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Direitos Humanos: Conceito e Evolução

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1
DIREITOS HUMANOS PARA A OAB
CANAL EXAME DE ORDEM
PROFESSORA MARCELA SANTOS
 BLOCO 1 
 Introdução 
 Conceito dos direitos humanos
 Características dos direitos humanos
 Gerações dos direitos humanos
Os direitos humanos surgiram na tentativa de minimizar as 
características primitivas e pré-históricas que os homens carregam consigo, 
como o sentimento de vingança, crueldade, hábito de escravidão, 
brutalidade, etc.
Neste sentido, direitos humanos nada mais representam que o 
conjunto de atividades realizadas de maneira consciente pelos homens, de 
forma a assegurar dignidade na vida das pessoas e evitar que o mesmo sofra 
em situações humilhantes.
Desta forma, pode-se depreender que o conceito de direitos humanos 
e sua aplicação prática só pode ser plenamente desenvolvido em uma 
sociedade democrática, posto que o autoritarismo consiste em uma forte 
limitação para tais ideias humanísticas se desenrolarem.
2
Contudo, a ideia acerca dos direitos humanos é considerada recente, 
posto que foi positivada em documento escrito somente em 1948, com a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem, que posteriormente foi 
ratificada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena em 1993, na qual os 
direitos humanos foram considerados naturais, universais, inatos a todo ser 
humano.
Os doutrinadores, em sua grande maioria, categorizam os direitos 
humanos com quatro características principais:
 Historicidade: são fruto da evolução histórica do povo;
 Inalienabilidade: não podem ser vendidos, negociados;
 Imprescritibilidade: não se perdem com o decurso do tempo;
 Irrenunciabilidade: não se pode renunciar a eles.
Em se falando que os Direitos Humanos decorrem de uma evolução 
histórica, muitos estudiosos defendem ainda que há uma certa divisão em 
dimensões, posto que a evolução de se deu em épocas marcantes, que 
possibilitou o firmamento de um ou alguns direitos humanos como centro 
das aspirações daquela época:
 Direitos humanos de primeira geração: decorrem de uma época 
que o povo se insurgiu contra o poder demasiadamente autoritário 
do Estado, consagrando as liberdades públicas como marco 
histórico dado a partir da Revolução Norte Americana de 1776 (em 
prol da independência da Inglaterra) e da Revolução Francesa de 
1789– direitos à vida, liberdade, igualdade, propriedade.
3
 Direitos humanos de segunda geração: a mecanização e a crescente 
produtividade dos países ditos industrializados fez com que os 
trabalhadores reivindicassem no sentido de melhores condições de 
trabalho e de vida em sociedade para que todos tivessem boas 
oportunidades, em condição de igualdade. Consagra, portanto, essa 
geração, a luta por direitos sociais e econômicos, tendo como 
grande marco a Revolução Industrial, a Constituição Mexicana de
1917 e a Constituição da República de Weimar de 1919.
 Direitos humanos de terceira geração: a preocupação central, nesse 
momento, se deu com direitos ligados a uma coletividade ou grupo 
de pessoas, tais como meio ambiente, defesa do consumidor, 
proteção à criança e ao adolescente, também chamados direitos 
ligados à fraternidade e à solidariedade. Um documento que marca 
essa geração é a Carta Africana dos Direitos dos Homens e dos 
Povos.
 BLOCO 1 - A – Esboço dos principais documentos históricos que 
tratam de direitos humanos
 Magna Carta
 Petition of Rights
 Bill of Rights
 Declaração de direitos norte-americana
 Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
4
A Magna Carta de 1215 ou Carta do João Sem Terra (como era 
conhecido o rei da Inglaterra, que foi obrigado a assiná-la) foi o primeiro 
documento na história da humanidade que consagrou direitos dos seres 
humanos civis em detrimento de do poder de grandes autoridades. Foi 
fomentada a criação da Magna Carta após uma acirrada indisposição do Rei 
João Sem Terra com a Igreja e os barões. Foi então o referido Rei, para que 
não fosse deposto, obrigado a assinar essa Magna Carta, afim de que 
houvesse um documento formal que fizesse com que ele respeitasse a 
vontade do povo, seus direitos e liberdades. A seguir:
“João pela graça de Deus rei da Inglaterra, senhor da Irlanda, duque da Normandia
e da Aquitânia, e conde de Anjou, aos seus arcebispos, bispos, abades, condes, barões,
justiceiros, florestanos, sheriffe, administradores, ministros, e a todos os outros oficiais e
leais súditos seus, Saudação.
Saibam que sob a inspiração de Deus, para o bem de nossa alma e daquela de todos os
nossos ancestrais e de nossos herdeiros, para a honra de Deus e a exaltação da Santa
Igreja, e para a melhor ordenação de nosso reino, com o conselho de nossos reverendos
padres Stephen, arcebispo de Canterbury, primado de toda a Inglaterra, e cardeal da
Santa Igreja Romana, Henry arcebispo de Dublin, William bispo de Londres, Peter bispo de
Winchester, Jocelin bispo de Bath e Glastonbury, Hugh bispo de Lincoln, Walter bispo de
Coventry, Benedict bispo de Rochester, mestre Pandulph sub-diácono e membro da corte
papal, irmão Aymerio mestre dos Cavaleiros Templários na Inglaterra, William Marschal
conde de Pembroke, William conde de Salisbury, William conde de Arundel, Aland de
Galloway condestável da Escócia, Warin Fitz Gerald, Peter Fitz Herbert, Hubert de Brugh
senescal de Poitou, Hugh de Neville, Matthew Fitz Herbert, Thomas Basset, Alan Basset,
Philip Daubeny, Robert de Roppeley, John Marschal, John Fitz Hugh, e outros súditos leais:
1 – Em primeiro lugar, nós garantimos a Deus e por esta presente carta confirmamos, para
nós e para nossos herdeiros, perpetuamente, que a Igreja inglesa será livre e desfrutará de
todos os seus direitos e de suas liberdades sem que se possa diminuí-los, permanecendo
intactos e invioláveis. Que nós desejamos que isso seja observado, ressalta do fato de que,
de nossa própria e livre vontade, antes de se ter desencadeado a presente disputa entre
nós e nossos barões, nós havíamos garantido e confirmado, por carta, a liberdade de
eleições da Igreja – um direito reconhecido como o de maior necessidade e importância
para ela – submetendo-a à confirmação do Papa Inocêncio III. Observaremos esta
liberdade, e desejamos que ela seja observada de boa fé por nossos herdeiros,
perpetuamente. Garantimos igualmente a todos os homens livres de nosso reino por nós e
5
por nossos herdeiros, para sempre, todas as liberdades abaixo enunciadas, para que as
tenham e conservem para si e para seus herdeiros, de nós e de nossos herdeiros:
2 – Se qualquer conde, barão, ou outra pessoa que possui terras diretamente da Coroa,
por serviço militar, morrer e, por ocasião de sua morte, seu herdeiro for maior e deva um
relief (1), este último terá a sua herança mediante o pagamento do antigo e costumeiro
relief. Isto é, o herdeiro ou herdeiros de um conde, 100 pelo baronato total do conde; o
herdeiro ou herdeiros de um barão, 100 pelo baronato total; o herdeiro ou herdeiros de
um cavaleiro, 100s., no máximo, pela totalidade dos direitos feudais de cavaleiro; e aquele
que possuir menos deverá pagar menos, de acordo com o antigo uso dos feudos.
3 – Se, contudo, o herdeiro de qualquer das pessoas citadas for menor e estiver sob tutela,
que tenha a herança sem relief e sem multa quando atingir a maior idade.
4 – O curador da terra de um herdeiro menor não deverá tirar da terra do herdeiro senão
produto razoável, taxas razoáveis e serviços razoáveis, e isto sem destruição ou
desperdício de homens e bens; e se tivermos confiado a guarda das terras de tal menor ao
sheriff, ou a qualquer outro responsável perante nós pelos resultados, e ele tiver feito
destruição ou desperdício do que tem sob a sua guarda, cobraremos multas dele, e a terra
será entregue a dois homens dignos e prudentes desse feudo, que serão responsáveis
perante nós pelos resultados, ou perante aquele que designarmos.Se tivermos dado ou
vendido a guarda de qualquer destas terras a alguém e este tiver feito destruição ou
desperdício, perderá a dita custódia, a qual será transferida a dois homens dignos e
prudentes desse feudo, que serão igualmente responsáveis perante nós, conforme ficou
dito.
