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Sociedade Agrária Brasileira Tradicional

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E daro que proprietarios e gover­ condi~oes. Uma disCOltiJlncia apa­
nantes entenderam tais atitudes co­ rentemente banal, masque negan 
mo evidencia de que os negros eram o prindpio fundamend dos sonhos 
vadios por natureza, sendo que essa de sociedade das elites. Por isso, a 
ansia por autonomia nao passava de perspectiva de liberdad~ dos negros re;ei~ao ao trabalho. Contudo, 0 tirava 0 sono de propretarios e go­
problema real e que havia modos vernantes, e as vezes :-stragava as 
radicalmente distintos de conceber a festas de Natal. 
vida em liberdade. Para os negros, 
viver em liberdade nao podia signi­
ficar a necessidade de existir s6 para 
 CHALHOUB. Sidney. Visoes :fa Liberdadeproduzir dentro de determinadas Folhetim. Folha de S. Paulo.BIS/S7. 
Questao sobre 0 texto: 
De que iOrma os negros ex-escravos entenderam a liberdade? Ecomo esse deseo de liberdade 
foi interpretado pelas elites brasileiras? 
III. Debate: 
Tema: 0 racismo na sociedade brasileira. Metade da classe podefla preparar argunentos tavor~ 
existencia de preconceito racial no Brasil, e a outra meta de, argumentos contrarios. A 
prepara~ao !sob orienta~ao do professorl deve envolver leituras sobre a questiio Iver sugestoe~ 
de leitura em seguidal, pesquisas em jomais, revistas, acompanhamento de programas de telev; 
sao Ipara verificar como a negro emostrado au naol etc. 
IV. Sugestoes de leitura: 
• 0 prefacio aprimeira edir;ao de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Frei­
re, em que ja aparece esbor;ada a ideia de uma democracia racial no Brasil. 
• 0 	negro no Brasil, de Julio Chiavenato (Editora Brasiliense). Analisando 
a participar;ao do negro na hist6ria do Brasil, 0 livro faz uma critica 
contundente ao mito da democracia racial no Brasil. 
• 0 que i racismo, de Joel Rufino dos Santos (Brasiliense). 
A Sociedade 
Agraria Brasileira 
"Tradicional' , 
1. A questao agraria 
Como vimos anteriormente, 0 desenvolvimento do capitalismo 
no mundo rural brasileiro nao implicou na imediata substituic;ao do 
trabalho escravo pelo trabalho assalariado. 0 surgimento de uma 
classe de assalariados agrfcolas so seria visfvel a partir da decada de 
1950, quando colonos e moradores passaram, em algumas regioes 
do Pais, a ser expulsos das terras das fazendas e substituidos por 
trabalhadores temponirios (os b6ias-frias). 
Mesmo hoje nao se pode afirmar que a tendencia seja 0 desa­
parecimento de todas as formas de trabalho nao-capitalistas, isto e, 
a generalizac;ao do trabalho assalariado na sociedade agniria brasi­
leira. Ele se tornou realmente a regra em grandes empreendimen­
tos capitalistas no mundo rural, tais como, por exemplo, a agroin­
dustria ac;ucareira de Sao Paulo e do Nordeste. 
Ao lado dessa c1asse de openirios rurais, porem, mantcm-se 
urn campesinato formado por posseiros, parceiros, pequenos arren­
datarios e pequenos proprietarios. Com exceC;ao destes ultimos, 
que enfrentam problemas diversos, trata-se de carnponeses que 
conservam precariamente a posse da terra (caso dos posseiros, que 
45 
44 
nao tern a propriedade juridica da terra), ou lutam para nela per­
manecer (os parceiros e pequenos arrendatarios), ou ainda lutam 
para ter acesso a ela (os chamados "sem-terra"). Nessa luta pela 
posse da terra enfrentam 0 poder de grandes latifundiarios, de mo­
dernas empresas capitalistas nacionais e estrangeiras e ate mesmo 0 
proprio poder do Estado (e seu brar;o armado: Exercito e orgaos po­
liciais) . 
Para compreender a violencia dos conflitos pela posse da terra, 
que ate hoje convulsionam 0 mundo rural brasileiro, e preciso no­
vamente voltar no tempo. Algumas questoes precisam ser respon­
didas: 
Qual c a origem dessa classe de camponeses? 
Que transformar;oes sofr'eu? 
Quais foram suas lutas e movimcntos mais importantcs? 
osurgimento de um proletariado agricola no Brasil, 0 que ocorreu 
principalmente a partir dos anos 40 e 50 do seculo XX, nao fai acampanhada 
do desaparecimenta de um campesinato (farmada par passeiras, parceiros e 
pequenos arrendatarias) caracteristica ea posse precaria da terra. 
