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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
Norberto Quesada
Seminário Evangélico de Cuba
“Los Pinos Nuevos”
2005
Matéria: Teologia do Novo Testamento
Professor: Norberto Quesada
Justificativa do Curso
Um conhecimento do conteúdo teológico o Novo Testamento é absolutamente necessário para o ministro que pretende basear seu ministério na revelação do Novo Testamento. E deve-se procurar adquirir a capacidade de analisar teologicamente os vários problemas que atualmente são enfrentados pelos pastores.
OBJETIVO GERAL
O curso oferece um conhecimento da História do desenvolvimento da Teologia do Novo Testamento e do estado da investigação atual. O estudante deve entender as várias aproximações a Teologia do Novo Testamento e as implicações de cada um. Procura fornecer ao estudante a habilidade de analisar um problema para buscar uma solução à luz da Bíblia.
PLANO DE CURSO
Tema I – História do Desenvolvimento da Teologia Bíblica
Objetivo: O estudante deverá entender a história do desenvolvimento da Teologia Bíblica e o estado atual da Teologia Bíblica.
Temas Particulares:
Introdução a Teologia Bíblica
Definições de termos
Uma história da Teologia Bíblica
Tema II – As aproximações da Teologia Bíblica
Objetivo: O estudante deverá compreender as várias formas de fazer Teologia do Novo Testamento em particular as aproximações históricas e confessionais.
Temas Particulares
Aproximação Histórica
Aproximação Confissional
Outras aproximações
Tarefas relacionadas com a Teologia do Novo Testamento
Nossa aproximação a Teologia do Novo Testamento
Tema III: Conteúdo da Teologia do Novo Testamento
Objetivo: O estudante deverá entender o conteúdo teológico do Novo Testamento.
Temas Particulares
Jesus – A mensagem do Reino de Deus
Paulo – A Soteriologia Paulina
Evangelhos Sinóticos – Messianismo e Implicações escatológicas
Atos e Cartas Católicas – A Igreja em busca da identidade
João – A divindade de Jesus
Metodologia
O estudante deverá cumprir com várias leituras, uma prévia, um exame final, um projeto, três pesquisas de reação e uma avaliação de um documento específico.
Avaliação
	Projeto
	20%
	Pesquisa de reação
	10%
	Avaliação
	10%
	Exame Final
	60%
PROJETO
O projeto deverá de ser escrito em cinco páginas escrito a maquina em duplo espaço sem contar as notas bibliográficas nem bibliografia. O projeto deve responder a um dos seguintes problemas ou deve apresentar o conceito bíblico de um dos seguintes temas.
É um pastor de uma igreja de 150 membros. Um dia se dá conta que os cultos de adoração tem caído na rotina. Interessa-lhe evitar o perigo de “perder o sentido da Fé”. Deve responder a pergunta: O que é adoração? e Como se aplica à igreja hoje?
Um jovem de sua igreja completou 18 anos e deve inscrever-se na Junta do Serviço Militar. Não está disposto a subornar e nem mentir, goza de boa saúde e pagaria seus anos de serviço, mas sente que não pode em plena consciência receber treinamento para matar outro ser humano em nome do Estado. Deve responder a seguinte pergunta: “Qual é o conceito bíblico de guerra (tanto no Antigo testamento como nos ensinamentos de Jesus)? O que implica para o jovem de hoje com relação ao serviço militar?”.
Um casal de uma igreja tradicional se une a sua congregação. Precisa-se uma informação teológica e tem um bebê recém nascido, pede que batize a criança. Deve responder a pergunta: O que é o batismo? E deve ser aplicado a crianças?
Descreva um problema que sua igreja tem vivido ou esteja vivendo e tente solucioná-la a luz da Bíblia. Apresente a descrição escrita do problema ao professor para receber sai aprovação antes de trabalhar nele.
Pesquisa de Reação
A cada sexta feira é feita ao máximo para entregar uma pesquisa escrita em duas folhas a máquina. Deve reagir negativa ou positivamente a algum tema apresentado no material. Deve mostrar conhecimento do tema, capacidade de reflexão e análise e capacidade de escrever.
Avaliação
Leia, analise a opinião do autor dos artigos que aparecem nos apêndices.
Exame Final
	Conteúdo da TNT
	Reino de Deus nos Evangelhos
	
	Justificação em Paulo
	Redenção e reconciliação em Paulo
	
	Vida de Cristo em Paulo 
	Jo. 1: 1-18 e implicações
	
	sua ipsius interpres
	Textos de prova
	Método Histórico - crítico
	Heilsgeschichte
	Teologia Dialética
	Teologia Existencialista
	Hermenêutica
	Teologia Bíblica
	Teologia Sistemática
	Teologia Histórica
	Método descritivo
	Método Confessional
	Método Seccional
	Uso do AT e NT
	Relação Teologia- História
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DONNER, Theo G. Pautas para uma Teologia do Novo Testamento. Medellín, SBC, 1990.
HASEL, Gerhard. New Testament Theology: Issues in the Current Debate. Grand Rapids: Eerdemans, 1972.
KNIGHT, G. ed. The New Testament and its Modern Interpreters. Atlanta: Scholars Press, 1989.
LOHSE, Eduard. Teología del Nuevo Testamento. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1975.
LONGENECKER, Richard. Biblical Exegesis in the Apostolic Period. Grand Rapids: Eerdmans, 1975.
NEILL, Stephen. The interpretation of the New Testament: 1861 – 1961. Oxford: University Press, 1964.
REVENTLOW, V. H. G. Problems of Old in Testament Theology in the Twentieth Century. London: SCM Press, 1985.
SPACHT, Randall. Preparativos para uma teología Del Nuevo Testamento Histórica. Medellín, SBC, 1992.
STRECKER. G. Das Probleme der Theologie des Neuen Testaments. Darnstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1975.
FLORES, José. El Texto de Nuevo Testamento. Terrasa, Barcelona: CLIE, 1977.
BRUCE , F.F El Mensaje Del Nuevo Testamento. Buenos Aires, Argentina: CERTEZA, 1975.
BENWARE, Paul. N. Panorams Del Nuevo Testamento. Grand. Rapids, ML Portavoz. 1999.
DUNNETT, W. M. Síntesis Del Nuevo Testamento. Miami FLA.: Caribe, 1985.
LEA, Thomas D. El Nuevo Testamento Su trasfondo e su mensaje. Bielorrusia: Mundo Hispano. 2004.
HESTER H.I. Introducción al estúdio Del Nuevo Testamento. Candá : Casa Bautista de Publicaciones. 1999.
LADD, George E. Crítica Del Nuevo Testamento: Una perspectiva evangélica. USA: Mundo Hispano. 1990.
MEAS Henrietta C. Lo que nos dice el Nuevo Testamento. Miami, FLA.: VIDA. 1979.
PACKER, J.L. TENNY, Cerril C., WHITE, Willian, Jr. El mundo Del Nuevo Testamento. Miami, FLA.: VIDA 1985.
MALINA, Bruce J. El mundo Del Nuevo Testamento: Una perspectiva desde la Antropología Cultural. Navarra, España: Verbo Divino. 1994.
ÍNDICE
CAPÍTULO 1.
O que é Teologia Bíblica?
O que é teologia?
