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Apostila de Direito das Organizacoes Internacionais 2 Alex Real Ferreira

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Direito Internacional
Direito das Organizações Internacionais
Professor Alex Real
Vídeo de Apresentação da Disciplina
1.Organizações Não-Governamentais
As organizações internacionais não-governamentais possuem um papel influente no atual cenário internacional, pois escapam do engessamento proposto pelas relações internacionais entre Estados. As ONG´s Internacionais possuem laços mais estreitos com as sociedades envolvidas livrando-se por vezes da burocracia estatal paralisante, além de atuar de maneira independente na maioria das vezes, do próprio Estado, ou seja, desconhecem barreiras nacionais.
Esta capacidade adquirida pelas ONG´s Internacionais se dá em razão de um novo modelo de relações internacionais, como proposto pelos quadros. 
 OI
 G1 G2
 S1 S2
G – Governo
OI – Organização Internacional
S – Sociedade
S1 e S2
 OI
 G1 G2
 S1 S2
Os diagramas foram extraídos de NYE, Joseph e KEOHANE, Robert. Trasnational Relations and World Politics. Harvard University Press. 1972 in Seintenfus – Quadro LXIII.
Saímos, portanto, de um modelo centralizado pela figura estatal e partimos para um modelo descentralizado ou de integração global. 
Tratadas atualmente como membros do chamado “terceiro setor” numa denominação sociológica/econômica de inspiração norte americana que faz distinção entre: o primeiro setor (o público), o segundo setor (o privado ligado ao lucro) e o terceiro setor que se caracteriza pelo trabalho voluntário, além da finalidade não lucrativa.
As ONG´s internacionais nascem num primeiro momento em âmbito nacional, de movimentos sociais onde a conscientização e a solidariedade se destacam. Inicialmente nos países do hemisfério norte, sendo o hemisfério sul o alvo da solidariedade.
Historicamente estes movimentos tinham lastro na religião, as ordens religiosas, portanto, possuíam atividades que não tinham influência dos Estados, seja pelo missionarismo ou ainda pela simples solidariedade. Já no século XX, temas globais como o ambiental, direitos humanos, desenvolvimento econômico, ajuda humanitária e etc., vieram à tona e diversas organizações não-governamentais internacionais foram criadas, agora de conteúdo laico.
1.1.Conceito
A dificuldade de conceituar as organizações não-governamentais internacionais é a mesma encontrada em seu congênere interno: as ONG´s. O que as aproximam: a finalidade não lucrativa; e o que as diferenciam: o alcance internacional.
Para Seintenfus “as organizações não-governamentais de alcance transnacional ONGAT são organizações privadas, movidas por algum vínculo de solidariedade transnacional, sem fins lucrativos”.
O Banco Mundial procura definir as organizações não-governamentais internacionais inserindo oito diferentes espécies:
“1- Organizações voluntárias com fins altruístas, constituída pelo interesse de seus membros;
2- Organização de pessoas privadas, fundamentadas sobre princípios morais e sociais e que estrutura suas atividades para promover o bem estar e a felicidade das comunidades;
3- Organização para o desenvolvimento cultural, econômico e social que assegura o enquadramento e a socialização das populações;
4- Organização de pessoas trabalhando de forma independente de qualquer controle externo, com objetivos precisos e cuja finalidade consiste em trazer modificações importantes em uma dada comunidade;
5- Organização não filiada a partidos políticos engajada em dar continuidade à ajuda aos desfavorecidos, ao desenvolvimento e ao bem estar das comunidades;
6- Organização para erradicação do mal e dos problemas da sociedade, com vistas a uma melhor qualidade de vida, em favor dos pobres, dos oprimidos e dos marginais, na cidade e no campo;
7- Organização estabelecida para e por uma comunidade sem intervenção do governo;
8- Organização flexível e democrática na sua organização e que tenta servir a população, sem fins lucrativos” in Seintenfus.
1.2. Personalidade Jurídica
A personalidade jurídica das organizações não governamentais internacionais repousa numa contradição, já que criadas a partir do direito interno dos Estados procuram atuar na sociedade internacional. 
