Prévia do material em texto
Marcos conceituais em Saúde Coletiva Universidade Estácio de Sá Professora: Liana Ximenes Disciplina: Organização de Políticas em Saúde Marcos conceituais em saúde coletiva • 1.1 Definições de Saúde ao Longo da História; • 1.2. Definições de Saúde Coletiva, Saúde Pública e Saúde Comunitária; • 1.3. Processo saúde e doença; • 1.4. Determinantes sociais da saúde; • 1.5. Educação ambiental para promoção da saúde • Você já parou para pensar qual o significado de saúde e doença para as pessoas? • Para você, qual o significado de saúde e doença? Definições de Saúde e Doença ao Longo da História Os conceitos de saúde e doença passaram por muitas variações no decorrer da História. Antiguidade • A medicina mágico-religiosa, predominante na Antiguidade, se inseria em um contexto religioso-mitológico no qual o adoecer era resultante de transgressões de natureza individual ou coletiva, sendo requerido para reatar o enlace com as divindades, o exercício de rituais que assumiam as mais diversas feições, conforme a cultura local. • A medicina grega, baseada na mitologia, associava a cura a diversos deuses. Não apenas a Apolo, Ártemis, Atenas e Afrodite, mas também às divindades do mundo inferior, que eram capazes de curar ou evitar doenças Antiguidade • Contudo, foi em Hipócrates (460 a.C) que os conceitos de saúde e doença na Grécia tomaram um teor científico. Considerado o pai da Medicina. Criou métodos de diagnóstico, baseados na inquirição e no raciocínio. • O chamado Pai da Medicina ocidental identificou a saúde como fruto do equilíbrio dos humores, sendo, por oposição, a doença, resultante do desequilíbrio dos mesmos. • Na evolução do pensamento greco-romano sobre o conceito de saúde e doença, destaca-se Galeno de Pérgamo (130 a.C - 200 d.C). Escreveu excelentes obras sobre anatomia e Fisiologia. Ele acreditava que o corpo era um instrumento da alma, e que o organismo humano foi construído segundo um plano fixado por um ente supremo. Idade Média • Período marcado pelo sofrimento impingido pelas inúmeras pestilências e epidemias à população. A expansão e o fortalecimento da Igreja são traços marcantes desse período. • O cristianismo afirmava a existência de uma conexão fundamental entre a doença e o pecado. Como este mundo representava apenas uma passagem para purificação da alma, as doenças passaram a ser entendidas como castigo de Deus, expiação dos pecados ou possessão do demônio. • No lugar de recomendações dietéticas, exercícios, chás, repousos e outras medidas terapêuticas da medicina clássica, são recomendadas rezas, penitências, invocações de santos, exorcismos, unções e outros procedimentos para purificação da alma, uma vez que o corpo físico, apesar de albergá- la, não tinha a mesma importância. Idade Média • A lepra era tida como manifestação evidente da impureza diante de Deus, e seus portadores deveriam ser condenados ao isolamento, conforme descrição bíblica. Considerados mortos, rezava-se uma missa de corpo presente antes do mesmo seguirem para o leprosário. • Pouco se sabia a respeito da verdadeira etiologia das doenças, o que fazia com que as crenças e o misticismo fossem fundamentais para compreensão dos elementos originadores das doenças e o seu tratamento. Idade Moderna (entre os séculos XVI e XVIII) • Na Idade Moderna há uma redução, objetividade , fragmentação do conhecimento do corpo, biologização da saúde e o equilíbrio orgânico, traduzindo os acontecimentos de formas abstratas aos enquadramentos, demonstráveis e calculáveis. • O pensamento científico levou ao reducionismo (redução ao biológico) e à objetividade (quantificação da saúde e da doença). Renascimento • No Renascimento (meados do século XIV até o fim do século XVI), estudos empíricos buscavam as matérias causadoras do contagio, surgindo a teoria miasmática. • Essa teoria pode ser entendida como a influência dos odores venenosos que ao serem levados pelos ventos contaminavam o ar, hoje entende-se como uma teoria ultrapassada. Idade Contemporânea (De 1789 até hoje) • A medicina social (séc.XVII ao XX), abriu espaço para prática médica individual e criou condições de salubridade adequadas a nova sociedade. • Já a bacteriologia (séc.XIX) com as vacinas e produtos químicos para combater os agentes etiológicos das doença, também desenvolveu um trabalho mais especifico e menos generalizado, direcionado para uma patologia celular. • Com o fortalecimento da biologia, a fisiologia, a bacteriologia e o desenvolvimento de pesquisas a medicina se torna uma ciência experimental. Saúde e doença hoje • Na contemporaneidade, saúde e doença no indivíduo como sistema vivo, passam a ser compreendidas nas suas relações de subjetividade, e não apenas