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1 
1) A ENCÍCLICA RERUM NOVARUM (GUSTAVO HENRIQUE CISNEIROS BARBOSA) 
 
 A doutrina trabalhista nacional, em regra, aponta a Encíclica "Rerum Novarum", de autoria do Papa Leão XIII, como um dos marcos na 
conquista dos operários por melhores condições de trabalho. 
 Percebe-se, sem muito esforço, o palpitante medo da Igreja Católica com o avanço das idéias socialistas. A "luta de classes", o 
"materialismo dialético", o "fim da propriedade privada" etc., incorporavam-se, definitivamente, à "lista negra" da Santa Instituição Romana. 
 O ponto central da encíclica era a "questão social", principalmente no que se refere à dignidade humana do trabalhador. 
 Entretanto, questiona-se: 
 1)O que levou a Igreja Católica, conforme afirma a doutrina tradicional, a preocupar-se com a dignidade do homem trabalhador, quando, 
por muito tempo, omitira-se de piores flagelos humanos, como, p.ex., a escravidão? 2)O que motivou essa instituição religiosa a, repentinamente, 
preocupar-se com uma parcela da sociedade há muito explorada e esquecida? 3)Estariam em cena apenas os ideais cristãos, ou haveria algum 
interesse econômico ou político a motivá-la? 4)Por que tamanha preocupação em arrefecer a iminente luta de classes? 5) O Estado Liberal fora seu 
parceiro por décadas; por que, então, atacá-lo em seu "calcanhar de Aquiles"? 
A Encíclica "Rerum Novarum" (1891) tratava, entre outras coisas, das classes trabalhadoras. "Aceitou os sindicatos, desde que 
autorizados pelo Estado; condenou o capital e o trabalho, em suas expressões radicais. Tanto o socialismo quanto a usura eram errados; a 
propriedade particular era essencial para a liberdade, e a sociedade sem classes era contrária à natureza humana. Os trabalhadores jamais 
deviam recorrer à violência. Os empregadores deveriam adotar uma atitude paternal para com seus funcionários, pagar-lhe salário justo, 
protegê-los das oportunidades de pecado, aplicar qualquer riqueza "que sobrasse da manutenção de sua posição social" na promoção "do 
aperfeiçoamento de suas próprias naturezas" e funcionar como administradores "da providência divina em benefício alheio" . 
 Seu discurso era visivelmente favorável à filosofia capitalista, o que não surpreende, face à posição política ocupada pela Igreja. Dizia que 
"os pobres se erguessem acima da pobreza e da miséria e melhorassem suas condições de vida". Atacou, em aparente (mas só aparente) 
contradição, o liberalismo, defendendo a "regulamentação estatal" das condições de trabalho. 
 Ao vislumbrar a Encíclica como um divisor de águas na luta dos trabalhadores por mais justas condições de vida profissional, a doutrina 
clássica ignorou, e ainda ignora, os aspectos econômicos, políticos, históricos, teológicos e sociais que motivaram a Igreja, por meio de seu 
representante maior, a pregar, mesmo que timidamente, uma maior "humanização" nas relações entre patrões e empregados. 
 À época da publicação da Encíclica "Rerum Novarum", o liberalismo vinha passando por sua pior crise desde a Revolução Francesa. Já 
havia surgido no mundo o que ficou conhecido como "materialismo histórico", ou seja, uma teoria sócio-econômica que enaltecia a luta de classes, 
isto é, a luta entre dois extremos inconciliáveis: o capital e o trabalho. O eixo dessa tese era a distribuição por igual dos meios de produção, 
passando-os para o Estado (estatização dos meios de produção), que, como ente soberano, distribuiria eqüitativamente os bens e objetos de primeira 
necessidade. 
 O iluminismo do século XVIII reservou um plano todo especial à razão humana, colocando-a no mesmo nível antes pertencente à 
Providência Divina. Sob este aspecto, então, o liberalismo afrontou o cerne da Igreja Católica, construído por via de dogmas axiomáticos, inimigos 
da razão. O homem tratou de buscar explicações racionais para acontecimentos da natureza dantes não explicáveis. Esse desenvolvimento humano 
na esfera filosófica refletiu em todos os níveis, ferindo de morte as estruturas cristãs. 
 O Santo Padre, em sua encíclica "renovadora", não nega o antagonismo entre capital e trabalho, pelo contrário, destaca-o; entretanto, 
reclama pela necessidade de união entre os dois, afirmando que um não vive sem o outro. Até aí o Papa nada disse além do óbvio. Mas ao enaltecer 
a "concorrência", fazendo-a pressuposto da "ordem" e "beleza", o representante maior da Igreja Católica mostrou suas verdadeiras intenções. 
Estava, em verdade, atemorizado pelo crescimento do marxismo e pela crise estrutural do liberalismo, marcada principalmente pela ganância e 
avidez dos "capitalistas". Para bem exemplificar o que falamos, basta um pequeno trecho do "Tratado" de Villarmé, de 1840, sobre o estado físico e 
psíquico dos operários nas fábricas de algodão, lã e seda, naquela França liberal, que tinha proclamado os Direitos do Homem, quando constata 
que os escravos das Antilhas trabalhavam nove horas por dia, os condenados ao trabalho forçado nas instituições penais, dez horas por dia, 
enquanto os operários de algumas indústrias de manufaturas trabalhavam dezesseis horas por dia. 
 O que interessa-nos mostrar, com o presente trabalho, é que tanto o marxismo quanto o liberalismo afetaram a base de sustentação religiosa 
da maior Igreja do Ocidente. Esta, sob pena de pulverização paulatina, teve de reagir a essas ameaças. A Encíclica "Rerum Novarum" nasceu com 
uma missão principal: conciliar o que parecia inconciliável, forçando o Estado a intervir no liberalismo decadente, impedindo, com isso, a 
proliferação das idéias marxistas, preservando o poderio religioso, ante a radicalização enfrentada à época. Assim, servindo-se do imenso poder a 
ela inerente, a Igreja buscou manter seu status quo, "matando dois coelhos com uma só cajadada". 
 O aumento da atuação do papel estatal na economia, tão combatida pelos liberais "puros", veio por uma necessidade de conter o avanço das 
idéias de "esquerda", engrandecidas com os acontecimentos na agrária Rússia de 1917. O pavor fez com que sobreviessem algumas mudanças em 
prol da coletividade, buscando o ideário da justiça social, esquecido nas mortas letras da Declaração dos Direitos do Homem. 
 Leão XIII, como explica Domenico de Masi, estava apavorado tanto com o conflito quanto com os socialistas e os liberais. A Encíclica 
começa assim: "Os prodigiosos progressos das artes e os novos métodos industriais, as relações mudadas entre patrões e operários, a riqueza 
acumulada em poucas mãos e a grande expansão da pobreza, o sentimento da própria força que se tornou mais vivo nas classes trabalhadoras, 
assim como a união entre elas mais íntima, este conjunto de fatores, aos quais se soma a corrupção dos costumes, deflagrou o conflito...". 
Complementa o Papa: "Um número muito restrito de ricos e de opulentos impôs a uma multidão infinita de proletários um jugo que é quase de 
servidão". Para o Pontífice, entretanto, essa desigualdade, mesmo latente, não justificaria o conflito. Este deve ser evitado a qualquer custo. 
 O papa, constata o sociólogo italiano, "coloca-se como defensor do status quo e inimigo da luta de classes, propondo o cristianismo como 
o melhor dos meios para garantir a paz social". A Igreja compreendia que a indústria e a tecnologia eram suas inimigas, pois "racionalizavam o 
mundo", substituindo a magia da fé pela ciência e, principalmente, pelo raciocínio. O papa chega a advertir para "o perigo de que as classes pobres 
pretendam enriquecer". Quanto menor o número de pobres e ignorantes, menor o número de fiéis. 
 O mundo vivia o início da chamada "produção em série", hoje tão em voga. Não bastava mais, como dantes, um par de sapatos por pessoa, 
mas o quanto cada um pudessecomprar. Milhões de pares passaram a ser produzidos, em quantidades outrora inimagináveis, mas a cada dia 
aumentava o número de "pés descalços", mesmo também aumentando a produção. Como explicar essa distorção? Cremos, sinceramente, que a 
Igreja nos deve uma nova encíclica, capaz de explicá-la. 
 Encontramos um mundo hoje globalizado. A globalização não é só econômica, mas principalmente cultural. Essa globalização foi saudada 
como redentora. O que vemos, no entanto, é uma nuvem cinza de incertezas, um vácuo cada vez maior entre ricos e pobres, seja numa visão micro 
ou macro. A globalização lembra muito a época das colônias, onde os poderosos usufruíam dos paupérrimos. A mão de obra "em desenvolvimento" 
é baratíssima, sem falar da demanda gigantesca; resultado: exploração desenfreada, amparada por Estados falidos e dominados, política, cultural e, 
principalmente, economicamente. 
 A contribuição maior da Encíclica foi o reforço à idéia de uma maior participação do Estado na economia. Mas isso não foi pregado com o 
intuito de salvar do flagelo os esfarrapados e famintos operários. O objetivo imediato era a manutenção da posição conquistada pela Igreja Católica, 
através de intermináveis e sangrentos séculos, onde as espadas e as orações confundiam-se em cruzadas e conquistas questionáveis. 
 
