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Corrente Elétrica e Circuitos de Corrente Contínua Corrente e Movimento de Cargas Elétricas A corrente elétrica é definida como o fluxo de carga elétrica através da seção transversal de um condutor. A Fig. 1 mostra o seguimento de um fio condutor por onde passa uma corrente. Se ΔQ é a carga que flui através da área de seção transversal A durante o intervalo de tempo Δt, a corrente será definida como )1( t QI ∆ ∆ = Fig. 1: Segmento de um fio condutor conduzindo uma corrente. A unidade de corrente elétrica no S.I. é o Ampère (A): 1A = 1C/s. Por convenção, a orientação da corrente é considerada como sendo a do fluxo da carga positiva (corrente convencional). Assim, os elétrons se movem no sentido oposto à orientação convencionada para a corrente (corrente real). O movimento dos elétrons livres em um metal é similar ao movimento das moléculas de um gás, como o ar. Seja n o número de partículas com carga livre por unidade de volume em um fio condutor com área de seção transversal A. Esse número é a densidade numérica dos portadores de carga. Admita que cada partícula possua uma carga q e se mova com uma velocidade de migração υd. Em um intervalo de tempo Δt, todas as partículas no volume AυdΔt, mostrado na Fig. 2 como uma região sombreada, passam pelo elemento de área. O número de partículas nesse volume é nAυdΔt, e a carga livre total é ΔQ = qnAυdΔt Assim, a corrente será )2(dqnAt QI υ= ∆ ∆ = A equação 2 pode ser utilizada na determinação da corrente devido ao fluxo de qualquer tipo de partícula carregada pela simples substituição da velocidade de migração υd da partícula em particular pela velocidade média. A densidade numérica dos portadores de carga em um condutor pode ser medida pelo efeito Hall (capítulo 26). Fig. 2 Exemplo 25-1 Um fio condutor típico utilizado em experimentos de laboratório é de cobre e tem um raio de 0,815mm. Calcule a velocidade de migração dos elétrons nesse fio quando nele passa uma corrente de 1A, admita um elétrons livre por átomo. Exemplo 25-2 Em um determinado acelerador de partículas, uma corrente de 0,5mA é devida ao movimento de um feixe de prótons de 5MeV, cujo raio é de 1,5mm. (a) Determine a densidade numérica de prótons no feixe. (b) Se o feixe atinge um alvo, quantos prótons colidirão com esse alvo em um intervalo de 1s? Resistência e Lei de Ohm A corrente em um condutor é impelida por um campo elétrico E em seu interior, que exerce uma força qE sobre as cargas livres. Uma vez que a orientação da força em uma carga positiva coincide com a do campo elétrico, o vetor campo elétrico E apresenta a mesma orientação da corrente. A fig. 3 mostra uma corrente I percorrendo um seguimento de fio condutor com comprimento ΔL e área de seção transversal A. Como o campo elétrico é orientado no sentido da diminuição do potencial elétrico, o potencial no ponto a é maior que no ponto b. Imaginando–se a corrente como um fluxo de cargas positivas, essas cargas se movem no sentido da diminuição do potencial. Considerando que o campo elétrico E seja uniforme ao longo do seguimento, a queda de potencial V entre os pontos a e b é V = Va – Vb = EΔL (6) Fig. 5: Um seguimento de fio por onde passa uma corrente I. A queda de potencial Va – Vb está relacionada ao campo por V = Va – Vb = EΔL. A razão entre a queda de potencial no sentido da corrente e a própria corrente é chamada de resistência do seguimento, onde o sentido da corrente se refere ao sentido do vetor densidade de corrente. A unidade de resistência no SI, volt por ampère, é chamada de ohm (Ω): 1Ω = 1V/A (8) Para muitos materiais, a resistência de uma amostra do material não depende da queda de potencial nem da corrente. Tais materiais, que incluem a maioria dos metais, são chamados demateriais ôhmicos. )7(IVR = Para muitos materiais ôhmicos, a resistência permanece essencialmente constante para uma ampla gama de condições. Nesses casos a queda de potencial em um seguimento do material é proporcional à corrente no material. A Eq. (7) é tipicamente escrita como: V = IR (9) Esta relação é usualmente chamada de Lei de Ohm, mesmo quando a