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Coletânea de Artigos de Biodireito

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Camila Daun
Biodireito – 8º U
Martha Saad
Biodireito
Prof.º Martha Saad
Ponto nº 1
#Maria Helena Diniz	
‘Conceitos
MORAL – Normas de conduta humana baseadas nos usos e costumes, que constituem o objeto da Ética. 
ÉTICA – Ciência de valores, conjunto de princípios e regras de orientação da conduta humana individual e social. Termo criado por Potter em 1971 com o sentido de abarcar vida humana e equilíbrio ambiental. Hellegers em 1972 restringe o termo para referir-se à saúde humana. 
MORAL E ÉTICA: “As duas não se excluem e não estão separadas, embora os problemas teóricos e práticos se diferenciem. Assim, podemos dizer que decidir e agir concretamente é um problema prático e, portanto, moral. Investigar essa decisão e essa ação, a responsabilidade que a elas subjaz, e o grau de liberdade e de determinismo aí envolvidos é um problema teórico e, portanto, ético”. 
BIOÉTICA - Bioética é a ciência que estuda a conduta humana sob valores e princípios morais relacionados às ciências da vida. É a ética da vida. Compõe-se de conhecimento biológico e valores humanos.
#A bioética, enquanto novo semblante da ética médico-científica, desenvolveu-se a partir dos grandes avanços da biologia molecular e da biotecnologia aplicada a medicina ocorridos nos últimos 30 anos.
#A bioética emerge como novo domínio da reflexão que considera o ser humano em sua dignidade e as condições éticas para uma vida digna, alertando a todos sobre as consequências nefastas do avanço descontrolado da biotecnologia e sobre a necessidade de uma tomada de consciência dos desafios trazidos pelas ciências da vida.
BIODIREITO – Ciência que estuda a normatização jurídica em face das ciências da vida. No direito, do latim directum, aquilo que é reto, a convicção do julgador é sempre produzida por uma verdade formal (tal como consta nos autos) e nunca a verdade material (o fato tal como ocorreu), uma vez que esta lhe é desconhecida. 
Com isso o julgador pode ser levado, pelas testemunhas e provas de um processo, a formar uma convicção errada sobre determinado fato jurídico. Conclui-se desse modo que nem sempre o que é legal (jurídico) corresponde ao que é legítimo (justo). Tal como a moral, o direito objetiva a coesão social. 
Todavia, para torná-la possível serve-se do organismo estatal, que lhe confere validade e poder para submeter os indivíduos, mesmo que por isso tenha que passar por cima de suas vontades. Não obstante, é bom deixar claro que existe ainda uma distinção importante entre direito positivo e direito natural. Direito Positivo é o conjunto de leis em vigor num determinado Estado. Essas leis obrigam a todos. Direito Natural por sua vez, se refere a uma idéia abstrata de direito, isto é, ao sentimento de justiça de uma comunidade. 
#Como o direito não pode furtar-se dos desafios levantados pela biomedicina, surge uma nova disciplina, o biodireito, estudo jurídico que, tomando por fontes imediatas a bioética e a biogenética, teria a vida como objeto principal, salientando que a verdade científica não poderá sobrepor-se a ética e ao direito, assim como o progresso científico não poderá acobertar crimes contra a dignidade humana, nem traçar, sem limites jurídicos, os destinos da humanidade.
BIOGENIA: ramo da Biologia que estuda a origem, formação e o desenvolvimento dos seres vivos no tempo e no espaço. Estuda os meios de produção de vida.
	‘Evolução Hiistórica
Tribunal de Nuremberg, em 9 de dezembro de 1946, julgou vinte e três pessoas – sendo vinte médicos - que foram consideradas criminosas de guerra, pelos brutais experimentos realizados em seres humanos. Em 19 de agosto de 1947 divulgou as sentenças, além de um documento que ficou conhecido como Código de Nuremberg. Sete acusados foram condenados à morte. 
O Código de Nuremberg estabelece um paciente falante e que tem autonomia para decidir o que é melhor para ele e agir em consequência. Ele requer que o pesquisador proteja os melhores interesses do seu paciente, mas também proclama que os sujeitos podem ativamente se protegerem a si mesmos. 
Este Código, junto com a Declaração de Helsinki (1964-1996) em suas versões sucessivas e as Diretrizes para Pesquisa em Seres Humanos da CIOMS (Conselho Internacional de Organizações de Ciências Médicas 1993) constituem os pilares da moderna ética em pesquisa em seres humanos. 
Este documento tornou-se um marco na história da humanidade: pela primeira vez, estabeleceu-se recomendação internacional sobre os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.
Declaração Universal dos Direitos Humanos - enumera os direitos que todos os seres humanos possuem, promulgada em 1948.
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,”
“Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,”
“Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,”
“A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”
“Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”
“Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.”
“Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.”
“Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.”
Declaração de Helsinque – originária do Código de Nuremberg – datada de 1964, trata de pesquisas com seres humanos. Vem sendo revisada ao longo do tempo, a atualização mais recente é de 2013.
“A Associação Médica Mundial (WMA) desenvolveu a Declaração de Helsinque como uma declaração de princípios éticos para pesquisa médica envolvendo seres humanos, incluindo pesquisa em materiais e dados humanos identificáveis.”.
“É dever do médico promover e proteger a saúde, bem estar e direitos dos pacientes, inclusive daqueles que estão envolvidos em pesquisa médica. O conhecimento e consciência do médico são dedicados ao cumprimento do seu dever.”
“O principal objetivo de pesquisa médica envolvendo seres humanos é compreender as causas, evolução e efeitos das doenças e melhorar as intervenções preventivas, diagnósticas e terapêuticas (métodos, procedimentos e tratamentos). Mesmo a melhor intervenção comprovada deve ser continuamente avaliada através de pesquisa no que diz respeito à sua segurança, efetividade, eficiência, acessibilidade e qualidade.”
“A pesquisa médica está sujeita a padrões éticos que promovem e garantem o respeito a todos seres humanos e protegem sua saúde e direitos.”
“É dever dos médicos que estão envolvidos em pesquisa médica proteger a vida, saúde, dignidade, integridade, direito à autodeterminação, privacidade e confidencialidade das informações pessoais dos sujeitos da pesquisa. A responsabilidade pela proteção aos sujeitosda pesquisa deve sempre recair no médico ou outros profissionais da saúde e nunca no sujeito da pesquisa, mesmo que eles tenham dado consentimento.”
A publicação da pesquisa de Henry Beecher em 1966 demonstrou que 12% das pesquisas publicadas em revistas médicas tinham se baseado na utilização de métodos contrários à ética. Revelou a necessidade de maior controle em pesquisas e tratamentos em respeito à dignidade e autonomia dos seres humanos nelas envolvidos.
Henry Beecher divulgou o artigo que mais provocou assombro na comunidade científica mundial, desde o anúncio das atrocidades cometidas pelos médicos engajados no nazismo. Beecher era um médico anestesista, que colecionava relatos de pesquisas científicas publicadas em periódicos internacionais envolvendo seres humanos em condições pouco respeitosas.
Da compilação original de 50 artigos, Beecher publicou 22 relatos em que os alvos de pesquisa eram os tradicionalmente ditos como sub-humanos: internos em hospitais de caridade, adultos com deficiências mentais, crianças com retardos mentais, idosos, pacientes psiquiátricos, recém-nascidos, presidiários, enfim, pessoas incapazes de assumirem uma postura moralmente ativa diante do pesquisador e do experimento.
Os números e dados de Beecher mostraram que a imoralidade não era exclusiva dos médicos nazistas, ou seja, os tratados humanitários e de defesa dos direitos humanos assinados por inúmeros países, inclusive os Estados Unidos, não haviam ecoado na prática científica até os anos 70. 
O que o artigo de Beecher demonstrava era que as regras de controle, fossem elas policialescas ou de efeito moral, não eram para todos, apenas para os imorais, os perversos pesquisadores do continente. Era urgente, portanto, alguma forma de difusão dos princípios morais da cultura dos direitos humanos que não fosse somente pela referência a tratados e convenções de caráter tão abstratos e distantes como estavam sendo Helsinki ou Nuremberg até aquele momento.
A partir de então, passou-se a defender a idéia de que médicos e pacientes não precisavam ter as mesmas crenças para que se respeitassem mutuamente, pois o encontro moral poderia ser mediado por outra instância além da moralidade particular de cada indivíduo: a bioética.
	‘Princípios da Bioética
AUTONOMIA (do respeito às pessoas), segundo o qual o médico deve respeitar a vontade do seu paciente, bem como seus valores morais e crenças; 
#O princípio da autonomia requer que o profissional de saúde respeite a vontade de seu paciente ou de seu representante, levando em conta, em certa medida, seus valores morais e crenças religiosas. Reconhece o domínio do paciente sobre sua própria vida (corpo e mente) e o respeito a sua intimidade, restringindo, com isso, a intromissão alheia daquele que está sendo submetido a tratamento. Considera o paciente capaz de autogovernar-se, ou seja, de fazer suas opções e agir sob orientação dessas deliberações tomadas, devendo, por tal razão, ser tratado com autonomia. Aquele que tiver sua vontade reduzida deverá ser protegido. Autonimia seria a capacidade de atuar com conhecimento de causa e sem qualquer coação ou influencia externa. Desse princípio decorrem a exigencia do consentimento livre e informado e a maneira de como tomar decisões de substituição quando uma pessoa for incompetente ou incapaz, ou seja, não tiver autonomia suficiente para a ação de que trate por estar preso ou ter alguma deficiencia mental.