Os três sentidos de Teologia Bíblica
Relação com as outras disciplinas Bíblicas
Hermenêutica e Exegese
História do Novo Testamento
Crítica
Teologia Dogmática
Teologia Histórica
Definição da Teologia Bíblica
CAPÍTULO 2
Breve História do Desenvolvimento do Novo Testamento
Pré Reforma
O Novo Testamento Mesmo
A Igreja Primitiva
A Igreja Medieval
Reforma
Lutero e sua contribuição
Escritura
REGULA FIDEI Y SUI EPSIUS INTERPRES
Hermenêutica
Os Reformadores Calvinistas
Escolasticismo Protestante
A reação pietista 
Iluminismo
Racionalismo como Substância do Iluminismo
J.P. Gabler
Desenvolvimento Posterior
Reações Conservadoras
Influência Hegelianas
A reação contra o Hegelianismo
Ritschl
Reemplantamento conservador da Aproximação Histórica
Liberalismo
CAPÍTULO 3
A metodologia da Teologia do Novo Testamento
3.1 Método descritivo Histórico
3.1.2. E. Jacob
3.1.3. E. Lohse
3.1.4. J. Jeremias
3.1.5. A. M. Hunter
3.1.6. Crítica
3.2. Método confessional/Kerigmático
3.2.2. P. van Imschoot
3.2.3. M. Mernertz
3.2.4. K. H. Schelckle
3.2.5. Crítica
3.3. Métodos Mistos
3.3.1. Método Diacrônico
3.3.2. Método Temático Histórico
3.3.2.1. D. Guthrie
3.4.2.2. L. Morris
3.4. Métodos Alternos
3.4.1.Heilgeschichte
3.4.1.1. Proponentes
3.4.1.2. G. Von Rad
3.4.1.3. O Culmann
3.4.2. Método Existencialista
3.4.3. Crítica de métodos alternos
3.5. Conclusão
Capítulo 4 – Hipóteses da Teologia do Novo Testamento
Tensão do Ponto de Partida
Tensão do meio de sistematização
Tensão da meta da Teologia do Novo Testamento
Tensão da Natureza do texto
Tensão entre o Antigo e o Novo Testamento
Conclusão
Capítulo 5. Nossa Metodologia
5.1. Um método misto
5.1.1. Predominância do método descritivo
5.1.2. Classe de organização pessoal
5.2. Procedimento Histórico-cronológico
5.3. O centro da teologia do Novo Testamento
5.3.1. Ensinamentos de Jesus
5.3.2. Instruções de Paulo
5.3.3. Comentários dos evangelistas sinóticos
5.3.4. Atos e Epístolas Católicas
5.3.5. Comentários de João
5.4. Conclusão
Capítulo 6 – O Reino de Deus em Paulo
6.1. O reino de Deus em Paulo
6.2. O Rei e seu reinado em Paulo: Cristologia e Teologia
6.2.1. O Messias
6.2.2. Cristo nos credos cristãos pré- paulinos
6.2.3. O Jesus histórico em Paulo
6.2.4. Jesus Cristo como Senhor
6.2.5. Jesus Cristo como Deus
6.2.6. Jesus Cristo como Salvador
6.2.7. Morte de Cristo no pensamento Paulino
6.2.7.1. Expiação como vitória (Teoria do preço como resgate)
6.2.7.2. Expiação como compensação ao Pai. (Teoria da satisfação)
6.2.7.3. Expiação como demonstração do amor de Deus (Teoria da Influência Moral). 
6.2.6.4. Expiação como substituição penal (Teoria Reformada)
6.2.7.6. Expiação como demonstração da Justiça de Deus (Teoria governatória)
6.2.7.7. Antigo Testamento
6.2.7.8. Judaísmo Pré Cristão
6.2.7.9. Ensinamentos de Jesus
6.2.7.10. Credos Paulinos
6.2.7.11. Paulo
6.2.8. Ressurreição de Jesus em Paulo
6.2.9. Centralidade de Cristo para Paulo
6.3. O Reino em outras palavras: Mustrion (Mistério)
6.4. O reino em outras palavras (Mistério)
6.4.1. Antropologia Paulina:
6.4.1.1. Antigo Testamento como fonte do pensamento Paulino
6.4.1.1.1. Nepresh ( - ) “alma”. LXX. Psyche
6.4.1.1.2. ruach (_) “espíritu” LXX – pneuma
6.4.1.1.3. neshamah (_) “aliento” LXX – vários
6.4.1.1.4. basar (_) “carne” LXX – sarx
6.4.1.2. Ensinamentos de Jesus
6.4.1.3. Credos Primitivos
6.4.1.4. Judaísmo pré-cristão
6.4.1.4.1. Qumram
6.4.1.4.2. A Literatura apocalíptica também apresenta esse dualismo ético
6.4.1.5. Helenismo
6.4.1.5.1. Os rituais órficos incluíam a prática de êxtase religiosa
6.4.1.5.2. A filosofia platônica
6.4.1.5.3. O pensamento grego
6.4.1.6. Aporte de Paulo
6.4.1.6.1. physie
6.4.1.6.2. pneuma
6.4.1.6.3. sarx e soma
6.4.1.6.4. Outro vocabulário Paulino
6.4.1.6.5. Conclusões
6.4.2 JAMARTOLOGIA PAULINA
6.4.2.1. Antigo Testamento
6.4.2.2.1. Apostasia
6.4.2.2.2. culpa
6.4.2.2.3. rebelião
6.4.2.2.4. errar
6.4.2.2.5. Extensão do pecado
6.4.2.2. Judaísmo Pré- cristão
6.4.2.3. Helenismo
6.4.2.4. Ensinamentos de Jesus
6.4.2.4.1. Vocabulário
6.4.2.4.2. Pecado nos sinóticos
6.4.2.4.2. Pecado em João
6.4.2.5. CREDOS PRIMITIVOS
6.4.2.6. PAULO
6.4.2.6.1. Vocabulário e significado
6.4.2.6.2. Origem do pecado em Paulo
6.4.2.6.3. Pecado original
6.4.3. A Soteriologia Descritiva em Paulo
6.4.3. Termos de transferência em Paulo
Apêndices
Nº 1. O elemento mitológico na mensagem do Novo Testamento e o Problema de sua re-interpretação
Nº 2. O propósito do problema da desmistificação (1963)
Nº 3. É possível uma exegese sem hipótese?
Guia de estudo
CAPÍTULO 1
O QUE É TEOLOGIA BÍBLICA?
Antes de entrar no estudo da Teologia Bíblica do Novo Testamento, devemos definir claramente o que iremos estudar. Devemos definir o que significam os termos “teologia” e “teologia bíblica”.
O que é Teologia?
Tem-se definido como estudo sobre Deus – “O estudo, cujo propósito é o maior conhecimento de Deus”. Teologia é uma palavra genérica que resume os vários esforços do homem de falar sobre Deus. É uma definição clássica, Tomás Aquino disse: Teologia é ensinada por Deus, sobre Deus e conduz a Deus”.
Teologia é ensinada por Deus. Apenas Deus pode falar sua Palavra e sobre si mesmo. A Bíblia é a expressão da Palavra de Deus na história de seu povo. É uma palavra Histórica. Mesmo que o povo de Deus tenha mudado – no Antigo Testamento é uma nação de Israel e no Novo Testamento é a comunidade de seguidores de Jesus – a natureza da Palavra de Deus é imutável. Sempre é a expressão da vontade de Deus para o seu povo. Isto é evidente nas passagens legais e discursivas, nem tampouco alheio à literatura histórica e narrativa, onde os historiadores bíblicos não se contentam com a descrição dos atos, mas que avaliam os atos à luz da Palavra de Deus conhecida nesse tempo. Assim o estudo da teologia e o estudo da História do povo de Deus são inseparáveis.
Teologia ensina sobre Deus. O tema da teologia é Deus. Assim teologia inclui a reflexão humana sobre a Palavra de Deus anunciada na história. Esta reflexão tem como objetivo o entendimento e a obediência da Palavra. Implica que a relação é pessoal e nasce da fé. A teologia não pode ser escrita por um comitê, nem tampouco por um indivíduo que está fora da igreja.
A Teologia conduz a Deus e o seu propósito é uma compreensão mais profunda e um compromisso mais estreito com Deus na situação pessoal do estudante. A teologia não pode ser distante do desejo de aproximar-se de Deus.
Podprovas DISCURSIVA de TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTOemos colocar um elemento a mais. Teologia sempre busca relacionara fé com as obras, a crença com o comportamento. A Teologia da Libertação chama a nossa atenção à tendência prejudicial de separar a teologia ortodoxa da prática. A “ortopraxis” que não leva a ação. Mas não devemos separar obra da fé. Devemos insistir que ortodoxia necessariamente inclui ação que corresponda ao “dogma”. A teologia deve levar a obediência e compromisso.
O fato de falar de uma “teologia bíblica” implica que de alguma forma esta teologia está envolvida com a Bíblia.
Os três sentidos de “Teologia Bíblica”
Existe um termo da teologia bíblica que possui três possíveis sentidos. “Teologia Bíblica” pode referir aquela teologia que tem os seus fundamentos na Bíblia. A teologia escolástica protestante predominava nas últimas décadas dos séculos XVI e XVII. A reforma havia rejeitado a autoridade da tradição da igreja sobre a teologia a favor da autoridade da Bíblia sobre a teologia. Mas por rejeitar a Regula Fidei, a Reforma devia reiniciar o controle que tinha a igreja sobre as especulações teológicas por algo que exercera um semelhante controle. O que a Reforma indicou como suplente da Regula Fidei era a Bíblia. A Reforma exigiu uma teologia baseada radicalmente na Bíblia. Todavia, o bom início que a teologia bíblica teve com Lutero e Calvino se perdeu no Escolasticismo Protestante. A Teologia Escolástica Protestante se voltou à apresentação de teologia dogmática ortodoxa com a ação de textos bíblicos para apoiar seu ponto de vista. Chamaram este método de “dicta probantia” (textos de prova) Teologia Bíblica (p.e. W. J. Christmann, Teutsche Biblische Theologia, 1629; e H. A. Diest, Teologia Bíblica, 1643). Limita a compreensão do texto bíblico, por quanto impõe sobre o texto uma autoridade teológica exterior.
“Teologia Bíblica” pode referir a teologia que a Bíblia contem. Isto foi o conceito de Gabler, quem insistiu que a teologia bíblica é uma disciplina histórica e descritiva. A tarefa do teólogo bíblico é discernir e descrever o conteúdo teológico de um autor, um grupo de livros ou um período de tempo.
O “Movimento de Teologia Bíblica” deste século apresenta uma terceira definição. Este movimento se distingue entre “Teologia do Novo Testamento” e “Teologia do Antigo Testamento” e “Teologia Bíblica”. Para o Movimento de Teologia Bíblica,
Teologia Bíblica é uma disciplina diferente de uma disciplina do Antigo Testamentoou do Novo Testamento... Teologia Bíblica é uma teologia distintivamente cristã, porque utiliza tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento como escritura.
Para eles a teologia do Antigo Testamento e a teologia do Novo Testamento são disciplinas descritivas, mas a teologia bíblica implica no “reconhecimento da qualidade normativa de tradição bíblica”. Dizem que a teologia bíblica busca organizar e aplicar a teologia do Antigo Testamento e teologia do Novo Testamento à situação contemporânea.
O problema com esta descrição de teologia bíblica é que a teologia dogmática é a “exposição sistemática e coerente da fé... sempre condicionada pelas necessidades polêmica do momento e pela situação histórica concreta que a igreja está vivendo”.
Teologia bíblica é base para teologia dogmática. A teologia bíblica tem um propósito distinto da teologia dogmática. A teologia bíblica é primordialmente uma tarefa histórica-descritiva. Busca sintetizar e resumir o conteúdo teológico do texto bíblico. Para ganhar esse fim o teólogo bíblico está interessado em descrever o sentido original do texto para relacionar esse sentido com a cultura e história particulares do povo e as quais o autor escreveu. A teologia dogmática é primordialmente uma tarefa instrutiva – pastoral. Busca aplicar as conclusões da teologia bíblica à situação do teólogo dogmático. Para ganhar esse objetivo, o teólogo dogmático se interessa em sistematizar na forma coerente o conteúdo de teologia bíblica para apresentar ao povo, sempre com objetivo de prover soluções aos problemas vividas pela população.
Relação com as Outras Disciplinas Bíblicas
O estudo da Teologia do Novo Testamento não pode ser feito de uma forma dissociada. Depende de outras disciplinas e a sua vez é base para outras. A Teologia do Novo Testamento depende da Hermenêutica e Exegese, a História do Novo Testamento e a crítica. É base para a teologia dogmática e a teologia histórica.
Hermenêutica e Exegese
A Hermenêutica é definida pela Real Academia como “a arte de interpretar textos para fixar seu verdadeiro sentido”. O termo vem do grego “hermeneuo”, que significa “expressar em voz alta”, “explicar em outras palavras”, “traduzir para o outro idioma” e “interpretar”. A raiz “herme” é relacionada com o deus romano Hermes, a quem se atribui a invenção dos meios de comunicação – língua e escrita. Exegese é o processo de aplicar a hermenêutica para interpretar e entender o texto dado. Assim, a hermenêutica os princípios que regem a exegese.
