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Apostila de Direito das Organizacoes Internacionais 1 Alex Real Ferreira

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Direito Internacional
Direito das Organizações Internacionais
Professor Alex Real
Siglas e abreviaturas
ACNUR – Alto Comissariado das Nações unidas para os Refugiados
AG – Assembleia Geral das Nações Unidas
AID – Agência Internacional de Desenvolvimento
AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica
ALADI – Associação Latino-Americana de Integração e Desenvolvimento
ALALC – Associação Latino-Americana de Livre Comércio
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas
ANZUS – Organização de Segurança e Assistência entre Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia
APEC – Organização de Cooperação Econômica Ásia Pacífico
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD – Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Banco Mundial)
BIT- Buerau Internacional do Trabalho
CE – Conselho da Europa
CIJ – Corte Internacional de Justiça
CJI – Comissão Jurídica Interamericana
UNCTAD – Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento
CPJI - Corte Permanente de Justiça Internacional
CS – Conselho de Segurança das Nações Unidas
ECOSOC – Conselho Econômico e Social das Nações Unidas
FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
FFMI – Fundo Monetário Internacional
GATT – Acordo Geral de Tarifas Alfandegárias e Comércio
MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
NU – Nações Unidas
OACI - Organização da Aviação Civil Internacional
OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OEA – Organização dos Estados Americanos
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMC – Organização Mundial de Comércio
OMI ou IMO – Organização Marítima Internacional
OMM – Organização Meteorológica Mundial
OMS – Organização Mundial da Saúde
OMT – Organização Mundial do Turismo
ONG – Organização Não –Governamental
ONGAT – Organização Não-Governamental de Alcance Transnacional
ONU – Organização das Nações Unidas
ONUDI – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SDN – Sociedade (ou Liga) das Nações
UIT – União Internacional de Telecomunicações
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNCTAD – Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
UPU – União Postal Universal
Vídeo de Apresentação da Disciplina
1. Teoria Geral das Organizações Internacionais
O direito internacional propõe a organização e ordenação daqueles sujeitos que se relacionam na sociedade internacional. Essas relações se iniciam em função da vida em coletividade que apresenta problemas e soluções comuns, tais como as questões ambientais, econômicas, culturais, interação tecnológica, comunicações. 
O direito internacional se constrói de forma cooperativa baseado nessas relações de coordenação entre estes sujeitos. Com destaque para as organizações internacionais que mudaram completamente a forma de relacionamento e o ambiente de negociações na sociedade internacional.
1.1. A Sociedade Internacional
O termo sociedade internacional parece ser o mais correto em razão das atuais relações que se estabelecem entre os sujeitos. Alguns autores preferem o termo comunidade internacional, mas já há consenso na doutrina de que as atuais relações sociais se dão conforme uma sociedade, já que a comunidade depende de relações afetas ao próprio direito natural. Como sabemos o direito internacional posto, atualmente depende do consenso e da vontade, daí chamarmos o meio onde se relacionam os sujeitos de sociedade.
Historicamente a sociedade nasce unissubjetiva, ou seja, com apenas um tipo de sujeito promovendo as relações: o estado soberano.
Os tratados da Vestfalia de 1648 podem ser considerados os primeiros tratados que se configuram como relações inter estatais. Esta situação se manteve até o final do século XIX, sendo a sociedade internacional unissubjetiva e o direito internacional disciplinando exclusivamente as relações entre estados soberanos.
Podemos concluir então que o direito internacional clássico nascido desta conjuntura é guiado pelo princípio da soberania sem superposição, ou seja, as relações ocorrem de forma horizontalizada e igualitária entre os estados.
No final do século XIX e começo do século XX o direito internacional clássico inicia sua transformação em contemporâneo aceitando inclusive a inserção de um novo sujeito na sociedade internacional dotado de personalidade jurídica. Isto ocorreu em função da inabilidade dos estados em responder a complexa estrutura político-econômica que se apresentava, por exemplo, final da Primeira Guerra, “Crash” da Bolsa de Nova Iorque, incremento das comunicações e do comércio entre as nações.
Portanto, a sociedade internacional agora comporta o estado soberano e as organizações internacionais estatais (ou intergovernamentais) como sujeitos.
Das questões mais nobres, como a proteção aos direitos humanos, até as mais corriqueiras, como a padronização de qualidade na compra e venda de produtos, podemos encontrar atuação das organizações internacionais. As organizações internacionais auxiliam, portanto, no entendimento entre os sujeitos clássicos da sociedade internacional, os Estados soberanos e as próprias organizações, proporcionado assim um locus para o desenvolvimento do direito internacional, assim como possibilitam os encontros e as negociações entre os países para o entendimento e feitura dos tratados internacionais.
Este espaço conquistado pelas organizações internacionais nasce da necessidade da institucionalização das relações entre Estados e pode ser entendido como uma verdadeira diplomacia parlamentar. Esta institucionalização se dá também em razão do caráter permanente das organizações. 
É inegável a atuação das organizações internacionais na mudança da característica do direito internacional de costumeiro para positivado. Note-se: até a consolidação das organizações internacionais como sujeitos do direito internacional, ao final da Segunda Guerra, o número de tratados concluídos no direito internacional pela humanidade era de aproximadamente 10.000.
Por volta do ano 2000 com as atuações das organizações internacionais, o número de tratados concluídos saltou para 40.000.
É inegável também que as organizações internacionais contribuíram para o multilateralismo (várias partes em um tratado internacional), o que torna o direito internacional coeso, ou seja, aumento da cogência da norma internacional. Na maioria das vezes, é mais fácil descumprir um tratado onde haja apenas uma contraparte, do que descumprir um tratado onde há inúmeras partes.
1.2. Características das Organizações Internacionais
1.2.1. Multilateralismo
O direito internacional no que se refere ao número de partes pactuantes experimentou uma forma de cooperação maior quando três ou mais estados decidiram pactuar para atingir finalidades comuns, portanto, o bilateralismo cede espaço para o multilateralismo. O papel das organizações internacionais nesse contexto é de suma importância, já que o palco onde se desenvolve o multilateralismo é justamente os das organizações internacionais.
O multilateralismo reflete a negociação de um número maior de participantes, na verdade este grande número pode refletir um contexto regional ou ainda universal. Portanto, o regionalismo ou universalismo como temas do multilateralismo, refletem na verdade mais do que princípios ou objetivos das organizações multilaterais, sejam elas regionais ou universais, refletem a composição destas, seus sócios. O critério mais utilizado na definição de organizações regionais é o geográfico, mas não é o único. Por exemplo, a Organização dos Estados Americanos que têm a contiguidade geográfica (países pertencentes ao continente americano) como critério de escolha dos integrantes. 
Já as organizações de caráter universal não impõem critérios que discriminem, seja pela posição geográficaou outro critério qualquer. A multilateralidade vem tornando o direito internacional mais cogente e, portanto, mais efetivo, já que o descumprimento do tratado internacional se torna mais delicado para os estados soberanos: descontentar a muitos parece ser pior do que descontentar a um. 
O multilateralismo pode se exteriorizar conforme o processo de tomada de decisão das organizações internacionais: em razão da unanimidade entre os membros que apresenta grande inconveniente, pois é nítida a dificuldade de alcançá-la; ou ainda pelo consenso, que pode ser entendido como uma unanimidade formal, ou seja, a ausência de objeção. Ainda que um país não seja a favor, ele não é contrário à tomada de decisão. 
1.2.2. Permanência
Outra característica marcante das organizações internacionais é sua permanência. Esta se explica historicamente com a evolução e os períodos de negociação denominados conferências. O caráter transitório destas necessitou transformar-se no tempo, em razão da permanência dos temas abordados. Um tratado internacional não pode ser esquecido em razão do encerramento das negociações, ele deve se perpetuar no tempo, ou até atingir os efeitos previstos no campo determinado. Assim como os temas não se esgotam no tempo - por exemplo, comunicações, meio ambiente -, é de sua natureza a evolução. É de se imaginar, portanto, que tratados que abordem esses temas mereçam um espaço permanente de discussão. Este espaço é cedido pelas organizações internacionais.
A permanência das instituições acaba acarretando na previsibilidade das relações internacionais com a consequência estabilidade e segurança do sistema jurídico internacional.
1.2.3. Institucionalização
Como traço marcante das organizações internacionais é possível apontar-se a institucionalização, a origem histórica destas se encontra nos administradores das negociações dos tratados. Algo que parece simples, mas que na verdade contribui para a formalização desses tratados, por exemplo, quem será o depositário dos instrumentos assinados? Imagina-se um “guarda-volumes”. O período denominado de conferências, portanto, ajudou a formar os secretariados, criando assim a noção de institucionalização das organizações internacionais que evoluirá para o tema de máxima importância: a questão da personalidade jurídica internacional das organizações.
A institucionalização nasce, portanto, desta necessidade de caráter meramente administrativo, mas pode evoluir para uma figura complexa capaz inclusive de diluir o conceito clássico de soberania quando reflete, por exemplo, a delegação dos estados membros para organização, criando assim um órgão supranacional. A institucionalização ainda guarda a manifestação de vontade dos membros, a vontade entendida como voluntarismo necessita de exteriorização, que se formaliza com a assinatura do tratado, gerando inclusive a responsabilidade estatal.
A institucionalização promove um novo olhar sob a participação do estado na organização internacional, fazendo com que este dimensione suas necessidades que outrora ficavam em competência exclusiva da soberania nacional e isto era tido como uma verdade absoluta.
A institucionalização, portanto, insere este novo elemento de relações interestatais, interpondo um novo sujeito que pode possuir caráter mediador no que diz respeito à solução de controvérsias buscando soluções pacíficas, esvaziando inclusive conflitos armados, as guerras, fruto por vezes, de relações diretas.
1.3. Histórico
O desenvolvimento histórico das organizações está centrado inicialmente na experiência europeia, seja pelo entendimento de suas monarquias e da divisão de territórios ultramar, seja pelos diversos armistícios entabulados pelos europeus ao longo do século XIX. 
Do lado americano, após a independência das diversas colônias, podemos salientar a falta de entendimento entre os latino-americanos, o que responde pela fragmentação em diversas novas repúblicas, frustrando os planos de Bolívar e San Martín. Já no norte, o desejo de protagonizar seu papel regional, fez com que os EUA abraçassem a Doutrina Monroe, a “América para os americanos”.
Ainda assim, existem tentativas formando uma confederação de Estados americanos com o Tratado do Panamá em 1826, sem a participação dos EUA ou do Brasil.
Em 1890, reunindo-se em Washington, a primeira Conferência Internacional dos Estados Americanos busca principalmente a formação de um sistema tarifário americano. Apesar do seu fracasso, há a criação de um escritório de divulgação comercial.
Alguns momentos históricos:
Tratado de Paz da Vestfalia (1648)
O Tratado de Paz da Vestfalia (1648) inicia um período de entendimento entre Estados nacionais sem interferência do poder da Igreja, portanto, já podemos citar a existência de um direito internacional escrito, mas que ainda se baseava na bilateralidade para a sua exteriorização.
A formação da Santa Aliança e do Concerto da Europa
No início do século XIX, pondo fim às Guerras Napoleônicas, formou-se um consenso europeu entre as cinco maiores potencias daquele continente: França, Reino Unido, Prússia, Rússia e Áustria; inaugura-se um período de relacionamento entre os citados países, ainda que baseados nos interesses das monarquias vigentes. Ressalte-se o início da institucionalização através da criação de um diretório ou espécie de secretariado. Este período também é chamado “Era dos Congressos”.
Conferências de Haia
Do lado europeu com a cristalização dos Estados nacionais e do lado americano com o rechaço da reação espanhola de reconquista, ocorre a tentativa de estabelecimento de princípios jurídicos comuns em duas conferências: 1899 e 1907, na cidade holandesa de Haia.
As Uniões Técnicas
Como resposta à intensificação do comércio global, ainda no século XIX os países buscaram o entendimento para a solução de problemas de ordem técnica, daí nascem a União Postal Universal (1874) e a Convenção Unionista de Paris (1893) na proteção dos direitos de propriedade industrial, além da Organização Internacional do Trabalho – OIT, com a criação de padrões mínimos para o trabalhador;
Sociedade das Nações ou Liga das Nações;
