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FACULDADE DE ENGENHARIA E AGRICULTURA LICENCIATURA EM AGRONEGÓCIO E DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO DISCIPLINA: SOCIOLOGIA RURAL Trabalho Académico de Pesquisa As aldeias comunais como a primeira manifestação da economia solidaria em Moçambique. Beira, Outubro de 2023 João José Domingos As aldeias comunais como a primeira manifestação da economia solidaria em Moçambique. Beira, Outubro de 2023 Trabalho de pesquisa apresentado na UnISCED como requisito para avaliação na cadeira Sociologia Rural Orientado pelo Docente꞉ Índice 1. Introdução ..................................................................................................................... 1 1.1 Objectivos ................................................................................................................... 2 1.1.1. Geral ....................................................................................................................... 2 1.1.2. Específicos .............................................................................................................. 2 2. Metodologia .................................................................................................................. 2 3. Revisão Bibliográfica ................................................................................................... 3 3.1. As aldeias comunais como a primeira manifestação da economia solidaria em Moçambique. .................................................................................................................... 3 3.1.1. A Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique ........................................ 3 2.3. Causa da Implantação das Aldeias Comunais ........................................................... 3 2.4. Objectivo da Adopção da Política de Aldeias Comunais .......................................... 4 2.5. O Processo de Aldeias Comunais no Período pós-Independência ............................ 5 2.6. Factores que Contribuíram para a Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique ..................................................................................................................... 6 2.7. Critério Utilizados para a Implantação das Aldeias Comunais ................................. 7 4. Conclusão ..................................................................................................................... 8 5. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 9 1 1. Introdução Sithole & Cessár (2013), as aldeias comunais em Moçambique são uma forma tradicional de organização social e económica que remonta a séculos. Essas aldeias são baseadas na cooperação e partilha de recursos, e são uma manifestação inicial da economia solidária no país. As aldeias comunais são geralmente pequenas, com uma população de algumas centenas de pessoas. Os membros da aldeia são geralmente parentes próximos, e são responsáveis pela produção de alimentos, construção de casas e manutenção da comunidade. A terra é propriedade comum, e os recursos são partilhados de forma equitativa (Cossa, 2008). As aldeias comunais são uma forma sustentável de organização social e económica. Elas permitem que as comunidades locais produzam seus próprios alimentos e tenham acesso a recursos básicos. Além disso, as aldeias comunais promovem a solidariedade e a cooperação entre os membros da comunidade (Sithole & Cessár, 2013). A economia solidária nas aldeias comunais tem sido uma fonte de inspiração para o desenvolvimento de modelos de economia solidária em Moçambique. Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse em promover a economia solidária no país, como forma de promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. O trabalho tem a seguinte estrutura: introdução, objectivos, metodologia, revisão bibliográfica, conclusão e referências bibliográficas. 2 1.1 Objectivos 1.1.1. Geral Abordar sobre as aldeias comunais como a primeira manifestação da economia solidaria em Moçambique,, 1.1.2. Específicos Falar da implementação das as aldeias comunais em Moçambique; Mencionar as causa da implantação das Aldeias Comunais; Explicar os factores que contribuíram para as aldeias comunais. 2. Metodologia Para a realização do trabalho recorreu-se a consultas bibliográficas como forma de dar o suporte teórico dos assuntos discutidos, deste modo a metodologia utilizada no trabalho foi uma abordagem qualitativa. Pois segundo Gil (2008), o objectivo central da abordagem qualitativa é entender a explicação de algum fenómeno, ou seja, subjectividades e nuances que não são quantificáveis. E a colecta de dados foi atraves de vários autores que abordam o tema cuja bibliografia se encontra patente na página reservada para o efeito. 3 3. Revisão Bibliográfica 3.1. As aldeias comunais como a primeira manifestação da economia solidaria em Moçambique. 