Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 
 
SÍFILIS CONGÊNITA: A INTERPRETAÇÃO DAS MÃES DOS 
RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL NO 
MUNICÍPIO DE BRAGANÇA, PARÁ 
 
Anne Caroline Miranda da Silva 1
AderliGoes Tavares 2
 
 
RESUMO: ​Sífilis Congênita é o resultado da infecção do feto por meio da transmissão vertical pelo 
Treponema pallidum​, quando a gestante infectada não é tratada ou tratada inadequadamente. O objetivo 
deste estudo foi identificar o entendimento das mães sobre a sífilis congênita e analisar o perfil 
socioeconômico das famílias envolvidas. Pesquisa ​de abordagem qualitativa de cunho descritivo​, da qual 
participaram 6 mães com idade acima de 18 anos, que se ​encontravam com recém-nascidos internados em 
unidade neonatal para tratamento de sífilis congênita em um hospital de referência, localizada no município 
de Bragança, PA, entre julho de 2016 a fevereiro de 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de 
entrevista semiestruturada, e essas mães foram submetidas à análise temática que gerou três categorias 
como: as mães interpretam a transmissão da sífilis; ​entendimento das mães sobre a internação dos 
recém-nascidos; ​compreensão das informações repassadas pelo profissional​. ​A pesquisa revelou que as 
mães apresentavam um grande déficit de conhecimento em relação ao tratamento da sífilis/sífilis congênita 
e pouco entendimento sobre as informações repassadas pelos profissionais do pré-natal e da unidade 
neonatal do HSAMZ sobre os cuidados com os recém-nascidos, fator esse que dificulta no entendimento 
sobre a gravidade da doença, tornando-se um grave problema para a saúde dos usuários. 
 
Palavras-chave: ​Sífilis Congênita; Saúde Pública; Pré-natal; Unidade Neonatal; Serviço Social. 
 
ABSTRACT: ​Congenital syphilis is a result of infection of the fetus through vertical transmission by 
Treponemapallidum, when the infected pregnant woman is not treated or treated inappropriately. The 
objective of this study was to identify the mothers' understanding of congenital syphilis and to analyze the 
socioeconomic profile of the families involved. A descriptive, qualitative approach was carried out in 
which six mothers aged 18 years and older participated in the study with newborns admitted to a neonatal 
unit to treat congenital syphilis at a referral hospital in the city of Bragança, Between July 2016 and 
February 2017. The data collection was performed through a semi-structured interview, and they were 
submitted to thematic analysis that generated three categories: how the mothers interpret the transmission 
of syphilis; Mothers' understanding of newborn hospitalization; Understanding of the information passed 
on by the professional. The research revealed that the mothers presented a great deficit of knowledge 
regarding the treatment of syphilis / congenital syphilis and little understanding about the information 
passed by prenatal professionals and the neonatal unit of the HSAMZ, a factor that makes it difficult to 
understand the severity Of the disease, becoming a serious problem for the health of users. 
 
Keywords:​Congenital Syphilis; Public health; Prenatal; Neonatal Unit; Social Service. 
 
 
 
1Assistente Social, especializando em Saúde da Mulher e da Criança pelo Programa de Residência 
Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: 
annecarolinemiranda@hotmail.com. 
2Orientadora. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Doutorado no Programa de 
Pós-graduação em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Pará. E-mail:​aderli@ufpa.br​. 
2 
 
 
INTRODUÇÃO 
_________________________ 
 
A pesquisa foi realizada em um hospital localizado no município de Bragança, 
nordeste do Estado do Pará, Região Norte, Brasil. Uma entidade filantrópica, beneficente 
de assistência social na área da saúde, contratualizado com o Sistema Único de Saúde 
(SUS), realizando metas quantitativas e qualitativas por meio de ações e serviços de 
média e alta complexidade, sendo a principal unidade hospitalar estratégica na região de 
saúde atlântico caetés do estado do Pará, composta por 16 (dezesseis) municípios: 
Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, 
Ourém, Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém 
Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu. 
Desta forma, a presente pesquisa objetiva interpretar o entendimento das mães 
sobre a sífilis congênita e analisar ​o perfil socioeconômico das famílias dos 
recém-nascidos internados em unidade neonatal​. A pesquisa reafirma a garantia da 
assistência à saúde das mães, dos companheiros e de seus recém-nascidos, e se propõe a 
trocar conhecimentos acerca da doença entre mães e profissionais. Os entendimentos 
sobre a doença, complementados com a realidade socioeconômica buscam contextualizar 
a interpretação das mães sobre sífilis congênita. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), atualmente as doenças sexualmente 
transmissíveis vêm se configurando como um importante problema de saúde pública. Nos 
países em desenvolvimento, como o Brasil, as DST estão entre as cinco principais causas 
de procura por serviços de saúde​. ​Dentre essas doenças infecciosas, encontra-se a sífilis, 
uma doença sexualmente transmissível, sendo o resultado da disseminação hematogênica 
do ​Treponema pallidum​. 
Segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (2016) sobre a 
sífilis congênita, no ano de 2015, foram notificados 19.228 casos da doença, uma taxa de 
incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. Na região norte, a sífilis em gestante é 
detectada no 3º trimestre com a maior taxa comparada às das outras regiões, com um total 
3 
 
de 49,7​% de incidência. No Pará, a sífilis congênita é de 4,6 % ​de nascidos vivos, ​estando 
no 11º lugar no Brasil (MS, 2016). 
A sífilis congênita (SC) pode ser evitada por meio de assistência pré-natal 
qualificada que garanta a identificação da infecção materna durante a gestação e o 
tratamento com penicilina, cuja eficácia é em torno de 95% a 100%. 
A falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais 
fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita 
(MULLICKet al., 2004), o que aponta para um problema de saúde pública, 
principalmente na atenção primária. 
Entre os fatores de risco que contribuem para que a alta prevalência de SC se 
mantenha estão​: o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade, promiscuidade 
sexual e, sobretudo, a falta de adequada assistência pré-natal (RODRIGUES; 
GUIMARÃES et al., 2004). 
A população mais afetada é a da classe E, principalmente, no que se refere às 
dificuldades de acesso para tratamento e acompanhamento no pré-natal, sendo a saúde 
pública responsável por planejar estratégias de triagem dessas doenças de modo prático e 
abrangente das gestantes com o diagnóstico desses casos. Tal alcance contribui na 
redução da morbimortalidade materno-fetal e, consequentemente, contribui paraa saúde 
das mulheres para a melhoria dos indicadores de saúde (FIGUEIRÓ​-​FILHO, 2007). 
Segundo Magalhães et al. (2013), o início precoce do pré-natal é um componente 
essencial da prevenção, por viabilizar a detecção da sífilis materna e o tratamento 
oportuno. Portanto, são necessárias ações de diagnóstico precoce para a prevenção , 3
precisando ser reforçadas especialmente no pré-natal. O preconizado é que as ações de 
prevenção sejam realizadas com a população em geral, ainda antes da gravidez. 
3Tem o significado de “preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se 
realize” (FERREIRA, 1986). 
 
