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CINEMÁTICA DOS FLUIDOS Prof. Dr. Alex Machado Descrição Lagrangiana Lagrangiana: semelhante a descrição feita por Newton que analisa cada partícula independente , identificando o vetor posição e velocidade de uma partícula num dado instante t. xa, xb e va e vb Dificuldades dessa descrição: Fluido como contínuo, interações entre as partículas não são fáceis de descrever e o fluido se deforma continuamente. Visão geral das descrições: Euleriana: baseia-se num volume finito denominado de domínio de escoamento ou volume de controle, onde existe um movimento de entrada e saída de partículas, facilitando a analise do escoamento Vantagens: não é preciso acompanhar a posição e velocidade de uma massa de fluido e sim defini-se variáveis de campo, Ex: campo de pressão e campo escalar Descrição Euleriana Campos de pressão: Campos de aceleração: Campos de velocidade: Descrição Euleriana Combinando as variáveis de campo, tem-se o campo de escoamento. Para o campo de velocidade a equação pode ser expandida através de coordenadas cartesianas por: Todas as variáveis de campos são definidas no volume de controle e em qualquer instante de tempo “t”. Modo simplista de distinguir as duas descrições: Exemplo do observador as margens de um rio medindo suas propriedades. Campos de aceleração Considerando a 2° lei de Newton aplicada a descrição de uma única partícula: Por definição a aceleração é dada por: Entretanto a velocidade da partícula é igual ao valor local do campo de velocidade da partícula, uma vez que a partícula acompanha o movimento do fluido. Campos de aceleração Para obter a equação da aceleração da para um determinado campo de escoamento devemos usar a regra da cadeia, uma vez que a variável dependente V é função de outras quatros variáveis independentes: Onde: “∂” é o operador da derivada parcial e “d” é o operador da derivada total Campos de aceleração Até agora estamos definindo a equação da aceleração baseada na descrição da partícula ( Lagrange). Porém, sabemos que: dx/dt = u dy/dt = v dz/dt = w Onde u, v e w são os componentes do vetor velocidade definidos pela equação: Campos de aceleração Também sabemos que em qualquer instante de tempo considerado, o vetor posição da partícula de um fluido é igual ao vetor posição na descrição Euleriana, portanto : Finalmente, para transformar do sistema Lagrangiano para o sistema Euleriano, o campo de aceleração em qualquer tempo t deve ser igual a aceleração da partícula do fluido, que por sua vez, está acelerando juntamente com o fluido. Onde: é o operador vetorial gradiente e quando representado em coordenadas cartesianas fica: Campos de aceleração Em coordenadas cartesianas, as componentes do vetor aceleração são: Aceleração local ≠ 0 para regime não permanente Aceleração advectiva ou convectiva Exemplo de Campos de aceleração por Euler e Lagrange Escoamento em regime permanente, segundo um observador fixo adotando o sistema de referência Euleriano Escoamento em regime não permanente segundo sistema de referência Lagrangiana. Derivada material O operador diferencial “d/dt” equação da aceleração recebe um nome especial de derivada material ( derivada total, de partícula, lagrangiana, euleriana e substancial). Essa derivada é obtida a partir do acompanhamento da particula de fluido à medida que ela se movimenta através do campo de escoamento Onde a aceleração dada por essa derivada é chamada de aceleração material: Pode ser aplicada a outras propriedades dos fluidos Exercício Um campo de velocidade é dado pelas seguintes componentes do plano xy : u= 1,1 + 2,8x + 0,65y e v= 0,98 – 2,1x – 2,8y . Calcule o campo de aceleração e encontre expressões para componentes da aceleração ax e ay e as acelerações no ponto (x,y)=(-2,3) Sistemas e volumes de controles Superfícies de controles Propriedades extensivas Leis Básicas para um Sistema Conservação de Massa » De acordo com