Criada em 1919, com o intuito de celebrar a paz ao final da Primeira Grande Guerra, além de zelar manutenção desta, não alcança seu objetivo primordial em razão da eclosão da Segunda Guerra, pondo fim inclusive ao sistema colonial europeu criado pela era do Concerto.
O sistema da Organização das Nações Unidas – ONU;
Apesar do aprofundamento posterior do tema, saliente-se que o fim da Segunda Guerra e a criação da ONU.
Com o fim da Segunda Guerra e a criação da ONU inaugura-se a nova fase das organizações internacionais com o seu protagonismo multilateral, conforme analisaremos.
1.4. Conceito e Definição
Angelo Piero Sereni in MELLO (2004) define: “A organização internacional é uma associação voluntária de sujeitos do direito internacional, constituída por ato internacional disciplinada nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais realiza as finalidades comuns de seus membros e o exercício de poderes que lhe foram conferidos”.
Passamos a analisar a definição acima apontando as características das organizações internacionais:
Associação voluntária de sujeitos do direito internacional
Quanto aos sujeitos do direito internacional, via de regra, temos os Estados como os formadores das organizações. A que se mencionar da possibilidade de uma organização associar-se a outra numa espécie de sistema, como exemplo da ONU. O que se destaca neste item é o caráter governamental da associação.
A vontade é elemento essencial já que nenhum Estado é obrigado a inserir-se numa organização. Fica claro quando esta vontade se reflete no consentimento livre posto num tratado internacional, elemento obrigatório para a formação deste.
Criadas no direito internacional e pelo direito internacional;
Elas são criadaspor tratados internacionais e conforme o direito internacional. A criação de uma organização internacional não pode se dar conforme o direito interno de nenhum país. Aí está o vício na criação da Cruz Vermelha, pois esta teve seu ato inicial proposto por Henry Dunant junto ao Conselho Federal Suíço. Atualmente, em razão do direito internacional humanitário, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, criado em 1863, vem celebrando tratados como se fosse organização internacional, em razão das Convenções de Genebra de 1949.
A Cruz Vermelha na verdade se configura como sociedades criadas junto ao direito interno em cada país de atuação que se reúnem internacionalmente no Comitê Internacional - nos países árabes em razão do credo, são conhecidas como “Crescente Vermelho”. 
Os tratados internacionais que criam organizações internacionais têm caráter institutivo e adquire aspecto de constituição da organização. As normas de direito internacional também são utilizadas nas relações entre as organizações e outros sujeitos do direito internacional.
Em geral as normas que instituem organizações internacionais recebem o nome de Carta como é o caso da ONU, ou Estatuto como no caso do TPI.
Personalidade internacional;
A criação dá a organização internacional personalidade jurídica internacional tornando-se um ente de aspecto estável na sociedade internacional. Portanto, podemos afirmar que as organizações internacionais são pessoas jurídicas de direito público externo detendo autonomia, não se confundindo com a personalidade jurídica de seus integrantes.
Dotadas de organicidade;
As organizações internacionais devem possuir órgãos próprios, nos tratados internacionais que criam as organizações internacionais deve haver a previsão dos órgãos que compõem a organização além de suas competências, por exemplo, as organizações podem se dividir em conselhos, secretarias, etc. Há ainda que se prever a forma de preenchimento dos cargos com as competências previstas de seus ocupantes.
Para atingir finalidade comum de seus integrantes;
As organizações internacionais não podem ser criadas por princípio, para corresponder à vontade exclusiva de um único integrante. É característica das associações o encontro das vontades dos diversos integrantes. O fim deve ser de interesse de todos.
Nobreza de finalidades;
Respeitando ainda os princípios do direito internacional, ainda que de forma subjetiva, há que se analisar a nobreza de finalidade. A título de exemplo utilizamo-nos de uma organização que contém várias características, mas não a nobreza de finalidade, ou ainda, sua finalidade é atentatória aos princípios do direito internacional, qual seja, a Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo – OPEP - que busca a formação de preço do petróleo. Na verdade isso se configura como verdadeiro cartel.
1.5. Personalidade Jurídica Internacional das Organizações Internacionais 
“A personalidade jurídica e a questão da supranacionalidade”
Como já visto, as organizações internacionais são criadas por ato jurídico internacional, de natureza constitutiva, fazendo com que esta estreie na sociedade internacional como ente personificado, possuindo, portanto, personalidade jurídica própria que não se confunde com a de seus integrantes. Já que personalidade jurídica conforme Bevilaqua deve ser entendida como a característica que constitui “pressuposto e ponto de apoio de todos os direitos e obrigações, pois exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações” in Cretella.
No entanto, este conceito clássico não exprime de maneira acertada a personalidade jurídica das organizações internacionais, uma vez que depende da prévia existência da pessoa. No direito internacional público é possível o reconhecimento da existência de sujeitos em razão do costume, nos casos dos Estados e de unidades territoriais dotadas de autodeterminação, ou ainda numa segunda categoria, sujeitos que não estão abrangidos pelo direito costumeiro, mas que possuem personalidade jurídica em razão de tratados firmados por pessoas jurídicas já reconhecidas no primeiro caso, levantando o seguinte questionamento: como uma organização internacional pode ser reconhecida por um Estado não membro?
A personalidade jurídica das organizações internacionais evoluiu com o tempo, desde a sua negação até a constatação da imunidade de jurisdição que as organizações gozavam nos Estados em que atuavam, portanto, se firmava a ideia de que não apenas Estados, mas também algumas importantes organizações deveriam ser dotadas de personalidade para que lhes permitisse adquirir direitos e contrair obrigações.
Atualmente, a doutrina internacionalista estabelece que sujeito de direito internacional é, conforme Oliver in Cretella “a entidade (ou destinatária) de direitos e deveres do direito internacional público, ou simplesmente uma entidade que tem direitos ou deveres no direito internacional”.
Para Seintenfus, as organizações internacionais são sujeitos mediatos da sociedade internacional em razão da necessidade, da vontade dos Estados. A personalidade jurídica internacional das organizações internacionais é delegada pelos Estados-membros. Na verdade, as organizações internacionais sobre esse aspecto, se caracterizam como um coletivo de vontades que em dado momento se exteriorizam. Ainda assim, quanto à autonomia vale lembrar que esta é relativa, já que as organizações internacionais necessitam via de regra, da vontade dos Estados. Há um caso notável de autonomia de uma organização internacional em relação a seus integrantes com caráter supranacional: é o caso da União Europeia.
Supranacionalidade
Supranacionais para Cretella Neto são as organizações que possuem um elevado grau de integração econômica e política entre seus Estados-membros, tendo estes transferido soberania de forma acentuada em razão dos poderes delegados: 
Os órgãos da organização são formados por pessoas que não são representantes dos Estados-membros;
Os órgãos podem tomar decisões mediante voto majoritário;
As organizações podem adotar decisões de natureza vinculante;
As pessoas físicas e jurídicas de direitos privado podem se submeter às decisões;
O tratado constitutivo destas organizações cria uma nova ordem jurídica;
A criação de uma jurisdição independente que analisa o cumprimento das obrigações dos integrantes, além da validade dos atos da própria organização.
A única organização que se enquadra nos seis elementos ora apontados é a União Europeia. 
1.5.1. As organizações internacionais e o Estado 
Analisando a personalidade da organização internacional, parece interessante compará-la ao Estado, ambos sujeitos da sociedade internacional, mas com nítidas discrepâncias. A organização internacional não possui território, firmando acordos de sede com o Estado anfitrião, ou seja, elas se estabelecem no território dos Estados-Membros. A organização internacional também não possui população, ainda que a União Europeia comece a questionar esse aspecto. 
1.6. Elementos Constitutivos de uma Organização Internacional
1- Estados membros: portanto, podemos identificar uma organização internacional como uma organização interestatal, descartando assim organizações internacionais de natureza privada, ainda que estas participem da sociedade internacional informando-a;
2- Como elemento constitutivo é necessário frisar que a organização internacional nasce através de um tratado, ou seja, um acordo internacional firmado entre estados e segundo as normas de direito internacional. Este tratado tem natureza de constituição da organização internacional. Nele podemos encontrar os objetivos e os instrumentos para a organização atingir seus fins.
3- As organização internacionais devem apresentar ainda órgãos de natureza permanente, ou seja, a existência de um corpo funcional e estrutura permanente de poder a serviço da própria instituição e de seus interesses.
4- Deve haver interesse comum entre os estados membros na formação da organização internacional. Para Seintenfus a funçãode cooperação entre Estados se instrumentalizará de duas formas: a) organizações de cooperação quando estas deixam intacta a estrutura da sociedade internacional fazendo assim prevalecer a noção estrita de soberania; b) organizações de integração: quando estas aproximam os estados que delegam certas competências às organizações, diluindo assim a estrita noção de soberania.
1.7. Processo de tomada de decisões 
A tomada de decisão numa organização internacional é de suma importância já que pode definir inclusive os destinos da organização, como no caso da Sociedade das Nações que impunha a unanimidade, fato que a paralisou. É possível em alguns casos alcançar diferentes tipos de maiorias para se definir o resultado das votações.
A unanimidade, como já dito, foi utilizada no processo de tomada de decisões nas organizações internacionais, ainda que esta privilegie a legitimidade da decisão (o que lhe garante a eficácia), há grande dificuldade em alcançá-la, o que implica na paralisação ou lentidão das organizações internacionais que adotam tal processo.
Somente alguns organismos, por exemplo, Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN - recorrem à unanimidade em sentido estrito. Criaram-se então mecanismos que promoveram alteração da unanimidade absoluta, como no caso da unanimidade fracionada, onde se vinculam apenas os Estados que votaram favoravelmente a determinada decisão. 
A unanimidade limitada é praticada no Conselho de Segurança da ONU, já que a ausência ou abstenção de um dos membros permanentes, que possui direito de veto, não impede a adoção de determinada resolução.
A chamada unanimidade formal também e conhecida como o próprio consenso que pode ser tidas como ausência de objeção, trata-se da ausência de uma contrariedade expressa por um dos negociantes.
Há também a tomada de decisão por maioria, sendo esta dividida em quantitativa ou qualitativa. A quantitativa, como se imagina, diz respeito ao modelo clássico, onde cada Estado tem um voto a depender somente da fixação dos quóruns: se simples ou qualificada, por exemplo. Já a maioria qualitativa diferencia membros segundo critérios próprios, trata-se do chamado voto ponderado.
O sistema tripartite da OIT apresenta processo totalmente distinto: cada país tem direito a quatro votos, sendo dois do governo, um patronal e um dos trabalhadores. Esse sistema foi adotado desde seu início, em razão da influência dos movimentos laborais.
Os procedimentos para tomada de decisão, como discussão e votação, foram se alterando conforme a história. Os acordos secretos cederam espaço à diplomacia parlamentar, onde cada Estado manifesta abertamente sua posição. A publicidade dos debates traduz-se em transparência e respeito às diversas ideologias e posições, o que permite que a tomada de decisão das organizações internacionais seja monitorada pela opinião pública dos Estados interessados nas negociações.
As negociações de caráter multilateral podem ser divididas em: pré-negociação, onde há um contato informal entre as partes e definidos os Estados que atuarão como negociadores e outros simplesmente como observadores. Os negociadores buscarão formar uma maioria e os observadores deterão certo status em razão das coalizões.
A fase de negociação formal já encontra as posições tomadas, onde os acertos alcançados anteriormente são formalizados nos textos legais. Na formação do texto fruto do acordo, inicialmente se recorre a um rascunho (chamado de moldura) que será preenchido ainda num processo de negociação quanto às expressões que ali se incluirão. 
1.8. Sede, Garantias e Imunidades das Organizações
As organizações internacionais não possuem um território, há a necessidade de que um Estado autorize a instalação física de seus órgãos. Esta autorização se dá em razão da feitura de um tratado entre a organização e o Estado, conhecido como “acordo de sedes”. Este acordo pode ser realizado inclusive com os Estados não membros das organizações, é o caso da Sociedade das Nações que se instalou em Genebra, Suíça, país que não pertencia aos quadros da organização.
A Organização das Nações Unidas possui diversos acordos de sede, não só com os Estados Unidos onde se encontra sua sede principal em Nova Iorque, mas há também acordos semelhantes com Suíça e Holanda.
 