 
4 
 
Um dos problemas da não prevenção e do não tratamento durante a gestação é a 
não efetivação do atendimento às gestantes nas unidades básicas de saúde devido à falta 
de profissionais, à falta de busca ativa das gestantes ausentes e o difícil acesso aos 
serviços de saúde do SUS, descumprindo o princípio do acesso universal, como um 
direito à saúde. O problema do acesso físico às unidades ou do atendimento nos serviços 
de saúde para a prevenção não é o único, somado a ele está à baixa informação da 
população sobre a doença e as dificuldades de entendimento sobre o causador 
(​Treponema pallidum​), e ainda temos a dificuldade de entendimento sobre a transmissão 
e as formas de tratamento. 
A cobertura da Atenção Básica nos municípios de origem das mulheres 
participantes da pesquisa, referente ao PACS e PSF, respectivamente, foram de 58,5% e 
39,9%, no município de Bragança; de 18,4% e 81,1%, no município de Augusto Correa; 
e de 35.7% e 67,2% no município de Traquateua . 4
A Organização do Ministério da Saúde (2008) afirma que o nível de instrução dos 
indivíduos pode ter efeito na percepção dos problemas de saúde e na capacidade de 
entendimento das informações nessa área. 
O estudo apontou por meio das observações, do registro no diário de campo e do 
relato das mães que o desconhecimento sobre a doença está, em parte, associado ao baixo 
nível de escolarização das usuárias e, em parte, ao baixo conhecimento do profissional 
sobre o entendimento da doença para as mães. O desconhecimento das mães e, por outro 
lado, o do profissional dificultam o diálogo e o ato no processo de cuidar do 
recém-nascido e no processo do autocuidado das mães. As orientações sobre a prevenção 
da doença e o processo de cuidado, tanto do recém-nascido como do casal, fazem parte 
do acesso aos serviços de saúde, prioritariamente na atenção básica. 
Neste sentido, o(a) Assistente Social exerce um papel importante como 
educador(a) e configura-se como o profissional de saúde que presta assistência aos 
usuários do SUS, apto a fornecer as orientações sobre a garantia ao acesso aos direitos 
sociais e aos serviços de saúde pública. O Assistente Social promove a articulação, 
4MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. Cadernos de Informações de Saúde-Pará, maio de 2010. 
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/cadernosmap.htm​. Acesso em: 27.01.17. 
5 
 
atuando como um dos elos entre paciente e instituição, por meio da socialização das 
informações e orientações, sendo imperiosa a busca pelo conhecimento êmico e a busca 5
pela interpretação do processo saúde-doença para os usuários, assim como para 6
identificar as demandas e suas necessidades, contribuindo para o acesso aos benefícios e 
programas de saúde numa perspectiva dos direitos do cidadão e do estímulo à autonomia 
e ao autocuidado. 
A prevenção das doenças envolve uma atitude educativa na perspectiva da 
autonomia (FREIRE, 1997) e o(a) assistente social é um dos sujeitos da relação que 
envolve usuário e profissionais. A atuação desse profissional pode ser comparada à de um 
tradutor que decodifica, interpreta a linguagem dos usuários e atua intervindo para o 7
processo de prevenção das doenças e de colaboração para a recuperação da saúde. Daí a 
importância da intervenção qualificada do Serviço Social no processo saúde/doença para 
atender às necessidades dos usuários, conforme previsto no Código de Ética do/a 
Assistente Social (Lei n.8.662/93). 
O Serviço Social na saúde necessita desenvolver suas ações para que venha 
facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da instituição e da rede 
de serviços, de forma compromissada e crítica, e não submeter à operacionalização de 
seu trabalho aos arranjos propostos pelos governos que descentralizam a proposta 
5Como o termo ​êmico​significa interno, sugere a procura pela verdade como ela é entendida pelo agente 
promotor do fato, ou experimentador. Isto é, as pessoas que vivenciam aquela cultura ​[...]​A relevância 
principal de uma análise êmica é a verdade. Ou seja, compreender como um fato social é verdadeiramente 
interpretado, assimilado e experimentado por uma pessoa ou um grupo. O valor da abordagem êmica é, 
portanto, enraizado em sua veia analítica, pois, em verdade, o antropólogo ou pesquisador deve se propor a 
entender o fato de acordo com sua origem e não através de sua cultura receptora sob pena de jamais 
compreendê-lo, apenas julgá-lo (INSTITUTO ANTROPOS, 2016). 
6O processo saúde doença é um construto histórico, desde a Grécia antiga até a sociedade contemporânea. 
A concepção de saúde-doença adotada neste estudo aborda as várias causas e dependem de vários 
elementos que podemos chamar de determinantes da saúde e da doença. “Existem determinantes do estado 
de saúde que dizem respeito às condições que a coletividades, as cidades, as locorregiões ou país 
apresentam, como nível de desenvolvimento social e econômico, como infraestrutura, como participação 
das pessoas nas decisões sociopolíticas e como grau de desigualdade de renda, entre outros fatores”. 
(BRASIL, 2005, p. 33). 
7 “​[...] ​o pensamento sobre saúde é o que valida e dá suporte às intervenções que o saber técnico pode 
sugerir porque acreditamos que seja necessário que esse “saber” se disponha a aceitar que cada pessoa o 
instrua a respeito daquilo que somente ela está capacitado a dizê-lo. O profissional, então, auxilia na tarefa 
de dar sentido ao que não está evidente para a pessoa; para conjunto de sintomas que, de forma solidária, 
ela não conseguiria decifrar. Um bom profissional de saúde, além de um bom conhecedor, deveria ser um 
bom tradutor” (BRASIL, 2005, p. 40). 
6 
 
original do SUS de direito, a qual está contida no Projeto de Reforma Sanitária (BRAVO, 
2006). O acesso é interpretado como ampliado, iniciando pelo acesso à comunicação, ao 
diálogo, pois o fortalecimento do vínculo entre a equipe de saúde e o usuário é de 8
estrema relevância, favorecendo a produção do cuidado mediante uma relação de 
confiança e partilha de compromissos. Além do mais, o vínculo possui uma estreita 
relação com a prática de cuidados, uma vez que ambos promovem sintonia, troca de 
afetos e convivência potencialmente reconstrutora de autonomias(SOUZA, 2010). 
Interpretar a doença (sífilis congênita) para as mães interferirá no processo do cuidado na 
medida em que o profissional Assistente Social, como intérprete, traduzirá os 
significados e, ao mesmo tempo, reinterpretará a ação, estabelecerá uma linguagem para 
comunicar que proporcionará a relação dialógica (​GADAMER​, 1983) entre 
sujeitos-sujeitos. 
O processo de informação a partir dos conhecimentos êmicos é fundamental para 
o acesso e para o processo educativo que envolve a compreensão sobre a saúde-doença e 
é a ponte que proporciona o diálogo e a mediação entre o usuário e o assistente social. 
 
METODOLOGIA 
____________________________ 
 
Os primeiros contatos com o tema iniciaram-se com observações e anotações em 
diário de campo como Assistente Social (Residente) do hospital, no ano de 2015, no qual 
dei início aos atendimentos às mães e que, posteriormente, transformei em projeto de 
pesquis​a. A pesquisa caracterizou-se como de abordagem qualitativa (MINAYO, 2010), 
de cunho descritivo . Parte da coleta de dados foi ​realizada no período de outubro de 9
8 O vinculo é a relação pessoal estreita e duradoura entre o profissional de saúde e o paciente, permitindo, 
com o passar do tempo, que os laços criados se estreitem e os mesmos se conheçam cada vez mais, 
facilitando a continuidade do tratamento, e consequentemente evitando consultas e internações 
desnecessárias. Essa relação requer a cooperação mútua entre as pessoas da família, da comunidade e os 
profissionais (STARFIELD, 2002). 
9Descritivas - Após a primeira aproximação (pesquisa exploratória), o interesse é descrever um fato ou 
fenômeno. Por isso a pesquisa descritiva é um levantamento das características conhecidas, componentes 
do fato/fenômeno. É normalmente feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do 
fato/fenômeno/problema escolhido (SANTOS, 2000). 
 
