Buscar

Resumo Fundamentos da Gestão Integrada Comunitária aula 01 a 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 01
Características e Exigências da Sociedade Contemporânea. 
Introdução:
Nesta oportunidade, veremos quais são as características das sociedades modernas, no que diz respeito, especificamente, à Segurança Pública. Desta forma, observaremos que a vida nas grandes cidades favorece o afastamento social, a falta de coesão, de confiança e de solidariedade e, muitas vezes, essas ausências propiciam o aumento da criminalidade e da violência. Para enfrentar este quadro, a integração das ações dos órgãos do Sistema da Segurança Pública com as forças sociais em prol de ações e projetos comuns se mostra, atualmente, como uma forma importante de responder às demandas sociais. Esta aula, então, tratará de temas modernos e relevantes como integração, prevenção, fatores de agenciamento do crime e da violência etc. Vamos a eles?
Começaremos, então, entendendo as características da sociedade contemporânea e as suas relações com a problemática da Segurança Pública.
Vivemos em uma sociedade complexa, todos sabemos. Isto quer dizer que estamos em um contexto organizado e competitivo, sobretudo nas cidades. 
Ao mesmo tempo, percebemos uma situação de profunda fragmentação e desigualdade social que exacerba o individualismo e contribui para a crise das relações interpessoais. 
Não importa o tamanho da cidade, sempre existe a necessidade de organizar a vida pública, emergindo um poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão.
Cidade:
Significa uma maneira de organizar o território e uma relação política. Ser habitante de uma cidade, então, significa participar de alguma forma da vida pública, mesmo que, algumas vezes, a participação seja apenas pela submissão a regras e regulamentos.
Como lugar da política e das transações econômicas, a cidade é um espaço de convivência social. Contudo, a vida nos grandes centros urbanos também pode ser marcada pelo individualismo e pelo relacionamento comunitário enfraquecido.
Sabemos que a proximidade física dos habitantes de uma cidade não garante que estes se conheçam e que os seus relacionamentos tenham como característica a pessoalidade e a proximidade.
A proximidade física, sem relacionamentos mais subjetivos, sobretudo aqueles baseados na confiança e, por consequência, na solidariedade, nem sempre une as pessoas e a ausência de uma sociedade integrada gera apenas rotinas ordenadas, cujo controle é dado por regras de comportamentos impessoais e definidos claramente.
Nas grandes cidades ocorre, muito frequentemente, a ausência de identificação com fatores sociais comuns à vida cotidiana.
É imperativo que o respeito e o interesse individual se unam ao interesse coletivo e busquem o bem-estar, a tranquilidade e a segurança pública.
ATENÇÃO:
A perda da identidade e da coesão social pode causar vários prejuízos para a coletividade, como a alta criminalidade e a violência.
A Segurança Pública no Brasil:
A constituição dos centros metropolitanos brasileiros se fez acompanhar por uma importante elevação das taxas de criminalidade e violência.
Violência, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), é “o uso intencional de força ou de poder físico, na forma real ou de ameaça, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulta, ou tem grandes chances de resultar em ferimentos, morte, danos psicológicos, subdesenvolvimento ou privação”.
O que há alguns anos era mais visível apenas nas grandes capitais, hoje pode ser encontrado em cidades de médio porte e até em pequenos municípios brasileiros.
De acordo com o Mapa da Violência 2013 – Mortes e Assassinatos por Armas de Fogo, divulgado em 06 de março de 2013, 36.792 pessoas foram assassinadas por armas de fogo no Brasil em 2010, o que mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100.000 habitantes. Este número coloca o Brasil em 8º lugar entre 100 nações. 
O cenário apresentado espalha as suas consequências por vários campos, sendo percebido por todos os setores da sociedade. 
O crescimento da criminalidade urbana traz consigo o aumento do medo e da sensação de insegurança; transforma o cotidiano das cidades e separa, de maneira profunda, os grupos sociais.
É sabido que os diversos crimes como roubos, sequestros, sequestros relâmpagos, furtos e assassinatos afetam a vida das pessoas nas cidades brasileiras.
Os custos que os crimes representam para o Brasil são altíssimos, pois se gasta muito com o sistema de Saúde, perde-se muita força produtiva e afastam-se investimentos de determinadas regiões.
Além disso, os custos simbólicos para uma sociedade que se representa também por meio da violência são muito significativos.
Estes níveis de violência e criminalidade aumentam o descrédito em relação às instituições, o que acarreta a utilização de estratégias privadas de resolução dos problemas. 
De acordo com o Texto-Base da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública:
Diante desse cenário, a constatação mais importante é que tamanha vitimização deixa claro que ainda há no país um abismo referente à garantia de direitos que impede que a cidadania seja uma experiência integral assegurada ao conjunto da sociedade. Se, por um lado, a violência alimenta cotidianamente o ciclo de desigualdades no país, por outro é preciso reconhecer que a segurança e sua garantia na condição de direito de todo cidadão e cidadã são uma premissa essencial à efetivação de uma noção plena de cidadania, além de ser um direito fundamental previsto na Constituição Federal de 1988.
Projeto político:
Um projeto político que tenha como objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa deve levar em conta a segurança de cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade.
Sabemos que esta é uma tarefa complexa e as interpretações mostram uma série de elementos explicativos, isto é:
O acesso indiscriminado às armas de fogo e sua ilegalidade e a fragilidade das instituições no Brasil;
A sociabilidade que se fundamenta em bases perversas que cristaliza uma cultura violenta na resolução de conflitos;
A criminalidade internacional caracterizada pelo tráfico de pessoas, de drogas e de armas;
As disparidades estruturais que assolam o Brasil e as políticas sociais que ainda não beneficiam o conjunto da sociedade.
Atuação do Estado:
O fenômeno da violência e da criminalidade no Brasil se apoia em bases individuais, comunitárias, estruturais e institucionais e demanda que seu enfrentamento seja feito de modo a articular e contemplar todas essas frentes. Por oposição, essa multiplicidade de fatores parece encontrar um denominador comum. A persistência crescente dos indicadores de vitimização chama atenção para a fragilidade e a pouca eficácia histórica das ações desenvolvidas pelo Estado brasileiro nos diversos níveis governamentais.
Além de nem sempre ser eficaz na tarefa de promover a convivência pacífica, muitas vezes o Estado é um promotor da violência e da sensação de insegurança, sem conseguir reprimir o crime, não tendo sucesso em oferecer oportunidades de reintegração social. 
Mudar este quadro é um desafio que deve ser enfrentado coletivamente. Para revertê-lo, o Estado, em seus muitos níveis, deve garantir direitos com políticas públicas eficientes nos resultados, eficazes na gestão dos recursos públicos e cumprindo as normas (que regem o nosso ordenamento jurídico).
Cabe à sociedade se envolver e se mobilizar para a solução destes problemas. 
Se tomada de uma perspectiva formal, a Segurança Pública pode ser vista como a convivência pacífica e ordenada dos cidadãos e da sociedade em seu conjunto.
Convivência pacífica:
Os meios para garantir a convivência solidária servem também para qualificá-la, pois em regimes autoritários a supressão de direitos como liberdade de expressão, de livre associação, o devido processo legal e a integridade física é o meio para garantir a ordem social.
Em uma democracia a Segurança Pública não pode ser separada da garantia de direitos, da liberdade decorrente desta garantia e da construção da coesãosocial.
Sabemos que nas sociedades modernas o Estado é o grande protagonista da manutenção da ordem exercendo o controle por meio de agentes públicos especializados, como as forças policiais, o sistema de justiça e a promoção de políticas públicas. Contudo, deve-se questionar se o Estado brasileiro conseguiu garantir a pacificação social por meio da garantia de direitos.
No Brasil, até hoje, não conseguimos a pacificação social com a evocação dos direitos. O Brasil e outros países da América Latina elegeram como marco orientador das políticas de Segurança Pública o tema da “Soberania Nacional”.
Para garantir a defesa nacional, a atuação se dava principalmente na busca por “inimigos”. A ênfase, então, era no sentido de manter o controle punitivo da sociedade, sem levar em consideração as políticas e os direitos, o que contribuiu para a perpetração de ondas maiores e mais complexas de violência e criminalidade.
A inclusão tardia do tema da Segurança Pública no debate sobre o processo de democratização do Brasil impediu, de certa forma, uma discussão qualificada sobre a gestão pública neste âmbito e a construção coletiva de estratégias que viabilizassem a convivência pacífica. Para resumir:
Em função da história de regimes de exceção e autoritários, durante muito tempo a Segurança Pública no Brasil foi associada quase que exclusivamente à segurança do Estado. De acordo com essa perspectiva, o Estado deveria ser protegido de inimigos em potencial. O resultado é que a segurança, assim como todo o seu campo político e institucional de atuação, ganhou uma expressão quase que exclusiva associada à reatividade e à repressão. (Texto-Base da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, p. 11).