 Sede da ONU
Fonte da Imagem: 
https://www.un.org/spanish/cyberschoolbus/untour/subunh.htm
Os representantes das organizações internacionais possuem garantias para bem promover a representação diplomática da organização não só com o Estado onde a organização tem sede, mas em todo o globo, inclusive nos Estados não membros da organização.
A imunidade de jurisdição consagrada na Convenção de Viena sobre relações diplomática de 1961 quer proteger não só a pessoa do representante da organização, mas seus familiares e os bens da organização em determinado território. 
1.9. Financiamento e Custeio das Organizações Internacionais
A receita de toda organização internacional resulta, basicamente, da cotização dos Estados-membros. Em geral o princípio norteador é o da capacidade contributiva dos Estados.
As organizações internacionais podem estabelecer que a contribuição financeira dos membros reflita a produção de riquezas e inserção do Estado-membro no comércio internacional, recorrendo assim à fórmulas matemáticas que levam em consideração o Produto Nacional Bruto, as reservas monetárias, o saldo da balança comercial, este é o caso por exemplo, do Fundo Monetário Internacional – FMI. Os membros do Banco Mundial e de sua organização sociedade-financeira internacional contribuem proporcionalmente à suas cotas partes. 
O orçamento realizado anualmente por proposta deve prever os gastos das organizações no que se refere à sua administração e ações e programas, inclusive com relação às operações de ajuda a países em crises humanitárias. A proposta de orçamento é elaborada pelo órgão administrativo da organização – em geral uma Secretaria - e enviada ao órgão colegiado, por exemplo, a Assembleia. 
A Secretaria pode inserir dotações suplementares não contempladas nos orçamentos em razão de temas específicos, por exemplo, a OMS em caráter de emergência na contenção de epidemias. 
Algumas organizações podem conseguir fontes de financiamento independentes das contribuições dos Estados-membros, como no caso do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional que obtém ganhos para manutenção das suas operações em razão dos juros aplicados aos empréstimos dados aos países tomadores. 
O FMI inclusive durante a década de 2000, em razão dos pagamentos dos países endividados nas décadas anteriores, - como no caso do Brasil - chegou a enfrentar crise financeira, uma vez que obtém receita da realização de empréstimo e não do seu pagamento. 
Também como fonte independente de financiamento podemos citar publicações, doações de pessoas físicas e jurídicas, aluguéis, etc.
O financiamento das organizações internacionais traz consigo a questão da defesa dos interesses dos Estados-membros, sendo utilizado como meio de pressão política. Não é incomum a retirada de um Estado da organização internacional como meio de protesto e esta significar uma importante perda de receita, capaz de colocar em risco a existência da organização, como já aconteceu nos casos da Organização Mundial do Trabalho na década de 70 e atualmente na UNESCO, em razão da retirada dos Estados Unidos da organização como forma de protesto pelo reconhecimento dado à Palestina. 
A Organização das Nações Unidas tem como principais contribuintes: Estados Unidos contribuem com 22% do orçamento da ONU, seguido do Japão que contribui com 19,5%; a Alemanha com 9,8% e a França com 6,5%, lembrando que o Brasil contribui, em média, com 1,5% ao ano.
A organização internacional pode aplicar sanção aos países faltosos quanto à contribuição. No caso da ONU a sanção pela falta pode significar a perda do voto na Assembleia Geral.
Orçamento das Organizações Internacionais
	ORGANIZAÇÃO
	ORÇAMENTO 1995 (US$ milhões)
	ORÇAMENTO2005 (US$ milhões)
	ONU
	1.087,6
	2.860
	OIT
	233,3
	448
	UNESCO
	227,7
	576
	OMS
	nd
	127,2
	FAO
	336,6
	749
	OACI
	51,3
	64,7
	OMI
	25
	28,2 (2003)
	UIT
	113,7
	103,5 (2003)
	OMPI
	87
	ca.515
	OMM
	41,1
	38,2 (2003)
	FIDA
	Nd
	4,5
	ONUDI
	114,9
	151,9
	OMC
	ca.100
	168,7
	AIEA
	251
	268,5
Fonte: Cretella Neto.
Podemos ainda citar o orçamento da Organização dos Estados Americanos – OEA aprovado para 2003, de US$ 86 milhões, além do orçamento do Tribunal Penal Internacional – TPI, no ano de sua criação (2004), de EUR 53 milhões de euros.
1.10. Tipos de Organizações
A tipologia das organizações guarda identidade com a diversidade destas, sobretudo após o final da Segunda Guerra, mas é possível encontrarmos alguns critérios para a classificação bem aceitos pela doutrina internacionalista, conforme: 
Natureza – podem ser:
a.1) políticas: quando buscam a melhoria das relações entre os Estados que as compõem, tendo, portanto, uma generalidade de objetivos. A solução de controvérsias entre os Estados integrantes, ou ainda a busca da responsabilização internacional do Estado que atuou de forma contrária aos tratados constitutivos destas organizações, criam verdadeiras jurisdições internacionais. Exemplos a Organização das Nações Unidas – ONU, ainda que seus órgãos principais; a Organização dos Estados Americanos – OEA; a União Africana.
a.2) técnicas: são também chamadas de especializadas já que atuam buscando um único objetivo e tem na cooperação a sua mola-mestra. Exemplos: a Organização Mundial do Comércio – OMC, no que se refere à defesa do livre comércio; Organização Mundial de Saúde – OMS, na busca do enfrentamento de epidemias globais; a Organização Internacional do Trabalho – OIT, na proteção do trabalhador.
Composição:
Há organizações que promovem a discriminação tanto dos países que a integram, como de seus objetivos. 
A discriminação conforme seus integrantes se dá em razão da proximidade geográfica. Essas organizações podem ser chamadas de regionais, como o exemplo da OEA (Organização dos Estados Americanos), na qual somente países do continente americano podem integrar a OEA.
Encontramos ainda as organizações de caráter universal, onde não é feita qualquer discriminação para o ingresso dos Estados. É o caso da ONU (Organização das Nações Unidas).
Com relação à discriminação em função dos objetivos, podemos citar o exemplo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que tem como objetivo precípuo a promoção e difusão da língua. 
Função:
Conforme Seintenfus (2004) as organizações internacionais podem ser classificadas pelos seus objetivos, inclusive os implícitos previstos nos atos constitutivos das organizações e os instrumentos utilizados para alcançá-los. 
Estas organizações podem ser chamadas de organizações internacionais de concertação, com o objetivo de promover a regulação da sociedade internacional, seja tentando promover o entendimento entre os países, por exemplo: a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); seja congregando esforços para adoção de normas comuns de comportamento destes, caso das organizações que visam proteger os direitos humanos. Ainda há aquelas que buscam adotar ações de natureza operacionais, em caso de catástrofe, etc.
Não se pode olvidar das organizações internacionais de gestão, que atuam principalmente na cooperação financeira e desenvolvimento. Caso do Banco Internacional para Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD)- que se insere no Banco Mundial - e Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
2. Liga ou Sociedade das Nações 
	