46 
Considerar a constituir;ao do campesinato brasileiro, as mu­
danr;as que sofreu e os conflitos sociais que marcaram sua trajetoria 
nos conduz ainda a outros fenomenos que foram cruciais para a for­
mar;ao da sociedade brasileira: a domina{:iio pessoal, 0 coronelismo e 0 
dominio oli'garquico. 
2. 0 poder pessoal: sua origem 
o Brasil eainda urn pais de mandoes. Nao enada incomum se 
ouvir, especialmente de autoridades e pcssoas em posir;ao hierar­
quica ou social superior, aquele famigerado "Voce sabe com quem 
esta falando?", que nao espera outra coisa alem da obediencia co­
mo resposta. Tambem sao inumeras as situar;oes em que a vontade 
ou os caprichos de algum potentado prevaleccm sobre 0 que muitos 
11. consideram justo, ou ate mesmo sobre as leis vigentes. 
e­
o< 
o Esse mandonismo nao se limita as relar;oes entre governantes e 
c
c;; governados, ainda que af ele aparer;a de forma mais vislvel, espe­
1)'" cialmente na vigencia de regimes polfticos autoritarios (como 0 re­
gime militar brasileiro de 1964 a 1984). Em verdade, trata-se de al­
go muito arraigado na sociedade brasileira e se manifesta em dife­
" 
.~ rentes situar;oes da vida social: no mundo do trabalho, na escola, na
<'( " 
famflia e ate mesmo nas relar;oes afetivas. 
Qual e a origem desse autoritarismo? 
Novamente somos obrigados a vol tar a fazenda, essa unidade 
de produr;ao de mercadorias em torno da qual se constituiu a vida 
social no Brasil. Nela encontramos 0 fazendeiro comandando seus 
escravos, agregados, parentes e afilhados, sem que nada limitasse 
seu poder. 
Nas relar;oes entre senhores e escravos a violencia era por de­
mais evidente para poder ser ocultada ou atenuada. 0 escravo, 
uma mercadoria possufda pelo fazendeiro, exclufdo da condir;ao de 
pessoa, trazia em seu proprio corpo as marcas de sua sujeir;ao. 
ja entre os homens livres as relar;oes de dominar;ao eram bern 
mais complexas e menos vislveis - embora a violencia da imposi­
f,;ao da vontade do mais poderoso nao fosse, talvcz, menor. ja men­
cionamos antes a existencia de homens pobres nao-escravos na so­
47 
ciedade brasileira do seculo XIX. Eram pessoas que, por nao terem 
meios proprios de sustento, viviam na mais completa dependencia 
em relac;:ao aos latifundiarios, ainda que nao fossem escravas. 
A agricultura comercial no Brasil - a cafeicultura do Vale do 
Parafba no seculo XIX, por exemplo, como vimos no capitulo ante­
rior - sempre avanc;:ou incorporando terras que muitas vezes ja 
eram ocupadas.por comunidades de lavradores independentes (cha­
mados de caboclos, caipiras, tabareus, caic;:aras, conforme a regiao 
do Pais). Isso era possive! porque os fazendeiros obtinham titulos 
de sesmarias·, que prevaleciam sobre a ocupac;:ao efetiva da terra pe­
los posseiros. 
o mais comum, entretanto, nao era a expulsao do caboclo das 
terras que ocupava, isto e, sua expropriafiio total. Ele mantinha sua 
posse, so que em terras alheias, em terras do latifundio. Olavrador 
- 0 campones - se transformava, entao, em agregado da fazenda, 
em morador de terras de outro, podendo manter sua roc;:a pobre 
grac;:as a "benevolencia" do senhor. Nessa populac;:ao de agrega­
dos, excluida ao mesmo tempo do trabalho escravo e da proprieda­
de da terra, e que encontramos a origem do campesinato brasileiro. 
Como cram as relac;:5es entre os fazendeiros e seus agregados? 
o tipo de dominac;:ao exercida pelos primeiros sobre seus de­
pendentes foi analisado em uma obra classica da Sociologia bras i­
leira: Homens livres na ordem escravocrata, de Maria Sylvia de Carvalho 
Franco. Esse estudo tern por objeto as formas de dominac;:ao entre 
homens livres na civilizac;:ao do cafe do Vale do Parafba no seculo 
XIX. 
As relac;:5es de dominac;:ao entre fazendeiros
e seus agregados e 
camaradas, entretanto, se constituiram no mundo rural brasih;iro 
como urn todo, especial mente nos chamados "sert5es" - as re­
gi5es mats afastadas do litoral e dos centros economicos mats pros­
peros do Pals. A pratica dofavor, porem, que sera examinada em 
seguida, nao parece ter sido "privilegio" somente do mundo serta­
nejo: ela penetrou fortemente na vida social e polftica brasileira, em 
particular na administrac;:ao publica. No limiar do seculo XXI, pra­
ticas como 0 clientelismo, 0 apadrinhamento e 0 filhotismo, tao proprias 
de um Brasil que alguns chamaram de "atrasado", estao ainda 
presentes nas ac;:5es de nossos governantes e na cultura polftica bra­
sileira em gera!. 
