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Relação de Causalidade


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Relação de Causalidade
Omissão (própria e imprópria) só possui nexo normativo, nunca naturalístico. Mas o omissivo impróprio causa resultado naturalístico, o próprio não.
Art. 13 caput (O resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação sem a qual o resultado não teria ocorrido): Por sua força o CP adota a Teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non (condição sem a qual não) com um temperamento no § 1º. Essa teoria diz que tudo que contribui para o resultado é causa dele, não há diferença entre causa, condição ou ocasião. Para saber se uma ação é ou não causa do resultado, utiliza-se o procedimento hipotético de eliminação: mentalmente exclui-se o antecedente, se o resultado não ocorrer, não é causa. Não se aplica aos crimes formais, de mera conduta e omissivos próprios.
Críticas à teoria: 
1) Regressus ad infinitum (regresso até o infinito) – todos os agentes dos antecedentes respondem pelo crime, pois contribuíram materialmente para o resultado. Assim o proprietário da empresa que fabrica armas e o comerciante as vende ao atirador homicida, também seriam culpados pelo crime. Entretanto como em nosso ordenamento jurídico a relevância penal está vinculada ao dolo e a culpa (conduta do agente) se deve interromper a cadeia causal no instante em que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que tiveram alguma importância na produção do resultado. Então no exemplo acima tanto o fabricante como o vendedor não são punido, já que não agiram com dolo ou culpa. No caso, se o agente adquiriu legalmente o revólver utilizado na prática do delito, não há como responsabilizá-los, interrompendo ai a cadeia causal, uma vez que não houve dolo ou culpa nas condutas do fabricante e do comerciante ao disponibilizarem a arma ao agente. Essa é a chamada proibição do regresso (regressverbot) formulada por Frank procurando estabelecer limitações à teoria. Nessa fórmula ele dizia ser impossível retroceder além dos limites de uma vontade livre e consciente, dirigida à produção do resultado; não seria lícito considerar como causas do resultado as condições anteriores.
2) O nada, nada causa (ex nihilo nil fit): a teoria não explica o crime omissivo impróprio. Nessa hipótese a causalidade é normativa e não factual.
Art. 13, § 2º (A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado): Penalmente relevante se refere a fato típico. O “devia” se refere a quem a lei incumbe a obrigação de agir (se encontram nas alíneas desse parágrafo). O “podia” quer dizer sem correr risco pessoal. 
Adoção da teoria da omissão normativa: o nexo causal no crime omissivo impróprio é normativo e não factual. A omissão não produz o resultado: nexo de causalidade ocorre entre o resultado e o comportamento que o agente estava obrigado a fazer para evitar esse resultado. Pune-se a omissão de um dever legal de agir. O art. 13, § 2º traz a quem é imposto esse dever legal. Observação na folha manuscrita.
Concausa (outra causa)
Junto à conduta do agente pode ocorrer outra conduta, condição ou circunstância (outra causa) que interfira na produção do resultado. Pode ser absoluta ou relativamente independente, ambas dividas em preexistentes ou anteriores, concomitantes ou simultâneas e supervenientes ou posteriores. Exemplos na folha manuscrita.
Concausa absolutamente independente: São as que produzem por si só o resultado. Ela não se liga de forma alguma com a conduta do agente, em relação ao evento ela não é uma causa. Exclui o nexo de causalidade. Não sendo conditio sine qua non do resultado. Por força do art. 13, caput, do CP, o resultado não é imputável ao agente, apenas os atos praticados antes de sua produção, pois não é causa do resultado.
Concausa preexistente ou concomitante relativamente independente: Não exclui o nexo de causalidade. Não exclui o desdobramento normal da ação do agente. O resultado é imputável ao agente.
Concausa superveniente relativamente independente: art. 13, § 1º. Não esta no desdobramento normal da ação, constituindo um novo processo causal que substitui aquele provocado pela ação do agente. O resultado não é imputável ao agente, apenas os atos praticados antes de sua produção. 
Crime Consumado
Art. 14, I. Ocorre quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Total conformidade do fato praticado pelo agente com a hipótese abstrata descrita pela norma penal incriminadora.
Quando se da à consumação?
Nos crime materiais e culposos – no momento da produção do resultado naturalístico. Ex: Homicídio (art. 121), que se consuma com a morte do sujeito passivo, tendo o sujeito ativo agido com (materiais) ou sem dolo (culposos).
Omissivos próprios – com a abstenção do comportamento imposto ao agente. Ex: Omissão de socorro (art. 135).
Omissivos impróprios – com a produção do resultado. Ex: Mãe deixa de alimentar o filho (art. 13, § 2º, a), somente quando ele morrer se caracteriza o homicídio. 
De mera conduta – com o simples comportamento previsto no tipo, não se exigindo qualquer resultado naturalístico. Tipo não faz nenhuma alusão a resultado naturalístico. Ex: violação de domicílio (art. 150).
Formais – com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo. Apesar de mencionar resultado, não é exigido para que o crime se consume, caso aconteça a obtenção do resultado será considerado mero exaurimento do crime. Observação de crime exaurido na folha manuscrita. Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159).