 Foto: Bettmann/Corbis
O fim da Primeira Guerra com seu Tratado de Paz, o Tratado de Versalhes, trouxe o revanchismo alemão à tona, o que acabou promovendo o evento seguinte: a Segunda Guerra Mundial.
O Pacto da Sociedade das Nações foi incluído no Tratado de Versalhes em 1919 em razão do final da Primeira Guerra Mundial. Continha 26 artigos e seguiu o projeto anglo-americano elaborado pelos juristas destes países: Hurst e Miller apoiados na ideologia do presidente norte-americano Wilson, que defendia que a manutenção da paz se dá através do entendimento coletivo, ou seja, a segurança de um é a segurança de todos. O projeto não aceitaria a formação de um super estado com Executivo, Judiciário e Forças Armadas próprias, como desejo dos franceses. A sua cidade sede foi Genebra, na Suíça, por proposição dos Estados Unidos.
A composição da Sociedade das Nações contou com: países originários - incluído o Brasil - (os que assinaram o Tratado de Versalhes, excluindo-se os países inimigos), além de convidados (os que tinham permanecido neutros durante o conflito) e os admitidos (os que tinham sua candidatura aprovada por dois terços da Assembleia).
 
Primeira Assembleia da Sociedade das Nações em 1920
 Foto uso livre Wikipédia
A Sociedade das Nações chegou a ter 54 membros. O Brasil se retirou em 1926 por não ser atendido no seu desejo de um lugar permanente no Conselho.
Quanto à estrutura, a Liga possuía 3 órgãos: 
Conselho: com 9 membros, sendo 5 permanentes: Estados Unidos, França, Itália, Japão e Inglaterra, que tinha como objetivos os planos de desarmamento, o controle de proteção de minorias, o controle de territórios sob mandato;
Assembleia: todos os Estados eram representados neste órgão, reunindo-se ordinariamente em setembro. Tinha como objetivos; admissão de novos membros, eleição dos membros não permanentes no Conselho, aprovação do orçamento, etc.
Secretariado: realizando atividade administrativa. Seus Secretários-gerais Eric Drummond, Joseph Avenol e Sean Lester.
A Liga possuía ainda dois organismos autônomos: a Organização Internacional do Trabalho, criada em 1919 e a Corte Permanente de Justiça Internacional, criada em 1920, predecessora da Corte Internacional de Justiça.
A sociedade das Nações funcionou de 1920 a 1946 quando seus bens foram transferidos para a ONU. De fato ela deixou de atuar desde a declaração da Segunda Guerra Mundial. Outro fato curioso é que durante a Segunda Guerra Mundial, os serviços da Secretaria foram estabelecidos na Universidade de Princeton. 
Uma das críticas a ser tecida à Sociedade das Nações está no processo de tomada de decisões, já que a Assembleia e o Conselho tinham como regra a unanimidade, o que causou paralisia ou bloqueio a esta organização, já que tal regra era impossível de ser conseguida nas questões mais importantes. 
Outra crítica repousa no fato do ato constitutivo da organização estar inserido no Tratado de Versalhes, já que este impunha condições vergonhosas aos vencidos na Primeira Guerra, além de isolar a nascente União Soviética, em razão da revolução socialista bolchevique e da ideologia comunista que temia-se espalhasse pela Europa. Destaque-se ainda a ausência dos Estados Unidos da organização em razão da falta da ratificação do Tratado de Versalhes pelo Parlamento norte-americano.
3. Organização das Nações Unidas 
A ONU na verdade funciona como um sistema de organizações, provavelmente o mais complexo e representativo no direito internacional.
3.1. Histórico
 
 Crurchill, FDR e Stalin 
Fonte da imagem :http://veja.abril.com.br/especiais_online/segunda_guerra/ edicao008/sub3.shtml
A ONU nasce em 1945 com o final da Segunda Guerra, com a missão precípua de preparar o mundo para a paz.
Portanto, os países vencedores (EUA, União Soviética à época, Reino Unido) acertaram a criação de uma organização nos moldes da anterior Liga das Nações, já que circunstancialmente encontraram-se aliados militarmente.
Carta de São Francisco
A Carta de São Francisco de é considerada o tratado fundador da organização. 
A adoção da Carta da ONU em 1945 pelos 51 países fundadores da organização transforma a ordem jurídica mundial substituindo o Estado de natureza pelo Estado civil, para isso substitui-se o princípio absolutoda soberania a princípio maiores como paz e proteção as direitos humanos. Retirando-se do texto normativo todo o conceito de direito de guerra , rompe-se com o sistema tradicional de armistícios presentes desde os tratados da Vestfalia.
A Carta representa o desejo dos países unidos para a promoção das relações internacionais, evitando assim tragédias como as vistas durante a Segunda Guerra. Ficou clara a diferença entre os diversos signatários do ponto de vista econômico ou ainda ideológico, na verdade esta observação se insere no contexto do bilateralismo experimentado pelo mundo após a Segunda Guerra. Em razão das disparidades, na Carta pode se encontrar algumas contradições ou falta de clareza, por exemplo, no preâmbulo cita-se que força armada não será usada a não ser no interesse comum, ficando como interrogação a caracterização deste interesse.
A Carta de São Francisco traz alguns objetivos com relevo:
Manutenção da paz e segurança internacionais, onde as medidas necessárias devem ser tomadas no âmbito coletivo preferindo sempre as soluções pacíficas;
Posto no artigo 1° da Carta se refere ao desenvolvimento de relações amistosas entre as nações baseadas na igualdade e na autodeterminação dos povos. À época, a questão da igualdade trazia dúvidas já que existiam ainda territórios coloniais principalmente no continente africano. No que diz respeito à autodeterminação a Organização das Nações Unidas – ONU busca ainda a melhoria das representações dos países junto a sociedade internacional através da tutela institucionalizada em um conselho: o Conselho de Tutela, é uma supervisão que avalia condições política, econômicas, sociais, etc.
Tem ainda como objetivo inserido na Carta, o desejo da organização para alcançar uma cooperação internacional na tentativa de resolução de problemas coletivos de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, promovendo e estimulando o respeito aos direitos humanos para todos, sem distinção de raça, sexo, língua e religião. Esta cooperação se institucionalizará principalmente através do Conselho Econômico e Social (ECOSOC);
Tem ainda como objetivo, consubstanciado no capítulo VI da Carta, a solução pacífica dos litígios, indicando a negociação, a mediação, a arbitragem, a solução judicial e ainda recurso à entidades ou acordos regionais ou a qualquer outro meio pacífico. Tudo para a solução de controvérsias entre as partes e caso não haja entendimento, as partes se obrigam a submeter o caso ao Conselho de Segurança. 
3.2. Estrutura
	