48 
3. Senhores e agregados: a dependencia pessoaJ 
Para caracterizar as relac5es entre fazendeiros e seus agrega­
dos, recorreremos aja referida obra de Maria Sylvia C. Franco. 
A forma como ocorreu a colonizac;:ao no Brasil determinou 0 
surgimento de dois setores economicos diversos mas que coexisti­
ram no interior da grande fazenda: a produc;:ao, com base no traba­
Iho escravo, de mercadorias para a exportacao; e um setor de sub­
sistencia, que produzia alimentos, com base no trabalho familiar de 
posseiros, agregados e sitiantes (que, apesar de proprietarios, nao 
escaparam da orbita de intluencia do latifundio). 
A coexistencia desses dois mundos, segundo a autora, fez corn 
que as rclac;:ues entre dominantes e dominados entre fazendeiros 
e homcns pobres [ivres - fossem orientadas por dois prindpios 
opostos. POI' urn lado, os fazendeiros agiam de forma a preservar 
sells privilegios, isto e, de acordo com seus interesses economicos. 
Na foto, Moreira de Barros, dono de uma das maiores fazendas do Brasil no 
seculo XIX. A pratica do favor (e outros {altos pessoais) permitia aos 
fazendeiros manterem sob seu contmle uma extensa clientela constituida por 
agregados, moradores pobres, camaradas, afilhados etc. 
49 
o fato de a fazenda ter sido, antes de mais nada, uma unidade de 
produ~ao de mercadorias obrigava os dominantes a urn comporta­
mento orientado pelo calculo e pela busca sistematica do luero. 
Aqui 0 fazendeiro revelava sua face de empresario-capilalista (0 que 
impede sua caracteriza~ao como uma especie de senhor feudal, erro 
em que muitos incorreram). 
Por outro lado, as rela~5es entre fazendeiros e homens pobres 
livres eram marcadas por associUfoes morais; "nos ajustamentos en­
tre grupos dominantes e dominados se entrela~am as duas 'faces' 
constitutivas da sociedade: de urn lado, a area que tendia a orde­
nar-se conforme liga~oes de interesses, de outro os setores articula­
dos por via de associa(,;oes morais" Y) 
Que associa(,;oes morais eram essas? 
Eram compromissos de natureza pessoaI que prendiam - e 
sujeitavam - 0 agregado ao fazendeiro. Baseados em valores mo­
rais compartilhados por urn e outro, tais como a fidelidade e a leal­
dade, esses compromissos exigiam de ambas as partes uma conti­
nua preJtafiio defavoreJ, assim como uma permanente retribuifiio dOJ 
favores recebidos. Era a pratica do favor, portanto, que articulava as 
rela~oes entre senhores e homens pobres livres. 
o agregado mantinha sua posse em terras do senhor e depen­
dia do favor deste ultimo para conserva-Ia. Para 0 dominado, sua 
propria sobrevivencia era uma dadiva do mais poderoso, que deve­
ria ser recebida com gratidao. "Favor com favor se paga", essa era 
a norma. 0 agregado, por sua parte, estava obrigado a retribuir 0 
favor recebido de muitas maneiras diferentes: prestando ao fazcn­
deiro trabalho gratuito ou em troca de uma remunera~ao insignifi­
cante (0 desmatamento e a forma<,:ao da fazenda, como ocorria com 
o caipira na cafeicultura paulista, 0 transporte de mercadorias e ou­
tros servi~os); pegando em armas para defender seu senhor em Iu­
tas pela terra, em vingan~as de crimes cometidos contra a honra e nas 
disputas peIo controle do poder local (os motivos de uma violencia cos­
tumeira no mundo rural brasileiro). Ja durante a Republica, como 
veremos, a obriga<,:ao fundamental do agregado passava a ser 0 volo 
em candidatos apoiados peIo fazendeiro. 
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem e,lcravocrala. Sao Paulo, Ati­
ca, 1976. p. 99. 
Nao se tratava, como se percebe, da retribui(,;ao de aIgum fa­
vor especffico. A rela<,:ao entre 0 fazendeiro e seus dependente,:'5 pres­
supunha uma lealdade total: era uma troca de tudo por tudo. E claro 
que essa reIa(,;ao implica uma cega obediencia ao mais poderoso. 
Nada mais distante disso do que - para fazer uma compara<,:ao ­
o assalariamento, a rela<,:ao de trabalho propria do capitalismo. No 
regime de trabalho assalariado, 0 capitalista e 0 trabalhador reali­
zam uma troca das mercadorias que possuem (for<,:a de trabalho por 
salario), cada qual se orientando unicamente par seus interesses ­
nao ha entre as partes nenhuma lealdade de natureza pessoal. 