nas dimensões biológicas. • Os conceitos de normalidade e patologia ganham flexibilidade e passam a incorporar outras perspectivas a respeito das influencias que uma realidade social e histórica podem exercer sobre o processo saúde-doença. Agora, o que se pretende é observar os contextos vulneráveis e promover a saúde respaldando-se nos acontecimentos que afetam individual e coletivamente. • O conceito contemporâneo inclui a complexidade e a subjetividade – modelos que consideram relações com o meio em que as pessoas vivem. Definições de Saúde Coletiva, Saúde Pública e Saúde Comunitária Saúde Coletiva • “A Saúde Coletiva pode ser definida como um campo de produção de conhecimentos voltados para a compreensão da saúde e a explicação dos determinantes sociais, bem como o âmbito de práticas direcionadas prioritariamente para a sua promoção, além de voltadas a prevenção e o cuidado a agravos e doenças, tomando por objeto não apenas os indivíduos mas, sobretudo, os grupos sociais, portanto a coletividade.” (VIEIRA-DA-SILVA; PAIM; SCHRAIBER, 2014, p. 3) Saúde Coletiva: área interdisciplinar • Embora a Saúde Coletiva historicamente tenha sido constituída, principalmente por médicos, outros profissionais como cientistas sociais, enfermeiros, odontólogos, farmacêuticos, e também agentes oriundos de outras áreas do conhecimento, como engenheiros, físicos e arquitetos, contribuíram para sua construção. • Trata-se, portanto, de uma área multiprofissional e interdisciplinar. (VIEIRA-DA-SILVA; PAIM; SCHRAIBER, 2014) Saúde Coletiva e Saúde Pública • Saúde pública e saúde coletiva são expressões frequentemente usadas como sinônimos. • Para o professor Jairnilson Paim, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), existem diferenças conceituais entre elas, que refletem movimentos históricos e processos de luta. • No Brasil, como nós construímos esse processo no âmbito da ditadura, o termo saúde pública, relacionado à maneira verticalizada com que a saúde era cuidada, buscava separar as ações de caráter coletivo daquelas de caráter individual, assistencial, curativo, etc”, explicou. Movimento higienista • Higienismo - A medicina não teria somente por finalidade estudar e curar as doenças, mas teria relações intimas com a organização social. • Movimento higienista – movimento em que a ciência médica moderna passou a incorporar a tarefa de atuar como aparato normatizador, criando critérios para identificar binômios como: saúde-doença, normal-anormal, ordem-desordem, louco-não louco e por fim, raças superiores-inferiores. Ao passar pelo crivo pré-concebido do que é esperado, desejado e aceito, marginalizou-se desde então o diferente, vendo-o como algo a ser combatido e eliminado. • Os bons costumes, a moral, as doenças físicas e psíquicas passaram a servistos sob uma ótica higienista, o que instituiu a rejeição dos indivíduos que destoariam dos padrões ditos normais, excluindo-os ou silenciando-os de várias formas. • Movimento higienista implantado como política pública no início do século XX Saúde Coletiva e Saúde Pública • Saúde Pública costuma se referir a formas de agenciamento político/governamental → dirigir intervenções voltadas às denominadas "necessidades sociais de saúde“. • Saúde Coletiva → implica em levar em conta a diversidade e especificidade dos grupos populacionais e das individualidades com seus modos próprios de adoecer e/ou representarem tal processo → não necessariamente, passam pelas instâncias governamentais ditas responsáveis diretas pela saúde pública. Saúde Pública • Inicialmente, há uma preponderância do enfoque médico biológico na conformação inicial da saúde pública como campo científico, em detrimento dos enfoques sociopolíticos e ambientais. • programas verticais baseados na tecnologia, que dominaram a saúde pública. • Nos anos 50, com o sucesso da erradicação da varíola, o enfoque manteve-se concentrado na tecnologia de prevenção ou cura e nas campanhas de combate a doenças específicas, deixando à margem o contexto social e o seu papel na geração do processo saúde-doença. Paradigma bacteriológico – Saúde Pública • A história da criação da primeira escola de saúde pública nos Estados Unidos, na Universidade John Hopkins, é um interessante exemplo do processo de afirmação da hegemonia desse “paradigma bacteriológico”. • Desde 1913, quando a Fundação Rockefeller decide propor o estabelecimento de uma escola para treinar os profissionais de saúde pública, até a decisão, em 1916, de financiar sua implantação em Johns Hopkins, há um importante debate • deve a saúde pública tratar do estudo de doenças específicas, como um ramo especializado da medicina, baseando-se fundamentalmente na microbiologia e nos sucessos da