resistência R varia com a corrente I. A figura 6 mostra a diferença de potencial V versus a corrente I para dois condutores. Para um deles (Fig. 6a), a relação é linear, mas, para o outro (Fig. 6b), a relação não é linear. Fig. 6: Gráfico V versus I. (a) A queda de potencial é proporcional à corrente de acordo com a lei de ohm. A resistência R é igual à inclinação da reta. (b) a queda de potencial não é proporcional à corrente. A resistência R é igual à inclinação da curva conectando a origem ao ponto (I, V), aumenta com o aumento de I. Observa–se que a resistência de um fio condutor é proporcional ao comprimento L do fio e inversamente proporcional à área de sua seção transversal A: R = ρL/A (10) onde a constante de proporcionalidade ρ é chamada de resistividade do material condutor. A unidade de resistividade é o ohm–metro (Ω·m). Observe que a Eq. 9 e a Eq. 10 para a condução e resistência elétrica, são semelhantes às equações [ΔT = IR] e [R = Δǀxǀ/(kA)] para a condução e resistência térmica. Para as Eqs. que descrevem a corrente, a diferença de potencial V substitui a diferença de temperaturaΔT, e 1/ρ substitui a condutividade térmica k. Para um segmento de fio de comprimento L, seção transversal com área A, corrente I e resistência R, a queda e tensão V ao longo do comprimento do segmento está relacionada à corrente I no segmento por V = IR = IρL/A A queda de tensão V e a magnitude do campo E estão relacionadas por V = EL. Substituindo V por EL e I/A por J obtemos EL = ρJL Dividindo ambos os lados por L e expressando E e J como vetores, obtemos E = ρJ (11) A Eq. (11) diz que o vetor densidade de corrente elétrica J em um ponto de um condutor conduzindo corrente é igual ao recíproco da resistividade multiplicado pelo vetor campo elétrico E no mesmo ponto. A resistividade de qualquer metal depende da temperatura. A Fig. 7 mostra esta dependência para o cobre. Fig. 7: Gráfico da resistividade ρ versus a temperatura para o cobre. Como as temperaturas em graus Celsius e absoluta diferem apenas na escolha do zero, a resistividade tem a mesma inclinação para o gráfico feito em função de tc ou T. Exemplo 25-3 Em um fio de Nichrome (ρ = 10–6Ω∙m) possui um raio de 0,65mm. Que comprimento desse fio é preciso para que se obtenha uma resistência de 2,0Ω? Exemplo 25-4 Calcule a resistência por unidade de comprimento para um fio de cobre calibre 14. Exemplo 25-5 Determine a intensidade do campo elétrico no fio de cobre calibre 14 do exemplo anterior quando fio tem uma corrente igual a 1,3A. Exercícios 1) Um fio metálico é percorrido por uma corrente elétrica contínua e constante. Sabe–se que uma carga de 32C atravessa uma seção transversal do fio em 4,0s. Sendo e = 1,6∙10–19C a carga elétrica elementar, determine: a) a intensidade da corrente elétrica; b) o número de elétrons que atravessa uma seção do condutor no referido intervalo de tempo. 2) Um resistor tem resistência igual a 50Ω, sob a ddp de 60V. Calcule a intensidade de corrente que o atravessa. 3) Um fio de cobre tem comprimento de 120m e a área de sua seção transversal é 0,50mm2. Sabendo–se que a resistividade do cobre é 1,7∙10–8Ω∙m, determine a resistência do fio. 4) Um resistor ôhmico, quando submetido a uma ddp de 20V, é atravessado por uma corrente de intensidade 4,0A. Qual a ddp nos terminais do resistor quando percorrido por uma corrente elétrica de 1,2A? Energia em Circuitos Elétricos Quando há um campo elétrico em um condutor, os elétrons livres ganham energia cinética devido ao trabalho realizado sobre eles pelo campo. Entretanto, o estadoestacionário é rapidamente atingido enquanto o ganho de energia térmica no condutor por interações entre elétrons livres e os íons da rede do material. Este mecanismo para o aumento da energia térmica de um condutor é chamado de aquecimento/efeito Joule. Considere o segmento de fio de comprimento L e seção transversal com área A mostrado na Fig. 10. Considere a carga livre Q inicialmente no segmento e que sofra um pequeno deslocamento para a direita após um intervalo Δt (fig. 10b). Fig. 10: durante o tempo Δt, uma quantidade de carga ΔQ passa pela ponto a, onde o potencial