Hermenêutica é a disciplina que provê os métodos ou princípios para interpretar os escritos de um autor, é ao mesmo tempo, uma ciência e uma arte. É ciência porquanto segue regras ordenadas de interpretação contextual e gramático-sintática e a histórico-cultural. É arte porquanto a hermenêutica traz sua própria habilidade a tarefa de interpretar e muito depende de sua própria habilidade e autocompreensão seus prejuízos e pré-entendimentos, etc.
A hermenêutica tem que responder a três níveis de compreensão. Deve identificar o sentido original de uma obra. Esta é a compreensão histórica e responde a pergunta: O que o autor quis dizer? Mas deve ir mais além – ao significado original da obra. Esta é a compreensão contextual e responde a pergunta: o que entendeu da escrita original e como aplicou? A finalidade da hermenêutica é a aplicação à situação do hermeneuta. Esta é a compreensão contemporânea e responde a pergunta: o que isso quer dizer para mim?
A hermenêutica e a exegese não seriam necessárias se não fosse por vários obstáculos ao entendimento. O fato que o nosso contexto histórico á distinto ao do tempo bíblico, com uma cultura, um idioma e uma cosmovisão distintos a dos tempos bíblicos, dificulta o entendimento do sentido original de um texto. O fato que temos interesses pessoais e prejuízos nos põe em perigo de fazer exegese – imposição de sentido – em vez de exegese.
As regras de hermenêutica e a prática de exegese são um ponto de partida da teologia do Novo Testamento. Formam as bases de entendimento necessárias para poder cumprir a teologia do Novo Testamento. A teologia do Novo Testamento é a sistematização dos vários resultados da exegese das várias partes do Novo Testamento.
História do Novo Testamento
Sendo que a Palavra de Deus é a Palavra Histórica emitida em um contexto histórico e cultural específico, existirá uma relação íntima entre a Teologia do Novo Testamento e a história do Novo Testamento. A teologia depende da história, porque o Novo Testamento apresenta teologia – em – história.
R. Bultmann sugeriu uma relação antitética entre Kerigma e história no Novo Testamento. Bultmann rejeita a história como base para a fé e sugere que o exegeta deve interessar-se no Kerigma do Novo Testamento. Por isso, dedica menos que 5% de sua Teologia do Novo Testamento a mensagem do Jesus histórico. A fé cristã não é resultado do Jesus histórico, mas do Kerigma do Novo Testamento. Uma aproximação semelhante, mas moderado é o de E. Lohse.
“A teologia do Novo Testamento deve expor sistematicamente as idéias teológicas dos escritos neotestamentários, examinando com rigor cada um desses escritos a fim de mostrar como tem desenvolvido na pregação da qual a igreja extrai a mensagem de Cristo morto e ressurreto, tal como aparece no Novo Testamento”.
Nesta aproximação, a análise crítico-histórica chega a ser um ponto de partida para qualquer teologia do Novo Testamento, já que “seus resultados e ponto de vista nos permitem determinar com exatidão as afirmações teológicas contidas no Novo Testamento”.
Von Rad apresenta a mesma proximidade metodológica quando apresenta o contraste antitético entre a história “proposta pela crítica moderna e que foi fruto da fé de Israel”. Uma teologia do Antigo Testamento trata dos “testemunhos velho-testamentários”. Existe uma debilidade intrínseca na proximidade histórica que questiona a historicidade que os textos que estuda. E Jacob em contraposição a Von Rad disse:
“O Credo do povo consistia na afirmação e na lembranças de fatos históricos. O teólogo do Antigo Testamento não pode portanto ter respeito da história, essa atitude de indiferença que a pouco exibem os filósofos e dogmáticos a respeito das questões históricas. É importante saber (...) se os atos que narram o Antigo Testamento e sobre os quais fundamentam a sua fé tem realmente tido lugar”.
O Novo Testamento se apresenta como um livro histórico. Nossa proximidade aceita e ainda requer a historicidade essencial e veracidade dos textos bíblicos.
Crítica
Tal como é intrinsecamente débil é a proximidade de críticos que questionam a validade do único texto que tem para estudar a história de Jesus, assim outras bases da crítica bíblica radical também são débeis. Existem outras áreas que se poderiam denominar crítica que necessariamente formam base para o estudo da Teologia do Novo Testamento. D. Lührmann enfatiza a relação da crítica com a teologia do Novo Testamento quando organiza seu livro sobre o estudo do Novo Testamento ao redor de três deles:
O Novo Testamento que inclui o estudo do modelo, o texto e a natureza da exegese.
teologia histórica que inclui a crítica textual, crítica literária e a substância do Novo Testamento.
teologia exegética que inclui a teologia dialética, crítica de formas e crítica de redação.
Sua combinação de elementos da teologia do Novo Testamento e a crítica bíblica ilustra a inseparabilidade dos dois estudos.
Todavia, as tarefas normais da crítica bíblica radical – a crítica literária e a crítica histórica – não são tarefas apropriadas para o teólogo bíblico. Aqui se rejeita abertamente o ponto de vista de Barth, Lohse e outros. A crítica histórica geralmente sofre as debilidades mencionadas na seção anterior. Dúvida da veracidade de seu maior testemunho a história do tempo do Novo Testamento. A crítica literária corre o perigo de edificar conclusões sobre as bases inseguras de possibilidades. Na crítica literária sempre estamos em perigoinerente a especulação.
Há outros elementos da crítica bíblica que nos ajudam a entender o texto. A crítica textual, por exemplo, nos ajuda a fixar o texto que estudamos. Em passagens como I Cor. 15: 51, o texto deve fixar-se antes de seguir com a análise teológica. A crítica retórica nos ajuda a entender a estrutura dos argumentos bíblicos. As várias perguntas introdutórias tradicionais (feita de composição, lugar de procedência, autor, propósito, etc) podem chegar a ser importante para o entendimento de um livro. Em geral, deve-se informar de várias perguntas da crítica bíblica radical, antes de iniciar o estudo da teologia do Novo Testamento.
1.3.4. Teologia Dogmática
A teologia Dogmática é: aquela disciplina que busca dar uma declaração coerente das doutrinas da fé cristã, baseado primordialmente nas escrituras localizado no contexto da cultura em geral, expresso no idioma contemporâneo e relacionado como os assuntos da vida.
Geralmente inclui a sistematização dos vários dados por algum esquema (filosofia, sociologia, psicologia, etc.) compreensivo em seu contexto histórico. Este esquema pode ser compreensivo ou parcial. Um teólogo que deseja apresentar uma sistematização do corpo total da fé cristã (assim é a Instituição de Calvino ou Dogmática Eclesiástica de Barth) usaria um esquema compreensivo, pretende ser completo. Um teólogo que deseja apresentar uma solução para um problema ou uma falta teológica específica (assim muitas Teologia de Libertação, O Preço do Discipulado de Bonhoffer) usaria um esquema parcial. Não pretende apresentar um corpo completo de teologia. Ambos esquemas dependem da teologia bíblica para prover os dados teológicos elementares para seu estudo.
Teologia Histórica
A teologia histórica é o estudo e análise de várias teologias dogmáticas que tem se apresentado historicamente. Sendo assim, a teologia histórica estuda a forma em que a igreja em várias idades tem relacionado às escrituras com a sua própria situação histórica. Depois analisa essas formas respeito a sua fidelidade a Palavra de Deus, já que as várias formas formam o fundamentam histórico da teologia dogmática atual. Assim a teologia histórica é a base para a teologia dogmática. A teologia histórica inclui o estudo das bases históricas da teologia dogmática (a teologia dogmática procura identificar com posições teológicas históricas). Mas também a teologia histórica desenvolve o estudo das várias teologias dogmáticas da igreja em suas distintas épocas.
1.4. Definição da Teologia Bíblica
Havendo examinado a definição de teologia, os vários sentidos dados ao termo teologia bíblica e a relação entre teologia bíblica e outras disciplinas teológicas, estamos em condições de definir o termo teologia bíblica.
A teologia bíblica é aquela disciplina que busca sintetizar e resumir a revelação divina expressa nos textos bíblicos ou uma parte, entendidos a luz da história e cultura do receptor inicial e expresso de forma coerente e compreensivo para o leitor moderno.
A teologia bíblica então, sistematiza a revelação divina dos textos bíblicos. Isto implica um sistema de organização coerente e compreensivo. Não há um acordo comum quanto ao sistema de organização na teologia bíblica, mas a necessidade de algum sistema é reconhecida. Os dois esquemas utilizados geralmente são o esquema histórico e esquema temático. Se a revelação de Deus ocorre através dos tempos históricos, a teologia do Novo Testamento deve também incluir pelo menos uma descrição histórica.
A teologia bíblica se baseia radical e concretamente na Bíblia como revelação e inspiração de Deus. Nesse sentido a teologia bíblica é normativa. A teologia bíblica reconhece que a revelação da Bíblia é diversificada. Cada autor tem um aspecto histórico distinto que enfatiza pontos teológicos distintos. Mas a teologia bíblica também reconhece que a inspiração de Deus é constante e consistente. A teologia bíblica, uma vez que é abrangente, deve ser unificada por “colunas” teológicas imutáveis. A diversidade da teologia bíblica corresponde exclusivamente ao veículo de expressão da teologia no Novo Testamento. A unidade da teologia contida no Novo Testamento corresponde ao conteúdo da teologia bíblica. Para expressá-lo em forma positiva, o conteúdo teológico é permanente, porém a formas histórica de expressão é temporária. A tarefa do teólogo bíblico é distinguir entre o conteúdo teológico e sua forma de expressão.
A diversidade e unidade bíblica criam um problema para o teólogo bíblico. A proximidade teológica resolve o problema não enfatizar a diversidade dos conteúdos teológicos de cada autor. Uma proximidade histórica – descritiva não pode resolver o problema assim. Deve buscar algum “centro” para a teologia bíblica. Este “centro” chega ser a coluna principal de imutabilidade na teologia bíblica, da qual todas as demais teologias bíblicas dependem. Nisso encontramos também uma das diferenças entre teologia bíblica e teologia dogmática. A teologia dogmática aceita as conclusões imutáveis. A teologia dogmática está interessada no fim da teologia bíblica, no conteúdo teológico imutável.