a definição de sistema, quantidade fixa de matéria e constituído da mesma quantidade de matéria em todos os instantes “t”, temos: Onde : Quantidade de movimento linear » Segunda lei de Newton •Estabelece que a soma de todas as forças externas agindo sobre um sistema é igual à taxa de variação da quantidade de movimento linear do sistema Onde P: Conservação de energia » Primeira lei da termodinâmica Que pode ser escrita na forma de taxa de variação como: Portanto a energia total do sistema é dado por: e Obs: Q é + quando Q é add ao sist. W é + quando W é realizado sobre o sist. e sua vizinhança. Relação entre as derivadas do sistema e a formulação para volume de controle Na definição das equações para as propriedades extensivas dos sistemas, chegou-se em equações que relacionam uma taxa da propriedade em relação ao tempo. • massa •Quantidade de movimento linear •Energia Equações para o sistema Converter em equações equivalentes para volume de controle Para isso, usaremos N como uma propriedade extensiva genérica. Dedução de uma descrição para um volume de controle a partir da descrição de um sistema •Selecionar uma porção arbitrária de um fluido em escoamento em algum instante “t0”. •Volume de controle fixo referente às coordenadas xyz. •Após um Δt, o sistema terá se movimentado. • Aplica-se a essa porção de fluido as leis discutidas anteriormente, ex: m=cte •Examinar a geometria do sistema/volume de controle em t=to e em t= to +Δt. Dedução de uma descrição para um volume de controle a partir da descrição de um sistema Derivação Identificação das três regiões distintas I, II, III, ou seja, em t0 e t+Δt Relacionar a taxa de variação de uma propriedade extensiva qualquer N do sistema associada com o volume de controle. Definição de derivada Ns) to+Δt = (NII + NIII)t0+ Δt = (Nvc – NI +NIII)t0+ Δt e Ns)t0 = (Nvc)to Da geometria da Fig. : Substituindo na equação de derivada, temos: Sabendo que o limite da soma é igual a soma dos limites a equação fica: 1 3 2 Avaliação dos 3 termos da equação: Termo 1: Termo 2: Para analisar o termo 2, teremos que desenvolver uma expressão avaliando a sub-região III para NIII)to +Δt dNIII)to +Δt = (n dm)= (n ρ dV) to +Δt Sabendo que o volume de um cilindro é seu comprimento pela área superficial, temos: dV=Δl dA cosα, onde α=0 e portanto cos α = 1. Com isso, dV= Termo 2: •Agora podemos integrar a equação sobre a região III e obter o termo 2 da equação geral : Termo 3: O mesmo procedimento é realizado para a sub-região I Substituindo os termos 1, 2 e 3 na equação, temos 1 3 2 Substituindo os termos 1, 2 e 3 na equação, temos Onde as integrais referentes as superfícies de controle podem ser combinadas, pois constituem a superfície de controle inteira: Teorema de Transporte de Reynolds (TTR) Conservação de massa O primeiro princípio físico ao qual aplicamos a relação entre as formulações de sistema e volume de controle é o princípio da conservação de massa. A massa de um sistema permanece constante. Em linguagem matemática: Partindo do Teorema do Transporte de Reynolds: Para deduzir a formulação para volume de controle da conservação de massa, fazemos: SCVC Sistema dAVd tdt dN 1 m m m N mmassaN 1 mN Conservação de massa Significadodos termos da equação: SCVC Sistema dAVd tdt dN Conservação de massa •É a taxa de variação de qualquer propriedade extensiva do sistema •É a taxa de variação com o tempo da propriedade extensiva dentro do VC • n é a propriedade intensiva correspondente a N , n=N/m por unidade de massa •É o elemento de massa contido no volume de controle •É a quantidade total da propriedade extensiva N contida no VC •É a taxa liquida de fluxo da propriedade extensiva através da SC •É o fluxo de massa através do elemento de area dA VC d d VC d t dt dNSistema AdV SC dAV Que substituídos na equação genérica do TTR fornece: Da conservação da massa do sistema: 0 dt dNSistema SCVC Sistema dAVd tdt dm Conservação de massa para a propriedade extensiva massa, m : SCVC Sistema dAVd tdt dN 0ˆ SCVC dAnVd t Balanço Geral para a conservação da massa em um volume de controle Ou Equação da continuidade Taxa de aumento de massa no V.C. Fluxos de entrada e saída na S.C. Conservação de massa Cuidado ao Avaliar o produto escalar !!!! cosVdAAdV Positivo α<π/2 Negativo α>π/2 Zero α=π/2 Caso especiais Escoamento de fluido incompressível onde a massa especifica “ρ” permanece constante 0 SCVC dAVd t A integral de dV sobre todo o volume de controle é o próprio volume de controle. 