esses modelos encaram desafios maiores que os enfrentados pelos seus predecessores, no entanto, encontram resultados que seus defensores julgam mais fidedignos e aplicáveis. Além disso, boa parte deles estuda certas características que modelos anteriores sequer consideravam, como as economias de escala, as empresas transnacionais e a competição com produtos heterogêneos.
	O principal resultado do enfoque nas economias de escala é decretar que mesmo com uma desvantagem comparativa inicial pode-se terminar com uma vantagem de custo derivada da maior escala que supere ela, o que torna o país competitivo naquele setor, algo impossível pelos modelos anteriores.
	Já o enfoque na diferenciação do produto quebra com as várias teorias anteriores que pregavam a simplificação do produto transformando-os em meros bens homogêneos. Esse enfoque elimina isso que hoje pode ser considerado um absurdo e nos permite analisar produtos de um mesmo mercado que por teorias anteriores seriam considerados iguais, mas que agora são tratados como produtos similares porém diferentes.
	O enfoque da estrutura de mercado analisa o comércio de um ponto de vista estrutural, com base na diferenciação do produto e de concorrências monopolísticas. Permite-nos analisar não só o comércio entre países, como o intra-indústrias e intra-firmas, inclusive nos dando ferramentas analíticas para entender o superfaturamento e subfaturamento estratégicos de cada divisão de uma empresa multinacional.
	Os novos modelos em geral tentam analisar o comércio de um ponto de vista mais empírico, pragmático ou factual, procurando muito mais no próprio comércio real uma explicação para ele do que em modelos pré-concebidos. Eles nos apresentam as possibilidades de criação de vantagens, retornos crescentes de escalas, nos permitem analisar as novas integrações regionais, que antes não eram previstas pelos modelos dominantes, além de aceitar a noção de empresas transnacionais, que vão muito além das vantagens comparativas individuais de cada país e que já são extremamente importantes há um bom tempo.
3) Discutir o modelo clássico (Ricardo) de vantagem comparativa.
	A teoria ricardiana é considerada parte das teorias clássicas, junto da teoria de Smith. Enquanto Smith considerava que o comércio internacional se dava através das vantagens absolutas, isto é, uma simples comparação entre preços domésticos e internacionais seria o bastante para a determinação do comércio entre dois países, Ricardo se utiliza das vantagens comparativas na sua teoria do comércio. O princípio da vantagem comparativa supõem serem as trocas internacionais de bens o resultado das diferenças entre os países em termos de custos relativos, e consequentemente, de preços relativos. Como regra geral qualquer país tenderá a exportar produtos nos quais tenha vantagem comparativa.O modelo reicardiano de comércio internacional é baseado na teoria clássica do valor trabalho, sendo os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa do trabalho e as variações nessa produtividade entre os países adviriam principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. 
	As vantagens comparativas viriam de inúmeros fatores que determinariam as “inclinações” nacionais.
	O comércio vem da comparação entre os preços de produtos A e B dentro de um mesmo país com os preços dentro de outro. Se pa/pb para o país I for menor que para o país II e o inverso dessa relação for menor para o II ou pelo menos igual, o comércio ocorrerá, mesmo que ambos os preços sejam menores no país I ou II. Sob esta última condição, Smith diria que não haveria comércio, no entanto Ricardo advoga que sim. O comércio apenas não ocorreria sob TTs favoráveis quando as relações de preço fossem exatamente iguais.
	Partindo-se do pressuposto de pleno emprego, uma diminuição do emprego na atividade que apresenta uma “desvantagem” comparativa, ou seja, o setor que não apresentasse a vantagem comparativa levaria a uma maior alocação de recursos no “melhor” setor. Assim, esse setor aumentaria sua produção. Com ambos os países fazendo isso, se vê um aumento da produção tanto do produto A no país I (produto que apresentavantagem comparativa em relação ao II) quanto do produto B no país II (produto que apresenta vantagem comparativa de II em relação a I). Terminamos, portanto com um aumento da produção de ambos os produtos quando comparado com a situação inicial de economias fechadas possibilitado pelo comércio. Então, a especialização e o comércio entre os dois países dos produtos que eles possuem “inclinações” a produzir representa uma alocação eficiente de recursos e um aumento simultâneo de bem-estar tanto do país I quanto do país II, onde os ganhos de bem-estar seriam ganhos de comércio.
	Seus pressupostos são, além do pleno emprego já discutido, livre mobilidade de trabalho e capital internamente, imobilidade de tecnologia (o diferencial é ela) entre países, moeda neutra, movimento nulo de capitais entre países, ausência de ganhos de escala, oferta estável, etc. Esse modelo também não considera as elasticidades preço-demanda e preço-oferta, o que pode ser considerada uma abordagem rasa do problema, e, além disso, boa parte dos seus pressupostos pode ser considerada irreal ou abstrata, principalmente o fato que os TTs devem ser bem-comportados. O teste empírico mais conhecido é o de MacDougall (examinou exportações britânicas e dos EUA) e, de acordo com seus testes, concluiu que existia uma correlação entre a produtividade relativa do trabalho e o desempenho relativo das exportações dos dois países. Uma crítica a este teste foi que ele concentra sua analise na produtividade do trabalho e coloca de lado a influencia dos outros fatores de produção.
4) Demonstrar o teorema básico de Heckscher-Ohlin.
O teorema básico de Heckscher-Ohlin tem por pressupostos a neutralidade da moeda, pleno emprego de fatores, movimento nulo de capitais internacionais, retornos constantes de escala, oferta estável de fatores, conhecimento tecnológico estável e concorrência perfeita nos mercados de bens e fatores, exatamente iguais aos pressupostos do modelo anterior do Ricardo. No entanto, esse modelo inverte o que tem mobilidade e imobilidade em relação ao anterior: nele a tecnologia tem mobilidade entre os países, o que de acordo com os pressupostos anteriores significam que todos os países utilizam a mesma tecnologia que é a melhor possível, e os fatores de produção não tem mobilidade.
Ao contrário do modelo ricardiano, nele o determinante do comércio é o diferencial entre as dotações de fatores entre países, no caso, a diferença entre as dotações de trabalho e capital entre um país I e outro II.
O teorema básico portanto é que os países tem vantagem comparativa no produto intensivo no uso do seu fator abundante e desvantagem comparativa no produto intensivo no outro fator que não possuem com abundância. Logicamente, se exporta o primeiro e se importa o segundo quando a economia não é fechada.
O aparelho analítico utilizado são as isoquantas que tem por hipótese que K e L são substitutos. A escolha da técnica é feita de acordo com os preços relativos dos fatores dentro de cada um dos países.
Considerando que CTa = w . La + r . Ka , o comércio ocorre quando: 
Ou seja, através da hipótese das isoquantas, todos os custos podem ser mensurados em K ou L. Assim, OG/OG seria o CTa/CTb para o país I OC/OD seria o CTa/CTb para o país II. Como OG/OG < OC/OD, o país I tem VC no produto A e o país II o tem em relação à B.