 2 
2) A CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917 - Fábio Konder Comparato 
 
A Revolução Mexicana de 1917 
A fonte ideológica da “Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos”, promulgada em 5 de fevereiro de 1917, foi a doutrina anarco-
sindicalista, que se difundiu no último quartel do século XIX em toda a Europa, mas principalmente na Rússia, na Espanha e na Itália. O 
pensamento de Mikhail Bakunin muito influenciou Ricardo Flore Magón, líder do grupo Regeneración, que reunia jovens intelectuais contrários a 
ditadura de Porfírio Diaz. O grupo lançou clandestinamente, em 1906, um manifesto de ampla repercussão, no qual se apresentaram as propostas 
que viriam a ser as linhas-mestras do texto constitucional de 1917: proibição de reeleição do Presidente da República (Porfirio Diaz havia governado 
mediante reeleições sucessivas, de 1876 a 1911), garantias para as liberdades individuais e políticas (sistematicamente negadas a todos os opositores 
do presidente-ditador), quebra do poderio da Igreja Católica, expansão do sistema de educação pública, reforma agrária e proteção do trabalho 
assalariado. 
 
Importância histórica 
A Carta Política mexicana de 1917 foi a primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as 
liberdades individuais e os direitos políticos (arts. 5º e 123). A importância desse precedente histórico deve ser salientada, pois na Europa a 
consciência de que os direitos humanos têm também uma dimensão social só veio a se firmar após a grande guerra de 1914-1918, que encerrou de 
fato o “longo século XIX”. 
A Constituição mexicana foi a primeira a estabelecer a desmercantilização do trabalho, própria do sistema capitalista, ou seja, a proibição de 
equipará-lo a uma mercadoria qualquer, sujeita a lei da oferta e da procura no mercado. A Constituição mexicana estabeleceu, firmemente, o 
princípio da igualdade substancial de posição jurídica entre trabalhadores e empresários na relação contratual de trabalho, criou a responsabilidade 
dos empregadores por acidentes de trabalho e lançou, de modo geral, as bases para a construção do moderno Estado Social de Direito. Deslegitimou, 
com isso, as práticas de exploração mercantil do trabalho, e portanto da pessoa humana, cuja justificação se procurava fazer, abusivamente, sob a 
invocação da liberdade de contratar. 
O mesmo avanço no sentido da proteção da pessoa humana ocorreu com o estatuto da propriedade privada (art. 27). No tocante às “terras e 
águas compreendidas dentro dos limites do território nacional”, a Constituição estabeleceu a distinção entre a propriedade originária, que pertence à 
nação, e a propriedade derivada, que pode ser atribuída aos particulares. Aboliu-se, com isto, o caráter absoluto e “sagrado” da propriedade privada, 
submetendo-se o seu uso, incondicionalmente, ao bem público, isto é, ao interesse de todo o povo. A nova constituição criou, assim, o fundamento 
jurídico para a importante transformação sócio-política provocada pela reforma agrária, a primeira a se realizar no continente latino-americano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
3) A CONSTITUIÇÃO ALEMÃ DE 1919 - Fábio Konder Comparato 
 