, 
E preciso ressaltar ainda que a autoridade do latifundiario nao 
se mantinha apenas por sua posi<,:ao social ou peIo uso da violencia: 
a dominado reconhecia essa autoridade como legftima. 
o que ganhavam os homens pobres livres em manter tal si­
tua(,;ao? 
Alem da !1ecessidade de sobrevivencia, ha outro aspecto a ser 
considerado. E que "no contexto brasileiro, 0 favor assegurava as 
duas partes, em especial a mais fraca, que nenhuma e escrava. 
Mesmo 0 mais miseraveI dos favorecidos via reconhecida nele, no 
iavor, a sua livre pessoa, 0 que transformava presta<,:ao e contra­
presta<,:ao, por modestas que fossem, numa cerimonia de superiori­
dade social, valiosa em si mesma. "(2) 
A pratica do favor, portanto, estabeIecia-se entre partes que se 
reconheciam mutuamente como pessoas - nenhurna era escrava. 
4. 0 compadrio: 0 parentesco espiritual 
Outras caracteristicas do mundo rural brasileiro, em especial 
nos sertoes, contribufam, ainda, para atenuar a violencia da domi­
na<,:ao exercida pelos fazendeiros sobre seus dependentes. 0 carater 
rustico desse mundo, a pouca diversidade de ocupa<,:oes, os habitos, 
as valores e as cren<,:as reIigiosas compartilhados tanto por domi­
nantes como por dominados e mesmo as vestimentas e padroes de 
(2) SCHWARZ, Roberto, Ao VeT/ceriuros balalas. Sao Paulo, Duas Cidades, 1981. p. 18-9. 
51 50 
brasileiro. As desordens nos vfnculos de dependencia abriam cami­
nho para que, em determinadas circunstancias, se produzissem en­
frentamentos entre camponeses e seus antigos senhores. 
6. A instaura~ao da Republica 
Movimentos sociais de grandes dimens6es convulsionaram os 
scrt6es brasileiros apos a instauraf,:ao do regime republicano em 
1889. A rebeldia eamponesa assumiu, nas primeiras decadas do se­
culo XX, duas modalidades principais: os movimentos messianicos eo 
canga~o. 
Muitos desses movimcntos sequer pudcram vir a ser conheci­
dos, seja porque nao deixaram registros eseritos, seja porque os 
poueos registros existentcs foram realizados, em gcral, por pessoas 
comprometidas com os grupos dominantes da soeiedade. 
Dos movimentos messianieos, apenas urn escapou do esqucei­
mento: a Guerra de Canudos (1896-1897). 1sso graf,:as ao seu relato em 
uma das mais importantes obras da literatura brasilcira: Os sertiies, 
de Euclides da Cunha. Outro movimento messianieo de grandes 
proporf,:6es - uma verdadeira guerra civil - entretanto, permane­
ceu quasc ignorado ate reccnternente: a Guerra do Contestado (1912­
1916), nos sert6es de Santa Catarina e do Parana. A partir da dec a­
da de 1950, varias pesquisas sociologieas proeuraram resgatar a 
memoria desse evento, alem de busear interpretaf,:6es para os fa.tos 
que la ocorreram. 
Antes, porem, de abordar esses movimentos de rebeldia que 
agitaram 0 mundo sertanejo, convem examinar algumas mudanf,:as 
que ocorreram com 0 advento da Republica que parecem estar re­
lacionadas com
eles. 
Com a instauraf,:ao do regime republicano, 0 velho mandonis­
mo local dos proprietarios de terras no Brasil assume novas feif,:6es. 
No lugar dos antigos mand6es locais, que exerciam seu poder pes­
soal sem quaisquer limites, surgem os "coroneis" da polftica. 0 co­
ronelismo foi urn fenomeno polftico caracterfstico da Republica Ve­
Iha (1889-1930), ainda que se mantenha presente em algumas re­
gi6es do Brasil ate hoje. 
54 
7. 0 coronelismo 
A Constituif,:ao republicana de 1891 criou urn regime polftico 
de base representativa no Brasil, alem de ter eliminado 0 voto cen­
sitario*. 0 sistema representativo diz respeito a necessidade de elei­
f,:6es periodicas para a escolha dos membros do poder legislativo e 
dos chefes do poder executivo (Presidente da Republica, governa­
dores de Estado e prefeitos municipais). 0 poder local dos latifun­
diarios passava a ter que conviver com mecanismos eleitorais ­ 0 
coronelismo consistiu, em grande medida, em uma adaptaf,:ao a es­
sa nova realidade. 
Ainda que 0 direito de voto fosse muito restrito - so votavam 
os homens alfabetizados com mais de 21 anos de idade - 0 "coro­
nel", sempre urn grande fazendeiro ou, as vezes, urn grande co­
merciante, passava a negociar uma nova mercadoria: 0 voto. 