A teologia bíblica parte da intenção do teólogo de descrever o que o texto quer dizer, e o que não quer dizer. Aí reconhecemos a proximidade hermenêutica do teólogo bíblico tem que tratar os três níveis, o que o autor quis expressar, o que os receptores entenderam e o que o texto significa para os dias de hoje, a teologia bíblica está interessada exclusivamente nos dois primeiros níveis. O terceiro nível pertence a teologia dogmática.
1.5. Hipóteses Teologia do Novo Testamento
Hipóteses não são facultativas. Bultmann indicou em seu artigo “Existe exegese sem hipóteses?”. Mas Bultmann não vê nenhuma possibilidade de que o homem mude ou escolha suas hipóteses. O homem deve simplesmente reconhecer e aceitar suas hipóteses. Proximidades tradicionais têm procurado ingenuamente eliminar as hipóteses. Bultmann argumenta corretamente que isso é impossível. Mas não considera a possibilidade de aceitar conscientemente certas hipóteses que estejam de acordo com a natureza do estudo da teologia do Novo Testamento. As hipóteses são adquiridas da cultura, a educação e a criação de um indivíduo. Já que são adquiridas, deve ser possível também modificá-las. O estudo da Teologia do Novo Testamento depende parcialmente das hipóteses desde as quais partimos. Neste capítulo, procuramos detalhar as hipóteses que devem dirigir nosso estudo. Tratamos de escolher hipóteses que estão de acordo com a natureza do Novo Testamento.
As hipóteses que temos em cinco áreas em nossas proximidades a teologia do Novo Testamento influenciam nossas conclusões. As hipóteses nessas áreas podem ser expressas em termos de tensões inerentes no estudo da teologia do Novo Testamento.
1.5.1. Hipóteses
O teólogo bíblico pode partir de um ponto de vista objetivo ou subjetivo. Toma a decisão frente à tensão entre a fé e a objetividade.
Pode utilizar-se um meio de sistematização descritiva ou temática na elaboração de sua teologia do Novo Testamento. Toma uma decisão de enfatizar a unidade ou diversidade da teologia do Novo Testamento. O método descritivo enfatizará a diversidade. O método temático enfatizará a unidade.
Pode fixar uma meta descritiva ou normativa para a sua teologia do Novo Testamento.
O conteúdo de sua teologia do Novo Testamento pode partir desde os atos do Novo Testamento ou desde as confissões no Novo Testamento. Esta tensão também reflete a tensão entre Historie e Geschchite no Novo Testamento.
E por último, o teólogo do Novo Testamento deve resolver a tensão que existe entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Pode enfatizar sua continuidade ou diversidade.
1.5.2. Tensão do ponto de partida
Parte do debate entre W. Wrede e Schlatter eram o ponto de partida do teólogo bíblico. Wrede considera que um cristão e um não cristão podem igualmente produzir uma teologia do Novo Testamento. Schlatter considera que para fazer uma teologiado Novo Testamento, um deve partir do mesmo ponto de partida de fé dos autores do Novo Testamento. Em certo sentido, o debate trata de responder a tensão entre objetividade e subjetividade. A resposta de Stendahl – que o crente procure ser objetivo e que o incrédulo procure ter empatia com o crente do primeiro século – pede que o teólogo possa negar seu próprio ponto de partida por conscientemente enfatizar seu lado oposto.
A objetividade é uma meta de alcance para o teólogo bíblico? E se for o alcance? É desejável? Nossa resposta depende de nossa epistemologia. Como se chega à compreensão de algo? Quando o que estudamos é objeto de algo material, o estudo pode ser objetivo (que é objeto? De que se compõe?etc). Mas quando o objeto de estudo é uma pessoa, sai da área totalmente objetiva. Não podemos entender uma pessoa sem entender seu pensamento, sua auto-reflexão, etc. A comunicação vem a ser um passo prévio absolutamente necessário para poder atender as pessoas. O homem, como objeto de estudo, é a vez objeto e sujeito.
Se aceitarmos o conceito bíblico da personalidade de Deus, não podemos estudá-lo como um simples objeto. Apenas podemos entender a Deus em sua relação com o homem. Deus não pode ser estudado de uma forma materialista ou na forma objetiva. O estudo da teologia (a palavra que se refere a Deus) vem a ser um estudo subjetivo. É um estudo da revelação – a forma através da qual Deus se faz conhecido pelo homem. A revelação que temos não em forma dogmática, mas em forma histórica/vivencial. Deus se revela ao homem em sua relação com ele e não através de declarações dogmáticas sobre sua natureza.
O princípio da hermenêutica que “a melhor interpretação do texto procura entender o texto dentro do contexto em que foi dado”, conduz a posição de que é melhor interpretar o texto bíblico desde a fé cristã. Ainda que a objetividade seja uma meta de estudo do texto, não deve ser uma objetividade que separe a exegeta do texto ou de sua relação com Deus.
1.5.3. Tensão do meio de sistematização
O teólogo bíblico tem que escolher entre os vários métodos de sistematização de sua teologia do Novo Testamento mencionados no capítulo anterior, ou fazer um novo método. Essencialmente a seleção do método será determinada pela hipótese do teólogo, quanto a natureza básica da unidade ou da diversidade, o método usado será o descritivo. Se existe unidade em diversidade, o método usado será o misto ou alternativo.
Longenecker insiste na unidade entre expressões diversas da Teologia do Novo Testamento. A diversidade é a o resultado da ação histórica de Deus em uma variedade de situações. A capacidade de compreensão do homem, a expressão circunstancial da revelação e o contexto histórico-cultural no qual o texto foi escrito determinam a diversidade da teologia do Novo Testamento. Todavia, existe uma unidade orgânica da essência do Kerigma do Novo Testamento. O Novo Testamento “debate desde a plataforma em seus vários pontos”.
Podemos notar que um dos pontos principais dos ensinos de Jesus é o conceito do Reino de Deus. Em Paulo, o vocábulo aparece poucas vezes, predominando o conceito de justificação. Este vocábulo pouco aparece nas palavras de Jesus, João enfatiza a fé em Cristo. Todavia, estes três vocábulos, mesmo que diversos em suas expressões, são meramente diferentes para explicar a Soteriologia. Os evangelistas escreveram uma audiência que tem algo de conhecimento da terra da Palestina e tem o propósito de descrever a vida de Jesus. Por isso usam o termo que Jesus usou – Reino de Deus. Paulo e João escreveram sobre pessoas que não compartilham esse conhecimento e aos quais o vocábulo “Reino” pode levar a conceitos autocráticos e burocráticos. Portanto, expressa o mesmo conceito através de vocábulo mui distinto. Longenecker insiste que reconheçamos a “expressão circunstancial” do Novo Testamento.
Vários teólogos têm tentado definir o centro da Teologia do Novo Testamento. Bultmann apresenta a antropologia como o centro. Cullmann diz que o centro da teologia do Novo Testamento é a Heilsgeschichte. Kümmel e Lohse dizem que é a Cristologia. Käsemann busca o centro da teologia paulina em seu conceito de justificação. Outros centros que se tem sugerido são: o pacto, o reino e o reinado de Deus e sua comunão com o homem e a promessa. Outros têm rejeitado a possibilidade de organizar toda a teologia do Novo Testamento em termos de um conceito cêntrico. A advertência de Culmann é valiosa. Devemos cuidar de impor um centro sobre a teologia do Novo Testamento. Devemos observar que o mesmo Novo Testamento apresenta como centro, para depois interpretar os vários temas do Novo Testamento desde esse centro.
1.5.4. Tensão da meta da Teologia do Novo Testamento
Quando alguém escreve uma teologia do Novo Testamento. O que busca? Qual é a sua meta? Existem duas opções, responder a pergunta: que significou? Ou responder: o que significa? Alguém pode buscar simplesmente descrever o conteúdo teológico da revelação do Novo Testamento, ou alguém pode interpretar esse conteúdo para a experiência do leitor moderno.
Childs, através do movimento moderno de teologia bíblica busca desenvolver uma teologia bíblica normativa. O texto bíblico é “uma testemunha do propósito divino de Deus”. A teologia do Novo Testamento deve ir atrás do nível de testemunha do texto a encontrar a realidade do propósito de Deus. Assim que a teologia bíblica não pode fazer-se através de um método descritivo somente. O método descritivo não pode ir atrás do texto para encontrar o propósito de Deus.
Em outras palavras, “a pergunta do que o texto significou e o que significa são inseparáveis e ambas pertencem à tarefa de interpretação da Bíblia como Escritura”.
Stendahl rejeita a normatividade da teologia bíblica e insiste na sua tarefa descritiva e que os textos bíblicos nos levam mais além de si mesmos a uma compreensão do propósito de Deus. Mas a tarefa de ir mais além do texto nos é uma tarefa do teólogo bíblico. Esta tarefa normativa pertence à teologia dogmática.
A. Dulles levanta a questão sobre a separação radical de “o que a Bíblia significou” e “o que a Bíblia significa” Tanto um com o outro são normativos. Isso levanta a pergunta sobre a normatividade da Bíblia para os antigos leitores. Se era normativo para eles, “quando deixou de ser normativo?” A teologia do Novo Testamento pode ter um valor normativo com base na normatividade do que significou o texto?
A questão, todavia, confunde revelação com teologia. A revelação do Novo Testamento era normativa. A revelação não deixa de ser para nós uma revelação, mas para o leitor que sai do contexto histórico e cultural do Novo Testamento, essa revelação requer interpretação. Essa interpretação é a tarefa posterior de organizar essa interpretação em ordem lógica para o leitor moderno, é a teologia do Novo Testamento. O conteúdo da teologia do Novo Testamento possivelmente terá uma força normativa para o teólogo e o estudante trata da revelação normativa de Deus. Todavia em nosso esquema, a teologia tem um rol preparatório para a teologia dogmática, mas é o teólogo dogmático que tem a responsabilidade de aplicar a teologia bíblica ao leitor moderno.