A Constituição de Weimar exerceu decisiva influência sobre a evolução das instituições políticas em todo o Ocidente. A primeira parte tem por 
objetivo a organização do Estado, enquanto a Segunda parte apresenta a declaração dos direitos e deveres fundamentais, acrescentando às clássicas 
liberdades individuais os novos direitos de conteúdo social (direito à educação, à saúde, ao trabalho, à previdência social e outros do mesmo gênero) 
estes realizados por meio de políticas públicas, isto é, programas de ação governamental. Aqui, são grupos sociais inteiros, e não apenas indivíduos, 
que passam a exigir dos Poderes Públicos uma orientação determinada na política de investimentos e de distribuição de bens; o que implica uma 
intervenção estatal no livre jogo do mercado e uma redistribuição de renda pela via tributária. 
No campo da vida familiar, a Constituição alemã de 1919 contém mais duas inovações de importância. Ela estabeleceu, pela primeira vez na história 
do direito ocidental, a regra da igualdade jurídica entre marido e mulher (art. 119), e equiparou os filhos ilegítimos aos legitimamente havidos 
durante o matrimônio, no que diz respeito à política social do Estado (art. 121). Ademais, a família e a juventude são postas, precipuamente, sob a 
proteção estatal (arts. 119 e 122). 
Mas foi, sem dúvida, pelo conjunto das disposições sobre a educação pública e o direito trabalhista que a Constituição de Weimar organizou as bases 
da democracia social. 
Consagrando a evolução ocorrida durante o século XIX, e que havia contribuído decisivamente para a elevação social das camadas mais pobres da 
população em vários países da Europa Ocidental, atribuiu-se precipuamente ao Estado o dever fundamental de educação escolar. A educação 
fundamental foi estabelecida com a duração de oito anos, e a educação complementar até os dezoito anos de idade do educando. Em disposição 
inovadora, abriu-se a possibilidade de adaptação do ensino escolar ao meio cultural e religioso das famílias (art.146, Segunda alínea). Determinou a 
Constituição que na escola pública em ambos os níveis — o fundamental e o complementar —, o ensino e o material didático fossem gratuitos (art. 
145, in fine). Ademais, previu-se a concessão de subsídios públicos aos pais de alunos considerados aptos a cursar o ensino médio e o superior (art. 
146, última alínea). 
A seção sobre a vida econômica abre-se com uma disposição de princípio, que estabelece como limite à liberdade de mercado a preservação de um 
nível de existência conforme à dignidade humana (art. 151). 
A função social da propriedade foi marcada por uma fórmula que se tornou célebre: "a propriedade obriga" (art. 153, Segunda alínea). 
Tal como a Constituição mexicana de 1917, os direitos trabalhistas e previdenciários são elevados ao nível constitucional de direitos fundamentais 
(arts. 157 e s.). Nesse conjunto de normas, duas devem ser ressaltadas. A do art. 162 chama a atenção pela sua extraordinária antecipação histórica: a 
preocupação em se estabelecerem padrões mínimos de regulação internacional do trabalho assalariado, tendoem vista a criação, à época ainda 
incipiente, de um mercado internacional de trabalho. No art. 163, é claramente assentado o direito ao trabalho, que o sistema liberal-capitalista 
sempre negou. Ele implica, claramente, o dever do Estado de desenvolver a política de pleno emprego, cuja necessidade, até mesmo por razões de 
estabilidade política, foi cruamente ressentida pela recessão dos anos 30. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
4) PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 
 
 A Europa entra em declínio 
A Europa brilhava sobre o mundo. Vivia-se o apogeu da sociedade liberal, capitalista. 
O apogeu, dialeticamanete, traz consigo germe da mudança. Esse germe eram as próprias contradições permanentes e fundamentais do Modo 
de Produção Capitalista: a miséria do proletariado em meio à abundância, as crises de superprodução, a frenética busca de mercados, os problemas 
sociais e econômicos. 
Enfim, todos esses problemas, ao evoluírem, geraram a crise do mundo liberal capitalista, e a Primeira Grande Guerra representou na prática o 
início desta crise. 
Os homens da época, mesmo às vésperas do conflito, não acreditavam na possibilidade de uma guerra generalizada. No máximo, levantavam a 
possibilidade de uma guerra rápida e localizada nos moldes das ocorridas no século XIX. 
Mas o longo período de relativa paz mantida desde o fim das guerras napoleônicas e o “equilíbrio europeu” estabelecido no Congresso de 
Viena em 1815 terminavam. 
A Europa não mais brilhava sobre o mundo. Ofuscada pelos esforços de guerra, seu declínio era inevitável. Os problemas sociais e econômicos 
agravaram-se: a classe média se pauperizava e a pressão operária aumentava. Em meio à guerra, a Revolução Socialista explodira na Rússia, e, 
agora, representava uma ameaça para a Europa. 
 
Até 1914 – Hegemonia da Europa 
Apesar do desenvolvimento dos Estados Unidos e do Japão, a Europa exercia em 1914 a supremacia econômica e política sobre o resto do 
mundo. Econômica porque controlava a maior parcela da produção mundial, 62% das exportações de produtos fabris e mais de 80% dos 
investimentos de capitais no exterior, dominando e ditando os preços no mercado mundial. Era a maior importadora de produtos agrícolas e matérias-
primas dos países que hoje compõem o Terceiro Mundo. 
Hegemonia política porque na sua, expansão o capitalismo europeu levou à necessidade de se controlar os países da Ásia, África e América 
Latina. 
Á Europa era desigual quanto à estrutura econômica e política. Dos 23 Estados europeus, 20 eram Monarquias e só a França, Suíça e Portugal 
eram Repúblicas. Os regimes políticos eram constitucionais, mas o Parlamentarismo, forma típica do Liberalismo Político, só existia de fato na Grã-
Bretanha, Bélgica e França, pois os demais países, apesar de constitucionais, possuíam formas autoritárias de governo, como a Áustria-Hungria e a 
Alemanha. 
Os problemas sociais refletiam a diversidade das estruturas sócio-econômicas. Nos países da Europa Centro-Oriental a nobreza predominava. Já 
nos países da Europa Ocidental, a industrialização colocara frente a frente a burguesia e a classe operária. Entretanto, a ameaça de uma revolução 
social era remota naquele momento, pois a maioria dos partidos socialistas tendia à moderação, aderindo ao jogo político do Liberalismo. As únicas 
exceções eram algumas facções de esquerda, como os Bolchevistas russos. 
 