Avanços superficiais nas políticas sociais:
A Constituição de 1988 assegurou avanços nas políticas sociais em áreas relevantes, sobretudo àquelas voltadas às áreas sociais e da promoção de direitos, mas, no que se refere à Segurança Pública, seu texto pode ser classificado como generalista e excessivamente indefinido.
Esse quadro foi construído graças às mudanças superficiais e insuficientes nas instituições e aparatos de Segurança Pública disponíveis frente às demandas e às tarefas transformadoras que tinham diante de si.
O Estado, então, passou a apenas reagir a casos de violência extrema e às pressões da opinião pública, em vez de agir de forma propositiva.
Repressão:
Com a ênfase na vertente repressiva, consolidaram-se alguns mitos que são reproduzidos, como verdadeiras referências, tanto pela opinião pública como na área das políticas públicas. 
Marcos Rolim (2006, p. 44), para citar apenas um autor, afirma que a ideia da prisão de criminosos não representa mais resposta adequada em Segurança Pública nem para produzir intimidação generalizada, nem para garantir a ressocialização de condenados. 
A crença de que a possibilidade de punição devia nortear a ideia de segurança serviu de base para as práticas e as interpretações na área, o que fez confundir segurança e repressão. 
Existe até hoje um desequilíbrio entre as perspectivas de prevenção e a ideia equivocada de punição. Novamente, segundo o Texto base da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública: 
Estão entre os sintomas de uma concepção pouco democrática e eficiente de segurança: 
O uso excessivo da força em detrimento do investimento prioritário em capital humano; 
O investimento concentrado e pouco planejado em equipamentos e armamentos; 
A pouca preocupação com a qualificação, condições de trabalho e bem-estar dos profissionais da área; 
Os reduzidos canais de diálogo estabelecido com a sociedade civil; e,
As constantes violações de direitos que acompanham as ações, ainda que legítimas, de repressão à criminalidade.
Distância entre a sociedade e a Segurança Pública:
O fato de negligenciar os princípios da legalidade e da eficácia, com o passar do tempo, criaram-se, abismos com relação aos direitos e estabeleceu-se um antagonismo estrutural entre as forças policiais e a sociedade civil e um descrédito em relação aos projetos políticos na área da segurança. 
Além disso, por ser vista como “coisa de polícia”, a Segurança Pública não foi um tema cuja pauta tenha emanado de reivindicações dos movimentos sociais. 
Poucos atores, além dos profissionais da Segurança Pública eram reconhecidos como habilitados para tratar deste tema. Aliado a isso, a vitimização de certas parcelas da população aumentou ainda mais a distância entre a sociedade e os haveres da Segurança Pública.
Aspectos fundamentais ao progresso das políticas públicas em Segurança Pública:
A situação, no Brasil, vem se transformando nos últimos anos. 
Se os avanços da democracia são inquestionáveis, parte desse desenvolvimento se deve às conquistas no campo da Segurança Pública.
Tem sido necessário mudar a cultura que prega a falsa dicotomia entre prevenção e repressão e passar a reconhecer que ambas têm vocação e lugar distintos, sendo complementares e necessárias umas a outra.
É preciso que a formulação de políticas públicas seja tratada à luz das dimensões técnicas. 
A produção de informação e conhecimento deve tomar o lugar do medo, da sensação de insegurança, do preconceito e do desconhecimento no subsídio da ação policial.
É neste contexto que se tornam importantes a valorização profissional e a qualificação.
Outro elemento fundamental para avançarmos no campo das políticas públicas em Segurança Pública é a existência de um segmento da sociedade civil especializado neste campo.
Se tais atores contribuíram no sentido de apontar os níveis inaceitáveis de violência no país e, consequentemente, de mobilizar a sociedade civil para a importância do tema, atualmente a sua interlocução com o poder público contribui para a elaboração de políticas públicas. 
Desta forma, podemos afirmar que a aproximação entre os setores das universidades, da sociedade civil organizada e dos profissionais de Segurança Pública representou uma iniciativa fundamental para questionar e romper antagonismos históricos.
Reformulações do campo técnico no contexto político internacional também foram responsáveis por mudanças no cenário. A utilização cada vez mais ampla da expressão “segurança cidadã” tanto por governos como por agências multilaterais, mostra uma nova tendência, isto é, o objetivo não se restringe mais a proteger o Estado, mas, sobretudo, a garantir os direitos dos cidadãos.
A segurança dos indivíduos e da vida em sociedade é concebida como passo essencial para o desenvolvimento das nações e, por isso, a agenda política tem como prioridade assegurar que todos convivam em liberdade e sem violência.
A prevenção na Segurança Pública:
Sabemos que a melhor forma de enfrentar as questões de criminalidade e violência não está escrita em um livro de receitas e que, dadas as peculiaridades de cada região, os esforços devem ocorrer mantendo-se a coerência com as necessidades específicas.
Também é importante frisar que, para conseguir uma boa forma de enfrentar o problema, é preciso saber qual problema deve ser enfrentado e, para isso, a criação e a manutenção de uma base de dados fidedignos que ajude a elaborar um confiável diagnóstico são fundamentais para nortear a tomada de decisão dos gestores.
É importante também que se rompa o isolamento das iniciativas em Segurança Pública e se passe a operar a partir de uma rede de atores sociais que alcancem as agências públicas de policiamento e os diferentes serviços oferecidos pelo Estado, até as agências privadas e os próprios cidadãos.
Este tipo de iniciativa otimiza recursos humanos, materiais e de tempo e diminui o retrabalho.
Iniciativas: 
As ações de prevenção à violência e à criminalidade configuram-se como ótimas alternativas à pura repressão e à multiplicação de unidades prisionais como forma de resolver todos os problemas de Segurança Pública. Neste ponto, é necessário alertar para o fato de que a prevenção não deve ser entendida como o mesmo que “programas sociais” ou “políticas públicas que aumentem a ofertade educação, saúde, habitação, lazer”. Conforme o Guia para a Prevenção do Crime e da Violência (p. 07):
Lidamos, então, com a ideia de prevenção em um sentido preciso. Por isso falamos em “agenciamentos” do crime e da violência e não em “causas”. As causas de problemas complexos são, como se sabe, também complexas. Normalmente, elas remetem a problemas estruturais cuja solução é tarefa para gerações inteiras. Em outras palavras: para problemas cujas soluções demandam décadas. Não se pode, de qualquer forma, aguardar pela resolução deles quando o tema é segurança. Afirmá-lo seria o mesmo que propor uma sentença de sofrimento e morte para a maioria das pessoas que se sentem inseguras e que, também por isso, têm pressa. Imaginemos, por exemplo, uma ocorrência como um incêndio em um aglomerado urbano. Tragédias do tipo são, ainda hoje, comuns em todo o país. Em várias destas ocorrências, centenas de pessoas perdem o pouco que conseguiram juntar em suas vidas. Muitas outras ficam desabrigadas e, algumas, muito frequentemente crianças, morrem queimadas. Parece evidente que estes resultados estão ligados a uma causa econômico social. Sim, porque se as pessoas não vivessem em aglomerados urbanos e morassem em casas de alvenaria, em bairros servidos por uma adequada infraestrutura, não ocorreriam incêndios e, ainda que eles ocorressem, os resultados não seriam tão devastadores. É evidente. O que não é evidente é que a grande maioria dos incêndios do tipo no Brasil é produzida por dois “agenciamentos”: problemas na instalação dos botijões de gás ou deficiências nas instalações elétricas e/ou uso de velas para iluminação. Por isso, se tivermos uma política que assegure às residências mais humildes energia elétrica fortemente subsidiada (acabando com os cortes de energia por não pagamento e com as instalações clandestinas) por um lado, e se desenvolvermos uma política proativa com o Corpo de Bombeiros para visitação domiciliar, com inspeção e troca gratuita de mangueiras e válvulas de gás, reduziremos os incêndios em aglomerados urbanos para algo próximo a zero [3]. Os moradores seguiriam sendo muito pobres, mas nenhum entre eles morreria queimado. Quando falamos em prevenção queremos nos referir, então, à necessidade de identificar, em cada local, os agenciamentos equivalentes para o crime e a violência e, a partir deste diagnóstico, elaborar políticas específicas que, tanto quanto possível, os previnam.
Níveis de Prevenção: 
Consultando, novamente, o Guia para a Prevenção do Crime e da Violência (p. 52 e 53), encontramos as seguintes definições para os diversos níveis de prevenção:
Prevenção primária:
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas ao meio ambiente físico e/ou social, mais especificamente aos fatores ambientais que aumentam o risco de crimes e violências (fatores de risco) e que diminuem o risco de crimes e violências (fatores de proteção), visando a reduzir a incidência e/ou os efeitos negativos de crimes e violências.
Pode incluir ações que implicam mudanças mais abrangentes, na estrutura da sociedade ou comunidade, visando a reduzir a predisposição dos indivíduos e grupos para a prática de crimes e violências na sociedade (prevenção social).
Ou, alternativamente, pode incluir ações que implicam mudanças mais restritas, nas áreas ou situações em que ocorrem os crimes e as violências, visando a reduzir as oportunidades para a prática de crimes e violências na sociedade (prevenção situacional).
