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Erros de Medicação principais causas e formas de prevenção Profa. Dra. Fátima C. L. Goularte Farhat Conceitos gerais • Se estão no mercado são seguros? Principais causas de erros de medicação Estratégias de prevenção de erros CURSO DE FARMÁCIA Se já estão no mercado são eficazes e seguros? ? CURSO DE FARMÁCIA Mulher de 71 anos morre após ter recebido uma injeção em um hospital de Botelhos/MG. A vítima deveria ter recebido uma dose da vacina antitetânica por causa de um ferimento com um prego, mas a suspeita é de que foi aplicado uma injeção de relaxante muscular para uso cirúrgico. Menino de 14 anos foi a um hospital de Belford Roxo/RJ por causa de uma contusão, onde foi atendido por um médico que receitou meloxicam 15mg. Após tomar duas doses do remédio, o menino foi a óbito. Este medicamento é contraindicado para menores de 15 anos. Em um hospital de Belo Horizonte/MG uma criança recebeu ácido no lugar de um sedativo. A técnica de enfermagem que administrou o medicamento relatou que os frascos eram muito semelhantes, fato que não justifica o erro. O ácido causou queimaduras graves no esôfago da criança. Uma técnica de enfermagem injetou leite na veia de um bebê, num hospital da região metropolitana de Belo Horizonte/MG. A criança foi internada com pneumonia e era alimentada por uma sonda na boca, recebendo soro na veia. Na hora de repor os frascos, a técnica em enfermagem trocou a medicação pelo leite. A criança foi a óbito. Menina de 12 anos morreu após receber vaselina na veia no lugar de soro, num hospital de São Paulo. A enfermeira que aplicou a substância disse que no frasco estava descrito que continha vaselina, mas que mesmo assim cometeu o equívoco. Bebê de 8 meses recebe dipirona no lugar de dramin e morre com parada cardíaca, em hospital de Campinas/SP. Segundo a equipe do hospital, o médico receitou dramin e uma enfermeira trocou o medicamento. Seringa x Dosador Oral (Oralpak) ► Medicamentos x Medicação Por que são importantes? EUA – relatório do Institute of Save Practice of Medicine - ISPM (2006) 1 erro de medicação/paciente/dia são encontrados níveis inaceitavelmente altos e muitas vezes inesperados. pelo menos, 1,5 milhões de EAM evitáveis ocorrem nos EUA/ ano. O número real pode ser muito maior. cada etapa do processo de utilização de medicamentos – prescrição, dispensação, administração, monitoramento – é caracterizada por vários e sérios problemas relacionados à segurança e necessitam de melhores e maiores estudos para evidenciar as falhas e determinar ações de prevenção A assistência à saúde é uma área propensa à ocorrência de erros!!!! OMS - lançou em 2004 o programa Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. Programa permanente que conclama todos os países membros a tomarem medidas para assegurar a qualidade da assistência prestada nas unidades de saúde de todo o mundo. (SBRAFH, 2010) ERROS DE MEDICAÇÃO As conseqüências de erros de medicação variam desde um pequeno desconforto até a morte. Erros graves Erros de moderada gravidade Erros leves podem ocorrer durante qualquer fase do processo de utilização da medicação Quase Erros Erros Potenciais Erros evitáveis (“cultura da segurança”) Pesquisa de prontuários + entrevista à equipe (Leape et al, 1995) 2% das doses que foram administradas ou omitidas envolveram erros que resultaram em dano ao paciente – EAM evitáveis Erros de Medicação 56% 34% 6% 4% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% prescrição administração documentação dispensação Bates et al (1995) 49% erros de prescrição → 48% interceptados 14% de dispensação → 37% interceptados 11% de documentação → 23% interceptados A maioria das interceptações foram realizadas por enfermeiros 26% administração de medicamentos – nenhum interceptado antes de atingir o paciente Erros de Medicação Lesar, Briceland & Stein (1997) - 3,99 erros de prescrição em cada 1000 prescrições: Zito et al. (2000) – perfil de prescrição de psicotrópicos a crianças 02-05 anos revelou que os médicos passaram a substituir os medicamentos tradicionais pelos mais recentes, os quais não tinham ainda seus efeitos colaterais conhecidos . 29 ,2 29 ,2 17 ,5 13 ,4 10 ,7 0 5 10 15 20 25 30 conhecimento da farmacoterapia (dosagens, indicação, interações) conhecimento de fatores que afetam a farmacoterapia (alergias, insificuência renal ou hepática) cálculos, casas decimais, expressões de unidades nomenclatura (nome incorreto, formas de dosagem, abreviações) outros ERROS HUMANOS E FORMAS DE ABORDAGEM O estudo dos erros humanos é recente e o sistema de saúde está bastante atrasado na aplicação desse novo saber A ciência da segurança já há muito é aplicada em áreas como a aviação e as companhias geradoras de energia nuclear. A formação dos profissionais que lidam com vidas humanas é fortemente marcada pela busca da infalibilidade. extrema dificuldade de médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais lidarem com o erro humano nas organizações de saúde. Abordagem do Erro Humano Abordagem PESSOAL Abordagem SISTÊMICA. Quem errou?!!! Quem errou?!!! Quem errou?!!! “Trocar a nutrição enteral por medicamento é algo que ocorre sempre. Qual a saída? Fazer com que as conexões não se encaixem", sugere. "É preciso criar barreiras, pois o ser humano não consegue manter 100% de atenção o tempo todo.