5 – Enquanto tiver sob sua guarda a terra, o curador conservará as casas, parques, lugares
para animais, viveiros de peixes, moinhos e outras instalações pertencentes à terra,
lançando mão das rendas da mesma terra; e entregará ao herdeiro arados e ferramentas
de lavoura, conforme o exigir o gênero de lavoura e a renda da terra puder suportar
razoavelmente.
6 – Os herdeiros poderão casar, mas nunca com alguém de condição social mais baixa.
Antes do casamento ter lugar, deverá ser conhecido pelo parente mais próximo, pelo
sangue, do herdeiro.
7 – Falecido o esposo, a viúva terá, imediatamente e sem dificuldade, a sua porção do
matrimônio e a sua herança. E não pagará nada para receber o dote inicial de seu
casamento ou a sua porção de matrimônio, ou para suceder na propriedade que ela e seu
marido possuíam no dia da morte daquele. E poderá permanecer na casa do marido
durante quarenta dias após o falecimento, devendo ser-lhe entregue o dote dentro desse
período.
8 – Nenhuma viúva será compelida a casar, enquanto desejar viver sem marido. Mas ela
deve assegurar que não casará sem o consentimento real, se ela recebeu suas terras da
Coroa; ou sem o consentimento do senhor de quem ela recebeu as terras.
9 – Nem nós, nem qualquer de nossos meirinhos, embargarão qualquer terra ou renda
como pagamento de uma dívida, enquanto o devedor tiver bens móveis suficientes para
solver a dívida. Não se procederá contra os fiadores do devedor enquanto este for capaz
de solver sua dívida. Se, por falta de meios, o devedor for incapaz de solver sua dívida, seus
fiadores responderão por ela. Os fiadores, se desejarem, poderão gravar com hipoteca as
6
terras e as rendas do devedor até que eles tenham recebido satisfação pela dívida que
haviam pago em lugar daquele, a menos que o devedor possa provar que tenha cumprido
suas obrigações para com os fiadores.
10 – Se alguém quiser tomar dinheiro emprestado de judeus, e morrer antes de ter solvido
a dívida, seu herdeiro não pagará qualquer juro sobre a mesma enquanto tiver
menoridade, de quem quer que seja que este último tenha recebido suas terras. E se a
referida dívida for a favor da Coroa, não receberemos dela senão o principal, conforme
consta no título.
11 – Se um homem morrer devendo dinheiro a judeus, sua esposa poderá ter o seu dote
sem que este em nada responda pela referida dívida. Se o falecido deixou filhos em
menoridade, as necessidades destes últimos deverão ser providas de conformidade com o
cuidado das terras que aquele possuía. A dívida deverá ser paga do restante, reservado
contudo o serviço devido aos seus senhores feudais. As dívidas pertencentes a outras
pessoas que não judeus deverão ser tratadas da mesma maneira.
12 – Nenhuma “ajuda” ou “tributo de isenção militar” (2) será estabelecida em nosso reino
sem o consentimento geral, a não ser para o resgate de nossa pessoa, para fazer cavaleiro
nosso filho primogênito, e para casar nossa filha primogênita. Para estes propósitos,
somente poderá ser estabelecida uma ajuda razoável. De igual maneiro se procederá
quanto às ajudas da cidade de Londres.
13 – A cidade de Londres desfrutará de todas as suas antigas liberdades e livres costumes,
tanto por terra quanto por água. Desejamos e garantimos também que todas as outras
cidades, burgos, vilas e portes desfrutem de suas liberdades e livres costumes.
14 – Para obter o consentimento geral acerca do levantamento de uma “ajuda” – exceto
nos três casos especificados acima – ou de uma escudagem (2), faremos com que sejam
intimados, individualmente e por carta, os arcebispos, bispos, abades, condes e os altos
barões do reino; por outro lado, faremos com que sejam intimados coletivamente, por
meio de nossos sheriffs e meirinhos, todos aqueles que possuem terras diretamente da
Coroa, para se reunirem num dia fixado (do qual deverão ser notificados com antecedência
mínima de quarenta dias) e num lugar determinado. Em todas as cartas de intimação
indicaremos a causa da mesma. Quando a intimação tiver sido feita, proceder-ser-á à
reunião no dia marcado, decidindo se a matéria estabelecida para a mesma de acordo
com a resolução de quantos estiverem presentes, embora não tenham comparecido todos
os que foram intimados.
15 – No futuro, não concederemos a quem quer que seja a permissão para cobrar “ajuda”
(2) de seus homens livres, salvo para o resgate de sua pessoa, para fazer cavaleiro seu
filho primogênito e, uma vez somente, para casar sua filha primogênita. Para esses
propósitos apenas uma “ajuda” rezoável pode ser cobrada.
16 – Nenhum homem será forçado a realizar maior serviço de que deve em virtude de seu
feudo de cavaleiro ou de qualquer outra posse livre de terra.
17 – Os processos comuns não virão ao nosso tribunal mas serão apreciados num lugar
fixado.
18 – As ações reais para recuperar terras de que os autores tenham sido recentemente
esbulhados, as ações dos herdeiros para recuperarem terras de que haviam sido
esbulhados seus descendentes, as ações para determinar o patrono de um benefício
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eclesiástico, devem realizar-se somente nos tribunais do próprio condado. Nós ou, em
nossa ausência do reino, nosso grande Justiceiro, enviaremos dois justiceiros para cada
condado quatro vezes ao ano, e estes justiceiros, com quatro cavaleiros do condado eleitos
pelo próprio condado, reunir-se-ão na corte do condado, no dia e no lugar em que a corte
se reúne.
19 – Se qualquer das reuniões não puder ser realizada no dia do tribunal do condado,
deverão permanecer tantos caveleiros e livres detentores de terra que estiverem presentes
no tribunal do condado naquele dia quantos forem necessários para a administração da
justiça, tendo-se em vista o volume das causas em questão.
20 – Um homem livre não poderá ser multado por um pequeno delito a não ser em
proporção ao grau do mesmo; e por um delito grave será multado de acordo com a
gravidade do mesmo, mas jamais tão pesadamente que possa privá-lo de seus meios de
vida. Do mesmo modo, tratando-se de um mercador, deverá ter este resguardada a sua
mercadoria; e de um agricultor, deverá ter este resguardado o equipamento de sua granja
– se estes se encontrarem sob a mercê de uma corte real. Nenhuma das multas referidas
será imposta a não ser mediante o juízo de homens reputados da vizinhança.
21 – Condes e barões não serão multados a não ser por seus iguais, e em proporção á
gravidade de suas ofensas.
22 – Qualquer multa imposta a um clérigo pertencente a uma ordem religiosa deverá ser
estimada de acordo com os mesmos princípios sobre a sua propriedade secular, sem tomar
em consideração o valor de seu benefício eclesiástico.
23 – Nenhuma localidade ou pessoa será forçada a construir pontes sobre rios, exceto
aqueles com uma antiga obrigação a fazê-lo.
24 – Nenhum sheriff, delegado, oficial de justiça, ou quaisquer outros oficiais da Coroa,
presidirão processos que constituem prerrogativa de justiceiros reais.
25 – Cada condado, “centúria”, distrito e “dezena” permanecerão com suas antigas
rendas, sem qualquer acréscimo, excetuadas as terras de domínio real.
26 – Se, falecido um homem que possui um feudo laico em nome da Coroa, um sheriff ou
meirinho exibir certas patentes reais de intimação por dívida à Coroa, será legítimo ao
sheriff e ao meirinho arrestar e arrolar bens móveis do falecido, que se encontrarem no
feudo laico, até o valor da dívida, de acordo com a estimativa de homens dignos. Nada
poderá ser removido do lugar até que a totalidade da dívida seja paga, momento em que o
restante será entregue aos executores para procederem ao testamento do falecido. Se não
houver dívida para com a Coroa, todos os bens móveis serão consideradospropriedade do
falecido, exceto as partes razoáveis que couberem á sua mulher e filhos.
27 – Se qualquer homem livre falecer intestado, seus bens móveis serão distribuídos entre
seus parentes mais próximos e amigos, sob a supervisão da Igreja. Os direitos de seus
credores serão resguardados.
28 – Nenhum delegado ou meirinho tomará trigo ou outros bens móveis de qualquer
homem sem imediato pagamento, a menos que o vendedor voluntariamente lhe ofereça
crédito.
29 – Nenhum delegado poderá compelir qualquer cavaleiro a pagar em dinheiro em lugar
da guarda do cavalo, se o cavaleiro estiver disposto a montar guarda em pessoa ou, por
um motivo razoável, se fizer substituir por outro homem responsável. Um cavaleiro levado
8
ou mandado a serviço militar poderá ser escusado da guarda do castelo durante o período
do dito serviço militar.