A atual estrutura das Organizações das Nações Unidas - ONU reflete ainda os primórdios de sua criação, como é patente no caso do Conselho de Segurança que durante a Guerra Fria foi dividido em dois blocos e se quedou paralisado em razão do direito de veto. Muito se tem falado a respeito de reformas desta estrutura, inclusive na retirada de um órgão considerado principal, já que sua atuação em razão do desenvolvimento histórico, já não se faz mais presente, qual seja o Conselho de Tutela. A ONU conta com seis órgãos principais.
Do ponto de vista estrutural, a ONU se divide em: Órgãos principais, que aqueles que se dedicam precipuamente aos objetivos previstos na Carta de São Francisco; Órgãos subsidiários são aqueles que se submetem ao sistema de escolha de seus dirigentes; Órgãos especializados que fixaram acordos de cooperação técnica, mas são autônomos em relação à própria estrutura, além de programas e fundos desenvolvidos nas citadas instituições.
3.3. Órgãos Principais da ONU
1) Assembleia Geral
 
 Fonte da Imagem: www.onu.org.br
É o órgão mais democrático das Nações Unidas que atua no sistema de "um país, um voto”, repousando na igualdade entre os Estados a razão de sua existência. As reuniões ordinárias são realizadas anualmente na terceira terça-feira do mês de setembro, sendo aberto os debates, em função de uma tradição, pelo representante brasileiro, já que a primeira reunião acontecida em 1946 foi aberta por Osvaldo Aranha. Reuniões extraordinárias podem acontecer se convocada pela maioria dos Estados, ou ainda, pelo Conselho de Segurança.
No auxílio à Assembleia Geral encontramos comissões abordando temas: políticos, econômicos, sociais e jurídicos.
As reuniões ordinárias são comandadas por um presidente escolhido na edição anterior.
As decisões tomadas na Assembleia Geral se convertem em resoluções. Estas tem caráter de recomendações aos Estados-membros, diferentemente das decisões tomadas no Conselho de Segurança, de natureza impositiva.
Um país pode perder direito a voto na Assembleia Geral como sanção. A previsão se dá caso este deixe de financiar a Organização das Nações Unidas – ONU. Ocorre que esta sanção não vem sendo aplicada por razões políticas.
2) Conselho de Segurança
Fonte da Imagem: http://www.brasil-cs-onu.com/o-conselho/membros/
O Conselho de Segurança tem como finalidade a manutenção da paz conforme previsão do artigo 24 da Carta.
É o órgão que pode promover a atuação militar da Organização das Nações Unidas – ONU, através dos exércitos de seus Estados-membros. Lembrando que a ONU não conta com exército permanente, atua militarmente através das Forças de Paz, seus soldados são conhecidos como capacetes azuis. 
Diferentemente da Assembleia Geral, o Conselho de Segurança se faz por representação, ou seja, quinze países respondem por todos os demais integrantes. Ainda assim, estes quinze não possuem igualdade de condições na formação do Conselho de Segurança, dividindo-se em:
Cinco membros permanentes: China, Estados Unidos, França, Rússia (sucessora da ex-URSS) e Reino Unido;
Que constam desde o início do funcionamento do Conselho junto com a criação da própria organização e refletem a realidade do período pós-guerra. A intenção na qualificação de permanente foi a de institucionalizar a manutenção da paz naquele momento crucial.
Além da condição de permanente, os citados países podem ainda evitar que quaisquer resoluções no âmbito do Conselho de Segurança sejam adotadas, em razão do poder de veto. Este poder significa que entre os cinco permanentes deve haver unanimidade.
Historicamente este poder de veto significou em dado momento a paralisia do Conselho de Segurança, principalmente durante a Guerra Fria. Ultimamente as resoluções do Conselho de segurança vêm crescendo. 
Dez membros rotativos: 
Possuem mandato de dois anos tendo capacidade propositiva e deliberativa, ajudando a formar consenso sobre as decisões a serem adotadas pelo Conselho de Segurança. Ainda assim, não possuem o poder de veto, ou seja, a sua posição pode ser vencida numa deliberação, o que não é possível para o membro permanente. O Brasil ocupou recentemente, em 2011, cadeira no Conselho de Segurança.
Os membros rotativos são eleitos na Assembleia Geral, mas submetidos à aprovação pelo próprio Conselho de Segurança.
Atualmente (2013-2014) como membros rotativos encontramos: Argentina, Arzebaijão,  Austrália, Guatemala, Coréia do Sul, Luxemburgo, Ruanda, Marrocos, Paquistão e Togo.
O Conselho de Segurança tentou ainda criar jurisdição em matéria criminal tendo em seu âmbito: Tribunal Penal Internacional para ex-Iugoslávia e Tribunal Penal Internacional para Ruanda. O primeiro foi mais exitoso em número de condenações que o outro, ainda assim, inúmeras críticas são tecidas em relação a esses órgãos, desde a legitimidade até questões de natureza processual.
A reforma do Conselho de Segurança
Muito se fala sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas no que se refere a este possuir atualmente uma impropriedade estrutural, já que o poder dos vitoriosos na Segunda Guerra Mundial não pode mais ser exclusivo critério para inserção de determinado membro como permanente.
Hans Kelsen já criticava a estrutura da ONU ainda em seus primeiros anos, alegando que a escolha de uma instância executiva como órgão capaz de autorizar a formação de uma força coletiva na esfera internacional, não se coaduna com a legitimidade. Somente um órgão jurisdicional poderia detertal poder.
O Secretário-geral anterior Kofi Annan apresentou proposta de reforma promovendo a entrada de mais Estados na qualidade de permanente e defendendo a tomada de decisões por consenso, mas ainda mantendo o poder de veto para alguns em razão da possibilidade de paralisação que o voto igualitário traria, por exemplo, uma grande potência ao se ver desagradada poderia simplesmente eximir-se de suas responsabilidades no Conselho de Segurança.
As missões de Paz
O brocardo latino si vis pacem, para bellum – se queres a paz, prepara-te para a guerra – designa provavelmente a noção de guerra preventiva. Não é o espírito procurado pela política da Organização das Nações Unidas. A autorização da formação de uma força de paz para atuar num conflito armado, ou seja, com uso da força, só é concedida se há em jogo a proteção de civis ou ainda, quando o conflito foge ao controle atingindo toda uma região.
A identificação do inimigo é questão sempre delicada, o melhor contexto seria guerrear contra a própria guerra, e não contra um inimigo declarado.
A manutenção da paz da ONU se baseia em 3 princípios básicos:
Consentimento das partes;
Imparcialidade
Não uso da força, exceto em legítima defesa e na defesa do mandato.
Os objetivos das atuais operações multidimensionais de manutenção da paz são não só o de manter a paz e a segurança, assim como facilitar processos políticos, ajudar no desarmamento, na desmobilização e reintegração de ex-combatente, apoiar a organização de eleições, proteger e reestabelecer o estado de direito. Atualmente temos em curso 16 missões de paz, são exemplos:
Força das Nações Unidas de Observação da Separação – UNDOF - Criada em 1974 pela Resolução 350 do Conselho de Segurança, promove a observação da retirada das forças de Israel e da Síria nas chamadas Colinas de Golã;
Força Provisional das Nações Unidas no Líbano – UNIFIL – Criada em 1978 para promover a retirada das formas bélicas de Israel de território libanês;
Missão das Nações Unidas para o Referendo do Saara Ocidental - MINURSO – Criada pelo Conselho de Segurança na Resolução 690 em 1991, a missão de paz pretende assegurar a escolha dos assentados na região do Saara quanto à independência ou integração ao Marrocos;
Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali – MINUSMA – Criada pelo Conselho na Resolução 2100 em 25 de abril de 2013, tem como objetivo: ajudar as autoridades de transição do Mali a estabilizar o país, protegendo a população civil, criando as condições necessárias de assistência humanitária, ajudando inclusive nas eleições;
Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti – MINUSTAH – Criada em 2004 pela Resolução 1542, em razão dos diversos conflitos armados que ocorreram em diversas cidades do país após a saída do presidente Bertrand Aristide. Em 2010 o país foi assolado por um terremoto, o que causou ainda séria crise humanitária. Destaque para o papel do Exército brasileiro presente desde o início na Força chefiada atualmente por um brasileiro: Tenente General Edson Leal Pujol;
Operação Híbrida da União Africana e das Nações Unidas em Darfur – UNAMID – Criada pela Resolução 1769, tem como principal objetivo a proteção de civis, assim como a segurança na prestação da assistência humanitária, vigiando a situação nas fronteiras com o Chad e o Sudão; 
Organismo das Nações Unidas para Vigilância da Trégua – UNTSO – Foi a primeira missão de paz criada pelas Nações Unidas em 1948, estabelecida até o presente, a fim de supervisionar o cessar fogo nas regiões do Oriente Médio (estados árabes x Israel);
Missão de Administração Provisional das Nações Unidas em Kosovo – UNMIK – Criada pela Resolução 1244, a fim de garantir uma administração independente ao povo de Kosovo;
3) Conselho Econômico e Social
 
