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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Comentários AP 1 – 2017. 1 Disciplina: Linguística V – Práticas de leitura Coordenadora: Bethania Mariani Comentário Nesta avaliação presencial você deveria se lembrar da polissemia da palavra Leitura! A noção de leitura é diferente em cada uma das perspectivas teóricas estudadas em nossas aulas. Do ponto de vista da Análise do Discurso, conforme Pêcheux e Orlandi, o conceito de leitura envolve a relação entre o sujeito-leitor e suas histórias de leituras, suas práticas cotidianas que são constituídas historicamente. É na relação com a historicidade e com a memória dos dizeres que a leitura se produz. Desse modo, como afirma Eni Orlandi, Ler é saber que o sentido pode ser outro! Assim, analisar discursivamente é compreender como a leitura produz sentidos em condições de produção diversas, tendo em vista diferentes posições sujeito. É compreender que a produção de sentidos está em relação às diferentes maneiras como as coisas do mundo são significadas na e pela linguagem em palavras, gestos, poemas, imagens, etc. Nesta Avaliação Presencial (AP1), tivemos duas questões tematizando leitura e Análise do Discurso. (1) Na primeira você deveria ter definido pelo menos dois conceitos teóricos (peso 3,0) e, necessariamente, mobilizado esses conceitos ao desenvolver uma análise sobre os deslocamentos de sentido de “notório saber”, em dois distintos textos – um texto legal e uma charge (peso: 4,0). (2) Na segunda questão, por sua vez, você deveria fazer uma leitura das alternativas e marcar Verdadeiro (V) ou Falso (F) (peso 3,0). Era fundamental ter o cuidado de justificar o motivo de a alternativa ser falsa em relação aos conteúdos estudados nas aulas. Questões 1. Em nossas aulas, trabalhamos a definição de leitura pela perspectiva da Análise de Discurso. Fizemos diversas leituras e atividades de análise com o objetivo de compreender os diferentes gestos de interpretação empreendidos em relação a condições de produção e posições sujeito diversas. A temática da reforma do Ensino Médio, medida provisória aprovada em 17 de fevereiro desse ano de 2017, está sendo frequentemente discutida por profissionais da educação, alunos e pela mídia, de modo geral. Um ponto passível de polêmica diz respeito ao aumento considerável do número de horas-aula anual, sem que haja devidos investimentos nas escolas, para que suportem o aumento da carga horária. Outro ponto divergente se refere à possibilidade instituída na nova lei de contratação de profissionais com “notório saber” para atuar como educadores. Considerando, assim, as condições de produção da medida provisória supracitada e os modos como tal lei vem sendo discursivisada, ou seja, significada, leia os dois textos a seguir: Texto 1 “Art. 1º O art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: (...) § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. (...) Art. 6º O art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: (...) IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (...) Fonte: Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, disponível no site do Senado Federal – link: http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=251273&norma=270661 Texto 2 Fonte: Charge disponível no blog “Grooeland” – Link: http://grooeland.blogspot.com.br/2016/09/a-reforma-do-ensino-medio.html Em sua resposta: 1.1 Escolha e defina pelo menos dois conceitos (valor 3,0): Discurso, Sujeito, Condições de produção, Posição sujeito, Interdiscurso, Interpretação, Ideologia. Nesta questão, era obrigatória a definição de pelo menos DOIS CONCEITOS dentre as opções propostas. Os conceitos deveriam ser definidos segundo a perspectiva teórico-metodológica da Análise do Discurso, conforme as leituras realizadas nas nossas aulas e atividades realizadas. Assim, discurso deveria ter sido definido como o objeto da Análise do Discurso. Para Pêcheux, no livro Análise Automática do Discurso – 1969 (AAD-69), o discurso é “efeito