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TRATAMENTO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO FLOCULADOR DE PALETAS THAÍS CORDEIRO PRATES ¹ 1 Acadêmica de Engenharia Ambiental e Sanitária na Universidade Federal da fronteira Sul, campus Cerro Largo. 1. FLOCULADOR DE PALETAS Os floculadores de paleta são floculadores mecânicos que utilizam energia mecânica externa, através do movimento giratório das paletas, que em compartimentos apropriados, é dissipada pela água. Nestes floculadores a água é conduzida até uma serie de câmaras, onde nestas o grau de agitação é reduzido conforme a passagem da água, ou seja, na primeira câmara o grau de agitação é maior que na segunda e assim sucessivamente, o gradiente vai diminuindo conforme a agua atravessa as câmaras. Estas câmaras devem ser instaladas em séries de no mínimo três unidades separadas por cortinas ou paredes. O gradiente de velocidade varia de acordo com a rotação das paletas e é dependente de suas dimensões como altura, espessura e o espaçamento entre as paletas (MIRANDA, L, A, S. 2007). Estes floculadores são aplicados para instalações de pequeno a grande porte, necessitam de câmaras para que possam ser instalados, a separação destas câmaras deve ser feita por paredes de distribuição, e a velocidade de escoamento nas passagens destas deve estar compreendia entre 0,15 e 0,30 m/s (SOUZA, B, G, 2011). 2. TIPOS DE FLOCULADOR DE PALETAS Os floculadores de paletas são classificados conforme sua configuração, de acordo com a quantidade de paletas e seu eixo de rotação, sendo eles: floculadores paleta de eixo vertical, floculadores de paleta de eixo horizontal e floculadores de paleta única de eixo vertical. Todos esses seguem o mesmo princípio básico de operação onde a água coagulada é levada até a série de câmaras, onde, ao decorrer da passagem por esta, o gradiente de velocidade ira se reduzindo. Os eixos são movimentados por conjuntos de motor-redutor, que são instalados nos modelos verticais sobre as passarelas do floculador, no modelo horizontal, no interior de poços secos construídos ao lado dos floculadores (MIRANDA, L, A, S. 2007). Figura 1 - Floculador mecânico de paletas de eixo vertical (SANEAGO, 2006) Figura 2 - Floculador mecânico de paletas de eixo horizontal (SANEAGO, 2006) Figura 3 - Floculador mecânico de paleta única de eixo vertical (SANEAGO, 2006) 3. DIMENSIONAMENTO Recomenda-se utilizar os critérios da NBR 12216 que dispões sobre o Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público, para efetuar o dimensionar destes equipamentos floculadores. Segundo esta, as recomendações para este tipo de floculador estão apresentadas na tabela 1. Tabela 1 – Parâmetros e recomendações para o dimensionamento de floculadores de paletas segundo a NBR 12216. Parâmetros Recomendações Tempo de detenção 30 a 40 min. Número de compartimentos em série Igual ou superior a 3 Gradiente de velocidade 75 a 10 s-1 (comumente 65 a 25 s-1 do 1º ao último compartimento) Área das paletas Menor que 20% da área do plano de rotação das paletas Velocidade nas extremidades das paletas Menor que 1,20 m/s na 1ª câmara e menor que 0,60 m/s na última câmara O dimensionamento deste floculador é composto pelas seguintes etapas: definição da vazão do sistema (Qsistema), definição do número de câmaras de floculação, definição da capacidade útil dos agitadores (Vu), tempo de detenção nas câmaras (tn), cálculo do número de agitadores nas câmaras (Nn), cálculo das dimensões do agitador, seleção do agitador, cálculo do fator forma (Є), cálculo do gradiente de velocidade (Gn), velocidade de rotação das paletas (v) e cálculo do número de Camp (NCn) (SOUZA, B, G, 2011). 3.1 Vazão do sistema A determinação da vazão do sistema é dada de acordo com a população atendida pela ETA e com o potencial hídrico manancial. O dimensionamento deste pode ser realizado através de estudos de estimativa de população para um determinado tempo em relação ao consumo de água da região. A vazão é o principal parâmetro a ser considerado visto que este deve atender a população para a qual a estação será projetada, sendo sua unidade para fins de cálculo: m3/s (SOUZA, B, G, 2011). 