O Conselho da Europa, uma importante organização internacional na qual se vincula o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (lembrando que nem o Tribunal, nem o Conselho são órgãos da União Europeia), reconheceu a personalidade jurídica de organizações internacionais em razão da Convenção Europeia de 1985, portanto, os Estados-membros desta organização são os únicos a reconhecerem esta condição às organizações. No mais, a grande maioria dos Estados não reconhece a personalidade jurídica internacional dessas organizações, não podendo assim dizer que são sujeitos de direito internacional.
Este posicionamento é claro ao analisarmos o parecer do Conselho Econômico e Social da ONU – ECOSOC, ao definir que as organizações não governamentais internacionais “são aquelas organizações internacionais que não são criadas por via de acordo internacional”, vale dizer que o ECOSOC aceita a nomeação de representantes destas organizações nos debates, em consultas, enfim, nos trabalhos ligados à sua finalidade.
1.3. Características
As organizações não governamentais internacionais podem se caracterizar:
1- como uma associação de pessoas privadas;
2- que buscam uma finalidade comum não lucrativa;
3- não vinculação com os Estados;
4- o alcance internacional de suas ações, ainda que possua uma sede em um Estado;
Estas características diferenciam as organizações não governamentais internacionais de organizações interestatais e de empresas transnacionais, a primeira de natureza pública e a outra de natureza privada dedicada ao lucro, o que as aproxima é a atuação em diversos países.
1.4. Atuação
As ONG´s internacionais procuram através de modelo distinto das organizações interestatais, atingir finalidades comuns, portanto, aparece aqui a figura da cooperação entre estas. A própria ONU em seu artigo 71 da Carta regulamenta as relações com as ONG´s Internacionais através do ECOSOC. Outras organizações também seguiram esta tendência à cooperação, por exemplo, a OMC. 
Artigo 71 - O Conselho Econômico e Social poderá entrar nos entendimentos convenientes para a consulta com organizações não governamentais, encarregadas de questões que estiverem dentro da sua própria competência. Tais entendimentos poderão ser feitos com organizações internacionais e, quando for o caso, com organizações nacionais, depois de efetuadas consultas com o Membro das Nações Unidas no caso”.
Entretanto, não é raro encontrarmos ONG´s Internacionais em situação distinta da colaborativa, já que por vezes estas ONG´s podem ser financiadas pelos próprios Estados de maneira sub-reptícia ou ainda criadas na defesa de interesses contrários aos princípios do direito internacional. Na maioria das vezes, a atuação das ONG´s Internacionais procuram complementar as organizações interestatais, respondendo com mais agilidade e menos burocracia.
1.4.1. ONG´s Internacionais Esportivas
O ideal do Barão de Coubertin “o importante é competir” inspirou a criação de diversas ONG´s Internacionais com a finalidade de difundir a prática do esporte. Temos como exemplo, o próprio COI – Comitê Olímpico Internacional que organiza os Jogos Olímpicos de inverno e de verão; as federações de automobilismo, como a FIA – Federação Internacional de Automobilismo que organiza o Mundial de Fórmula 1.
Não se podia deixar de citar as ONG´s Internacionais
destinadas a promover o futebol, temos as regionais, por exemplo, CONMEBOL, UEFA, CONCACAF, e claro a universal Fedération Internacionale de Footeball Association – FIFA, criada em Paris em 1904, com sede na Suíça. Vale destacar que estas associações têm natureza privada e ultimamente vem se dedicando à geração de lucro em função do grande crescimento do chamado marketing esportivo, portanto, o ideal do citado Barão parece esmaecido. Diversas críticas já foram levantadas em relação à atuação da FIFA na organização da Copa do Mundo de Futebol, em especial a que será realizada no Brasil em 2014. Estas críticas versam desde a utilização de dinheiro público na construção de estádios até a intervenção da FIFA em questões internas como a suspensão da proibição de bebida alcoólica nos estádios, amparada em lei federal e leis estaduais.
 
Fonte: http://dalciomachado.blogspot.com.br/
Vídeo: Andrew Jennings – Programa Bola da Vez – ESPN Brasil – 09/07/2011 http://www.youtube.com/watch?v=3JOwnw6o7AI
1.4.2. ONG´s Internacionais Sindicais
Os movimentos sindicais possuem repercussão internacional, o que causou a criação de diversas ONG´s Internacionais destinadas a prestigiar a representação sindical. Estas ONG´s abrigam distintas orientações ideológicas em função da bipolaridade vivida no século passado. Temos por exemplo, a Federação Sindical Mundial, a Confederação Mundial do Trabalho e a Confederação Mundial dos Sindicatos Livres. 