Qualificados pelo resultado - com a ocorrência do resultado agravador. Ex: lesão corporal qualificada pelo resultado aborto (art. 129, § 2º, V)
Permanentes - enquanto durar a permanência. Ex: sequestro e cárcere privado (art. 148).
Arrependimento Posterior
Art. 16. Note que só é possível depois da consumação do crime. Sua natureza jurídica é causa de diminuição de pena. Para que ocorra são necessários os seguintes elementos:
Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa: Mas é possível ser utilizado em crimes culposos visto que a violência não foi voluntária. É vedado aos crimes dolosos com violência. Violência contra a coisa não exclui o arrependimento posterior, visto que mesmo tendo violência não foi contra a pessoa.
Ato deve ser do sujeito: O benefício somente é possível quando praticado pelo próprio agente da infração. Se feita por terceiro, como responsável civil (pais ou empregador), não é aplicado o benefício. 
Se o delito foi cometido em concurso de pessoas basta que uma delas efetue a reparação integral ou restituição do bem que beneficiará os demais coautoes ou partícipes.
Reparação deve ser integral: Para ocorrer o status quo ante, a reparação deve ser total e, no caso de devolução do bem este deve ser devolvido em seu estado original. Só assim será cumprida a exigência legal. No entanto, nada impede que se admita o benefício quando a vítima, embora não reparado totalmente o dano, se de por satisfeita.
Voluntariedade: o ato deve ser voluntário, não precisa ser espontâneo. Assim o arrependimento pode ocorrer em face de sugestão ou conselho de terceiro como o advogado por exemplo. Aquele que efetuar o reparo ou devolução depois de ordenado judicialmente não faz ato voluntário.
Reparação ou restituição anterior ao recebimento de denúncia ou de queixa: note que se trata de recebimento pelo juiz e não de oferta de denúncia pelo MP por exemplo. Caso a atitude se dê posteriormente ao recebimento ainda pode-se aplicar uma atenuante genérica (art. 65, III, b, co CP). 
O juíz ao definir o quantum da redução da pena (um a dois terços, entrando ai a metade da pena que se encontra entre um e dois terços) deverá levar em conta o tempo que foi feita a reparação do dano ou a restituição do bem. Destarte, quanto mais demorado (a denúncia já foi oferecida, embora ainda não recebida), menor deverá ser a fração aplicada.
Deve ser advertido também que esse benefício de reparação do dano ou restituição da coisa que conduz à redução da pena (art. 16, II),não é aplicável quando a lei servir efeito mais benéfico ao agente. É o caso de quando a reparação do dano conduz à extinção da punibilidade. Ex: peculato culposo (art. 132 §§ 2º e 3º), estelionato mediante emissão de cheque sem provisão de fundos (art. 171, § 6º e Súmula 544 do STF), apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, § 2º), e delitos contra a ordem tributária (art. 34 da Lei n. 9.249/95).
Crime Tentado
Art. 14, II: Diz-se o crime tentado, quando iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. É a interrupção do Iter criminis por circunstâncias alheias à vontade do agente. Iter criminis na folha manuscrita.
A tentativa (conatus) possui os seguintes elementos: início da execução + não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente + dolo.
Esse dolo é dirigido a realizar uma conduta descrita no tipo penal. Assim o dolo de quem comete um crime tentado é igual ao de quem comete o mesmo crime, mas consuma-o. Ex: quem comete tentativa de homicídio tem o mesmo dolo de quem comete homicídio, que é matar alguém.
Como a tentativa só acontece depois de iniciada a execução, três critérios procuram explicar quando esta se inicia. Observações na folha manuscrita. Os critérios são os seguintes:
Material – há ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico. Quando a conduta do sujeito passa a colocar em risco o bem jurídico tutelado. 
Formal ou Objetiva – há ato executório somente quando o agente praticar conduta descrita no núcleo verbal do tipo.
Objetiva-individual – O início da execução inclui todos os atos que, de acordo com a intenção do agente, sejam imediatamente anteriores ao início da conduta descrita no núcleo verbal do tipo.
Infrações que não admitem tentativa: 
Crimes culposos – O inciso (art. 14, II) faz referência à vontade do agente e nos crimes culposos o resultado acontece, não pela vontade do agente, mas por imperícia, imprudência ou negligência.
Crime preterdoloso ou preterintencional – o agente realiza um comportamento doloso, mas o crime se consuma com a produção de um resultado agravador resultante de culpa, isto é, não querido desejado.O evento de maior gravidade, não querido pelo agente, é punido a título de culpa. Ex: art. 129, § 3º - Lesão corporal seguida de morte.
Contravenções penais – por força de lei não é punido. O art. 4º da LCP assim o diz: não é punível a tentativa de contravenção. Note que não se trata de não existir tentativa, ela existe, mas por força da própria lei não se pune, também pelo fato de serem irrisórias.
Crime Omissivo próprio – ou o indivíduo deixa de praticar a conduta e o delito se consuma, ou a realiza e não há que se falar em crime. Exemplo da omissão de socorro (art. 135). Os omissivos impróprios admitem tentativa.
Crime Unissubsistente (de mera conduta, formais, materiais) – realiza-se com um só ato, é indivisível sua conduta. Como no anterior ou prática e consuma o delito ou não pratica a conduta e não há crime. Porém no item anterior se constitui em um não fazer, enquanto que neste constitui um fazer. Ex: injúria verbal (art. 140), não tem como tentar injuriar.