7 
 
2016 a janeiro de 2017. O objetivo de estudo e o problema escolhidos visam à busca de 
interpretações sobre a doença. 
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das 
crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos 
humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser 
humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e 
por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e 
partilhada com seus semelhantes (MINAYO, 2010, p. 02). 
 
As técnicas para a coleta dos dados foram o levantamento bibliográfico, a 
observação participante (RICHARDSON, 1999; BRANDÃO, 1981); o registro no diário 
de campo; a análise das fichas sociais do hospital e a aplicação de entrevistas 
semiestruturadas (TRIVIÑOS, 1987; MANZINI, 1990​; 1991) para 6 (seis) mães, as quais 
foram gravadas e, posteriormente, transcritas. ​Foi adotada como critério a inclusão de 
mães ​a partir de 18 anos, oriundas da região dos Caetés, que encontram-se com seus 
recém-nascidos internados com diagnósticos de sífilis congênita. Todas​assinaram o 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 
A análise e a interpretação na pesquisa qualitativa têm como “foco principal a 
exploração do conjunto de opiniões e representações sociais sobre o tema que se pretende 
investigar” (GOMES, 2007). A diversidade de opiniões está presente nos diferentes 
grupos sociais, e a análise qualitativa deverá contemplar as diferenças de interpretações 
para o fenômeno pesquisado. 
O método qualitativo proposto para este estudo trabalhará com a análise de 
conteúdo: 
Os pesquisadores que buscam a compreensão dos significados no contexto da fala, em geral, 
negam e criticam a análise de frequências das falas e palavras como 
critério de objetividade e cientificidade e tentam ultrapassar o alcance 
meramente descritivo da mensagem, para atingir, mediante inferência, 
uma interpretação mais profunda (MINAYO, 2006 apud MINAYO; 
GOMES, 2008, p. 84). 
 
Os procedimentos metodológicos na análise de conteúdo na pesquisa qualitativa 
incluem as categorizações, inferência, descrição e interpretação, etapas que 
 
8 
 
necessariamente não ocorrem de forma sequencial (MINAYO, GOMES, 2008). A 
categorização é entendida como: 
Uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, 
seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com 
critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classe, as 
quais reúnem um grupo de elementos (unidade de registro) sob um 
título genérico (BARDIN, 1979 apud MINAYO; GOMES, 2008 p. 88). 
 
A outra etapa do procedimento metodológico é a inferência que se apresenta como 
uma dedução lógica sobre o conteúdo analisado, um trabalho de arqueólogo que trabalha 
com vestígios que se manifestam na superfície das falas, das mensagens dos sujeitos da 
pesquisa. A inferência é uma fase intermediária entre a descrição e a interpretação 
(GOMES, In DESLANDES​;​ GOMES​;​ MINAYO​,​2007). 
Como etapa conclusiva, a interpretação trata de uma redação que dialogue com os 
temas, os objetivos, questões da pesquisa. 
Para compor a pesquisa qualitativa, o estudo abordou a descrição que compõe o 
método etnográfico. A descrição para Geertz (1989) é comparada a um texto interpretado 
pelo pesquisador a partir das interpretações de outras pessoas. 
Nos escritos etnográficos acabados, inclusive os aqui selecionados, esse fato – de que o que 
chamamos de nossos dados são realmente nossa própria construção das 
construções de outras pessoas, do que elas e seus compatriotas se 
propõem ​[...]. 
Fazer a etnografia é como tentar ler (“no sentido de fazer uma leitura de”) um manuscrito 
estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e 
comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do 
som, mas com exemplos transitórios de comportamento modelado. 
(GEERTZ, 1989.p. 20). 
 
As entrevistas ocorreram na sala do setor de Serviço Social e, excepcionalmente, 
nas enfermarias, quando não estavam presentes outras mães. Para Sarmento (2005), a 
técnica da entrevista permite um relacionamento mais estreito entre o entrevistado e o 
entrevistador, e seu objetivo de colher mais informações pode ser mais bem sucedido. A 
base da entrevista é a valorização e a aceitação da pessoa humana, ouvir com atenção a 
narrativa para se aproveitar bem os comentários; e compreender o vocabulário do 
usuário, suas representações e valores dentro de seu contexto sociocultural. 
9 
 
A metodologia adotada neste estudo trabalhou com a coleta e a análise dos dados 
predominantemente qualitativos sob o olhar do método antropológico de pesquisa. Os 
dados coletados no formulário sobre o perfil socioeconômico das mães foram analisados 
a partir de um contexto social locorregional para compor os dados qualitativos e buscar 
desvendar os entendimentos sobre a doença, a sífilis congênita, para as mães com filhos 
internados no hospital.RESULTADOS E DISCUSSÕES 
________________________________ 
 
A apresentação dos dados está organizada em dois momentos. O primeiro por 
meio da apresentação de uma tabela com dados coletados a partir da ficha social do 
hospital, visando apresentar o perfil das mães dos recém-nascidos internados por sífilis 
congênita, tais como: idade; escolaridade; ocupação; estado civil; renda familiar e a 
procedência. E o segundo através das categorias coletadas por meio das entrevistas 
semiestruturadas, a partir da análise temática. As categorias são: 1) entendimento das 
mães sobre a transmissão da sífilis; 2) conhecimento das mães sobre as informações 
repassadas pelo profissional e 3) o entendimento das mães sobre a internação dos 
recém-nascidos. 
 
Tabela 1: ​Características gerais das mães entrevistadas, Hospital Santo Antônio Maria 
Zaccaria, 2016. 
 
Categorias Nº % 
Idade 
19-21 03 50 
22-24 03 50 
Escolaridade 
Ensino Fundamental Incompleto 05 83 
Ensino Médio Incompleto 
 
01 17 
10 
 
Estado Civil 
 
União Consensual 05 83 
Solteira 01 17 
Ocupação 
Do lar 05 83 
Lavradora 01 17 
Renda Familiar (em salário 
mínimo) 
 
 
> que um salário 04 67 
Um Salário 
< que um salário 
Renda per capta 
> que R$ 100,00 
Entre R$ 100,00 a R$ 300,00 
< que R$ 300,00 
Procedência 
 
