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Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Ciências da Saúde 
Departamento de Odontologia 
Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
BIOLOGIA DO MOVIMENTO DENTAL 
 
Autores 
Prof. Dr. Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas 
Profa. Dra. Hallissa Simplício 
Prof. Dr. Arthur César de Medeiros Alves 
 
Introdução 
O entendimento de como é possível movimentar um dente no osso é a 
base do tratamento das displasias dentoesqueléticas. Observa-se que este 
princípio só é possível a dois fatores, sendo eles: (1) plasticidade do tecido 
ósseo (apesar de ser uma das estruturas mais rígidas do corpo humano) e a (2) 
presença do ligamento periodontal. 
Contudo, antes de iniciarmos a discussão sobre o assunto é de 
fundamental importância conhecer a estrutura do periodonto onde o 
movimento é realizado. Didaticamente, podemos dividir o periodonto em 
proteção e suporte. Vejamos os detalhes: 
 
Periodonto de proteção 
É constituído pela gengiva. 
Gengiva 
É um tecido epitelial pavimentoso estratificado, onde as células da 
camada basal migram para as camadas adjacentes auxiliando a integridade 
do tecido. É a primeira barreira de proteção do periodonto. 
Abaixo do tecido epitelial, existe uma camada de tecido conjuntivo 
denso, formado em grande parte por fibras colágenas. Estas estão dispostas 
de modo característico determinando o aspecto natural da gengiva (aspecto 
casca de laranja). 
Entre as fibras podemos citar: 
• Fibras circulares: circundam todas as faces do dente, estando dispostas 
na gengiva livre; 
	
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Ciências da Saúde 
Departamento de Odontologia 
Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
• Fibras dentogengivais: migram do cemento da porção supra alveolar 
da raiz até a gengiva; 
• Fibras dentoalveolares: migram do cemento da porção supra-alveolar 
da raiz até a crista óssea alveolar; 
• Fibras transeptais: migram do cemento da porção supra-alveolar da raiz 
de um dente até a mesma região do dente vizinho. 
A gengiva pode ser dividida em: 
• Livre: 0 a 2 mm de comprimento 
• Inserida: aspecto casca de laranja, e na região vestibular limita-
se à mucosa alveolar pela linha mucogengival. No palato não é 
possível fazer esta diferenciação. 
Periodonto de sustentação 
É constituído pelo cemento, ligamento periodontal e o osso alveolar. 
Cemento 
Tecido conjuntivo mineralizado formado por linhas incrementais, 
avascular e apresenta uma porção acelular (terço cervical) e celular (terço 
médio e apical). 
Ligamento periodontal 
Tecido conjuntivo frouxo de 0,25 mm de espessura +/- 50%, 
vascularizado e celular. Entre os componentes celulares cita-se as células 
mesenquimais indiferenciadas, os restos epiteliais de Malassez, os blastos 
(fibroblastos, osteoblastos, cementoblastos) e os clastos. 
Este tecido é rico em fibras colágenas, entre elas cita-se: 
• Fibras alveolares; 
• Fibras oblíquas; 
• Fibras horizontais; 
• Fibras apicais; 
• Fibras interdentais 
Além disso, todas essas estruturas estão banhadas por um fluido tissular 
responsável pelo amortecimento do dente e criação de um meio adequado 
para atividade celular. O ligamento periodontal é a estrutura responsável pela 
movimentação dentária (fisiológica ou induzida). 
	
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Ciências da Saúde 
Departamento de Odontologia 
Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
 
 
Osso 
Tecido mineralizado vascular e celular composto por osso compacto 
(lâmina dura) e osso esponjoso (osso medular). No osso medular observam-se 
canais nos espaços medulares (canais de Volkman), onde encontram-se os 
vários vasos sanguíneos e fluido tissular que circula dos espaços medulares até 
o ligamento periodontal. 
A movimentação dentária pode ser dividida em fisiológica e induzida. 
Na fisiológica compreende os eventos relacionados à irrupção dentária, 
enquanto que na induzida pode ser determinada por forças externas como 
hábitos de interposição lingual, sucção de dedo e chupeta, deglutição 
atípica, entre outros, assim como o movimento ortodôntico. 
Além desses, cita-se também as migrações dentárias que ocorrem 
quando o equilíbrio é perdido em caso de perda precoce de dentes. 
 