Os dependentes do "coronel" - parentes, afilhados, agrega­
dos e camaradas - estavam obrigados, com 0 regime republicano, 
a retribuir os favores de seu "protetor" votando nos eandidatos 
que este apoiasse. Era 0 chamado voto de cabresto. Os camponeses, 
devendo obediencia pessoal ao "coronel" e dele dependendo para 
manter sua rof,:a de subsistencia, seguiam sua orientaf,:ao nas cleif,:6es. 
Vitor Nunes Leal, em urn estudo classico sobre 0 assunto - 0 
livro Coronelismo, enxada e voto - descreve outras praticas que refor­
f,:avam 0 voto de cabresto: "Sao ( ... ) os fazendeiros e chefes locais 
que custeiam as despesas do alistamento e da eleif,:ao. Sem dinheiro 
e sem interesse direto, 0 roceiro nao faria 0 menor sacriffcio nesse 
sentido. Documentos, transporte, alojamento, refeif,:6es, dias de 
trabalho perdidos, e ate roupa, calf,:ado, chapeu para 0 dia da elei­
f,:ao, tudo e pago pelos mentores polfticos empenhados na sua quali­
ficaf,:ao e comparecimento. (... ) E, portanto, perfeitamente com­
preensfvel que 0 eleitor da rof,:a obedef,:a a orientaf,:ao de quem tudo 
Ihe paga, e com insistencia, para praticar urn ato que Ihe e comple­
tamente indiferente.' '(4) 
Outro fato, finalmente, contribufa para que as eleif,:6es, de me­
canismo de representaf,:ao da vontade popular se transformassem 
(4) LEAL, Vitor Nunes. COToneiiJmo, enxada e vola. Sao Paulo, Alfa-6mega, 1978. p. 35-6. 
55 
em mero exercicio do poder pessoal e da vontade dos" coroneis": a 
existencia do voto aberto. Nem mesmo a institui~ao do voto secreto 
em 1932, porem, eliminou 0 voto de cabresto da vida polftica bra­
sileira. 
Mas por que havia da parte dos coroneis tanto interesse em 
controlar as elei~6es? 
8. 0 dominio oligarquico 
Para compreender a importfmcia do controle do voto, outra 
caracterfstica da vida polftica brasileira, durante a Republica Ve­
Iha, deve ser considerada. Trata-se do domfnio polftico das oligar­
56 
Padre Cicero (terceiro da direita para a esquerdaJ com "coroneis" e 
autoridades do Ceara. As disputas pelo controle do poder local eram 
freqiientes entre os "coroneis". Tentando por fim aos conflitos entre 
"coroneis" do vale do Cariri, no Ceara, Padre Cicero organizou, em outubro de
,9", um encontro entre os chefes politicos de dezessete municfpios, evento 
que ficou conhecido como 0 "pacto dos coroneis". 
quias. Estas eram poderosas famflias, em geral de proprietarios ru­
rais, que controlavam 0 poder em seus Estados. 
A oligarquia cafeeira de Sao Paulo, dada a importancia da ca­
feicultura na economia brasileira, controlava 0 poder federal. Fa­
zendeiros de cafe paulistas se revezararn, corn poucas exce~6cs, com 
fazendeiros da bacia laticinia de Minas Gerais, na presidencia da 
Republica, durante quase toda a Republica Velha, 0 que ficou co­
nhecido como a "polftica do cafe-com-Ieite" * . 
Esse controle do poder publico (do Estado) pelas oligarquias 
dependia, entretanto, do voto do eleitor. Af entrava em cena a figu­
ra do "coronel", garantindo, com 0 voto de cabresto e todo tipo de 
fraude eleitoral, a vitoria dos candidatos ligados as oligarquias. 
Uma vez confirmadas no controle da administrac,:ao publica, 
as oligarquias retribufam 0 favor dos "coroneis" refor~ando 0 po­
der local destes uitimos. Esses chefcs politicos locais (os "coroncis") 
eram, no mais das vezes, decadentes cconomicamente, distancia­
dos que estavarn dos setores mais prospcros c modernos da ccono­
mia brasileira. 0 apoio as oligarquias Ihes permitia, entao, manter 
sua posic,:ao de poder, controlando e distribuindo as bencsses da ad­
rninistrac,:ao publica estadual e federal em seus municfpios. 
Os "coroncis" conseguiam, por exemplo, garantir a nomea­
c,:ao de parentes, afilhados ou agregados para cargos estaduais ou £e­
derais, ou ainda direcionar a utiliza~ao de verbas publicas de acor­
do com seus interesses (entre outras coisas, 0 usa de dinheiro e de 
recursos publicos nas campanhas eleitorais). 