BENEFICÊNCIA, que objetiva o bem-estar dos enfermos, dever de agir no interesse do paciente.
#O princípio da beneficencia requer o atendimento por parte do médico ou do geneticista aos mais importantes interesses das pessoas envolvidas na prática biomédica ou médica para atingir seu bem-estar, evitando, na medida do possível, quaisquer danos. Baseia-se na tradição hipocrática de que o profissional de saúde, principalmeente o médico, só pode usar o tratamento para o bem do enfermo, segundo sua capacidade e juízo, sem nunca fazer mal ou praticar a injustiça. No que conserne as moléstias, deverá ele crias na praxis médica o hábito de duas coisas: ajudar ou socorrer sem prejudicar ou causar dano ao paciente. Duas são as regras dos atos de beneficiencia: não causar dano e maximizar os benefícios, minimizando os possíveis riscos.
NÃO-MALEFICÊNCIA, abstenção de dano, propõe a obrigação de não infligir dano intencional.
JUSTIÇA, o qual demanda equidade na repartição de bens e benefícios no que tange ao exercício da medicina ou área da saúde.
#O princípio da justiça requer a imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios, no que atina a prática médica pelos profissionais de saúde, pois os iguais deverão ser tratados igualmente. Pode ser também postulado, através dos meios de comunicação por terceiros ou instituições que defendem a vida ou por grupos a prevenção da AIDS, cujas atividades exercem influencia na opinião pública, para que não haja discriminações. Esse princípio, expressão da justiça distributiva, exige uma relação equanime nos benefícios, riscos e encargos, proporcionadas pelos serviços de saúde aos pacientes.
Ponto nº 2
	
‘O surgir do ser humano e sua proteção jurídica
Um dos pontos mais controversos é o da caracterização do início da vida de uma pessoa. A rigor, a vida humana não começa a cada reprodução, ela continua, pois o fenômeno vital se mantém, não é nem extinto nem restabelecido, prossegue. A vida de um novo indivíduo é que tem início. O estabelecimento de critérios biológicos - início da vida de um ser humano - ou filosóficos - início da vida de uma pessoa - ou ainda, legais é uma discussão difícil, mas por isso mesmo desafiadora. 
A seguir são apresentados alguns dos critérios utilizados para estabelecer o início da vida de um ser humano.
O critério baseado na possibilidade de “comportamento moral”, é extremamente controverso, mas defendido por alguns autores na área da Bioética, como Michael Tooley.
O Código Civil brasileiro, em vigor desde janeiro de 2003, propõe, em seu artigo 2o. que:
"A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro."
	‘Teorias Jurídicas do Início da Vida
	‘Proteção da pessoa humana a nascer
Embrião, feto, nascituro são expressões próximas, bem ligadas entre si, quanto ao sentido que se lhes dá em linguagem científica (BERTI, 2008, p.70).
Explica Silma Mendes Berti (2008) que “a expressão nascituro, preferida pela linguagem jurídica brasileira, para indicar apenas o ser concebido, durante o tempo em se encontra no seio materno, que o acolhe e o protege. Melhor dizendo, e para ser fiel ao sentido que se lhe dá a língua latina, para indicar aquele que vai nascer, embora se lhe aplique também o sentido do ser concebido que ainda se encontra no ventre materno”.
Diferente do nascituro é o concepturo, aquele que ainda não foi concebido.
É o caso da chamada prole eventual, isto é, aquele que será gerado, concebido, a quem se permite deixar benefício em testamento, dês que venha a ser concebido nos dois anos subsequentes à morte do testador, conforme art. 1.800, §4º do CC/02. Enquanto, o nascituro é o filho que alguém já concebeu, mas ainda não nasceu, o concepturo é o filho que alguém ainda vais conceber (FARIAS; ROSENVALD, 2009).
Já o embrião é considerado na área médica o germe fecundado nos primeiros meses de vida intra-uterina; é o que se encontra no começo da vida e que ainda não tem forma definida (BERTI, 2008).
Entretanto, não se pode utilizar referido conceito de forma genérica, considerando a existência dos embriões não implantados na reprodução assistida, que são concebidos, como no caso da fertilização in vitro, fora do útero.
Conforme Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald (2009), os embriões laboratoriais (embriões in vitro) são aqueles remanescentes de fertilização na proveta (embriões excedentários) ou queforam preparados para serem implantados em uma mulher, mas ainda não o foram (embriões pré-implantatórios).
Por outro lado, o feto representa a fase do desenvolvimento intra-uterino que segue à embrionária até o nascimento, e que acontece após o segundo ou terceiro mês de fecundação.
O feto apresenta uma morfologia reconhecível: seus órgãos já estão formados, ele já começa a apresentar caracteres distintivos da espécie humana. A transição entre o estágio embrionário e o estágio fetal opera-se por volta da 8ª semana após a fecundação, ou da 7ª após a implantação (BERTI, 2008).
	‘Projeto de Lei – Estatuto do Nascituro
Ao dispor sobre o Estatuto do Nascituro, o projeto de lei em questão trata de seus direitos fundamentais, tais como direito a tratamento médico, a diagnóstico pré-natal, a pensão alimentícia ao nascituro concebido em decorrência de ato de violência sexual, a indenização por danos morais e materiais, além de tipificar como crime atos como dar causa, de forma culposa, a morte de nascituro; anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar o aborto; congelar, manipular ou utilizar nascituro como material de experimentação; fazer a apologia de aborto, dentre outros.
Como justificativa, seus autores sustentam pretender tornar integral a proteção ao nascituro, realçando-se, assim “o direito à vida, à saúde, à honra, à integridade física, à alimentação, à convivência familiar” e a proibição de “qualquer forma de discriminação que venha a privá-lo de algum direito em razão do sexo, da idade, da etnia, da aparência, da origem, da deficiência física ou mental, da expectativa de sobrevida ou de delitos cometidos por seus genitores” (SENADO, 2010).
Referido projeto dispõe que o nascituro é o ser humano concebido, mas ainda não nascido, incluindo os embriões in vitro, antes de serem implantados no útero.
São reconhecidos alguns direitos como dignidade, vida, saúde, integridade física e os demais direitos da personalidade previstos nos arts. 11 a 21 do Código Civil de 2002. Os direitos patrimoniais ficam sujeitos à condição resolutiva, pois caso o nascituro não nasça com vida, seus efeitos serão extintos.
Defende Zélia Maria Cardoso Montal que o nascituro é sujeito de direito, pelos simples fato de estar na condição de ser humano, devido ao princípio da igualdade material ou substancial. A autora é a favor do Estatuto do Nascituro, pois a realidade demonstra a vulnerabilidade deste ser e o seu reconhecimento como específico sujeito de direito, portanto, se faz exigível proteção específica, com legislação própria (MONTAL, 2009).
Favorável ao estatuto, Silma Mendes Berti pontua que:
“Admitir ser o embrião uma potencialidade de pessoa é aceitar que, entre o que é hoje e o homem e que ele será, no futuro, há uma distância a ser percorrida. O ser concebido deve ser visto, isto sim, como uma pessoa humana in fieri, ou pessoa humana com um potencial. Assim ele próprio sinalizará o reconhecimento de sua dignidade e a proteção de sua pessoa. O direito do embrião deve harmonizar-se com outros direitos, talvez menos fundamentais que a dignidade. Além do mais, é preciso ressaltar a impropriedade do postulado, para pensar que o caráter contínuo do desenvolvimento do fenômeno vital torna improvável o corte da vida, desde a concepção à morte, em categorias submetidas, cada uma delas, a um direito diferente. Assim, dotar um embrião de um estatuto, como se propõe, será sempre uma louvável ideia” (BERTI, 2008, P.90-91).
Jussara Meirelles (2000) mostra-se favorável à criação de legislação especifica para proteger os embriões in vitro, ao afirmar que “considerados em si mesmos portadores de vida, afastada resulta sua caracterização como bens suscetíveis de subordinação a interesses econômicos. Forçoso, por conseguinte, afirmar a indubitável necessidade de sua proteção jurídica específica, impondo-se para tanto, distanciá-los da categorização estabelecida tradicionalmente, bem como, sob o enfoque do amparo, equipará-los aos demais seres humanos”.
Criticáveis são os arts. 7º e 9º do estatuto ao disporem:
“Art. 7º O nascituro deve ser destinatário de políticas sociais que permitam seu desenvolvimento sadio e harmonioso e o seu nascimento, em condições dignas de existência.
Art. 9º É vedado ao Estado e aos particulares discriminar o nascituro, privando-o de qualquer direito, em razão do sexo, da idade, da etnia, da origem, de deficiência física ou mental.”
Políticas sociais que permitam seu desenvolvimento sadio e harmonioso são um tanto difíceis de concretizarem. É forçoso imaginar que este ser possa ser destinatário de políticas sociais, seja estando no útero ou no laboratório criopreservado.