teoria dos germes ou deve centrar-se no estudo da influência das condições sociais, econômicas e ambientais na saúde dos indivíduos? (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007) Paradigma bacteriológico – Saúde Pública • Ao final desse processo, Hopkins foi escolhida pela excelência de sua escola de medicina, de seu hospital e de seu corpo de pesquisadores médicos. • Esta decisão representou o predomínio do conceito da saúde pública orientada ao controle de doenças específicas, fundamentada no conhecimento científico baseado na bacteriologia e contribuiu para “estreitar” o foco da saúde pública, que passa a distanciar-se das questões políticas e dos esforços por reformas sociais e sanitárias de caráter mais amplo. Saúde Comunitária • A Medicina ou a Saúde Comunitária, por sua vez, é uma tentativa de operacionalização, fora do ambiente acadêmico, dos princípios da Medicina Preventiva. • Trata-se da organização de serviços de saúde extra-hospitalares, destinados ao exercício profissional do novo médico, portador de uma atitude integral, preventiva e social. • As atividades assistenciais em comunidades, além de servirem para a formação desse novo profissional, visam a contribuir para a expansão da cobertura da atenção médica, especialmente para segmentos carentes da população. • Vale salientar que essa estratégia é, em grande parte, uma resposta às tensões sociais decorrentes das mobilizações populares a favor dos direitos civis e contra a discriminação de raça/etnia (SOUZA, 2014) Fonte: http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/saude_publica_4.pdf Saúde Comunitária • A Medicina preventiva e a Saúde Comunitária tinha como objetivo superar o biologismo, o individualismo e o hospitalocentrismo da formação, buscando desenvolver nos estudantes de medicina uma visão completa - biopsicossocial - do indivíduo. • Na prática, contudo, nem a Medicina Preventiva nem a Saúde Comunitária cumprem o que prometem: não se modifica a atitude do médico por conta da introdução de novas disciplinas na sua formação, nem se viabiliza a ampliação da cobertura assistencial para as populações pobres. Saúde Coletiva - - Nova compreensão → perspectiva interdisciplinar e o debate político em torno de temas como universalidade, equidade, democracia, cidadania e, mais recentemente, subjetividade emergem como questões principais Processo saúde e doença Modelo Biomédico Saúde é definida negativamente: Ausência de doença • Modelo biomédico - modelo predominante usado por médicos no diagnóstico de doenças desde meados do século XIX. • Indivíduo saudável , livre de doenças dor, ou defeito, o que torna a condição humana normal "saudável". • O foco do modelo sobre os processos físicos, tais como a patologia, a bioquímica e a fisiologia de uma doença, não leva em conta o papel dos fatores sociais ou subjetividade individual. • Visão mecanicista e reducionista do Homem e da Natureza que surgiu quando filósofos como Galileu, Descartes, Newton, Bacon e outros conceberam a realidade do mundo como uma máquina. Características do modelo biomédico • Corpo humano fosse conceituado como uma máquina cujas peças se encaixam ordenadamente e segundo um processo racional. • Intensificação da divisão do indivíduo em pedaços (especialização médica); • Tudo o que acontece aos pacientes, quaisquer das suas queixas ou sofrimentos são vistos - e, como decorrência, manejados - em termos mecanicistas, isto é, tenta-se "patologizar“. • Tende a hipervalorizar as funções que os medicamentos podem vir a desempenhar para todo e qualquer problema, independentemente de sua gravidade ou nexos causais, haverá uma pílula salvadora. • É um referencial mecanicista, reforçando explicações que reduzem o processo saúde-doença à sua dimensão estritamente biológica. Limites do modelo biomédico • Foi sendo detectada sua impossibilidade de oferecer respostas conclusivas ou satisfatórias para muitos problemas ou, sobretudo, para os componentes psicológicos ou subjetivos que acompanham, em grau maior ou menor, qualquer doença. • As críticas à prática médica habitual e o incremento na busca de estratégias terapêuticas estimulada pelos anseios de encontrar outras formas de lidar com a saúde e a doença (no seu conjunto designadas como medicinas alternativas ou complementares) constituem uma evidência dos reais limites da tecnologia médica. Concepção processo saúde doença • Também conhecido como Modelo Biopsicossocial • Proporciona uma visão integral do ser e do adoecer que compreende as dimensões física, psicológica e social. • Quando incorporada ao modelo de formação médica e de equipe interdisciplinar, coloca a necessidade de que o profissional, além do aprendizado e evolução das habilidades