Teorias de movimentação dentária 
Por muitos anos, e até os dias de hoje, pesquisadores estudam os 
eventos relacionados à movimentação dentária. Entre as principais teorias, 
podemos citar: 
• Teoria da piezoeletricidade; 
• Teoria da pressão-tração; 
• Teoria do fluxo sanguíneo; 
• Teoria do mecanismo inflamatório 
 
Teoria da piezoeletricidade 
Quando um cristal é submetido à uma carga, a deformação de sua 
estrutura cristalina gera impulsos elétricos por meio de cargas elétricas. 
Observar o gráfico abaixo para facilitar o entendimento do fenômeno: 
	
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Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
 
Quando uma carga (ou pressão) é aplicada ao osso, este deforma-se 
gerando um fluxo de elétrons que tende a voltar ao normal na sequência. 
Contudo, com a remoção da pressão (ou diminuição) este osso tende a voltar 
à sua conformação original gerando um fluxo de elétrons semelhante ao 
inicial, porém em sentido oposto. 
Estas cargas geradas se ligam aos íons presentes no fluido tissular, 
aumentando a temperatura local e proporcionando o meio adequado para 
as reações bioquímicas da movimentação. 
 
Teoria da pressão-tração 
É a teoria mais aceita da movimentação dentária. Contudo, 
atualmente ela é complementada pela teoria do fluxo sanguíneo e 
mecanismo inflamatório. Para compreender esta teoria é fundamental 
conhecer os tipos de força aplicadas aos dentes e ossos. 
Tipos de força 
1. Forças mastigatórias 
São as forças aplicadas durante os esforços mastigatórios e são 
consideradas extremamente pesadas e de curta duração. 
2. Forças leves 
São forças de baixa magnitude aplicadas aos dentes. 
 
	
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3. Forças pesadas 
São forças de alta magnitude aplicadas aos dentes. 
4. Força ótima 
São forças que produzem uma taxa de movimentação máxima sem 
danos às estruturas de suporte e ao dente. 
A teoria da tração-pressão reporta que a movimentação dentária 
ocorre por reabsorção na área de pressão e aposição na área de tração. Em 
virtude do modo simplista de explicar este fenômeno, inúmeros pesquisadores 
vêm estudando o assunto, e esta teoria pode ser complementada pela teoria 
do fluxo sanguíneo e mecanismo inflamatório. Vejamos os acontecimentos 
quando forças pesadas são aplicadas. 
 
Duração da força Evento 
< 1 segundo 
Fluido do ligamento periodontal 
incompressível, o osso flexiona e sinal 
piezoelétrico é gerado 
1 – 2 segundos 
Fluido do ligamento periodontal 
extravasa, o dente se movimenta no 
ligamento periodontal 
3 – 5 segundos 
Fluido do ligamento periodontal vai para 
os espaços medulares do osso. 
Compressão das estruturas do ligamento 
periodontal. Dor imediata 
 
Como as forças mastigatórias são de curta duração, neste caso, não é 
observado dor. Porém, se a força pesada continuar agindo, além da dor 
outros eventos se sucedem. Vejamos: 
 
Duração da força Evento 
Minutos 
Compressão dos vasos sanguíneos. 
Suporte de oxigênio é cortado. Áreas de 
hialinização 
Horas 
Necrose estéril da área e estímulo de 
diferenciação celular nos espaços 
	
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Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
medulares do osso 
7 – 14 dias 
Reabsorção óssea à distância com 
movimento dentário retardado e aos 
saltos. Observada grande mobilidade dos 
dentes 
 
Contudo, se as forças leves forem aplicadas, observa-se uma cascata 
de efeitos diferentes que culmina com a movimentação dentária com 
reabsorção frontal e contínua. Contudo, Proffit (2012) afirma que para ativar a 
sequência de eventos é necessário que a força seja aplicada por no mínimo 
seis horas diárias. Segue abaixo a sequência de eventos: 
 