Ademais, como imaginar discriminação em razão de sexo, etnia e deficiência física e mental? Até então, a medicina não evoluiu ao ponto de na fase embrionária diagnosticar o sexo, cor de pele e possível deficiência do embrião, salvo na hipótese de ser oriundo de técnica de reprodução assistida, que ainda assim tem restrições éticas, dispostas na Resolução 1.957 do CFM e no Código de Ética Médica.
O PL 478/2007 está atualmente para análise pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, desde 09/04/2012.
Ponto nº 3
	‘Planejamento Familiar
PLANEJAMENTO FAMILIAR é o controle do número de filhos e intervalos entre gestações. Tem como objetivo o bem estar da criança e do casal, pois podem escolher o momento propício para a chegada dos filhos.
Assegurado pela Constituição Federal e também pela Lei n° 9.263, de 1996, o planejamento familiar é um conjunto de ações que auxiliam as pessoas que pretendem ter filhos e também quem prefere adiar o crescimento da família.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os programas de planejamento familiar foram responsáveis pela diminuição de um terço da fecundidade mundial, entre os anos de 1972 e 1994.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 120 milhões de mulheres no mundo desejam evitar a gravidez. Apesar disso, nem elas nem seus parceiros usam métodos contraceptivos.
No Brasil, a Política Nacional de Planejamento Familiar foi criada em 2007. Ela inclui oferta de oito métodos contraceptivos gratuitos e também a venda de anticoncepcionais a preços reduzidos na rede Farmácia Popular.
Controlar a fertilidade é o primeiro passo para planejar o momento mais adequado para ter filhos. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), feita em 2006, financiada pelo Ministério da Saúde, revelou que 46% das gravidezes não são planejadas.
Graças à política de distribuição de meios anticonceptivos, houve diminuição no número de gravidezes indesejadas. Esse fator pode ter contribuído com a queda nos índices de abortos inseguros e, consequentemente, na mortalidade materna, indica estudo do Ministério da Saúde.
O princípio do Planejamento Familiar foi consagrado tanto em sede legal (art. 1565, §2º do CC de 2002), quanto constitucional (art. 226, §7º da CF/88), senão vejamos:
“O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas” (CC, art. 1565, §2º).
“Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas” (CF, art. 226, §7º).
Referido princípio encontra-se regulamentado na Lei nº 9.263/1996, que assegura a todo cidadão, não só ao casal, o planejamento familiar de maneira livre, não podendo nem o Estado, nem a sociedade ou quem quer que seja estabelecer limites ou condições para o seu exercício dentro do âmbito da autonomia privada do indivíduo.
Trata-se de uma legislação mais voltada à implementação de políticas públicas decontrole de natalidade e da promoção de ações governamentais dotadas de natureza promocional, que garantam a todos o acesso igualitário às informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade. 
Nesse sentido, todas as questões referentes à inseminação artificial e à engenharia genética encontram guarida e embasamento nesse preceito. Todos os indivíduos têm direito fundamental à saúde sexual e reprodutiva, devendo o Estado tratar os distúrbios de função reprodutora como problema de saúde pública, garantindo acesso a tratamento de esterilidade e reprodução assistida.
O planejamento familiar representa uma garantia ao cidadão, estando incluso dentre os direitos fundamentais, não se podendo negar-lhe aplicação do regime da eficácia jurídica reforçada de que são dotados tais direitos, elementos que devem ser associados aos Princípios da Integridade Física e da Dignidade da Pessoa Humana, isso sem levar em conta os Princípios da Liberdade e da Igualdade.
	‘Interrupção da Vida Intrauterina
Aborto é a interrupção da vida intra-uterina, com a destruição do produto da concepção (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal: parte especial. São Paulo: Atlas, 24ª ed., 2006, p. 62).
A palavra aborto origina-se de ab que, traduzido, denota privação, juntamente com a palavra ortus que significa nascimento. Daí se entende a privação do nascimento como sendo o conceito simplório de aborto.
Atualmente se entende que o aborto é a interrupção da gestação, de forma natural ou provocada, ocorrendo a morte do produto da concepção, havendo a sua expulsão ou não do útero da gestante, pois há casos em que apesar de abortado o feto permanece no útero. Ressalte-se que a morte deve ser resultado direto dos meios abortivos ocorridos. 
No mesmo sentido, tem-se o entendimento de Damásio de Jesus afirmando que o aborto é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto (produto da concepção). Afirma ainda que o aborto pode ser natural, acidental, criminosos e legal ou permitido, sendo que o natural e o acidental não constituem crime. Diz o Código Penal:
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
O artigo 124 tem em seu tipo a forma mais ampla do crime de aborto. Trata do aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento; os artigos 125 e 126 referem-se ao aborto provocado por terceiro, sem e com o consentimento da gestante, respectivamente;; e, por fim, o art. 128 que trata das excludentes de ilicitude do referido crime, artigo este que será explorado neste trabalho, pois se busca incluir neste rol a hipótese do aborto de feto anencefálico.
Sendo assim, os artigos 124 a 127 do Código Penal referem-se às formas de interrupção da gravidez que são punidos, constituindo crime de aborto, enquanto que o artigo 128 trata dos casos em que se pode interromper a gravidez, ou seja, o aborto permitido (aborto necessário ou terapêutico e aborto no caso de gravidez resultante de estupro, o denominado aborto ético ou humanitário).
Cabe agora verificar as modalidades de aborto, tanto as que configuram crime como as conhecidas por aborto permitido, constantes no artigo 128 do Código Penal pátrio. São elas: se não houver outro meio de salvar a vida da gestante, chamado de aborto terapêutico ou necessário; e a segunda, se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante.
Aborto Terapêutico ou Necessário (Art. 128, I do C.P.)
O aborto terapêutico é aquele em que a gestante possui o direito de abortar. Ocorre quando a gestação traz perigo de vida à mulher. Vale atentar que este perigo deve ser direto à vida e não somente à saúde da gestante. Um outro requisito é a inexistência de outro meio para salvar a vida mulher. Só atendendo esses requisitos é que se poderá praticar o aborto terapêutico sem que tal conduta incorra como ilícito penal.
Bitencourt : “O aborto necessário pode ser praticado mesmo contra a vontade da gestante. A intervenção médico-cirúrgica esta autorizada pelo dispositivo nos artigos 128, I(aborto necessário) e 24 (estado de necessidade).”.
Assim, para realizar este tipo de aborto, o médico deverá, documentar a evolução do caso por meios de registros periódicos dos dados da clinica e dos exames complementares, de modo a poder caracterizar a evolução desfavorável da paciente, apesar das tentativas de tratamento. Demonstrada a impossibilidade de manutenção da gravidez face o risco de vida da mãe, só então pode realizar a intervenção. A recusa da gestante em fazer o aborto não deve ser considerada se existir o iminente perigo de vida da mãe, a que alude o art. 3º do art. 146 do C.P..
Depreende-se que vida da gestante prepondera sobre a do feto, pois, uma vez que existe o risco de vida para a aquela, diretamente relacionado, tem-se o perigo deste alcançar o feto, pois há grandes chances da mulher não sobreviver à gestação. Desta forma, o feto também não sobreviveria. Por motivos óbvios, não se põe em risco à vida da mulher e o aborto deverá ocorrer ainda que esta não consinta.
Aborto Sentimental ou Humanitário (Art. 128, II do C.P.)
O aborto humanitário, também chamado de sentimental não é considerado crime na legislação brasileira, pois se encontra inserido no artigo que trata das excludentes de ilicitude do crime de aborto.
Esse tipo de aborto tem sua justificativa no fato de que a gestação é conseqüência de estupro. Assim, nos casos em que a mulher for vítima de estupro poderá abortar sem que lhe seja atribuída qualquer penalidade. 
Segundo Celso Delmanto , esta modalidade de aborto inclui tanto o estupro praticado com violência real como presumida. Atualmente se entende que a permissão também alcança, por analogia, a gravidez resultante de atentado violento ao pudor. O autor afirma que se faz necessário o prévio consentimento da gestante ou de seu representante legal para interromper a gestação nesses casos, não sendo necessária a autorização judicial.
Desse modo, tem-se como fundamento para não aplicação de sanção, nestes casos, o fato de não obrigar à mulher uma maternidade que lhe é odiosa e que possa lhe trazer recordações que acabam por abalar seu psicológico, tendo em vista que o estupro é um crime em que incide uma grande carga de violência, não só física como mental.
Porém, diferente do entendimento a respeito da gestação que traz risco de vida à mulher, no que tange à sua liberdade de escolha, nos casos de aborto sentimental fica a disposição da mulher, manter ou não, a gravidez resultante do crime de estupro. 
Aspectos que poderíamos considerar de terapêuticos, já que a finalidade do aborto é poupar à mulher da tortura que seria manter viva a presente, por nove meses seguidos, marca da violência. Poucas mulheres têm condições emocionais de enfrentar este problema sem abalo de saúde mental. Algumas até podem desenvolver surtos psicóticos. Entretanto, enquanto no Aborto Terapêutico o medico pode decidir até contra a vontade da mulher, neste ele só pode atuar após tácito assentimento da gestante, feito por escrito.