Crime que a lei pune somente quando ocorre o resultado – assim, se ocorre o resultado há crime, se não ocorre, não há crime, assim não há tentativa. Ex: participação em suicídio (art. 122), se o suicídio ocorrer há crime, se não ocorrer não há crime.
Crime habitual – em face da exigência típica de reiteração de atos, só se consuma o crime habitual se o sujeito os pratica repetidas vezes. Uma só conduta, isoladamente, constitui fato típico.
Crime de atentado - são aqueles em que a lei equipara a tentativa e a consumação, ou seja, ao tentar praticar a conduta descrita no tipo este já se consuma. Portanto é inconcebível tentar uma tentativa. Ex: art. 352 – evasão mediante violência contra a pessoa.
Punibilidade da tentativa: Existem duas teorias: a subjetiva e a objetiva. A subjetiva que prega que a pena do crime tentado deve ser a mesmo do consumado. Nosso código adota a teoria objetiva, visto que não se tendo realizado o dano almejado pelo agente, o fato por ele cometido dever ser apenado menos severamente. É previsto no código (art. 14, PU) que salvo em disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Para saber o quanto deve ser diminuída a pena, não se olha a culpabilidade do agente, considera-se a própria gravidade ou circunstâncias da tentativa. Assim, quanto mais próxima de consuma o delito menor a redução (1/3), quanto mais distante maior a redução (2/3). Caso a conduta fique em meio termo reduz-se a pena pela metade (1/2).
A expressão salvo disposição em contrário significa que há casos em que a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado. Ex: art. 353, do CP; art. 309 da Lei n. 4.737/65 (votar ou tentar votar, mais de uma vez, ou em lugar de outrem); art. 11 da Lei de Segurança Nacional (tentar desmembrar parte do território nacional).
Classificação do crime tentado. Tentativa:
Imperfeita, propriamente dita – processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não chega a fazer tudo aquilo que intencionava para consumar o delito Ex: Agente da uma facada na vítima e é impedido de desferir outras por terceiros que se encontravam no local.
Perfeita, Crime Falho ou Delito Frustrado – agente esgota todos os meios que tinha ao seu alcance para consumar o delito, realiza integralmente sua execução, mas por circunstâncias alheias à sua vontade o resultado não e verifica. Ex: sujeito descarrega a arma na vítima, que sobrevive por terceiros terem socorrido-a a tempo.
Branca ou incruenta – Quando o objeto não é atingido, não sofre dano. O bem jurídico não chega a ser lesionado. Ex: Agente descarrega sua arma, mas não consegue acertar a vítima. Ocorrendo tentativa branca é preciso pesquisar o dolo do agente para concluir qual infração penal ele cometeu. No exemplo acima, não se sabe se o agente pretendia matar (art. 121), apenas causar lesões corporais (art. 129) ou assutar a vítima (expor sua vida a perigo – art. 132).
Qualificada ou abandonada – desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, do CP)
Impossível – crime impossível (art. 17, do CP).
Desistência voluntária
Art. 15. O agente voluntariamente desiste de prosseguir na execução, respondendo apenas pelos atos já praticados. Não respondendo por tentativa por este ultimo que desistiu e não se consumou. Sendo assim, ele responderá pelos atos já praticados, se forem antijurídicos, ou seja, os atos anteriores que por si sós, tenham lesado algum bem jurídico. 
Difere-se da tentativa, como ensina Frank em sua Fórmula. Nesta o agente quer, mas não pode. Não possui o domínio do fato ou da autoria, pois o fato não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na desistência voluntária o agente pode, mas não quer. Possui o domínio do fato ou da autoria, pois não há circunstâncias alheias à sua vontade que o impeça de consumar o delito. 
Como o próprio nome já diz para que ocorra é necessário que o ato seja voluntário, não precisa ser espontâneo. Não importando a natureza do motivo que pode ser por medo, piedade, receio de ser descoberto, remorso, vergonha etc. Entretanto, se algum obstáculo impede o agente de consumar o crime fala-se em tentativa. Exemplos na folha manuscrita.
Só ocorre em tentativas imperfeitas, onde o agente ainda pode usar de sua potencialidade ofensiva, mas não usa. Na perfeita e impossível, visto que, o agente já utilizou toda a sua potencialidade ofensiva para consumar o delito, ou seja, não tem do que desistir. Pode ocorrer nos crimes materiais e formas, de mera conduta não, pois nestes o início de execução já consuma o delito.
A natureza jurídica é de exclusão da adequação típica, da tipicidade. Pois sendo interrompida a execução por vontade do agente é evidente a falta de adequação típica pelo não preenchimento do segundo elemento da tentativa que é a não consumação por circunstânciasalheias à vontade do agente.
No caso de concurso de agentes as causas de exclusão da tipicidade comunicam-se, já que excluem a tipicidade dos atos executórios iniciados, e sendo atípico para um é para todos. Se os atos tornam-se atípicos, por eles não podem responder os partícipes.
Uma questão interessante se dá quando o agente dispondo de uma única bala atira na vítima com o dolo de matá-la, mas sem querer (circunstâncias alheias à sua vontade) erra o tiro, não acertando em região letal. Ele pode alegar desistência voluntária? Não, visto que ele esgotou seus atos de execução, não podendo mais praticá-los, o que descaracteriza a desistência voluntária. Ele responderá por tentativa de homicídio.