30 – Nenhum sheriff, meirinho ou outra pessoa tomará cavalos ou carroças de qualquer
homem livre sem o seu consentimento.
31 – Nem nós nem quaisquer de nossos meirinhos poderão tomar madeira para nossos
castelos, ou para qualquer outro propósito, sem o consentimento do proprietário.
32 – Não reteremos as terras daqueles que foram condenados por felonia por mais de um
ano ou um dia, depois do que elas retornarão aos senhores dos feudos.
33 – Todas as pesqueiras (3) serão removidas do Tâmisa, do Medway e de toda a
Inglaterra, exceto no litoral marítimo.
34 – O mandado chamado praecipe (4) não será para o futuro expedido contra ninguém, a
propósito de qualquer posse de terra se, ou conseqüência dele, um homem livre possa ser
privado do direito de demandar perante o tribunal do senhor em nome do qual ele possui
terras.
35 – Haverá em todo o reino uma única medida para o vinho, para a cerveja, e para o
trigo, o quarter de Londres. Haverá uma única largura para os tecidos tintos,
avermelhados, ou “halberjects”, a saber, duas varas entre as curelas. Os pesos serão
igualmente padronizados.
36 – Para o futuro nada será pago ou recebido como pagamento pela expedição de um
mandado de inquirição sobre a vida ou os membros. Ele será concedido gratuitamente, e
jamais será recusado.
37 – Se um homem possuir terra da Coroa por arrendamento rural, por serviços prestados
que não o de cavaleiro, ou possuir terra, ainda da Coroa, em burgos ou cercanias,
mediante serviço ou arrendamento, e possuir também terra de outrem mediante serviço
de cavaleiro – não teremos, em virtude dos três primeiros direitos, a tutela de seu
herdeiro, nem a custódia da terra que pertença a um feudo de outrem. Não teremos a
tutela do herdeiro de um homem, ou a custódia da terra que ele possui em nome de
qualquer outro senhor, em virtude de qualquer pequena posse que ele tenha da Coroa por
serviço de cutileiro, flecheiro, ou semelhante.
38 – No futuro, nenhum meirinho sujeitará qualquer homem a julgamento, fundado
apenas em sua própria declaração, sem provas e sem produzir testemunhas para
demonstrar a verdade do delito alegado.
39 – Nenhum homem livre será detido ou aprisionado, ou privado de seus direitos ou bens,
ou declarado fora da lei, ou exilado, ou despojado, de algum modo, de sua condição; nem
procederemos com força contra ele, ou mandaremos outros fazê-lo, a não ser mediante o
legítimo julgamento de seus iguais e de acordo com a lei da terra.
40 – Nós não venderemos, recusaremos, ou protelaremos o direito ou a justiça para quem
quer que seja.
41 – Todos os mercadores poderão entrar ou deixar a Inglaterra, livremente e com toda a
segurança, e poderão permanecer ou viajar em seu interior, por terra ou água, com
propósitos de comércio, sem quaisquer restrições ilegais, de acordo com os antigos e
legítimos costumes. Estas disposições, entretanto, não serão aplicadas em tempo de
guerra a mercadores de um país que esteja em guerra contra nós. Qualquer um destes
mercadores que se encontrar em nosso país na eclosão da guerra deverá ser detido sem
9
injúria à sua pessoa ou propriedade, até que nós ou o nosso Grande Justiceiro tenha
descoberto como nossos mercadores estão sendo tratados no país em guerra contra nós.
Se nossos próprios mercadores estiverem seguros, eles também estarão seguros.
42 – Será permitido, no futuro, a qualquer homem, deixar ou retornar a nosso reino,
livremente e com toda a segurança, por terra ou por mar, preservada a sua fidelidade para
conosco, exceto em tempo de guerra, por pouco tempo, para o bem comum do reino. São
excluídas desta provisão as pessoas que tiverem sido aprisionadas ou declaradas fora da
lei de acordo com a lei da terra; bem como os súditos, de um país que esteja em guerra
contra nós, e os mercadores – que devem ser tratados conforme foi estatuído acima.
43 – Se um homem falecer possuindo terra de um domínio que tenha revertido á Coroa
como, por exemplo, das dignidades de Wallingford, Nottingham, Boulogne, Lancaster, ou
qualquer outro baronato que tenha revertido para nós, seu herdeiro não nos pagará
qualquer outro relief ou prestará qualquer outro serviço do que aquele que deveria prestar
ou pagar ao barão, como se o barão ainda detivesse o baronato. Possuiremos o domínio
revertido do mesmo modo que o barão o possuía.
44 – As pessoas que moram fora da floresta não necessitarão, no futuro, comparecer
diante de justiceiros reais da floresta por força de intimações gerais, a não ser que estejam
envolvidas em processos, ou que se tenham tornado garantidas para qualquer pessoa que
tenha sido detida por delito florestal.
45 – Nomearemos como justiceiros, delegados, sheriffs, ou outros oficiais, somente
homens que conheçam a lei do reino e estiverem dispostos a bem guardá-la.
46 – Todos os barões que fundaram abadias, em relação às quais possuem cartas dos reis
da Inglaterra ou uma antiga posse, poderão ter a custódia delas, quando não existe
abade, como lhes é devido.
47 – Todas as florestas que desfrutarem de privilégio concedido em nosso reino, perde-lo-
ão imediatamente. Serão tratadas do mesmo modo as margens dos rios que forem
interditadas em nosso reino.
48 – Proceder-se-á imediatamente à investigação, em cada condado, por meio de doze
cavaleiros juramentados do condado, escolhidos pelos homens dignos do próprio condado,
de todos os seus costumes relacionados a florestas e parques, guardas e florestas e
parques, sheriffs e seus auxiliares,, margens de rios e seus guardas. E, no prazo de
quarenta dias desta investigação, os maus costumes deverão ser abolidos completa e
irrevogavelmente. Mas nós ou, em nossa ausência da Inglaterra, nosso Grande Justiceiro,
deveremos ser previamente informados.
49 – Devolveremos imediatamente todos os penhores e cartas entregues a nós pelos
ingleses como garantia de paz ou de serviço leal.
50 – Afastaremos completamente de seus cargos os parentes de Greard de Athée, de
modo que no futuro eles não possam deter cargos na Inglaterra. As pessoas em questão
são Engelard de Cigogné, Peter Guy, e Andrew de Chanceaux, Guy de Cigogné, Geoffrey de
Martnigny e seus irmãos, Philip Marc e seus irmãos, seu sobrinho Geoffrey, e todos os seus
seguidores.
51 – Logo que a paz for restabelecida, baniremos do reino todos os arqueiros, seus
subalternos, e os seus mercenários que, estrangeiros, contra ele lutaram com cavalos e
armas.
10
52 – Restauraremos imediatamente as terras, castelos, liberdades, ou direitos de qualquer
pessoa que tenha sido por nós esbulhada ou cujos bens tenham sido por nós confiscados,
sem o legítimo julgamento de seus iguais. Se houver controvérsia, a matéria deverá ser
decidida pelo julgamento de vinte e cinco barões referidos na cláusula abaixo, para
assegurar a paz. De qualquer maneira, nos casos em que alguém tenha sido esbulhado ou
privado de algum bem, sem o legítimo julgamento de seus iguais, por nosso Rei Henrique
ou por nosso irmão Rei Ricardo, e este bem permaneça em nossas mãos ou é possuído por
outros sob nossa garantia, teremos prorrogação do período comumente permitido aos
cruzados, e menos que umprocesso tenha sido iniciado, ou uma investigação tenha sido
feita por nossa ordem, antes de termos tomado a cruz como um cruzado. Em nosso
retorno da cruzada, ou se nós a abandonarmos, faremos imediatamente inteira justiça.
53 – Teremos igual prazo para fazer justiça em relação á suspensão de privilégios
florestais, ou à permanência dos mesmos, quando estes tenham sido concedidos por nosso
pai Henrique ou por nosso irmão Ricardo; em relação à custódia de terras que pertençam
ao feudo de outra pessoa, isto é, a custódia que tivemos até agora em virtude de um feudo
que outra pessoa tinha havido em nós por serviço de cavaleiro; em relação às abadias
fundadas em feudos de outras pessoas em que o senhor do feudo reivindica para si o
direito. Em nosso retorno da cruzada, ou se nós a abandonarmos faremos imediatamente
inteira justiça a todos quantos se queixarem a propósito destas matérias.
54 – Ninguém será detido ou preso, a pedido de uma mulher, pela morte de qualquer
pessoa que não o seu marido.