técnico- instrumentais, evolua, também, as capacidades relacionais que permitem o estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação efetiva. Processo saúde doença e sua determinação histórica e social • A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece. • Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade Processo saúde e doença • O processo saúde-doença é um dos pontos centrais para os profissionais da saúde que buscam promovê-la, cuidando para que as pessoaspossam ter, tanto quanto possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando as limitações se estabelecem. • Uma alternativa para a superação dos modelos causais clássicos, centrados em ações individuais, como os métodos diagnósticos e terapêuticos, a vacinação, a educação em saúde, ainda que dirigidos aos denominados grupos de risco, deve privilegiar a dimensão coletiva do fenômeno saúde-doença, por meio de modelos interativos que incorporassem ações individuais e coletivas. CONCEPÇÃO DE SAÚDE Concepção biológica Concepção Processo Saúde Doença Determinação do caso Alterações fisiopatológicas Resultantes do modo de vida das pessoas Expressão do caso Indivíduo doente Indivíduos que vivem, adoecem, morrem segundo a sua inserção na organização social Produto Cura de doentes Alteração do perfil de morbimortalidade das diferentes classes e frações de classes sociais - enfrentamento das desigualdades Determinantes sociais em Saúde Determinantes sociais da saúde • Determinantes sociais da saúde são as condições econômicas e sociais que afetam a saúde. • De acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), os determinantes sociais da saúde estão relacionados às condições em que uma pessoa vive e trabalha. • Também podem ser considerados os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população, tais como moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego. Fonte: https://pensesus.fiocruz.br/determinantes-sociais • Na Assembleia Mundial da Saúde de 2004, o Diretor Geral da OMS, Lee Jong-Wook, propôs a criação de uma comissão para recomendar políticas públicas de saúde e externas ao setor saúde, assim como intervenções que visem à melhoria das condições de saúde e à diminuição das iniqüidades Comissão de Determinantes Sociais em Saúde (CDSS-OMS). • A CDSS-OMS é um fórum estratégico mundial formado por lideranças políticas, científicas e da sociedade civil organizada. • A Comissão tem como meta global a busca de equidade em saúde e lidera um processo mundial de organização do conhecimento sobre os determinantes sociais em saúde, com vistas a fortalecer as práticas e as políticas voltadas para a diminuição das iniquidades em saúde. Modelo de Dahlgren e Whitehead – Determinantes sociais em saúde • Este modelo explica os mecanismos pelos quais as interações entre os diferentes níveis de condições sociais produzem as desigualdades em saúde, desde o individual até o nível das condições econômicas, culturais e ambientais que predominam na sociedade como um todo. • O modelo de Dahlgren e Whitehead destaca a importância dos fatores não-clínicos sobre a situação da saúde dos indivíduos e das populações. • Representado pela figura no slide a seguir. (GEIB, 2012) Modelo de Dahlgren e Whitehead – Determinantes sociais em saúde • No âmbito individual, consideram-se algumas características como idade, gênero e fatores genéticos que influenciam a saúde do indivíduo. • No nível imediatamente superior situam-se os fatores relacionados ao comportamento e estilo de vida, que contribuem para a exposição diferencial a fatores de risco à saúde como, por exemplo, o hábitodo tabagismo e o sedentarismo. • os comportamentos muitas vezes ultrapassam o limiar das responsabilidades individuais, podendo ser considerados parte dos determinantes sociais quando são fortemente influenciados por informações, propagandas, pressão dos pares, possibilidade de acesso a alimentos saudáveis e espaços de lazer, entre outros (GEIB, 2012) Modelo de Dahlgren e Whitehead – Determinantes sociais em saúde • O próximo nível demonstra a influência das interações estabelecidas na sociedade e na comunidade disponibilizadas por meio de redes comunitárias e de apoio, serviços sociais, de lazer e de segurança. • No próximo nível estão as condições de vida e de trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, que colocam as pessoas em desvantagem social pelo maior grau de exposição ao desemprego, à alimentação inadequada, às habitações insalubres, ao menor acesso aos serviços públicos, entre outros. • O último nível aponta as condições econômicas, culturais e ambientais, incluindo também determinantes supranacionais como o processo de globalização. • Esses macrodeterminantes