Arrependimento eficaz
Art. 15. O agente, depois de utilizar todo o potencial ofensivo que dispunha para executar o crime, desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado. Assim, o agente se arrepende do que fez, executando outros atos afim de impedir o resultado que antes queria e que agora não o deseja mais. Exemplo folha manuscrita.
Aqui também o agente responderá pelos atos já praticados, se forem antijurídicos, ou seja, os atos anteriores que por si sós, tenham lesado algum bem jurídico. 
	
Do mesmo modo que a desistência voluntária, o arrependimento eficaz precisa ser voluntário, não necessariamente espontâneo. Não importando a natureza do motivo que pode ser por medo, piedade, receio de ser descoberto, remorso, vergonha etc.
Pode ocorrer apenas em tentativas perfeitas ou crime falho de crimes materiais. 
A natureza jurídica é de exclusão da adequação típica. Pois sendo interrompida a execução por vontade do agente é evidente a falta de adequação típica pelo não preenchimento do segundo elemento da tentativa que é a não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
No caso de concurso de agentes as causas de exclusão da tipicidade comunicam-se, já que excluem a tipicidade dos atos executórios iniciados, e sendo atípico para um é para todos. Se os atos tornam-se atípicos, por eles não podem responder os partícipes.
Crime Impossível
Também conhecido como tentativa impossível, inidônea, inadequada ou quase crime.
Para que ocorra o crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto sejam absolutas. Se forem relativas, haverá tentativa. Devem, sempre, ser analisadas no caso concreto. Exemplos de todos na folha manuscrita.
Ineficácia absoluta do meio empregado: meio absolutamente ineficaz é aquele de que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas que, não possui a mínima aptidão para produzir os efeitos pretendidos. Pode ocorrer a ineficácia absoluta por força do agente ou por elementos estranhos a ele. 
Ineficácia relativa do meio empregado: meio relativamente ineficaz é aquele que, embora normalmente apto a lesar o bem jurídico, falhou por razão acidental na sua utilização. Ocorre quando há um perigo, ainda que mínimo, para o bem jurídico que o agente pretendia atingir.
Absoluta impropriedade do objeto material: ocorre quando inexiste o objeto material (pessoa ou coisa) sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente.
Relativa impropriedade do objeto material: ocorre quando o objeto, existindo e podendo ser atingido ocasionalmente, não se encontra onde poderia ser atacado. A pessoa ou a coisa é colocada efetivamente numa situação de perigo, decorrente da conduta do agente, ou seja, está apta a sofrer com a conduta, que pode vir a alcançar o resultado pretendido.
Natureza jurídica: Configura causa de exclusão da adequação típica do crime tentado, da tipicidade. Não há início de execução (fato típico) quando o meio e o objeto são absolutamente ineficazes e impróprios respectivamente. Apenas figuradamente se pode falar em tentativa (início de execução de um crime). 
Teorias sobre a punição do crime impossível:
Sintomática: por ter manifestado periculosidade, o sujeito recebe uma medida de segurança (era adotada antes da reforma de 84). Para punir o agente é preciso que a conduta seja indício de sua temibilidade criminal.
Subjetiva: fator que decide a questão é a intenção do delinquente, pois existe inidoneidade em qualquer tentativa, uma vez que o agente não produz o evento. Equipara o crime impossível ao crime tentado, porque nele também o agente demonstrou intenção de produzir o resultado, embora não o consumasse.
Objetiva: a imputação de um fato possui elementos objetivos e subjetivos (intenção). Elemento objetivo é o perigo para o bem jurídico, que deve ser real (conduta idônea). Se a conduta não possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa. Assim, só a crime quando há ofensa ou potencial de ofensa ao bem jurídico e como no crime impossível não há risco ao bem jurídico o agente não deve ser punido. Subdividi-se em: 1) Pura – Não há tentativa em qualquer caso (absoluta ou relativa) de inidoneidade do objeto meio ou ineficácia do meio, inexiste objeto jurídico em perigo de lesão, não havendo conduta punível. 2) Temperada – atualmente adotada pelo CP. Somente a ineficácia e inidoneidade absolutas não colocam o objeto jurídico em perigo de lesão, por isso não são punidas, já nas relativas ocorre uma tentativa colocando o objeto jurídico em perigo de lesão, sendo assim punidas.
Essa última teoria (adotada pelo CP) não resolve os casos nos quais os meios são absolutamente inidôneos, mas produzem o resultado previsto como crime. Ex: Monteiro Lobato em O engraçado arrependido, conta o caso do agente que, dolosamente, faz o amigo apoplético explodir em gargalhadas, causando-lhe a morte em consequência de hilariante piada narrada depois de abundante refeição. O meio empregado (palavra) não era em si mesmo vulnerante, mas o era em face da moléstia da vítima e da abundante refeição.
Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a consumação do delito”. Há duas posições quanto à aplicação da súmula: 
1) Aplicação extensiva – em qualquer das hipóteses (flagrante preparado ou esperado) de que trata a súmula, ocorre crime impossível se o meio for absolutamente ineficaz ou se o objeto for absolutamente impróprio em decorrência das medidas concretas tomadas para a prisão em flagrante. Caso contrário haverá tentativa punível.