Assim, KI/LI > KII/LII, ou seja, o país I tem abundância de K e o II de L, o que em curvas de possibilidade de produção se traduz para:
Onde temos que PII > PI, ou seja (PA/PB)I < (PA/PB)II, o que significa que o país I tem VC em A e o II em B.
5) Demonstrar a determinação dos termos de troca no mercado mundial.
	Os termos de troca (TT) no mercado mundial são determinados através das curvas de oferta recíproca (COR) do país I e do País II.
	Elas representam quanto muda o volume de comércio (exportação e importação) dos dois produtos de forma simultânea quando ocorre alteração nos TT. O gráfico delas tem as quantidades dos produtos A e B como os eixos, ou seja, podemos pôr as duas CORs no gráfico, já que as importações de um país compõem as exportações do outro no mesmo eixo.
	Nesse caso, temos a linha TT*, onde ocorre o clearing do mercado, ou seja, onde os TTs são de equilíbrio, isto é, proporcionam equilíbrio no BOP. Qualquer TT fora desta linha significa desesquilíbrio no BOP, algo indesejável ao país, portanto, o TT escolhido deve fazer parte desta linha que parte da origem e passa pelo ponto de encontro entre as duas linhas COR.
	O encontro das duas linhas COR significa o ponto onde as ofertas e demandas, e exportações e importações se igualam sob equilíbrio, isto é, ambas se encontram no ponto mais alto de utilidade, uma saída deste ponto resulta numa piora para um dos países ou para ambos.
	A determinação dos TTs se dá então, no mercado mundial, onde os dois países vão se ajustando até que se chegue enfim ao ponto de equilíbrio (corte das duas linhas COR com a linha TT*), aumentando ou diminuindo as importações e exportações dos dois produtos conforme se nota a possibilidade de aumento do bem-estar pelo aumento do consumo.
6) Discuta o seguinte teorema: equalização dos preços dos fatores.
	 O teorema da equalização dos preços de fatores nos demonstra que o processo de comércio externo leva a uma mudança da relação dos preços dos fatores, ou seja, do salário (w) e da remuneração do capital (r) para uma taxa específica, para um (w/r)*, o que por sua vez significa também uma equalização dos termos de troca (Pa/Pb) também para um (Pa/Pb)*, isto é, de equilíbrio. Portanto, a teoria conclui que tanto os preços dos fatores quanto os TTs dos dois países parceiros comerciais se equalizam sob uma determinada taxa, que é a de equilíbrio, no longo prazo.
	O país I, rico em capital, enquanto parceiro comercial de II, rico no outro fator, trabalho, exporta um bem A intensivo em K e importa de II um bem B intensivo em L. O País II tem o comércio inverso ao de I.
	Na economia de I antes fechada, tínhamos um (w/r)I, que por sua vez significava um (pa/pb)I. Com o tempo, o uso intensivo do seu fator abundante (K) leva a um aumento da taxa de juros (r) nesse país, já que o aumento da utilização de um fator aumenta a procura deste, o que por sua vez aumenta seu preço. Adicionalmente, temos uma procura menor por trabalho, o que significa uma queda dos salários graças a menor utilização de trabalho humano em relação ao uso de capital. Portanto, temos um r aumentando e um w diminuindo, ou seja, a relação w/r cai abaixo do patamar anterior.
	Na economia II ocorre o contrário, um aumento de w por causa da maior demanda por trabalho e uma queda da taxa de juros por causa da menor procura de capital. Portanto temos w/r que aqui sobe acima do patamar nacional anterior.
	A queda e subida das duas relações acabariam num patamar igual de equilíbrio. Assim, o comércio internacional de bens age como um substituto da mobilidade internacional de fatores de produção através dos seus efeitos sobre os preços dos fatores.
	
	As hipóteses dele são: concorrência perfeita nos mercados de fatores e de bens, retornos constantes de escala, coeficientes técnicos de produção fixos, equalização dos preços relativos e mesma tecnologia nos dois países.
7) Discuta o seguinte teorema: Rybczynski.
	O teorema de Rybczynski estabelece o aumento da dotação de um dos fatores de produção causa crescimento da produção do bem intensivo nele e queda da produção do outro bem que utiliza de forma intensiva o fator escasso no país em questão.
	Por hipótese devemos considerar constantes os preços dos bens, os preços dos fatores, as relações K/L e considerar ambas as economias em pleno emprego de fatores.
	Consideremos o país rico no fator trabalho (produto A). Considerando um gráfico com B como eixo y (produto importado) e com o bem A como eixo x, temos as linhas KK e LL, que representam os empregos plenos dos seus respectivos fatores. O ponto E1 é onde ocorre, portanto o equilíbrio entre o pleno-emprego de ambos os fatores.A maior demanda por L acaba por gerar um aumento da dotação desse fator, ou seja uma nova curva LL acima da primeira, que gera outro ponto E2. Esse novo ponto representa outra combinação (A,B), uma onde se produz mais o bem intensivo no fator que aumentou (no caso L) e menos o bem intensivo no fator que diminui relativamente (K), ou seja, se aumentou a produção do bem que o país apresentava determinada vantagem comparativa e caiu a do outro bem no qual ele apresentava desvantagem comparativa.
	Assim, o produto A “suga” K do B, exemplificado pela queda na produção do bem intensivo no fator em desvantagem.
8) Discuta o seguinte teorema: Stolper-Samuelson.
	O teorema de Stolper-Samuelson analisa o efeito do comércio internacional sobre a distribuição de renda doméstica terminando com a conclusão que a proteção favorece o fator usado de forma intensiva no setor que compete com as importações e que, em relação à distribuição de renda esse é um movimento concentrador de renda. Portanto, um movimento contrário ao ditado pelas “inclinações nacionais” e pelas vantagens comparativas termina por concentrar renda, gerando efeitos negativos sobre o país protecionista.
	Consideremos um país que possuí riqueza de L e pobreza de K (em relação ao outro fator), e VC num bem A intensivo em L e DC em B intensivo em K.
	Se o governo daquele país resolver diminuir as importações de B através de uma substituição de importações, ele irá aplicar uma política protecionista sobre B. Surtindo ela o efeito desejado, a produção de B irá aumentar. Como K (seu fator intensivo) é escasso no país, o crescimento de sua produção acentua essa escassez, aumentando a taxa de juros.
	Como consideramos o preço de B constante e vemos um aumento da remuneração de K, isso significa que haverá uma queda de w, portanto, uma queda no produto marginal de K, ou seja um aumento da relação L/K e queda da relação w/r.
	Assim, uma política de substituição de importações acaba por concentrar a renda (queda do w e aumento do r).
	No caso de ser o outro produto o protegido e o outro fator o escasso, o w ia aumentar por causa da maior demanda por trabalho e o r ia diminuir (tanto pela menor demanda por K, quanto pela equação CT mantida constante), ou seja ia haver a concentração de renda no sentido inverso: uma transferências de renda dos capitalistas para os trabalhadores.
	
9) Diferencia o conceito de vantagem comparativa do conceito de vantagem competitiva.