Aborto Honoris Causa
Antes de apresentar a definição, cumpre salientar, que esta modalidade de aborto é considerada crime no sistema jurídico brasileiro, vez que não participa do rol taxativo do artigo 128 do Código Penal.
O conceito de aborto honoris causa é bastante simplório, sendo aquele que permite que a mulher ponha fim à gestação para que não tenhasua honra abalada. Por motivos óbvios essa modalidade de aborto é punida no Brasil como em diversos outros países. Isso ocorre, pois a mulher não pode elevar um mero capricho sobre um bem jurídico valioso para a sociedade. Ademais, com as mudanças dos paradigmas sociais não há que se falar em desonra, atualmente, em decorrência de uma gravidez indesejada. Portanto, de modo inquestionável, o aborto honoris causa é punido.
Aborto Social ou Econômico
Assim como o aborto honorois causa, o aborto social ou econômico também é considerado crime segundo Código Penal.
O aborto social ou econômico seria aplicado nos casos de família numerosa, para não lhe agravar a situação social e econômica. Em outras palavras, se aplicaria nos casos em que as famílias passam por diversas dificuldades financeiras e que o aparecimento de um novo ser somente traria mais miséria para aqueles membros, bem como para a nova vida que surgiria.
Aborto Eugênico
Deve-se vislumbrar que o termo eugenia foi criado por Francis Galton, cientista inglês, que a definiu como sendo um estudo de pessoas em busca de um melhoramento genético, tanto na forma fisica como mental.
O aborto eugênico, também conhecido como eugenésico é aquele que permite que a mulher interrompa gravidez quando há a possibilidade de que a criança nasça com doenças hereditárias. Vale ressaltar que não é necessário que o feto não consiga sobreviver, bastando anomalias graves. Essa modalidade de aborto esteve em vigor na Alemanha no ano de 1933, na época de Hitler, em sua busca por seleção de raças superiores.
O aborto eugênico pretende não expor os pais ao sacrifício de ter um filho anormal, com deficiências que acabam por transtornar toda a vida dos progenitores, vez que precisariam de muitos recursos para que a vida de seus filhos pudesse ser prolongada. Em decorrência disso, teria a gestante o direito de decidir a respeito da interrupção ou não da sua gestação. 
‘Interrupção da Gestação em Caso de Anencefalia
ANENCEFALIA: malformação congênita caracterizada pela ausência total ou parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de fechamento do tubo neural durante a formação embrionária, entre os dias 23 e 28 da gestação.
A anencefalia é uma condição caracterizada pela má formação ou ausência do cérebro e/ou da calota craniana (os rudimentos de cérebro, se existem, não são cobertos por ossos). Embora o termo sugira a falta total de cérebro, nem sempre é isso que acontece e muitas vezes há falta de partes importantes do cérebro, mas a presença de algumas estruturas do tronco cerebral, o que sustenta a sobrevivência do feto. 
Contudo, a expectativa de vida de bebês nascidos com anencefalia é muito curta e ela é sempre uma patologia letal a curtíssimo prazo. Trata-se de ocorrência rara (1/1.000 ou 1/10.000, conforme as estatísticas), mais comum em fetos femininos e em mães nos extremos da faixa reprodutiva, muito jovens ou muito idosas. A incidência, na verdade, pode ser maior que essa porque ocorrem muitos casos de abortos espontâneos em que a condição não é diagnosticada.
Esse defeito parece ser decorrente de fatores genéticos e ambientais, durante o primeiro mês de embriogênese. Sabe-se que a incidência de anencefalia aumenta em mães muito jovens ou nas de idade avançada e que essa condição tem seis vezes mais probabilidade de ocorrer em mães diabéticas que nas não diabéticas. A anomalia também tem sido associada a uma elevada exposição a toxinas, tais como cromo, chumbo, mercúrio e níquel.
A gravidez de um bebê anencéfalo pode apresentar complicações. Pode haver acúmulo de líquido amniótico no útero, devido a não deglutição do líquido da bolsa amniótica pelo feto anencéfalo, já que este tem menos reflexos. Se o bebê com anencefalia chega a nascer, ele geralmente é cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor, sendo, portanto, inviável.
Os fetos anencéfalos podem assumir posições anômalas, dificultando o parto, já que o fenômeno físico do parto precisa do crânio. O ombro deles, não se sabe o porquê, é maior. E ainda existe o risco de não contração uterina após o parto levando a hemorragias no pós-parto, o que pode colocar a vida da mulher em risco.
A anencefalia pode ser diagnosticada ainda no útero, por volta da décima segunda semana de gestação, através de um exame de ultrassonografia. Em mulheres sem acesso à ultrassonografia a condição da doença só é diagnosticada durante o parto, o que reforça a importância da realização adequada do pré-natal.
Não existe cura ou tratamento para a anencefalia. É um diagnóstico gravíssimo e muito traumático para os pais. Nos fetos nascidos vivos pode ser dado um suporte ventilatório, o que tem efeito apenas paliativo. A assistência médica e o apoio dos profissionais envolvidos são fundamentais para a gestante.
A prevenção mais indicada para a anencefalia é a ingestão de ácido fólico durante a gestação, que previne más formações fetais de maneira geral.
O prognóstico para estes pacientes é a morte. A maioria dos fetos não sobrevive ao nascimento. Quando o feto nasce com vida ele geralmente morre em poucas horas ou dias, de parada cardiorrespiratória.
Cerca de 75% dos bebês morrem dentro do útero ou durante o parto e os restantes 25% morrem dentro de algumas horas ou dias após o parto. Há raros casos de sobrevivência de 20 a 24 meses.
Em virtude de que a anencefalia pode ser diagnosticada antes do nascimento, muitos médicos aconselham a interrupção da gravidez, já que o feto terá uma vida extrauterina muito curta ou nascerá morto.
O diagnóstico de anencefalia é traumático para uma mulher que deseja esta gravidez. No entanto, é importante que esta gestante tenha o direito de escolher entre manter a gravidez ou não e seja orientada por seu médico sobre os riscos e a gravidade do diagnóstico.
A partir de abril de 2012, o Brasil passou a permitir a realização do aborto terapêutico para fetos com anencefalia, cabendo à mãe a decisão de realizá-lo ou não.
‘ADPF 54
A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde do Brasil ingressou com uma ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental no Supremo Tribunal Federal (ADPF n.º 54) pedindo que a Corte Constitucional conferisse ao Código Penal uma interpretação conforme a Constituição e declarasse que o aborto de fetos anencéfalos não é crime.
A ação foi assinada pelo grande constitucionalista Luis Roberto Barroso e tinha, entre outros, os seguintes argumentos:
Como o feto anencéfalo não desenvolveu o cérebro, ele não teria qualquer condição de sobrevivência extrauterina;
Perdurar a gestação por meses seria apenas prolongar o sofrimento da mãe considerando que a morte da criança ao nascer, ou mesmo antes do parto, seria cientificamente inevitável;
Rigorosamente, não haveria nem mesmo aborto porque o feto anencéfalo é desprovido de cérebro e, segundo a Lei n.º 9.434/1997, o marco legislativo para se aferir a morte de uma pessoa ocorre no momento em que se dá sua morte cerebral.
Outros setores da sociedade e, em especial a Igreja Católica, mostraram-se completamente contrários à possibilidade de aborto de fetos anencefálicos. Para tanto, valeram-se das seguintes razões:
O feto já pode ser considerado um ser humano e deve ter seu direito à vida respeitado;
Haveria chances de sobrevivência extrauterina, como no caso raro de uma criança chamada Marcela de Jesus Galante Ferreira, que foi diagnosticada como feto anencéfalo, mas teria sobrevivido alguns meses após o parto (conhecido como “Caso Marcela”). (obs: os médicos rechaçam essa afirmação, sustentando que não se trataria de feto anencéfalo, tendo havido erro no diagnóstico);
A legalização do aborto de fetos anencefálicos representaria o primeiro passo para a legalização ampla e irrestrita dos abortos no Brasil;
O aborto de fetos anencefálicos seria um tipo de aborto eugênico, isto é, uma espécie de aborto preconizada por regimes arianos, como o nazista, no qual se eliminariam indivíduos com deficiências físicasou mentais, em uma forma de purificação da raça.
Em 1º de julho de 2007, o Min. Marco Aurélio, do STF, concedeu, em decisão monocrática, medida cautelar na referida ação, declarando que não haveria crime nesses casos e determinando a suspensão dos processos que versassem sobre o tema.
O Pleno do STF se reuniu, cassou a liminar concedida pelo Relator, mas determinou que os processos que tratassem sobre o assunto em outros juízos continuassem suspensos.
Antes de examinar o mérito, ainda no julgamento da cautelar concedida pelo Min. Marco Aurélio, o Procurador Geral da República suscitou uma questão de ordem no sentido de que a ADPF não seria o meio processual adequado para tratar sobre tal tema. O STF, no entanto, rejeitou a questão de ordem e, por 7 votos contra 4 (à época) declarou que não havia qualquer empecilho processual e que a ADPF poderia ser utilizada para discutir o assunto.
Desde então o STF realizou audiências públicas e ouviu inúmeros representantes da área médica a fim de recolher maiores subsídios para julgar a ação.
Após longos anos de tramitação, nesta quarta (11/04) e quinta-feira (12/04), o STF julgou o mérito da ADPF.