0 SC dAV t E para um volume de controle não deformável, de forma e tamanho fixos, V= cte. 0 SC dAV unidade L3/t A dAVQ = A dAV AA Q V 1 Caso especiais Regime permanente 0 SCVC dAVd t 0 0 SC dAV Ou seja, lembrando que esse termo da equação é a combinação de dois termos (entrada e saída do volume de controle) a equação para escoamento em regime permanente fica: AVdAV SC Exemplos de exercícios... • Equação da quantidade de movimento para um volume de controle Para a equação básica referente a um sistema movendo de acordo com coordenadas inerciais e aplicando a segunda lei de Newton, temos: Onde P é a quantidade de movimento linear e é dado por : E a resultante da força , inclui todas as forças de campo ( velocidade, aceleração, momento, etc...) e de superfície ( Pressão). De modo matemático: bs FFF F Dedução da equação de Bernoulli Equação da quantidade de movimento para um volume de controle Aplicando a equação que combina a descrição de sistema e volume de controle de maneira geral: SCVC Sistema dAnVdn tdt dN ˆˆ Porém , a propriedade extensiva nesse caso é (momento Linear). P SCVC Sistema dAVVdV tdt Pd sistema Sistema F dt Pd Onde: Rearranjando os termos : SCVC BS dAVVdV t FFF Equação da quantidade de movimento para um volume de controle •O sinal é determinado de acordo com o escoamento para fora e para dentro do volume de controle •O sinal dos componentes de velocidade u, v, e w deve ser cuidadosamente avaliado com base no esquema de VC e na escolha das coordenadas. AdV Exemplos de aplicação da equação da quantidade de movimento a partir da descrição de volume de controle Dedução de uma das formas da equação de Bernoulli Considerações: •Escoamento permanente •Não há escoamento através das linhas de corrente •Escoamento incompressivel Expandindo e simplificando os termos: Desprezando dA dVs, temos: •Partindo da equação da continuidade Balanço de massa •Componente da equação da quantidade de movimento na direção da linha de corrente •Equação básica Consideração: •Não existe atrito, portanto FSb é devido somente as forças de pressão. •Determinação de FSs 1 3 2 São as forças de pressão atuando sobre as faces das extremidades da S.C. É a força FSb atuando na direção de s sobre a superfície do tubo de corrente Determinação da componente FBs onde: sen θ ds = dz O fluxo de quantidade de movimento é dado por: Pelo balanço de massa, verifica que não há fluxo de massa na superf. do tudo de corrente, portanto: Fluxo de movimento Equação da quantidade de movimento na direção da linha de corrente Substituir as parcelas definidas anteriormente: Dividindo por ρA e notando que os termos com produtos diferenciais são desprezíveis em relação aos demais Equação de Bernoulli Balanço de energia mecânica •Primeira lei da Termodinâmica Onde a energia total do sistema é dado por: Conservação de energia e SCVC Sistema dAVd tdt dN Usando o TTR SCVC Sistema dAVede tdt dE Balanço de energia mecânica SCVC dAVgz V pvudgz V pvu t WQ ) 2 () 2 ( 22 Onde W é o somatório do trabalho de eixo (Ws) + trabalho da pressão (Wp) + trabalho viscoso (Wv) + trabalhos de outras fontes ( Woutros) E “u + ρv ” é a energia interna do fluido mais o que é comumente chamado de trabalho de fluxo e pode ser substituído pela entalpia “h” Definição dos tipos de trabalho: Ws: é o trabalho transferido para fora da SC, como exemplos pode-se citar o trabalho produzido por uma turbina a