Prevenção secundária:
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas mais suscetíveis de praticar crimes e violências, mais especificamente aos fatores que contribuem para a vulnerabilidade e/ou resiliência destas pessoas, visando a evitar o seu desenvolvimento com o crime e a violência ou ainda a limitar os danos causados pelo seu envolvimento com o crime e a violência, bem como a pessoas mais suscetíveis de serem vítimas de crimes e violências, visando a evitar ou limitar os danos causados pela sua vitimização. 
É frequentemente dirigida aos jovens e aos adolescentes, e a membros de grupos vulneráveis e/ou em situação de risco.
Prevenção terciária:
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas que já praticaram crimes e violências, visando a evitar a reincidência e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social, bem como a pessoas que já foram vítimas de crimes e violências, visando a evitar a repetição da vitimização e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social.
Pensando desta forma, é possível romper com o modelo reativo de polícia e conceber o papel das polícias e das guardas municipais no sentido da afirmação de estratégias comunitárias de segurança que utilizam, por exemplo, a abordagem conhecida internacionalmente como “policiamento orientado para a solução de problemas” e estão sempre abertas à possibilidade de um trabalho integrado.
Aula 2
Os diferentes setores da sociedade e a importância das redes sócias na área segurança pública:
Introdução:
Esta aula tratará das relações e vínculos criados e desenvolvidos por meio das redes sociais e as possibilidades de articulação para a solução de problemas de forma cooperativa. Para tanto, estudaremos a definição de redes e as suas características. Para exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, utilizaremos os resultados da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e segurança pública: evolução da rede de atores da Segurança Pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática, no Brasil, durante todo o processo da 1ª. CONSEG – os seus espaços preparatórios, etapas, ações paralelas etc.
Rede:
Segundo Regina Maria Marteleto (2001), o termo “rede” pode significar sistema de nodos ou elos, estrutura sem fronteiras, comunidade não geográfica, um sistema de suporte ou um sistema físico que se pareça com uma árvore ou uma rede.
A partir dessa definição, o que podemos dizer sobre “rede social”?
É um conjunto de participantes autônomos que unem ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados.
Para nós é importante saber que, quando se trata de redes sociais, privilegiam-se os elos informais e as relações em detrimento das estruturas hierárquicas.
Redes Sociais:
Atualmente, o trabalho informal em rede é uma forma de organização bastante presente em nossa vida cotidiana e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas.
O estudo das redes evidencia o fato de que os indivíduos, plenos de recursos e capacidades propositivas, organizam as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio desenvolvimento das redes.
Assim, segundo Regina Maria Marteleto (2001, p. 72): 
Mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas.
Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária. 
É possível que você esteja se perguntando... Quem compõe essas redes?
Elas são compostas por indivíduos, grupos ou organizações e sua dinâmica se volta para a perpetuação, consolidação e desenvolvimento das atividades de seus membros.
Quando em espaços informais, as redes têm início a partir da tomada de consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores de seus membros.
As motivações mais significativas no que diz respeito ao desenvolvimento das redes são os assuntos relacionados aos níveis de organização:
Social-global;
Nacional;
Estadual;
Local; e,
Comunitário.
Apesar do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não hierárquica e espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos, responsabilidades e diversos níveis de tomada de decisão.
Diferentemente do que ocorrecom as instituições, nas redes nem sempre existe um centro hierárquico e uma organização vertical.
As redes são definidas, muitas vezes, pela multiplicidade, quantitativa e qualitativa, dos elos entre os diferentes membros e orientada por uma lógica associativa.
Sua estrutura é caracterizada como extensa e horizontal, o que não exclui relações de poder e de dependência nas associações internas e nas interações com unidades externas.
Redes Sociais e Segurança Pública:
De acordo com Lindblom e Burt, pode-se considerar que a perspectiva das redes sociais como recurso institucional lembra a importância dos vínculos para obter acesso aos recursos inseridos em uma dada rede de relações.
Assim, o fortalecimento das redes sociais tem sido incorporado aos objetivos de análise e avaliação das políticas e de ações do poder público (Arriagada, Miranda e Pavez, 2004). 
Ainda no que diz respeito às relações entre as redes sociais e a política, Eduardo Marques afirma que “Em um sentido abstrato, a discussão sobre mecanismos relacionais confunde-se com a própria análise da política, visto que o poder tem uma natureza intrinsecamente relacional” (Marques, E. Os Mecanismos Relacionais. In: Rev. Bras. Ci. Soc. v. 22 n. 64. São Paulo, 2007).
Conferência Nacional de Segurança Pública:
Para tratarmos do tema das redes sociais e Segurança Pública, vamos observar o ocorrido por ocasião da preparação e realização da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública - CONSEG.
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim: 
Organizações e entidades representantes da sociedade civil (40%):
A Comissão Organizadora Nacional da 1ª CONSEG (CON) foi estruturada por representantes da sociedade civil e tiveram prioridade as redes e/ou organizações e os movimentos com considerável capilaridade e potencial de articulação, com reconhecido acúmulo de discussão específica sobre Segurança Pública.
Trabalhadores da área da Segurança Pública (30%):
Aos trabalhadores da área de Segurança Pública, buscou-se garantir a maior diversidade possível de associações com legitimidade nacional, bem como das categorias internas da corporação de cada uma das cadeiras previstas na CON.
Gestores (30%):
Com relação aos gestores, pautando-se pelo pacto federativo, assegurou-se a participação expressiva dos agentes políticos das três esferas da federação que exercem responsabilidades em órgãos do executivo envolvidos na área de Segurança Pública.
Além disso, Possibilitou-se a participação dos demais poderes com representantes do Poder Judiciário, Poder Legislativo e Ministério Público.
De acordo com Relatório Final da 1ª CONSEG (p. 25):
Durante todo o processo, os membros da CON foram: 
Porta-vozes e garantidores das regras e metodologias da 1ª CONSEG; Pacificadores/mediadores políticos; 
Articuladores para o bom andamento das etapas; 
Fiscais do processo; 
Interlocutores com as delegações estaduais, etc. 
Ou seja, ser membro da CON exigia um comprometimento com o projeto da Conferência e necessidade de mobilizar as suas entidades e redes para a participação efetiva nas mais diversas etapas do processo.
Essa formação permitiu que novos atores aparecessem e que novas redes fossem criadas no campo das discussões da Segurança Pública, pois, sabe-se bem que a discussão em torno da política pública possibilita fortalecer o controle social sobre tais políticas, organizar os cidadãos na proposição de demandas e, finalmente, conferir transparência às ações desempenhadas pelos governos. 
A CONSEG foi precedida por conferências preparatórias, realizadas nas cidades com mais de 200.000 eleitores, em todas as capitais, nos 105 municípios que haviam firmado acordo de cooperação no PRONASCI, nos 26 estados e no Distrito Federal.
Ao mesmo tempo, foram realizadas as Conferências Livres, convocadas pela própria sociedade, mas sem caráter representativo.
Participaram, ao todo, 66.847 pessoas, em 514 municípios.
Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo, constituíram as Comissões Organizadoras Municipais (COM) e as 27 unidades da Federação instituíram suas Comissões Organizadoras Estaduais (COE), além da Comissão Organizadora Distrital (COD). 
Estes grupos receberam a orientação de manter o formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras igualitariamente para a sociedade, os trabalhadores e os gestores.
A principal atribuição destas comissões foi mobilizar e auxiliar nos preparativos das etapas municipais, estaduais e distrital.
Estas pessoas analisaram o Caderno de Propostas, documento que continha cerca de 400 sugestões enviadas pelas etapas preparatórias realizadas no país inteiro.
O aprimoramento deste conjunto de questões foi consolidado em 10 princípios e 40 diretrizes, considerados os mais importantes pelos participantes e que norteiam, desde então, as políticas públicas da área. 
Com o objetivo de avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática de Segurança Pública no Brasil, durante todo o processo (os seus espaços preparatórios, etapas, ações paralelas etc) da 1ª. CONSEG , realizou-se uma pesquisa na esfera da gestão da Conferência.
Trata-se de um estudo sobre a transformação da rede de determinados atores envolvidos com o tema, identificando mudanças no padrão relacional desses atores antes e depois do início do processo preparatório da 1º Conferência Nacional de Segurança Pública e na configuração do campo e desenho da Política Nacional de Segurança Pública.  
O fortalecimento das redes, no caso da Segurança Pública produziu, no âmbito da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, o empoderamento dos atores envolvidos, e o maior diálogo e o reconhecimento entre os segmentos.