Alianças e choques Internacionais no período anterior à Guerra 
 
O clima internacional na Europa era carregado de antagonismos que se expressavam na formação de alianças secretas e de sistemas de 
alianças, tornando a ameaça de uma guerra inevitável. 
O desenvolvimento desigual dos países capitalistas, a partir de fins do século XIX, levara países que chegaram tarde à corrida 
neocolonialista internacional, como a Alemanha, a reivindicarem uma redivisão do território econômico mundial; tendo se acentuado a rivalidade 
pela luta por mercados consumidores, pela aquisição de matérias-primas fundamentais e por áreas de investimentos. Essa rivalidade na época do 
imperialismo refletiu-se em âmbito mundial devido à interdependência criada entre as economias das diversas regiões do mundo pela expansão do 
capitalismo. Daí o caráter mundial do conflito. 
No plano ideológico a época se caracterizou pela intensificação dos nacionalismos, os quais serviam para encobrir as ambições 
imperialistas. 
Para sustentar o nacionalismo agressivo e o imperialismo beligerante, os países empreenderam a corrida armamentista. Intensificou-se a 
produção de armas e munição, desenvolveu-se a construção naval, aumentaram-se os exércitos: era a Paz Armada. 
Essa atmosfera de tensão explica a formação de dois sistemas de alianças. Um, a Tríplice aliança, aparentemente mais coesa, agrupando 
Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. O único ponto fraco era a Itália, por ser incerta sua atitude na ocasião de um conflito e também por estar se 
aproximando das potências da Entente Cordiale. O outro sistema era a Tríplice Entente, formada de uma aliança militar (a franco-russa) e dois 
acordos (a Entente Cordiale - franco-inglesa — e o Acordo anglo-russo). Os vínculos entre tais países eram mais frágeis do que aqueles que 
entrelaçavam o “sistema alemão” e tinha contra si a fragilidade social, política e econômica da Rússia, sendo também difícil prever o comportamento 
da Inglaterra antes de iniciar-se um conflito armado. 
O sistema de alianças secretas gerou um mecanismo tal, que bastava um incidente para desencadear um conflito generalizado. E foi o que 
ocorreu em julho de 1914, quando o Arquiduque, herdeiro do trono austríaco, Francisco Ferdinando, foi assassinado em Sarajevo por um estudante 
da Bósnia-Herzegovina (província austríaca reivindicada pela Sérvia). 
A partir daí os acontecimentos se precipitaram: 
1 - a Áustria, apoiada pela Alemanha, enviou um ultimatum à Sérvia, o qual, não sendo atendido integralmente, levou os austríacos a declararem a 
guerra; 
2 - a Rússia mobilizou as tropas em defesa da Sérvia, recebendo um ultimatum alemão para se desmobilizar; 
3 - a 1 ° de agosto a Alemanha declarou guerra à Rússia e, dois dias após, à França; 
4 - imediatamente a Bélgica foi invadida, ignorando a Alemanha a sua neutralidade, o que levou em 4 de agosto, a Inglaterra a declarar-lhe guerra; 
5 - a Itália se omitiu, embora pertencesse à Tríplice Aliança, argumentando que o seu compromisso com a Áustria e com a Alemanha previa sua 
participação apenas no caso de tais países serem agredidos. 
 
Iniciava-se a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) 
No início da guerra, sete Estados já se achavam envolvidos diretamente: Áustria-Hungria, Rússia, Sérvia, Inglaterra, Bélgica, França e Alemanha. 
Á 23 de agosto, o Japão juntou-se aos Aliados e, em novembro, a Turquia aderiu às Potências Centrais. A guerra tomou um caráter mundial à 
medida que as colônias desses países se viram envolvidas. 
 
1918 – Vitória final do Aliados 
O inicio de 1918 foi inaugurado pela enorme ofensiva das Potências Centrais contra a Entente, visando a impor condições a esta, antes que as 
tropas norte-americanas chegassem totalmente à Europa. Nesse ano, foram utilizadas todas as inovações bélicas (tanques, aviões, gases venenosos 
 5 
etc.), recomeçando a “guerra de movimento”. Entretanto, a ofensiva alemã foi paralisada pela segunda batalha do Marne. A balança de forçasse 
inclinou definitivamente para a Entente, que iniciou uma contra-ofensiva de grandes proporções, levando os alemães ao recuo. 
Na Europa Oriental, a Bulgária capitulou, o mesmo ocorrendo com a Turquia que, ameaçada delas vitórias inglesas na Síria e no Iraque, decidiudepor as armas. A Hungria foi ameaçada e os italianos em Vittorio Veneto iniciaram grande ofensiva. O Império Austro-Húngaro se decompôs, pois 
cada nação proclamou sua independência. Só a Alemanha prosseguiu a guerra, mas a partir de novembro estouraram rebeliões da esquerda e, a 9 de 
novembro, a República foi proclamada. 
A 11 de novembro, os representantes do Governo Provisório alemão assinaram em Rethondes o armistício que punha fim à guerra. 
 
Problemas causados pela Guerra 
Esta foi a primeira guerra da qual participaram todas as principais potências do mundo, embora de certa maneira não tivesse deixado de ser, no 
fundo, uma “guerra civil européia”. As guerras anteriores, contudo, se restringiram à Europa e eram travadas entre Estados de economia agrícola. Em 
1914 foi diferente: as principais potências envolvidas eram industriais, foram utilizados todos os novos experimentos técnicos e a população civil 
sentiu na carne a guerra. 
 
 Economia de Guerra! 
A Primeira Grande Guerra, pela sua duração e, amplidão, levou à necessidade de mudança de atitude do Estado em relação à economia nacional. 
Cada Estado passou a controlar ou a submeter à sua autoridade a direção da economia, tomando medidas que revolucionaram os hábitos tradicionais, 
colocando em xeque as concepções doutrinárias tradicionais, uma vez que os diversos Estados: 
 
1) recrutaram obrigatoriamente os civis, já que, em pouco, as “reservas de homens” se tinham esgotada; 
2) modernizaram e intensificaram a produção de material bélico; dispuseram da mão-de-obra e regulamentaram seu emprego. 
A economia de guerra, que suprimiu a liberdade econômica, incluiu a fixação dos preços de venda das mercadorias e o racionamento mediante o 
estabelecimento de cotas de consumo à população civil. Proibia-se ou se liberava a importação de produtos de primeira necessidade e se controlavam 
os transportes, inclusive com o congelamento dos fretes. As fábricas deveriam produzir apenas artigos de guerra, os salários ficavam congelados e 
proibidas as greves. 
 
O financiamento da guerra ultrapassou as expectativas, tendo os Estados recorrido aos empréstimos externos e internos, destacando-se 
também o problema dos abastecimentos: pela primeira vez na História adotou-se o racionamento, iniciado na Alemanha e estendido a todos os 
países, em maior ou menor grau. A vida tornou-se muito difícil para a população civil, que teve seu poder aquisitivo diminuído com a alta 
desenfreada dos preços e o congelamento salarial em um momento em que a greve era proibida por ser considerada atividade “antipatriótica”... 
 