Em 2006 foi criada em Viena, Áustria, a Confederação Sindical Internacional, com sede em Bruxelas, Bélgica, e congrega diversas centrais sindicais em 156 países pelo mundo.
	
	
A Cruz Vermelha
Histórico
O desenvolvimento tecnológico alcançado pela humanidade, principalmente a partir da Revolução Industrial no século XIX, significou um catastrófico aumento de mortandade nos conflitos.
Em 1859, a Itália no processo de reunificação de seu território entre em conflito com tropas austríacas no Piemonte, a Batalha de Solferino, deixou um saldo de 40.000 soldados feridos abandonados a própria sorte. 
	
Fonte: Cruz Vermelha
	
Este acontecimento desumano foi testemunhado pelo diplomata suíço Henry Dunant (foto), que o levou a escrever a obra “Lembranças de Solferino” publicado em 1862. Nesta obra ele defende a criação de um grupo de voluntários que promovessem o resgate e auxílio médico aos combatentes, sem analisar a nacionalidade ou bandeira destes soldados. 
Em 1863, após grande divulgação das ideias de Dunant, a sociedade suíça decide criar um serviço de socorro a feridos que repercute internacionalmente inicialmente junto a 16 países, nascendo assim o Comitê Internacional de Socorro a Feridos. Em 1876 ele é rebatizado como Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Henry Dunant recebeu o primeiro prêmio Nobel da Paz em 1901, juntamente com Frederic Passy, fundador da União Inter parlamentar.
Personalidade Jurídica
O caso da Cruz Vermelha é peculiar no direito das organizações internacionais já que nasce a partir do direito interno de um Estado: a Suíça e atua através de organizações que se submetem ao direito interno dos países, ou seja, cada país possui uma sociedade da Cruz Vermelha ou Crescente Vermelho.
A união destas sociedades se dá junto ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha – CICV. Este possui um ato constitutivo internacional e é reconhecido pelos Estados aderentes das Convenções de Genebra, portanto, seria possível afirmar que o Comitê teria personalidade jurídica internacional ainda que suas unidades nos países não. Reconhece-se, portanto, a personalidade jurídica híbrida, por exemplo, o Brasil possui a Cruz Vermelha Brasileira fundada em 1908, como organização nacional, ou seja, se submete ao ordenamento jurídico brasileiro. Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Genebra, na Suíça, congrega 187 unidades nacionais além de uma Federação Internacional – IFRC.
Atuação
A atuação da Cruz Vermelha se estende por todo o globo e seus princípios orientativos são: 
Humanidade – visa proteger os bens ligados à condição humana, como saúde, vida, integridade física; 
Imparcialidade – procura não fazer distinção em razão da raça, religião, condição social, ideologia; 
Neutralidade – busca manter-se afastada das discussões ideológicas e políticas; 
Independência – defende sua autonomia financeira e na tomada de decisões; 
Voluntariado – como associação de pessoas, que não visam o lucro; 
Unidade – deve haver somente uma Cruz Vermelha ou um Crescente Vermelho em cada país e; 
Universalidade – a união das diversas Cruzes Vermelhas ou Crescentes Vermelhos nacionais deve ser preservada além de tratamento isonômico entre estas.
A Cruz Vermelha pode ser considerada a iniciadora do chamado Direito Internacional Humanitário construído inicialmente de forma costumeira e objetivado a partir das Convenções de Genebra de 1864 a 1949.
1.5. Organizações Não Governamentais Internacionais na Área dos Direitos Humanos
A proteção aos direitos humanos é uma das áreas preferidas de atuação das organizações não governamentais internacionais. A atuação destas é bastante sentida na Sociedade Internacional inclusive junto às organizações intergovernamentais. Cite-se a produção de relatórios e de publicações por vezes contundentes e com grande exposição na imprensa faz com que a estrutura oficial se mova na busca de soluções em favor da proteção aos direitos humanos. 
	
	É o caso da Anistia Internacional, criada em 1960, em Londres, Inglaterra, tendo como fundador Peter Benenson, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1977.
A história da criação da Anistia Internacional remonta a ditadura de Antonio Salazar, em Portugal, que condenou dois estudantes portugueses a sete anos de prisão por um simples brinde de taças saudando a liberdade, com esta notícia o fundador da Anistia Internacional ao acender uma vela em uma igreja londrina teve a ideia de fustigar governos ditatoriais com cartas e mensagens do mundo inteiro. Hoje a Anistia Internacional conta com mais de 1.8 milhões de voluntários.