Sobre essa troca de favores entre as oligarquias e os "coroneis" , 
assim se expressa Vitor Nunes Leal: "A essencia ( ... ) do compro­
misso 'coronelista' - salvo situa~6es especiais que nao constituem 
regra - consiste no seguinte: da parte dos chefes locais, incondicio­
nal apoio aos candidatos do oficialismo nas elei~6es estaduais e fe­
derais; da parte da situa~ao estadual, carta branca ao chefe local 
governista (de preferencia 0 lider da fac~ao majoritaria) em todos os 
assuntos relativos ao municipio, inclusive na nomeac,:ao de funcio­
narios estaduais do lugar. "I» 
Seria, entao, 0 dominio das oligarquias apenas uma expressao, 
em escala maior, do mandonismo local dos "coroneis"? Nao exata­
(5) Idem. ibidem. p. 49-50 
57 
mente, ainda que muitos tenham interpretado assim 0 compromis­
so coronelista acima referido. Enquanto os "coroneis" manti­
nham-se presos a seus horizontes locais, procurando conservar seu 
poder pessoal, as oligarquias se orientavam cada vez mais para a 
esfera publica, ainda que interpretando os "interesses publicos" 
como sendo os seus proprios. 0 fato que precisa ser assinalado e 
que 0 poder privado dos "coroneis" definhava, enquanto se afir­
maya e crescia 0 poder publico. 
As oligarquias assumiam a condw;;ao da administra<;;ao publica 
- os governos estaduais e 0 governo federal - 0 que as obrigava a 
considerar interesses que iam muito alem do limitado mundo dos 
"coroiieis". "Quando entao as oligarquias estaduais veem-se en­
volvidas em projetos economicos ou administrativos amplos, que 
ultrapassavam os limites municipais e ate mesmo estaduais (conces­
soes de terras, negociatas com grupos economicos nacionais ou es­
trangeiros, pIanos de coloniza<;;ao), os chefes locais passam acondi­
<;;ao de peoes ou, na melhor das hipoteses, de socios menores emjo­
gadas que os obrigam a pensar muito alem do ambito local e dos 
vfnculos concretos que mantem com suas clientelas.' '(hJ 
Na condi<;;ao de "peoes" ou "socios menores" de empreendi­
mentos mais amplos e interesses mais poderosos e que os "coro­
neis" foram levados, muitas vezes, a "trair" os compromissos pes­
soais que mantinham com suas clientelas. Essa crise mi domina<;;ao 
coronelfstica esteve por tnls dos movimentos de rebeldia no mundo 
rural brasileiro - ela e bastante visfvel no caso da Guerra Santa do 
Contestado. 
(6) MONTEIRO, Duglas Teixeira. O.f erran/es do novo .fewlo. Sao Paulo, Duas Cidades, 1974 
p.25. 
ATIVIDADES 
I. Responda as questiies que seguem: 
. 0 autoritarismo eum fenomeno present8 exclusivamente nas acaes dos governantes no Bra­
sil? Explique a origem do mandonismo na sociedade
brasileira. 
2. Dois principios opostos estavam presentes nas relacoes entre senhores e agregados, 
Maria Sylvia de Carvalho Franco. Que principios eram 
3. Por que a eonduta orientada pela pratica do favor exige uma obediencia cega do dominado 
poderoso? 
par que 0 compadrio ocultava a distancia Ie a dominaciio) existents entre senhores 
e agregados. 
5. Relacione 0 compadrio com 0 surgimento de praticas como 0 aoadrmtlamento e 0 
mo na administrat;iio publica brasileira. 
6. Explique em que situat;iio os laeos entre proprietarios de terras e seus dependentes sofriam 
o eoronelismo, fenomeno que marcou a vida politica brasileira a partir da proclama 
~iio da Republica. 
8. Explique 0 compromisso que se 8stabeleceu entre "eoroneis" eas olioarouias durante a 
blica Velha no Brasil. 
9. Mostre por que 0 dominio oligarquico nao ser considerado apenas uma forma de corone­
lismo em eseala maior. 
II. leitura complementar 
O texto a seguir foi retirado do Histaria de Dona Placida romance Memorias postumas de Bras Cubas, de Machado Nao te arrependas de sec gene­
de Asszs, onde a pratica do favor e roso; a pratinha rendeu-me uma 
tematizada com fina ironia pelo es­ confidencia de Dona Placida, e con­
cr£tor. Na passagem citada, Bras seguintemente este capitulo. Dias 
Cubas, na1Tador e personagem pnn­ depois, como eu a achasse sO em ca­
cipal, narra e comenta uma conversa sa, travamos palestra, e ela contou­
sua com Dona Placida, velha agre­ me em breves termos a sua hist6ria. 