http://www.onu.org.br/assembleia-geral-da-onu-elege-18-membros-para-conselho-economico-e-social/
Em seu início as Nações Unidas tinham como objetivos a manutenção da paz e a segurança internacionais. Em seu projeto original não constava a criação de um órgão que abordasse temas de interesse econômico e social. Isto só ocorreu em razão do trabalho dos países médios e pequenos que consideravam que a ruptura da paz tem como causa os desequilíbrios econômicos e sociais. O artigo 55 da Carta estipula que deve-se “criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade e da autodeterminação dos povos favorecendo: 
Níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social;
A solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos: cooperação internacional, de caráter cultural e educacional”.
Respondendo, portanto, aos anseios daqueles países e atendendo o positivado na Carta foi criado o Conselho Econômico e Social (ECOSOC), que tem reuniões duas vezes ao ano, em maio em sua sede principal Nova York e a segunda em julho em Genebra, na Suíça.
Atualmente o Conselho Econômico e Social - ECOSOC conta com 54 membros eleitos na Assembleia Geral obedecendo ao critério geográfico, fazendo com que todas as regiões do mundo estejam representadas, por exemplo, a América Latina conta com 14 integrantes no ECOSOC.
As decisões são tomadas por maioria simples e cada país tem um voto. As competências do Conselho possuem um leque bastante amplo, criando-se, portanto, uma diversidade de órgãos subsidiários (econômico, habitação, planejamento, etc.), além de comissões (estatística, desenvolvimento social, condição feminina, drogas, etc.).
O ECOSOC, no entanto, não dispõe de instrumentos para a imposição de decisões, sendo assim ele apenas sugere políticas e ações.
Estas são as críticas a ser tecidas. A principal crítica a ser tecida, portanto, é a enormidade de competências amealhadas pelo órgão.
O ECOSOC relaciona-se com vários órgãos subsidiários da ONU, criados pela Assembleia Geral, entre eles a UNICEF, o PNUD, o ACNUR e a UNCTAD.
4) Secretaria das Nações Unidas;
	
Fonte: www.onu.org.br
	Como órgão administrativo, encontramos a Secretaria ou Secretariado das Nações Unidas, que tem como chefe executivo o Secretário Geral que é escolhido pela Assembleia Geral e recomendado pelo Conselho de Segurança. 
O mandato do Secretário-Geral é de cinco anos, podendo ser reconduzido por mais cinco anos.
O atual Secretário-Geral é o sul coreano Ban Ki-Moon (foto) escolhido em janeiro de 2007 e reconduzido recentemente.
As responsabilidades do órgão têm natureza burocrática e técnica, se assessorando de pessoal que deve ter como princípio a eficiência, competência e integridade, dentro do mais amplo critério geográfico possível.
As Nações Unidas foram administradas até o momento por sete Secretários, em geral, estes foram reconduzidos.
Saliente-se que o egípcio Boutros Boutros-Ghali escolhido em 1992 não foi reconduzido em 1997 em razão do veto dos Estados Unidos, que considerava sua administração perdulária. Note-se que os Estados Unidos são os principais financiadores da organização. 
O Secretário-Geral além de funções administrativas possui relevante papel político e diplomático, mediando, por exemplo, os conflitos.
 Quadro dos Secretários Gerais da ONU
	Nome
	País de Origem
	Início do mandato
	Fim do mandato
	Trygve Lie
	Noruega
	02/2/1946
	10/11/1952
	Dag Hammarskjöld
	Suécia
	10/4/1953
	18/9/1961
	U Thant
	Myanmar
	30/11/1961
	01/1/1972
	Kurt Waldheim
	Áustria
	01/1/1972
	01/1/1982
	Javier Pérez de Cúellar
	Peru
	01/1/1982
	01/1/1992
	Boutros 
Boutros-Ghali
	Egito
	01/1/1992
	01/1/1997
	Kofi Annan
	Gana
	01/1/1997
	01/1/2007
	Ban Ki-moon
	Coréia do Sul
	01/1/2007
	Atual
Fonte: http://www.un.org/sg/formersgs.shtml
Dag Hammarskjöld é reconhecido como um dos grandes Secretários da organização, enfrentando diversos desafios em um mundo assolado pela Guerra Fria, além do processo de descolonização da África e seus consequentesconflitos. A imparcialidade de Dag Hammarskjöld acabou por revestir toda a organização, fazendo a ONU entender seu papel.
Sua morte se deu a serviço da Organização das Nações Unidas quando tentava pacificar o Congo. Investigações levantam a possibilidade da queda do avião ter sido provocada por bombardeio. Ele recebeu postumamente o Prêmio Nobel da Paz em 1961.
5) Corte Internacional de Justiça
Fonte da Imagem: http://www.un.org/es/icj/
A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, mas funciona de forma distinta dos órgãos judiciais internos dos Estados - já que a jurisdição é facultativa -, portanto, para que a Corte possa analisar determinado caso é necessário que as partes reconheçam sua competência, e isso se dá em razão do caráter voluntarista do direito internacional, ou seja, a vontade e o consentimento do Estado são absolutamente necessários para que se crie a jurisdição. 
A Corte se estabelece conforme o seu estatuto e se destina exclusivamente à solução de controvérsias entre os sujeitos próprios da sociedade internacional, excluindo-se assim os indivíduos e organizações não estatais. O artigo 36 de seu estatuto fixa a competência: “a) a interpretação de tratados; b) o direito internacional; c) a existência de fato que viola compromisso internacional; d) a natureza ou a extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional”.
Retornando ao tema em razão da sua importância, ressalte-se que apenas 59 países dos quase 190 que integram a Organização das Nações Unidas – ONU reconhecem a jurisdição obrigatória da Corte e dentre estes somente o Reino Unido integra o Conselho de Segurança como membro permanente. Além disso, os países ainda podem denunciar a declaração de submissão à jurisdição da Corte, como ocorreu com a França em 1974, ou ainda, como ocorreu com os Estados Unidos em 1985: no primeiro em razão de testes nucleares e no segundo caso, em razão da indenização da Nicarágua pelo financiamento dos “contra”, ou seja, quando se perde o jogo, não se quer mais jogar como maus perdedores.
A Corte tem como estrutura 15 membros escolhidos em razão de seu reconhecido saber jurídico internacional, além de não se poder escolher dois juízes de mesma nacionalidade. São eleitos pela maioria absoluta da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança, a partir de listas, onde não há direito de veto.
O que se nota na formação da Corte é que entre os 15 juízes estão sempre presentes as nacionalidades dos permanentes no Conselho de Segurança.
Infelizmente a atuação da Corte tem se mostrado morosa, pois tem julgado em média menos de dois casos por ano, já que tentando promover a satisfação de todas as partes envolvidas, em especial o perdedor, a Corte tem agido como se fosse foro de arbitragem.
	