agem sobre todos os outros, pois o padrão de vida alcançado por grupos específicos determina a escolha da moradia, do trabalho, das interações sociais e dos hábitos alimentares, com repercussões sobre a saúde. (GEIB, 2012) Exemplos - Determinantes Sociais em Saúde • A mortalidade infantil, cuja média nacional em 2004 foi de 23,1 por mil nascidos vivos, segundo dados do Ministério da Saúde, apresenta grandes disparidades regionais, observando-se taxas inferiores a 10 por mil nascidos vivos em alguns municípios do Sul e Sudeste e valores maiores do que 50 por mil nascidos vivos em áreas do Nordeste. • De acordo com o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) de 2006 sobre a situação da infância brasileira, em 2000 a taxa de mortalidade em menores de cinco anos (TMM5) entre filhos de mulheres com até três anos de estudo era de 49,3 por mil nascidos vivos, quase 2,5 vezes maior que entre os filhos de mães com oito anos ou mais de estudo (TMM5 = 20,0 por mil nascidos vivos). Exemplos – Determinantes sociais em saúde • Educação: vários estudos têm demonstrado uma forte associação inversa entre o nível educacional e a ocorrência de transtorno mental nomeadamente perturbações mentais comuns (PMC) . Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de PMC. • Estudos mostram associações entre determinantes sociais e a taxa de mortalidade por homicídios. As variáveis relacionadas com renda e escolaridade se mostraram determinantes na mortalidade, ressaltando a forte relação entre mortalidade por homicídios, pobreza e baixa escolaridade. A relação entre taxas de homicídio, escolaridade e renda per capita foi negativa. Esse resultado aponta a má distribuição de renda como forte fator associado à violência. • O perfil da vítima de homicídio no Brasil é, em sua maioria, de homens jovens entre 15 e 29 anos, solteiros, de cor parda e com baixa escolaridade. Educação ambiental para promoção da saúde • A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, das áreas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham diferentes compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político-filosóficas sobre o homem e a sociedade. • Promoção da Saúde é o “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo”. • Educação ambiental para promoção da saúde • Embora a educação em saúde possua um caráter mais amplo, ela é considerada um dos principais dispositivos para a viabilização da promoção da saúde, auxiliando no desenvolvimento da responsabilidade individual e na prevenção de doenças. • Esses conceitos, associados a outras políticas públicas, foram devidamente ajustados às demandas populacionais e inseridos na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), cujo objetivo está voltado à promoção da qualidade de vida através da intervenção “em diversos segmentos sociais condicionantes de saúde, como trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais”. Tais condicionantes estão inegavelmente relacionados à qualidade de vida, oportunizados através de práticas promocionaise educacionais em saúde. Promoção da Saúde • São recursos indispensáveis para ter saúde: paz, renda, habitação, educação, alimentação adequada, ambiente saudável, recursos sustentáveis, equidade e justiça social, com toda a complexidade que implicam alguns desses conceitos. • A promoção da saúde é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, coletivos e individuais, que se combinam de forma particular em cada sociedade e em conjunturas específicas, resultando em sociedades mais ou menos saudáveis. Promoção da saúde • A promoção da saúde se refere às ações sobre os condicionantes e determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar favoravelmente a qualidade de vida. • Por isso, caracterizam-se fundamentalmente por uma composição intersetorial e, intra-setorialmente, pelas ações de ampliação da consciência sanitária – direitos e deveres da cidadania, educação para a saúde, estilos de vida e aspectos comportamentais etc. Referências • BUSS, Paulo; PELLEGRINI FILHO, A Saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):77-93, 2007. Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a06.pdf. Acesso em: 19 de março de 2018. • GEIB, L.T.C. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciência & Saúde Coletiva, 17(1):123-133, 2012. • PAIM, Jairnilson. Melhores momento da aula sobre Saúde Coletiva de Jairnilson Paim. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=xuUXD0SJJpE Acesso em: 19 de março de 2018. • VIEIRA-DA-SILVA Lígia M.; PAIM Jairnilson S.; SCHRAIBER Lilia B. O que é Saude Coletiva. In: PAIM J.; ALMEIDA-FILHO, N.(Orgs.) Saúde Coletiva: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: MedBook, 2014.