1.5.5. Tensão da natureza do texto
O conceito de M. Kahler sobre a diferença entre Historie e Geschichte se aplica também à teologia do Novo Testamento. O que um pensa da historicidade essencial dos eventos descritos no texto determinará em parte da conclusão teológica em parte a conclusão teológica a qual nos é chegado. Pr exemplo, em fazer uma teologia bíblica do Livro de Atos, se um rejeita a historicidade dos eventos, não são uma fonte aceitável para elaborar teologia bíblica. O teólogo se limita a estudar o conteúdo dos sermões. Mas se um aceita a historicidade essencial dos eventos como o conteúdo teológico dos discursos podem ser fontes para a teologia bíblica de Atos.
Foi mencionada acima a importância de uma proximidade a teologia bíblica que reconhece a relação de Deus com o homem. A revelaçãohistórica de Deus é à base de sua compreensão e sua revelação ao homem. Deus é entendido em Israel sempre em sua relação com o homem. É o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de Davi. O fato histórico é a chave nessa revelação, os atos são eventos constitutivos da história de Israel e da teologia do Novo Testamento. Se Deus não tem sido revelado nesses eventos, não há conhecimento de Deus, e não há revelação. Se os eventos não aconteceram, não há revelação.
O contexto cultural do Antigo Testamento apresenta um ambiente anti-histórico, nas religiões cananeas predomina o mito. A cosmovisão destas religiões tem a ver com a vida em termos de ciclos. Os mitos apresentam uma imagem dos deuses que se resume sob quatro características: politeísmo, o caráter humano dos deuses, a criação do mundo de matéria dos deuses e a impessoalidade e o capricho dos deuses. O Antigo Testamento apresenta um só Deus, cujo caráter ético é um exemplo para os homens. A criação do mundo é ex nihilo Deus não está dentro, mas separado, distante da natureza. Atua na história. Por isso, Israel desenvolve um interesse em escrever história em termos lineares. 
O contexto histórico do Novo Testamento apresenta os contextos culturais a-históricos também. O mundo helênico tende a ser platônico e universalista, tem pouco interesse na história. O mundo judeu estava interessado na lei e suas afirmações, já não tinha interesse em relação à história. Tanto a revelação do Antigo Testamento como a revelação do Novo Testamento se deu em contextos não históricos, mas eram concretamente baseados na história. Isto é parte da novidade da Bíblia.
A diferença entre Historie e Geschichte reflete a diferença entre vários teólogos do Novo Testamento que buscam partir não desde os Atos do Novo Testamento, como os atos explicados no Jesus históricos, mas desde a reflexão teológica do Novo Testamento expressa nas confissões da Igreja Primitiva. Von Rad descreve a tarefa da teologia do Antigo Testamento como a organização e apresentação das tradições de Israel. Assim, problemas são evitados implicados em um ataque ou defesa da historicidade dos eventos dos quais são tratados pelo Velho Testamento. Bultmann toma uma posição semelhante partindo de um pessimismo sobre a historicidade dos eventos do Jesus histórico. Hunter também baseia sua teologia do Novo Testamento nas confissões da Igreja, partindo sob a ótica de um otimismo sobre a historicidade dos eventos históricos do Novo Testamento.
A diferença entre a escrita do Velho e Novo Testamento com a literatura, indica que um dos propósitos dos autores bíblicos era escrever a história. Como disciplina nova a historiografia dos antigos não corresponde em todo aspecto a historiografia moderna. Todavia, é óbvio que os autores do Antigo e Novo Testamento escreveram com o propósito de que seus escritos fossem aceitos e cridos como história. A teologia do Novo Testamento deve então, conformar-se a natureza do Novo Testamento e aceitar a historicidade essencial dos atos ali registrados.
1.5.6. Tensão entre AT e NT.
Nota-se uma diferença entre as proximidades a teologia do Antigo Testamento e a teologia do Novo Testamento. Ass teologias do Antigo Testamento tendem a ser mais descritiva, por outro lado, as teologias do Novo Testamento tendem a ser confessional. É em parte um resultado da natureza do Velho e do Novo Testamento.
Mil anos de história e reflexão teológica e a diferença entre os vários níveis de compreensão teológica do início de sua história e o final do período velho testamentário requer que a teologia do Velho Testamento seja primordialmente uma ciência descritiva. O Novo Testamento tem menos tempo em sua história e para uma reflexão teológica. Assim a teologia do Novo Testamento pode ser confessional. Vários teólogos do Antigo Testamento notam a importância da relação do Velho Testamento com o Novo Testamento.
Historicamente, há três posições da relação do Antigo e Novo Testamento.
A escola Marcionita via uma descontinuidade total entre o Antigo Testamento. Para Marción, a lei é o resultado da revelação do demiurgo de obscuridade, Yahweh. A lei é má. O evangelho vem do verdadeiro Deus de luz, Jesus. Por isso Marción tirou do cânon tanto do Antigo Testamento como suas referências no Velho e no Novo Testamento, quase a ponto de excluí-lo do cânon cristão. Bultmann disse “para a fé cristã, o Velho Testamento deixou de ser revelação como tem sido e todavia é para os judeus”.
A escola de Alexandrina, com seus personagens principais como Clemente de Alexandria e Orígenes, une a lei ao Evangelho, vendo uma identidade de substância entre o Velho e Novo Testamento. Orígenes utiliza um método alegórico de interpretação, e assim trata o Antigo Testamento. Tradicionalmente, a escola Alexandrina distingue entre v_ μος e v_ μος. N​_ μος é o princípio ético da lei, v_ μος é a lei mosaica. Tertuliano distingue entre a lei cúltica e a lei moral. Cristo cumpre a lei moral, mas aprova a lei cúltica. A única diferença entre o Velho e o Novo Testamento é o tempo. As substâncias principais de suas idéias são iguais.
A escola antioquina com seus protagonistas Inácio e Teófilo rejeitou a hermenêutica de alegorização que propunha Orígenes. Como os judeus não aceitavam uma diferença entre a lei cúltica e a lei moral, os antioquinos argumentavam que Paulo tampouco o faria. Enfatizavam o desenvolvimento do Velho Testamento até o Novo Testamento. Disseram que era necessário entender o Velho Testamento para poder entender o Novo Testamento. Brunner disse que a história do Pacto em Israel nos conduz a cruz e a um novo pacto atualizado em Jesus Cristo.
Em resumo, os Marcionistas limitam a sua teologia bíblica ao Novo Testamento. Os alexandrinos procedem desde o Novo Testamento até o Antigo Testamento, buscando reinterpretar o Antigo Testamento a luz da revelação em Cristo. Os antioquinos procedem desde o Velho Testamento até o Novo Testamento, buscando entender o Novo Testamento desde o fundo histórico e teológico do Velho Testamento. Expressos em termos aplicáveis ao nosso estudo devem responder a essa pergunta: Até que ponto a teologia do Antigo Testamento é uma base para a Teologia do Novo Testamento? E se for a base, como devemos proceder? Desde o Velho até o Novo Testamento ou desde o Novo até o Velho Testamento?
Quando Paulo apresenta seu entendimento do Antigo Testamento e a lei, sempre fala em termos respeitosos . “A lei é boa, santa e justa” (Rm. 7:7, 12, 14), mas agora, “somos livres da lei” (7:6). Em Rm 10:4, Paulo disse “Mas Cristo é o fim da lei para a justificação de todo aquele que nele crê” Cristo não põe o fim da lei para a justificação em termos gerais, mas que põe fim à lei como sistema de justificação. O homem do tempo do No Novo Testamento é salvo pela fé em Cristo, não segundo o sistema de sacrifício do Velho Testamento.
Longenecker sugere que um uso da lei no tempo do Novo Testamento é como o pedagogo. Gl. 3:19;4-7 apresenta a lei como pedagogo. O pedagogo é um escravo que servia para treinar uma criança em seu desenvolvimento moral. Longeneker sugere que Paulo vê a lei como instrução moral na vida de um crente. A escola antioquina apresentou três usos da lei. O primeiro uso da lei é para salvar, um conceito velho testamentário revogado no Novo Testamento. O segundo uso da lei era como preparação para o Novo Testamento. Positivamente nos prepara para o Novo Testamento. Negativamente, nos condena e nos leva a buscar a Deus. O terceiro uso da lei é como guia moral (teonomia). Longenecker sugere que o Antigo Testamento como sistema de justificação seja revogado. Mas o Velho Testamento como revelação divina, como instrução (Tora), e como guia moral.
Uma das diferenças básicas entre o Antigo e o Novo Testamento é a substância e a ocasião de revelação em ambos. Em Hebreus 1:1-2, o autor apresenta uma diferença entre a ocasião e o meio de revelação no Velho e no Novo Testamento. A diferença entre a primeira parte (revelação no Antigo Testamento) e a segundaparte (revelação no Novo Testamento) é significativa. O uso do mesmo verbo em ambas as partes da oração indica que a essência de revelação (revelação de Deus falando ao homem) é idêntica no Velho Testamento e no Novo Testamento. Ambas declaram ser a Palavra de Deus. As diferenças indicam as mudanças na ocasião da revelação (não de muitas formas e em muito tempo) no tempo da revelação (não aos pais sim a nós), e no meio da revelação (já não por profetas, mas pelo Filho).
Há uma diferença no tempo de revelação. O autor diz que a revelação de Jesus era no “os últimos dias”. Não é uma fórmula escatológica, mas uma referência ao tempo do Antigo Testamento, assim também há uma diferença entre os destinatários. Já os recipientes não são os nossos pais, mas nós mesmos. Experimentamos o gozo destas palavras.
Talvez a diferença mais importante tem a ver com o meio de revelação no Novo Testamento. No Velho Testamento, confirma este ponto de vista que colocava a revelação do Antigo Testamento na boca dos profetas (Ef. 2:20; I Pd. 1;10-12; II Pd. 1:19-21). Devemos entender o que nos fala o restante do trecho de Hebreus 1, nesse sentido, traduzindo o termo γγελος por Anjo, e as vezes por mensageiro (profeta). Cristo é melhor que o mensageiro do Antigo Testamento, melhor que Moisés (Hb. 3:1-6) e por isso, a revelação do Novo Testamento é a melhor que a do Antigo Testamento.