	Vantagem comparativa compara os custos relativos de produção do mesmo produto em dois países diferentes, em que o preço é ditado pelo custo de produção mais uma margem (normal) de lucro. Já a vantagem competitiva vem de uma comparação dos custos relativos de produção, levando-se também em conta os custos de um comércio externo, em que o preço é igual ao custo de produção mais a margem normal de lucro somado aos custos próprios da atividade de comércio exterior, o que inclui nessa categoria, impostos, custos de transporte, seguro, etc.
	Na vantagem competitiva, temos competências específicas (Recursos e Capabilities) que causam uma vantagem de custos e/ou vantagem de diferenciação. Recursos seriam os fatores específicos à propriedade, como marcas, patentes, redes de comercialização, reputação, entre outros, enquanto que Capabilites seriam capacidades de se utilizar mais eficientemente os recursos, tanto de um ponto de vista gerencial, organizacional quanto mercadológico.
	
10) Discuta o seguinte argumento: “Mesmo que países tenham idêntica dotação de fatores e acesso às mesmas tecnologias há ganhos de comércio devido à especialização derivada das economias de escala”.
	Se seguirmos uma análise extremamente ortodoxa do comércio internacional, onde se elimina os ganhos por economia de escala (custos unitários são iguais para qualquer nível de produção), poderíamos dizer que esse é um argumento falso, afinal os dois países teriam a mesma dotação de fatores e a mesma tecnologia, seriam virtualmente uma “cópia” um do outro, e, portanto não haveria comércio, já que eles não teriam nem VCs nem DCs em relação à dois produtos entre eles.
	No entanto, o argumento se prova verdadeiro quando adicionamos ao modelo (ou utilizamos um que aceita a hipótese de) economias de escala, isto é, custos menores para níveis maiores de produção de determinados produtos. Com essa ideia em mente, se um dos países se especializa em determinado produto intensivo em K e o outro em outro produto intensivo em L, mesmo que a produção dos dois bens se mantenha igual (antes se produzia 50 A e 50 B e a produção se mantêm igual), pela hipótese temos um preço menor de A e de B.
	Assim, se antes se consumia determinada quantidade por um preço maior, agora se pode consumir uma quantidade maior por um preço menor, o que configura um ganho de comércio. Portanto, considerando verdadeira a hipótese das economias de escala, países com idêntica dotação de fatores e tecnologias tem ganhos de comércio com a especialização, e com a queda da hipótese, temos o argumento como errôneo.
11) Discuta o seguinte argumento: “Livre-comércio pode implicar perda de bem-estar em função dos termos de troca se a especialização (derivada das economias de escala) ocorrer no setor com preços baixos no mercado mundial”.
	Se um determinado país se especializa na produção de certo produto B com preço relativamente baixo (ou elasticidade preço-demanda ou elasticidade renda-demanda baixas) e ele passa por uma fase onde o preço desse produto cai abaixo dos patamares anteriores, ele vai sim passar por uma fase de perda de bem-estar, culpa do livre-comércio, ou seja, da abertura econômica, por causa da deterioração dos termos de troca.
	Com o custo de A constante, uma queda do preço de B significa uma queda da arrecadação do país analisado, para manter a mesma cesta de consumo, a parte importada de A (que pode inclusive ser todo o consumo de A) custará “mais”, ou seja, ele terá de exportar mais B para ter o necessário para importar a mesma quantidade anterior de A, o que pode não se realizar, resultando por fim na perda de bem-estar do país que exportava B.
12) O que se entende por comércio intrafirma? Quais são os seus determinantes principais?
	É o comércio efetuado dentro de uma determinada empresa transnacional, ou seja, efetuado entre estabelecimentos da mesma firma, no caso, entre matriz e filial ou filial e filial. Deriva do processo produtivo baseado em cadeias produtivas de escala global realizado por empresas que se localizam em dois ou mais países. Seus determinantes principais são a disponibilidade dos fatores de produção no local da matriz ou da filial, preço dos fatores de produção (sobretudo L), controle governamental, incentivos ao IED do país onde se está ou se instalará uma filial, barreiras comerciais, tributação, incentivos fiscais, etc.
13) Discuta os determinantes e instrumentos da política comercial.
	Podemos dividir as razões para a política comercial em duas categorias: econômicas e não-econômicas. No primeiro grupo podemos colocar como motivos: geração de renda e emprego, proteção ou criação de uma indústria nascente (ISI), ajuste do BOP, combate à competição predatória e à prática de dumping, manutenção das finanças públicas (impostos sobre importação e/ou exportação), e até mesmo como política de controle de inflação (uso de âncora cambial). Na categoria das razões não-econômicas temos diversos motivos, dentre os quais: suprir os interesses dos setores dominantes, permitir a segurança nacional (comércio de armas, alimentos ou tecnologia), exportação ou importação de bens estratégicos (trabalho, recursos naturais e até mesmo cultura), e inclusive como instrumento de política externa, tanto para cooperação quanto para o conflito (retaliação, embargo).
	Também podemos dividir seus instrumentos em duas grandes categorias: instrumentos que atuam sobre as exportações e os que atuam sobre as importações.
	Entre os que atuam sobre as exportações podem também subdividi-los em: instrumentos de regulaçãoe promoção, como mecanismos operacionais (portos), planejamento e estratégia (upgrade), contratação (frete, seguro, câmbio), feiras e exposições e instituições; instrumentos de financiamento, como BNDES e o Banco do Brasil com empréstimos a juros abaixo do mercado, no caso brasileiro; e tratamento fiscal, como drawbacks, isenções, imposto de exportação e, talvez o instrumento mais utilizado, subsídios.
	Entre os que atuam sobre as importações também são subdivididos em: medidas tarifárias, estas podendo ser ainda mais especificadas entre tarifas nominais (que não proíbem as importações, apenas as diminuem de um patamar onde estariam sob um regime sem tarifas), proibitivas (tão altas que restringem totalmente a importação de determinado bem), efetivas (proteção sobre o valor agregado), consolidadas (registradas no GATT-OMC) e aplicadas (consideradas as tarifas “verdadeiras”, levando-se em conta as isenções de pagamento de isi); e medidas não-tarifárias, como quotas tarigfárias, autorizações, restrições quantitativas, políticas de controle de preço, normas técnicas, medidas fitossanitárias, entre muitos outros tipos de instrumentos de política comercial sobre importações com medidas não-tarifárias.
14) Quais são os efeitos de um subsídio à exportação?
	A consequência imediata de um subsídio à exportação é um aumento do preço doméstico acima do preço internacional (de P* para P*(1+s), onde s é uma taxa qualquer de subsídio). Isso faz com que mais produtores domésticos entrem no mercado, no caso, produtores que antes não seriam competitivos (teriam um produto com preço entre o internacional e o após o subsídio), mas a demanda vê uma diminuição por causa da fixação do preço acima do patamar anterior (a curva “quebra” antes).
	Essa consequência implica num aumento do excedente de exportação.