2) Aplicação restritiva – não há crime quando o fato é preparado, mediante provocação ou induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para o fim de aprontar ou arranjar o flagrante (trata-se de flagrante preparado). Aqui quando há flagrante esperado não há crime impossível, mas sim tentativa.
No crime exaurido é inaplicável essa súmula, se já estava consumado, pois refere-se ao flagrante que impossibilita a consumação do crime.
Há casos de flagrante forjado onde o policial cria a prova de um crime inexistente. Configura-se assim, crime de denunciação caluniosa ou abuso de autoridade, conforme o caso, praticado pelos policiais.
Crime Doloso (art. 18, I)
Elementos do Dolo: Em primeiro lugar (a) é necessário que o agente tenha consciência do comportamento positivo ou negativo que está realizando e do resultado típico. Em segundo lugar (b) é preciso que a sua mente perceba que da conduta pode derivar o resultado, que há ligação de causa e efeito entre eles. Por último (c), o dolo requer vontade de concretizar o comportamento e causar o resultado. Isso nos crimes materiais e formais. Nos de mera conduta é suficiente que o sujeito tenha a representação e a vontade de realizá-la. 
Espécies de Dolo: Olha folha manuscrita.
Direto – ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com a intenção de matá-la. O dolo se projeta de forma direta no resultado morte. 
Indireto – alternativo ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção alternativa:; ferir ou matar. Eventual ex: o agente pretende atirar na vítima, que se encontra conversando com outra pessoa. Percebe que, atirando na vítima, pode também atingir a outra pessoa.Não obstante essa possibilidade, prevendo que pode matar o terceiro é-lhe indiferente que este último resultado se produza. Ele tolera a morte do terceiro. Para ele, tanto faz que o terceiro seja atingido ou não, embora não queira o evento. Atirando na vítima e matando também o terceiro, responde por dois crimes de homicídio: o primeiro, a título de dolo direto; o segundo, a título de dolo eventual. 
O dolo direto é equiparado ao dolo eventual, equiparação advinda de longo debate doutrinário. No CP, o dolo direto está contido na expressão “quis o resultado” (art. 18, I, 1º parte); o dolo eventual se encontra na expressão “assumiu o risco de produzi-lo” (art. 18, I, 2º parte). O dolo alternativo também se encontra na expressão “quis o resultado”: se ele quis um ou outro resultado, e produziu um deles, não deixou de querê-lo.
Natural – não contém a consciência da antijuridicidade, tese perfeitamente adaptável ao nosso CP. Pelo que dispõe o art. 21, se o sujeito atua sem a consciência da ilicitude do fato, fica excluída ou atenuada a culpabilidade, se inevitável ou evitável o erro. Pelo que se entende o dolo subsiste. 
Geral (erro sucessivo) – há um fato dividido em duas fases: 1º) realização de uma conduta tendente à produção de determinado resultado. 2º) crendo que o evento desejado em face do primeiro comportamento já ocorreu, o agente passa a realizar uma segunda conduta com finalidade diferente, verificando-se que o resultado querido na primeira fase só acontece por causa da ação concretizada na segunda. Ex: o sujeito apunhala a vítima e, acreditando que já se encontra morta, pretendendo cometer ocultação de cadáver, joga-a nas águas de um rio, vindo ela a falecer em consequência de asfixia por afogamento; o agente, após disparar tiros de revólver na vitima, e acreditando que já está morte, pendura-a numa árvore pelo pescoço para simular um suicídio por enforcamento, ocorrendo a morte por asfixia. 
Nesses casos temos três orientações: 1) o sujeito responde por homicídio doloso consumado, pois o dolo dele era de matar, e mesmo que não da maneira como ele pensava o resultado morte ocorreu. Orientação da apostila e de quase unanimidade dos autores brasileiros. Aqui se a vítima é salva antes de morrer o agente responde por tentativa. 2) há dois crimes em concurso material: tentativa de homicídio na primeira fase e homicídio culposo, na segunda. Crítica – se, na segunda fase, a vítima morre há homicídio culposo, mas e se a vítima vem a ser salva da morte por terceiro, não morrendo por circunstância alheias à vontade do agente, haveria tentativa de homicídio culposo e sabemos que isso não é possível. 3) posição de Damásio. Existe somente uma tentativa de homicídio.
Agravação pelo resultado (preterdoloso – art. 19)
Todo crime preterdoloso é um crime qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso.
A expressão “ao menos culposamente” indica a existência de casos em que o resultado qualificador admite dolo, como em algumas hipóteses de lesão corporal grave e gravíssima (§§ 1º e 2º art. 129 CP). Quando isso ocorre, como é obvio, não se pode falar em crime preterdoloso, mas simplesmente em delito qualificado pelo resultado.
Há assim: Dolo + Dolo = qualificado pelo resultado; Dolo + Culpa = preterdoloso. Exemplos folha manuscrita.
Nos crimes preterdolosos, o nexo em relação ao resultado qualificador é a culpa. Não sendo previsível, ocorrendo caso fortuito ou força maior, não estando no desdobramento normal da conduta, o resultado não é atribuível ao agente, que só responde pelo fato antecedente. Se não houver a previsibilidade, um dos elementos necessários à caracterização do delito culposo, o resultado não poderá ser atribuído ao agente. 