“ (Farm. Mário Borges Rosa) “Acidentes estão aguardando para acontecer” Vincent & Reason (1999) “Modelo do Queijo Suíço” “Barreiras de defesa” Por que errou?!!! “errar é humano” “ninguém quer errar” “é muito difícil admitir que errou” “cultura da culpa individual x abordagem sistêmica” “As estratégias mais eficientes de prevenção de erros tratam do sistema em vez de concentrarem-se nos indivíduos” Abordagem sistêmica x comportamento de risco Edgar et al (1994) e Cousins (1998) - relatos espontâneos 31% dos erros relatados por enfermeiros 24% farmacêuticos 13% médicos O incidente mais comum envolvia o próprio produto, embalagens parecidas e informações incompletas Dentre os erros fatais, as causas mais comuns foram falha na memória, conhecimento, escrita e prescrição incompleta FDA - desde 1992: > 6000 notificação de erros na medicação, sendo 50% relacionados a confusões com rótulos ou embalagens dos medicamentos Erros de Medicação “Considerando a indicação dos estudos epidemiológicos de que a maior ocorrência de erros encontra-se no estágio de prescrição de medicamentos, as estratégias de prevenção que visam a esse estágio são também as mais eficientes” 2000 – EUA – Banco de dados nacional com 41.296 notificações de erros de 184 instituições: Distrações, carga de trabalho, equipe inexperiente, equipe eventual e equipes terceirizadas Habilidade de cálculo de dosagens, interrupções e distraçõessão importantes na ocorrência de erros durante a administração de medicamentos Exemplo de Indicadores de erros de dispensação nº prescrições com erros: nº prescrições atendidas com erro / nº prescrições atendidas medicamentos dispensados com erros: nº medicamentos dispensados com erro / nº total de medicamentos dispensados MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE PERIGOSOS High-Alert Medications pelo Institute for Safe Medication Practices – ISMP Medicamentos Potencialmente Perigosos – MPP / MAV / MAR. MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE PERIGOSOS Estratégias para minimizar erros de medicação com MPP Estratégias de prevenção de erros – 10 princípios: 1. Diminuir a confiança na memória 2. Simplificar 3. Padronizar 4. Utilizar restrições e forçar funções 5. Utilizar protocolos e checklists 6. Melhorar o acesso à informação 7. Diminuir a confiança na vigilância e memória 8. Reduzir os atos manuais de mudança de turno 9. Diminuir os itens semelhantes que possam causar confusão 10. Automação criteriosa (ex.: dispensação computadorizada, código de barras) participação de um farmacêutico durante as visitas às unidades de terapia intensiva resultou em diminuição de 66% nos EAM evitáveis relacionados à prescrição médica Recomendações de melhores práticas: curto prazo Sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária Sistemas de preparação de soluções EV na farmácia Desenvolver procedimentos especiais para os fármacos de alto risco (MAV) Instruções escritas Checklists Prescrições pré-impressas Dupla verificação Embalagens e rótulos especiais Treinamento Normas e procedimentos por escrito (POP): O que deve ser feito? Qual é seu objetivo? Quando deve ser feito? Onde deve ser feito? Quem deve fazer? Como deve ser feito? Recomendações de melhores práticas: curto prazo Disponibilizar informações aos profissionais antes da prescrição, dispensação e administração de medicamentos sobre novos medicamentos medicamentos raramente utilizados medicamentos não-padronizados Orientação e treinamento periódicos sobre a prescrição, dispensação, administração e monitoramento de medicamentos Educar os pacientes do hospital acerca da utilização dos medicamentos Manter um farmacêutico de plantão disponível em horários de plantão após o período de funcionamento da farmácia Recomendações de melhores práticas: longo prazo Implementar a prescrição médica eletrônica (Prescrição eletrônica + dose unitária: tendem a reduzir em até 90% os erros) Sistemas computadorizados de dispensação e checagem Códigos de leitura por máquinas no processo de administração de medicamentos (rastreabilidade do processo – prescrição à administração) Prescrições padronizadas, legíveis e completas RECONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS Processo para obtenção de uma lista completa, precisa e atualizada dos medicamentos que cada paciente utiliza (incluindo nome, dosagem, freqüência e via de administração), e comparada com as prescrições médicas feitas na admissão, transferência, consultas ambulatoriais com outros médicos e alta hospitalar. Essa lista é usada para aperfeiçoar a utilização dos medicamentos, pelos pacientes, em todos os pontos de transição e tem como principal objetivo, diminuir a ocorrência de erros de medicação quando o paciente muda de nível de assistência à saúde. RECONCILIAÇÃO DE MEDICAMENTOS As seguintes circunstâncias são consideradas mudança de nível de assistência: internação hospitalar; transferência dentro do hospital para outro setor, clínica ou para outra unidade hospitalar; alta hospitalar; retorno ao atendimento ambulatorial. Estudos têm demonstrado que o processo de reconciliação de medicamentos tem grande impacto na prevenção de eventos adversos relacionados a medicamentos, sendo eficiente na redução das discrepâncias encontradas entre as prescrições hospitalares e os medicamentos utilizados em casa, promovendo assim a redução dos erros de medicação em cerca de 70%
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