Aula 3
Fundamentos e princípios da Gestão Integrada e Comunitária:
Introdução:
Caro aluno, nesta aula, começaremos a estudar a gestão integrada e, para isto, mergulharemos em seus fundamentos e princípios. Já podemos adiantar que analisaremos a ideia de INTEGRALIDADE, tão importante para o ramo das políticas públicas, sendo utilizada amplamente na área da Saúde, quando se pensa em Sistema Único de Saúde. De que forma a concepção de integralidade pode ser útil para quem está pensando e realizando a Segurança Pública no Brasil? Podemos assumir que esta noção tem relação direta com a transformação crítica da realidade. Outra de suas virtudes reside no fato de que é uma possibilidade de agregar diferentes atores, cujos interesses em determinados aspectos são muito diversos. O Gabinete de Gestão Integrada, como espaço que gera modos e lógicas de integração colegiada, promove a segurança pública ao favorecer a adoção de medidas efetivas de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil.
Em nosso último encontro, observamos como as relações e os vínculos gerados e desenvolvidos por meio das redes sociais criam possibilidades de articulação e contribuem para a solução de problemas de forma cooperativa. 
Para isso, verificamos a definição de redes e as suas características e, no sentido de exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, recorremos aos resultados da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e segurança pública: Evolução da rede de atores da segurança pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática de Segurança Pública no Brasil durante todo o processo da 1ª. CONSEG.
Mas como abordar os princípios e os fundamentos da gestão Integrada? 
Para tratarmos dos princípios e dos fundamentos da gestão integrada, é importante refletir sobre o conceito de integralidade.
Segundo João Bosco Rodrigues de Góz, embora não fosse literalmente mencionada no texto, a concepção de integralidade permeia a diretriz do Sistema Único de Saúde, como política pública, fornecendo enunciados propositivos do Sistema.
Assim, de acordo com Góz (2009), a integralidade trata de um conjunto devalores pelos quais vale a pena lutar, pois estão referidos a um ideal de civilidade.  
Imagem da integralidade:
Tenta indicar a direção para a transformação da realidade.
Ela parte de um pensamento crítico, um pensamento que se recusa a reduzir a realidade ao que já existe, que se indigna com algumas características do que já existe e almeja superá-las (2009, p. 16).
Por abranger leituras distintas e sentidos diversos, ela pode, em determinado momento, reunir, em torno de si, atores políticos cujas indignações são semelhantes, mesmo que seus projetos específicos sejam diferentes.
Possui, assim, diversos sentidos que são correlatos porque foram forjados no mesmo contexto de luta e articulados entre si.
Contudo, pelo fato de ter sentidos distintos possibilita que os atores, tão diferentes, pareçam em determinado momento compartilhar os mesmos ideais e se unam para resolver problemas que não poderiam ser enfrentados por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, isoladamente.
Em poucas palavras, busca-se tratar o princípio de forma crítica e reflexiva, o que permite entender a realidade e tentar desempenhar ações transformadoras.
Integralidade:
O indivíduo aqui é agente, por isso, pode e deve propor e opinar a respeito de decisões coletivas, sociais, para cuidar de si, de sua família e da coletividade.
É um conceito que supõe a identificação do sujeito, enquanto indivíduo, com a totalidade.
Agente:
Ou seja, é um sujeito histórico e social que tem potencial de transformar a realidade.
Nas palavras de Góz (2009, p. 16):
Para que seja possível a realização de uma prática que atenda à integralidade, precisamos exercitar efetivamente o grupo, desde o processo de formação do profissional de determinada área. 
É preciso estabelecer estratégias de aprendizagem que favoreçam o diálogo, a troca, a transdiciplinaridade entre os distintos saberes formais e não formais que contribuem na promoção do bem-estar em âmbito individual e coletivo.       
ATENÇÃO:
Pelo que foi mencionado, verificamos que a integralidade tem a ver com a educação e a formação permanente que possam estimular o diálogo entre as equipes de profissionais. Assim, para prestar uma atenção totalizadora, holística, o agente precisa crer que será protagonista em realizá-la também individualmente. Contudo, se a integralidade depende da atitude dos profissionais, é função também, em grande medida, da incorporação ou de redefinições mais radicais dos grupos.
...de que forma a concepção de integralidade se relaciona com as questões da Segurança Pública?
Dito de outra forma, para Góz, então, a integralidade não pode se resumir apenas a atitude de certos profissionais.
Ela deve ser a marca da maneira de organizar o processo de trabalho com o objetivo de aperfeiçoar o seu impacto social.
No que diz respeito à organização dos serviços, a ideia de integralidade aplica-se às respostas do poder público aos problemas sociais.
No caso da Segurança Pública, é possível reconhecer alguns traços de semelhança, algumas analogias, alguns fios que articulam todos esses sentidos. 
Quer tomemos a integralidade como princípio orientador das práticas, quer como princípio orientador da organização do trabalho ou da organização das políticas, integralidade implica uma recusa ao reducionismo, bem como um recusa à fragmentação das esferas sociais e humanas (familiar, social econômica, cultural e religiosa), uma recusa à objetivação dos sujeitos e talvez uma afirmação da abertura para o diálogo.   
Visão holístico-ecológica: 
(holístico: busca um entendimento integral dos fenômenos)
Nesta linha de raciocínio, então, a integralidade possibilita o entendimento de que o profissional que trabalha diretamente com os seres humanos deve ter uma visão holístico-ecológica tanto na produção do conhecimento como na prestação de serviços ou no resgate da participação nos contextos.
Se o elemento integralidade está inserido na consciência crítica dos profissionais e da comunidade, mesmo em um contexto complexo e de constante interação, acaba por possibilitar ações transformadoras e integradas. 
Deixando de lado as explicações mais teóricas, vamos tentar observar o que foi mostrado até aqui de forma mais concreta.
De que forma a política de Segurança Pública opera hoje no Brasil? 
Pode-se assumir que é por meio de diretrizes e princípios, utilizando estratégias que possibilitam uma nova forma de compreender e lidar com a complexidade do tema, o que depende da estruturação de modelos orientados pela perspectiva da integralidade entendida não somente em relação à apreensão integral do sujeito, mas também aos novos valores e dispositivos técnicos. 
Conforme o que ensina Góz (2009, p. 19) pode-se observar, analisar e pesquisar algumas características do sistema de Segurança Pública.
A integralidade e missão da Segurança Pública em novas lógicas, diretrizes e princípios;
Necessidades formativas para a construção de novos perfis profissionais no campo da Segurança Pública;
Diretrizes lógico-pedagógicas para a construção de projetos, programas e ações na perspectiva da integralidade para efetivação do Sistema Único de Segurança Pública.
Novos modelos de segurança:
O que vem sendo buscado na construção de novos modelos de segurança é a integralidade como um operador teórico e prático.
Desta forma, a ideia de integração, na Segurança Pública proposta no SUSP e na Constituição Federal de 1988, é um projeto político e ético em construção.
As maneiras como a integralidade é dita e praticada são processos de impulsionamento para gestões cuja possibilidade de mobilização das partes acaba por afetar o desenvolvimento das organizações, pois se pensarmos em uma lógica sistêmica, devemos observar que o comportamento de uma esfera implica necessariamente em mudanças no funcionamento do sistema como um todo.
O Sistema Único de Segurança Pública, ou SUSP, foi proposto pelo Governo Federal em 2003, como uma das principais ações do novo Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP). 
Abordagem das experiências de cooperação e integração:
Se pensarmos em termos de política internacional, o fato de que a cooperação entre Estados tende a minimizar o risco de conflitos é o pressuposto para a abordagem das experiências de cooperação e integração.
O processo de integração regional como processo estratégico de enfrentar problemas que isoladamente não seriam solucionados pode ser visto como um modo de cooperação entre Estados.  
Desta forma, a cooperação contribui para o estabelecimento de objetivos comuns entre parceiros.
Os sistemas de integração são complexos e exigem cooperação em ações e lideranças.
A integração se alimenta da colaboração, em um processo decisório consensual, com intercâmbio de informações e padrão de desempenho.  
De acordo com Góz (2009, p.20):
Ao falarmos em integralidade evocamos o conceito de segurança cidadã citado no Relatório de Atividade de Implantação do Sistema Único de Segurança Pública e suas nuances na “situação política e social, de segurança integral e cultura da paz, em que as pessoas têm legal e efetivamente garantido o gozo pleno de seus Direitos Humanos, por meio de mecanismos institucionais eficientes e eficazes, capazes de prever, prevenir, planejar, solucionar pacificamente e controlar as ameaças, as violências e coerções ilegítimas”. 
Abaixo listamos alguns elementos que demonstram, nos textos e escritos legais, a vontade política de alguns setores em estabelecer a integralidade. São eles: 
A institucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) como sistema federativo e democrático de gestão das instituições de Segurança Pública no Brasil; 
A promoção da cooperação intergovernamental e interinstitucional em Segurança Pública nas áreas de planejamento, atividades de formação, atuação tático operacional e intercâmbio de dados, informações e conhecimento; 
A sedimentação de políticas públicas pautadas pelo compromisso com resultados, respeito aos direitos fundamentais e a promoção da cidadania e da dignidade da pessoahumana; 
A necessidade premente de combinar as atuações preventivas e repressivas qualificada, visando à redução da criminalidade e da violência, em todas as suas formas; 
O propósito de valorizar as organizações governamentais e não governamentais da Segurança Pública e de seus agentes, levando-os a recuperar a confiança da sociedade e reduzindo o risco de vida a que estão submetidos; 
A deliberação de ampliar a eficiência e a eficácia da Segurança Pública nos níveis de gestão política, estratégica e tático-operacional. A resolução de aplicar com rigor e equilíbrio as leis no sistema penitenciário, respeitando os direitos dos apenados e eliminando suas relações com o crime organizado.