O autor da impressão que a revelação do Antigo Testamento pode admitir uma revelação progressiva, enquanto que a revelação do Novo Testamento é completa em Cristo. Assim mesmo, as epístolas são consideradas a palavra de Deus, pelo menos na forma que se consideram que são interpretações de Jesus. Hb. 10:1 fala da natureza do Velho Testamento. “A lei tendo a sombra dos bens vindouros, não a mesma imagem das coisas”. O Velho Testamento é a sombra. Três vezes das sete que ocorre no Novo Testamento, “sombra” refere ao Velho Testamento (Col. 2:17 “tudo é sombra do que há de vir”; e Hb 8:4-5: “Os quais são figuras e sombra das coisas celestiais”). O Velho Testamento é sombra do Novo Testamento. Deve-se entender em termos positivos.
Assim o Velho Testamento contém revelação progressiva e deve levar em conta esse desenvolvimento no processo de elaboração de uma teologia do Velho Testamento. O Novo Testamento não contem uma progressão na revelação, mas que existe uma unidade na revelação do Novo Testamento. Qualquer diferença, deve-se entender em termos das circunstâncias diferentes dos recipientes da revelação, ou de maior precisão na descrição de alguns conceitos teológicos. Mas a revelação do Novo Testamento não muda. Parece então que o Novo Testamento responde a nossas perguntas sobre a relação do Antigo ao Novo Testamento, nossa proximidade ao Novo Testamento não deve ser anacrônica. Não devemos impor uma compreensão neotestamentária sobre o Velho Testamento. O procedimento correto é partir desde a compreensão teológica do Velho Testamento até uma compreensão teológica do Novo Testamento.
CAPÍTULO II
Breve História do 
Desenvolvimento da Teologia do Novo Testamento
É de ajuda descrever a história dos vários esforços de escrever a teologia bíblica e especialmente uma teologia do Novo Testamento através dos séculos. A compreensão histórica de uma disciplina sempre provê dois elementos para os que iniciam seus estudos – familiaridade com a disciplina no estudo e com os vários elementos do diálogo acadêmico contemporâneo da disciplina. Nosso propósito nesse capítulo é apresentar ao aluno os diferentes métodos usados através da história para fazer teologia bíblica, e apontar os temas atuais de diálogo teológico que surgem ao redor do estudo da teologia do Novo Testamento.
Pré-Reforma
O Novo Testamento
Até que ponto o conteúdo do Novo Testamento é teologia? Nosso ponto de partida é o mesmo Novo Testamento? Definimos a teologia do Novo Testamento como a disciplina que busca resumir ou sintetizar em forma coerente para o leitor, o conteúdo da revelação do Novo Testamento, entendido á luz da cultura e história do tempo do Novo Testamento. A Luz dessa definição, nosso ponto de partida para elaborar a teologia do Novo Testamento. O mesmo não pode ser o ponto de partida para a elaboração da Teologia do Novo Testamento. Na História da teologia do Velho Testamento, um capítulo poderia ser a forma em que o Novo Testamento interpreta e expressa em seu próprio tempo a teologia do Antigo Testamento. Porém o Novo Testamento não pode ser o objeto da teologia do Novo Testamento.
Igreja Primitiva
A igreja dos primeiros séculos não procurou escrever o que poderia reconhecer nos nossos dias como teologia do Novo Testamento. A razão é que o Novo Testamento era compreensível para eles, pois tratava de seu mundo, sua história e cultura, uma sistematização da teologia não era necessário para aquele tempo, mas que tinham que utilizá-lo para resolver problemas específicos que surgiam na igreja. Por exemplo, Clemente corrige a Igreja dos Coríntios (I Clem Cor. 4) quanto a sua inveja pessoal por apelar a Gênesis 4 ou em relação às divisões da igreja ((I Clem Cor. 46) por apelar as palavras de Jesus (Mt. 26:24).
O conteúdo do Novo Testamento é citado para ensinar a Igreja (Hb. 1:3-4) forma a base para a Cristologia funcional. O Velho Testamento forma a base para a Epístola de Barnabé. Predomina na Didaché os ensinamentos de Jesus. A igreja primitiva também tratou de ensinar a igreja por uma reinterpretação do Velho Testamento à luz de Jesus Cristo. Na carta de Barnabé, por exemplo, “leite e mel” (Gn. 1:26) são: “a fé da promessa (de Jesus) e a palavra divina” (Bern 6:17); dos cabritos (Lv. 16:7-9) são Jesus rejeitado e imolado (Bern 7:7-10); etc.
Até o final do segundo século, a igreja começa a alegorizar o Novo Testamento. Na parábola das dez virgens, as cinco virgens sábias é: fé, amor, graça, paz e esperança. As cinco néscias são: Conhecimento, Compreensão, Obediência, Paciência e compaixão (são néscias porque dormiam). A igreja mais tarde desenvolveu o princípio da alegorização de Orígenes. Orígenes viu três sentidos nas escrituras que corresponde as três partes do homem: corpo, alma e espírito. As escrituras contem um sentido literal, moral e espiritual.
A igreja medieval
A igreja medieval seguiu desenvolvendo a teoria e prática de alegorização. Em vez dos três sentidos, desenvolveu quatro sentidos de interpretação. No sentido literal é o sentido superficial do texto. O sentido literal é o sentido superficial do texto. O sentido moral ou antropológico aplica o sentido literal a Cristo e a sua igreja. No sentido alegórico ou figurativo aplica o sentido literal a Cristo e a sua igreja. No sentido escatológico, ou analógico, aplica o sentido literal às realidades celestiais e a nossa esperança nos últimos dias. Assim “água” em uma pode se referir à água no sentido literal, a pureza cristã, o batismo ou a vida eterna.
Interesse no estudo da Bíblia continuou na Idade Média. Os teólogos medievais usaram a Bíblia para ensinar artes literais e religiosas. Nos séculos XII e XIII, os teólogos da igreja enfocavam sua criatividade na elaboração da “Suma Teológica”. O título Suma (Resumen) é importante “porque a contribuição principal deste período a história da doutrina era resumir e sistematizar, não o desenvolver”.
Reforma
D. Guthrie disse: “Antes da Reforma havia pouco interesse ou faltava totalmente o interesse na teologia bíblica”. Vemos teologia bíblica parcial antes da Reforma, a teologia bíblica, como uma disciplina que reconhecemos hoje, não existia até o século XVIII. Em grande parte, a Reforma apresentou novas proximidades às escrituras que possibilitaram o desenvolvimento da teologia bíblica. Através desse ponto, nos limitamos às contribuições a teologia bíblica de Lutero e Cocceius, o desenvolvimento do Escolasticismo Protestante e a reação ao Escolasticismo Protestante pelos Pietistas.
Lutero e sua contribuição
Lutero contribuiu a interpretaçãodas Escrituras em três formas: seu principio de Sola Escritura colocando a Bíblia ao centro da teologia, a rejeição da Regula Fidei, conduz a aceitação do princípio do princípio de sui interpres e enfatizou o princípio hermenêutico da interpretação literalista. Os primeiros dois temas são apresentados em seu discurso a Nobreza Cristã da Nação Alemã:
Eles só (hierarquia eclesial) querem ser mestres nas Escrituras. Mesmo que durante toda a sua vida, nada aprendam delas, atribuem a si mesmo a autoridade e nos fazem crer com palavras desavergonhadas que o papa não pode errar na fé, para o qual não pode alegar nenhuma letra sequer... Como crêem que o Espírito Santo não os abandona por incultos que forem e se atrevem a acrescentar o que quiserem. Se fosse assim para que seriam necessárias as Sagradas Escrituras? Queimamos e conformamos com os incultos senhores de Roma... E todos somos sacerdotes como foi citado acima. Todos temos os mesmo credo, o mesmo evangelho e o mesmo sacramento. Como não temos também o poder de notar e julgar o que é reto ou incorreto da fé? Onde fica a palavra de Paulo “o homem espiritual julga todas as coisas, mas não é julgado por ninguém” e “temos o mesmo espírito de fé”.
Rejeita a autoridade exclusiva da Igreja sobre elementos de interpretação das Escrituras e afirma que as mesmas sustem seus próprios pontos de vista.
Sola Escritura – Um dos princípios que influenciaram na alienação de Lutero na Igreja Católica: O princípio material (Sola Fide – que pecadores podiam ser salvos pela graça de Deus revelada em Cristo Jesus que recebiam por auto-entrega e fé e não pelos ministérios sacramentais da Igreja) e o Princípio Formal (Sola Scriptura – que determina que a fé cristã é somente a escritura e não a tradição eclesiástica) Lutero une estes dois princípios. O princípio material se expressa através das Escrituras. As escrituras expressam Cristo e as sua mensagem. Sola Scriptura é realmente o princípio Solo Christos. O restante da Reforma se uniu a este princípio.
Os escritos dos Santos Padres deveriam ser lidos somente por um tempo a modo de introdução das Escrituras, agora, só lemos para ficar detidos. Nos assemelhamos aos que olham sinais do caminho, porém jamais andam por ele. Os amados padres com os seus escritos queriam introduzir-nos nas Escrituras, agora nos deixam delas. Todavia, a Escritura é o nosso vinhedo, no qual devemos exercitar-nos e trabalhar.
Lutero não rejeita a tradição eclesiástica, mas a Regula Fidei - a promoção da tradição de um estado superior as Escrituras.
2.1.1.2. Regula Fidei e Sui Ipsius Interpres- A Regula Fidei fazia parte da Igreja primitiva “o corpo doutiinal transmitido na Igreja mediante a Escritura e a tradição”. E no quarto século da Regula Fidei se associava mais com os catecismos batismais.
Expressões assim implicavam a idéia de que se excluíam erros, assim que os escritores que se serviam deles tinham consciência mui clara, supostamente que estavam em posse do depósito da ortodoxia que com a garantia apostólica, em contraposição com as falsas especulações das seitas heréticas.
Já no tempo de Lutero a idéia incluía todo o conteúdo de ensino da Igreja, a qual nenhuma exegese deve contradizer.
Esta verdade e disciplina (do evangelho) contem nos livros escritos e as tradições não escritas que transmitidas de mão em mão tem chegado até nós desde os apóstolos...(O Concílio de Trento) recebe e venera todos os livros, assim do Antigo Testamento, como do Novo Testamento, como que queira que um só Deus é autor de ambos, e também as mesmas tradições que pertencem à fé, os costumes, oralmente por Cristo ou pelo Espírito Santo ditadas e por contínua sucessão conservadas na Igreja Católica... e para reprimir os ingênuos , decreta que ninguém pode interpretar a Escritura Sagrada, em matérias de fé e costumes que pertencem as edificações da doutrina cristã, retorcendo a mesma Sagrada Escritura, conforme ao próprio sentimento que contra aquela base que sustentou a santa mãe Igreja aquém compete julgar do verdadeiro sentido e interpretação as Escrituras Sagradas, ou também contra a unanimidade dos Padres.