Bragança 
 
Augusto Correa 
 
Tracuateua 
01 
01 
 
 01 
 04 
 01 
 
04 
 01 
 01 
16,5 
16,5 
 
16,5 
67 
16,5 
 
67 
16,5 
16,5 
Total: 06 100 
 
 
A partir dos dados coletados, constatou-se que a variação entre a idade mínima e a 
idade máxima das mulheres entrevistadas foi de apenas 5 anos, ficando entre 19 e 24 
anos. Do total das entrevistadas, 1 é lavradora e 5 são do lar. Percebe-se que, em sua 
maioria, não concluíram o ensino médio. 
Quanto ao estado civil, 5 convivem em união consensual com os cônjuges, fator 
que auxilia no tratamento, pois quando convivem juntos, o parceiro também é chamado 
11 
 
para realizar o exame de VDLR, com isso ambos realizam o tratamento, colaborando 
para a cura e a não transmissão. 
A tabela evidencia que 4 (quatro) das famílias têm rendimento familiar abaixo de 
01 salário mínimo; 1 (uma) família com renda de um salário mínimo e 1 (uma) família 
com renda superior a um salário mínimo, sendo que esta tem renda complementada por 
aposentadoria de um dos componentes da família. 
O local de moradia das mães foi o município de Bragança (4), município de 
Augusto Correa (1) e do município de Tracuateua (1), ressaltando que 3 (três) residem na 
zona rural dos municípios citados. 
Quanto ao nível de escolaridade das mães, o estudo não evidenciou a relação 
direta entre o baixo nível de escolaridade e o desconhecimento das mães sobre a doença e 
a sua prevenção, como afirma o autor Valderrama (2004) que a baixa escolaridade está 
associada à dificuldade ou a ausência de conhecimento sobre doenças sexualmente 
transmissíveis (DST) e a importância dos cuidados do pré-natal. Uma hipótese é a de que 
o não acesso ou a dificuldade de acesso ampliado da gestante ao serviço de saúde pública, 
a limita das informações e do tratamento. 
Quanto às dificuldades, os dados sobre o local de moradia revelaram as 
dificuldades de acesso. 
A distância do local de moradia das mães à sede do município, onde se concentra 
o maior número de equipamentos de saúde, é um dos fatores que contribuem para o alto 
índice da doença e a dificuldade de prevenção, controle e tratamento da doença e seus 
agravos. Ainda há baixa cobertura da atenção básica na região. 
Nas entrevistas, as mães relataram conhecer sobre a transmissão da doença, 
verbalizaram que a forma de transmissão da sífilis foi por relação sexual desprotegida. O 
conhecimento delas sobre a doença foi adquirido durante o pré-natal a partir das 
informações dos profissionais de saúde. Os dados demonstraram que elas adquiriram um 
determinado saber sobre a doença (a sua transmissão), majoritariamente, a partir do 
diagnóstico e das orientações da equipe da atenção básica, o que indica que o acesso dos 
12 
 
usuários aos serviços de saúde os apodera de conhecimentos, mas os conhecimentos 
ainda não foram suficientes para evitar o adoecimento. A prevenção ainda não é eficaz. 
Informamos que todas as participantes do estudo realizaram consultas de 
pré-natal, sendo que 5 (cinco) delas realizaram de 3 a 6 consultas, e foi realizado o exame 
de VDLR, confirmando a doença e iniciado o tratamento para sífilis. Uma das mulheres 
realizou apenas 1(uma) consulta, não realizando o exame de VDLR, fato que limitou o 
seu acesso ao conhecimento sobre sua situação de saúde. Pois quanto menor o 
conhecimento da gestante, maior a probabilidade de ela estar susceptível a adquirir 
determinada doença, isso porque o conhecimento é relevante para a mudança de atitudes 
e posturas principalmente no que se refere à transmissão de patologias, especificamente 
as que se apresentam em forma congênita (FIGUEIRÓ, 2007). Todas as participantes 
relataram que seus companheiros não gostam de usar preservativos. 
 
Como as mães ​entendem​a transmissão da Sífilis 
Através da relação sem camisinha. (M.1) 
Segundo a enfermeira, a gente pega do homem através da relação sem camisinha. (M.2) 
Pega do sexo, quando não usa camisinha. (M.3) 
Através da relação, assim me falaram no hospital. (M.4) 
Através do marido. (M.5) 
Peguei através da relação sexual sem uso de preservativo. (M.6) 
 
Ao serem abordadas sobre o entendimento da doença, a fala das mulheres abordou 
sobre a transmissão que, segundo elas, ocorre por meio da relação sexual desprotegida. 
Elas não revelaram o agente etiológico transmissor (​Treponema pallidum​). Em nenhuma 
das falas houve pelo menos a referência da transmissão por uma bactéria. A denominação 
da própria doença (sífilis) foi ocultada. A não identificação do agente etiológico e a 
ocultação da identificação da doença poderão levar às diferentes explicações e 
representações, inclusive as mágico-religiosas, presentes na cultura local. Afinal, o que 
infectou o seu parceiro? Quem é o causador da doença? O agente causador (agente 
13 
 
etiológico) é inato ao parceiro ou está disseminado no meio ambiente? Quais as teorias 
sobre a história do agente etiológico e sobre o seu hospedeiro? Por que eles adoecem? 
Um dos achados do estudo nos levou a pensar sobre a transmissão pela mulher. 
Durante o trabalho de campo, as mães relataram que adquiram a doença do parceiro e não 
verbalizaram que elas também são transmissoras da doença. O fato de a transmissão das 
DST também ocorrer por meio do ato sexual, o que, em alguns casos, neste estudo foi 
interpretado como relação extraconjugal pelo parceiro, coloca a mulher na situação de 
receptora da doença, numa postura passiva. 
Na sociedade patriarcal brasileira, o domínio masculino é imposto, inclusive 10
pela permissão velada dainfidelidade masculina, com maior aceitabilidade e com menor 
repressão do que a infidelidade feminina. Uma das interpretações é a de que a mulher não 
admitindo a transmissibilidade da doença, a inocenta da infidelidade, reforçada pelo fato 
de estar grávida do parceiro. Uma desconfiança da fidelidade da mulher poderia provocar 
conflitos e rompimentos. 
Ao mesmo tempo é necessário ficarmos atentos para o papel da mulher como 
receptora passível, pois o seu não entendimento ou a negação da transmissão poderão 
impedir ou dificultar o tratamento, assim como, a disseminação da doença. 
Além do diálogo qualificado entre profissional de saúde e usuárias, por meio do 
vínculo e do conhecimento do que é silenciado pelas mulheres, enfatizamos a sífilis como 
problema de saúde pública, que exige dos profissionais de saúde e gestores mudanças 
referentes à abordagem das formas de educação sobre o agente etiológico e a transmissão, 
os sinais e sintomas, à gravidade de um diagnóstico tardio, além da necessidade de 
intensificar as campanhas para a prevenção (SES-SP, 2008). Esclarecer sobre as formas 
de prevenção é uma das formas mais seguras de garantir a saúde de mulheres e homens 
no país. Nesse contexto, seria aconselhável que o exame (VDRL) também fosse 
10HOLANDA, Sérgio Buarque. ​Raízes do Brasil​. 26º edição. São Paulo. Companhia das Letras: 1995. 
 
 
14 
 
recomendado nas consultas ginecológicas e não somente quando a mulher estiver grávida 
(SILVA, 2004). 
 