Por 8 votos a 2, os Ministros entenderam que não é crime interromper a gravidez de fetos anencéfalos.
Assim, os médicos que fazem a cirurgia e as gestantes que decidem interromper a gravidez não cometem crime de aborto.
A grávida e a equipe médica precisam de autorização judicial para fazer a cirurgia de retirada de um feto anencéfalo? NÃO. Segundo restou decidido, para interromper a gravidez de feto anencéfalo não é necessária decisão judicial que a autorize. Basta o diagnóstico de anencefalia do feto.
A cirurgia de retirada de um feto anencéfalo é considerada aborto? NÃO. Sete Ministros que participaram do julgamento consideraram que não se trata de aborto porque não há a possibilidade de vida do feto fora do útero.
O Min. Gilmar Mendes votou pela descriminalização da prática, mas considerou que tal prática configura sim aborto. Segundo o Min. Mendes, o aborto de feto anencéfalo pode ser enquadrado no inciso II do art. 128 do CP, que afirma que não se pune o aborto praticado por médico se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Trechos relevantes dos votos dos Ministros (com informações do site do STF):
	‘Atenção Humanizada ao Abortamento – Ministério da Saúde
Ponto nº 4
	‘Reprodução Assistida
REPRODUÇÃO HUMANA: encontro dos gametas masculino e feminino, espermatozóide e óvulo (células germinativas), formando uma célula (zigoto ou ovo), dando início ao processo de desenvolvimento do embrião (gestação) até o parto e nascimento.
A reprodução pode ser natural, decorrente da relação sexual sem uso de qualquer método contraceptivo, ou assistida, quando há um problema que impede a procriação natural e os pretensos pais se utilizam de outros métodos para tentar procriar.
Natural: obtida pela relação sexual sem uso de método contraceptivo.
Assistida: obtida sem relação sexual, medicamente assistida.
Basicamente, a reprodução assistida é realizada por uma dessas duas técnicas:
Inseminação artificial (Fecundação in útero): Por essa técnica, o espermatozoide é introduzido artificialmente na cavidade uterina, de modo que ocorra, dentro dela, a fecundação. A fecundação é realizada dentro do útero da mulher e o esperma é colhido em procedimento separado.
Fertilização in vitro: Por essa técnica, as células germinativas do homem e da mulher são coletados, em laboratório os gametas serão juntados, ocorrendo a fecundação, há um período de maturação, até que o casal seja chamado para implantar o pré-embrião. Este embrião é introduzido na mulher. Por força do conselho federal de medicina, se implantam no máximo 4 embriões, para evitar complicações e a morte prematura dos embriões implantados no ventre materno.
E a reprodução assistida pode ser:
Homóloga: Independentemente do tipo de fecundação utilizada, a reprodução será homóloga quando as células germinativas forem do marido.
Heteróloga: Quando as células germinativas forem de outro homem.
No Brasil, Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM 1358/92, instituiu as primieras Normas Éticas para a Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida, em 1992. Em 2010, estas Diretrizes foram atualizadas pela Resolução CFM 1957/2010. Os aspectos éticos mais importantes que envolvem questões de reprodução humana assistida são os relativos à utilização do consentimento informado; a seleção de sexo; a doação de espermatozóides, óvulos, pré-embriões e embriões; a comercialização de gametas; a seleção de embriões com base na evidencia de doenças ou problemas associados; a troca de embriões no procedimento de tranferência; a maternidade substitutiva; a redução embrionária; a clonagem; pesquisa e criopreservação (congelamento) de embriões, incluindo a produção de quimeras humanas.
Um importante questionamento que deve ser amplamente discutido é o da utilização destas técnicas de reprodução medicamente assistida em casais sem problemas de infertilidade. Um demanda já encaminhada a vários serviços é a utilização para fins de proteção do parceiro de uma mulher portadora do vírus HIV. A utilização de técnicas de reprodução seriam utilizadas com o objetivo de proteger o parceiro de uma eventual contaminação e permitiria ao casal ter filhos. Esta situação, no passado quando não existiam terapêuticas adequadas nem profilaxia para o bebe, era formalmente contraindicada, pois seria expor um terceiro a um grande risco então existente. Com o desenvolvimento atual do tratamento o risco de transmissão vertical foi muito reduzido, permitindo uma rediscussão deste tema por parte dos profissionais, portadores, parceiros e Comitês de Bioética.
	‘Presunção de Paternidade
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Este artigo cuida da presunção de paternidade do MARIDO da mulher que deu a luz, presumindo-se que o filho fora concebido na constância do casamento. A presunção é de PATERNIDADE e apenas recai sobre o marido da mulher que pariu a criança. 
Por força de lei, a presunção de paternidade só se aplica ao casamento, não sendo possível na união estável. Entretanto, há jurisprudência conferindo presunção de paternidade em alguns casos. 
São três as hipóteses de presunção de paternidade nos casos de reprodução assistida, o que significa que o marido da mulher que deu a luz será registrado como pai. Para todos os incisos há enunciados do STJ.
O legislador não quis se referir à maternidade. Ele só confere a presunção de paternidade nos casos de reprodução assistida porque para o legislador sempre vigorou a idéia de que mãe é aquela que dá a luz, que a maternidade é certa, só a paternidade é incerta. O que não é mais verdade hoje. Porque uma mulher pode utilizar óvulo de terceira, sêmen de outro homem, e ainda, uma barriga de aluguel para gerar o filho que ela quer ter. Uma mulher é a dona do óvulo, a outra dona do útero e a terceira é a que contrata. Quem é a mãe?
O pai será o marido da contratante independentemente de quem é o dono do esperma utilizado na reprodução artificial, por causa das presunções. Como nossa legislação não trata da figura da “mãe por substituição”, utilizam-se as regras do Conselho Federal de Medicina, que permite a maternidade por substituição, estipula regras de idade da mulher, parentesco de até segundo grau entre a contratante e a barriga de aluguel, ou com autorização do CFM se a contratante não possuir laços de parentesco até o segundo grau, devendo o conselho avaliar se a cunhada, a amiga, ou outra mulher indicada pela contratante tem a capacidade de gestar essa criança e, principalmente,entregá-la à contratante após o parto.
Hoje, diante dessas novas técnicas, apresentando-se ao registro civil a documentação do laboratório informando a contratação, etc., se consegue registrar a criança em nome da contratante. Até pouco tempo atrás isso não era possível, sendo necessário submeter a contratante ao processo de adoção daquela criança. 
Como em 2010 o ECA, que regula a matéria de adoção, foi alterado, proibindo a adoção intuito personae, não foi mais possível realizar a adoção da criança pela adotante, que era a mãe, queria ser a mãe e, muitas vezes, era a dona do óvulo.
Atualmente já é permitido que o registro seja realizado em nome dos pais contratantes, que são chamados de pais socioafetivos, embora não tenha havido tempo hábil para se desenvolver essa relação afetiva entre eles. Eles são socioafetivos no sentido de que eles é que querem ser pais.
Isso porque hoje vigora o conceito de maternidade e paternidade responsáveis, entendendo-se que mãe e pai são aqueles que criam a criança, e não apenas aqueles que a geraram.
1ª) HAVIDOS POR REPRODUÇÃO ARTIFICIAL HOMÓLOGA: As crianças decorrentes de reprodução assistida homóloga terão presunção de paternidade do marido da mulher que deu a luz, ainda que ele esteja morto quando isso acontecer.
Imaginem que uma mulher, sentindo-se sozinha depois que o marido morreu, lembra-se que existe material genético dele congelado em um laboratório de reprodução assistida e resolve gerar um filho dele. Ela pode fazer isso? 
Se o marido morto autorizou que o seu material genético fosse utilizado mesmo após a sua morte, ela poderá utilizar o material e conceber filhos dele, mas só haverá presunção de paternidade do marido se, além dele ter autorizado, se ela se encontrar na situação de viúva. Porque se ela se casar novamente vigorará ou a presunção do novo marido, conforme o inciso I, ou a presunção prevista no inciso II.
O laboratório somente realizará o procedimento se existir a autorização do marido falecido, mas, se ela tiver essa autorização, ela consegue fazer o procedimento, independentemente do seu estado civil. A presunção do inciso III incidirá se ela for viúva, se ela não for mais viúva, não incidirá esta presunção.
Se vigorar a presunção de paternidade do segundo marido e ele impugnar essa presunção, a criança, representada pela mãe, deverá ingressar com ação de investigação de paternidade contra os herdeiros do marido falecido, fazer prova de que ele é o pai, que não precisa nem de exame de DNA, porque o documento do laboratório comprova que o sêmen utilizado é dele, para fazer constar no registro de nascimento da criança o nome do morto.
Assim, apenas não haverá a presunção, podendo a paternidade ser comprovada de outra forma.
2ª) EMBRIÕES EXCEDENTÁRIOS: Trata-se de embriões congelados, o que significa que se o marido estiver morto, ou dela divorciado, em qualquer caso, havendo embriões excedentários, e a mulher optar por implantar esses embriões, a presunção de paternidade será do marido.
O enunciado 107, para existir a presunção, exige autorização prévia, por escrito, dos cônjuges, para que possa ser realizado este procedimento mesmo depois de dissolvida a sociedade conjugal, podendo essa autorização ser revogada até o início do processo de implantação.