gada da familia de VirgiNa, amante Era filha natural de urn sacristao da 
de Bras. Os dois amantes realizam Sf e de uma mulher que fazia doces 
seus encontros numa casinha no su­ para fora. Perdeu 0 pai aos dez 
burbio, onde deixam Dona Placzda anos. ):i entao ralava coco e fazia 
morando para evitar suspeitas. nao sei que outros trabaIhos de do­
59 58 
ceira, compadveis com a idade. Aos 
quinze ou dezesseis casou com urn 
alfaiate, que morreu tisico algum 
tempo depois, deixando-Ihe uma fi­
lha. Viuva e mo~a, ficaram a seu 
cargo a filha, com dois anos, e a 
mae, cansada de trabalhar. Tinha 
de sustentar a tees pessoas. Fazia do­
ces, que era 0 seu ofleio, mas cosia 
tambem, de dia e de noite, com 
afinco, para tres ou quatro lojas, e 
ensinava algumas crian~as do bairro, 
a 10 tostoes por meso Com isso iam­
lhe passando os anos, nao a beleza, 
porque nao a tivera nunca. Apare­
ceram-Ihe alguns namoros, propos­
tas, sedu~oes, a que resistia. 
Se eu pudesse encontrar 
outto marido disse-me ela 
creia que me teria casado; mas nin­
guem queria casar comigo. ( ... ) 
ona Placida jurou-me queD nao esperava fidalgo ne­nhum. Queria ser casada. 
Sabia muito bern que a mae 0 nao 
fora, e conhecia algumas 
nham s6 0 seu mo~o delas; mas era 
genio e queria ser casada. Nao que­
ria tambem que a fi]ha Fosse outra 
coisa. Trabalhava muito, queiman­
do os dedos ao fogao, e os olhos ao 
candeeiro, para comer e nao cair. 
Emagreceu, adoeceu, perdeu a 
mae, enterrou-a por subscri~ao, e 
continuou a trabalhar. A filha esta­
va com catorze anos; mas era muito 
fraquinha, e nao fazia nada, a nao 
ser namorar os capad6cios que Ihe 
rondavam a r6tula. ( ... ) 
Interrompeu-se urn instante, e 
continuou logo: 
Minha filha fugiu-me; foi 
com urn sujeito, nem quero saber ... 
Deixou-me 56, mas tao teiste, que 
pensei morcer. Nao tinha ninguem 
mais no mundo e estava quase velha 
e doente. Foi por esse tempo que 
conheci a familia de laia: boa gente, 
que me deu que fazer, e ate chegou 
a me dar casa. Estive la muitos me­
ses, urn ano, mais de urn ano, agre­
gada, costurando. Sai quando laia 
casou. Depois vivi como Deus foi 
servido. Olhe os meus dedos, olhe 
estas maos ... - E mostrou-me as 
maos grossas e gretadas. as pontas 
dos dedos picadas da agulha. -
Nao se cria isto a toa, meu senhor: 
Deus sabe como e que isto se cria... 
Felizmente, laia me protegeu, e 0 
senhor doutor tam bern ... Eu tinha 
urn medo de acabar na rua, 
do esmola ... 
Ao soltar a frase, Dona 
Placida teve urn Depois, 
como se tornasse a SI, pareceu aten­
tar na inconveniencia daquela con­
fissao ao amante de uma mulher ca­
sada, e come~ou a rit, a desdizer-se, 
a chamar-se tola, "cheia de fidu­
cias" I como Ihe dizia a mae; enfim, 
da do meu silencio, tetirou-se da sa· 
la. Eu fiquei a olhar para a ponta do 
botim. 
Comigo 
P 
odendo acontecer que algum 
dos meus leitotes tenha pulado 
o capitulo anterior, observo 
que e preciso le-Io para en tender 0 
que eu disse comigo, logo depois 
que Dona Placida saiu da sala. 0 
que eu disse foi isto: 
" Assim, 0 sacristao da Se, urn 
dia, ajudando amissa, viu entrar a 
dama, que devia ser sua colaborado­
ra na vida de Dona Placida. Viu-a 
outros dias, semanas inteiras, gos­
rou, disse-lhe alguma gra~a, pisou­
Ihe 0 pe, ao acender os altares, nos 
dias de Festa. Ela gostou dele, acer­
cararn-se, amaram-se. Dessas conjun­
~oes de luxurias brotou Dona Placi­
da. Ede crer que Dona Placida nao 
falasse ainda quando nasceu, mas 
se falasse podia dizer aos autores de 
seus dias: Aqui estou. Para que 
me chamastes? 
Eo sacristao e a sacrista na­
turalmente Ihe responderiam: ­
Chamamos-te para queimar os de­
dos nos tachos, os olhos na costura, 
comer mal, ou nao comer, andar de 
urn lado para 0 outro, na faina, 
adoecendo e sarando, com 0 fim de 
tofnar a adoecer e sarar outra vez, 
triste agora, logo desesperada, ama­
nha resignada, mas sempre com as 
maos no tacho e os olhos na costura, 
ate acabar urn dia na lama ou no 
hospital; foi para isso que te chama­
mos, num momento de simpatia. 
o estrume 
ubito deu-me a consciencia urn Srepelao, acusou-me de ter feito capitular a probidade de Dona 
Placida, obrigando-a a urn pape! 