é Va. Durante o mesmo intervalo de tempo, uma quantidade de carga deixa o segmento, passando pelo ponto b, onde a diferença de potencial é Vb. O efeito resultante durante o intervalo de tempo Δt é que a carga Q inicialmente no segmento perde uma quantidade de energia potencial igual a ΔQVa e ganha uma quantidade igual a ΔQVb. Esta variação resulta em uma diminuição da energia potencial, pois Va > Vb. Esse deslocamento é equivalente a uma quantidade de carga ΔQ (Fig. 10c) sendo movida da esquerda, onde ela tinha uma energia potencial ΔQVa, para a direita, onde ela tem uma energia potencial ΔQVb. A variação resultante da energia potencial de Q é, ΔU =ΔQ(Vb – Va) Como Vb < Va, isto representa uma perda líquida na energia potencial. A perda em energia potencial é –ΔU =ΔQV onde V = Va – Vb é a queda de potencial no segmento na direção e sentido da corrente. A taxa de perda de energia potencial é, –ΔU/Δt = (ΔQ/Δt)V Tomando limite quandoΔt tende a zero, obtemos –dU/dt = dQ/dt V = IV onde I = dQ/dt é a corrente. A taxa de perda de energia potencial é a potência P entregue ao seguimento condutor e é igual à taxa de dissipação de energia potencial elétrica no seguimento: P = IV (12) Se V está em volts e I está em ampères, a potência estará em watts. A eq. (12) se aplica a qualquer dispositivo em um circuito. A taxa na qual a energia potencial é entregue ao dispositivo é o produto da queda de potencial no dispositivo no sentido da corrente e pela corrente através do dispositivo. Em um condutor (um resistor é um condutor), a energia potencial é dissipada como energia térmica. Usando V = IR, ou I = V/R, podemos escrever a Eq. (12) como )13( 2 2 R VRIIVP === Que é a potência entregue a um resistor. Exemplo 25-5 Um resistor de 12,0Ω tem uma corrente igual a 3,00A. Determine a potência entregue a este resistor. FEM e Baterias Para manter uma corrente estacionária num condutor, precisamos de um fornecimento constante de energia elétrica. Tal dispositivo é chamado de fonte de fem. Exemplos de fonte de fem são uma bateria, um gerador, e etc. O trabalho por unidade de carga é chamado fem ε da fonte e a unidade é o volt. Uma bateria ideal é uma fonte de fem que mantém uma diferença de potencial constante entre seus dois terminais. A diferença de potencial entre os terminais de uma bateria ideal é igual à magnitude da fem. A Figura 11 mostra um circuito simples, formado por uma resistência R conectada a uma bateria ideal. Fig. 11: Um circuito simples construído por uma bateria ideal de fem ε, uma resistência R e fios conectados que têm resistência desprezível. Observe que no interior da fonte de fem, a carga flui da região onde sua energia potencial é baixa para uma região onde seu potencial é alto, ganhando energia potencial, conforme esquema da Figura 12. Quando uma carga ΔQ flui através de uma fonte ideal de fem ε sua energia potencial aumenta pela quantidade ΔQε. A carga, então, flui através do resistor, onde sua energia potencial é dissipada como energia térmica. A taxa na qual a energia é fornecida pela fonte de fem é a potência da fonte: ( ) )14(εε I t QP = ∆ ∆ = No circuito simples da (Fig. 11), a potência da fonte ideal de fem é igual à potência entregue ao resistor. Figura 12: Analogia mecânica de um circuito consistindo em uma resistência e uma fonte de fem. (a) As bolas de gude partem de uma altura h, acima da parte inferior, e são aceleradas entre as colisões com os pregos pelo efeito do campo gravitacional. Os pregos análogos às redes de íons no resistor. (b) Quando as bolas de gude atingem a parte inferior, uma pessoa as pega e as eleva até a altura h, iniciando o processo novamente. Ao serem elevadas elas realizam um trabalho mgh sobre cada esfera, que é análoga a fonte de fem. No caso de uma bateria real, a ddp entre seus terminais, denominada tensão da bateria, não é exatamente igual à fem da bateria. Consideremos um esquema de um circuito conforme mostrado na figura 13. Figura 13: Diagrama esquemático de um circuito. Uma bateria real pode ser representada por uma fonte de fem ε e uma pequena resistência interna r. Se a corrente no circuito é I, a potência