Entendimento das mães sobre a internação dos recém-nascidos 
 
A Sífilis Congênita é resultado da infecção do feto por meio da transmissão 
vertical pelo ​Treponema pallidum​, quando a gestante infectada não é tratada ou é tratada 
inadequadamente. A doença é passível de eliminação, desde que a mulher infectada seja 
identificada e tratada antes do parto. Sendo necessário o compromisso dos profissionais 
da atenção básica, em informarem às mães sobre a transmissão da sífilis para o concepto, 
bem como da hospitalização e dos riscos ao recém-nascido. 
No trabalho de campo, as mães relataram que não receberam informações na 
atenção básica sobre a possível transmissão da sífilis para o recém-nascido, caso o 
tratamento não fosse realizado ou realizado inadequadamente. Foi no momento da 
internação do recém-nascido, que as mães foram informadas sobre a causa da internação 
dos seus filhos. 
As mães ao serem perguntadas sobre seu entendimento da causa da internação dos 
seus filhos recém-nascidos relataram: 
 
Meu bebê tá lá porque pegou a doença de mim. (M.1) 
Porque ele nasceu com o mesmo problema que eu. (M.2) 
Não sei, não me falaram nada. (M.3) 
Sim, porque a doença passou pra ele. (M.4) 
Porque tá com sífilis. (M.5) 
Porque a sífilis passou para o meu bebê durante a gestação. (M.6) 
 
No período pós-parto, na internação dos seus filhos, é que as mães são informadas 
de que transmitiram a doença para os filhos. Após a intervenção da equipe de saúde do 
Hospital, a mãe é informada de que seu filho está infectado e ela passa a ser também um 
agente de transmissão da doença. 
15 
 
O agente etiológico ainda não foi identificado pelas mães, tornando-se invisível. 
Elas referem “a doença”, e duas referem o nome “sífilis”, mas não desvendaram o 
significado da doença para elas. Ainda há o ocultamento sobre a identificação da bactéria, 
do causador, o que podemos inferir foi que o agente transmissor poderá ser identificado 
como sendo o marido, e no caso da SC, ela, a mãe. 
O desconhecimento do agente etiológico da sífilis pelas usuárias reflete, na forma 
de educação trabalhada pelos profissionais de saúde, que há informação da doença aos 
usuários, no entanto, ainda não há conhecimento sobre a doença, induzindo os usuários 11
a indicarem como causadores da doença o parceiro e a mãe, o que prioriza a ideia de 
culpabilização do doente, transferindo, muitas vezes, a responsabilidade do Estado ao 
indivíduo, que é coagido a exercer a prevenção, mesmo que não seja ofertada ou a oferta 
seja inadequada dos serviços públicos de saúde nos municípios. Indicamos a inclusão nas 
orientações tanto da história da doença, seu agente etiológico e o seu hospedeiro, quanto 
na utilização de metodologias adequadas ao público alvo. 
 
 
 
Entendimento​ das informações repassadas pelo profissional do HSAMZ 
O Hospital realiza as informações gerais e programa ações de educação em saúde, 
destinadas às mães, prioritariamente, incluindo os companheiros e maridos. O estudo 
perguntou às mães sobre o entendimento delas quanto ao que é informado pelos 
profissionais de saúde do Hospital. 
Não conversam muito comigo, só quando vou dar mama que elas me ensinam 
sobre como amamentar. (M.1) 
Só converso com a enfermeira, mas entendo sim, meu filho está recebendo 
antibiótico e falta só 3 dias. (M.2) 
11ANTUNES, Celso -1937-Como transformar informações em conhecimento/Celso 
Antunes.6.ed.-Petropolis,RJ:Vozes,2007. 
 
 
16 
 
Eu converso com uma que se chama Mary, mas não sei o que ela é, não entendo o 
que ela me diz. (M.3) 
Sim, conversei uma vez com a enfermeira e a médica, mas depois passei a 
conversar com a técnica de enfermagem, mas não sei o nome dela. (M.4) 
Sim, veio uma mulher lá de dentro, só não sei o nome dela. Explicou que o bebê 
precisava ficar internado porque tá com essa “doença no sangue” e disse que ia me 
explicar sobre a rotina. (M.5) 
As técnicas conversam comigo e eu entendo tudo sim, me informaram sobre a 
rotina, os cuidados e o tratamento do meu filho. (M.6) 
Durante o período de internação dos recém-nascidos que é de 7 (sete) a 10 (dez) 
dias, as mães são orientadas pela médica e pela enfermeira sobre o diagnóstico do 
recém-nascido, a rotina da unidade neonatal e os cuidados diários ao RN, bem como 
recebem acolhimento da equipe psicossocial e participam semanalmente da atividade de 
educação em saúde ministrada pela equipe multiprofissional. 
Quatro das entrevistadas relataram entender as informações recebidas pela equipe 
da unidade neonatal referentes à rotina e aos cuidados ao recém-nascido durante o 
tratamento. 
A equipe prioriza o diagnóstico e o cuidado com o RN, e não foi revelado pelas 
mães que eles explicam sobre o agente etiológico e nem sobre o seu hospedeiro, mais 
uma etapa do tratamento e não há informação sobre a causa. A preocupação da equipe é a 
de ensinar como cuidar, tratar e não inclui os porquês do adoecimento. 
O relato das mães na entrevista foi complementado com o trabalho de campo no 
qual foi registrado, a partir de conversas informais e observações, que a maioria das mães 
se mostrou receosa durante o acompanhamento diário do recém-nascido, relatando que há 
pouca comunicação dos profissionais com elas, ou seja, não estabelecendo uma relação 
de confiança entre usuário e profissional. Elas são informadas, mas o contato com a nova 
situação de ter parido um filho infectado, que o diferencia,no que se refere aos cuidados, 
ao ser comparado aos outros filhos recém-nascidos, traz a sensação de insegurança e, 
provavelmente, a necessidade de estabelecimento de vínculo com a equipe de saúde, 
17 
 
dificultado pelo curto período de internação (7 a 10 dias). Há um tempo a ser vivido entre 
a informação e o conhecimento a ser estabelecido pela dialética entre o que é dito e o que 
é feito (vivido). A informação tardia sobre a transmissão vertical também interfere no 
tratamento hospitalar, pois a mãe necessita de tempo para assimilar e refletir sobre a nova 
situação. 
As mães entendem a necessidade de permanecerem no Hospital para o 
acompanhamento diário, para que se estabeleça o vínculo afetivo, o mais rápido possível, 
por meio do afeto entre mãe e filho, traduzido nos cuidados e na amamentação. 
A presença da mãe durante o período de internação é indiscutivelmente 
necessária. Estudos enfatizam a importância dos cuidados maternos e da permanência das 
mães junto aos filhos ​após o nascimento​, pois q​uando mãe e filho permanecem juntos, 
inicia-se uma série de acontecimentos sensoriais, fisiológicos, imunológicos e 
comportamentais, muitos dos quais contribuem positivamente para a ligação do binômio 
mãe-filho (​VICTOR et, al​, 2010). 
 
A intervenção do serviço social na unidade neonatal do Hospital 
O nascimento de um bebê é marcado por sonhos, expectativas e emoções pela 
chegada do novo integrante ao seio familiar, no entanto, quando o recém-nascido é 
encaminhado para a unidade neonatal mãe e bebê são separados, causando sofrimento, 
angústias, estado de ansiedade e, em alguns casos, sentimento de culpa. Por isso, a 
necessidade de cuidados especiais aos integrantes desse contexto (Brasil, 2002). Para 
muitas mães e familiares, a unidade neonatal é um ambiente hostil, que causa insegurança 
e medo diante da internação dos recém-nascidos. 
Dittz (2009) afirma que, durante a internação do recém-nascido, a mãe sente-se 
dividida entre permanecer no Hospital e atender às demandas do companheiro, dos outros 
filhos, dos familiares e dela própria. Diante dessas demandas, faz-se necessária a atuação 
do Assistente Social, estando atento às particularidades do momento vivido por cada uma 
delas, criando espaços de escuta qualificada, buscando auxiliar a mãe no enfrentamento 
dessa nova realidade e identificando as necessidades e demandas da mãe para apoiá-la no 
18 
 