55 – Todas as multas que nos foram pagas injustamente e contra a lei da terra, e todas as
punições por nós impostas injustamente, deverão ser inteiramente suspensas, ou a
matéria será decidida de acordo com o julgamento da maioria dos vinte e cinco barões
referidos abaixo, na cláusula para assegurar a paz, juntamente com Stephen, arcebispo de
Canterbury, se ele puder estar presente, e outros que ele desejar trazes consigo para tal
fim. Se o arcebispo não puder estar presente, o processo continuará sem ele, sob a
condição de que, se qualquer um dos vinte e cinco barões estiver, ele próprio, envolvido em
processo semelhante, seja afastado de seu próprio julgamento, e seja escolhido e
juramentado outro em seu lugar, como substituto para este caso particular, pelo restante
dos vinte e cinco barões.
56 – Se tivermos esbulhado ou desapossado quaisquer galeses de terras, liberdades ou
quaisquer outros bens, tanto na Inglaterra como em Gales, sem o legítimo julgamento de
seus iguais, aqueles serão imediatamente restaurados. Qualquer controvérsia a esse
respeito será decidida na região fronteiriça pelo julgamento de seus pares. A lei inglesa
será aplicada em relação aos bens territoriais na Inglaterra; a lei galesa, àqueles de Gales;
e a lei da fronteira, àqueles da região fronteiriça. Os galeses procederão em relação a nós
e aos nossos da mesma maneira.
57 – Nos casos em que um galês tenha sido esbulhado ou desapossado de qualquer bem,
sem o legítimo julgamento de seus iguais, por nosso pai Rei Henrique ou por nosso irmão
Rei Ricardo, e este bem permaneça em nossas mãos ou seja possuído por outro sob nossa
garantia, teremos prorrogação pelo período comumente concedido aos cruzados, a menos
que um processo tenha sido iniciado, ou uma investigação tenha sido feita sob nossa
ordem, antes de termos tomado a cruz como um cruzado. Mas em nosso retorno da
11
cruzada, ou se nós a abandonarmos, faremos imediatamente inteira justiça de acordo com
as leis de Gales e das ditas regiões.
58 – Devolveremos imediatamente o filho de Lywelyn, todos os reféns galeses, e as cartas
que nos foram entregues em garantia da paz.
59 – Com relação á devolução das irmãs e reféns de Alexandre, Rei da Escócia, suas
liberdades e seus direitos, procederemos da mesma maneira que em relação a nossos
barões da Inglaterra, a menos que as cartas de seu pai William, anteriormente rei da
Escócia, as quais temos em nosso poder, estabeleçam que ele deva ser tratado de outro
modo. Esta matéria será decidida pelo julgamento de seus iguais em nosso tribunal.
60 – Todos estes costumes e liberdades que nós garantimos, devem ser observados em
nosso reino, tanto quanto nos concerne, em nossas relações com nossos súditos. Devem
ser observados, similarmente, por todos os homens de nosso reino, tanto clérigos quanto
leigos, em suas relações com seus próprios homens.
61 – Desde que concedemos todas estas coisas, por Deus, e para a melhor ordenação de
nosso reino, e para aquiescer a discórdia que se levantou entre nós e nossos barões; e
desde que desejamos que elas sejam desfrutadas em sua integridade, com eficácia
duradoura e para sempre – conferimos e afiançamos aos barões a seguinte garantia:
Os barões elegerão, entre si, vinte e cinco, para guardar, e obrigar a observar, com todo o
seu poder, a paz e as liberdades concedidas e confirmadas para eles por esta carta.
Se nós, nosso Grande Justiceiro, nossos meirinhos, ou qualquer de nossos funcionários,
praticar um delito, a qualquer respeito e contra qualquer pessoa, ou transgredir qualquer
dos artigos da paz ou desta provisão e o delito foi notificado a quatro dos ditos vinte e
cinco barões, eles deverão vir a nós – ou, em nossa ausência do reino, ao Grande Justiceiro
– para declará-lo e requerer imediata reparação. Se nós ou, em nossa ausência, o Grande
Justiceiro não proceder à reparação dentro de quarenta dias a contar do dia em que o
delito foi declarado a nós ou a ele, os quatro barões referirão a matéria ao restante dos
vinte e cinco barões que, com o apoio de toda a comunidade da terra, poderão assaltar-
nos e deter-nos por todos os meios possíveis, apossando-se de nossos castelos, terras,
domínios ou qualquer outra coisa, ressalvada apenas nossa própria pessoa, a pessoa da
rainha e de nossos filhos, até que tenham assegurado a reparação tal como haviam
determinado. Assegurada a reparação, renovarão sua regular obediência para conosco.
Qualquer homem que assim o deseje pode jurar obediência às ordens dos vinte e cinco
barões para a consecução destes fins, e juntar-se a eles para assaltar-nos com o máximo
de seu poder. Concedemos, pública e livremente, permissão a qualquer homem que o
deseje, para prestar este juramento e, em tempo algum, proibiremos qualquer homem de
prestá-lo. Na verdade, compeliremos por nossa ordem a prestar tal juramento qualquer de
nossos súditos que não estiver inclinado a fazê-lo.
Se qualquer dos vinte e cinco barões morrer ou deixar o país, ou estiver impedido, por
qualquer outro motivo, de desempenhar suas obrigações, os demais escolherão outro
barão em seu lugar, que imediatamente prestará juramento como os outros fizeram.
Na eventualidade da controvérsia entre os vinte e cinco barões a propósito de qualquer
matéria atribuída à sua decisão, o veredito da maioria presente terá a mesma validade
que o veredito unânime dos vinte e cinco, quer estejam todos presentes, quer alguns
dentre eles, intimados, não quiserem ou não puderem comparecer.
12
Os vinte e cinco barões jurarão observar fielmente todos os artigos acima, e obrigação à
sua observância, com todo o seu poder.
Não procuraremos conseguir de ninguém, tanto por nossos próprios esforços quanto pelos
de outra pessoa, qualquer coisa pela qual alguma parte destas concessões ou liberdades
possa ser revogada ou diminuída. Se, entretanto, tal coisa foi conseguida, que seja nula e
sem eficácia, e dela jamais faremos uso, tanto pessoalmente quanto por intermédio de
terceiro.
62 – Remimos e perdoamos, inteiramente, em todos os homens, qualquer inimizade,
injúria, ou rancor que se tenha levantado entre nós e nossos súditos, tanto clérigos quanto
leigos, desde o começo da disputa.
Além disso, remimos inteiramente, e de nossa parte também perdoamos a todos os
clérigos e leigos por quaisquer transgressões cometidas em conseqüência da referida
disputa, entre a Páscoa, no décimo sexto ano de nosso reinado e a restauração da paz.
Ademais fizemos expedir aos barões cartas-patentes dando-lhes testemunho desta
garantia e das concessões acima referidas, com os selos de Stephen arcebispo de
Canterbury, Henry arcebispo de Dublin, e dos outros bispos nomeados acima, bem como
do mestre Pandulf.
63 – Portanto, é nossa vontade e firmemente a ordenamos, que a Igreja Inglesa seja livre,
e que os homens de nosso reino tenham e conservem todas aquelas liberdades, direitos e
concessões, bem e pacificamente, livres e tranqüilamente, em sua plenitudee integridade,
para si e para seus herdeiros, de nós e de nossos herdeiros, a todos os respeitos e em todos
os lugares, para sempre. Ambos, nós e os barões, juremos que todos estes preceitos serão
observados de boa fé e sem malícia. Com o testemunho das pessoas acima mencionadas e
de muitas outras.
Dado por nossa mão na campina chamada Runnymede, entre Windsor e Staines, no
décimo quinto dia de junho do décimo sétimo ano de nosso reinado.1
Isto posto, pode-se inferir que os principais direitos resguardados pela 
Magna Carta foram liberdade da Igreja, liberdade de obter justiça, liberdade 
de locomoção e garantias do devido processo legal. 