Ouestoes sobre 0 texto: 
depois de longa vida de tea­
e priva~oes. Medianeira nao 
era melhor do que concubina, e eu 
tinha-a baixado a esse ofleio, acusta 
de obsequio e dinheiro. Foi 0 que 
me disse a consciencia; fiquei uns 
dez minutos sem saber 0 que Ihe re­
plicasse. Ela acrescentou que eu me 
aproveitara da fascina~ao exercida 
por Virgilia sobre a ex-costureira, da 
gratidao desta, enfim da necessida­
de. Notou a resistencia de Dona 
Placida, as lagrimas dos primeiros 
dias, as caras feias, os silcncios, os 
olhos baixos, e a minha arte em suo 
portae tudo isso, ate vence-Ia. E re­
puxou-me outra vez de urn modo 
itritado e nervoso. 
Concordei que assim era, mas 
aleguei que a velhice de Dona Placi· 
da estava agora ao abrigo da mendi­
cidade: era uma compensa~ao. Se 
nao fossem os meus amores, prova­
velmente Dona Placida acabaria co­
mo tantas outras criaturas humanas; 
donde se poderia deduzir que 0 VI­
cio e muitas vezes 0 estrume da vir­
rude. 0 que nao impede que a vir­
tude seja uma flor cheirosa e sa. A 
consciencia concordou, e eu fui abrir 
a porta a Virgilia. 
ASSIS , Machado de. Mem6rtas p6stumas de 
Bras Cubas. Sao Paulo, Abril Cultural. 
1971. p. 104-6. 
Leia os trechos abaixo, ern que 0 ensaista Roberto Schwarz comenta a forma como a situa 
~ao do hamem pabre livre e representada nas Memorias P6stumas de Bras Cubas. 
"Nao tendo orooriedade, e estando 0 orincioal da oroducao economica acargo dos escravos, 
e se 
61 60 
suma, a Vida honesta e independente nao estl ao alcance do pobre, que aos olhos dos 
abastados e presun90so quando a pretende, e desprezivel quando 
Encontre e comente passagens no texto de Machado que justifiquem as afirma~6es de 
Roberto Schwarz. 
2. A consciencia de Bras Cubas acusa-o de ter cometido uma torpeza com Dona Placida. Qual 
seria a torpeza, no caso? Como Bras responde aacus8vao de sua consciencia? 
III. Sugestoes de leitura: 
Os principais romances de Machado de Assis: MemoriaJ postumaJ de Bras 
Cuba:>, QuiT/cas Borba e Dom Casmurro. Alem de serem obras litcnirias de 
prirneira grandeza, nelas 0 escritor
tematiza, como ninguern mais, as re­
laf,:oes entre dominantes e dominados fundadas na pratica do favor. 
(7) SCHWARZ, Roberlu. A velha /Jabre e a retratil·ta. Sau Paulo, Cebrap, abril-82. p. 35-8. 
..-·----[JUF;7. ;:- I~ - U1\S T 
t·, I r) LIt) -r' r.: ("A1:;)1 U "I ~.• vO
......*-----.......~----......... 
Os Conflitos Sociais 
no Campo: Messianismo 
e Cangaro 
seculo" 
1. Contexto geral das lutas sociais no mundo rural 
o mundo rural brasileiro no seculo XX - 0 sonhado "novo 
dos sertanejos do Contestado tern sido marcado por con­
llitos de grandes propon,;oes e por uma permanente situa(,":ao de lu­
las e de violencia. 
Na primeira metade deste seculo, incluindo-se os ultimos anos 
do seculo XIX, predominaram os movimentos messidnicos, no Nordes­
te e no SuI do Pais, e 0 cangClfo, uma manifesta(,":ao mais tipica dos 
sertoes nordestinos. A partir da decada de 1950, os movimentos so­
ciais de camponeses e de trabalhadores rurais surgiram, principal­
mente, na forma das Ligas Camponesas e dos sindicatos rurais. 
o panorama geral desses movimentos sao as transform~oes 
que ocorreram na sociedade agra.ria brasileira a partir do processo 
de aboli(,":ao da escravatura que terminou em 1888. Com a aboli(,":ao 
do trabalho escravo, os fazendeiros procuraram se assegurar do mo­
nop6lio sobre a terra. Ja vimos que a Lei de Terras de 1850 proibia a 
ocupa(,":ao das terras devolutas de outra forma que nao atraves de 
sua compra. Jaem finais do seculo XIX, 0 controle das terras devo­
lutas passou para os Estados - que, como vimos, eram dominados 
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