enfrentamento da situação, entendendo que cuidar do recém-nascido implica também 
cuidar da mãe e da família. 
Muitas vezes nos deparamos com mães fragilizadas emocionalmente por não 
entenderem sobre a internação e o tratamento da sífilis congênita. Como bem ressalta 
Martinelli (2011): 
No atendimento direto aos usuários, trabalhamos com pessoas 
fragilizadas que nos pedem um gesto humano: um olhar, uma palavra, 
uma escuta atenta, um acolhimento, para que possam se fortalecer na 
sua própria humanidade (p. 499). 
De acordo com Martinelli (2011), o profissional eticamente comprometido deve 
ter um olhar que ultrapasse os muros do hospital, buscando os núcleos de apoio na 
família, na comunidade, lugares sociais de pertencimento onde se dá o cotidiano de vida 
das pessoas. É na cotidianidade da vida que a história se faz, é aí que se forjam 
vulnerabilidade e riscos. 
Por outro lado, é também esse compromisso ético político que deve nos fazer 
avançar na sistematização das ações e na construção de conhecimentos. Pois hoje o 
serviço social é uma profissão analítica e interventiva que busca estratégias que 
possibilitem a efetivação do direito à saúde, prestando serviços e benefícios diretos à 
população, fundadas na garantia de direitos sociais. 
A maioria dos usuários atendidos pelo serviço público de saúde não tem acesso às 
informações sobre seus direitos e nem a conhecimentos qualificados sobre o processo 
saúde-doença, conhecimentos esses que promovem a autonomia e o autocuidado, que é 
parte do direito dos usuários. O entendimento do adoecimento, no caso da sífilis e da 
sífilis congênita, tanto na perspectiva da sua apresentação biomédica, como sendo um 
problema de saúde pública, diretamente ligado à prevenção, possibilitará o usuário ao 
entendimento contextualizado, o que poderá acionar mecanismos de reivindicação à 
qualidade dos serviços públicos de saúde. Daí a importância da intervenção do Assistente 
Social no processo saúde/doença para atender às demandas dos usuários. Como relata 
Martinelli (2011), o Serviço Social, como área de conhecimento e de intervenção na 
19 
 
realidade humana social, deve mobilizar-se, cada vez mais intensamente, na perspectiva 
da assistência integral à saúde da população atendida. 
Constatou-se que o(a) Assistente Social, na sua prática, atua de forma ética e 
compromissada, oferecendo diariamente atendimento humanizado aos pacientes e 
familiares, viabilizando o atendimento das necessidades sociais e do acesso aos direitos a 
eles inerentes, garantidos pelas políticas públicas. Ele éum profissional que atua 
diretamente nas questões sociais dos usuários, preparado para dar suporte e atuar como 
elo entre usuário, instituição e família, na busca pela garantia de direitos e mediando o 
bem estar biopsicossocial. 
Para uma intervenção humanizada e inclusiva, é fundamental que o(a) profissional 
busque estratégias e técnicas apropriadas para orientar as mães, adotando a concepção de 
educação emancipatória (FREIRE, 1997), considerando os sujeitos sociais históricos, 
respeitando seus saberes locais, interpretando os “silêncios” e seus entendimentos sobre 
os fenômenos sociais. Esse profissional deve adotar um diálogo inclusivo e aberto, com 
uma linguagem acessível, para que essas mães sintam-se inseridas no processo de 
adoecimento, tratamento e cuidado. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
_______________________________ 
 
O trabalho de campo, as fichas de avaliação social e as entrevistas identificaram 
que as mães apresentavam informações iniciais em relação ao tratamento da sífilis, 
adquiridas durante o pré-natal, portanto, na Atenção Básica. Sobre a sífilis congênita, as 
mães foram informadas apenas no momento da internação dos seus filhos, no pós-parto. 
As principais informações sobre a doença identificadas nos relatos foram sobre a 
transmissão, e ficou invisibilizado o agente etiológico e o esclarecimento sobre o 
hospedeiro. 
A transmissão foi entendida, inicialmente, como dos homens para as mulheres 
pelo ato sexual desprotegido, ocultando inicialmente a mãe como transmissora, como 
20 
 
infectante. Algumas das interpretações para esse entendimento foi a de que a mãe grávida 
é “protegida” pela ideologia da sociedade patriarcal, neste caso sobre a interpretação da 
infidelidade, pois para o homem é permitida de forma velada a infidelidade conjugal. 
Esta interpretação está associada à concepção sobre o contágio por meio das DoençasSexualmente Transmissíveis (DST), das relações extraconjugais, em que o homem, em 
tese, seria o protagonista. 
A interpretação requer alerta, na medida em que oculta a transmissão da doença 
pela mulher, colocando-a fora do contexto por determinado período - a gestação. Esta 
interpretação sugere pensar sobre a questão dos possíveis abandonos, descontinuidade do 
tratamento pelas mulheres infectadas ou ainda pelo reduzido número de consultas durante 
o pré-natal, insuficientes para a cura da sífilis ou ainda pela reinfecção pelo ato sexual 
desprotegido. O que o estudo pôde comprovar foi que como a transmissibilidade das 
mães não foi verbalizada, ela descobre tardiamente que transmite a doença ao seu filho, o 
recém- nascido, no seu pós-parto. É informada sobre o fato pela equipe de profissionais 
do Hospital, com a qual não manteve vínculo durante a sua gravidez, retardando os 
entendimentos sobre a transmissão e sobre o processo do cuidado com os 
recém-nascidos. 
As concepções sociais sobre a doença interferem e influenciam sobre o 
conhecimento das mães sobre a doença, o patriarcalismo, o modelo hegemônico que 
define socialmente o papel da mulher e o do homem, mediado pela relação sexual de um 
casal, que representa a família, tornam-se uma questão a ser considerada pela saúde 
pública. 
Os achados sobre a invisibilidade do agente etiológico e do hospedeiro pelas mães 
estão relacionados à interpretação sobre a doença, elas não identificaram o ​Treponema 
pallidum ​como a bactéria causadora da doença e não diferem o agente etiológico do 
hospedeiro, transferindo toda a responsabilização do adoecimento e transmissão, 
inicialmente, ao homem. Possivelmente a não informação ou pouca informação, ou ainda 
a forma de repasse da informação pelos profissionais de saúde sobre o agente e o 
hospedeiro geraram uma interpretação de que o agente é o próprio homem e, 
21 
 