Outro documento historicamente relevante para configuração dos 
direitos humanos como centro de uma sociedade justa foi a Petition of 
Rights, que se seguiu à transformação da Inglaterra de monarquia absolutista 
para monarquia constitucionalista. Foi também uma insurgência contra o 
 
1 Disponível em http://georgelins.com/2009/08/09/a-magna-charta-de-joao-sem-terra-1215-a-peticao-de-
direitos-1628-e-o-devido-processo-legal/, acesso em 17/06/2012
13
autoritarismo do governo, no caso, o do Rei Carlos I, na Inglaterra. Senão 
vejamos os pontos da Petição de Direitos:
“I.Os lordes espirituais e temporais e os comuns, reunidos em parlamento, humildemente
lembram ao rei, nosso soberano e senhor, que uma lei feita no reinado do rei Eduardo I,
vulgarmente chamada Statutum de tallagio non concedendo, declarou e estabeleceu que
nenhuma derrama ou tributo (tallage or aid)seria lançada ou cobrada neste reino pelo rei
ou seus herdeiros sem o consentimento dos arcebispos, bispos, condes, barões, cavaleiros,
burgueses e outros homens livres do povo deste reino; que, por autoridade do Parlamento,
reunido no vigésimo quinto ano do reinado do reinado do rei Eduardo III, foi decretado e
estabelecido que, daí em diante, ninguém poderia ser compelido a fazer nenhum
empréstimo ao rei contra a sua vontade, porque tal empréstimo ofenderia a razão e as
franquias do país; que outras leis do reino vieram preceituar que ninguém podia ser sujeito
ao tributo ou imposto chamado benevolence ou a qualquer outro tributo semelhante, que
os nossos súditos herdaram das leis atrás mencionadas e de outras boas leis e provisões
(statutes)deste reino a liberdade de não serem obrigados a contribuir para qualquer taxa,
derramo, tributo ou qualquer outro imposto que não tenha sido autorizado por
todos, através do Parlamento.
I.E considerando também que na carta designada por “Magna Carta das Liberdades de
Inglaterra” se decretou e estabeleceu que nenhum homem livre podia ser detido ou preso
ou privado dos seus bens, das suas liberdades e franquias, ou posto fora da lei e exilado ou
de qualquer modo molestado, a não ser por virtude de sentença legal dos seus pares ou da
lei do país.
I.E considerando também que foi decretado e estabelecido, por autoridade do Parlamento,
no vigésimo oitavo ano do reinado do rei Eduardo III, que ninguém, fosse qual fosse a sua
categoria ou condição, podia ser expulso das suas terras ou da sua morada, nem detido,
preso, deserdado ou morto sem que lhe fosse dada a possibilidade de se defender em
processo jurídico regular (due process of law).
I.E considerando que ultimamente grandes contingentes de soldados e marinheiros têm
sido destacados para diversos condados do reino, cujos habitantes t6em sido obrigados,
contra vontade, a acolhê-los e a aboletá-los nas suas casas, com ofensa das leis e
costumes e para grande queixa e vexame do povo.
I.E considerando também que o Parlamento decretou e ordenou, no vigésimo quinto ano
do reinado do rei Eduardo III, que ninguém podia ser condenado à morte ou à mutilação
sem observância das formas da Magna Carta e do direito do país; e que, nos termos da
mesma Magna Carta e de outras leis e provisões do vosso reino, ninguém pode ser
condenado à morte senão em virtude de leis estabelecidas neste vosso reino ou de
costumes do mesmo reino ou de atos do Parlamento; e que nenhum transgressor, seja
qual for a sua classe, pode subtrair-se aos processos normais e às penas infligidas pelas
14
leis e provisões deste vosso reino; e considerando que, todavia, nos últimos tempos,
diversos diplomas, com o Grande Selo de Vossa Majestade, têm investido certos
comissários de poder e autoridade para, no interior do país, aplicarem a lei marcial contra
soldados e marinheiros e outras pessoas que a estes se tenham associado na prática de
assassinatos, roubos, felonias, motins ou quaisquer crimes e transgressões, e para
sumariamente os julgar, condenar e executar, quando culpados, segundo as formas da lei
marcial e os usos dos exércitos em tempo de guerra. E, a pretexto disto, alguns dos súditos
de Vossa Majestade têm sido punidos por estes comissários com a morte, quando é certo
que, se eles tivessem merecido a morte em harmonia com as leis e provisões do país,
também deveriam ter sido julgados e executados de acordo com estas mesmas leis e
provisões e não de qualquer outro modo.
II.Por todas estas razões, os lordes espirituais e temporais e os comuns humildemente
imploram a Vossa Majestade que, a partir de agora, ninguém seja obrigado a contribuir
com qualquer dádiva, empréstimo ou benevolence e a pagar qualquer taxa ou imposto,
sem o consentimento de todos, manifestado por ato do Parlamento; e que ninguém seja
chamado a responder ou prestar juramento, ou a executar algum serviço, ou encarcerado,
ou, de uma forma ou de outra molestado ou inquietado, por causa destes tributos ou da
recusa em os pagar; e que nenhum homem livre fique sob prisão ou detido por qualquer
das formas acima indicadas; e que Vossa Majestade haja por bem retirar os soldados e
marinheiros e que, para futuro, o vosso povo não volte a ser sobrecarregado; e que as
comissões para aplicação da lei marcial sejam revogadas e anuladas e que, doravante,
ninguém mais possa ser incumbido de outras comissões semelhantes, a fim de nenhum
súdito de Vossa Majestade sofrer ou ser morto, contrariamente às leis e franquias do país.
Tudo isto rogam os lordes espirituais e temporais e os comuns a Vossa majestade como
seus direitos e liberdades, em conformidade com as leis e provisões deste reino; assim
como rogam a Vossa Majestade que se digne declarar que as sentenças, ações e
processos, em detrimento do vosso povo, não terão conseqüências para futuro nem
servirão de exemplo, e que ainda Vossa Majestade graciosamente haja por bem declarar,
para alívio e segurança adicionais do vosso povo, que é vossa régia intenção e vontade
que, a respeito das coisas aqui tratadas, todos os vossos oficiais e ministros servirão Vossa
Majestade de acordo com as leis e a prosperidade deste reino.”2
As principais contribuições da Petição de Direitos foram, portanto, o 
controle da vontade do Rei pelo parlamento, no tocante à instituição da 
carga tributária, bem como a vedação às denominadas prisões arbitrárias. 
 
2 Disponível em http://georgelins.com/2009/08/09/a-magna-charta-de-joao-sem-terra-1215-a-peticao-de-
direitos-1628-e-o-devido-processo-legal/, acesso em 17/06/2012
15
Contudo, não resultou no fim do poder soberano, apenas na sua 
restrição. Com resistência do Rei, o povo teve de deflagrar uma revolução 
para forçar o cumprimento do acima disposto. Após uma sucessão de 
importantes figuras no poder, como Oliver Cromwell e Jaime II. Não 
obstante, no reinado de Maria Stuart (filha de Jaime II), foi editada a Lei do 
Habeas Corpus, primeiro documento histórico específico que tutelava a 
liberdade de locomoção e previa meios de reparar a sua restrição. 
Ainda no reinado feminino de Maria Stuart, foi assinada e promulgada 
a Declaração de Direitos – mundialmente conhecida como Bill of Rights- que 
foi a mais importante da história,posto que foi a que mais limitou, até então, 
o poder soberano, posto que previa livre escolha do Parlamento, previsão do 
direito de petição e até a possibilidade de impeachment dos magistrados. 
Vejamos:
“Os Lords, espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns declaram, desde 
logo, o seguinte:
1. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou 
seu cumprimento.
2. Que, do mesmo modo, é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para 
dispensar as leis ou o seu cumprimento, como anteriormente se tem verificado, por 
meio de uma usurpação notória.
3. Que tanto a Comissão para formar o último Tribunal, para as coisas eclesiásticas, 
como qualquer outra Comissão do Tribunal da mesma classe são ilegais ou 
perniciosas.
4. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do 
Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos 
designados por ele próprio.
5. Que os súditos tem direitos de apresentar petições ao Rei, sendo ilegais as prisões 
vexações de qualquer espécie que sofram por esta causa.
6. Que o ato de levantar e manter dentro do país um exército em tempo de paz é 
contrário a lei, se não proceder autorização do Parlamento.
7. Que os súditos protestantes podem Ter, para a sua defesa, as armas necessárias à 
sua condição e permitidas por lei.
16
8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento.
9. Que os discursos pronunciados nos debates do Parlamento não devem ser 
examinados senão por ele mesmo, e não em outro Tribunal ou sítio algum.
10. Que não se exigirão fianças exorbitantes, impostos excessivos, nem se imporão 
penas demasiado deveras.
11. Que a lista dos jurados eleitos deverá fazer-se em devida forma e ser notificada; 
que os jurados que decidem sobre a sorte das pessoas nas questões de alta traição 
deverão ser livres proprietários de terras.
12. Que são contrárias as leis, e, portanto, nulas, todas as concessões ou promessas de 
dar a outros os bens confiscados a pessoas acusadas, antes de se acharem estas 
convictas ou convencidas.
13. Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os 
agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis.