Quando o marido está morto, ocorre como no inciso acima, tem que ter o estado de viúva, etc. Mas quando eles se divorciam, se a mulher, 10 anos depois, decide implantar esse embrião, considerando que o embrião também é dela, ela pode implantar? Pode, se os dois deixaram autorização para isto. E a presunção somente incidirá se houver esta autorização. 
É por isso que é importante, quando as pessoas se divorciam e deixam embriões congelados, ou sêmen congelado, ou óvulo congelado, elas voltem ao laboratório e revoguem a autorização, para que o ex-cônjuge não possa utilizá-lo. Porque se autorização estiver no laboratório, qualquer dos dois pode utilizar a qualquer momento.
E se a nova mulher dele é que utilizar os embriões excedentários? É necessário que exista a autorização do uso do material em terceiro, o que, em verdade, os laboratórios não fazem. Se eles quiserem que esse embrião seja utilizado em outra mulher, é necessário que se faça a doação do embrião, então, se ela doar o embrião, a nova mulher dele poderá utilizá-lo.
Quanto à presunção de paternidade nas hipóteses de reprodução assistida, não discute propriamente se aquela criança é filha biológica daquele marido, mas sim se ele tinha dado a autorização para que o embrião fosse inserido, ou se ele concordara com o procedimento de coleta do material genético, por exemplo.
Então, a presunção de paternidade é relativa, com relação aos incisos III e IV, e a prova em contrário consiste em comprovar algum vício em seu consentimento. 
3ª) HAVIDOS POR INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL HETERÓLOGA: Por força do enunciado 258 do STJ, a presunção de paternidade deste inciso é absoluta, não admitindo prova em contrário.
A presunção é absoluta porque, para que a mulher dele receba material genético de outro homem em procedimento laboratorial, é necessário que ele tenha autorizado. Sem a autorização do marido, uma mulher casada não consegue realizar essa técnica.
Quando ele autoriza, segundo o entendimento do enunciado 104, a vontade declarada dele aqui, que aceitou que a mulher dele recebesse essa técnica, sabendo que ele vai gerar um filho que não é dele, equivale a reconhecer voluntariamente o filho, então a presunção dele é absoluta.
E se ele pudesse entrar com a ação negatória, ele pediria o teste de DNA, que certamente constataria que o filho não é mesmo dele. Por isso, ele não pode alterar a situação registraria desta criança se o método de reprodução foi heterólogo.
Em qualquer das hipóteses de reprodução assistida (incisos III, IV e V), quando ocorrida após a morte, existem direitos sucessórios? 
A sucessão se abre no momento da morte da pessoa, diz o artigo 1784. E o 1798 que as pessoas nascidas ou já concebidas ao tempo da morte são capazes de se tornar herdeiras. Se quando o homem morrer a criança não tiver nascido e a mulher usar o sêmen congelado para conceber o filho, este filho não terá direito à herança. 
Mas o embrião congelado já é tido como concebido, apesar de não ser pessoa, havendo uma expectativa a partir do momento em que a mulher faz a implantação. Ele se torna nascituro quando o embrião é implantado no corpo da mulher. O enunciado 267 diz a regra do art. 1798 deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a herança da pessoa humana a nascer, cujos efeitos patrimoniais submetem-se às regras previstas para a Ação de Petição de Herança.
Toda vez que um herdeiro é excluído da sucessão de alguém, ele pode, no prazo de dez anos da morte, entrar com a ação de petição de herança, na qual ele vai comprovar a sua capacidade de herdeiro e ter direito aos bens. Se os bens já foram divididos, os outros herdeiros deverão ressarcir este novo herdeiro da parte dele.
Por força deste enunciado, os embriões que forem utilizados, implantados, dentro do período de dez anos da morte, têm direitos sucessórios. Depois dos dez anos, não tem mais direito à herança.
Não tem sido considerado, nestes casos, a regra processual de prazo para os incapazes, começando a correr a partir do momento em que eles se tornam relativamente incapazes, porque isso ensejaria num pedido de zelo excessivo aos herdeiros que tiveram acesso à herança, tendo que esperar 26 anos para usufruir integralmente do que lhe foi deixado. Existe muita discussão sobre isto.
CC, 1597, III a V, 1784, 1824 e 205; Enunciados STJ/CJF: 106, 107, 258, 267, 520, 570.
	‘Criopreservação de Embriões Excedentários
A Criobiologia é o ramo da ciência que estuda a criopreservação de sêmen, oócitos e pré-embriões, em um meio de nitrogênio à temperatura muito baixa, sem prejuízo da potencialidade de desenvolvimento embrionário regular após descongelamento.A técnica, relativamente nova, anunciada a primeira utilização em 1983 na Austrália, consiste em revestir o pré-embrião de 1 a 3 dias por uma substância crioprotetora (glicerol), que o protegerá dos efeitos do congelamento. Não existe consenso sobre o tempo-limite para a conservação de um pré-embrião criopreservado. (OLIVEIRA; BORGES, 2000, p. 59).
Os óvulos fecundados não implantados ficam congelados na expectativa de verificar se a primeira tentativa de implantação foi – ou não – bem sucedida. “Para se ter uma idéia, apenas na França, no ano de 1997 existiam mais de 10.000 embriões congelados sem destino definido” (FERREIRA, 2006, p. 6).
A criopreservação de pré-embriões é lícita quando com fins reprodutivos.
Destarte, não importa o tempo que o embrião fique criogenado já que no momento em que se optar pelo descongelamento, ter-se-á que decidir sua destinação.
Suponha que o procedimento de reprodução assistida tenha sido realizado com 20 óvulos, implantados 4, sobram 16 embriões. Para que se conservem estes embriões, é necessário que os submeta a um processo de criogenia, congelando-os em nitrogênio líquido. Normalmente, se conservam os embriões para garantir uma nova possibilidade de implantação, caso os já implantados não consigam nascer.
Os embriões que sobram não podem simplesmente ser jogados fora. Se o casal não quiser mais utilizá-los, ele pode manter congelado até que a vontade de procriar volte, pode doar para que se façam pesquisas, ou pode doar para o laboratório.
Esses embriões congelados tem natureza jurídica de células ou de pessoa humana em potencial? A doutrina discute muito esse assunto, o que levou o STF a discutir a constitucionalidade do art. 5º da Lei de Biossegurança, que diz que depois que o embrião está congelado há mais de três anos e não vai mais ser utilizado para reprodução assistida, pode ser utilizado para pesquisas com célula tronco.
O STF utilizou como critério a Lei de Transplantes de Órgão, que determina o momento da morte, dizendo que a determinação da morte física acontece no momento em que há morte cerebral, e que, com a morte cerebral, o corpo perde a personalidade jurídica, ali deixa de existir pessoa. Portanto, ao contrário, quem não tem atividade cerebral ou tinha e está morto, ou nunca teve e nunca se tornou pessoa, é um organismo vivo, mas não é um ser humano.
Destruição pura e simples
Para quem não considera o embrião fertilizado in vitro como um ser digno de proteção, não há problemas em simplesmente destruí-lo.
Em função do princípio da legalidade, tem-se que tudo aquilo que não for proibido por lei, é permitido aos particulares em geral. Assim, inexistindo proibição legal expressa ao descarte dos embriões excedentes, os médicos responsáveis não incorrem em crime algum ao destruírem embriões em estado pré-implantatório.
A corrente que “propõe de forma ‘simplista’ a destruição de embriões, filia-se à corrente genético-desenvolvimentista, que parte da idéia de que a gravidez somente se processa no interior do organismo humano” (PUSSI, 2005, p. 317).
Os adeptos da prática do descarte embrionário não consideram o concebido in vitro como um ser humano (PUSSI, 2005, p. 317).
É bem verdade que a Resolução 1.358/92 veda a destruição ou o descarte dos excedentes[49], mas trata-se apenas de orientação de cunho deontológico, sem vinculatividade jurídica alguma.
Ademais, apesar do texto da resolução, em decorrência da consulta nº 6.065/99, o Conselho Federal de Medicina respondeu: “O descarte de embriões com manifestação expressa dos cônjuges ou companheiros não pode ser considerado contrário à ética e deveria ser autorizado” (apud OLIVEIRA; BORGES, 2000, p. 73).
A resposta do CFM adota claramente o princípio bioético da autonomia como razão de decidir, pois o Conselho considerou indispensável o consentimento anterior dos beneficiários seja para o descarte, adoção ou utilização em pesquisas. 
“Enquanto for permitido o descarte de pré-embriões, deverá prevalecer a vontade do casal manifestada de forma expressa em documento de consentimento informado [...], tendo em vista os princípios da bioética, especialmente o da autonomia” (OLIVEIRA; BORGES, 2000, p. 84).
Tem-se, portanto, a aceitação do descarte dos embriões excedentes como uma conduta aceita pelo órgão máximo da medicina brasileira.
Doação para Pesquisa
As células-tronco, ou células estaminais, são células indiferenciadas dotadas da capacidade de se diferenciarem em diferentes tipos de tecidos.
A terapia com células-tronco aproveita-se desta capacidade de diferenciação na tentativa de “substituir tecidos lesionados ou doentes, ou células que o organismo deixa de produzir por deficiência” (ESPANHA..., 2004, sp).