A atuação da Anistia Internacional se verifica principalmente com a formulação anual de relatórios sobre a situação de desrespeito de direitos humanos praticado pelos Estados, pode auxiliar também na promoção de reclamações junto aos sistemas de proteção aos direitos humanos, como por exemplo, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A Anistia Internacional trabalha de forma independente aos poderes constituídos dos Estados, ainda que se submeta juridicamente às normas destes, um dos papeis mais importantes se refere a analise da situação carcerária dos prisioneiros políticos.
1.6. Organizações Não Governamentais Internacionais na Área Ambiental
	
	Greenpeace
O Greenpeace nasceu no começo dos anos 70, de um movimento que protestava contra os testes nucleares norte americanos nas ilhas do Alasca. O movimento “Não Faça Onda”, liderado por Irving Stowe,Jim Bohlen e Robert Hunter adquiriu notoriedade e financiamento. A partir disso promoveram diversas cruzadas em favor da proteção da fauna marinha, como baleias e focas, e em 1972 foi criado no Canadá o Greenpeace.
Na década de 80 na Nova Zelândia, o Greenpeace teve um de seus barcos afundados por bombas pela Inteligência Francesa, resultando inclusive na morte do fotógrafo Fernando Pereira. O ataque foi realizado em razão dos testes nucleares que a França realizava no atol de Mururoa, no Oceano Pacífico.
Atualmente o Greenpeace arrecada fundos e atua na proteção das florestas equatoriais, produção de energia limpa, na luta contra a pesca das baleias, etc.
Lembrando que sua atuação se dá nacionalmente e sua sede internacional está em Amsterdã. 
	
	
WWF - World Wide Fund for Nature
Na década de 1960, algumas ONG´s internacionais na área ambiental, como a The Conservation Fundation e a International Union for Conservation of Nature (IUCN) buscavam financiamento e sentiram a necessidade de criar um fundo para apoiar suas atividades.
Em 1961, atendendo a estes apelos, importantes
conservacionistas como Julian Huxley e Peter Scott, ambos ingleses, lançaram o Manifesto Morges (Suíça) onde previa-se a criação do Fundo Mundial para Vida Selvagem – WWF.
1.7. Organizações Internacionais Regionais
	
	União Africana
Em 1963 foi criada a Organização de Unidade Africana (OUA), formada por países independentes localizados na África Central e Meridional, incluindo os países árabes.
A razão da criação desta organização regional repousa no desejo de preservação da independência dos estados africanos que atingiram esta condição pós Segunda Guerra, mas sentiam necessidade de institucionalizar relações continentais, favorecendo assim o contraponto às relações com as ex-metrópoles. Em seu tratado constitutivo, a Carta de Adis Abeba, os objetivos apontados denotam tal desejo:
Reforçar a unidade e a solidariedade entre os membros;
Defender sua soberania, integridade territorial e independência;
Eliminar todas as formas de colonialismo na África.
Os governos ditatoriais que ocuparam grande parte dos estados africanos na metade final do século XX impuseram uma face pouco democrática a esta organização, que chegou a ser chamada de “Clube dos Ditadores”.
A fim de apagar esta imagem e iniciar um novo ciclo de existência, em 2002 em Durban, na África do Sul, foi criada a substituta da OUA, chamada de União Africana – UA. Os objetivos desta nova organização buscam o desenvolvimento econômico e a promoção da democracia, já que a independência dos estados africanos havia se consolidado.
Com a transição da Organização de Unidade Africana para União Africana, houve a adoção de um novo modelo de organização, próximo do modelo adotado pela União Europeia, ainda que a supranacionalidade não esteja implementada como no sistema europeu.
Assembleia Geral
Como estrutura a União Africana conta como órgão máximo a Assembleia Geral, onde se delineia as políticas e ações da organização. É composta pelos Chefes de Estado dos países integrantes da organização.
Conselho Executivo
Outro órgão da União Africana é o Conselho Executivo que responde à Assembleia, preparando inclusive as sessões desta e determinando as questões a serem submetidas à Assembleia para decisão.