Quando Lutero recusa a autoridade da Igreja para ser intérprete exclusivo das Escrituras, deve encontrar algum elemento que sucede a Regula Fidei como guia para a interpretação. A igreja reconhecia três partes em seu sistema de autoridade: o cânon das Escrituras; uma tradição e confissão de fé, cujo texto diferenciava entre uma seção da igreja e a outra, porém cujo fundamento permanecia igual; e um episcopado monárquico com a responsabilidade de perpetuar e transmitir a fé católica e apostólica. Na igreja Católica nos dias de Lutero, predominava a influência do episcopado monárquico com a responsabilidade de perpetuar e transmitir a fé católica e apostólica. Na Igreja Católica dos dias de Lutero predominava a influência do episcopado para interpretar as Escrituras.
Lutero recusou a autoridade do episcopado com base na falta de fé do mesmo episcopado, e as várias contradições entre os vários concílios. Mesmo não recusando a tradição como elemento do sistema de autoridade útil para a interpretação, distingue entre a tradição e a Escritura. São na realidade dois sistemas de autoridade eclesiástica. Subjuga a tradição e a interpretação das Escrituras. O maior elemento de autoridade para interpretar as Escrituras, são as mesmas Escrituras. Assim as Escrituras se interpretam a si mesmas. Assim Lutero, ao tratar a frase, “poder de Deus” em Rm. 1:16, explica em latim “virtus” (virtude, valor) como “potência”, “poder” ou “possibilidade” aproximando-se mais do significado do grego “dunamis”. Define a relação “poder de Deus” a ser “o poder que vem de Deus” com base na comparação da passagem com At. 1:8; 4: 23 e Lc. 1:35.
Hermenêutica
O que deve fazer o Exegeta ao usar as Escrituras para interpretar as Escrituras? Quais as pautas que são apresentadas por Lutero em sua Hermenêutica? Rompe com a interpretação alegorista tradicional a favor de ler as Escrituras em termos de história. Lutero é literalista. Em sua conferência sobre Gênesis argumenta a ler o Antigo Testamento, como todas as Escrituras como história, isso requer interpretação literal do texto. A hermenêutica de Lutero não rejeita a alegorização, mas baseia a sua alegoria no significado histórico do texto e o princípio was Chirsistun treibet (o que trata de Cristo|). Toda a Escritura deve direcionar a Cristo.
Os reformadores Calvinistas
J. Cocceius era professor de Teologia Dogmática na Universidade de Leigen de 1650. Seus estudos anteriores eram o Antigo Testamento e estudos afins. Seguiu as linhas do Calvinismo em seu livro Summa doutrina de foedere et testamento Dei, escrito em 1648. Organizou esta harmonia da teologia dogmática e a Bíblia ao redor de um princípio centra das Escrituras. Todas as outras idéias doutrinárias deveriam girar em torno desse EJE cêntrico. O elo é o Pacto, enfatizou dois pactos: o pacto da obra que Deus fez com Adão em sua inocência;o pacto da graça que Deus fez com o homem depois de haver caído. O pacto da graça é dividido no tempo antes da Lei, a Lei e o Evangelho. Já que o Pacto é essencialmente um conceito histórico, mostrando uma série de ações divinas através dos quais Deus se relaciona com o homem, a teologia de Cocceius era essencialmente uma teologia histórica. Era limitada pelo uso excessivo de tipologia.
Escolaticismo Postestante
O escolatiscismo protestante se desenvolveu nos anos depois da Reforma. Ainda que Lurero e Calvino basearam sua teologia radicalmente na interpretação lingüística e histórica do texto bíblico, o Escolastiscismo Protestante teria uma ótica mais otimista que Lutero ou Calvino quanto à razão humana. A educação nos métodos lógicos dos gregos, a confiança na razão humana dos Escolásticos e as controvérsias teológicas dos anos depois da Reforma são três possíveis fatores no desenvolvimento do Escolastiscismo Protestante. A existência das Instituições de Calvino, os Loci Comunes de Melanctone o desenvolvimento do livro de Concord pela Igreja Luterana, contribuíam ao ter toda a verdade teológica essencial. O escolasticismo Protestante começou a desenvolver estes conceitos teológicos essenciais através das Sumas Teológicas, por exemplo Johann Gerhard, Loci Theologici (1610 e 1632; 9 tomos); Wolfgang Jacob Chrismann, Teustche Bibische (1629); Hericus A. Diest, Theologia Bíblica (1643); Abrahan Calovius, Systema locurum theologicorum (1655); Sebastian Schimidt, Colegiunm Biblicum (1671); Johann Hülsemann, Vindiciae Sanctae Scripturae per loca clássica teologia sistemática (1679); Francis Turretin, Instituto (1688, 4 tomos); Johann Heirinch Maius, Synopsis theologiae judicae verteris et nova (1698); Johann Wilhelm Baier, Analysis et vindicatio ilustrium scriptrae (1716 – 1719); Christian Everhard Weismann, Instituições Thelogeicae exegético dogmáticae (1739). O papel dos teólogos veio a ser a defesa destes corpos de doutrina, em vez do desenvolvimento das bases teológicas da Reforma.
A teologia bíblica do Escolasticismo Protestante envolve a exegese antes da Reforma. Predomina um dogma específico como ponto de partida: o dogma tradicional protestante. A razão de ser da teologia bíblica é apoiar e defender o dogma através dos “textos de prova”, chamadas escolas bíblicas. A teologia do Escolastismo Protestante se baseia no conceito que a teologia dogmática dos Reformadores continha a interpretação correta do cristianismo. Assim, o ponto de partida da teologia bíblica era a teologia dogmática. Descreviam e explicavam um dogma e depois apresentaram a lista de escrituras que apoiava este dogma. Não havia necessidade de distinguir entre Antigo Testamento, já que ambos podiam apoiar um dogma específico. Esta aproximação não permitiu que a Bíblia fosse entendida por si mesma (sui ipsius interpres), já que impulsionou sobre o pensamento bíblico um sistema de dogmas. Dando início ao interesse na teologia bíblica. Criou como reação a necessidade de estudar a aproximação metodológica que estivesse mais ligado ao texto e não a um sistema externo à Bíblia.
A Reação Pietista
A igreja Luterana Alemã do século XVII era pressionada de várias frentes. A nobreza alemã restringia o trabalho da igreja. A Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648), supostamente ocasionada por motivos religiosos, desconfiou da igreja. E a tendência teológica era de repetição, não de reflexão. O pietismo procurava regressar aos princípios da Reforma, enfatizando a religião pessoal, avaliada pela experiência do indivíduo.
A Pia Desideria (desejos piedosos para uma Reforma da verdadeira Igreja Evangélica agradável a Deus, 1675), J. Spener observou que a teologia do Escolasticismo Protestante não teve a sua base nas Escrituras. Pediu que a Igreja e a educação teológica voltasse a Palavra de Deus como centro de suas vidas e que seus ministros pregassem sermões visando à edificação da igreja em vez de discursos teológicos. Não obstante, o Pietismo não era antiintelectual. Durante os primeiros anos da Universidade de Halle (1694 – 1720), vários professores pietistas fizeram parte de sua faculdade teológica.
ILUMINISMO
O século XVIII corresponde ao século das Luzes (Iluminismo), período caracterizado pelo desejo de encontrar um entendimento racional e superior para tudo o que existe. Seu lema era Sapere aude (atrever a usar a razão). O racionalismo dos séculos XVII e XVIII contribuiu ao ambiente filosófico em que se formou o século das luzes.
Racionalismo como Substância do Iluminismo
O racionalismo tem certas características que deixam sua impressão sobre o iluminismo. O racionalismo criou na bondade essencial do homem e destacou a razão humana como a maior fonte de conhecimento e assim o critério mais importante de conhecimento. Isso levou aos racionalistas a questionar todo o sobrenatural, incluindo o conceito de inspiração. Em parte como resposta ao Racionalismo, a ortodoxia, o pietismo seguiu a publicação de várias teologias bíblicas no estilo da dicta probantia. C. Haymann (Versuch einer biblischen Theologie em Tabellen, 1708), J. Deutschmann (Theologia Bíblica, 1709) e F.J. Lütkens (Collegiun biblicum secundum locos tehelogicos adoratum, 1726), expressaram seus conceitos que a teologia dogmática e a teologia bíblica não eram sempre idênticas, mas a teologia bíblica era a base para a teologia dogmática. Nisso os racionalistas W.F. Hufnagel e K. F. Bahridt entraram de acordo. Mas os primeiros tentaram usar a teologia bíblica como corretivo da teologia dogmática. Os racionalistas querem provar que a teologia dogmática estava equivocada e a verdadeira teologia bíblica estava de acordo com a religião racional.
 J.S. Semler argumentou que a Palavra de Deus e as Escrituras Sagradas não são termos idênticos, nem toda a Bíblia é inspirada. A Bíblia é um documento puramente histórico que deve ser investigado e crítico. Como a Bíblia é um testemunho da revelação, achado em uma situação histórica específica, as declarações que a Bíblia contém não são dogmáticas. Isto resultou em uma divisão acentuada entre a teologia bíblica e a teologia dogmática. Mas ainda Semler não podia evitar a estrutura dogmática das teologias bíblicas. A única teologia bíblica seguiu basicamente a dicta probantia.
Todavia, em todo o trabalho de teólogos bíblicos nesse tempo acudiu ao racionalismo. J.A. Ernesti (Instituto Interpres Novo Testamento, 1761) elaboru um método gramático- histórico do estudo do texto bíblico. G. T Zachariä elaborou uma teologia dogmática do Antigo Testamento e Novo Testamento com base na aproximação teológica de Ernesti. Zachariä não recusou a inspiração porque o “aspecto histórico é um assunto de importância secundária na teologia”. Não havia necessidade de separar os testamentos, eles estavam em relação recíproca. Porém, a teologia bíblica de Zachariä rejeitava a hipótese contra a inspiração do racionalismo, a teologia bíblica seque em contraposição a teologia dogmática. Zachariä procura purgar a teologia dogmática de suas impurezas.