de sentidos entre os pontos A e B”. Sujeito, em Análise do Discurso, é interpelado pelo ideológico e atravessado pelo inconsciente. Desse modo, o sujeito não tem controle sobre o dizer nem sobre o(s) sentido(s). No discurso, ao dizer x e não y, o sujeito ocupa uma posição-sujeito, que o filia a uma rede de sentidos. A noção de condição de produção compreende, de acordo com Orlandi (2002), fundamentalmente os sujeitos e a situação. Em um sentido mais estrito, temos o contexto imediato. Já em um sentido mais amplo, as condições de produção incluem o contexto sócio-histórico, ideológico. Interdiscurso, para Orlandi, tem íntima relação com a memória discursiva. Em linhas gerais, esse conceito define-se por algo que fala antes, em outros processos discursivos, e que produz efeitos naquele discurso. É o já-dito e esquecido. A interpretação, segundo Orlandi (2002), é “aquilo a que se pode dar sentido, estabelecendo relações entre elementos do texto, as outras frases e o contexto imediato”. Para a AD, interpretação sempre se dá a partir de uma posição ocupada pelo sujeito. Por fim, a ideologia é entendida como um mecanismo de produção de evidência. Os 3,0 pontos destinados a essa questão foram dados ao aluno que definiu de modo satisfatório os dois conceitos. Ao que definiu de forma razoável foram dados 2,0 pontos. Ao que definiu apenas um conceito foi dado 1,5. Como sugestão de revisão para a AP2, você deve definir esses conceitos, dentre outros. Procure ler os autores com muita atenção! 1.2. Mobilizando os conceitos da Análise do Discurso já definidos, desenvolva uma análise que explicite a maneira como os sentidos de '"notório saber" se deslocam do texto (1), da Lei, e para o texto (2), da charge. Procure relacionar tal produção de sentidos com as condições de produção em que a lei foi promulgada. Nesta questão, você deveria produzir uma leitura dos dois textos em questão e elaborar uma análise que levasse em conta a movência dos sentidos de “notório saber”, em ambos os textos. O desejável era que fossem trazidos os conceitos definidos no item 1.2. Era também esperado que fossem feitos comentários a respeito das condições de produção da lei, em nossa conjuntura sócio-histórica-ideológica, e como a lei, enquanto texto, linguagem, se abre à leitura, por isso, rompe-se com a ilusão de um sentido único, imparcial. O termo “notório saber” produz distintos efeitos de sentido, no texto legal e na charge. Recebeu a nota 4,0 o aluno que produziu uma análise, mobilizando os conceitos escolhidos. Recebeu 3,0 aquele que produziu uma análise, mas não se apropriou dos conceitos. 2,0 o que apenas teceu comentários a respeito dos textos. 2. Em nossas aulas, trabalhamosa noção de leitura a partir de perspectivas teóricas diferentes. Considerando o conteúdo estudado, leia os enunciados a seguir. Em seguida marque Verdadeiro (V) para as respostas que você considera corretas e Falso (F) para as que você considera incorretas. Sempre que o enunciado for Falso (F), lembre-se de justificar a sua resposta. 2.1 ( F ) Como vimos nas aulas 1 e 2, de acordo com Paulo Freire, a leitura da palavra escrita e a leitura do mundo não se relacionam, ou seja, a leitura do mundo não tem relação com a leitura do texto escrito. Ao contrário do que está afirmado, conforme vimos e ouvimos nas aulas, a leitura do texto escrito está diretamente relacionada à leitura do mundo que nos cerca. 2.2 ( V ) De uma maneira geral, ampla, estamos entendendo leitura como a possibilidade de atribuir sentidos a tudo que nos cerca, nas nossas relações sociais cotidianas. 2.3 ( F ) A definição de sujeito como descentrado, dividido, afetado pelo inconsciente e interpelado pelo ideológico é fundamental para a Semiótica Greimasiana, conforme a abordagem de A. J. Greimas. A definição de sujeito como descentrado, dividido, afetado pelo inconsciente e interpelado pelo ideológico é fundamental para a Análise do Discurso, conforme a abordagem de Michel Pêcheux e Eni Orlandi.
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