Dentre suas funções destacam-se ainda:
Coordenar e harmonizar as políticas, atividades e iniciativas da União nas áreas de interesse comum dos Estados-membros;
 Monitorar a implementação política de decisões e acordos adotados pela Assembleia;
Comissão
É a Secretaria da organização, encarregado das funções executivas. É composta por dez membros: 1 presidente, 1 vice e 8 comissários. A atual presidente da Comissão é Nkosazana Dlamini Zuma.
Comitê de Representantes Permanentes
Atua como órgão consultivo do Conselho Executivo. Composto por representantes permanentes dos Estados-membros acreditados junto a União. Está encarregado de preparar os trabalhos do Conselho Executivo.
Conselho de Paz e Segurança
Composto por 15 Estados-membros. Tem como objetivo a manutenção da paz e segurança e estabilidade na África, podendo inclusive promover missões de intervenção nos casos de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Atualmente a União Africana promove diversas missões, incluindo aí as missões de paz e segurança para Tunísia e para o Sudão, na região de Darfur.
Conselho Econômico, Social e Cultural - ECOSOCC
A União Africana em sua transição decidiu mirar objetivos distintos daqueles postos pela organização anterior, a Unidade Africana, o desenvolvimento econômico e social foi prestigiado, portanto. 
O desenvolvimentismo, como bandeira ideológica, dos países não alinhados foi um dos temas mais presentes nas décadas de 1960 e seguintes. Ainda que somente no ano 2000 a União Africana tenha encontrado tal motivação, a proposta em si já significou grande avanço. 
Lançado em 2005, mas institucionalizado de forma permanente somente em 2008, este órgão pretende ser órgão consultivo da União Africana, tendo íntima relação com a sociedade civil do continente representada principalmente pelas ONG´s ativistas dos países africanos.
Corte Africana de Direitos Humanos
Criada ainda sob a organização anterior (a Organização da Unidade Africana - OUA) em 1998, a Corte tem como objetivos a garantia da proteção dos direitos humanos na África, trabalhando em sistema com a Comissão Africana de Direitos Humanos. A jurisdição da Corte aborda a interpretação e aplicação da Carta Africana de Direitos Humanos de 1981.
A composição da Corte é de 15 juízes de nacionalidade dos países integrantes da União Africana, para um mandato de 6 anos podendo ser renovado por igual período.
A sede da Corte atualmente é Arusha, na Tanzânia.
Parlamento Pan-Africano
Criado em março de 2004, tem sede atual na cidade de Midrand, África do Sul. Conta com 230 membros escolhidos pelos parlamentos dos países integrantes, mas a meta é a promoção de eleições diretas junto às populações do continente. Tem como função primordial a legislação comum no âmbito da União Africana, além de promover o monitoramento dos trabalhos parlamentares no continente, ainda que de forma consultiva.
2. Organização dos Estados Americanos - OEA
 
2.1. Origem
O continente americano em grande parte enfrentou sua fase de liberação da colônia nos séculos XVIII no caso dos Estados Unidos e XIX no caso das colônias espanholas e colônia portuguesa. Como já visto, os desencontros marcaram o histórico de relações entre os países.
A assimetria continua marcando estas relações, os planos dos Estados Unidos, já no século XIX com a doutrina Monroe, com o lema “a América para os americanos”, batizada em razão do discurso proferido pelo presidente Monroe, em 1823 no Congresso norte-americano, o qual dizia: “nenhuma intervenção da Europa nos estados latino-americanos que se declararam independente será aceita pelos Estados Unidos". 
Tal doutrina reforça o pensamento imperialista dos Estados Unidos cristalizado no “Destino Manifesto”, que segundo o presidente Jefferson no início do século XIX: “o destino evidente dos Estados Unidos é estender-se ao conjunto do continente”, fica evidenciado o desejo dos Estados Unidos em liderar os destinos de todo o continente.
A formação de uma organização internacional abrangente nas Américas nasce logo após o período de libertação das ex-colônias espanholas com o Congresso do Panamá. Esta fase é conhecida pelo voluntarismo das partes em promover um contraponto às relações encontradas na mesma época no continente europeu. 
Numa fase posterior já no século XX, os Estados Unidos propõe o Pacto das Américas, em 1919, o que não é bem acolhido pelos latino-americanos. No início dos anos 30 o presidente Roosevelt propõe a política de boa vizinhança, o que permite uma abertura entre os Estados Unidos e a América Latina, sendo convocado para 1936 uma Conferência Panamericana em Buenos Aires.Com o fracasso desta conferência, em 1938 as reuniões são transferidas para Lima no Peru.