História Geral - Aquino, Denize e Oscar - Ed. Ao Livro Técnico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
5) REVOLUÇÃO RUSSA 
 
 Momento histórico de extraordinário impacto mundial, a revolução russa marcou o fim de um dos últimos impérios de monarquias hereditárias 
e absolutistas do mundo. Com ela, o socialismo ascendeu pela primeira vez ao poder e a ideologia comunista passou a exercer profunda influência no 
cenário internacional e mesmo na vida interna de todas as nações. 
 Ao longo da segunda metade do século XIX, a Rússia viveu uma crise profunda em conseqüência de fatores que exerciam influências 
recíprocas e divergentes sobre todos os setores da vida social e política do país. Vigorava no império um sistema político de monarquia autocrática 
que se chocava com o modelo econômico de capitalismo moderno, em que as relações de produção entrelaçavam-se com as do tipo feudal. Havia 
insustentáveis desigualdades econômicas e sociais entre a poderosa e privilegiada classe de nobres proprietários de terras e uma imensa população de 
camponeses, grande massa de maioria analfabeta que até 1861 viveu em regime de servidão. A burguesia, numerosa e influente, estava insatisfeita 
com as dificuldades para exercer suas atividades comerciais e industriais, e o crescente operariado, formado geralmente de camponeses expulsos do 
campo por falta de condições de sobrevivência, estava submetido a condições de vida e trabalho extremamente duras e que não mais existiam nos 
países europeus industrializados. Apenas os nobres, com seus imensos privilégios, estavam satisfeitos com a situação do país. 
 Resumindo, a Revolução Comunista eclodiu num país "atrasado" da Europa, graças à combinação de uma série de fatores: 
 as derrotas da Primeira Guerra Mundial; 
 o absolutismo do governo; 
 a crise econômica; 
 grande desigualdade social existente no país; 
 a fome que atingia grande parte da população; 
 pesados impostos; 
 desorganização administrativa; 
 desorganização econômico-social; 
 derrotas sofridas em numerosas guerras; 
 corrupção e incompetência do governo. 
 A Revolução Russa de 1917 é considerada o modelo clássico de revolução proletária que destruiu a ordem capitalista e burguesa lançando os 
fundamentos do primeiro Estado socialista da história da humanidade. 
 Portanto, a Revolução Russa de 1917 foi o modelo clássico de revolução burguesa que desmantelou a velha ordem feudal e aristocrática, 
criando as condições para o desenvolvimento do capitalismo moderno. A partir de 1917, a Rússia caminhou no sentido de se transformar numa das 
mais importantes potências mundiais, em condições de se rivalizar com os Estados Unidos, o grande líder do mundo capitalista. 
 
 As Revoluções de 1917 
 No início de 1917, a Europa esperava por uma revolução na Rússia. A guerra não apenas havia destruído a agricultura e matado soldados 
russos, mas também aprofundado a crise entre a sociedade e o governo do país. Apesar de prevista, a revolução apanhou todos de surpresa. Começou 
com uma série de manifestações de rua em Petrogrado e, ao receber ordens de reprimir os manifestantes, as tropas aderiram aos protestos. Sem 
condições de governar, no dia 12 de março, no calendário ocidental, ou 27 de fevereiro de 1917, no antigo calendário russo, o czar renunciou. 
 Em 7 de novembro de 1917 (25 de outubro, pelo calendário russo) os bolcheviques cercaram a cidade de Petrogrado, que sediava o governo 
provisório com o intuito de tomar o poder. O líder do governo, Kerensky, conseguiu fugir, mas diversos outros governantes foram presos. Os 
sovietes da Rússia reuniram-se num congresso e delegaram o poder governamental para o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenin. 
Sem demora, esse conselho tomou medidas de grande impacto revolucionário, como: 
 Pedido de paz imediata: Retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial e assinou com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk, firmando a paz 
com os alemães. 
 Confisco de propriedades privadas: Reforma Agrária, ou seja, grandes propriedades foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa para 
serem distribuídas entre o povo. 
 Estatização da economia: Controle Operário das fábricas, isto é, o novo governo passou a intervir diretamente na vida econômica, 
nacionalizando diversas empresas. 
 Declaração do direito nacional dos povos: O novo governo comprometeu-se a acabar com a dominação exercida pelo governo russo sobre 
regiões como a Finlândia, a Geórgia, a Armênia, entre outros. 
 A nova política econômica 
 Em 1921, a situação econômica estava pior que antes da revolução. A Republica Federal Socialista e Soviética Russa (RFSSR), sofreu uma 
terrível redução de forças, mais do que qualquer outra grande potência, com a Primeira Guerra e, em seguida, com a revolução e a guerra civil. Sua 
população declinou de 171 milhões de habitantes em 1914 para 132 milhões em 1921. A perda de territórios envolveu também a perda defábricas, 
ferrovias e fazendas produtivas. Os conflitos destruíram grande parte do que tinha restado. Sua produção industrial, em 1921, equivalia a 13% 
daquela alcançada em 1913. O comércio exterior desapareceu totalmente, a agricultura produzia menos da metade do registrado no período pré-
guerra e o produto interno bruto declinou-se em mais de 60%. Nas cidades e nos campos havia fome e miséria. O campo não recebia fertilizantes, 
ferramentas nem roupas das cidades. Por sua vez, não produzia alimentos e milhares de pessoas morriam de frio, fome e epidemias. 
 
Reconhecendo a gravidade da situação, Lenin declarou aos seus pares: "Nós equivocamos. Atuamos como se pudéssemos construir o socialismo em 
um país no qual o capitalismo praticamente não existia. Antes de querer realizar a sociedade socialista, há que reconstruir o capitalismo". 
 A partir daí surgiu a Nova Política Econômica (NEP). Não se tratava de modificar a economia soviética. Eram medidas de urgência, impostas 
pela gravidade da situação. Era incerteza até quando iria durar isso. 
 Para aumentar a produção a qualquer custo, foram tomadas algumas medidas capitalistas, como a restauração da pequena e da média 
propriedade na indústria alimentícia, no comércio varejista e na agricultura. 
 Na agricultura, substituíram-se as ilimitadas e odiadas requisições de gênero por um imposto em produtos. No setor industrial os resultados não 
foram muito significativos, apesar da adoção da liberdade salarial e de comércio. 
 
 
 
 
 
 
 7 
6) CRISE DE 1929 (GRANDE DEPRESSÃO) 
 
A crise econômica desencadeada a partir de 1929, quando da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, reflete a crise mais geral do capitalismo 
liberal e da democracia liberal. No período entre guerras (1919/39), a economia procurou encontrar caminhos para sua recuperação, a partir do 
liberalismo de Estado, ao mesmo tempo em que consolidava-se o capitalismo monopolista. Mesmo nos EUA, as leis anti-trustes perdiam o efeito e 
grandes empresas -- industriais e bancárias -- tomavam conta do cenário econômico, protegidas pela política não intervencionista adotada 
principalmente a partir de 1921. 
 