J. P. Gabler
Gabler foi nomeado como professor da Universidade de Altfort. Em seu discurso de posse, fez distinção radical entre a teologia bíblica e teologia dogmática.
Teologia Bíblica possui um caráter histórico; transmite que os escritores sagrados pensaram sobre as coisas divinas, já a teologia dogmática possui um caráter didático, ensina o que cada teólogo filosofa das coisas divinas de acordo com a sua capacidade, seu tempo, idade, lugar, religião, ou escola.
Propõe uma metodologia que inclui três pressupostos:
O conceito de inspiração não entra em uma teologia bíblica, porque o Espírito Santo não destrói os pensamentos do homem. O que é simplesmente em uma teologia bíblica é o que o autor pensou.
A teologia bíblica deve buscar comparar as várias idéias e descobrimentos de todos os autores bíblicos, utilizando os avanços lingüísticos, históricos e literários que estão ao alcance do teólogo bíblico.
Os conceitos teológicos devem ser classificados em vários períodos de antiga e nova religião. Assim sabemos quais são as idéias que podemos incluir em uma teologia dogmática contemporânea e quais idéias não tem validade para os nossos dias.
Gabler propôs três passos distintos no movimento desde a Bíblia até uma teologia dogmática. O primeiro passo era a fabricação de uma teologia verdadeiramente bíblica. Primeiro, o teólogo bíblico deve estudar e colecionar as idéias dos materiais bíblicos a luz da interpretação gramática, literária e filológica. As idéias devem ser organizadas segundo os períodos dos quais originam. Deve distinguir entre os conceitos que referem a seu próprio tempo e as “verdadeiras idéias sagradas de cada autor”. No segundo passo, o teólogo elabora uma teologia bíblica pura para produzir uma teologia dogmática, cuja função é didática . A teologia dogmática. A teologia dogmática como a teologia como a teologia bíblica verdadeira, tem cronologia e geografia, mas se localiza na cronologia e geografia do teólogo dogmático.Mesmo a aproximação racionalista de Gabler tem saído da moda pelas habilidades intrínsecas do racionalismo a importância e a validade da distinção entre teologia bíblica e teologia dogmática foi aceito, como acontece hoje em dia. Um colega de Galbler, G.L. Bauer, publicou vários artigos de teologia bíblica, separando a teologia do Antigo Testamento e a Teologia do Novo Testamento. Divide sus teologia do Antigo Testamento em Teologia, Antropologia e Cristologia. Procurou aplicar seu método histórico-crítico apoiado pela ênfase racionalista na razão humana. Em sua Biblische des Neuen Testaments disse:
Teologia bíblica deve ser um desenvolvimento – puro e purgado de todo conceito supérfluo – das teorias religiosas dos judeus antes de Cristo e de Jesus e seus apóstolos, um desenvolvimento atrasado nos vários escritos de vários autores consagrados e apresentando em termos dos vários períodos e pontos de vista e níveis de compreensão que refletem.
Assim é tratada a ordem à teoria da religião nos sinóticos em João, Apocalipse, na 1ª e 2ª carta de Pedro, Judas e em Paulo.
Desenvolvimento Posterior
Depois da popularização das idéias de Gabler e Bauer, várias teologias bíblicas aparecem. G.P.C. Kaiser rejeitou todo o sobrenaturalismo e busca mostrar a forma em que a teologia bíblica depende da religião universal. W.L.M. tratou de unir a filosofia kantiana e a teologia bíblica. Viu um desenvolvimento genético em que o hebraico incluiu o Judaísmo que por sua vez, também incluiu o Cristianismo. Isto separa definitivamente o Antigo Testamento do Novo Testamento. A teologia do Novo Testamento se deve tratar como uma área de história das religiões.
Este conceito de Wette não foi aceito por K.W. Stein. Insiste apenas em uma aproximação histórica-crítica que pode levar a uma teologia bíblica pura e completa. C.P.W. seguiu a linha de Wette, vindo a Teologia do Antigo Testamento como a história das idéias religiosas do Antigo Testamento. G.C. Von Cölln rejeita a Wette e volta à tradição de Gabler. O primeiro artigo trata a teologia do Antigo Testamento, o segundo a teologia do Novo Testamento. Considerou primeira, a fidedignidade observando a data das fontes, depois examinou a condição das nações durante o período histórico particular. E finalmente, descreveu aqueles conceitos que eram comuns a todos os escritores de um período particular. Este deu uma descrição geral do caráter básico de religião em todos os períodos da história de Israel.
F. Scheleiermacher voltou a examinar um dos elementos essenciais do Protestantismo – sola scriptura – e a forma em que o cristianismo deve aproximar-se ao Antigo Testamento. Considerou que o cristianismo teve a mesma relação com o judaísmo que teve com o mundo grego-romano. O cristianismo representa para ambos uma transformação a algo totalmente novo. Ambos são igualmente removidos de Deus e necessita de Jesus Cristo. O Antigo Testamento não tem a mesma autoridade e nem o mesmo valor teológico que o Novo Testamento. Mesmo que seja verdade que os apóstolos e Jesus Cristo usaram o Velho Testamento, não é razão suficiente para que nós hoje submetemos a ele. Mas não devemos rejeitar o Velho Testamento, não é razão suficiente para que nós hoje nos submetemos a ele. Mas não devemos rejeitar o Velho Testamento como parte do cânon cristão. O fato de que a Igreja tem utilizado historicamente ao Antigo Testamento e tem unido historicamente ao Novo Testamento provém que nós o recusamos totalmente.
Reações Conservadoras
Em meados do século XIX, as bases racionalistas das aproximações anteriores foram atacadas por distintos conservadores. M.F.A Lossius e D.L. Cramer não recusaram o efeito histórico da teologia do Novo Testamento, mas o enfocam. Recusam a crítica radical das tradições do Novo Testamento e buscam unir a teologia dogmática com a teologia bíblica. L.F.O. Bauumgarten-Crucius voltou a unir os testamentos reconheceu a validade da interpretação gramático-histórica, mas atacou a crítica deísta da religião e influência da teologia bíblica.. Sugeriu que a unidade do Antigo Testamento e o Novo Testamento está em seu tema comum – O reino de Deus. E. W. Hengestenberg argumentou contra a validade do método histórico-crítico e também uniu os dois testamentos.
G.F.Oehler abriu outra vez o questionamento da metodologia da teologia do Antigo Testamento. Recusou a depreciação do Velho Testamento de F. Scheleiermacher e a uniformidade do Velho Testamento e Novo Testamento, mas aceitou diversidade nessa unidade. A teologia do Antigo Testamento é
Uma ciência histórica que se baseia na exegese gramático-histórica, cuja tarefa é reproduzir o conteúdo dos escritos bíblicos segundo as regras de idioma sob a consideração das circunstâncias históricas durante as quais, os escritos se originaram e também as condições individuais dos escritores consagrados.
Preferiu exegese gramático-histórico ao método crítico-histórico e buscou o desenvolvimento histórico da religião do Antigo Testamento.
Influências Hegelianas
Dentro do esforço por reproduzir uma teologia bíblica puramente histórica, alguns viram a teologia de G. W.F. Hegel (1770 – 1831) como ferramenta hermenêutica. Hegel considerou que Deus se manifesta nos grandes movimentos da história.
Deus é amor, de modo que mesmo a negação e oposição são historicamente necessárias entre teses e antíteses, também reconciliação através da síntese é sempre essencial.
W.Vatke reconheceu o valor da aproximação racionalista a teologia bíblica, mas considerou que era insuficiente em si. O propósito da teologia do Velho Testamento é “apresentar o movimento vivo dos maiores elementos da religião bíblica, a saber, seu conceito, seu parecer subjetivo e histórico, sua idéia”. Devia organizar o conteúdo da teologia do Velho Testamento, não com base nas características derivadas da Bíblia, mas em algo imposto fora da Bíblia. Adota a filosofia hegeliana da história, identificando uma tese (religião natural), antítese (religião hebraica), e síntese (cristianismo).
F.C.Baur apresenta o resumo da história do Novo Testamento no mesmo sentido de tese (partido petrino), antítese (partido paulino) e síntese (a igreja católica primitiva). A aproximação hegeliana de Vatke e Baur enfatizou mais uma compreensão do desenvolvimento histórico da religião primitiva, ilustrado através da Bíblia em vez de buscar a descrição da teologia bíblica. Localiza a teologia bíblica firmemente no âmbito da História.
2.4.1. A reação contra o Hegelianismo
Além das reações críticas de Lightfoot, Westcott e Hort a escola Tübingen, B. Weiss reagiu à carência da ênfase sobre a teologia bíblica uma disciplina descritivo-histórico, não uma disciplina histórico-crítica. Afirma que “a teologia bíblica do Novo Testamento tem que descobrir a variedade de formas de ensino dos seus escritos”. A melhor ajuda para elaboração de uma teologia do Novo Testamento é a mesma metodologia que emprega, que deve “seguir as regras de interpretação gramático-histórica”. Busca-se interpretar de cada autor, “como cada autor compreenderia a si mesmo”, em vez de impor sistemas filosóficos ou dogmáticos sobre o Novo Testamento. H.G.E. Ewald também contribuiu com uma teologia bíblica nesse período, que destacou os dois enfoques da revelação bíblica, o ensino e a história. História era o lugar onde o ensino foi dado e assim o teólogo bíblico devia trazer o desenvolvimento histórico do ensino. Mas também a história faz valer o conteúdo deste ensino.
2.4.2. Ritschl
A. Ritschl ensinou durante 16 anos na Universidade de Bonn e depois passou a ser professor de Teologia Dogmática na Universidade de Göttingen. Ali escreveu a maioria de suas obras teológicas. O centro da teologia dogmática para Ritschl é a justificação. O cristianismo tem dois enfoques: na pessoa de Jesus Cristo (O Justificador) e a Igreja (os justificados). Ritschl distinguiu entre juízos baseados em fatos e valores. Recusou toda personalidade de conhecimento metafísico objetivo. A Religião não pode

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