Duração da força Evento 
< 1 segundo 
Fluido do ligamento periodontal 
incompressível, o osso deflexiona e sinal 
piezoelétrico é gerado 
1 – 2 segundos 
Fluido do ligamento periodontal 
extravasa, o dente se movimenta no 
ligamento periodontal 
3 – 5 segundos 
Vasos sanguíneos e fibras comprimidas no 
lado de pressão, e dilatadas e 
distendidas no lado de tensão 
Minutos 
Fluxo sanguíneo diminuído na área de 
pressão e aumentado na de tensão. Taxa 
de oxigênio alterada. Produção de 
prostaglandinas e citocinas 
*Horas 
Alterações metabólicas ocorrendo: 
mensageiros químicos afetam a 
atividade celular e níveis enzimáticos 
mudam 
~4 horas 
Níveis de AMPc aumentados. Processo de 
diferenciação celular iniciado. Células 
mesenquimais indiferenciadas 
(osteoblastos e osteoclastos) 
~2 dias Início da movimentação dentária frontal. 
	
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Disciplina de Clínica Infantil I 	
	
Inicialmente o osso removido é o próximo 
ao ligamento periodontal. Movimento 
lento e gradual 
 
Observa-se que quanto maior a força, maior a movimentação (até um 
certo ponto). Ver gráfico abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contudo, a partir da força ótima, não adianta aumentar a força, visto 
que a taxa de movimentação não vai aumentar, devendo cair em um 
determinado momento (*). Este efeito é explicado pelo surgimento de áreas 
de hialinização, necrose estéril e reabsorção à distância (minantes) cada vez 
mais significativas quando forças maiores são aplicadas. 
 
Duração da força 
As forças podem ser contínuas, interrompidas ou intermitentes. 
Força contínua 
O nível de força é mantido durante o período de tratamento. Não 
significa dizer que a intensidade seja a mesma (nem mesmo os fios de níquel 
titânio superelásticos conseguem efetivamente), porém algum grau é 
mantido. Exemplo: 
	
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Mesmo os materiais mais modernos não possuem este comportamento. 
Exemplo: 
 
 
O que efetivamente ocorre é uma diminuição da força com a 
movimentação dentária, contudo o aparelho/dispositivo continua 
experimentando um certo grau de ativação. 
 
Força interrompida 
O nível de força gerado por um dispositivo volta a zero quando é 
suspenso o uso. Ou seja, em um mês utiliza o dispositivo, no 2º mês suspende 
(sem força de ativação) e retorna o uso no terceiro mês. 
	
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Força intermitente 
Assim como na força interrompida, o nível de força gerado pelo 
dispositivo ortodôntico vai a zero quando é removido. Por exemplo: um 
aparelho ortodôntico removível com uma mola digital. Quando na boca 
executa uma força para movimentar o dente. No horário do almoço, o 
paciente tira para se alimentar e retoma o uso após a refeição. Outros 
exemplos são os elásticos intraorais, AEB, AORs, entre outros. 
O gráfico ideal pode ser visualizado abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Efeitos colaterais 
1. Dor e mobilidade; 
2. Efeitos sobre a polpa; 
3. Reabsorção radicular; 
4. Efeito sobre a crista alveolar 
 
Dor e mobilidade 
 Radiograficamente, durante o tratamento ortodôntico é comum 
encontrar o espaço do ligamento periodontal (pericementário) aumentado. A 
combinação deste aumento e a reabsorção do tecido conjuntivo local (fibras, 
vasos, células) é comum observar um aumento da mobilidade. Contudo, 
casos de mobilidade excessiva pode estar associado à movimentação 
ortodôntica por meio de forças pesadas (reabsorção minante e aos saltos), 
	