dissipada internamente pela resistência interna r e a potência lançada para o circuito externo, serão dadas respectivamente por )15(2rIP = )16(IVP = Logo, a potência total gerada por um gerador corresponde à soma da potência lançada no circuito externo com a potência dissipada pela resistência interna da bateria. )17(ldg PPP += Que expressa em termos da corrente, fica: )18(2 rIVIVrII −=+= εε A equação (18) é denominada equação do gerador. Para o circuito simples da Figura 13 a ddp nos terminais do gerador é a mesma nos terminais do resistor R. Assim temos, )19( rR I RIrI VV + = =− ′= ε ε Observe que I é a corrente que atravessa o gerador e o resistor, e R é a resistência externa do circuito. Essa resistência poderá ser a resistência equivalente de uma associação qualquer de resistores. Exemplo 25-7 Um resistor de 11,0Ω é conectado a uma bateria de fem 6,00V e resistência interna 1,00Ω. Determine (a) a corrente, (b) a tensão dos terminais da bateria, (c) a potência fornecida pela fonte de fem, (d) a potência entregue ao resistor externo e (e) a potência dissipada pela resistência interna da bateria. (f) Se a bateria é classificada como 150A·h, quanta energia ela armazena? Exemplo 25-8 Para uma bateria com fem igual a ε e resistência igual a r, que valor de resistência externa R deve ser colocado nos terminais para obter a potência máxima fornecida ao resistor? Combinação de Resistores Resistores em série Quando dois ou mais resistores estiverem conectados como R1 e R2 na Figura 14, a corrente em cada resistor é a mesma, dizemos que eles estão conectado em série. Figura 14: (a) Associação de resistores em série. (b) Resistência equivalente A queda de potencial nos dois resistores é a soma da queda de potencial nos resistores individuais: A resistência equivalente Req que corresponde a queda de potencial total V quando conduz a mesma corrente I é determinada igualando V a IReq (Figura 25–16b). Então, para um número qualquer de resistores, Req é dada por ( ) ( )202121 RRIIRIRV +=+= ( )21321 L+++= RRRReq Resistores em Paralelo Dois resistores conectados como na Figura 15a, têm a mesma diferença de potencial, estão conectado em paralelo. Devido a maneira com o circuito está ligado, um terminal de cada resistor está no potencial do ponto a e outro terminal de cada resistor está no potencial b. Seja I a corrente no fio que chega ao ponto a. No ponto a, o circuito se divide em dois ramos e consequentemente a corrente I se divide em duas partes – I1 no ramo superior e I2 no ramo inferior, que passam respectivamente pelos resistores R1 e R2. Figura 15 (a) Dois Resistores associados em paralelo. (b) O resistor equivalente à associação. A soma das correntes em cada ramo é igual à corrente total I no fio No ponto b, as correntes se combinam. A queda de potencial V em cada resistor está relacionada às correntes nos ramos por A resistência equivalente para a associaçãoem paralelo é Req para a qual a corrente total I requer a mesma queda de potencial V e resolvendo para I, I1 e I2 temos ( )2221 III += ( )232211 RIVeRIV == Dividindo ambos os membros por V, obtemos que poder ser resolvida de uma forma geral para combinações de dois ou mais resistores conectados em paralelo ( )2411 2121 +=+= RR V R V R V R V eq ( )25111 21 RRReq += )26(1111 321 L+++= RRRReq Exemplo 25-9 Uma bateria ideal aplica uma diferença de potencial de 12V na combinação em paralelo dos resistores de 4,0Ω e 6,0Ω mostrados na figura. Determine (a) a resistência equivalente, (b) a corrente total, (c) a corrente em cada resistor, (d) a potência entregue a cada resistor e (e) a potência fornecida pela bateria. Exemplo 25-10 Dois resistores, um de 4,0Ω e um de 6,0Ω estão conectados em série a uma bateria de fem igual a 12V e resistência interna desprezível. Determine (a) a resistência equivalente dos dois resistores, (b) a corrente no circuito, (c) a queda de potencial em cada resistor, (d) a potência dissipada em cada resistor e (e) a potência total dissipada. Exemplo 25-12 Determine a resistência equivalente da combinação de resistores mostrada na Figura 25-24.
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