Desta conferência nasce a Declaração de Lima que propõe a colaboração entre os Estados americanos principalmente no que se refere a não intervenção de países fora do continente, significando, portanto, o princípio de solidariedade interamericana, o que evoluirá para o princípio da segurança coletiva . A distinção entre os dois repousa do primeiro se encontrar no campo das intenções e o outro no campo das ações.
Com a guerra sondando o mundo, a preocupação dos Estados Unidos era de ver o continente americano fora dos cenários de batalha, adotando uma “Declaração de Neutralidade”, institucionalizada no Comitê Interamericano de Neutralidade com sede no Rio de Janeiro.
Com a entrada dos Estados Unidos na Guerra, há convocação dos Ministros das Relações Exteriores dos países do continente para a Conferência do Rio de Janeiro de 1942, tendo como finalidade a formalização do rompimento diplomático e comercial com os países do Eixo, confirmando assim a posição dos Estados Unidos.
Após a Segunda Guerra, com a realização da IX
Conferência dos Estados Americanos realizada em Bogotá em 30 de abril de 1948, formalizou-se um tratado que adotou três textos: o primeiro sobre princípios relativos a direitos humanos; o segundo de natureza organizacional em forma Carta; e outro de natureza pactual sobre processos decisórios. Com a entrada em vigor destes textos, em 13 de dezembro de 1951 há a criação da Organização dos Estados Americanos.
2.2. Estrutura
A estrutura atual da Organização dos Estados Americanos é fruto de uma reforma promovida na Carta de Bogotá de 1948 pelo Protocolo de Buenos Aires de 1968, não podemos esquecer que esta reforma leva ainda em consideração o Protocolo de Cartagena das Índias de 1985. 
A estrutura da OEA conta com:
Órgãos Superiores: 
Reunião dos Ministros das Relações Exteriores (RMRE);
Assembleia Geral
Conselhos: 
Conselho Interamericano para Desenvolvimento Integral (CIDI);
Conselho Permanente (CP);
Secretariado Geral;
Corte Interamericana de Direitos Humanos;Comissão Interamericana de Direito Humanos; e Comissão Jurídica Interamericana;
Conferências Especializadas;
Organismos Especializados.
Reunião dos Ministros das Relações Exteriores (RMRE)
Refere-se à convocação destes Ministros em caráter de urgência e no interesse comum dos Estados Americanos. A solicitação se dirige ao Conselho Permanente que decidirá por maioria absoluta.
Assembleia Geral
Onde se desenvolve a diplomacia parlamentar do continente e todos os países tem representação detendo um voto. As decisões são tomadas pela regra da maioria absoluta e cabe ainda a Assembleia definir o orçamento e as funções do conjunto da organização.
A Assembleia Geral se reúne ordinariamente uma vez ao ano.
Conselhos:
2.1. Conselho Interamericano para o Desenvolvimento Integral (CIDI);
Tem como finalidade promover a cooperação entre os países americanos buscando o desenvolvimento econômico e social destes.
As metas que devem orientar a ação do Conselho estão colocadas no artigo 34 da Carta, algumas delas:
O aumento do produto nacional per capita;
Sistemas tributários adequados e equitativos;
Erradicação do analfabetismo;
Ampliação das oportunidades na educação;
Alimentação adequada;
Habitação adequada;
Etc.