3.1.1. A Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique O projecto moçambicano das aldeias comunais não era novo, nem original. Experiências análogas foram realizadas anteriormente em diferentes regiões do globo, sobretudo em países subdesenvolvidos, onde os recursos agrícolas e a população rural constituíam o facto básico do seu desenvolvimento como, por exemplo, na URSS, Israel, bem como nos países da América latina (Cossa, 2008). Em África as práticas de transferências e concentração de populações rurais num habitat concentrado, considerada como estratégia nacional de desenvolvimento e de transformação social tiveram a sua mais ampla expressão na década 70, primeiro na Argélia (aldeias socialistas)e depois na Tanzânia (aldeias Ujamau). Foi na sequência dessas duas experiências e dos modelos socialistas de desenvolvimento seguido nesses países que se iniciava o movimento de socialização rural em Moçambique (1977), de que as aldeias constituíam a manifestação mais visível e importante (Cossa, 2008). Em Moçambique, a ideia da criação do sistema das aldeias comunais surgiu pela primeira vez no discurso político através do presidente Samora Machel, em 25 de Julho de 19975 debaixo da denominação de aldeias popular (Cossa, 2008). Na perspectiva de CASAL, o movimento de socialização do meio rural em Moçambique teve o seu inicio 1977. Mas, é preciso salientar que antes desse período que coincide com a realização do terceiro congresso da FRELIMO, movimento das aldeias comunais já estavam em curso em algumas zonas do país. 2.3. Causa da Implantação das Aldeias Comunais Cuhe (1999), Moçambique encontrava-se numa grelha de países que devia resolver o problema do seu desenvolvimento básico a partir da agricultura, tentando gerir neste sector excedente que lhe permitisse a necessária acumulação para percorrer novas etapas. 4 Foi nesta perspectiva que o governo moçambicano definiu no período a seguir independência, as linhas globais da política de desenvolvimento nacional, isto é, “tomar a agricultura como base e a indústria como factor dinamizador”. Neste período o desenvolvimento rural insere-se num plano de transformação, tendo como metas o socialismo. As transformações empreendidas deviam se concretizar em duas directivas: A dinamização da população agrícola sob a forma de empresas estatais e cooperativas; Concentração espacial da população rural dispersa em aldeias comunais. Com a implantação dos movimentos das aldeias comunais, pretendia-se vencer o subdesenvolvimento e transformar as relações sociais numa perspectiva socialista. Este modelo de desenvolvimento e socialização foram apresentados como alternativa possível para ultrapassaro atraso do país e as desigualdades sociais entre o campo e as cidades. 2.4. Objectivo da Adopção da Política de Aldeias Comunais Mondlane (1975), a aldeia comunal nasce e constrói na base de uma realidade social anterior. Segundo a concepção oficial do desenvolvimento da socialização, a concentração das populações rurais deveria ser uma condição para alcançar o projecto desenhado pelo governo para o futuro, com base nos objectivos socioideológicos, económicos e políticos seguintes: a) Objectivos Sociais e ideológicos O Partido FRELIMO ao criar as aldeias comunais pretendia: Inculcar os novos valores nacionais e socialistas através de canais de instituições estatais tais como escolas, administração, posto de rádio, as organizações de massas, e outros; Anular a qualquer custo o sistema de valores tradicionais considerados oficialmente como obscurantistas, incompatível com o ideal de um Homem Novo e da sociedade socialista; Libertar a população rural da produção familiar para produção estatal e cooperativas. b) Objectivos Económicos 5 Participar em forma mais moderna e rentável de produção agrícola em seu próprio benefício familiar e para o bem da comunidade através de um fundo de acumulação social; Criar condições estruturais para que as populações possam, por si próprio, assegurar e melhorar o seu consumo e abastecimento básico, ao mesmo tempo que os recursos nacionais disponíveis são dirigidos livremente para sectores de produção e de consumo considerados prioritários, dentro da óptica de desenvolvimento nacional e da opção política; Organizar os recursos naturais e humanos nas zonas rurais, promovendo uma maior rentabilidade na produção, particularmente na produção de exportação, com o fim de criar uma taxa mais elevada descendente e aumentar o fundo de acumulação. c) Objectivos Sócio -Político Unir as comunidades rurais (unidades regionais, tribais, clânicas e linhagens de parentesco, etc) num quadro político-administrativo com a finalidade de: Garantir o fortalecimento do controlo estatal sobre o território nacional através de novos vínculos de subordinação ao poder central; Com a saída da maioria dos médicos portugueses depois da independência, a FRELIMO realçou a medicina social e preventiva através da campanha nacional de vacinação contra a varíola, sarampo e tétano, usando pessoal médico expatriado; Através das aldeias comunais, as populações rurais teriam acesso aos serviços moderna instrução escolar, saúde, segurança, comunicação, etc. Que numa situação de dispersão lhes estariam vedados. 