A PROSPERIDADE AMERICANA 
 
Desde o final do século XIX, a indústria norte americana conheceu um grande crescimento, no quadro da Segunda Revolução Industrial. Em 1912 
foi eleito o presidente Woodrow Wilson, do Partido Democrata, a partir da defesa da Nova Liberdade, que começou a ser aplicada com a criação de 
leis trabalhistas específicas a algumas categorias profissionais como os marinheiros e de leis que pretendiam eliminar os grandes privilégios de 
pequenos grupos, através de mecanismos que coibiam o controle de mercado, aperfeiçoando a Lei Anti truste. No entanto o início da Primeira Guerra 
anulou essa política e a economia passou a ser dominada por Trustes, Holdings e Cartéis. 
As transações de produtos industriais e agrícolas se ampliaram com a abertura de créditos aos aliados, seguida da concessão de empréstimos à 
Inglaterra e França. 
A produção norte americana deu um salto gigantesco em vários setores, destacando-se a indústria bélica, de material de campanha, de alimentos e 
mesmo de setores destinados ao consumo interno, uma vez que o potencial de consumo no país aumentou com a elevação do nível de emprego; ou 
ainda para a exportação, principalmente para a América Latina, tomando o lugar que tradicionalmente coube à Inglaterra. 
 
O PERÍODO ENTRE GUERRAS 
 
Terminada a Guerra, realizou-se a Conferência de Paris, onde os três grandes tomaram as principais decisões e impuseram os tratados aos países 
vencidos. No entanto, apesar da participação do presidente Wilson, os EUA não criaram mecanismos que garantissem sua participação nas 
reparações de guerra ou o pagamento dos empréstimos e das vendas aos países aliados, ao mesmo tempo em que não reivindicaram nenhum território 
colonial. 
O fim da guerra provocou a retração da economia norte americana, pois a industria de guerra diminuía o ritmo de produção, assim como os soldados 
que voltavam da guerra não eram absorvidos pelo mercado de trabalho, entre 1919 e 21 o país viveu a "Pequena Crise", determinando a derrota dos 
democratas. 
A partir de 1922 a França e a Inglaterra começam o processo de recuperação e passam a saldar suas dívidas com os EUA, porém esse procedimento 
somente será colocado em prática, na medida em que os alemães pagarem as reparações de guerra. A partir de 1924, os EUA passam a colaborar 
com a recuperação da economia alemã, fazendo investimentos no país, garantindo assim o pagamento das reparações e consequentemente das 
dívidas da época da Guerra esse período, após o ano de 1921, até a crise de 29 ficou conhecido como Big Bussines, caracterizado por grande 
desenvolvimento tecnológico, grande aumento da produção em novas áreas como a automobilística, geração de emprego e elevação do nível de 
consumo das camadas médias urbanas. Os edifícios tronaram-se os símbolos da prosperidade norte americana. A política econômica adotada pelos 
republicanos estimulava o desenvolvimento industrial em setores variados, a concentração de capitais ao mesmo tempo em que inibia as 
importações; essa política caracterizava-se pelo nacionalismo, que do ponto de vista social traduziu-se em preconceito e intolerância. 
 
A CRISE 
 
Alguns componentes são fundamentais para a compreensão da crise: 1) a superprodução que desenvolveu-se durante e mesmo após a Primeira 
Guerra Mundial, quando o mercado consumidor estava em expansão. Após a guerra e com o início da recuperação do setor produtivo dos países 
europeus, a produção norte americana entrou em declínio. Essa situação expressou-se principalmente no setor agrícola. 
2) A especulação na década de 20 foi um fenômeno que também alimentou a crise, pois como as empresas estavam obtendo altos lucros, suas ações 
tenderam a crescer, originando sociedades anônimas e empresas responsáveis apenas por gerir e investir dinheiro. 
A primeira expressão da crise ocorre no campo, na medida em que as exportações diminuíam, os grandes proprietários não conseguiam saldar as 
dívidas realizadas no período da euforia, além disso eram forçados a pagar altas taxas para armazenar seus grãos, acumulando dívidas que os levou, 
em massa, à falência. 
A crise no campo refletiu-se nas cidades com o desabastecimento pois o poder de compra diminuía na medida em que a mecanização da indústria 
passou a gerar maior índice de desemprego; e ao mesmo tempo promoveu a quebra de instituições bancárias, que confiscavam as terras e ao mesmo 
tempo não recebiam os pagamentos dos industriais que passavam a não vender sua produção 
 
A QUINTA-FEIRA NEGRA 
 
A decadência nas vendas determinou um grande aumento dos estoques e ao mesmo tempo privou os industriais de capital necessário para saldar suas 
dívidas ou mesmo manter sua atividade. Dessa forma, muitos empresários passaram a vendar suas ações no mercado financeiro, elevando seu valor, 
como forma de levantar recursos e manter a produção; porém a elevação das ações fez com que milhares de pessoas passassem a vender as ações 
que, ao não encontrarem compradores despencaram, provocando vertiginosa queda nas cotações, levando bancos e industrias à falência, 
determinando a queda dos preços dos produtos agrícolas, provocando o desemprego de milhares de pessoas: 3 milhões em abril de 1930, 4 milhões 
em outubro do mesmo ano, 7 milhões um ano depois, 11 milhões em outubro de 32, de 12 a 14 milhões nos primeiros meses de 1933. 
 
A CRISE MUNDIAL 
 
A crise espalhou-se rapidamente pelo mundo, devido a interdependência do sistema capitalista. Os EUA eram o maior credor dos países europeus e 
latinos e passaram a exercer forte pressão no sentido de receberem seus pagamentos. Coma quebra industrial, o abastecimento do mercado latino 
americano foi afetado, provocando a falta de produtos e a elevação de preços, as importações norteamericanas diminuíam e mais uma vez os países 
latinos sentiam os efeitos da crise, pois viviam da exportação de gêneros primários ou mesmo supérfluos, como o café no Brasil. 
Na medida em que a economia européia se retraía, as áreas coloniais na Ásia e na África eram afetadas, pois aumentava a exploração das potências 
imperialistas.O único país a não sentir os efeitos da crise foi a URSS, que naquele momento encerrava o primeiro Plano Quinquenal e preparava o 
segundo, ou seja, desenvolvia uma economia fechada, que não utilizou-se de recursos externos, apesar das grandes dificuldades do país após a 
Revolução Russa e a Guerra Civil. 
 8 
7) SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939 – 1945) 
 
As causas da Segunda Guerra Mundial 
 
Década de 1930, na Europa, – governos totalitários com fortes objetivos racistas, militaristas e expansionistas. Alemanha – nazismo, liderado por 
Hitler e que pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes.Itália – fascismo, liderado por Benito Mussolini.Itália e 
Alemanha – grave crise econômica no início da década de 1930 – milhões de cidadãos sem emprego. Na Ásia, o Japão também possuía fortes 
desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o 
Eixo – acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo. 
 