Como somente as células-tronco embrionárias são totipotentes, são elas as mais cobiçadas para experimentos terapêuticos. Em especial aquelas retiradas de embriões humanos em estágio inicial de clivagem, “são consideradas a maior promessa para reconstituir tecidos humanos deficientes ou degenerados, o que pode ajudar na cura de doenças como Alzheimer, diabete e Parkinson” (ESPANHA, 2004, sp).
A discussão em torno da utilização dos pré-embriões envolve a polêmica sobre o momento do início da proteção jurídica à vida humana. Veja-se:
A possibilidade da utilização dos pré-embriões para pesquisa científica traz novamente à tona as discussões em torno do início da vida e dos direitos assegurados aos pré-embriões, mas a tendência atual é considerar o pré-embrião como uma pessoa em potencial, sem contudo conferir a ele status legal, posição que permite a defesa da realização dos estudos. Entretanto, não há consenso, que só se verifica no sentido de que pré-embrião não é coisa e não pode ser objeto de comércio, com divergência ao tipo de proteção que ele deve receber, adotada pela maioria a posição de que não deve ser a mesma destinada àqueles implantados no útero materno (OLIVEIRA; BORGES, 2000, p. 75, grifou-se).
Por ora, vale lembrar que a Nova Lei de Biossegurança – Lei 11.105/2005 – regulamentou a matéria em seu art. 5º, permitindo que células-tronco embrionárias obtidas de embriões excedentes inviáveis ou congelados há mais de 3 (três) anos na data da publicação desta lei, ou que, já congelados quando da publicação, assim que completarem 3 (três) anos de criopreservação, sejam utilizadas para pesquisa e terapia.
	‘Diagnóstico Pré-Implantacional do Embrião
Diagnóstico Pré-Implantacional (DGP ou DPI) é o diagnóstico de alterações genéticas e cromossômicas nos embriões, antes da sua implantação, para conseguir que os filhos nasçam sem doenças hereditárias. Esta técnica de reprodução assistida requer sempre um tratamento de Fecundação in Vitro (FIV) com Microinjeção de espermatozoides (ICSI), para dispor dos embriões no laboratório.
As técnicas de RA podem ser utilizadas acopladas à seleção de embriões submetidos a diagnóstico de alterações genéticas causadoras de doenças. As técnicas de RA também podem ser utilizadas para tipagem do sistema HLA do embrião, com o intuito de seleção de embriões HLA-compatíveis com algum filho(a) do casal já afetado por doença, doença esta que tenha como modalidade de tratamento efetivo o transplante de células-tronco ou de órgãos. Res. CFM 2013/2013. 
O Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGP) é um procedimento que permite analisar a carga genética de embriões concebidos através de Fertilização in vitro (FIV) para anormalidades cromossómicas e doenças monogénicas [10, 11]. Esta técnica é aplicada em embriões antes da implantação sendo por isso considerada uma forma alternativa de diagnóstico pré-natal. A sua principal vantagem é a possibilidade de evitar abortos em estados mais avançados da gravidez, uma vez que a utilização deste tipo de métodos permite selecionar embriões, com grande fiabilidade, que estão livres da doença em diagnóstico.
Atualmente, existem dois grupos para os quais se utiliza a técnica de DGP:
• O primeiro grupo consiste em casais que tenham uma elevada probabilidade de transmitiruma doença adquirida. Esta doença pode ser monogénica (num único gene) ou uma aberração estrutural cromossómica [10, 11]. Para estes casais, o DGP é útil na medida em que permite identificar os embriões que transportam de facto a doença, eliminando a possibilidade de aborto posterior. 
• O segundo grupo é formado por casais que se submetem a FIV e cujos embriões são analisados para a presença de aneuploidias. Neste caso, a técnica não é empregue para obter um diagnóstico para uma doença específica, mas antes para uma análise que possa aumentar as probabilidades de sucesso da gravidez. Nesta tipo de análise podem ser detectadas doenças que ocorram sem que tal seja previsível considerando a carga genética parental, como é por exemplo o síndrome de Down.
	‘Sexagem
“[...] se a mulher emite seu sêmen primeiro, ela dá à luz a uma criança do sexo feminino [...]” (Levítico [12:2]). Hipócrates ensinava que a mulher deveria deitar-se sobre o seu lado direito e assim a “semente faria nascer um menino” e vice-versa. “A seleção de sexo envolvendo a triagem de embriões antes da transferência ao útero é eticamente questionável, pois pode resultar na rejeição e/ou o aniquilamento dos embriões que não foram escolhidos.”
	‘Quimerismo
O quimerismo é uma alteração genética rara, caracterizada por uma má formação do embrião.
Trata-se de bebês formados a partir da fusão de células de pelo menos dois embriões diferentes durante os estágios iniciais do seu desenvolvimento, que ao contrário do normal onde se desenvolveriam dois irmãos gêmeos, um óvulo fecundado absorve o outro.
As consequências podem ser por exemplo o indivíduo pertencer a mais de um grupo sanguíneo, que é o quimerismo sanguíneo, o mais comum, mas também pode ser do tipo quimerismo imunitário, quimerismo por irradiação ou o hermafroditismo onde o mesmo indivíduo possui células masculinas e células femininas.
Sendo assim, o quimerismo se dá quando células de dois embriões distintos se fundem para dar origem a um único indivíduo, que terá então algumas áreas formadas por um tipo de células e outras por células de outro tipo. Desta forma os diferentes tecidos do bebê formado terão na prática proporções variadas de cada tipo de célula.
Não se sabe exatamente a frequência em que se dá o quimerismo ou mesmo o que pode causá-lo, embora seja uma condição mais facilmente encontrada em casos de fertilização in vitro.
Na fertilização in vitro, normalmente, se transfere mais de um embrião para ser implantado na mãe. Aliás, é justamente isso que explica a elevada incidência de nas- cimento de gêmeos não idênticos em tais casos. Esse aumento implica pelo menos um risco proporcional de anomalias raras associadas à gestação de gêmeos, entre as quais o quimerismo. 
Em 1998 foi descrito um menino que era uma quimera, pois resultara da fusão de dois óvulos fecundados por dois espermatozóides distintos. Trata-se de um dos raros casos de quimerismo já descritos, e a criança resultou de fertilização in vitro.
Diante dos resultados que começam a surgir, deve-se dar cada vez mais atenção para o significado clínico do quimerismo. Embora a fertilização in vitro contribua para a solução de um número bastante grande de casos de infertilidade, é importante considerar os riscos que corre um casal que opta por esse procedimento.
Implicações para a lei
A prova, tratada genericamente, no decorrer do processo constitui o meio formal de se atingir a verdade dos fatos, seja ela constitutiva, impeditiva, modificativa ou mesmo extintiva do pretenso fato alegado pelas partes; contudo, não abandonando sua razão essencial no processo, esta é ponderada pelo julgador, que lançará mão de sua cognição perante o argumento factual melhor apresentado para o desfecho justo da lide.
A esta questão respondem as honoráveis e rotineiras descobertas e inventos no mundo das ciências; a saber, o quimerismo e o mosaicismo genéticos e seus desdobramentos quanto à confiabilidade dos testes de DNA (ácido desoxirribonucléico), ainda não discutido nos tribunais, em ao menos três situações semelhantes:
a) O quimerismo genético congênito: quando um indivíduo detém dois códigos genéticos distintos, em seu organismo, distribuídos aleatoriamente nos diversos órgãos e tecidos, provenientes da fusão de dois embriões diferentes;
b) O mosaicismo genético: quando ocorre anomalia no processo inicial da divisão celular, um único óvulo fecundado, depois de repetidas subdivisões gera uma seqüência genética distinta e a fundi no mesmo indivíduo;
c) O microquimerismo genético: de maior abrangência, ocorre quando há intercâmbio de células por dois indivíduos; sejam comuns, em gestação normal, entre a mãe e o feto; na gestação de gêmeos dizigóticos; fertilizações in vitro; ou de forma induzida, no tratamento de certas leucemias em pacientes que sofreram transplante de medula óssea.
A pacificada posição, em todas as esferas, do Poder Judiciário quanto à confiabilidade dos testes de DNA assentam-se na possibilidade do julgador a quo considerar o resultado como prova confiável, mas não infalível no esclarecimento da verdade buscada no ato jurisdicional e sua conseqüente justiça.
Contudo, deve-se considerar a probabilidade da existência da anomalia genética do quimerismo; mesmo que seus dados estatísticos ainda sejam desconhecidos (até então, apenas quarenta casos comprovados em todo mundo, por mero acaso); pois a possibilidade do eventual erro deve ser analisada em todas as suas variabilidades, sob pena de voraz injusto e conseqüente perda da meta do Estado Democrático de Direito.
O erro a priori, portanto, não se assenta no teste em si (feito a posteriori, com técnicas reconhecidamente eficazes como meio investigativo); mas na real e reconhecida possibilidade da metodologia atual ainda desconsiderar a existência do quimerismo genético, apesar dos meios científicos necessários serem, grosso modo, os mesmos já utilizados, diferenciados apenas na complexidade e viabilidade econômica (é necessário retirar amostras de vários órgãos e tecidos do investigado, de seus parentes de primeiro grau, inclusive amostras de alguns órgãos internos).