	No entanto, decompondo seu efeito, vemos que ela acaba por fazer mais mal que bem:
	Onde as perdas do excedente do consumidor (A e B, ou seja os consumidores que iriam antes consumir o produto mas agora não mais o consomem) somadas ao custo fiscal do subsídio (B, C e D), superam o aumento do excedente do produtor (A, B e C). Esses são os efeitos se considerando um país pequeno, no caso de um país grande, o aumento do excedente de exportação aumenta o volume de oferta mundial substancialmente o que lança o preço internacional para baixo, aumentando as perdas sociais e fiscais:
	Portanto, os efeitos são um aumento de preço no mercado interno, um aumento do excedente de exportação e uma transferência de renda real para o exportador no caso de um país pequeno. Tendo-se um de grande porte na produção do bem em questão, vemos também a queda do preço internacional, a piora dos termos de troca, um aumento ainda maior do custo fiscal e um ganho para o consumidor internacional.
15) Quais são os efeitos do protecionismo? Como se decompõe a perda de excedente do consumidor?
	Com a implementação de uma tarifa em algum produto, o preço deste aumentar: P => (1+s)P, sendo s>0.
	Com esse aumento do preço, a demanda diminuirá , ocorrerá, também, uma diminuição da quantidade importada. Este aumento de preço protegerá a indústria nacional, fazendo com que esta indústria consiga ofertar mais produtos, aumentando a produção e consumo internos.
	Este tipo de política aumentará a arrecadação fiscal, que será a nova quantidade importada vezes à tarifa. Outros efeitos percebidos são a transferência de renda do consumidor para o produtor (maiores preço geram maiores gastos pelo lado do consumidor), a distribuição funcional da renda (proteção favorece o fator usado de forma intensiva no setor que compete com as importações, segundo o teorema de Stolper-Samuelson), má alocação de recursos e uma redução do consumo.
	A magnitude destes efeitos dependerá da magnitude da tarifa e da elasticidade preço da oferta e da elasticidade preço da demanda. 
	Além dos efeitos previstos pelo gráfico e pela teoria, temos outros efeitos adicionais, como retaliação pelo protecionismo, negociações para o seu fim ou para ser amenizado, etc.
16) Discuta a equivalência entre quota e tarifas.
	Em relação à quota e tarifa a perda do excedente do consumidor é idêntica entre as duas, a diferença marcante sendo que não há efeito fiscal: enquanto o primeiro se dá por tarifa, permitindo uma apropriação do excedente do consumidor por parte do governo (ganho fiscal), o que é ausente na versão por quotas, onde não há apropriação por parte do governo, os consumidores mantêm suas licenças e há controle de preços.
	O protecionismo via quota também atua sobre a oferta e demanda doméstica por causa da elevação de preços (via uma “escassez artificial” ou via aumento do preço por culpa da maior tributação), aumento da produção doméstica por causa da proteção maior, transferência de parte da renda do consumidor para outras entidades (produtor em ambos os casos, e também governo no caso dele ser via tarifas).
17) O que se entende por argumento da indústria nascente?
	O argumento da indústria nascente analisa os ganhos e perdas das políticas protecionistas de um ponto de vista de curto e longo prazo, estabelecendo que elas possam servir para permitir o surgimento e o fortalecimento de uma indústria nascente.
	A proteção gera alguns resultados muito negativos no curto prazo (contração das importações, transferência de renda do consumidor para o produtor, concentração de renda que a aumenta para certo grupo, o que aumenta as importações sob preços maiores gerando desbalanceamento no BOP), no entanto, seu efeitos no longo prazo, se ela tiver sido feita com foco e visão, podem sim ser positivos.
	A proteção, como o próprio nome diz, gera um ambiente doméstico mais favorável ao produto e à indústria do país, algo que não pode ser ignorado, sobretudo na situação de um Estado pobre ou emergente inserido no contexto de uma economia mundial que possui uma competitividade com a qual ele sequer sonha. Se ela for feita para um setor específico e estratégico e for mantida por certo tempo, a política protecionista o protegeria e permitiria que ele “crescesse” em segurança até que pudesse enfim competir com os seus equivalentes internacionais de igual pra igual, ao menos no setor ajudado.
	Assim, há uma troca da vantagem comparativa “instantânea” para uma VC dinâmica, sobretudo ao se pensar em economias de aprendizado e economias de escala, que dependem de grandes investimentos e/ou de anos de operação para alcançar um patamar internacional.
18) Quais são os determinantes e os fundamentos da integração regional?
	Os determinantes da integração regional podem ser divididos entre razões econômicas e razões não-econômicas. Dentre as econômicas podemos inserir a eficiência alocativa, reestruturação produtiva, economias de escala, economias de aprendizado, diversificação do comércio exterior, melhora do BOP, melhora de uma conjuntura internacional desfavorável (melhora de ambos os parceiros para depois se inserirem juntos no mundo). Nas razões não-econômicas podemos ter inúmeros argumentos, os quais podemos reunir em motivações culturais, políticas ou de segurança, no entanto, por basearem-se em argumentações fora do cunho econômico, são razões menos confiáveis que as anteriores, embora motivos muito mais fortes para os acordos de integração serem assinados, afinal, os motivos políticos por trás de uma EU ou um NAFTA são tão importantes, se não mais, que as razões puramente econômicas para países se integrarem em um bloco.
	Em relação aos fundamentos da integração regional, temos dois grandes: tratamento preferencial e discriminação positiva. O tratamento preferencial é óbvio quando observamos qualquer bloco, tanto em relação à instrumentos econômicos (taxas, tarifas, ajuda econômica) quanto em relação à demais instrumentos de política (migrações mais fáceis, maior aproximação política, etc.), já a discriminação positiva é toda a base da integração regional: um tratamento melhor dos países-membros em relação aos países de fora.
19) Discuta o argumento:“no que se refere ao nível de bem-estar, integração regional é superior ao protecionismo e inferior ao livre-comércio”.
	Analisando o nível de bem-estar em consumo, e resumindo esse consumo a dois países que podem se encontrar em 3 situações econômicas distintas (isolados, em integração regional e em livre comércio), podemos chegar ao seguinte gráfico:
	Onde C1 seria o ponto de consumo interno sob o regime de livre-comércio (ausência de taxas), C2 o ponto sob um regime extremamente protecionista (taxas restritivas que levam a economia a se isolar, o que torna o equilíbrio da produção interna o mesmo do consumo interno), e C3 o ponto sob um regime de integração econômica.
	O consumo de ambos os bens é inegavelmente maior em C1 que em C2, no entanto, a diferença entre o consumo entre elas é algo a ser analisado: em relação à C2 (economia protegida), vemos uma boa melhora em relação ao bem Y, e uma melhora pouco expressiva (ou nula) em relação à X; em relação à C1, vemos uma melhora expressiva em relação a ambos os produtos, no entanto, a diferença entre C1 e C3 é menor que a entre C1 e C2.
	Assim, uma economia onde reina o protecionismo se encontra numa situação de bem-estar menor que uma completamente aberta, e uma economia em integração econômica pode estar entre as duas situações de bem-estar. Assim, podemos considerar a integração econômica um “meio-termo” entre o protecionismo exacerbado e o liberalismo total.