O Início 
 1939 – o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. 
Dois grupos: 
Aliados – Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos 
Eixo – Alemanha, Itália e Japão. 
Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes: 
 1939-1941 – vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha – conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e 
territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia. 
1941 – Japão ataca a base militar norte-americana Pearl Harbor – EUA entram na Guerra como Aliados. 
1941-1945 – derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo – regressão das forças do Eixo que sofrem 
derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas. 
O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália os pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros 
conquistam a região, somando uma importante vitória ao lado dos Aliados. 
Final e Conseqüências 
1945 – Alemanha e Itália se rendem. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que 
despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. 
Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais arrasadas e dívidas incalculáveis. 
O racismo esteve presente e deixou uma ferida grave, principalmente na Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de concentração e 
mataram aproximadamente seis milhões de judeus. 
Foi criada a ONU ( Organização das Nações Unidas ), cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações. 
Início da Guerra Fria – Estados Unidos X União Soviética. Capitalismo norte-americano X Socialismo soviético 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
8) AS CONSTITUIÇÕES ECONÔMICAS DO BRASIL 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1824 
 
 Reúne em seu teor o contexto histórico do período, qual seja, a ideologia liberal de influência inglesa. 
 Além de ressaltar o valor da pessoa humana detentora de direitos naturais e a limitação do poder político, inclusive do próprio Estado (vivíamos 
sob o império da Família Real Portuguesa), a atuação legal do Estado consistiria em garantir a liberdade das pessoas. 
 Embora propugnasse pela liberdade, o trabalho escravo ainda era mantido, não sendo os escravos considerados sequer cidadãos brasileiros. 
 O poder econômico se refletia no poder político, pois apenas cidadãos com determinada renda anual líquida podiam votar em eleições 
primárias, valor superior para eleição de deputados, senadores e membros do Conselho da Província e valor ainda maior para o candidato poder 
ser eleito. 
 Garantia da propriedade privada no art. 179. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1891 
 
 Primeira Constituição Republicana; 
 Permaneceu de inspiração liberal no campo econômico; 
 Garantia da propriedade privada e da liberdade no campo econômico; 
 Nenhum olhar sobre os direitos sociais, apesar da abolição da escravatura. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1934 
 
 No contexto jurídico brasileiro, o período de 1930 a 1934 contou com importantes legislações econômicas que iniciam a passagem do 
liberalismo das legislações anteriores para a fundamentação da tendência inicial estatizante e reguladora do modelo neoliberal das Cartas 
vindouras. 
 Vem na esteira de acontecimentos mundiais importantes como a Constituição de Weimar e as Guerras Mundiais. 
 Destaques do Título IV da CF de 1934 (Da ordem econômica e social): i) possibilidade da União monopolizar determinada indústria ou 
atividade econômica de interesse nacional para a industrialização do país; ii) Nacionalização progressiva dos bancos de crédito; iii) proibição da 
usura; iv) reconhecimento dos sindicatos e associações de conformidade com a lei; v) a lei promoverá o amparo da produção e estabelecimento 
às condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do país; vi) 
Criação da Justiça do Trabalho, para dirimir questões trabalhistas. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1937 
 Inspirada no Golpe de Estado de Getúlio Vargas, nas idéias do fascismo, nacionalismo e corporativismo vivenciadas em vários países; 
 Surge pela primeira vez o termo: “Intervenção do Estado no domínio econômico, para: 
a) Suprir as deficiências da iniciativa individual; 
b) Coordenar os fatores de produção; 
c) Introduzir no mercado o pensamento da necessidade em priorizar os interesses da nação 
 O Estado passa a intermediar os conflitos entre capital e trabalho, com: 
a) Legalização dos sindicatos (art. 138); 
b) Criação da Justiça do Trabalho (art. 139). 
 De que forma se dá essa intervenção no domínio econômico? 
a) Através da liberação da criação de corporações (art. 140); 
b) Fomentando a economia popular e punindo os crimes contra a economia popular (art. 141); 
 Decreto-Lei nº 869, de 18/11/1938: primeira lei anti-truste brasileira. (p. 43) 
 Decreto-Lei nº 7.666, de 22/06/1945: Lei Malaia, punindo atos contrários à ordem moral e econômica e criando a primeira versão da Cade – 
Comissão Administrativa de Defesa Econômica (art. 19) (p. 43/4), revogado no final do mesmo ano. 
c) Nacionalizando minas, jazidas minerais, quedas d´água e outras fontes de energia; 
Ex.: Criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em 1941 e da Cia. Vale do Rio Doce em 1942 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1946 
 Retomada da democracia, com o governo de Gaspar Dutra. 
 Preserva ainda valores liberais, consubstanciados na “inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à 
propriedade”. (art. 141) 
 Título V, “Da Ordem Econômica e Social”: arts. 145, 146, 147 e 148. 
 Diferentemente da Constituição de 1934, que procurava “reprimir os crimes contra a economia popular”, a ideologia adotada na Carta de 1946 
inspirava-se na legislação antitruste dos EUA, da repressão e abuso do podereconômico. 
 Lei 4.137/62: Art. 2: formas de abuso do poder econômico: p. 46. 
 Lei 4.137/62: Art. 8: criação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), com a finalidade de apurar e reprimir os abusos do 
poder econômico. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1967 
 Em pleno Regime Militar (Costa e Silva), a Constituição de 1967 busca o fortalecimento do Estado, ocupando o território nacional, adotando uma 
política nacionalista. 
 Título III “Da Ordem Econômica e Social”. P. 47 
 Emenda Constitucional nº 1(1969): Título III: direito de greve, exceto no serviço público e atividades essenciais e delimitou a competência do 
setor privado e do estatal na organização e exploração da atividade econômica, assegurando ao Estado sua atuação ou intervenção no domínio 
econômico. 
 
 
 
 
 10 
9) O DIREITO ECONÔMICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - TÍTULO VII 
Da Ordem Econômica e Financeira 
 
 
CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
 
Estrutura geral do ordenamento jurídico: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social. 
A CF de 1988 prevê uma sociedade brasileira capitalista moderna; A atuação do Estado viabiliza a necessidade de conciliação e composição dos 
titulares de capital e de trabalho; Institui a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil; Assim, toda atividade 
econômica – pública ou privada – dever ser exercida na busca da existência digna de toda a coletividade. 
 
Princípios: 
1) Soberania Nacional 
2) Propriedade privada 
3) Livre concorrência 
4) Defesa do consumidor 
5) Defesa do meio ambiente 
6) Redução das desigualdades regionais e sociais 
7) Busca do pleno emprego 
8) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
9) Livre exercício da atividade econômica 
 
Art 171. Distingue empresa brasileira de empresa brasileira de capital nacional. 
Concedia benefícios à empresa de capital nacional – atitude protecionista. Desta forma, as empresas multinacionais tinham mais dificuldade de 
instalar-se no Brasil, bem como de adquirir terras. Este artigo foi revogado pela Emenda Constitucional nº 6/95. 
A revogação se deu justamente no período em que inicia em sua plenitude o processo de desestatização e privatização/concessão no Brasil. Assim, 
empresas de capital estrangeiro puderam participar do processo de privatizações e ficaram com a maioria das estatais brasileiras. 
 