14. Reclamam e pedem, com repetidas instâncias, todo o mencionado, considerando-o 
como um conjunto de direitos e liberdades incontestáveis, como também, que para 
o futuro não se firmem precedentes nem se deduza consequência alguma em 
prejuízo do povo.
15. A esta petição de seus direitos fomos estimulados, particularmente, pela 
declaração de S. A. o Príncipe de Orange (depois Guilherme III), que levará a termo 
a liberdade do país, que se acha tão adiantada, e esperamos que não permitirá 
sejam desconhecidos os direitos que acabamos de recordar, nem que se 
reproduzam os atentados contra a sua religião, direitos e liberdades.”3
Os EUA editaram, 100 anos depois da Bill of Rights inglesa, a Bill of Rigths 
americana ou a Carta dos Direitos dos Estados Unidos, na forma de 10 
Emendas, dispondo sobre os direitos básicos dos cidadãos norte americanos: 
“1ª Emenda
O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, nem proibindo o livre 
exercício de uma; nem cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do 
povo a reunir-se pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação dos seus 
agravos.
2ª Emenda
Sendo necessária a existência de uma milícia bem organizada à segurança de um Estado 
livre, o direito do povo de possuir e portar armas não poderá ser impedido.
3ª Emenda 
Nenhum soldado poderá, em tempo de paz, instalar-se em um imóvel sem autorização do 
proprietário, nem em tempo de guerra, senão na forma a ser prescrita em lei.
 
3 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Direitos_de_1689, acesso em 
17/06/2012
17
4a Emenda
O direito do povo à inviolabilidade das suas pessoas, casas, documentos e haveres contra 
busca e apreensão arbitrárias não poderá ser violado e nenhum mandado será expedido a 
não ser mediante indícios de culpabilidade confirmados por juramento ou declaração, e 
particularmente com a descrição do local da busca e a indicação das pessoas ou coisas a 
serem apreendidas.
5a Emenda
Ninguém será detido para responder por crime capital, ou outro crime infamante, salvo 
por denúncia ou acusação perante um Grande Júri, exceto em se tratando de casos que, 
em tempo de guerra ou de perigo público, ocorram nas forças de terra ou mar, ou na 
milícia, durante serviço ativo; ninguém poderá pelo mesmo crime ser duas vezes 
ameaçado em sua vida ou integridade; nem ser obrigado em qualquer processo criminal a 
servir de testemunha contra si mesmo; nem ser privado da vida, liberdade, ou bens, sem 
processo legal; nem a propriedade privada poderá ser expropriada para uso público, sem 
justa indenização.
6ª Emenda
Em todos os processos criminais, o acusado terá direito a um julgamento rápido e público, 
por um júri imparcial do Estado e distrito onde o crime tiver sido cometido, distrito este 
que será previamente estabelecido por lei, e de ser informado sobre a natureza e a causa 
da acusação; ser confrontado com as testemunhas de acusação; fazer comparecer por 
meios legais testemunhas da defesa, e ser defendido por um advogado.
7ª Emenda
Nos processos de direito consuetudinário, quando o valor da causa exceder vinte dólares, 
será garantido o direito de julgamento por júri, cuja decisão não poderá ser revista por 
qualquer tribunal dos Estados Unidos senão de acordo com as regras do direito 
consuetudinário.
8ª Emenda
Não poderão ser exigidas fianças exageradas, nem impostas multas excessivas ou penas 
cruéis ou incomuns.
9ª Emenda
A enumeração de certos direitos na Constituição não poderá ser interpretada como 
negação ou coibição de outros direitos inerentes ao povo.
10ª. Emenda
Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem por ela negados aos 
Estados, são reservados aos Estados ou ao povo, respectivamente.”4
Por fim, o último documento histórico de grande relevância e senão 
porque, o mais importante, a Declaração de Direitos do Homem e do 
 
4 Disponível em http://www.icitizenforum.com/portuguese-brazilian/bill-of-rights, acesso em 17/06/2012
18
Cidadão, de forte posição social, que consagrou inclusive a separação dos 
Poderes e na qual a Constituição Federal Brasileira fortemente se inspirou:
“Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As destinações sociais só 
podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e 
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a 
resistência à opressão.
Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, 
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o 
exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que 
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites 
apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5.º A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela 
lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, 
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma 
para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e 
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos,segundo a sua 
capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei 
e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou 
mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado 
ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado 
de resistência.
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e 
ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do 
delito e legalmente aplicada.
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar 
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser 
severamente reprimido pela lei.
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões , incluindo opiniões religiosas, 
desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do 
homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, 
todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; 
esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular 
daqueles a quem é confiada.
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é 
indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo 
com suas possibilidades.
19
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da 
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego 
e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua 
administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem 
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser 
privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob 
condição de justa e prévia indenização.5
 BLOCO 2 - Status normativo dos direitos humanos no Brasil
 Lei ordinária / Emenda Constitucional
 Posição do STF acerca do tema
Tratados, na acepção genérica, ou pactos, cartas, convênios, 
convenções, protocolos, são documentos positivados e acordados entre 
Estados soberanos, que regulamentam algum assunto de interesse entre as 
partes envolvidas.
A Convenção de Viena, que foi assinada, mas não ratificada pelo Brasil, 
regulamenta a acepção e normatização dos tratados pelos países, dispondo 
inclusive que não precisa ser o tratado aceito na integralidade por um país 
que adere ao mesmo, fazendo reserva dos atos que deseja submeter à sua 
ordem jurídica. Preleciona ainda que o país adepto não pode invocar seu 
direito interno para justificar o não cumprimento do tratado.
 
5 Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidad%C3%A3o, 
acesso em 17/06/2012
20
No Brasil, a Constituição Federal dispõe que os tratados e sua inclusão 
no ordenamento jurídico brasileiro são de competência dos Poderes 
Legislativo e Executivo, de forma que o Poder Executivo é responsável pelas 
negociações acerca do mesmo, bem como pela sua ratificação após a 
deliberação e aprovação pelo Poder Legislativo.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo 
do Congresso Nacional;
Com a Emenda Constitucional n. 45, do ano de 2004, foi acrescentada 
ao texto constitucional a seguinte redação, no artigo 5º:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais.
Isto posto, deflagra-se a disposição de que, em sendo o tratado 
aprovado no Congresso Nacional com o mesmo quórum de Emenda 
Constitucional, ou seja, 3/5 dos votos, em 2 turnos de votação, ele terá status 
de norma constitucional. Por outro lado, os tratados que não seguirem esse 
quórum terão status de supralegalidade (abaixo da CF, mas acima das leis).
No tocante ao status de supralegalidade dos tratados, o assunto já foi 
por diversas vezes mencionado pelo STF, confirmando-se a posição de que, 
21
em sendo supralegais, essas normas possuem uma eficácia paralisante. Não 
integram a Constituição, mas são fundamento de validade, de forma que os 
preceitos constitucionais devem ser sucumbidos. Não se fala em revogação 
da norma interna e sim em invalidade, antes a contrariedade ao que está 
disposto no Tratado e na Constituição.
A respeitabilidade dada aos tratados e sua hierarquia e força 
normativa dentro do ordenamento jurídico ocasionaram, a exemplo, na 
impossibilidade de prisão do depositário infiel, posto que a Convenção 
Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica) previa a 
impossibilidade de prisão por dívida civil, a não ser no caso de 
inadimplemento decorrente de pensão alimentícia (resultou inclusive da 
Súmula Vinculante n. 25).
Com a ratificação dos tratados, os mesmos passam a integrar o 
ordenamento jurídico brasileiro e são, desde já, dotados de eficácia, a teor 
do que dispõe o artigo 5º, parágrafo primeiro.
Adiante, segue uma lista das principais normas que tratam dos direitos 
humanos no Brasil, assim como alguns exemplos de tratados dos quais o 
Brasil é signatário.
 Art 4º, CF: prevalência dos direitos humanos
 Art. 5º, CF: Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal 
Internacional (criado pelo Estatuto de Roma).
 Pacto de San Jose da Costa Rica - 1969
 Convenção Intramericana para Prevenir e Punir a Tortura - 1989
 Convenção sobre os Direitos das Crianças – 1990
22
 Convenção Americana de Direitos Humanos – 1992
 Protocolo de São Salvador – 1996, dentre vários outros.
 BLOCOS 3 e 4 – Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos
 ONU – Organização das Nações Unidas
a) Sistema de proteção geral
b) Sistema de proteção Especial
 O Tribunal Penal Internacional
A Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, na iminência do 
pós 2ª guerra, representando um marco divisor especialmente para os 
direitos humanos, com a função precípua de atribuir obrigações e 
responsabilizações aos Estados soberano. Nos termos da Carta das Nações 
Unidas, os propósitos são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de 
agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de 
conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou 
solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da 
paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao
princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar 
outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário,e para 
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução 
desses objetivos comuns.