	Analisando pela produção interna também vemos que a integração se encontra na metade do caminho entre as duas situações extremas: na economia protegida temos uma produção altíssima de Y, produção essa que cai muito com a aberta ampla do país, mas que cai menos na situação de integração regional (P2>P3>P1, em relação à produção doméstica). Ao contrário, a produção de X só cresce conforme se vai abrindo a economia.
20) Discuta o argumento: ”no que se refere ao nível de bem-estar, integração regional pode ser idêntica ao protecionismo e inferior ao livre-comércio”.
	Analisando através de um gráfico onde os eixos são os produtos X e Y e temos uma linha de possibilidade de produção (curva azul) e várias curvas de consumo ou de bem-estar (curvas verdes), podemos ter a seguinte situação:
	Aqui, mantêm-se a noção que uma situação de protecionismo exacerbado produz menos bem-estar que uma onde impera o liberalismo absoluto, no entanto, vemos uma situação de consumo (C3) da integração regional que corta a mesma curva de bem-estar que a situação do protecionismo (C2), ou seja, em relação ao bem-estar, ambas as situações são idênticas, mesmo que a quantidade de produtos não seja a mesma, o bem-estar do consumo deles é o mesmo entre ambos os pontos.
	A razão disso é que o Py maior leva a uma mera substituição de bens.
21) Discuta algumas proposições básicas (estáticas e dinâmicas) a respeito do processo de integração regional. Analise também o trade-off “integração vs autonomia de política”.
	As proposições básicas sobre os benefícios são que eles são diretamente proporcionais: às barreiras iniciais (para países membros); às margens de preferência; ao número de países-membros, pelo aumento das oportunidades de comércio; ao tamanho do mercado regional, isto é, é influenciado diretamente pelo volume de comércio na área na qual o país membro se insere; à magnitude das elasticidades-preço da oferta e da demanda; à proximidade geográfica dos países-membro, em outras palavras, o benefício é fruto de uma economia de custos de transporte nesse subcaso. Além disso, as perdas são diretamente proporcionais às barreiras em relação ao resto do mundo e países muito dependentes entre si em termos de comércio tendem a ter maiores benefícios com a integração.
	Em relação aos ganhos dinâmicos da integração, os benefícios decorrem das: oportunidades de economias de escala (ampliação do mercado); e oportunidades das economias de aprendizado (também pela ampliação do mercado). Além disso, ela provoca um efeito pró-competitivo (firmas antes “distantes” agora competem pelo mesmo mercado de igual para igual), permite uma reestruturação produtiva decorrente da ampliação do mercado e estimula a formação bruta de capital fixo (FBKF), pois dá ao investidor maior segurança sobre seus investimentos. Somado a isso temos uma estimulação do IED (efeito plataformas e cadeias produtivas regionais), aumento da eficiência alocativa graças à possibilidade de mobilidade intra-regional de K e L, e formação de um bloco de poder regional (surgimento do MCE e depois da EU frente à “dominação” americana).
	A integração regional também estimula a possível formação de uma área monetária ótima, o que fixaria os câmbios em relação aos países-membros, reduz as incertezas, reduz o custo de operações cambiais, dá uma estabilidade maior dos preços, reduz o custo de intervenção no mercado de câmbio e gera uma coordenação de políticas macroeconômicas.
	Entretanto, não há benefício sem custo, e nesse caso este se dá pela perda (em graus que variam conforme o grau de integração) da autonomia de políticas macroeconômicas, ou seja, políticas monetárias, cambiais, etc. O grande exemplo atual disso é o caso do PIIGS na UE, onde a integração regional lhes custou um grau de liberdade que com certeza seria de grande ajuda numa crise mundial pela qual eles passaram.
22) Analise o impacto sobre a estrutura de produção e especialização no caso do progresso técnico não-neutro (centrado em recursos naturais) no setor primário da economia.
	Considerando um país que exporte um bem intensivo em recursos naturais (RN) e importe outro bem que não seja intensivo nesse fator, um progresso técnico não-neutro no setor primário da economia daria melhores condições para o país produzir X tendo em vista sua dotação de RN.
	Assim, esse progresso técnico que poupa RN, empregado intensivamente no setor X levará a um crescimento “ultraviesado” em relação à especialização no comércio internacional, ou seja, a especialização decorrente da melhora desse determinado setor leva a uma (re)primarização da economia, isto é, leva ao aumento da produção dos bens intensivos em RN e no abandono da produção dos demais bens. Um exemplo atual disso seria o Brasil da gestão petista, que vê um peso cada vez maior dos produtos do setor primário exportador e uma desindustrialização crescente nos setores que não compõem em peso nossas cestas de exportação ou que se mostram incapazes de competir com o similar chinês. 
	O gráfico ilustra bem a situação:
23) Discuta o modelo de crescimento empobrecedor.
	O modelo de crescimento empobrecedor pode ser usado para investigar o quanto os tipos de mercadorias exportadas pelos países e suas características de demanda e oferta podem conduzir a um hiato crescente entre as suas rendas per capita. O crescimento econômico é induzido por um aumento no estoque de fatores ou pelo progresso técnico de algum tipo. Os efeitos desse crescimento divergem para casos onde a economia considerada não possui capacidade de afetar os preços relativos de produtos no mercado internacional (hipóteses do país pequeno) e onde as economias conseguem afetá-los, ou seja, economias que não as pequenas. O modelo de crescimento empobrecedor analisa este último caso, o que permite vislumbrar uma situação em que o crescimento econômico é de fato prejudicial em termos de bem-estar social.
	O aumento da dotação de fatores e o progresso técnico levam a uma expansão da produção de certa mercadoria. Nesse sentido, o país passa a ofertar uma quantidade maior desse produto no mercado internacional. Dado o tamanho da economia, essa oferta adicional poderá ser excessiva em termos de mercado internacional, provocando, portanto, a redução do preço relativo do produto exportado. Sendo os termos de troca a razão entre Px(preço do produto exportado) e Py(preço do produto importado), a redução do preço Px, mantendo tudo mais constante, levará a uma queda na razão Px/Py, o que poder ser visto, graficamente, como uma redução na inclinação da curva de relaçõesde troca RT.
X:produto intensivo em exportação, intensivo em L
Y:produto intensivo em importação, intensivo em K
	
	No gráfico acima, quando a expansão ainda não havia acontecido, o equilíbrio, a uma dada relação de preços entre os produtos, expressa por RT1, era atingido no ponto A de produção. O consumo, nesse caso, ocorria em E, que assegurava um ganho em comparação a situação de isolamento do comércio internacional. A partir de um progresso técnico neutro, com aumento da produtividade de L e K em X, há um deslocamento da fronteira de produção. Se os termos de troca permanecessem constantes, o ponto de equilíbrio se daria em B, expressando uma maior produação em X e uma menor em Y, pois o aumento da produção de X demandará o emprego de ambos os fatores, havendo migração de fatores do setor Y para o X, logo, redução do volume produzido de Y. No entanto, dado o peso relativo da economia no mercado internacional, sendo a mesma capaz de influenciar os termos de troca, a maior oferta de X implica um relativo barateamento desde produto. Isso é representado pelo deslocamento da curva de relações de troca, de RT1 para RT2, sendo a última menos inclinada que a RT1. O ponto de consumo E* corresponde a essa “nova” relação de preços e está sobre uma curva de indiferença do consumidor mais baixa que a anterior, sendo o ponto de equilíbrio da produção B. Podemos perceber, portanto, que há uma queda no nível de bem-estar social da economia e a isso que se chama crescimento empobrecedor, onde a especialização da produção em um produto intensivo em capital e sua decorrente expansão gera uma redução na utilidade obtida com o consumo, pela diminuição do preço desse produto em relação ao preço do produto intensivo em capital. 