3.2 Número de câmaras O número de câmaras nos floculadores deve ser determinado com base na vazão do sistema e na área disponível, recomenda-se que este varie de três a cinco câmaras, ainda que a NBR 12216 não estabeleça esse valor, é importante que este úmero não seja inferior a três para respeitar o tempo de detenção mínimo sugerido pela norma, um valor menor que este de câmaras implicaria em tempos de detenção altos. Já um número maior que cinco câmaras, para respeitar o tempo de detenção máximo citado na norma, poderia tornar o tempo de detenção muito baixo (SOUZA, B, G, 2011). 3.3 Capacidade útil A capacidade útil do agitador (Vu) dada em metros cúbicos (m3) é determinada baseada no volume total de água que será tratado na estação, sendo que este volume deve ser dividido igualmente entre todas as câmaras adotadas na unidade. Tendo o volume de cada câmara, verifica-se a compatibilidade destes valores com os agitadores disponíveis no mercado (entre 10 m3 e 81 m3). Após escolher um modelo de agitador que se adéque aos volumes tratados pela estação verifica-se também se este é compatível com o espaço disponibilizado e se é economicamente viável (SOUZA, B, G, 2011). 3.4 Tempo de detenção O tempo de detenção (tn) é definido baseado nas NBR 12216 que sugere a adoção de valores entre trinta e quarenta minutos para tempo de detenção total da unidade. Ressaltando que nestes floculadores tempos de detenção inferiores a trinta ou superiores a quarenta minutos das unidades, podem fazer com que os flocos em formação se depositem no interior das câmaras, a unidade do tempo de detenção utilizada para os cálculos é em segundos (s) (SOUZA, B, G, 2011). 3.5 Número de agitadores nas câmaras O número de agitadores por câmara (Nn) é definido pela divisão do volume total da câmara (Vn) pela capacidade útil do agitador (Vu): Nn = Vn Vu 3.6 Dimensões do agitador As dimensões do agitador são dadas através da área superficial (Af), que é dada pela razão entre a capacidade útil do agitador (Vu) pela altura da lâmina de água(h), então: Af = Vu h Considerando a utilização de tanques quadrados para cada agitador e com base no valor da área superficial (Af) obtida, tem-se que a arresta do tanque (b) é dada por: 𝑏 = √Af Sendo a unidade usual de Af metros quadrados (m2) e da arresta metros (m). 3.7 Seleção do agitador A seleção do agitador mecânico é dada conforme os modelos disponíveis no mercado de acordo com o volume de água a ser tratado em cada câmara e com as características geométricas e funcionais do mesmo. A aresta do tanque deve ser igual ou maior a dimensão básica (Aa) ao raio do agitador acrescentado 0,2 metros de folga, assim: 𝑏 ≥ 𝐴𝑎 + 0,2 3.8 Fator forma O fator forma (Є) depende da geometria do agitador e do volume do tanque, dado pela equação: Є = (α . ∑ Ap . r3) Vu Onde α é um número adimensional, em que adota-se como padrão igual 8000, Ap representa a área da paleta do agitador (m2), r é a distância entre o eixo de cada paleta ao eixo do agitador (m) e Vu a capacidade útil do agitador (m3). 3.9 Gradiente de velocidade O gradiente de velocidade (G) é definido de acordo com as paletas em relação ao eixo. O gradiente paralelo ao eixo é dado pela equação a seguir:𝐺 = 5. √ 𝑝. 𝑔 µ. Vu . [𝐶𝑑. (1 − 𝑘)3. 𝑣3. 𝑏′. 𝑙′. (𝑟13 + 𝑟23 + ⋯ + 𝑟𝑛3) O gradiente perpendicular ao eixo é dado por: 𝐺 = 2,5. √ 𝑝. 𝑔 µ. Vu . [𝐶𝑑. (1 − 𝑘)3. 𝑣3. 𝑏′. (𝑙14 + 𝑙24 + ⋯ + 𝑙𝑛4) Onde: G = Gradiente de velocidade (s-1); Cd = Coeficiente de arrasto; K = Relação entre velocidade da água e paletas (K=0,25); p = Densidade da água (kg/m³); v = velocidade de rotação (rps); g = aceleração da gravidade; µ = Viscosidade (N.s/m² ); b’ = espaçamento da paleta (m); l’ = comprimento das paletas (m); r = raio com o eixo (m) O coeficiente de arrasto pode ser calculado pela seguinte formula: 𝐶𝑑 = 1,10 + 0,02 ( 𝑏′ 𝑙′ + 𝑙′ 𝑏′ ) O gradiente de velocidade do agitador na câmara n é dado em s-1. Sendo assim conforme a NBR 12216 é recomendado que o gradiente de velocidade esteja entre 10 a 75 s-1. 