Crime Culposo (art. 18, II)
Para a Teoria Clássica: a culpa baseia-se na previsibilidade do resultado – quando o sujeito, não empregando a atenção e cuidado exigidos pelas circunstâncias, não previu o resultado de seu comportamento ou, mesmo o prevendo, levianamente pensou que ele não aconteceria. Não integra a conduta, sendo elemento da culpabilidade (teoria psicológica da culpabilidade).
Para a Teoria Finalista: a culpa funda-se na aferição do cuidado objetivo exigível pelas circunstâncias em que o fato ocorreu – a conduta torna-se típica a partir do instante em que não tenha manifestado o cuidado necessário nas relações com outrem. É elemento subjetivo do tipo ou do injusto, integrando o comportamento (teoria normativa pura da culpabilidade). 
Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntária que produz um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. 
Obs: Os crimes omissivos próprios não admitem a modalidade culposa (arts.135, 320, 244). Os crimes omissivos impróprios admitem a modalidade culposa. (arts.121, 129).
Elementos do fato típico culposo (conduta, inobservância do dever de cuidado objetivo - imprudência, negligência imperícia -, resultado lesivo involuntário, nexo de causalidade, previsibilidade objetiva - pois a subjetiva é da esfera da culpabilidade - e tipicidade):
Conduta – 1) realização voluntária de uma conduta de fazer ou não fazer. O Agente não pretende praticar um crime nem quer expor interesses jurídicos de terceiros a perigo de danos. Falta, porém, com o dever de diligência exigido pela norma. 2) é o ato humano voluntário, dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é, por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, tipificado previamente na lei penal.
Inobservância do dever de cuidado objetivo – A todos no convívio social é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não produzir danos a terceiros (dever de cuidado objetivo). A lei estabelece quais os deveres e cuidados que o agente deve ter quando desempenha certas atividades, mas é impossível uma regulamentação jurídica que esgote todas as possíveis violações de cuidado nas atividades humanas (tipo aberto, não há como prever todas as condutas culposas – baseia-se no convívio em sociedade, os cuidados que cada um deve ter. São regras de comportamento, para convivermos harmoniosamente em sociedade). Por isso, o dever de diligência é aferido no âmbito do cuidado exigido no caso concreto, confrontando a conduta do agente que causou o resultado lesivo com aquela que teria um homem razoável e prudente (homem médio) no lugar do autor.
Resultado lesivo involuntário – Embora o agente tenha deixado de observar o seu dever de cuidado, praticando, por exemplo, uma conduta extremamente imprudente, pode haver situações em que seu comportamento não cause danos aos bens juridicamente tutelados pelo Direito Penal. Em casos tais, o agente não responderá pela prática de um delito culposo, uma vez que, para que reste caracterizada esta espécie de crime, é preciso que ocorra, como regra um resultado naturalístico, ou seja, aquele no qual haja uma modificação no mundo exterior. Essa exigência vem expressa no inciso II do art. 18 do Código Penal, que diz ser o crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Assim, só haverá ilícito penal culposo se da ação sem o cuidado resultar lesão a um bem jurídico, caso contrário a inobservância do dever de cuidado não constitui conduta típica culposa.
Nexo de causalidade – Relação de causalidade prevista no art. 13. Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contrarie os cuidados objetivos, se for verificado que o resultado se produziria mesmo sendo observados esses cuidados, ou seja, independentemente da ação descuidada do agente.
Previsibilidade – Além da conduta, da sua inobservância a um dever de cuidado objetivo, adicionados à ocorrência de um resultado naturalístico e do necessário nexo de causalidade, é preciso, também, que o fato seja previsível para o agente, que haja possibilidade deser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontra. Não existe assim, crime culposo se o resultado vai além da previsão. Trata-se de uma previsibilidade presente, atual, nas circunstâncias do momento da realização da conduta de acordo com o que normalmente pode acontecer e não o excepcional. Não se projeta para o futuro remoto. Não se confunde com o dever de prever (dever de cuidado), fundado na diligência ordinária de um homem qualquer. 
P 1. objetiva – Possibilidade de antevisão do resultado por uma pessoa prudente e de discernimento, estando fora do tipo penal culposo o resultado que estiver fora da previsibilidade objetiva do homem razoável, não sendo, assim, culposo o resultado que só teria sido evitado por pessoa extremamente prudente. Só é típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato era possível de ser previsto pela perspicácia comum, normal dos homens (Welzel). 
P 1.1 princípio do risco tolerado: há comportamento perigoso imprescindível que não pode ser evitado, ou seja, a ação, mesmo arriscada, deve ser praticada. Se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe foi atribuído pela sociedade, mesmo que a conduta praticada importe na criação do risco de lesão ou perigo de lesão aos bens de terceira pessoa, se tal comportamento se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados pela sociedade e se dessa conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso. Para a determinação em concreto do crime culposo, esse comportamento, embora previsto o resultado, não pode ser tido como ilícito. Exemplo na folha manuscrita.