	Dessa forma, vemos que o crescimento empobrecedor está diretamente ligado à deterioração dos termos de troca, cujo efeito elimina o efeito-riqueza. Podemos aplicar esse modelo ao caso dos produtos primários e industrializados, onde se percebe um hiato externo, representado por esse processo de deterioração dos termos de troca, que acaba por comprometer a capacidade de crescimento das economias exportadoras de produtos primários, pois apenas parte dos ganhos de produtividade é revertido em aumento do bem-estar dessas economias. Essa deterioração dos termos de troca se explica, principalmente, pela baixa elasticidade-renda dos produtos primários. A oferta de produtos primários encontra limites na crescente rigidez da demanda que se apresenta a partir de certo grau de industrialização e de expansão da renda dos indivíduos. O avanço da industrialização provoca a substituição crescente dos produtos primários por mercadorias com níveis crescentes de elaboração industrial. Por outro lado, o aumento dos níveis de renda provoca uma propensão decrescente dos indivíduos a consumir produtos primários. Esses são progressivamente substituídos por produtos manufaturados e semi-manufaturados. Portanto, o aumento da oferta do produto primário não vai ser acompanhado por um aumento proporcional da demanda por ele, levando a uma queda do preço em relação aos produtos industrializados. 
	Dessa forma, uma deterioração dos termos de troca provoca desequilíbrios nas transações internacionais e redução do ritmo de desenvolvimento, ou seja, a um crescimento empobrecedor cuja solução, para muitos autores, seria a industrialização. 
	
24) Analise o fenômeno da “doença holandesa”. Neste processo, é fundamental a ocorrência de apreciação cambial?
	O fenômeno da doença holandesa é um caso de desenvolvimento prejudicado por uma melhora dos TT (Px/Pm). Esse nome vem do estudo do caso holandês, em que uma descoberta de grandes poços de gás nos anos 70, onde o gás natural se mostrava uma alternativa mais barata no contexto dos choques do petróleo, aliada à forte demanda internacional levou a uma elevação dos preços, gerando um forte fluxo de recursos decorrentes do aumento das exportações, valorizando a moeda holandesa (florim) e tornando os bens produzidos pelos demais setores menos competitivos, assim prejudicando de fato o desenvolvimento holandês.
	Primeiro, analisamos a economia dividindo os setores produtivos em três: um setor produtor da commodity, muito competitivo internacionalmente; um setor pouco competitivo internacionalmente, produtor dos demais bens da economia (cujos produtos estão abertos a competição com os similares importados); e um setor não exposto à competição externa (construção civil, comércio de varejo, serviços em geral, basicamente setores onde é impossível termos a existência de um similar importado, ao menos à época).
	Ocorre uma transferência de mão de obra para o setor mais competitivo que viu um aumento de demanda por MDO e, portanto também dos salários oferecidos nesse setor (desindustrialização direta). Em decorrência dessa renda adicional há um aumento geral da demanda por bens, principalmente por aqueles não produzidos pelo setor exportador, o que acarreta numa subida de preços, prejudicando ainda mais os setores menos competitivos que deverão pagar por insumos e MDO mais caros, terminando com um encolhimento do setor exportador menos competitivo (“efeito renda”, desindustrialização indireta).
	Graficamente temos:
	Analisando o efeito com mais cuidado, vemos que primeiro há um choque externo positivo, isto é, um aumento da receita de exportação (qx multiplicado por px), acarretando num efeito de apreciação cambial pelo simples aumento do influxo de moeda.
	No longo prazo podemos ver um downgrade do aparelho produtivo: perda da competitividade da indústria, perda de dinamismo econômico e comprometimento do investimento privado (aumento da insegurança entre os investidores locais e internacionais). De um ponto de vista mais social vemos um aumento da receita tributária, um aumento dos gastos sociais e, portanto um impacto positivo sobre as condições sociais, o que, no entanto, acarreta em rigidez dos gastos públicos no longo prazo, comprometendo o investimento público com isso.
	E a apreciação cambial não é condição necessária para a ocorrência do fenômeno, a melhora dos TTs já provoca um viés na CPP. 
25) Discuta a relação entre comércio e desenvolvimento. Faça referência a experiências históricas.
	Primeiramente, é necessário entender os conceitos e as ideias que existem por trás de comércio e de desenvolvimento. O comércio é caracterizado principalmente pela existência de transições de bens e serviços entre diversos países. Ele é uma das formas mais importantes de internacionalização da produção, sendo, portanto, uma das causas da crescente globalização econômica, da interdependência econômica entre países e da maior contestabilidade do mercado internacional. Já o desenvolvimento pode ser entendido de diversas formas, de forma ampla, ele abrange o desenvolvimento: econômico, social, ambiental e tudo que envolva melhorias benéficas para a vida e crescimento das sociedades e países. Mais especificamente, temos o desenvolvimento econômico, o qual pode ser dividido em 4 principais “bases”. São elas:
a)	Crescimento da renda per capita através do aumento da produtividade dos fatores de produção (progresso técnico);
b)	Diminuição da heterogeneidade da estrutura produtiva, tornando-a mais competitiva e dinâmica (upgrade da estrutura produtiva);
c)	Eficiência sistêmica alocativa e técnica;
d)	Redução da desigualdade econômica (renda e riqueza).
	A relação entre os dois conceitos, de comércio e desenvolvimento também pode ser dividida em 4 (de acordo com diferentes visões)
i)	 Comércio como Motor, tendo como parâmetro a teoria pura do comércio internacional e com o eixo centrado no princípio das vantagens e desvantagens comparativas; 
ii) 	Comércio como Epifenômeno, tendo também como parâmetro a teoria pura do comércio internacional, mas com o crescimento definindo o padrão de comércio e o eixo centrado no aumento da dotação de fatores, progresso técnico, upgrade das estruturas produtivas e vieses do comércio;
iii)	 Comércio como Freio: ideia do modelo Centro-Periferia,centrada no padrão de comércio, no modelo de divisão internacional do trabalho e na deterioração dos termos de troca; 
iv) 	Comércio como mecanismo auxiliar (enfoque multidisciplinar) englobando, historicamente, as restrições externas, as relações dos setores dominantes e os conflitos de interesses.
	Nunca se provou uma correlação entre o crescimento econômico, o comércio e o grau de abertura da economia, ou seja, a variação do produto não tem relação comprovada com a variação nas exportações nem com a razão importações/exportações. A relação entre comércio e desenvolvimento depende de inúmeros fatores que variam de acordo com cada situação, história e peculiaridades de cada país (relações com mercado internacional, estratégias de desenvolvimento, estruturas sócio-políticas, relação do Estado com os setores dominantes, às vezes até a própria cultura do país pode ter um papel importante nisso).