Gabinetes de Gestão Integrada (GGI):
No campo da Segurança Pública, os Gabinetes de Gestão Integrada (GGIs) são instrumentos capazes de criar espaços que geram modos e lógicas de integração colegiada, por meio de uma pedagogia de mudança de atitudes que levam os operadores do sistema de segurança a não mais reproduzirem práticas que tragam certos níveis de sensação de insegurança. 
A integralidade traz um dispositivo para consolidar a forma colegiada de promover a Segurança Pública quando favorece a adoção de medidas efetivas de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil.
Dito de outra forma, a intervenção do Estado deixa de ser criminalizadora (agindo depois que o crime foi cometido) e passa a agir também preventivamente, utilizando ações sociais, evitando, muitas vezes, que o crime ocorra.
Ao reunir gestores de diferentes áreas e instituições do poder público e da sociedade civil organizada, o gabinete de gestão integrada se torna o espaço de definição estratégica da Segurança Pública no âmbito municipal, dos consórcios intermunicipais, estadual ou das regiões de fronteiras.
É, portanto, uma ferramenta de gestão cujo objetivo é promover ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e da criminalidade, o que aumenta a sensação de segurança da população.
Os gabinetes de gestão integrada, de forma geral, se fundamentam em três eixos:
Diz respeito à gestão integrada:
É pautada na descentralização da macro política e atua de forma colegiada nas deliberações e execuções de medidas e ações conjuntas a serem adotadas para combater a criminalidade e prevenir a violência, no âmbito local, reunindo os vários segmentos que compõem a Segurança Pública.
Opera pelo consenso, sem hierarquia.
Isto é, as decisões são tomadas de comum acordo entre os membros, respeitando as autonomias institucionais dos órgãos que compõem o GGIM.
É a atuação em rede e, por isso, tivemos a necessidade de estudar as redes na aula passada:
O GGIM pressupõe uma rede de informações, experiências e práticas estabelecidas que extrapolam os sistemas de informações policiais e agregam outros canais de informações.
Além de apresentar um corpo gerencial plural e multidisciplinar, o GGIM mobiliza toda a população, atuando enquanto espaço de interlocução com os cidadãos sobre violência e criminalidade.
Nesse caso, a ampliação intensa do GGIM com os fóruns municipais e comunitários de segurança.
A perspectiva sistêmica:
O GGIM concebe em sua estrutura espaços inovadores que aliam informação e tecnologia e planejamento e gestão na promoção de políticas de segurança.
O pleno funcionamento dessa estrutura prevê a sinergia entre as partes, garantida pelo fluxo de informação–reflexão–ação.
Participação social nos GGIs:
É importante ressaltar que o GGI busca discutir e deliberar, por meio de consenso, sobre questões, estratégias e ações em Segurança Pública, sem hierarquia e com respeito à autonomia das instituições que o compõem.
Qual é o papel da participação social nos GGIs?
Vimos que a Segurança Pública, atualmente, é concebida como responsabilidade coletiva e cada cidadão tem o direito e o dever de participar da construção de sua própria segurança.
Os fóruns municipais e comunitários de segurança são canais de interlocução entre a população e os operadores da Segurança Pública e contribuem para a mobilização social na defesa do direito à segurança, ao analisar e discutir estratégias de atuação.
Os GGIs devem interagir intensamente com os fóruns municipais e comunitários de segurança para a constituição das políticas preventivas de Segurança Pública.
Na pauta das discussões, os vários setores organizados da sociedade tratam de temas relativos ao exercício da cidadania, ao identificar demandas da população, métodos de ações preventivas e resultados pretendidos.
É essa ação participativa que legitima a tomada de decisão e norteia o GGI na adoção de medidas que realmente atendam ao interesse público e garantam a criação e reprodução de uma verdadeira cultura de paz.
A participação da sociedade é fundamental para o sucesso de ações nesse âmbito e deve ser prestigiada e incentivada pelo poder público.
Aula 4
O Estado e a Gestão Integrada e Comunitária.
Introdução:
Neste encontro, veremos de que modo o Estado, como poder público, pode favorecer a implantação de mecanismos de gestão integrada no que diz respeito à Segurança Pública. Veremos as características do SUSP e como ele funciona como indutor da política de gestão integrada na Segurança Pública. Estudaremos também o PRONASCI e como este programa fomentou a criação de diversos Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil inteiro, ao tornar a sua implantação uma condição para o recebimento de recursos federais. Finalmente, analisaremos o papel dos entes federados para a Segurança Pública e, mais especificamente, para a implantação da gestão integrada.
As políticas públicas e a integralidade:
Já sabemos que a Segurança Pública é um direito e uma responsabilidade de todos. Dito de outra forma, não se trata apenas de tarefa do Estado/poder público, mas de cada cidadão. 
Atualmente escuta-se muito falar em políticas públicas de Saúde, de Segurança, de Desenvolvimento Social.
Mas, o que vem a ser política pública?
Como em quase todos os temas das Ciências Sociais, não existe um definição única e nem sempre podemos dizer que uma seja a mais correta dentre todas as outras.
Alguns autores afirmam que políticas públicas são ações ou inações governamentais relativas às coisas concernentes aos cidadãos, à sociedade.
Monetária; 
Educacional;
Saúde;
Desenvolvimento Social;
Segurança;
Agrícola.
Para os fins de nosso estudo, vejamos o que diz Potyara Pereira.
Política pública não é sinônimo de política estatal. 
A palavra ‘pública’, que acompanha a palavra ‘política’, não tem identificação exclusiva com o Estado, mas sim com o que em latim se expressa como res publica, isto é, coisa de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o Estado e a sociedade.
Em outras palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do governo e do mercado.
É o que preferimos chamar de controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da democracia e da cidadania.
O Sistema Único de Segurança Pública:
O SUSP foi lançado em abril de 2003 e é um esforço do Governo Federal para elaborar uma política de âmbito nacional, unificada, para a área da Segurança.
O SUSP criado no âmbito da Política Nacional de Segurança Pública – PNSP-, visa promover uma maior organicidade e cooperação entre as instâncias federal, estadual e municipal no que se refere à implementação de políticas de Segurança Pública e Justiça Criminal em todo o país.
Seu objetivo é integrar e articular, de forma prática, as ações das polícias federais, estaduais, distrital e guardas municipais, preservando a autonomia das instituições envolvidas.
Introdução:
A partir da implantação do SUSP, começou-se a discutir, de forma mais consistente e sistemática, qual o papel dos municípios no sistema de Segurança Pública.
Diante da estrutura federativabrasileira, sobressai-se a vocação primordial do município para a prevenção da violência e criminalidade, resguardando-se as competências legais.
É no município que as pessoas residem, é no município que acontecem os problemas e as soluções, assim como é no município – poder público mais próximo do cidadão – que a comunidade procura a solução para os problemas que a aflige.
Não é mais possível a continuidade de uma política reativa, pautada em um modelo tradicional de Segurança Pública que priorize unicamente o acréscimo de armamentos e efetivos policiais, visto que tais medidas apresentaram-se insuficientes para a redução da criminalidade.
O SUSP opera com as seguintes convicções:
Não há política de Segurança sem gestão;
A política de Segurança deve ser pautada nos Direitos Humanos;
A política de Segurança implica articulação sistêmica das instituições.
Seis eixos do Sistema Único de Segurança Pública:
Gestão unificada da informação:
Uma central recebe todas as demandas relativas à área da Segurança Pública. A coleta de informações deverá auxiliar na redução da violência e na prevenção ao crime.
Gestão do sistema de segurança:
Delegacias com perícia, polícia civil e polícia militar deverão ser implantadas para cuidar de determinadas áreas geográficas das cidades.
Formação e aperfeiçoamento de policiais:
Os policiais civis e militares serão treinados em academias integradas. A Secretaria Nacional de Segurança Pública tem um setor de formação e aperfeiçoamento que já está trabalhando nos currículos das academias para definir o conteúdo desses cursos de formação que levarão em conta sempre a valorização profissional.
Valorização das perícias:
Essa fase da investigação de crimes receberá atenção especial.
Prevenção: 
Ações concretas para a prevenção e redução da violência nos estados serão prioritárias. A Polícia Comunitária terá papel fundamental nesse processo.
Ouvidorias independentes e corregedorias unificadas:
Serão criados órgãos para receber as reclamações da população e identificar possíveis abusos da ação policial. A corregedoria vai fiscalizar os atos dos policiais civis e militares, o objetivo é realizar o controle externo sobre a ação da Segurança Pública nos estados.