23
A ONU é formada por vários órgãos, sendo os principais a Assembléia 
Geral (integrada pelos 192 países membros) e o Conselho de Segurança, 
composto de 15 membros, sendo 05 deles permanentes (China, França, 
Reino Unido, EUA e Rússia) e outros 10 eleitos para um biênio. O Conselho de 
Segurança atua na manutenção da paz e segurança internacionais. Os 
principais documentos elaborados pela ONU foram:
 Declaração dos Direitos do Homem: coloca a dignidade da pessoa 
humana como centro de todos os direitos humanos, estabelecendo 
um todo harmônico no tocante ao aspecto civil, econômico, social e 
familiar da pessoa como forma de proporcioná-la uma vida digna 
(vide acima na apostila);
 Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos: trouxe a tentativa 
de maior concretização dos direitos do homem, mais centrado em 
aspectos ligados à liberdade, como vedação à escravidão, à prisão 
civil e à prisão arbitrária, proteção à vida privada, domicílio e 
correspondência e liberdade de opinião.
 Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: 
instituiu normas de cunho programático, estabelecendo diretrizes, 
deveres ou compromissos aos Estados signatários, no tocante a 
direitos sociais e relativos à ordem social dos trabalhadores e não 
trabalhadores.
24
Os documentos acima especificados são classificados como de 
proteção geral, posto que o sujeito que visa tutelar é genérico, não é dotado 
de condição específica. Outrossim, há documentos destinados a um certo e 
específico grupo de pessoas, integrantes do sistema de proteção especial, 
composto principalmente pela:
 Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as formas de 
Discriminação Racial 
 Convenção sobre os Direitos da Criança
 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
 Convenção contra a Tortura
 Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio
A Convenção Internacional sobre Eliminação de todas formas de 
Discriminação Racial surgiu em 1965, período em que o mundo viu o 
ressurgimento de atividades nazifacistas. Essa Convenção diz que é racismo 
“qualquer doutrina de superioridade baseada em diferenças raciais” e 
“inexiste justificativa alguma para a discriminação racial”. A Convenção ainda 
menciona as políticas afirmativas e diz que devem ser temporárias, como 
forma de eliminação do problema.
(...) PARTE I
Artigo 1º - Para os fins da presente Convenção, a expressão "discriminação racial" 
significará toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, 
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou 
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de 
25
condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, 
social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas 
por um Estado-parte entre cidadãos e não cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos 
Estados-partes, relativas à nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais 
disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único 
objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de 
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais 
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades 
fundamentais, contanto que tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção 
de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sido 
alcançados os seus objetivos.
Artigo 2º - Os Estados-partes condenam a discriminação racial e comprometem-se a 
adotar, por todos os meios apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a 
discriminação racial em todas as suas formas e a encorajar a promoção de entendimento 
entre todas as raças, e para este fim:
a) Cada Estado-parte compromete-se a abster-se de incorrer em todo ato ou prática de 
discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas ou instituições e zelar para que as 
autoridades públicas nacionais ou locais atuem em conformidade com esta obrigação;
b) Cada Estado-parte compromete-se a não encorajar, defender ou apoiar a discriminação 
racial praticada por uma pessoa ou uma organização qualquer;
c) Cada Estado-parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim de rever as políticas 
governamentais nacionais e locais e modificar, abrogar ou anular qualquer disposição 
regulamentar que tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetuá-la onde já 
existir;
d) Cada Estado-parte deverá tomar todas as medidas apropriadas, inclusive, se as 
circunstâncias o exigirem, medidas de natureza legislativa, para proibir e pôr fim à 
discriminação racial praticada por quaisquer pessoas, grupo ou organização;
e) Cada Estado-parte compromete-se a favorecer, quando for o caso, as organizações e 
movimentos multiraciais, bem como outros meios próprios para eliminar as barreiras entre 
as raças e a desencorajar o que tenda a fortalecer a divisão racial.
2. Os Estados-partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social, 
econômico, cultural e outros, medidas especiais e concretas para assegurar, como convier, 
o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a 
esses grupos, com o objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno 
exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Essas medidas não 
deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais ou distintos para os 
diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos, em razão dos quais foram 
tomadas.
Artigo 3º - Os Estados-partes condenam a segregação racial e o apartheid e 
comprometem-se a proibir e a eliminar nos territórios sob a sua jurisdição todas as 
práticas dessa natureza.
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Artigo 4º - Os Estados-partes condenam toda propaganda e todas as organizações que se 
inspirem em idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de 
pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendam justificar ou 
encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais, e comprometem-se a adotar 
imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal 
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista os 
princípios formulados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e os direitos 
expressamente enunciados no artigo V da presente Convenção, inter alia:
a) a declarar como delitos puníveis por lei, qualquer difusão de idéias baseadas na 
superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como 
quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou 
qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também 
qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento;
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações, assim como as atividades de propaganda 
organizada e qualquer outro tipo de atividade de propaganda que incitarem à 
discriminação racial e que a encorajarem e a declarar delito punível por lei a participação 
nestas organizações ou nestas atividades;
c) a não permitir às autoridades públicas nem às instituições públicas, nacionais ou locais, 
o incitamento ou encorajamentoà discriminação racial.
Artigo 5º - Em conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2, os 
Estados-partes comprometem-se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas as 
suas formas e a garantir o direito de cada um à igualdade perante a lei, sem distinção de 
raça, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo dos seguintes 
direitos:
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qualquer órgão que administre a 
justiça;
b) direito à segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou lesão 
corporal cometida, quer por funcionários de Governo, quer por qualquer indivíduo, grupo 
ou instituição;
c) direitos políticos, particularmente direitos de participar nas eleições - de votar e ser 
votado - conforme o sistema de sufrágio universal e igual, de tomar parte no Governo, 
assim como na direção dos assuntos públicos a qualquer nível, e de acesso em igualdade 
de condições às funções públicas;
d) outros direitos civis, particularmente:
i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro das fronteiras do Estado;
ii) direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de voltar ao seu país;
iii) direito a uma nacionalidade;
iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge;
v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em conjunto, à propriedade;
vi) direito de herdar;
vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
viii) direito à liberdade de opinião e de expressão;
ix) direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas;
e) direitos econômicos, sociais e culturais, principalmente:
27
i) direitos ao trabalho, à livre escolha de trabalho, a condições equitativas e satisfatórias 
de trabalho, à proteção contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a 
uma remuneração equitativa e satisfatória;
ii) direito de fundar sindicatos e a eles se afiliar;
iii) direito à habitação;
iv) direitos à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços 
sociais;
v) direito à educação e à formação profissional;
vi) direito à igual participação nas atividades culturais;
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público, tais como 
meios de transporte, hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
Artigo 6º - Os Estados-partes assegurarão, a qualquer pessoa que estiver sob sua 
jurisdição, proteção e recursos eficazes perante os tribunais nacionais e outros órgãos do 
Estado competentes, contra quaisquer atos de discriminação racial que, contrariamente à 
presente Convenção, violarem seus direitos individuais e suas liberdades fundamentais, 
assim como o direito de pedir a esses tribunais uma satisfação ou reparação justa e 
adequada por qualquer dano de que foi vítima, em decorrência de tal discriminação.
Artigo 7º - Os Estados-partes comprometem-se a tomar as medidas imediatas e eficazes, 
principalmente no campo do ensino, educação, cultura, e informação, para lutar contra os 
preconceitos que levem à discriminação racial e para promover o entendimento, a 
tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e étnicos, assim como para propagar 
os propósitos e os princípios da Carta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação Racial e da presente Convenção.”6
A Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
desumanos ou degradantes foi celebrada em 1984, para preservar os seres 
humanos de danos e sofrimentos físicos, mentais ou qualquer outro tipo de 
coação, estabelecendo ainda uma agravante quando o crime é praticado por 
agente estatal. A referida Convenção foi ratificada pelo Brasil e 
regulamentada pela Lei de Tortura, sendo a Lei 9455/97.
 
6 Disponível em http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/discriraci.htm, 
acesso em 17/06/2012
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“PARTE I
Artigo 1º - Para fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo 
qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a 
uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter 
cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo 
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são 
infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou 
por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como 
tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, 
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
O presente artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumento
internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de alcance 
mais amplo.