3.10 Velocidades de rotação Assim como o gradiente de velocidade, a velocidade de rotação também tem relação direta com a configuração do eixo. A velocidade de rotação para paletas paralela ao eixo é dada pela equação a seguir: 𝑣 = 0,342. √ 𝑃 p. g. Cd . (1 − k)3. 𝑏′. 𝑙′. (𝑟13 + 𝑟23 + ⋯ + 𝑟𝑛3) 3 Para paletas perpendiculares ao eixo: 𝑣 = 0,342. √ 𝑃 p. g. Cd . (1 − k)3. 𝑏′. (𝑙14 + 𝑙24 + ⋯ + 𝑙𝑛4) 3 Onde: v = velocidade de rotação (rps); CD = Coeficiente de arrasto; P = Potência do motor (W); p = Densidade da água (kg/m³); g = aceleração da gravidade; b’ = espaçamento da paleta (m); l’ = comprimento das paletas (m); k = Relação entre velocidade da água e paletas (K=0,25); Sendo a potência definida pela equação a seguir, onde V é o volume da câmara, µ corresponde a viscosidade e G o gradiente de velocidade: 𝑃 = µ. 𝑉. 𝐺2 3.11 Número de Camp O número de Camp é um valor adimensional, dado pelo produto do gradiente de velocidade e o tempo de detenção, conforme a seguir: NC = G . tn Recomenda-se que este número de camp (NC) entre câmaras consecutivas não ultrapasse dez por cento, evitando grandes forças sobre os flocos que poderiam causar a quebra dos mesmos, assim o ideal seria variação de zero por cento entre câmaras consecutivas e que, o gradiente de velocidade pelo tempo de detenção nas câmaras, deveriam ser constantes em toda unidade para garantir a boa formação dos flocos (SOUZA, B, G, 2011). 3.12 Exemplo de dimensionamento Calcule a velocidade de rotação de um agitador tipo paletas que permita aplicar à água gradientes de velocidade iguais a 75 s-¹, 60s-¹ e 45s-¹, em uma câmara quadrada de lado igual a 4,5 m e profundidade de água de 4,6 m . São usados 3 paletas com b’=0,15 m e l’=3,80 m distanciadas do eixo de 1,20 m, 1,60 m e 2,00 m. Para atender uma vazão de 1 m3/s Dados: µ= :1,03x10-³ N.s/m², k=0,25, ρ= 1000 kg/m3 (FEITEP). Primeiro devemos calcular a área da câmara: 𝐴 = 4,5.4,5 = 20,25 𝑚2 Agora calculamos o volume útil da câmara, referente a lamina de água: 𝑉𝑢 = 20,25. 4,6 = 93,15 𝑚3 Após, calculamos o coeficiente de arrasto referentes as dimensões das paletas: 𝐶𝑑 = 1,10 + 0,02. ( 0,15 0,38 + 0,38 0,15 ) = 1,61 Conhecendo-se o coeficiente de arrasto calcularemos a potência referente a cada gradiente de velocidade de acordo com a formula: 𝑃 = µ. 𝑉. 𝐺2 𝑃(75𝑠−1) = 7,19 𝑊 𝑃(60𝑠−1) = 5,76 𝑊 𝑃(45𝑠−1) = 4,32 𝑊 Calculas as potências, por fim calcula-se a velocidade de rotação das paletas respectivo a cada gradiente, sabendo que estas estão a uma distância r do eixo, utilizou- se a seguinte equação: 𝑣 = 0,342. √ 𝑃 p. g. Cd . (1 − k)3. 𝑏′. 𝑙′. (𝑟13 + 𝑟23 + ⋯ + 𝑟𝑛3) 3 𝑣(75𝑠−1) = 0,052 𝑟𝑝𝑠 𝑣(60𝑠−1) = 0,048 𝑟𝑝𝑠 𝑣(45𝑠−1) = 0,044 𝑟𝑝𝑠 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS FEITEP – FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA. Saneamento I – Floculadores (Notas de aula). Paraná, 2016. Disponível em: https://7semestrecivil.files.wordpress.com/2016/08/aula-14-floculac3a7c3a3o-novo.pdf. Acesso em: 14 de abril de 2018. MIRANDA, L, A, S. Sistemas e processos de tratamento de águas de abastecimento. Porto Alegre, 2007. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/18751766/380401-apostila_- _abastecimento_de_agua_-_recesa. Acesso em: 14 de abril de 2018. NORMA REGULAMENTADORA BRASILEIRA (NBR) 12216 - 1992 - Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público. SOUZA, B, G. Sistema computacional de pré-dimensionamento das unidades de tratamento de água: Floculador, Decantador e Filtro. Porto Alegre, 2011. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34528/000789752.pdf?sequence=1. Acesso em: 12 de abril de 2018. SANEAGO (SANEAMENTO DE GOIAS). Manual de operação de estação de tratamento de água. Goiás, 2006. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/19568525/manual-operacao-de-estacao-de- tratamento-de-agua. Acesso em 14 de abril de 2018.
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