O SUSP e o respeito ao pacto federativo:
Da mesma forma que o SUSP prevê a integração entre as diferentes forças de Segurança Pública, existe um empenho para integrar os diversos federados no sentido de somar esforços, minimizar o retrabalho e otimizar os resultados.
Sabe-se que à luz do pacto federativo, a União não pode obrigar os outros entes a agirem de determinado modo, mas, pode e deve fomentar e induzir a práticas que se mostraram exitosas em oportunidades anteriores e em outros lugares.
Por meio de políticas públicas e fornecendo princípios e diretrizes, é possível envolver os municípios, os estados e o Distrito Federal em novas concepções acerca da Segurança Pública e das formas de tratá-la.
O PRONASCI e a gestão integrada:
O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi instituído pela Lei nº 11.530 de 24 de outubro de 2007 e considerado um novo paradigma de Segurança Pública, que estava baseado em duas grandes inovações.
Articulação entre ações de segurança e ações de natureza sociais e preventivas, atuando nas raízes socioculturais da violência e da criminalidade, por meio do fortalecimento dos laços comunitários e das parcerias com as famílias, sem abdicar das estratégias de ordenamento social e repressão qualificada.
Fomento de uma agenda federativa compartilhada, com o envolvimento de todos os entes, acrescentando, ao papel basilar dos estados, o governo federal, com indução de políticas de financiamento, e os municípios, com papel ativo nas ações de prevenção.
Afirmamos que o PRONASCI foi visto como uma inovação e, sabe por qual motivo?
O programa buscava a promoção de um projeto de inclusão e fortalecimento da coesão social por meio do empoderamento das relações entre operadores de segurança e sociedade civil e do acesso a um Estado qualificado.
Seu papel era garantir direitos fundamentais do cidadão e oferecer uma resposta a um contexto de tensão social do país, com altos índices de criminalidade e violência, atingindo os indivíduos mais jovens, rompendo com um modelo ultrapassado de política de Segurança Pública e buscando desenvolver ações que evitem que o crime aconteça sem deixar de lado, é óbvio, a repressão.
Vejamos agora as ações dos três objetivos de atuação que o programa previa.
Territorial: atuando em regiões urbanas com altos índices de criminalidade;
Etário: priorizando a juventude, particularmente grupo de jovens entre 15 e 24 anos que vivem às margens da criminalidade e/ou tiveram conflitos com a lei;
Policial: favorecendo a formação e a valorização das forças de segurança.
O Pronasci trabalhou com a concepção de que a sociedade deve formar cidadãos e criar condições para reduzir a vulnerabilidade social.
Neste ponto, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com os Fundamentos da Gestão Integrada e Comunitária, não é?
Na próxima parte você entenderá porque é impossível falar sobre a Gestão Integrada em Segurança Pública sem mencionar o Pronasci e vice-versa. 
O Pronasci e os GGIs:
Os Gabinetes de Gestão Integrada passaram a ser a forma gerencial do Pronasci, sobretudo em sua forma de Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM).
A partir do momento em que começaram a se configurar como a principal ferramenta de gestão do PRONASCI, esses gabinetes deviam garantir a sua viabilidade operacional ao reunir diversas instituições que incidem sobre a política de segurança, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e da criminalidade e aumentando a sensação de segurança por parte da população e a valorização dos servidores públicos que atuam na área de segurança em todas as esferas.
Os GGIs evitam o isolamento e a fragmentação dos vários segmentos que compõem a área da segurança pública não devendo, por isso, se constituir em organismos meramente formais, mas, antes, atuar com efetividade na busca de resultados.
Agora veremos o papel dos entes federados na gestão integrada da Segurança Pública.
Os entes federados são a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.  
De acordo com o texto constitucional, cada ente tem um papel no que diz respeito à administração pública do país.
Vejamos a seguir quais são esses papéis em relação à Segurança.
O Estado:
Quando se pensa em Segurança Pública no Brasil, pode-se afirmar que aos estados cabe a organização e a manutenção das polícias, tanto a preventiva (Polícia Militar), como a da judiciária (Polícia Civil). O próprio texto constitucional prevê que as polícias fiquem com essa incumbência.
Os estados participam do SUSP por meio de um protocolo de intenções assinado pelo governador e pelo Ministro da Justiça. 	
A partir de então, cria-se um Comitê de Gestão Integrada do qual participam:
O secretário estadual de Segurança Pública (ou seu equivalente), como coordenador; 
Representantes da Polícia Federal;
Polícia Rodoviária Federal;
Polícia Civil; 
Guardas Municipais.
Conta-se também com a cooperação do Ministério Público e do Poder Judiciário. O comitê deve buscar o consenso para definir as ações, sobretudo ao que se refere ao enfrentamento do crime organizado em suas diversas modalidades.
Tráfico de drogas;
Tráfico de armas;
Contrabando;
Lavagem de dinheiro;
Pirataria.
As decisões do comitê estadual, então, são transmitidas a um gestor nacional, o possibilitando que boas práticas implantadas em determinado estado possam ser levadas a outros. Além disso, também cabe ao comitê definir as prioridades para investimentos federais na área.
O Município:
A partir da Constituição de 1988 os municípios passaram a ser considerados como entes federados e, por isso, nos últimos anos, a ter um mais destaque nos debates sobre Segurança Pública e prevenção da violência por se tratar, justamente,da instância governamental mais próxima dos problemas concretos vividos pelos cidadãos.
Para tanto, viram-se diante do desafio de criar, ampliar e mesmo repensar uma de suas importantes instituições para este fim: a Guarda Municipal.
O contexto sociopolítico contemporâneo sinaliza para o desafio de reestruturar o papel desta organização no Estado Democrático de Direito.
Este empreendimento requer inúmeros esforços no sentido de ampliar os debates sobre o tema, tornando-o cada vez mais acessível à municipalidade brasileira que busca, em conjunto com a sociedade local, assumir o seu papel na construção da tão propagada Segurança Pública para todos.
Os municípios possuem um grande desafio: desenvolver projetos concretos de prevenção e alcançar, com eles, reduções significativas nas taxas de criminalidade e nas ocorrências violentas.
É perfeitamente possível alcançar estes resultados. A experiência internacional e alguns exemplos, em nosso próprio país, o demonstram suficientemente. Para isso, entretanto, é preciso trabalhar com seriedade e profissionalismo, articulando as ações o mais amplamente possível com todos os interessados e com as entidades parceiras.
A partir de 2003, com o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), este movimento se aprofunda e o município ganha um destaque ainda maior no que se refere à consecução de políticas locais, integradas e participativas de prevenção do crime e da violência.
Neste sentido, a arquitetura institucional do Sistema Único de Segurança é responsável pela produção de importantes documentos de referência para que as prefeituras se ajustem a este novo cenário.
Aula 5
Metodologia para busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública.
Introdução:
Nesta ocasião, analisaremos o método IARA (Identificação, Análise, Resposta e Avaliação) utilizado para a resolução de problemas tanto pelas iniciativas de polícia comunitária como em ações consensuadas dentro dos Gabinetes de Gestão Integrada. Veremos que este método foi criado na década de 1970, nos Estados Unidos, por profissionais de Segurança Pública e pesquisadores e, por permitir um tratamento racional para fatos de ordem violenta e criminosa, tem sido amplamente utilizada no Brasil. Analisaremos, então, as suas fases, sempre ressaltando instrumentos e detalhamentos utilizados pela polícia comunitária.
Vimos que a sociedade organizada e os órgãos governamentais podem e devem se unir para buscar soluções para as questões da Segurança Pública. Há, neste sentido, uma importante metodologia chamada Método IARA, muito utilizada pelas iniciativas de Polícia Comunitária e faz parte do POP (Policiamento orientado para o problema).
O método IARA foi desenvolvido por policiais e pesquisadores na década de 1970, nos Estados Unidos e, lá, chama-se SARA.
Fases do Método IARA:
Existem algumas variações, detalhando mais cada fase do método IARA, contudo, da forma que será apresentado, é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os agentes que atuam na atividade de policiamento e não compromete a eficiência e a eficácia do serviço apresentado pelo Policiamento Orientado para o Problema, assim como não contradiz outros métodos, por isso, muitas vezes, ele é adotado como referência.
MÉTODO IARA:
	1ª fase
 
Identificação
Scanning
	2ª fase
Análise
Analysis
	3ª fase
Resposta
Response
	4ª fase
Avaliação
Assessment
Premissas do Método IARA:
O método IARA é tradicionalmente conhecido como metodologia de resolução de problemas e tem as seguintes premissas:
Identificação de problemas locais;
Análise do problema;
Divisão de responsabilidades;
Acompanhamento das medidas adotadas para a sua solução.
Estas quatro premissas são as fases que dão origem ao nome IARA, isto é, Identificação, Análise, Resposta e Avaliação.
As atividades a serem executadas nas etapas do método IARA:
Vejamos agora as atividades envolvidas em cada uma das etapas do método IARA.