Para citar-se um caso concreto registrado em 2002, a exclusão ocorreu com relação à mãe de dois filhos que teve sua “maternidade” questionada em juízo, sob alegação de fraude contra benefícios públicos; além de suspeita como seqüestradora de sua própria prole. A mãe, de 26 anos, Lydia Fairchild, uma quimera genética congênita, ao solicitar um benefício assistencial no Departamento de Serviços Sociais do Estado de Washington, nos Estados Unidos da América, foi requisitada a submeter-se ao teste padrão de confirmação de parentesco via exame de DNA; a surpresa recaiu-lhe quando intimada a prestar esclarecimentos viu-se indiciada, nos crimes citados, e levada a julgamento, no qual lhe sobreveio a dupla sorte do conhecimento desta possibilidade por parte de um dos assistentes da Promotoria, daquele estado, e uma terceira gravidez, que fôra acompanhada de perto pelo juiz do caso, até o nascimento do terceiro filho, sob a vigilância de um oficial de justiça. Neste último, semelhante aos seus irmãos, não havia compatibilidade genética materna. Dissolvendo a dúvida, em parte; pois a inseminação poderia ter sido in vitro.
Dois anos após iniciados os testes de confirmação da anomalia genética, foi-lhe informado que, a identidade genética de seus filhos era compatível com a de seu pai; ou seja, por mais bizarro que pareça, o avô materno era geneticamente “a mãe de seus próprios netos”.
Tal caso e demais possibilidades plausíveis de ocorrência de erros contundentes; devido à vasta gama de fatores provocativos do quimerismo genético, como por exemplo, as inseminações in vitro, ou ainda, a maior incidência dos transplantes de medula óssea; enseja o maior critério possível na feitura dos testes de DNA, independente dos fatores de complexidade e economia envolvidos; haja vista que, tais fatores são historicamente adaptáveis às contingênciasda sociedade, sobretudo quando provenientes do Poder Judiciário; que não pode se escusar de inaugurar novas fronteiras, admitindo estar sempre “um passo atrás” da sociedade, para lhe assegurar a paz oriunda da justiça.
Apenas as reiteradas solicitações dos julgadores com a formulação de uma nova exigência, sine qua non, da excludências do quimerismo e mosaicismo genéticos nos testes de DNA, podem criar a salutar reengenharia, com critérios mais apuradamente científicos, dos laboratórios de análises genéticas hoje qualificados a este fim.
A visão dos Tribunais a respeito da confiabilidade dos testes atuais de DNA deve ser ponderada pelos fatos ora narrados. Em pesquisa no Brasil, foi identificada apenas a recomendação da Portaria do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Portaria S – IMESC – 7, de 29 de agosto de 2006, Publicada no Diário Oficial, em 30 de agosto de 2006); que regulamenta os procedimentos de coleta de material biológico, emissão de laudo e da metodologia utilizada nos exames de investigação de vínculo genético por meio de identificação de polimorfismos de DNA (item 3.4, Anexo 1 – in verbis: “Indivíduos transfundidos com sangue total ou seus derivados ou que receberam transplante de medula óssea nos últimos seis meses anteriores a coleta, devem ter seu exame feito por coleta de sangue e também swab bucal, para que se evite que o laudo seja inconclusivo por situação de quimerismo.").
	‘Eugenia
A eugenia é uma pratica conhecida desde a antiguidade, sendo os espartanos um bom exemplo disso, pois descartavam os bebes nascidos com defeitos, para que pudessem ser sempre uma nação forte e saudável.
O termo Eugenia foi criado por Francis Galton (1822-1911), que o definiu como: O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja fisica ou mentalmente.
Galton publicou, em 1865, um livro "Hereditary Talent and Genius" onde defende a idéia de que a inteligência é predominantemente herdada e não fruto da ação ambiental. No seu livro, Galton propunha: "as forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem ser substituídas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro".
Durante a segunda guerra mundial, a eugenia foi transfigurada pelos ideais nazistas, que pretendiam se utilizar da adoção de medidas, como a permissão de casamento apenas entre pessoas compatíveis, para a proliferação da raça ariana, considerada por eles, um sinônimo de perfeição.
Então, ate sua deturpação durante a segunda guerra, a eugenia tinha uma proposta de medidas profiláticas, que seriam para evitar que as pessoas nascessem com defeitos, doenças genéticas, doenças transmissíveis, etc.
Uma das medidas profiláticas adotadas pelo Brasil foi a tipificação da conduta 'transmitir doenças sexualmente transmissíveis', hoje considerada crime pelo Código Penal. Como também o combate à prostituição.
Jiménez de Asúa propunha que a Eugenia deveria se ocupar de três grandes grupos de problemas: a obtenção de uma descendência saudável (profilaxia), a consecução de matrimônios eugênicos (realização) e a paternidade e maternidade consciente (perfeição).
•	A profilaxia seria obtida através de ações tais como: combate às doenças venéreas, prostituição e pela caracterização do delito de contágio venéreo.
•	A realização ocorreria através da casais eugênicos e do reconhecimento médico pré-matrimonial.
•	A perfeição proporia meios para que fosse possível a limitação da natalidade, os meios anticoncepcionais, a esterilização, o aborto e a eutanásia.
Graças ao grande desenvolvimento tecnológico já é possível modificar a carga genética dos indivíduos, por conta disso, fez-se necessária a distinção entre a eugenia positiva e eugenia negativa, sendo a primeira uma ação de escolha de características desejadas, enquanto a segunda afastamento de caracteres capazes de provocar doenças.
As práticas eugênicas levaram a humanidade a um estado de barbárie e preconceito, distinguindo os indivíduos por suas origens étnico-raciais. Grupos étnicos, como judeus e negros, foram exterminados graças a um discurso político ideológico revestido de cientificismo. 
A eugenia positiva é dada por uma ação positiva de seleção, ou seja, numa conduta explícita de seleção de gametas voltada para obtenção de características desejadas (SCHRAMM apud FRAGA; AGUIAR, 2010, p.124). Seres com inteligência elevada, com constituição corpórea distinta ou com alguma característica escolhida pelos pais num laboratório são exemplos típicos.
A eugenia negativa, por sua vez, é dada pela supressão de dados caracteres que venham a ocasionar num futuro próximo ou remoto, doenças ou moléstias no indivíduo (SCHRAMM apud FRAGA; AGUIAR, 2010, p.124). Com isto, surge há aceitação maior sobre esta prática, dado o caráter de saúde implícito no seu uso. Sobre a positiva, isso não ocorre. 
Com isto, positiva ou negativa em nada significa aos benefícios propiciados pela escolha de uma ou de outra nem tampouco sobre o que a sociedade julga como sendo moralmente correta. A classificação remete à conduta seletiva de favorecer ou afastar características.
Isso passa a ter uma importância prática, tão logo se cumpra a expectativa crescente de intervir de forma corretiva no genoma humano e de que doenças condicionadas monogeneticamente possam ser evitadas. Com isso, o problema conceitual proposto pela delimitação entre prevenção e eugenia transforma-se numa questão de legislação política (HABERMAS, 2004, p.30).
Por óbvio, vale esclarecer que a eugenia não se processa apenas em laboratórios, na fase de concepção embrionária; ao trazermos o exemplo do nazismo (que consistia na purificação da raça alemã com a manutenção ariana em detrimento de outras raças ditas “impuras”, caracterizando, assim, uma eugenia negativa) percebemos que as práticas eugênicas também ocorrem com pessoas, ou seja, seres já concebidos e dotados de completas funções vitais e sociais de convívio. 
É evidente o progresso científico no sentido de se aprimorar e arraigar o conhecimento sobre o genoma humano, sobretudo com os esforços destacados para o que se foi denominado de Projeto Genoma Humano (PGH), onde a comunidade científica mundial reuniu esforços para a identificação de todos os genes que compõe o DNA. É fatal, por seu turno, que tais descobertas desaguem em implicações, tais como o processo eugênico, onde a manipulação de informações genéticas tem por finalidade o “melhoramento” da natureza humana. A proteção ao patrimônio genético parte do disposto na Constituição Federal de 1988 e da lei 11.105/2005 - Lei de Biossegurança, que disciplinou as condutas na área da Genética, limitando algumas práticas que podem ser nocivas ao bem jurídico em questão.
A Carta Magna assegura, em vários artigos, a proteção do ser humano, seja fazendo referência ao princípio da dignidade da pessoa humana, seja protegendo a vida, a saúde, garantindo a igualdade, a liberdade, a segurança e as condições dignas de sobrevivência por meio da proteção à maternidade e à infância. Igualmente, estende-se a proteção ao ambiente ecologicamente equilibrado e à sadia qualidade de vida a ser assegurada à geração presente e futura.
	‘Substituição Temporária de Útero
É permitida desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética ou em caso de união homoafetiva. 
RES.CFM 2013/2013 - VII - SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO 
1 - As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos parceiros num parentesco consanguíneo até o 4º grau (primeiro grau – mãe; segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima), respeitada idade de até 50 anos. 
2 - A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial. 
3 - Alguns documentos e observações que deverão constar

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