posteriormente, a mulher-mãe ao infectar o seu filho recém-nascido. Acreditar que o 
próprio homem e a mãe são os causadores da doença, devido a não entender a 
diferenciação entre o agente etiológico e o hospedeiro poderá interferir no tratamento, 
com a crença de que não haverá cura da doença, uma tese de que ela está inata aos 
homens e mulheres. 
Estudos antropológicos sobre rituais de cura pelo xamanismo (MAUÉS, 2002) 
abordam que neles o curandeiro expulsa o agente causador da doença num ato de sugar 
de algum lugar do corpo do doente o agente que causa a doença. A materialização (objeto 
que represente a doença, por vezes um inseto) do agente e sua expulsão do corpo 
simboliza a eficácia da cura. Esta referência parece ser uma aproximação para entender a 
lógica das mães, entender que há algo externo-interno que se hospeda no ser humano e a 
medicação é um dos mecanismos de expulsá-lo do corpo (organismo) do homem e da 
mãe e, posteriormente, do recém-nascido. 
Outra interpretação é a de que não identificados o agente etiológico e o 
hospedeiro, aliada à ideia de promiscuidade e/ou de infidelidade conjugal há a 
culpabilidade ao homem (companheiro) ou à mulher (mãe), o que gera a disseminação da 
doença como causa unicamente individual, desresponsabilizando o poder público pela 
saúde pública, ligada diretamente à prevenção e ao tratamento da doença. Os 
profissionais de saúde devem estar atentos ao acolhimento e às orientações aos usuários, 
e a abordagem deverá ser orientada tanto pelo conhecimento biomédico sobre a doença, 
como pelos princípios da reforma sanitária brasileira, principalmente quanto ao 
compromisso do Estado pelo direito à saúde, desde a promoção da saúde, prevenção e 
reabilitação de doenças. 
Sobre a relação familiar, uma das constatações foi a da ausência do companheiro 
no processo de internação do recém-nascido, dificultando o tratamento do casal e o 
fortalecimento dos vínculos imediatos do pai com o recém-nascido. Portanto, é preciso 
pensar num atendimento mais ampliado, fazendo com que o companheiro participe 
ativamente em todo o processo de gestação, parto e pós-parto,o que já é preconizado pelo 
Ministério da Saúde, com isso facilita a recuperação da saúde de ambos, por meio das 
22 
 
informações que serão oferecidas, além de contribuir para a recuperação do 
recém-nascido durante a internação, pelo fortalecimento dos vínculos. 
Aos profissionais de saúde fica a sugestão de incorporar nas suas ações a visão 
êmica das mães sobre a saúde-doença, neste estudo, os seus entendimentos e os seus 
silêncios sobre a sífilis e a sífilis congênita. Incluir nas orientações e outros processos 
educativos aos usuários, conhecimentos tanto do agente etiológico e o hospedeiro como 
da compreensão das concepções sócio históricas sobre família e Estado patriarcal. Tais 
concepções interferem e redefinem os entendimentos sobre o adoecimento e o tratamento 
de doenças, alertando para que os profissionais atuem como tradutores, facilitadores no 
processo saúde-doença, adotando métodos educativos emancipatórios, que considerem o 
sujeito social e seus saberes, acrescentando com linguagem e signos culturais acessíveis 
aos usuários a compreensão do processo no seu contexto e na sua totalidade (agente 
etiológico e hospedeiro – processo de saúde-doença – saúde pública). 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ANTUNES, Celso -1937-Como transformar informações em conhecimento/Celso 
Antunes.6.ed.-Petropolis,RJ:Vozes,2007. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação 
de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – análise do 
contexto da gestão das práticas de saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de 
DST/AIDS. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso. 2. ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2005. 
 
BRANDÃO, C. R. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981. 
 
BRAVO, Maria Inês Souza; UCHÔA, Roberta; NOGUEIRA, Vera; MARSIGLIA, Regina; 
GOMES, Luciano; TEIXEIRA, Marlene (Org.). Serviço Social e Saúde. Formação e 
Trabalho Profissional. São Paulo: Cortez; ABEPSS; OPAS; OMS; Ministério da Saúde, 
2006. 
 
DITTZ, E.S. A mãe no cuidado do recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva 
Neonatal. 2009. 147 p. Tese (Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente) 
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. 
 
23 
 
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1986. 
 
FIGUEIRÓ-FILHO, E. A. et al. Frequência das infecções pelo HIV-1, rubéola, sífilis, 
toxoplasmose, citomegalovírus, herpes simples, hepatite B, hepatite C, doença de Chagas 
e HTLV I/ II em gestantes, do Estado de Mato Grosso do Sul. Rev. Soc. Bras. Med. 
Trop., v. 40, n. 2, p. 181-187, mar./abr. 2007. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.4ª edição. São 
Paulo. Paz e Terra, 1997. 
 
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26º edição. São Paulo. Companhia das 
Letras: 1995 
INSTITUTOANTROPOS. Bancos de dados. 2016. Disponível em: 
http://www.brasil.antropos.org.uk​. Acesso em: 22 jan. 2016 
 
MAGALHÃES, D. M. S; KAWAGUCHI, I. A. L; DIAS, A.; CALDERON, I. M. P. Sífilis 
materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saúde Pública, v. 29, n. 6, p. 1109-1120, 
2013. 
 
MANZINI, E. J. A Entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 
1990/1991. 
 
MARTINELLI, M. L. O trabalho do assistente social em contextos hospitalares: desafios 
cotidianos. P. 499, 2011. 
 
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Catolicismo e Xamanismo: comparação entre a cura no 
Movimento Carismático e na pajelança rural amazônica In Ilha: Revista de 
Antropologia/Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em 
Antropologia Social, v. 4, n. 2 (2002). Florianópolis: UFSC, 2002. 
 
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S.; 
GOMES, S. F. D., R. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27. ed. 
Petrópolis: Vozes, 2008, p.9-29. (ColeçãoTemasSociais). 
 
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 
29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. (Coleção temas sociais). Resenha. Publicado em ​2 de 
janeiro de 2013​ por ​Mario Gaudencio​. Acessado em 23/01/2017. 
 
MULLICK, S; BRONTET, N; HTUN, Y; TEMMERMANN, M; NDOWA, F. Controlling 
congenital syphilis in the era of HIV/AIDS. Bull World Health Organ, v. 82, n. 6, p. 
431-432, 2004. 
 
MINISTÉRIO DA SAÚDE.Ações estratégicas para redução de sífilis no Brasil. 
24 
 
Fonte: MS/SVS/Sistema de Informação de Agravos de Notificação, 2016. Acessado em 
23/01/2017. 
 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. Cadernos de Informações de Saúde-Pará, maio 
de 2010. ​http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/cadernosmap.htm​. Acesso em: 
27.01.17. 
 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Eliminação mundial da sífilis congênita: 
fundamento lógico e estratégia para ação. Brasília: OMS, 2008. 
 
PORTAL DA SAÚDE SUS. ​Histórico CoberturaEsf - dab - Ministério da Saúde​.​Fonte: 
MS/SAS/DAB e IBGE. Site: dab.saude.gov.br/portaldab/historico_cobertura_sf.php. 
Acessado em 30/01/2017. 
 
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas;1999. 
 
RODRIGUES, C. S; GUIMARÃES, M. D. C. Grupo nacional de estudo sobre sífilis congênita. 
Positividade para sífilis em puérperas: ainda um desafio para o Brasil. Rev. Panam. 
Salud. Pública, v. 16, n. 3, p. 168-75, 2004. 
 
RODRIGUES, C. S. Sífilis na Gestação e Puerpério: Oportunidades estratégicas para sua 
prevenção e controle, Brasil, 2000. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2005. 
 
SANTOS, Antônio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 3 edição. 
Rio de Janeiro. DP&A editora, 2000. 
 
SILVA L. R, Santos RS. O que as mães sabem e sentem sobre a sífilis congênita: um 
estudo exploratório e suas implicações. Esc. Anna Nery. 2004; 8 (3): 393-401. 
Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP). Serviço de Vigilância Epidemiológica; 
Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP; Coordenadoria de Controle de 
Doenças CCD. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev Saúde Publica. 2008; 42 (4): 
768-72. 
 
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE (SES-SP). Serviço de Vigilância 
Epidemiológica; Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP; Coordenadoria de 
Controle de Doenças CCD. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev Saúde Publica. 
2008; 42 (4): 768-72. 
 