Identificação:
Como identificar um problema de segurança relevante para o município e para a população?
Os integrantes do GGIM apresentam os diversos problemas vivenciados pelo município na esfera da Segurança Pública.
Seu principal objetivo é conduzir um levantamento preliminar para determinar se o problema realmente existe e se é preciso realizar uma análise adicional.
Essa fase também é conhecida como “chuva de ideias” ou “catarse” e sua importância consiste em permitir que se faça um sumário de questões relevantes tanto para as organizações que compõem o sistema de Justiça Criminal e Segurança Pública no âmbito local e ainda um sumário de questões importantes para a própria população, trazidas para o Gabinete de Gestão Integrada pelo Conselho Comunitário de Segurança.
		Elegendo as prioridades:
A partir do momento em que os problemas são identificados, os integrantes do Gabinete de Gestão Integrada devem eleger prioridades e a questão norteadora deve ser:
“Entre todas as questões apontadas, qual deve ser trabalhada prioritariamente?”. 
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, são exemplos de problemas a serem analisados:
 
Uma série de roubos em uma determinada localidade, venda de drogas, - alcoolismo e desordem em local público; 
Roubo e furto de carros; 
Vadiagem;
Alarmes disparando em áreas comerciais; 
Problemas de tráfego e estacionamento; 
Pichação; 
Prostituição de rua; 
Altas taxas de crime; 
Chamadas repetidas em razão de agressões em determinado endereço; Entre outros.
Como não é simples alcançar consenso, pode-se, por exemplo, escolher três questões e eleger a problemática prioritária no momento por meio de uma eleição. Com isto, tem-se o início da segunda etapa, isto é, a análise do problema.
Análise:
Quais são as causas deste fenômeno?
Que instituições integrantes do GGIM possuem informações sobre a dinâmica deste fenômeno?
É considerada como o coração do Método IARA, pois é a partir do perfeito conhecimento das causas do problema que se alcançará uma resposta adequada a sua resolução.
Para realizar a análise do problema, é necessário que todas as informações sobre as causas sejam disponibilizadas.
As instituições devem apresentar todo o conhecimento produzido por elas, como mapas, estatísticas, informes de pessoas que fazem parte dos Conselhos Comunitários de Segurança ou que procuram os serviços da Defensoria Pública, dentre outros.
Uma forma vantajosa de analisar o problema é solicitar que cada uma das instituições do Gabinete de Gestão Integrada mostre as informações produzidas sobre a questão da ordem do dia, de modo que o diagnóstico possa ser produzido com o máximo de informações possível.
Uma maneira de analisar o problema de forma global é identificando:
Os envolvidos;
Os horários e os locais da sua ocorrência;
As vítimas;
O contexto ecológico de ocorrência como: falta de iluminação, buracos na estrada etc.;
Os desdobramentos ou não desdobramentos do fenômeno dentro das organizações que compõem o GGI.
Pode-se utilizar o problema da violência nas escolas para exemplificar esta fase do método IARA. Assim, segundo Paulo Augusto Souza, é necessário pensar não apenas nos autores, vítimas e locais onde ocorre. É preciso também levar em consideração que tipo de ocorrência atinge qual escola, quais são os desdobramentos desta violência dentro da Vara da Infância e da Juventude. 
 Somente a partir deste diagnóstico completo é que se pode passar à fase da Resposta.
Quando o assunto é tratado pela polícia comunitária, utiliza-se o TAP (Triângulo para Análise de Problemas). Geralmente, em termos de Segurança Pública, para que um problema ocorra, é necessária a presença de três elementos: um agressor, uma vítima e um local.
Podemos mencionar como vantagens do uso do triângulo o fato dele ajudar os polícias a analisar o crime, sugerir onde são necessárias mais informações e ajudar no controle e na prevenção do crime.
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária(2009, p. 206):
O relacionamento entre os três elementos pode ser explicado da seguinte forma: se existe uma vítima e ela não está em um local onde ocorram crimes, não haverá crime; se existe um agressor e ele está em um local onde os crimes ocorrem, mas não há nada ou ninguém para ser vitimizado, então não haverá crime. Se um agressor e uma vítima não estão juntos em um local onde ocorrem crimes, não haverá crime.
Resposta:
Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar sobre as causas deste fenômeno?
Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar para reduzir os efeitos deste fenômeno?
Qual seria o desenho de um plano de ação que viabilizasse o tratamento desta questão?
Para que as respostas sejam eficientes e efetivas para resolver os problemas de Segurança Pública, é importante que seu objetivo esteja sobre o cenário construído a partir da análise realizada na primeira etapa.
Depois de efetuado o diagnóstico, realiza-se o plano de ação de acordo com as respostas dadas a cada uma das questões a seguir:
Alvo:
Qual o objetivo pretendido com esta resposta?
Como:
Como essas ações serão desenvolvidas dentro de cada instituição?
Quem:
Quais organizações podem realizar as ações necessárias para tratamento da questão?
Quando:
Quanto tempo cada ação demanda para ser executada?
Onde
Em quais locais (em termos geográficos) esta ação será executada?
Quanto custa 
Quais os custos econômicos, políticos e sociais desta ação?
Avaliação
Quais medidas (objetivas) serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?
As respostas às sete questões vistas constituem o plano de ação. Com a formatação deste plano, realizado na reunião do Gabinete de Gestão Integrada, as instituições podem saber de que forma o problema será abordado e qual seu papel, sua competência e sua responsabilidade na abordagem deste problema. 
Depois da implantação do plano de ação, realiza-se um novo encontro do GGI para avaliação dos resultados alcançados com as atividades deliberadas anteriormente e consideradas como as respostas apropriadas para o tratamento do problema de Segurança Pública.  
Vejamos agora como ocorre a avaliação dos resultados alcançados com as atividades deliberadas e consideradas como as respostas apropriadas para o tratamento do problema de Segurança Pública.  
	
Avaliação:
As medidas constantes no plano de ação geraram o efeito pretendido?
Vamos analisar a sétima questão do plano de ação:
“Quais medidas objetivas serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?”
Essa questão permite realizar a última etapa da metodologia: a avaliação dos efeitos alcançados a partir da implementação de determinada política sobre o fenômeno no qual ela pretendia interferir.
Caso o problema seja encaminhado e resolvido da forma esperada, as instituições responsáveis prestam contas e liberam o GGI para se dedicar a um novo problema. 
Em caso contrário, se a leitura da ata da última reunião levar à conclusão de que o problema não foi resolvido da forma adequada, deve-se utilizar o método IARA para entender o que ocorreu, entre a tomada de decisão e a sua implantação, que inviabilizou o tratamento da problemática tal como acordado na reunião do gabinete.
Com o diagnóstico pronto, elabora-se um novo plano de ação para tratar novamente o problema e a sua efetividade, do ponto de vista dos objetivos pretendidos, deverá ser avaliada na próxima reunião do Gabinete de Gestão Integrada.  
O acompanhamento de cada um dos quadros permite que o Gabinete de Gestão Integrada percorra todos os passos da metodologia e possa verificar, nas reuniões subsequentes à de deliberação do problema/solução, quais são as etapas nas quais se encontram problemas para a plena solução.
O preenchimento da planilha contendo as etapas desta metodologia é uma forma de aplicar o Método IARA.
Quando o tema é tratado pela Polícia Comunitária, as possíveis soluções de problemas podem ser organizadas dentro de cinco grupos:
Eliminação total do problema:
A efetividade é medida pela ausência total dos tipos de ocorrência que o problema criava. É improvável que a maior parte dos problemas possa ser totalmente eliminada, mas alguns poucos podem;
Redução do número de ocorrências geradas pelo problema: 
A redução do número de ocorrências provenientes de um problema é a maior medida de eficácia;
Redução da gravidade dos danos: 
A efetividade para este tipo de solução é demonstrada constatando-se que as ocorrências são menos danosas;
Lidar melhor com velhos problemas (tratar maior número de participantes de modo mais humano, reduzindo os custos, melhorando a capacidade de lidar com a ocorrência): 
Promovendo satisfação para as vítimas, reduzindo custos e outro tipo de medida que possa mostrar que este tipo de solução é efetivo;
Remover o problema da consideração policial: 
A efetividade deste tipo de solução pode ser medida pela observação de como a polícia está lidando originalmente com o problema e a razão de transferir a responsabilidade para outro. Policiais solucionadores de problemas frequentemente buscam ajuda da comunidade, outros departamentos da cidade, comerciantes, agências de serviço social e de qualquer um que possa ajudar.
	AULA 06	
A Mobilização Comunitária. 
Introdução:
Para começar, vamos rememorar o que é mobilização comunitária?
Vimos que as passeatas e os mutirões podem ser eventos resultantes dela, mas, absolutamente, não a definem.
Segundo o verbete do Dicionário de Ciências Sociais (1987, p.771), “a mobilização social comporta a incorporação de indivíduos, grupos ou classes sociais a um movimento social”.