Fonte: www.lasil-sladi.org
	Em 2008, o brasileiro Antonio Augusto Cançado Trindade (foto) foi eleito para integrar o corpo de juízes da Corte Internacional de Justiça – CIJ. Note-se que este recebeu a maior votação já alcançada na Assembleia Geral numa eleição deste tipo, recebendo 163 votos dos 192 votantes.
A carreira jurídica internacional de Cançado Trindade foi construída na defesa da construção de uma jurisdição internacional protetiva dos direitos humanos.
Como consultor do Itamaraty ajudou a inserir o país no Sistema Americano de Proteção aos Direitos Humanos, formado por Comissão e Corte Interamericanas de Direitos Humanos. Em razão disto, ele integrou a Corte Interamericana de Direitos Humanos de 1994 a 2008, ocupando a presidência do órgão entre 1999-2004.
Sua tese de doutorado recebeu o Prêmio Yorke da Universidade de Cambridge em 1978, com a tese “O esgotamento dos recursos internos no direito internacional”.
Cançado Trindade é o quinto brasileiro eleito para integrar a CIJ. Seus antecessores foram: José Francisco Rezek (1996-2006), José Sette Câmara (1979-1988), Levi Fernandes Carneiro (1951-1955) e José Philadelpho de Barros e Azevedo (1946-1951).
“A expansão da jurisdição internacional e sua importância para a realização da justiça” (vídeo em espanhol)
Vídeo: http://untreaty.un.org/cod/avl/ls/Cancado-Trindade_HR_video_2.html
O Brasil teve como último contencioso em 29 de outubro de 2009, na Corte Internacional de Justiça a Reclamação da República de Honduras em razão das relações diplomáticas e o princípio da não intervenção, por refugiar o presidente deposto José Manuel Zelaia Rosales. 
Em 19 de maio de 2010, Honduras retirou a reclamação (site da Corte Internacional de Justiça contendo o desenvolvimento do caso: http://www.icj-cij.org/docket/index.php?p1=3&p2=3&code=nb&case=147&k=3e) 
6) Conselho de Tutela
	
Fonte da Imagem: www.onu.org.br
	O Conselho de Tutela tem como objetivo a supervisão e administração dos territórios sob regime de tutela internacional, gerando condições para a independência destes e estabelecendo um governo próprio como uma espécie de “incubadora” de Estado.
Esses objetivos foram alcançados e os territórios que estavam sob esse regime, em sua maioria países africanos, alcançaram ao longo dos anos sua independência. Tanto é verdade que em 19 de dezembro 1994, o Conselho de Tutela suspendeu suas atividades ao encerrar o acordo de tutela sob o território de Palau, no Pacífico, que passou a ser um Estado soberano integrante das Nações Unidas.
Vídeo 2 – Organização das Nações Unidas
3.4. Órgãos Subsidiários da ONU
Podem ser considerados espécie de descentralização da organização a fim de alcançar os objetivos propostos. Diferentemente dos órgãos especializados, estes não possuem autonomia no que se refere à escolha de seus executivos, estes são submetidos ao sistema de escolha da própria ONU (Assembleia Geral, ECOSOC, por exemplo).
	
	Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD 
A Conferência foi criada pela Assembleia Geral da ONU em 1964, em razão das pressões dos chamados “países não alinhados” para o reconhecimento do direito ao desenvolvimento como um dos impulsionadores da tão almejada manutenção da paz, tido como objetivo principal da Organização das Nações Unidas.
O órgão se reúne em Conferência a cada 4 anos para definir as políticas do período. As ações definidas na Conferência são executadas pela Secretaria, que tem como órgãos integrantes a Junta de Comércio e Desenvolvimento, além das Comissões Temáticas, como por exemplo, Empreendedorismo e Investimento.
A UNCTAD auxiliou em grande parte na construção de termos justos para o comércio global, por exemplo, auxiliou a formação de acordos econômicos que levassem em consideração preferências. É o chamado Sistema Geral de Preferências - SGP, no qual países desenvolvidos concedem estímulos aos países em desenvolvimento.
	
	Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – ONUDI
O choque de interesses entre os países desenvolvidos e os em via de desenvolvimento, teve lugar histórico na década de 60. Deste choque a Assembleia Geral da ONU, em 1966, cria a Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento Industrial, com sede em Viena. Entretanto, sua autonomia como órgão especializado ocorreu somente em 1985. 
A criação do órgão visava buscar o aprimoramento das técnicas de produção dos países mais pobres, em razão da desigualdade das trocas comerciais, já que estes contribuem em regra, com produtos de baixo valor agregado, como matérias primas. Como estrutura a ONUDI possui uma Assembleia e um Comitê de natureza gestora, que conta com 53 membros divididos por critérios geográficos. Há ainda a Secretaria dirigida por um Diretor-executivo.
A ONUDI enfrenta questões levantadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, que busca diminuir a assimetria e a dependência dos países mais pobres no que se refere ao setor de bens industriais.
São temas abordados pela ONUDI além dos já citados, o desenvolvimento industrial para a redução da pobreza, a globalização inclusiva, e a sustentabilidade ambiental.
	
	Programa das Nações Unidas parao Desenvolvimento – PNUD
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento tem origem no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas – ECOSOC, em 1965, como ambicioso programa lastreado no desenvolvimentismo, ou seja, alcançar a justiça social como combate à pobreza com auxilio intergovernamental.
O programa procura ainda disseminar informações sobre desenvolvimento: elabora, por exemplo, uma medida comparativa na classificação de países por graus de desenvolvimento, levando em consideração dados como expectativa de vida, PIB, educação. É o chamado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O programa também estabeleceu metas a serem cumpridas conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são elas:
A redução pela metade da pobreza e da fome;
Atingir o ensino básico universal;
Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
Reduzir a mortalidade na infância;
Melhorar a saúde materna;
Combater a AIDS, malária e outras doenças;
Garantir a sustentabilidade ambiental;
Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Esses objetivos surgem da Declaração do Milênio adotados pelos Estados-membros da ONU no ano 2000.
	
	Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF
O fundo é criado pela Organização das Nações Unidas em 1946, como resposta ao Pós-Guerra. Em 1953 a Assembleia Geral das Nações Unidas estende o mandato de forma indefinida, tornando o fundo permanente.
Em 1959 a Assembleia Geral adota a Declaração de Direitos da Criança, que define os direitos à proteção, educação, saúde, moradias, alimentação.
Em 1965, a UNICEF recebe o prêmio Nobel da Paz, em razão da promoção da amizade entre as nações.
Os planos de ação da UNICEF para o milênio envolvem:
Educação para crianças;
Desenvolvimento na primeira infância;
Imunização das crianças;
Luta contra a AIDS;
Proteção infantil para que as crianças possam crescer livres da violência, discriminação e abuso.
A sede da UNICEF é Nova Iorque.
	
	Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA
O Programa é criado pela Conferência de Estocolmo de 1972 com objetivo de promover ações de proteção ao meio ambiente, além de propagar a idéia do desenvolvimento sustentável.
A sede atual do PNUMA é Nairobi, no Quênia, com vários escritórios espalhados pelo globo.
O PNUMA tem promovido diversas conferências abordando o meio ambiente, entre elas a Conferência de Nairobi, Conferência do Rio de Janeiro e a Conferência de Johanesburgo.
	
	Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR
A Segunda Guerra Mundial causou uma verdadeira movimentação de massas humanas: populações se deslocavam em razão de perseguição ou ainda fugindo do conflito. Com o objetivo de acolher os refugiados, garantido sua proteção e integridade, em 1950, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, inicialmente com mandato de 3 anos.
Com a adoção da Convenção de Genebra de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados, o órgão se tornou permanente.
Em 1956 a ACNUR enfrenta seu primeiro grande desafio: acolher os refugiados da Revolução Húngara, massacrados por forças soviéticas. Diversos outros desafios se seguiram na década de 60: a descolonização da África produziu inúmeras crises resultando um grande número de refugiados, assim como nas décadas seguintes, crises na Ásia, América Latina e na própria Europa com a guerra dos Bálcãs.
Em 1954 o órgão ganhou o prêmio Nobel da Paz em razão do auxílio aos refugiados na Europa. 
O órgão testemunhou o crescimento de seus colaboradores: dos iniciais 34 para os atuais 7.685, incluindo aí os quase 1.000 integrantes da sede em Genebra.
	 
	
Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos – ACNUDH
A Assembleia Geral das Nações Unidas, na Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena de 1993, criou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, como órgão executivo do atual Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Este sistema visa a proteção de direitos humanos no âmbito da ONU, aplicando os tratados internacionais relativos ao tema. 
	
 http://www.sergiovdmfoundation.org
	Interessante citar, o notável trabalho desempenhado pelo diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello (foto), que enquanto esteve à frente do órgão, obteve êxito e visibilidade no cenário internacional por sua atividade. Sérgio Vieira de Mello foi o primeiro brasileiro do alto escalão da ONU. 
	Vítima de um atentado atribuído à Al Qaeda, Sérgio e outras 21 pessoas foram mortas por um caminhão-bomba, sendo o ataque um dos mais violentos realizados contra uma missão civil da ONU. Sérgio Vieira de Mello era tido como um dos favoritos a ocupar a Secretaria Geral da ONU.
Vídeo youtube: http://www.youtube.com/watch?v=qa80dyJ4evE
Direção de Greg Barker, baseado no livro de Samantha Power
3.5. Órgãos Especializados da ONU
As organizações internacionais especializadas foram criadas por tratados internacionais entabulados entre Estados e vinculam-se à Organização das Nações Unidas – ONU através de um tratado de cooperação específico, em geral com o Conselho Econômico e Social (ECOSOC), ainda assim estas organizações não podem ser consideradas órgãos próprios da ONU já que possuem autonomia jurídica, detendo personalidade jurídica internacional independente e distinta da ONU. Eles possuem orçamento e pessoal próprio, tendo estrutura administrativa independente com Conselho, Secretaria, Assembleia. Seria interessante entender que tais organizações formam um sistema de organizações em conjunto com a ONU.
O nascimento dessas organizações se dá em razão da necessidade da regulação internacional, em especial na Europa, das áreas: transportes, comunicação, produção, comercialização, etc. 
3.5.1. Origem dos Órgãos Internacionais Especializados
A partir de diversas conferências foram elaboradas as regras que deram origem a estas organizações, portanto, as organizações se referem à institucionalização dos resultados das conferências realizadas em especial no final do século XIX, por exemplo, a União Postal Universal – UPU fundada em 1874, Convenção de Paris (1893).
Após a Segunda Guerra Mundial em razão da notável desigualdade no desenvolvimento entre os países membros da ONU, esta nota a necessidade de se promover tal desenvolvimento para os países atrasados economicamente visando a manutenção da paz. Este é o cerne das cooperações técnicas entre Estados, agora sob o título de direito da cooperação internacional, ideologicamente traduzido no direito ao desenvolvimento.
	