P 1.2 princípio da confiança: como o dever de cuidado objetivo é dirigido a todos não se pode exigir que as pessoas ajam desconfiando do comportamento dos seus semelhantes. Não se imputará objetivamente os resultados produzidos por quem obrou confiando que os outros se manteriam dentro dos limites do perigo permitido. Para a determinação em concreto da conduta correta de um, não se pode deixar de considerar aquilo que seria lícito, nas circunstâncias, esperar de outrem (da própria vítima). Exemplo na folha manuscrita.
P 2. subjetiva – A previsibilidade subjetiva é um elemento fundamentador da reprovabilidade daquela falta de observância do cuidado exigido (Welzel). É possibilidade de o sujeito, segundo suas aptidões pessoais e na medida de seu poder individual, prever o resultado. Capacidade de previsão do próprio agente, só havendo culpabilidade se o sujeito pudesse prever o resultado.
A previsibilidade objetiva se projeta no campo do tipo penal culposo; a subjetiva na esfera da culpabilidade. Assim, se houver previsibilidade objetiva (o homem comum fosse capaz de prever o resultado), mas faltar a subjetiva (o agente, diante de suas aptidões pessoais não pudesse prever o resultado) o fato será típico, mas não haverá culpabilidade.
Portanto a imprevisibilidade objetiva exclui a tipicidade; a subjetiva exclui a culpabilidade.
A previsibilidade subjetiva deve ser estabelecida conforme a capacidade de previsão de cada indivíduo, sem que para isso se tenha que recorrer ao “termo médio” ou “critério de normalidade”. A previsibilidade objetiva é uma abstração (homem razoável, médio, padrão, modelo, comum etc) que não se consegue definir. 
Crítica: Exclui a tipicidade do fato praticado por agente que, por suas qualificações, tem maiores possibilidades de prever o resultado que o homem comum se esse resultado não era previsível por este. Assim, o fato não será típico se e resultado só pudesse ser previsto por homem extremamente prudente, mesmo que o agente assim o fosse, pois o homem médio não seria capaz de prever esse resultado. 
T 1. Tipicidade – Determina-se a tipicidade formal através da comparação entre a conduta do agente e o comportamento presumível que, nas circunstâncias, teria uma pessoa de discernimento e prudência ordinários. É típica a ação que provocou o resultado quando se observa que não atendeu o agente ao cuidado e à atenção adequados às circunstâncias.
T 1.1 tipo aberto: Fala-se em tipo aberto quando o legislador, em razão da impossibilidade de prever todas as condutas passíveis de acontecer na sociedade, cria tipos nos quais não descreve de forma completa e precisa o comportamento considerado proibido e criminoso, o que impõe a necessidade de complementação pelo intérprete da norma. Nessa linha, tipo aberto é aquele que traz em seu bojo requisitos normativos, de forma a exigir do aplicador do Direito, a realização de juízo normativo. Exemplificando: Homicídio culposo ou praticar ato obsceno. A norma penal não especifica o que seja ato obsceno, cabendo ao intérprete buscar a sua definição, também não descreve quais as formas de cometer homicídio culposo, cabendo ao interprete analisar o caso em questão.
Embora os tipos culposos possam ser considerados como abertos, existem algumas exceções a essa regra, a exemplo do que ocorre com a receptação culposa, prevista no § 3Q do art. 180 do Código Penal, onde há a narração completa do comportamento típico, assim como o art. 38 da Lei na 11.343, de 23 de agosto de 2006. 
T 1.2 excepcionalidade dos crimes culposos: Art. 18 PU. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. A regra contida nesse parágrafo é a de que todo crime seja doloso, somente e falando em delito culposo quando a lei penal expressamente fizer essa ressalva. O dolo é regra; a culpa exceção. Quando o Código admite a modalidade culposa, há referência expressa à culpa. Quando o Código descrevendo um crime, silencia a respeito de culpa é porque não o concebe a modalidade de culpa, só admitindo a dolosa.
Quando o sujeito pratica o fato culposamente e a figura típica não admite a modalidade culposa, não há crime. Ex: o sujeito destrói culposamente coisa alheia. Analisando as figuras penais do crime de dano (arts. 163 a 166) não há referência à modalidade culposa. Logo, o dano só admite a forma dolosa. Como o sujeito agiu com culpa, não reponde por crime algum. Subsistindo, se for o caso, a responsabilidade civil pela reparação dos prejuízos sofridos pelo prejudicado.
Em síntese o processo de adequação típica do crime culposo envolve as seguintes etapas: 1) analisa-se qual o dever de cuidado objetivo na situação em que o fato ocorreu; 2) verifica-se se o resultado produzido era objetivamente previsível; 3) constatadas a quebra do dever de cuidado que a todos se impõe e a possibilidade de antever o resultado, segundo se espera de uma pessoa de mediana prudência e discernimento, o fato será típico; 4) a tipicidade é um indício de ilicitude do comportamento, eu só não será antijurídico se praticado sob amparo de alguma excludente de ilicitude; 5) finalmente, analisa-se a previsibilidade subjetiva do resultado produzido, se presente, o sujeito responderá pelo crime; se ausente, ficará excluída a culpabilidade.