2.5. O Processo de Aldeias Comunais no Período pós-Independência Durante a guerra de libertação, a FRELIMO estava bastante atenta a mobilização das massas do campesinato, visto que, era a classe mais oprimida sob antigo regime. Acreditava que o povo podia ser mobilizado para apoiar a revolução, resolveu-se então formar associações de massas, em que os líderes tradicionais estariam como chefes e dirigentes de cooperativas e bem assim os grupos oprimidos como trabalhadores e as 6 mulheres. Foi dedicada atenção à criação de escolas, armazéns e hospitais nas zonas rurais, e a criação de aldeias comunitárias para proteger a população. Segundo Casal (1996, p.158) “o terceiro congresso da FRELIMO, em 1977 definiu a aldeia comunal como estratégia de desenvolvimento e de socialização rural, tal como já tinha sido estipulado pela 8ª sessão do Comité Central da FRELIMO em Fevereiro de 1976”. No entanto, os dois eventos citados por CASAL definiram que a base económica de uma aldeia comunal devia ser constituída pela produção estatal e pelas cooperativas pois, o papel das cooperativas seria o de servir de instrumento nas mãos dos camponeses para eles poderem exercer o controlo directo sobre a produção e tomar consciência social e política do movimento revolucionário no campo. Nesta perspectiva, pode-se concluir que as aldeias comunais constituíram a base da socialização no meio rural, pois, com a concentração ou aglomeração da população num único habitat permitiu o desenvolvimento de novas formas de relações sociais, políticas e económicas, no quase refere a troca de experiência (interacção entre diferentes grupos populacionais), a colectivização e controlo da população, assim como a implementação de determinados serviços sociais como é o caso da educação. 2.6. Factores que Contribuíram para a Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique a) Capacidade Mobilizadora do Partido FRELIMO O fundo revolucionário que a FRELIMO foi acumulando ao longo dos 10 anos de luta armada era grande. O prestígio, a força e a autoridade com que se apresentou para tomar nas suas mãos destino do povo moçambicano eram de uma forma geral, reconhecido por todo os moçambicanos, dos mais diferentes estratos sociais, e em particular pelos camponeses que constituíam a principal base de apoio da FRELIMO, sobretudo no Norte do país. Esta expectativa de uma vida melhor (acesso à escola, hospitais, transportes, os consumos de bens, os abastecimentos de meios de produção, etc) programado pelo Partido FRELIMO e pelo novo Estado moçambicano em que as populações rurais depositavam a sua confiança, explicam adesão de grande parte da população as aldeias comunais. 7 b) As Calamidades Naturais O período de 1977-1978 foi pródigo em fenómenos naturais, tais como as cheias e mais tarde as secas, afectando a sua vasta região do território nacional. Estas circunstâncias foram aproveitadas pelas autoridades moçambicanas para propor as populações vítimas das catástrofes, o enquadramento em aldeias comunais onde a segurança das suas vidas, dos seus bens e do seu futuro ficariam garantidos. 2.7. Critério Utilizados para a Implantação das Aldeias Comunais Ao nível da escolha de locais para a implantação duma aldeia, foi na 8ª reunião do Comité Central da FRELIMO que foram definidas os critérios básicos de localização que eram seguintes: A proximidade de vias de acesso – estradas ou picadas relativamente ao local da implantação das aldeias comunais; Recursos naturais em água e terra; Distância em relação a área de produção; Densidade e composição dos aglomerados humanos das aldeias Os critérios oficialmente divulgados referiam que concentração média era de 500 famílias com 5 agregados e com uma porção de terra mínima de 30 X 40 metros. 8 4. Conclusão Em Moçambique, a ideia da criação do sistema das aldeias comunais surgiu pela primeira vez no discurso político através do presidente Samora Machel, em 25 de Julho de 19975 debaixo da denominação de aldeias popular. A aldeia comunal nasce e constrói na base de uma realidade social anterior. Segundo a concepção oficial do desenvolvimento da socialização, a concentração das populações rurais deveria ser uma condição para alcançar o projecto desenhado pelo governo para o futuro, com base nos objectivos socioideológicos, económicos e políticos. 9 5. Referências Bibliográficas 1. Cossa, H., & Mataruca, S. (2008). Moçambique e sua história. 2. Cuhe, D. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim de Século Edições. 3. Duarte, R. T. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim do seculo edicoes. 4. Giddens, A. (2001). Modernidade e identidade Pessoal. Oeiras: Celta Editores. 5. Mondlane, (1975). Lutar por Moçambique. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora. 6. Sithole, D. M., & Cessár, S. (2013). Manual de Curso de licenciatura em Ensino de História: A Sociedade Africana e Moçambicana aquando das Independências. Beira-Moçambique: Universidade Católica de Moçambique: Centro de Ensino à Distância-CED.
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