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assim como, movimentação do elemento dental para a área onde possa ser 
criado um contato prematuro. 
Nesses casos, advoga-se diminuir a força, ou ainda suspendê-la por um 
período e nos casos de trauma, tirar o dente em questão de contato. A 
aplicação destas medidas é suficiente e geralmente o problema é resolvido 
sem grandes consequências. 
A dor é característica muito individual, estando as respostas dolorosas 
extremamente ligadas a capacidade do indivíduo suportar mais ou menos 
(limiar de cada pessoa). De fato, no início do tratamento, os eventos que 
levam o dente a caminhar dentro do osso gera um processo inflamatório local 
e uma leve pulpite (reversível) que determinam a sensação de dor. Os efeitos 
são geralmente sentidos de 2 a 4 dias após a instalação e manutenção do 
aparelho. 
Em casos que seja necessário intervir, diversas terapias podem ser 
utilizadas para o controle desta dor inicial, entre elas cita-se: fármacos, 
fisioterapia, aplicação de laser, entre outros. Neste contexto, foi estudado e 
provado um grande efeito placebo das teorias, comprovando que a 
sensação dolorosa de fato existe, mas muitas vezes é menor do que o 
reportado. 
Farmacologicamente, cita-se acetaminofeno (Tylenol) como um 
excelente controlador da dor, sendo o mesmo de ação central. O 
naxoprofeno, ibuprofexo e os inibidores de prostaglandina possuem ação 
periférica e também apresentam excelentes resultados. Contudo, como foi 
demonstrado anteriormente, o processo de movimentação dentária é 
explicado por uma série de eventos, onde a inflamação do local é 
fundamental para a movimentação. Neste contexto, os medicamentos de 
ação periférica podem interferir na qualidade/ tempo do movimento dentário. 
Portanto, se utilizar algum destes medicamentos, o controle da dor vai ser 
efetivo, porém não estranhe se o dente não se movimentar da form 
planejada. 
Neste tópico, também podemos citar a inflamação dos tecidos moles 
de proteção (gengiva) em casos de alergia ao látex das luvas/elásticos ou do 
	
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níquel do aparelho/fio ortodôntico. Estes podem causar dor e precisam ser 
acompanhados de perto pelo ortodontista. 
 
Efeitos sobre a polpa 
Inicialmente, após a instalação do aparelho e das manutenções é 
esperada uma leve pulpite reversível. Este efeito é transitório e de pouco 
significado clínico. A perda de vitalidade durante o tratamento ortodôntico 
devido à mecânica se a força aplicada ao dente seja extremamente pesada 
para romper o feixe vásculo-nervoso. Sendo assim, caso seja aplicada força 
de tal magnitude o paciente não aguentaria, a dor imediata iria inviabilizar a 
manutenção do dispositivo. 
Contudo, Proffit (2012) afirma que forças pesadas associadas a 
reabsorções minantes gradativas, assim como, movimentação para área de 
osso cortical ou inclinações descontroladas exageradas poderiam ser causas 
de necrose pulpar. Porém, faltam estudosque comprovem esta afirmação. O 
professor Consolaro, em seu livro “Controvérsia na Ortodontia” não acredita 
nesta relação (ortodontia x necrose pulpar), exceção se o dente 
movimentado tenha tido um trauma anterior (mesmo que tenha sido uma 
concussão). 
 
Reabsorção radicular 
É a principal consequência negativa da movimentação ortodôntica, 
chegando a ser citada por alguns autores como a cicatriz ortodôntica. De 
fato, um leve arredondamento apical é uma condição aceitável e comum, 
contudo grandes perdas são inaceitáveis, porém possíveis. 
A etiologia da reabsorção radicular ainda encontra-se em estudos e 
mal compreendida. Contudo, alguns fatores de risco já estão estabelecidos, 
entre eles: 
• Ápice radicular em forma de pipeta (triangular); 
• Forças pesadas; 
• Tratamento ortodôntico muito prolongado; 
• Susceptibilidade individual 
	
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Quando uma força excessiva é aplicada ao dente, ocorre áreas de 
hialinização e morte celular. Neste contexto, com a morte dos cementoblastos 
(células que cobrem o cemento radicular protegendo-o da ação dos 
osteoclastos), o cemento fica exposto. Sabe-se que o cemento não pode ficar 
em contato direto com os fluidos e células do ligamento periodontal, visto que 
os osteoclastos não diferenciam tecido ósseo e dental, promovendo sua ação 
de reabsorção. 
Caso a força seja reduzida ou suspensa, essa camada de 
cementoblastos é refeita protegendo desta forma o cemento (raiz) da ação 
dos osteoclastos. Porém, o defeito radicular já realizado não é reparado, 
apenas protegendo de novos “ataques”. Portanto, mesmo na aplicação de 
forças leves, pequenas áreas de hialinização e necrose estéril pode estar 
presente, sendo assim, a reabsorção radicular uma consequência deletéria 
bastante comum. 
Por este motivo, é prudente solicitar uma radiografia panorâmica a 
cada 6 ou 12 meses de tratamento para avaliar se algo está ocorrendo. Caso 
sim, deve-se diminuir a força ou suspender o tratamento para que a camada 
cementoblástica seja reestabelecida. 
 