Arts. 173 e 174 – atuação do Estado no domínio econômico. 
Estes artigos traçam a nova forma pela qual o Estado deve atuar no domínio econômico; A exploração da atividade econômica passa a ser 
desempenhada pelo agente privado. Pelo Estado, apenas em casos de segurança nacional ou interesse coletivo. 
Entretanto, estabelece que a lei reprimirá o abuso do poder econômico (Lei 8.884/94- Defesa da Concorrência) 
O Art. 174 define a nova função do Estado de agente normativo e regulador da atividade econômica. Assim, cabe ao estado fiscalizar, incentivar e 
planejar a atividade econômica; 
 
Arts. 175 a 181: outras formas de atuação do Estado no domínio econômico 
- Prestação de serviços públicos sob o regime de concessão; 
- Propriedade de jazidas, monopólio do petróleo e do gás natural, transportes aéreo, marítimo e terrestre e o turismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
10) ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
 
De que formas o Estado pode atuar no domínio econômico? Diretamente, como agente econômico, controlando e fiscalizando a atuação de 
entes particulares; Pode atuar em parceria com a iniciativa privada. Esta atuação pode ser mais intensa ou menos direta, ou ainda, estar ausente da 
economia. 
 
Agências reguladoras e regulação econômica 
Até a década de 80 havia forte intervenção direta do Estado na economia no contexto mundial; A partir de 1980 inicia-se uma nova fase 
das políticas econômicas dos Estados; Crescente onda de desestatizações, privatizações, concessões e parcerias; Neoliberalismo em ação; 
É nesse contexto que desponta a elaboração teórica e legislativa das agências reguladoras, caracterizadas pela dinamicidade, 
independência, tecnicidade, consenso para dirimir conflitos, ou seja, trata-se de relevante instrumento de adequação de uma nova ordem jurídico-
econômica. 
 
Surgimento das agências reguladoras 
As primeiras agências reguladoras surgiram na Inglaterra a partir de 1834 e nos EUA, em 1887- para regular serviços interestaduais de transporte 
ferroviário. Nos países de tradição francesa: apenas na década de 1980, com privatizações. Na França: autoridades administrativas independentes, 
nome dado às agências reguladoras por lá. Na Itália: agências denominadas autoritá, para atuarem nos setores até então exclusivos do Estado, agora 
explorados pela iniciativa privada. 
 
Agências reguladoras no Brasil 
No Brasil, as agências reguladoras são “autarquias especiais”, integram a Administração Federal indireta e vinculam-se ao Ministério relativo à 
atividade a ser por elas desempenhadas. 
 
Agências reguladoras no Brasil: ANATEL; ANP; ANVISA; ANS; ANA; ANTAQ; ANTT; ANEEL; ANCINE; DAC; BACEN 
 
DIREITO DA CONCORRÊNCIA 
 
A Concorrência estabelece equilíbrio entre a oferta e a procura, sendo fundamental numa economia de mercado, pois oferece diversos 
benefícios, como na qualidade, preço, garantias, diversidade de produtos, inovação, competitividade externa. 
Mas o que significa o termo “concorrência?” Segundo Ferreira (1994, p. 167) no entendimento comum, concorrência é a “disputa ou 
rivalidade entre produtores, negociantes, industriais, pela oferta de mercadorias ou serviços iguais ou semelhantes”. Para o direito e a economia 
envolve interesses, mercados, países, populações, conquistas e os meios para atingir os seus resultados. 
Num mundo globalizado, o direito da concorrência é ainda mais importante. Assim, o Direito da concorrência é o ramo do Direito 
Econômico cujo objeto é o tratamento jurídico da política econômica de defesa da concorrência, com normas a assegurar a proteção de interesses 
individuais e coletivos, em conformidade com a ideologia adotada no ordenamento jurídico. 
 
Poder econômico e seu abuso 
 
Posição dominante: participação que determinada empresa tem num certo mercado. O seu market share. Pode ser resultado de sua eficiência 
concorrencial que lhe garantiu uma posição de destaque em decorrência da opção dos consumidores, o que é perfeitamente legal. 
Antijuricidade concorrencial: empresa abusa do seu poder econômico, praticando preços abaixo dos custos de produção para “detonar” com 
as concorrentes e ir dominando o mercado. 
 
Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) 
Representa os órgãos do governo que atuam na prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica e na defesa da concorrência. É 
Integrado pela: A) Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Min. da Fazenda; B) Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Min. da 
Justiça; C) Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia vinculada ao Min. da Justiça. 
Áreas de atuação: A) análise de operações de concentração; B) análise de condutas anticoncorrenciais. 
 
Lei nº 8.884, de 11/06/94 – Defesa da concorrência 
Criada pela necessidade de preservação do funcionamento da economia de mercado através de legislação específica. 
Classificação das concentrações econômicas: A) concentrações horizontais: entre concorrentes, que atuam num mesmo mercado relevante. Ex. 
AmBev; B) concentrações verticais: entre agentes que atuam nos diferentesestágios de uma cadeia produtiva. Exemplo: a Rede Globo possui os 
estúdios de gravação e mantém, sob contrato permanente, os autores, atores e toda a equipe de produção (roteiristas, diretores de programação, 
cenógrafos, figurinistas, diretores de TV, editores, sonoplastas etc.). C) Concentrações conglomeradas: crescimento de um agente mediante a 
concentração com outro agente que não seja seu concorrente. 
 
Enfoque repressivo da Lei 8.884/94 
Lei 8.884/94 atua na repressão das práticas anticoncorrenciais. 
Constituem infração à ordem econômica: A) fixar ou praticar, em acordo com concorrente, preços e condições de venda de bens e de prestação de 
serviços; B) obter ou influenciar a adoção comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; C) dividir os mercados de serviços ou produtos, 
acabados ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários; D) limitar ou impedir o acesso de novas 
empresas ao mercado. 
 
Crimes à ordem econômica 
Lei nº 8.137/90: prevê os casos de crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. 
A Lei 8.884/94, que se submete à decisão do CADE, dispõe sobre multas à empresa (pessoa jurídica) e ao administrador (pessoa física). A 
Lei 8.137/90, que não é de jurisdição do CADE, e sim do Poder judiciário, dispõe sobre a aplicação da pena de prisão ao eventual infrator. Assim, o 
CADE poderá condenar pela Lei 8.884/94 uma empresa e seu administrador por infração à ordem econômica, e oficiar o Ministério Público para que 
proceda à análise do caso à luz da Lei 8.137/90, que poderá resultar em outra condenação, agora por crime contra a ordem econômica.

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