SOUZA KMJ de, DUARTE L and SA, PALHA PF, NOGUEIRA JA de, VILLA TCS, 
FIGUEIREDO DA. Tuberculosistreatmentdrop out 
andrelationsofbondingtothefamilyhealthteam. RevEscEnferm USP. [on-line]. 2010. 
[citado 2013 jul 24]; 44(4):904-910. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/en_07.pdf​. 
 
25 
 
STARFIELD B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e 
tecnologia. Brasília: Ministério da Saúde/UNESCO; 2002. 
 
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em 
educação. São Paulo: Atlas, 1987. 
 
VALDERRAMA, J; ZACARIAS, F; MAZIN, R. Sífilis materna y sífilis congênita em América 
Latina um problema grave de solucionsencilla. Rev. Panam. Salud Publica, v. 16, n. 3, p. 
211-217, 2004. 
 
VICTOR. J. Fonseca; BARROSO. L. M. M; TEIXEIRA. A. P. V; AIRES. A. S; Araújo. 
I. M. Sífilis congênita: conhecimento de puérperas e sentimentos em relação ao 
tratamento dos seus filhos. ​Rev. Eletr. Enf.[Internet]. 2010;12(1):113-9. Available from: 
http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n1/v12n1a14.htm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA SOCIAL DO HOSPITAL SANTO ANTÔNIO 
MARIA ZACCARIA 
ATENDIMENTO SOCIAL 
 
SAME :​__________​ATENENTO​: ____________ CNS:________________________ 
UNIDADE DE TRATAMENTO:_______________________ Leito:_______________ 
 
1 – IDENTIFICAÇÃO DA PUÉRPERA 
Nome:______________________________________________________________ 
Idade:___________ Data de Nascimento:______/______/______ 
Endereço:___________________________________________________________ 
Perímetro:___________________________________________________________ 
Bairro:_______________________ Cidade:_________________________ 
Estado:______________ 
 
2 – ​ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS 
Estado Civil: _______________________________ 
Escolaridade:_____________________________ Religião: ____________________ 
Profissão/Ocupação: __________________________________________________ 
Núcleo Familiar​:__________________ Nº de pessoas:________________________ 
___________________________________________________________________ 
Renda Familiar: R$________________ Renda per capita:___________________ 
27 
 
 
3 - SITUAÇÃO DE MORADIA: ​( ) Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) De favor 
( ) Financiada por Programa Social Qual?________ ( )Abrigo ( )Situação de rua 
Localização: ( ) Urbana ( ) Rural Outros:___________________ 
Tipo de moradia: ​( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Taipa ( ) Palha Outros: ____ 
Nº de compartimentos:_______________ em construção ( ) concluída ( ) 
Tipo de Banheiro: ( ) Interno ( ) Externo 
Tipo de Telhado:( ) Barro ( ) Cimento ( ) Laje ( ) Palha Outros: __________ 
Tipo de Piso:( ) Barro ( ) Cimento ( ) Lajota ( ) Chão Outros: ___________ 
Serviço de água: ( ) Poço Artesiano ( ) Poço Amazonas ( ) Igarapé ( ) Encanada 
do Sistema Público Outros:_______________ 
Fornecimento de Energia: ( ) Sim ( ) Não Tarifa Social ( )Sim ( )Não 
 
4 - PROGRAMAS SOCIAIS: 
A família está incluída em Programas Sociais? ( ) SIM ( ) NÃO 
Quais?________________________________ 
 
5 – ​RAS NO TERRITÓRIO ONDE RESIDE ​( ) UBS ( )UBS-ESF ( ) Hospital 
( ) CAPS ( ) CENTRO DE REABILITAÇÃO ( ) CTA 
 
6 - REALIZOU PRÉ-NATAL?:​( ) Sim ( ) Não 
Nº de consultas: _____________ Onde: __________________________________ 
Realizou PCCU nos últimos anos:( ) Sim ( ) Não 
 
7 – SERVIÇO DE REFERÊNCIA​: 
28( ) UPA CAPANEMA ( )HGB ( ) HCB ( )HMT ( )HBA ( ) PORTA DA 
UE DO HOSPITAL OUTROS:_________________ 
FLUXO REGULADOR: ( ) SER ( )SISREG OUTROS: ___________________ 
SERVIÇO DE REMOÇÃO: ( ) AMBULÂNCIA TIPO A ( ) SAMU 192 USB ( ) 
SAMU 192 USA SAMU 192 USB ( )CORPO DE BOMBEIRO ( )PM 
 
Data ​da Internação de RN: ________/______/_______ 
Diagnóstico Inicial: ____________________________________________________ 
Diagnóstico Final: ____________________________________________________ 
Data de alta por melhora:______/______/_______ 
Data de alta por transferência:______/______/_______ 
Data de alta por óbito:______/______/_______ 
5- RESPONSÁVÉIS PELAS INFORMAÇÕES​: 
NOME:______________________________________________________________ 
GRAU DE PARENTESCO:______________________________________________ 
NOME:______________________________________________________________ 
GRAU DE PARENTESCO:______________________________________________ 
 
6- PESSOAS DE REFERÊNCIAS PARA VISITAS E INFORMAÇÕES 
1- NOME:________________________________________________________ 
GRAU DE PARENTESCO:_____________ TEL DE CONTATO_______________ 
___________________________________________________________________ 
2- NOME:____________________________________________________________ 
GRAU DE PARENTESCO:_____________ TEL DE CONTATO_______________ 
___________________________________________________________________ 
ANOTAÇÕES ADICIONAIS​: 
29 
 
___________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
Bragança,__________ de _____________________ de 2016. 
 
TÉCNICO RESPONSÁVEL: 
 
 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
 HOSPITAL SANTO ANTÔNIO MARIA ZACCARIA 
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA 
 MULHER E DA CRIANÇA 
 
 
ROTEIRO DE ENTREVISTA 
 
1 - História de vida 
Nascimento 
Adolescência 
Fase adulta 
Gravidez 
Moradia 
Família 
 
2- Sobre a saúde-doença 
Descoberta (quando, como, nome da doença, identifica a doença com o que). 
Informações sobre a doença (onde, quando, como, quem informou). 
30 
 
Tratamento (o que conhece, como é o tratamento, quem cuida, dificuldades, facilidades, o 
que gosta, o que não gosta). 
Remédios (quais, como toma, do que gosta, do que não gosta, as dificuldades, as facilidades) 
Transmissão (o que sabe sobre a doença e a gravidez, associa ou identifica a transmissão a 
quê). 
Sentimentos (medo, dor, solidão, raiva, etc.). 
Relação profissional de saúde e ela (quem a atende, quantas vezes falou com o profissional, o 
que entendeu sobre a doença e sobre a transmissão, do que gosta no profissional, do 
que não gosta no profissional, entendi o que ele explica/informa). 
 
3- Internação 
Hospital (como chegou, conhece o porquê da internação do(a) filho(a), identifica o local que 
a criança está internada). 
Unidade de internação (descrever a unidade, o que entende que o filho(a) está fazendo na 
unidade de internação, qual a expectativa). 
Profissionais (quem ela identifica como profissionais da saúde, sabe o nome de algum 
profissional, quem conversa com ela, ela entende as informações/explicações sobre a 
saúde do filho (a), quais as dificuldades, quais as facilidades). 
Sentimentos (quais os sentimentos dela sobre o filho(a) internado(a)). 
Expectativa para o futuro (o que deseja para ela e para o filho(a)).

Mais conteúdos dessa disciplina