Podemos concluir que mobilização social e movimento social são coisas diferentes, sendo a mobilização um fator integrante do movimento, ou seja, é a ação social que os quadros e as massas correspondentes desempenharão tanto para realizar imediatamente o seu programa, como para aumentar gradualmente as bases do poder. 
A mobilização social depende do caráter do movimento social ao qual corresponde e dos traços distintivos da sociedade, grupo ou comunidade.
Para que possamos dizer que existe mobilização social de fato, é preciso que pessoas, comunidades ou sociedades se aglutinem para decidir e agir em direção a um objetivo comum, na busca cotidiana por resultados decididos e desejados por todos.
Lembre-se que os indivíduos devem possuir o poder de decidir se querem ou não participar de determinado movimento. 
Em uma democracia, ninguém pode ser obrigado a se associar, pois caso isso ocorra, será a sua própria negação.
Ambiente democrático:
A participação em um ambiente democrático pressupõe que os indivíduos se concebam como responsáveis pelos destinos da comunidade e como parte importante na geração e consolidação de mudanças. 
Mobilizar, então, nesse sentido, é orientar para algum objetivo ou projeto duradouro, o que exige dedicação contínua para produzir resultados no cotidiano ou no longo prazo.
Organização ou mobilização comunitária é o mesmo que unir problemáticas diferentes e pessoas diferentes para realizar objetivos comuns e isso é muito diferente de apenas convocar pessoas para comparecerem em reuniões.  
É, ao contrário, um processo contínuo de capacitação de membros da comunidade, oportunidades nas quais o cidadão é incentivado a participar de decisões que se relacionam a assuntos pertinentes à qualidade de vida da sua localidade, região ou bairro.
A mobilização comunitária e as redes sociais:
Já estudamos a importância das redes sociais para a mobilização comunitária e, é importante lembrar o que Marteleto (2001) nos diz sobre o assunto: o termo ‘rede’ pode significar sistema de nodos ou elos, estrutura sem fronteiras, comunidade não geográfica, um sistema de suporte ou um sistema físico que se pareça com uma árvore ou uma rede.
Podemos considerar que “rede social” é um conjunto de participantes autônomos que unem ideiase recursos em torno de valores e interesses compartilhados.
É relevante saber que, quando se trata de redes sociais, privilegiam-se os elos informais e as relações, em detrimento das estruturas hierárquicas. 
Hoje, o trabalho informal em rede, é uma forma de organização bastante presente em nossa vida cotidiana e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas.
O estudo das redes:
Hoje, quando ouvimos falar de redes sociais, logo nos vem à cabeça aplicativos para computadores e smartphones que permitem ampla comunicação com pessoas do planeta inteiro, compartilhando fotografias, filmes, palavras, músicas, ideais e ideologias, interesses, etc. No entanto, não é sobre este tipo específico de redes sociais que trataremos aqui.
O estudo das redes mostra que as pessoas (indivíduos plenos de recursos e capacidade propositiva) organizam as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio desenvolvimento das redes.
Segundo Marteleto (2001, p.72), mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas. Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária.
Como exemplo, podemos citar o uso das redes sociais nas reivindicações de direitos e o impacto delas nas manifestações que ocorreram no Brasil em 2013.
Como se estruturam as redes?
Pode-se assegurar que as redes são compostas por indivíduos, grupos ou organizações e sua dinâmica está comprometida com a perpetuação, consolidação e desenvolvimento das atividades de seus integrantes.
Quando em espaços informais, as redes são oriundas da tomada de consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores de seus membros. 
Os aspectos mais significativos, no que diz respeito ao desenvolvimento das redes, são aqueles relativos aos níveis de organização social-global, nacional, estadual, local e comunitário.
A despeito do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não hierárquica e espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos, responsabilidades e diversos níveis de tomada de decisão.
Diversamente do que ocorre com as instituições, nas redes nem sempre encontramos um centro hierárquico e uma organização vertical. Então, as redes são, frequentemente, definidas pela quantidade e qualidade dos elos entre os diferentes membros e também orientadas por uma lógica associativa. 
 	A característica de sua estrutura é ser extensa e horizontal, mas, ao contrário do que se possa supor, esse traço não exclui relações de poder e de dependência nas associações internas e nas interações com unidades externas.
Mobilização comunitária e Segurança Pública:
Como já pudemos perceber por tudo o que foi posto, a mobilização comunitária é importante no sentido de resolver problemas comuns de forma democrática em diversos âmbitos da vida social.
No que diz respeito à Segurança Pública, a mobilização comunitária deve abranger também as forças de Segurança Pública presentes na comunidade. 
Se cabe ao Estado aperfeiçoar e capacitar as forças de segurança para fazer cumprir a lei, é dever dos cidadãos colaborar de forma ativa com as forças de Segurança Pública para torná-las mais eficientes.
As políticas de segurança devem envolver todas as agências, sejam públicas ou privadas. 
A estruturação das atividades em rede garante a realização de um trabalho racional no qual o esforço de cada instituição complementa o esforço das demais. 
Dito de outra forma, a relação a ser criada é de complementaridade e jamais de concorrência.
Prevenção do crime:
O medo do crime, já sabemos, afasta os indivíduos de atividades fora de suas casas e aumenta o isolamento entre as pessoas.
De acordo com o Guia para a Prevenção do Crime da Violência da Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça, o resultado da dinâmica do enclausuramento provocado e da fragmentação atrelados ao medo do crime pode ser dimensionado em três efeitos importantes para a Segurança Pública e para as relações comunitárias.
A comunidade perde poder: 
As pessoas tendem a se isolar mais e, sozinhas, perdem poder de exercer pressão sobre as autoridades para que providências sejam tomadas no sentido de garantir mais segurança;
Quanto menos vigilância, mais crimes: 
O afastamento das pessoas de áreas coletivas como ruas e praças diminui a vigilância “natural” da localidade. Os criminosos agem mais à vontade quando não há testemunhas;
Desvalorização imobiliária e perda de oportunidades: 
Quando o medo do crime toma conta de determinada região, os moradores começam a desejar se mudar dali. A grande oferta de imóveis faz cair o valor venal dos imóveis e o preço dos aluguéis. 
A mudança de perfil populacional trará mais problemas de caráter social para a região e produzirá menos identidade comunitária e, portanto, menos possibilidades de ações conjuntas.
ATENÇÃO:
A participação da comunidade é importantíssima para a prevenção do crime da violência. Logo, a comunidade deverá tomar parte nas políticas de prevenção, sejam elas primárias, secundárias ou terciárias.
Participação comunitária:
Se a participação comunitária é importante para as questões de Segurança Pública, nem sempre é simples mobilizar a sociedade.
A polícia deve compreender a dinâmica da comunidade e saber envolvê-la, pois, percebe-se que a integração entre polícia, comunidade e os diversos segmentos é que garantirá o sucesso do trabalho.
Favorece a integração da comunidade, o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania e a melhoria da qualidade de vida.
De acordo com o texto organizado e sistematizado por Márcio Simeone Henriques, o maior desafio a ser enfrentado pela polícia comunitária é motivar e manter a participação dos cidadãos, além de superar a resistência dos indivíduos causada, às vezes, pela abordagem incorreta do que deveria ser um programa comunitário de Segurança Pública.
Cidadãos + Polícia Comunitária = Integração / Participação Comunitária.
Conselhos Comunitários:
Como vimos na segunda aula, para Teixeira, os Conselhos Comunitários são organismos criados pelo poder público para negociar demandas dos movimentos populares com a crescente mobilização das populações, sobretudo, mas não somente, as residentes em bairros de periferia.  
Os Conselhos Comunitários surgiram a partir do final da década de 1970.
Gabinete de Gestão Integrada:
É uma rede que atua para propor ações integradas e promove o intercâmbio de informações e experiências, alimentando o sistema de planejamento e de políticas municipais preventivas de Segurança Pública.
Gabinete de Gestão Integrada (GGI) de Barra Mansa, formado por membros da secretaria de Ordem Pública, Corpo de Bombeiros, polícias Civil e Militar e representante do Poder Legislativo.
ATENÇÃO:
Pode-se afirmar com certeza que o GGI não representa exclusivamente o interesse da administração pública, pois representa também o interesse da sociedade em geral.
Como ocorre a participação social nos gabinetes de gestão integrada estaduais e municipais?
Por meio dos conselhos sociais ou conselhos comunitários de segurança.
Cabe lembrar, neste ponto, que a participação de representantes de fóruns comunitários de segurança se dá na condição de convidados e não garante assento no Pleno, pois ele se constitui em espaço deliberativo e executivo envolvendo ações de enfrentamento da criminalidade e que, portanto, requer cuidados adicionais de segurança aos participantes.
Conclusão:
A construção de uma sociedade mais justa e menos violenta depende da participação de todos.
De acordo com o texto da Constituição Federal de 1988, a Segurança Pública é uma responsabilidade coletiva e é direito e dever de cada cidadão participar da construção de sua própria segurança.
Os fóruns municipais e comunitários de segurança atuam como canais de interlocução entre

Continue navegando