	
Organização Internacional do Trabalho - OIT
Histórico
A Revolução Industrial baseada no liberalismo econômico que busca o lucro a qualquer custo traz o inconveniente de tratar o trabalho humano como coisa, simples insumo. Ouvidando-se, portanto, que a condição humana deve vincular-se sempre à questão da dignidade. Ainda no século XIX diversos movimentos sociais ( por exemplo, o ludismo), tentam remediar as condições de trabalho e saúde nos locais de trabalho pela Europa.
Mas como conseguir equilibrar o encarecimento dos custos de produção em razão das melhorias na prestação de serviço com a conseqüente diminuição da capacidade de concorrência dos produtos nacionais em relação aos estrangeiros. A resposta repousava na ação concertada entre os Estados.
Somente no final do século XIX, em 1890, a Confederação Helvética propõe a organização de uma conferência internacional, sendo esta realizada em Berlim contando com 12 estados europeus, reunindo técnicos, industriais e operários. Apresentando inclusive a inovadora proposta de uma representação tripartite, ou seja, a participação de empregadores, trabalhadores e governo, os três principais atores do cenário do trabalho. Neste caso, como ocorre, os votos de empregadores e empregados podem ser contrários aos votos da delegação governamental. Nesta conferência são trazidas questões que de início deveriam ser abordadas pelos legisladores nacionais:o trabalho infantil e feminino, as condições de insalubridade, o descanso semanal e etc.
Com a ebulição de diversos movimentos sindicais e sua consequente organização, duas reuniões internacionais são realizadas em 1897: a de Zurich e a de Bruxelas. Em 1900 em uma terceira reunião em Paris é criada a Associação Internacional para Proteção Legal dos Trabalhadores. O início da Primeira Guerra Mundial interrompe este processo.
Com a assinatura do Tratado de Versalhes neste foi inserido um projeto de criação de uma instituição permanente que cuidaria das questões laborais. Ainda em 1919 se dá a primeira Conferência da Organização Internacional do Trabalho, nascendo, portanto, uma organização especializada de caráter universal, provavelmente a primeira.
A OIT nesses anos iniciais é ligada umbilicalmente à Liga das Nações, inclusive quanto ao seu financiamento, mas o fim da Liga das Nações não significou o fim da OIT, que continuou trabalhando com vigor no período entre guerras, redigindo muitas convenções e promovendo missões de inspeção nos países membros.
Em 1926 a Conferência Internacional do Trabalho cria uma comissão de peritos, composta por juristas independentes que tem a competência de examinar relatórios enviados pelos governos sobre a aplicação de convenções por eles ratificadas, são as chamadas memórias.
A OIT na década de 30 teve que enfrentar graves problemas relativos ao trabalho em razão da grande Depressão. Neste cenário, as convenções da OIT ajudaram a proteger minimamente os desempregados. A Segunda Guerra interrompeu temporariamente a atuação da OIT, levando inclusive a mudança da sede da organização de Genebra, Suíça, para Montreal, Canadá, em 1940.
Em 1944 os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração da Filadélfia, que junto à constituição da OIT seguem como a carta de princípios e objetivos do órgão.
Com o nascimento da Organização das Nações Unidas – ONU, a OIT se transforma em 1946 na primeira agência especializada do órgão. Em 1969 ao comemorar 50° aniversário, a OIT recebe o prêmio Nobel da Paz em razão da influência que o órgão possui sobre a legislação de todos os países, principalmente em seu âmbito social.
Em 1998 a Conferência Internacional do Trabalho adota a Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho. Em 2008 durante a Conferência Internacional do Trabalho foi adotada a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa que corresponde a uma das primeiras manifestações de uma organização internacional que se preocupa com a crise financeira internacional eclodida naquele mesmo ano.
É importante frisar que Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.
A sede da OIT é Genebra, Suíça.
Princípios da OIT
Em 1944 com o previsível desfecho da guerra, a OIT se reúne na 26ª Conferência na Filadélfia fixando os princípios que guiariam a organização, citando como os mais relevantes:
O trabalho não deve ser tratado como mercadoria;
A liberdade de expressão e de associação é condição para o progresso;
A pobreza representa uma ameaça à prosperidade de todos;
Cada nação deve promover esforço contínuo junto aos representantes de empregadores e trabalhadores, cooperando igualitariamente com os governos, participando de discussões livres e tomada de decisões de caráter democrático, promovendo o bem comum;
Todos os seres humanos independente de raça, religião ou sexo tem o direito de conseguir o progresso material e desenvolvimento espiritual em liberdade, dignidade e segurança econômica com igualdade de chances;
Estrutura
A Organização Internacional do Trabalho é formada por uma Conferência Internacional do Trabalho, por um Conselho de Administração, por um Escritório ou Birô Internacional do Trabalho, por um Centro Internacional de Aperfeiçoamento Profissional e Técnico (Turim) e por um Instituto Internacional de Estudos Sociais.
I - Conferência Internacional do Trabalho
É o órgão de maior hierarquia da Organização Internacional do Trabalho. Cada Estado-membro envia 4 delegados, destes: 2 representantes governamentais; 1 representante patronal e; 1 representante do sindicato dos trabalhadores. A Conferência se reúne em forma de Assembléia, com reuniões ordinárias anuais e está encarregada de examinar os grandes problemas sociais e trabalhistas, promovendo convenções e recomendações que serão submetidas à aprovação dos governos dos Estados, entendendo como convenções os instrumentos jurídicos adotados pela maioria de dois terços. Lembrando ainda que os Estados devem submeter ao seu parlamento para aprovação as convenções aprovadas na Conferência, o que torna público o documento, levando o país a tomar uma posição quanto à convenção. Já as recomendações não têm a mesma capacidade, não tem um caráter obrigatório para os Estados-membros, manifestando apenas um aconselhamento e não uma imposição jurídica. Sua adoção depende do grau de vontade do estado.
A função da Conferência, portanto, é essencialmente normativa e fiscalizadora. Ainda na Conferência Internacional do Trabalho são eleitos os representantes do Conselho de Administração.
II- Conselho de Administração 
O Conselho de Administração da OIT, órgão que tem como finalidade a administração da conferência, reúne 56 membros, sendo: 28 representantes dos Estados, 14 representantes dos empregadores e 14 representantes dos empregados. Tem ainda como funções mais importantes a nomeação de um Diretor-Geral e o controle das atividades da organização e do Escritório Internacional do Trabalho.
Entre os delegados estatais, 10 são indicados pelos países industrializados de maior relevância e os outros eleitos em um rodízio, levando em consideração o critério geográfico. O mandato dos representantes é de 3 anos.
É importante frisar que o Conselho de Administração indicará, sempre que julgar oportuno, os Estados-membros de maior importância industrial e, antes de tal indicação estabelecerá regras para garantir o exame, por uma comissão imparcial, de todas as questões relativas à referida indicação.
III- Escritório Internacional do Trabalho
Constitui o órgão secretariado técnico-administrativo da OIT. Entre suas funções podemos citar:
Prepara os textos das convenções e recomendações. Cabe a ele também divulgar as informações sobre as questões relativas ao trabalho através de relatórios e publicações periódicas. Também prepara a pauta das conferências;
Presta assistência legislativa aos Estados-membros;
Analisa a efetiva observância das convenções firmada pelos Estados;
Centraliza e distribui todas as informações referentes à regulamentação internacional da condição dos trabalhadores e do regime de trabalho.
Convenções da OIT
As convenções da OIT podem ser consideradas verdadeiros guias principiológicos do direito internacional relativos aos direitos humanos de caráter social e econômico. 
Os temas abordados pelas convenções envolvem questões como:
- a liberdade sindical e o trabalho forçado; a igualdade de tratamento e de oportunidade; 
-as questões relativas ao emprego (como política de emprego e emprego temporário); 
- a seguridade do desempregado; questões relativas às questões de trabalho (como negociações coletivas e contrato coletivo); 
- as condições de trabalho (no que se refere aos salários, jornada, trabalho noturno, repouso semanal, férias, segurança e saúde no trabalho); 
- questões relativas à seguridade social (como assistência médica, assistência nos casos de acidente de trabalho e doenças profissionais); 
- questões relativas ao trabalho das mulheres com relação principalmente à maternidade; 
- o trabalho infantil (no que se refere à idade mínima); questões relativa ao trabalhador migrante e indígena, e etc.
	
	
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO
Em 1919 no âmbito da Liga das Nações, foi criada uma Comissão de Cooperação Intelectual, fruto desta comissão é criado em Paris o Comitê Internacional

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