	Numa perspectiva histórica, podemos citar o caso do Reino Unido no século XVIII, sua política mercantil tinha foco na exportação de manufaturados e importação de bens primários. Assim, a partir de práticas protecionistas, impulsionou seu processo de industrialização. Outro caso de protecionismo é o norte-americano do século XIX, em que eles pretendiam proteger a indústria nascente no pós- Guerra de Secessão. O Japão é um caso interessante, porque mesmo sem poder adotar medidas protecionistas (obrigado a firmar “acordos desiguais” que o proibiam de fixar tarifas superiores a 5%) fizeram investimentos em infraestrutura e educação, criaram fábricas e políticas facilitadoras a partir da forte atuação do Estado.
	Tendo em vista os acontecimentos históricos, notamos que o comércio não pode ser entendido como uma causa isolada do desenvolvimento (tampouco o protecionismo), como uma “fórmula” para o crescimento, como por vezes ele foi pregado pelo mundo afora. Países vivem situações diferentes, em momentos diferentes, com características específicas. Dessa forma, não há um padrão de comércio amplo que gere desenvolvimento e a política comercial não é seu determinante único, além de existir muitos tipos de desenvolvimento além do econômico.
 
26) Faça um balanço dos benefícios e custos do comércio internacional na perspectiva do desenvolvimento.
		Como benefícios do comércio internacional, podemos falar que este proporciona uma maior eficiência alocativa, maior eficiência técnica, maior contestabilidade de mercado, economias de escala e de aprendizado, importação de tecnologia “embarcada”, relação entre oferta e demanda (Sx => Dd => Sd => Sx), a demanda externa líquida (X – M) como fonte de expansão da demanda agregada, upgrade do aparelho produtivo (efeito demonstração/competitividade), distribuição de renda (teorema de Stolper-Samuelson), upgrade no padrão de comércio (VA elevado, maiores efeitos de encadeamento, maior dinamismo tecnológico, elasticidade-preço maior) , produtos com elevadas elasticidades-renda da demanda, distribuição geográfica (mercados mais dinâmicos). Concluindo, podemos dizer que há uma melhora dos termos de troca e um afrouxamento da restrição do BOP.
	Como custos do comércio internacional, podemos falar sobre a doença holandesa, um caso de desenvolvimento prejudicado por uma melhora dos TT (Px/Pm). Ocorre uma transferência de mão de obra para o setor mais competitivo que vê um aumento de demanda por MDO e, portanto também dos salários oferecidos nesse setor (desindustrialização direta). Em decorrência dessa renda adicional há um aumento geral da demanda por bens, principalmente pelos não produzidos pelo setor exportador, o que acarreta numa subida de preços, prejudicando ainda mais os setores menos competitivos que deverão pagar por insumos e MDO mais caros, terminando com um encolhimento do setor exportador menos competitivo (“efeito renda”, desindustrialização indireta). Ademais, podemos falar do crescimento empobrecedor, o qual está diretamente ligado à deterioração dos termos de troca, cujo efeito elimina o efeito-riqueza. Podemos aplicar esse modelo ao caso dos produtos primários e industrializados, onde se percebe um hiato externo, representado por esse processo de deterioração dos termos de troca, que acaba por comprometer a capacidade de crescimento das economias exportadoras de produtos primários, pois apenas parte dos ganhos de produtividade é revertido em aumento do bem-estar dessas economias. Essa deterioração dos termos de troca se explica sobretudo pela baixa elasticidade-renda dos produtos primários. Podemos dizer também que a especialização pode ser em produtos de baixa elasticidade preço da demanda e baixa elasticidade renda da demanda, pode diminuir a produção interna. 
	Assim, podemos concluir que cada caso é um caso: o comércio pode ser considerado um freio, um motor, um epifenômenos ou um auxiliar do desenvolvimento. As variáveis centrais nesta questão são as estratégias e políticas do Estado nacional.
27) Analise os fundamentos do modelo Centro-Periferia.
	Podemos destacar diversas abordagens do modelo centro-periferia de diferentes autores. Em ordem cronológica identificamos:
a) 1949: o enfoque cepalino (CEPAL – Comissâo Econômica para América Latina), representado principalmente por Raúl Prebisch, focado nas economias primário-exportadoras da América Latina;
b) 1967: Andre Gunder Frank apresentando o enfoque do desenvolvimento do subdesenvolvimento;
c) 1970: o enfoque da teoria da dependência, cujos principais trabalhos são de Teotônio dos Santos;
d) 1972: Geoge Beckford analisando as plantations e os enclaves a partir do enfoque da pobreza permanente.
	De maneira geral, distinguimos as características específicas de economias do “centro” e de economias da “periferia” da seguinte maneira:
	Economias do centro:
São mais homogêneas, não havendo tantas diferenças entre as estruturas produtivas dos países desenvolvidos. Não existe desemprego estrutural nem desequilíbrio estrutural do balanço de pagamentos (países são, normalmente, recebedores líquidos de renda do exterior). As economias são bem diversificadas e as indústrias bastante desenvolvidas. Dessa forma as instabilidades que ocorrem nos países de centro são aquelas sistêmicas inerentes ao capitalismo (dos manuais de macroeconomia). Portanto, possuem grande capacidade de se “proteger” das instabilidades dos países periféricos e são eles os mais comuns geradores das grandes crises (que afetam muito mais facilmente os periféricos).
	Economias de periferia:
Extremamente heterogêneas; ou seja, possuem distintas estruturas produtivas, culturas, regimes políticos, tamanhos e características em geral. Talvez a maior semelhança entre todos eles seja a dependência dos países de centro. Ao contrário dos centrais, eles não possuem grande diversificação da estrutura produtiva, a qual é comumente associada a produtos primários, commodities, produtos com pouco valor agregado e sem o uso intensivo de tecnologia. São, portanto exportadores com baixo nível de desenvolvimento na indústria. Quando há oscilações nos preços e quantidades vendidas nesses países, geram-se instabilidades neles mesmos, culpa da elasticidade preço da demanda dos seus produtos exportados (não afetam o centro). Além disso, devido a grande dependência, absorvem facilmente choques externos. Seguindo a linha oposta às de centro, as economias periféricas costumam apresentar desemprego estrutural e déficit no balanço de pagamentos (transferem renda líquida ao exterior). 
	O modelo centro-periferia suporta a ideia de que as diferenças supracitadas são cruciais para o entendimento do funcionamento da economia mundial. O cerne da questão seria, portanto, a enorme relação de dependência dos países considerados periféricos em relação aos países centrais. 
	As economias periféricas, de acordo com o modelo, deveriam visar romper com o modelo primário-exportador, buscar a diversificação e o upgrade da estrutura produtiva para que, dessa forma, conseguissem diminuir a dependência. Para isso, seria necessária a utilização de políticas comerciaise tecnológicas consistentes, com o claro objetivo de desenvolver vantagens comparativas e obter ganhos de aprendizado e escala (substituindo as importações). Contudo, é preciso saber que, além de custos (ineficiência alocativa, técnica e sistêmica, reduzida geração de emprego e concentração de renda e riqueza), tais políticas poderiam implicar efeitos negativos como o protecionismo; e ineficiência/concentração de renda a partir de um Estado dissociado dos setores dominantes.