Efeito sobre a crista alveolar 
Observa-se que pouco efeito deletério, menor que 0,5 mm, é observado 
na crista alveolar. Em casos de retração pode-se visualizar um efeito mais 
pronunciado, porém de pouco significado clínico. 
Isto é explicado pelo fato de que o osso acompanha o dente, mesmo 
em movimentos significativos. É o caso das migrações dentárias (extrusão) 
pela perda do antagonista. O osso e gengiva acompanham o dente que 
sofreu o movimento extrusivo. Ortodonticamente isto pode ser aplicado e 
utilizado para criação de osso alveolar para instalação de um implante 
futuramente, ou reestabelecimento da distância biológica para realização de 
um tratamento restaurador ou protético adequado. 
Porém em casos de intrusão, como o osso acompanha o movimento, é 
de se esperar uma redução da crista alveolar mantendo a proporção dente x 
osso observada inicialmente. Mas em casos de pacientes que tiveram perda 
	
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óssea por doença periodontal, o fato de intruí-los dentro do osso (empurrá-lo) 
criaria um suporte maior, sendo assim, benéfico para o paciente. 
Pesquisadores (Melsen e Kokich) divergem sobre o real efeito desta terapia, 
onde seria uma maior inserção dentro do osso ou apenas a formação de um 
epitélio juncional longo ( o osso manteria a proporção inicial porém a gengiva 
ficaria na posição anterior, sem criação de inserção conjuntiva, apenas um 
epitélio juncional longo). 
 
Curiosidades 
Os caninos empurram os incisivos centrais e laterais durante a sua 
irrupção? 
Não! A ideia de contato físico do canino com o incisivo lateral é 
incorreta. De fato, caso ocorresse este contato, não seria entre as coroas do 
canino e do incisivo lateral. 
O que de fato ocorre, caso houvesse este contato, é o toque do folículo 
pericoronário do canino em irrupção e o ligamento periodontal do incisivo 
lateral. Este suposto contato não deve ocorrer em hipótese alguma visto que a 
probabilidade de reabsorção radicular do lateral seria altíssima. 
O folículo pericoronário é rico em células, entre elas citam-se os restos 
epiteliais de Malassez. Estas produzem o fator de crescimento epitelial (EGF) 
responsável pelo estímulo e maturação do tecido epitelial. Contudo, o EGF 
também é um inicializador/mediador da reabsorção óssea. 
Sendo o folículo pericoronário rico em EGF e caso este venha a tocar no 
ligamento periodontal do incisivo lateral, ocorrerá um colabamento entre as 
fibras e vasos do folículo com as mesmas estruturas do ligamento. Portanto, 
este efeito gera a morte da camada protetora do cemento radicular formada 
pelos cementoblastos. Portanto, temos neste ambiente de contato, o 
cemento exposto e grande quantidade de EGF que vai disparar o sinal para 
as células mesenquimais indiferenciadas se transformarem em osteoclastos. 
Tendo em vista que os osteoclastos não diferenciam tecido ósseo do 
tecido dental, a reabsorção radicular se torna extremamente significativa. 
Portanto, a idéia do contato físico é biologicamente não fundamentável. 
	
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O que ocorre de fato para fechar ou diminuir os espaços entre os 
incisivos são os vetores de crescimento maxilar, juntamente com a irrupção do 
canino. Portanto, a direção dos vetores de crescimento maxilar orientam a 
irrupção dos caninos e o fechamento dos espaços. 
 
Referências 
ABRÃO, J. Ortodontia preventiva: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Artes 
Médicas, 2014. 
GRABER, TM; VANARSDALL, RL; VIG, KWL. Ortodontia: princípios e técnicas 
atuais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 
JANSON, GRP et al. Introdução à ortodontia. São Paulo: Artes Médicas, 2013. 
157 p. (Série ABENO. Odontologia essencial : parte clínica) 
MOYERS, RE. Ortodontia. 4a ed. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan. 
1991. 
PROFFIT, WR et al. Ortodontia contemporânea. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2013. 
VELLINI-FERREIRA, F. Ortodontia: diagnóstico e planejamento clínico. 7. ed. São 
Paulo: Artes Médicas, 2008.

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