Compensação de culpas: é incabível em matéria penal. A culpa do ofendido não exclui a culpa do agente. Só não responde o sujeito pelo resultado se a culpa é exclusiva da vítima (princípio da confiança). Ex: alguém dirigindo em alta velocidade atropela e mata uma pessoa que atravessava a rua fora da faixa de pedestres. A atitude imprudente do pedestre não exime a responsabilização penal do também imprudente motorista. Poderá, no máximo, gerar um reflexo na pena, servindo o comportamento da vítima como uma circunstância judicial favorável ao réu (art. 59). 
Concorrência de culpas: quando dois ou mais agentes, agem juntos e culposamente dão causa a um resultado, fala-se em concorrência de culpas. Todos respondem pelo resultado, cada qual na medida de sua culpabilidade. Não existe concurso de pessoas, pela ausência do liame subjetivo entre os agentes. Ex: o motorista A em alta velocidade colide com o motociclista B que atravessava no sinal vermelho, na batida a moto acerta C pedestre que andava na calçada e o mata. Tanto A como B responderão por homicídio culposo, pois suas condutas imprudentes somaram-se na produçãodo resultado. Outro exemplo: suponha que apenas A e B estejam envolvidos no acidente e que B também esteja em um carro, ambos responderão por lesões corporais culposa visto ambos agiram com culpa, sendo réu a vítima ao mesmo tempo. Lembrando que aqui também se pode usar o comportamento da vítima para favorecer o réu (art. 59).
Divisões de Culpa: 
Modalidades – formas de manifestação da falta de cuidado objetivo. Pelo art. 18, II são por imprudência (prática de ato perigoso), negligência (falta de precaução) e imperícia (falta de aptidão técnica ou prática – só pode ser atribuída a alguém no exercício de sua arte ou profissão, assim, se o sujeito realiza uma conduta fora de sua arte, ofício ou profissão, não há que se falar em imperícia, mas em imprudência ou negligência). São imprecisos os limites dessas modalidades de culpa e podem, ainda, coexistir no mesmo fato. 
Espécies - 1) Culpa inconsciente, sem previsão ou comum: o agente não prevê o resultado, embora este seja previsível. 2) Culpa consciente ou com previsão: o agente prevê o resultado, mas espera que este não aconteça, não o aceita como possível, por confiar em suas habilidades. 3) Culpa própria ou comum:o resultado não é previsto, embora seja previsível. O agente não prevê o resultado nem assume o risco de produzi-lo. Como na culpa inconsciente é aquela produzida por imprudência, negligência ou imperícia. 4) Culpa imprópria, por extensão, equiparação ou assimilação: o agente realiza um comportamento doloso (prevê e quer o resultado) mas sua vontade está viciada por erro que poderia, com o cuidado necessário, ter evitado. O resultado é atribuído ao agente a título de culpa, em face de um erro precedente em que incorreu que o fez compreender mal a situação e interpretar equivocadamente os fatos. Ex: erro de tipo permissivo inescusável (art. 20, § 1º, segunda parte) e o excesso culposo nas excludentes de ilicitude (art. 23, PU, parte final). 5) Culpa presumida: atribuição do resultado ao agente simplesmente porque transgrediu alguma norma, mesmo que não haja imprudência, negligência ou imperícia no caso concreto, ou seja, culpa derivada da simples inobservância de disposição regulamentar. É uma forma de responsabilidade penal objetiva, atribuída pelo resultado, independentemente de dolo ou culpa. tal espécie de culpa não é mais admitida pelo nosso ordenamento jurídico, e o último Código Penal que a contemplou foi o de 1890, e por conta disso a maioria dos autores modernos se exime de comentá-la. Ex: Do atropelamento provocado pelo condutor de veículo que dirigisse sem habilitação legal, presumia-se a sua culpa simplesmente porque o condutor transgrediu uma norma de trânsito, ainda que no caso concreto a culpa tenha sido exclusiva da vítima. 6) Culpa Mediata ou indireta: Ocorre quando o agente produz um resultado e em virtude deste produz um segundo resultado, ou seja, determinando de forma imediata certo resultado, vem a dar causa a outro. Ex: o assaltante aponta uma arma a um motorista que está parado no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo atropelado; é questionada a existência de culpa do assaltante na morte do motorista. Outro exemplo: o pai, na tentativa de socorrer o filho atropelado culposamente por um veículo, vem a ser apanhado e morto por outro. Questiona-se a existência da culpa do primeiro atropelado no segundo resultado (morte do pai). Os problemas se resolvem pela previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado.
Graus de Culpa: há três graus de culpa: levíssima, leve e grave. A medida se da conforme a maior ou menor previsibilidade do resultado e da maior ou menor falta de cuidado objetivo por parte do sujeito.
O Código de 1940 em seu art. 42 considerava o grau de culpa na dosagem da pena. Com a reforma penal de 1984, o atual Código em seu art. 59 não considera grau de culpa para fixação da pena, não interferindo na dosagem da pena. Entretanto, o grau de culpa, deve ser apreciado como uma das circunstâncias do fato. Motivo pelo qual alguns doutrinadores afirmarem que o grau de culpa influencia na dosimetria da pena.
Da culpa levíssima dificilmente pode decorrer responsabilidade penal, pois esta inexiste quando o sujeito tomou os cuidados de que era capaz. Entretanto, o silêncio da lei, conduz à responsabilidade penal.