	 De maneira geral, os resultados das políticas que visam reduzir a dependência dos países periféricos em relação aos centrais são diversos. No entanto, em todos os casos, notamos a grande dificuldade e importância dos interesses do Estado conviverem com os dos setores dominantes durante as tentativas de desenvolvimento de cada país.
28) Faça um balanço dos determinantes do comércio internacional.
	Os determinantes do comércio internacional podem ser entendidos como compostos por dois tipos de variáveis: endógenas, próprias a cada país; e exógenas, isto é, determinadas pelo sistema internacional. Podemos considerar que certas variáveis endógenas de países grandes podem afetar as exógenas, afinal, o sistema internacional não passa da reunião de várias economias domésticas inter-relacionadas, um exemplo claro disso seria o choque de juros da dívida americana, onde uma decisão exclusiva do governo norte-americano afetou todos os demais países e blocos regionais relacionados a ele.
	As variáveis endógenas são aquelas próprias a cada país, e são basicamente: os determinantes básicos, isto é, a oferta e demanda e suas características, a influência nacional de fatores econômicos vs. não-econômicos, sendo que não existe uma teoria geral sobre como cada determinante básico afeta o país, simplesmente não há; as estratégias de desenvolvimento, como modelo ISI, modelo exportador e até mesmo modelo isolacionista; o ambiente e políticas macroeconômicas, ou seja, o embate entre ajuste externo e interno no contexto do curto prazo, a existência de um viés pró-crescimento no longo, a taxa de investimento doméstica e o progresso técnico nacional, entre outros; e por fim, a infraestrutura, tanto a física (estradas, portos, aeroportos, ferrovias, etc.), quanto a tecnológica, a relativa ao financiamento, até mesmo a infraestrutura relacionada ao capital humano e seu uso.
	 Já as variáveis exógenas são todas referentes ao sistema internacional, composto por: estruturas e práticas no mercado mundial, como a existência de monopólio, oligopólios, cartéis, contestabilidade, existência de empresas transnacionais e comércio intra-firma, comércio intra-indústria, comércio estatal e countertrade, e acordos de mercadorias; estratégias de empresas transnacionais como o processo de internacionalização da produção (comércio, IED, relações contratuais), subcontratação, filiais offshore (ZPEs), joint-ventures orientadas para exportação, e o ciclo de vida do produto; questões monetárias e financeiras internacionais, isto é, as questões relacionadas aos pilares do sistema monetário internacional (regime e estabilidade cambial, liquidez e ajuste do BOP); os arranjos do sistema financeiro internacional, como a oferta, e condições de crédito, tanto oficial quanto privado; os arranjos jurídicos institucionais que podem ser de dimensões bilaterais (acordos), plurilaterais (integração regional [blocos econômicos]), e multilaterais (GATT, OMC, UNCTAD); e por fim, os fatores aleatórios, como condições climáticas adversas (choques agrícolas, furacões, maremotos, etc.), fatores políticos (golpes, embargos, etc.) e política externa (ajuda externa, guerra, etc.).
29) No que se refere aos arranjos jurídico-institucionais GATT/OMC, discuta: origem, objetivos, princípios, funções e problemas principais.
	O GATT foi o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (1947), o qual envolveu 23 países (13 países desenvolvidos e 10 países em desenvolvimento) e foi acordado na sua sede em Genebra. Teve origem no Acordo de Bretton Woods (1944), no contexto histórico do final da Segunda Guerra Mundial e tinha como principal objetivo a redução e eliminação das barreiras ao comércio internacional. 
	Como princípios básicos, o acordo considera: a cláusula da nação mais favorecida, a qual consiste na não discriminação da origem do produto, a transparência das medidas comerciais e a reciprocidade (não há “efeito carona”). O GATT tinha como principais funções: ser um conjunto de princípios, normas, práticas e procedimentos para regular o sistema mundial de comércio (SMC), ter regras e procedimentos para as negociações comerciais multilaterais e foro para negociações e resoluções de conflitos.
	Contudo, houve problemas como a perda de influência, ao longo do tempo, principalmente nos anos 70, com o neo-protecionismo, a discriminação devido à integração regional, os acordos estabelecidos nos anos 1960 como o CEE (Comunidade Econômica Européia), a perda de hegemonia dos EUA (catalisador), as crises econômicas, a guerra cambial (desvalorizações competitivas), a guerra comercial (protecionismo), o papel das ETs, a concentração de poder econômico as RBPs (práticas comerciais restritivas), a cartelização (petróleo, prods. agrícolas etc.), o comércio intra-firma e os preços de transferência.
	A sua oitava rodada (Uruguai) teve como resultado a criação da OMC (Organização Mundial do Comércio), que tinha como princípios a liberalização, não-discriminação, tratamento nacional, reciprocidade e transparência, e tinha como funções a definição de normas, praticas e procedimentos, foro de negociações e mecanismo de resolução de conflitos. 
30) Quais são os fundamentos da teoria da internacionalização da produção?
	A internacionalização da produção diz respeito a residentes acessando bens e serviços com origem em não-residentes.
	Pode se dar através de três vias distintas: comércio, isto é, através de importação ou exportação; através de IED na esfera produtiva, portanto de filiais subsidiárias ou joint venture; e ainda através de relações contratuais, em que se delega parte ou toda a produção para empresas que não a primeira produtora e que sejam oriundas do país em questão, em relação a uma atuação na esfera tecnológica.
	A condição necessária é a posse de vantagem específica à propriedade, isto é, a existência de alguma vantagem específica à propriedade naquele país aonde a produção irá acontecer, seja uma vantagem em relação aos salários (salários baixos, como no caso de países asiáticos como China e Vietnã), ou em relação à capital, recursos naturais ou capital humano. Portanto, é essencial para a teoria que exista uma diferença de dotação de fatores entre países e exista uma diferença entre empresas, isto é, ativos específicos de propriedade como tecnologia ou produtos específicos existam (fatores locacionais específicos).
	O modelo de internacionalização pode se dar externalizando a produção (permitindo que outras empresas produzam seu produto, isto é, fazendo uma internacionalização na esfera tecnológica através de relações contratuais), ou internalizando a produção (produzindo ela mesma o produto, seja no seus país de origem e exportando para o país-alvo, seja produzindo já no país estrangeiro através de IED). A base da escolha é basicamente um trade-off entre benefício marginal (economia dos custos de transação) e custo marginal (gastos com a produção, tantos os administrativos quanto burocráticos).
	Podemos traçar um gráfico como este:
	
	No ponto I1, o Bmg > Cmg e portanto se internaliza a produção, no ponto I2 ocorre o contrário e no ponto I* se está numa situação completamente indiferente (Bmg=Cmg), já na ponto I2, Cmg>Bmg e portanto se externaliza a produção

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