Artigo 2º - Cada Estado tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, 
judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer 
território sob sua jurisdição.
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais, como ameaça ou 
estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, 
como justificação para a tortura.
Artigo 3º - 1. Nenhum Estado-parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de uma 
pessoa para outro Estado, quando houver razões substanciais para crer que a mesma 
corre perigo de ali ser submetida a tortura.
2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades competentes levarão em 
conta todas as considerações pertinentes, inclusive, se for o caso, a existência, no Estado 
em questão, de um quadro de violações sistemáticas, graves e maciças de direitos 
humanos.
Artigo 4º - Cada Estado-parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados 
crimes segundo a sua legislação penal. O mesmo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a 
todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade ou participação na tortura.
2. Cada Estado-parte punirá esses crimes com penas adequadas que levem em conta a sua 
gravidade.
Artigo 5º - 1. Cada Estado-parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua 
jurisdição sobre os crimes previstos no artigo 4º, nos seguintes casos:
a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua jurisdição ou a 
bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão;
b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão:
c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este o considerar apropriado;
2. Cada Estado-parte tomará também as medidas necessárias para estabelecer sua 
jurisdição sobre tais crimes, nos casos em que o suposto autor se encontre em qualquer 
território sob sua jurisdição e o Estado não o extradite, de acordo com o artigo 8º, para 
qualquer dos Estados mencionados no parágrafo 1º do presente artigo.
3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição criminal exercida de acordo com o 
direito interno.
Artigo 6º - 1. Todo Estado-parte em cujo território se encontre uma pessoa suspeita de ter 
cometido qualquer dos crimes mencionados no artigo 4º, se considerar, após o exame das 
29
informações de que dispõe, que as circunstâncias o justificam, procederá à detenção de tal 
pessoa ou tomará outras medidas legais para assegurar sua presença. A detenção e outras 
medidas legais serão tomadas de acordo com a lei do Estado, mas vigorarão apenas pelo 
tempo necessário ao início do processo penal ou de extradição.
2. O Estado em questão procederá imediatamente a uma investigação preliminar dos fatos.
3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo 1º terá asseguradas facilidades para 
comunicar-seimediatamente com o representante mais próximo do Estado de que é 
nacional ou, se for apátrida, com o representante de sua residência habitual.
4. Quando o Estado, em virtude deste artigo, houver detido uma pessoa, notificará 
imediatamente os Estados mencionados no artigo 5º, parágrafo 1º, sobre tal detenção e 
sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado que proceder à investigação preliminar, 
a que se refere o parágrafo 2º do presente artigo, comunicará sem demora os resultados 
aos Estados antes mencionados e indicará se pretende exercer sua jurisdição.
Artigo 7º - 1. O Estado-parte no território sob a jurisdição do qual o suposto autor de 
qualquer dos crimes mencionados no artigo 4º for encontrado, se não o extraditar, 
obrigar-se-á, nos casos contemplados no artigo 5º, a submeter o caso às suas autoridades 
competentes para o fim de ser o mesmo processado.
2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de acordo com as mesmas normas 
aplicáveis a qualquer crime de natureza grave, conforme a legislação do referido Estado. 
Nos casos previstos no parágrafo 2º do artigo 5º, as regras sobre prova para fins de 
processo e condenação não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que as que se 
aplicarem aos casos previstos no parágrafo 1º do artigo 5º.
3. Qualquer pessoa processada por qualquer dos crimes previstos no artigo 4º receberá 
garantias de tratamento justo em todas as fases do processo.
Artigo 8º - 1. Os crimes a que se refere o artigo 4º serão considerados como extraditáveis 
em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados-partes. Os Estados-partes 
obrigar-se-ão a incluir tais crimes como extraditáveis em todo tratado de extradição que 
vierem a concluir entre si.
2. Se um Estado-parte que condiciona a extradição à existência de tratado receber um 
pedido de extradição por parte de outro Estado-parte com o qual não mantém tratado de 
extradição, poderá considerar a presente Convenção como base legal para a extradição 
com respeito a tais crimes. A extradição sujeitar-se-á às outras condições estabelecidas 
pela lei do Estado que receber a solicitação.
3. Os Estados-partes que não condicionam a extradição à existência de um tratado 
reconhecerão, entre si, tais crimes como extraditáveis, dentro das condições estabelecidas 
pela lei do Estado que receber a solicitação.
4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados-partes, como se 
tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios dos 
Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 
5º.
Artigo 9º - 1. Os Estados-partes prestarão entre si a maior assistência possível, em relação 
aos procedimentos criminais instaurados relativamente a qualquer dos delitos 
mencionados no artigo 4º, inclusive no que diz respeito ao fornecimento de todos os 
elementos de prova necessários para o processo que estejam em seu poder.
2. Os Estados-partes cumprirão as obrigações decorrentes do parágrafo 1º do presente 
artigo, conforme quaisquer tratados de assistência judiciária recíproca existentes entre si.
30
Artigo 10 - 1. Cada Estado-parte assegurará que o ensino e a informação sobre a 
proibição da tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou 
militar encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos funcionários públicos e de 
quaisquer outras pessoas que possam participar da custódia, interrogatório ou tratamento 
de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão.
2. Cada Estado-parte incluirá a referida proibição nas normas ou instruções relativas aos 
deveres e funções de tais pessoas.
Artigo 11 - Cada Estado-parte manterá sistematicamente sob exame as normas, instruções, 
métodos e práticas de interrogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o 
tratamento das pessoas submetidas, em qualquer território sob a sua jurisdição, a 
qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de 
tortura.
Artigo 12 - Cada Estado-parte assegurará que suas autoridades competentes procederão 
imediatamente a uma investigação imparcial, sempre que houver motivos razoáveis para 
crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição.
Artigo 13 - Cada Estado-parte assegurará, a qualquer pessoa que alegue ter sido 
submetida a tortura em qualquer território sob sua jurisdição, o direito de apresentar 
queixa perante as autoridades competentes do referido Estado, que procederão 
imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu caso. Serão tomadas medidas para 
assegurar a proteção dos queixosos e das testemunhas contra qualquer mau tratamento ou 
intimidação, em consequência da queixa apresentada ou do depoimento prestado.
Artigo 14 - 1. Cada Estado-parte assegurará em seu sistema jurídico, à vítima de um ato 
de tortura, o direito à reparação e à indenização justa e adequada, incluídos os meios
necessários para a mais completa reabilitação possível. Em caso de morte da vítima como 
resultado de um ato de tortura, seus dependentes terão direito a indenização.
2. O disposto no presente artigo não afetará qualquer direito a indenização que a vítima 
ou outra pessoa possam ter em decorrência das leis nacionais.
Artigo 15 - Cada Estado-parte assegurará que nenhuma declaração que se demonstre ter 
sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova em qualquer 
processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi 
prestada.
Artigo 16 - 1. Cada Estado-parte se comprometerá a proibir, em qualquer território sob a 
sua jurisdição, outros atos que constituam tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou 
degradantes que não constituam tortura tal como definida no artigo 1, quando tais atos 
forem cometidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, 
ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em 
particular, as obrigações mencionadas nos artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição das 
referências a outras formas de tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
2. Os dispositivos da presente Convenção não serão interpretados de maneira a restringir 
os dispositivos de qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional que proíba os 
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes ou que se refira à extradição ou 
expulsão.7
 
7 Disponível em http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/discriraci.htm, 
acesso em 17/06/2012
31
A Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio foi 
adotada em 1948, no pós 2ª Guerra, sendo considerado genocídio qualquer 
ato cometido com a intenção de destruir ou desestabilizar, no todo ou em 
parte, um grupo étnico, nacional, religioso ou racial.
“CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E REPRESSÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO
(...)
Artigo 1.º
As Partes Contratantes confirmam que o genocídio, seja cometido em tempo de paz ou em 
tempo de guerra, é um crime do direito dos povos, que desde já se comprometem a 
prevenir e a punir.
Artigo 2.º
Na presente Convenção, entende-se por genocídio os atos abaixo indicados, cometidos 
com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou 
religioso, tais como:
a) Assassinato de membros do grupo;
b) Atentado grave à integridade física e mental de membros do grupo;
c) Submissão deliberada do grupo a condições de existência que acarretarão a sua 
destruição física, total ou parcial;
d) Medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) Transferência forçada das crianças do grupo para outro grupo.
Artigo 3.º
Serão punidos os seguintes atos:
a) O genocídio;
b) O acordo com vista a cometer genocídio;
c) O incitamento, directo e público, ao genocídio;
d) A tentativa de genocídio;

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