vapor ou o requerido para acionar um compressor. Balanço de energia mecânica Wp: é o trabalho realizado pelas forças normais atuando no fluido, neste caso o trabalho será resultante de uma força atuando perpendicularmente num elemento de área “da” da superfície de controle Wv: é o trabalho proveniente da tensão de cisalhamento aplicada tangencialmente a superfície de controle quando o fluido está se deslocando . Woutros: Energia elétrica pode ser adicionada ao volume de controle, assim como energia eletromagnética. Obs: de forma geral, em muitos processos apenas o trabalho de eixo é significativo durante o balanço de energia mecânica, desprezando os outros trabalhos, porém depende do caso em questão. Medidores de vazões A taxa de fluxo mássico no escoamento de líquidos (dM/dt = 0) é praticamente determinada pela velocidade do fluído. A velocidade do fluído depende do diferencial de pressão que se aplica para forçá-lo a escoar por um tubo. Equação da continuidade: 2211 AVAV Equação de Bernoulli: Como a velocidade do fluido é afetada??? pela viscosidade pela densidade pelo atrito com a parede Medidores de vazões o desempenho dos medidores de vazão é influenciado pelo número de Reynolds. vD Re Classificação dos medidores de vazões de acordo acordo com o método de medição: Métodos diretos: • Está é a maneira mais obvia de medir a vazão Procedimento : Simplesmente medir a quantidade de fluido que se acumula num recipiente durante um intervalo de tempo fixo. Cuidado!!! Para medições de gases o fator de compressibilidade deve ser considerado, pois os gases possuem massa especifica com valores pequenos. Aplicações especializadas para uso ou registro remoto de vazão Medidores de deslocamento positivo Diferença da pressão (perda de carga) É o modelo mais usado. Vantagens: baixo custo e simplicidadePrincípio de operação: Os medidores de vazão baseados na perda de carga são descritos pela equação de Bernoulli (derivada do balanço de energia mecânica; BEM), aplicada ao escoamento de um fluido passando por um estreitamento em um tubo (tubo de Pitot, placa de orifício e Venturi). Tipos de Pitot Equacionamento para o tubo de Pitot: Partindo da equação de Bernoulli: Onde: 1 2 •Condição de estagnação: V1= 0 V=V2 Fórmula de Pitot A sonda estática é um dispositivo simples, acessível e altamente confiável, uma vez que não tem partes móveis. Obs: • Alinhamento ao escoamento deve ser adequado, • A velocidade de escoamento em gases deve ser suficientemente alta para que os erros não sejam significativos. Medidores de vazão de restrição para escoamento internos Placas de orifício Medidor de bocal Medidor de Venturi Equacionamento para os medidores de vazão por restrição •Considere um escoamento em regime permanente •Aplicações das equações de balanço de massa e Bernoulli Massa: Bernoulli: Seguindo uma linha de corrente , z1=z2 Combinando as equações: Onde: É a razão entre os diâmetros Portanto a vazão pode ser determinada por: 2 2 22 )4/( VdVAQ Medidores de vazões por restrição •Uma análise simples mostra que a vazão pode ser calculada por uma restrição do escoamento; •A queda de pressão pode ser facilmente quantificada através de um medidor de pressão (transdutor diferencial ou manômetro); •São amplamente usados para medir vazões na industria; •Equação baseada na velocidade máxima, portanto Vreal <Vmax •Sem perda de carga; •O fluido continua se contraindo após a obstrução Correção da equação Surge então um fator de correção chamado de coeficiente de descarga, cujo valor é menor do que 1 Medidores de vazões por restrição Medidor de vazão por restrição: Onde A0 = A2 Lembrando que o Cd depende da relação entre os diâmetros (β ) e do numero de Re = ρvD/μ. Vale lembrar também que existem correlações entre os diagramas e os ajustes de curvas para o Cd para diferentes tipos de medidores. Os mais usados são os três citados anteriormente, orifício, bocal e Venturi. Medidores por restrição