Artigo 34 – “Os Estados membros convêm em que a igualdade de oportunidades, a eliminação da pobreza crítica e a distribuição equitativa da riqueza e da renda, bem como a plena participação de seus povos nas decisões relativas a seu próprio desenvolvimento, são, entre outros, objetivos básicos do desenvolvimento integral. Para alcançá-los convêm, da mesma forma, em dedicar seus maiores esforços à consecução das seguintes metas básicas:
a) Aumento substancial e auto-sustentado do produto nacional per capita;
b) Distribuição equitativa da renda nacional;
c) Sistemas tributários adequados e equitativos;
d) Modernização da vida rural e reformas que conduzam a regimes equitativos e eficazes de posse da terra, maior produtividade agrícola, expansão do uso da terra, diversificação da produção e melhores sistemas para a industrialização e comercialização de produtos agrícolas, e fortalecimento e ampliação dos meios para alcançar esses fins;
e) Industrialização acelerada e diversificada, especialmente de bens de capital e intermediários;
f) Estabilidade do nível dos preços internos, em harmonia com o desenvolvimento econômico sustentado e com a consecução da justiça social;
g) Salários justos, oportunidades de emprego e condições de trabalho aceitáveis para todos;
h) Rápida erradicação do analfabetismo e ampliação, para todos, das oportunidades no campo da educação;
i) Defesa do potencial humano mediante extensão e aplicação dos modernos conhecimentos da ciência médica;
j) Alimentação adequada, especialmente por meio da aceleração dos esforços nacionais no sentido de aumentar a produção e disponibilidade de alimentos;
k) Habitação adequada para todos os setores da população;
l) Condições urbanas que proporcionem oportunidades de vida sadia, produtiva e digna;
m) Promoção da iniciativa e dos investimentos privados em harmonia com a ação do setor público; e
n) Expansão e diversificação das exportações.”
2.2. Conselho Permanente
Vinculado diretamente a Assembleia Geral, têm todos os Estados-membros nele representado e a presidência do Conselho é exercida sucessivamente seguindo a ordem alfabética dos nomes em espanhol dos respectivos países. A presidência não tem mandato superior a seis meses e as decisões são por maioria de 2/3.
Foto do Conselho Permanente – fonte: http://www.oas.org/pt/
O Conselho Permanente tem como objetivo a manutenção das relações de amizade entre os Estados-membros, ajudando de maneira efetiva na solução pacífica de suas controvérsias.
Secretariado Geral
O Secretariado Geral guarda as funções executivas da Organização administrando os órgãos, lembrando a institucionalização da União Panamericana.
	
	A Secretaria está sediada em Washington, Estados Unidos. Tem como chefe o Secretário-Geral com mandato de cinco anos, podendo ser reeleito por uma vez, não podendo suceder-lhe pessoa da mesma nacionalidade.
O atual Secretário-Geral é o chileno José Miguel Insulza (foto), eleito em 2005.
Foto: site OEA
Comissão Jurídica Interamericana.
Tem por finalidade servir de corpo consultivo da Organização em assuntos jurídicos; promover o desenvolvimento progressivo e a codificação do direito internacional; e estudar os problemas jurídicos referentes à integração dos países em desenvolvimento do Continente, bem como a possibilidade de uniformizar suas legislações no que parecer conveniente, conforme artigo 99 da Carta.
O artigo 101 descreve sua estrutura, composta de onze juristas nacionais dos Estados membros, eleitos, de listas de três candidatos apresentadas pelos referidos Estados, para um período de quatro anos. A Assembleia Geral procederá à eleição, de acordo com um regime que leve em conta a renovação parcial e procure, na medida do possível, uma representação geográfica equitativa. Não poderá haver na Comissão mais de um membro da mesma nacionalidade.
Artigo 101 – “A Comissão Jurídica Interamericana será composta de onze juristas nacionais dos Estados membros, eleitos, de listas de três candidatos apresentadas pelos referidos Estados, para um período de quatro anos. A Assembleia Geral procederá à eleição, de acordo com um regime que leve em conta a renovação parcial e procure, na medida do possível, uma representação geográfica equitativa. Não poderá haver na Comissão mais de um membro da mesma nacionalidade.
As vagas que ocorrerem por razões diferentes da expiração normal dos mandatos dos membros da Comissão serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com os mesmos critérios estabelecidos no parágrafo anterior”.
Conferências Especializadas
As Conferências Especializadas são reuniões intergovernamentais destinadas a tratar de assuntos técnicos especiais ou a desenvolver aspectos específicos da cooperação interamericana e são realizadas quando o determine a Assembleia Geral ou a Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, por iniciativa própria ou a pedido de algum dos Conselhos ou Organismos Especializados, nos termos do artigo 122 da Carta e tem como exemplo, as Conferências Interamericanas Especializadas sobre Direito Internacional Privado, das quais resultam nas Convenções Interamericanas em Direitos Privado, como contratos, direito internacional, etc., que não contam ainda com a adesão brasileira.
Artigo 122 – “As Conferências Especializadas são reuniões intergovernamentais destinadas a tratar de assuntos técnicos especiais ou a desenvolver aspectos específicos da cooperação interamericana e são realizadas quando o determine a Assembleia Geral ou a Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores, por iniciativa própria ou a pedido de algum dos Conselhos ou Organismos Especializados”.
Organismos Especializados
Os organismos especializados “são os organismos intergovernamentais estabelecidos por acordos
multilaterais, que tenham determinadas funções em matérias técnicas de interesse comum para os Estados americanos” (artigo 124).
Possuem autonomia técnica seguindo apenas as recomendações da Assembleia Geral e dos Conselhos.
São eles: a Organização Panamericana da Saúde (OPAS); Comissão Interamericana de Mulheres (CIM); Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA); Instituto Panamericano de Geografia e História (IPGH); Instituto Interamericano da Criança; Instituto Indigenista Interamericano (III).
2.3. Sistema Regional Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos
O Sistema Interamericano possui suas peculiaridades regionais, pois está marcado pela exclusão e desigualdade sociais, além do ponto de vista político conter democracias em fase de consolidação. 
O convívio com o legado de regimes autoritários, somado a uma cultura de violência e impunidade não ajuda na formação de um ambiente respeitador de direitos humanos.
A transição para a democracia já foi alcançada, mas como dito, a efetiva consolidação do regime democrático ainda está em curso. Os instrumentos internacionais de direitos humanos necessitam de um Estado democrático como condição para seu exercício, como veremos a OEA através de seu sistema de proteção dos direitos humanos, tem sido um ator fundamental no processo de democratização das Américas.
Passamos analisar o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos
2.3.1. A Convenção Americana de Direitos Humanos
É o tratado de maior importância no sistema americano, também é denominada de Pacto de San Jose da Costa Rica. Assinada em San Jose da Costa Rica em 1969, entrando em vigor em 1978 em razão do número de países que a ratificaram na data.
Dos 35 Estados-membros da OEA, 24 são partes da Convenção Americana incluído o Brasil que aderiu apenas em 1992 (Decreto 678/92). A grande ausência é a dos Estados Unidos.
É de se notar que o Sistema Interamericano também é informado pela Carta da Organização dos Estados Americanos.
A Convenção Americana traz um catálogo de direitos onde cabe ao Estado-parte a obrigação de respeitar e assegurar o livre e pleno exercício destes, cabendo adotar as medidas legislativas e de outra natureza para conferir efetividade aos direitos enunciados. Portanto, um governo têm, consequentemente, obrigações de natureza negativas: quando deve observar o dever de não violar direitos individuais, por exemplo, mas deve também adotar medidas afirmativas para assegurar o pleno exercício de direitos garantidos na Convenção.
A Convenção Americana estabelece um aparato de monitoramento e implementação dos direitos que enuncia. Tal aparato é constituído pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
2.3.2. Comissão Interamericana de Direitos Humanos - CIDH
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada por Resolução da Quinta Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores em Santiago, Chile, em 1959. A CIDH foi formalmente instalada em 1960, quando o Conselho da Organização aprovou seu Estatuto. 
A competência da Comissão alcança os Estados partes da Convenção em relação aos direitos nela previstos, mas há também competência da Comissão para todos os Estados da OEA em relação aos direitos consagrados na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, Bogotá, 1948.
Quanto à composição a Comissão é integrada por sete membros que podem ser de qualquer nacionalidade dos Estados-membros da OEA, sendo eleitos pela Assembleia Geral por um período de quatro anos, podendo ser reconduzidos uma única vez.
Conforme César Sepúlveda in PIOVESAN (2007) são funções da Comissão:
Conciliadora: entre um governo e coletividades que vejam violados os direitos de seus membros;
Assessora: aconselhando os Governos a adotar medidas para a promoção dos direitos humanos;
Crítica: ao informar sobre a situação dos direitos humanos em um Estado-membro da OEA, depois de analisadas as argumentações do governo interessado se persistirem essas violações;
Legitimadora: quando um governo decide após o informe da Comissão, reparar as falhas e sanar as violações;
Promotora: ao efetuar estudos sobre temas de direitos humanos a fim de promover seu respeito;
Protetora: quando intervém em casos urgentes solicitando ao governo que suspenda sua ação.
É também competência da Comissão examinar as petições encaminhadas por indivíduos ou grupos ou entidades não governamental que contenha denúncia de violação de direitos humanos.
Ao se tornar parte da Convenção, o Estado aceita a competência da Comissão para examinar tais petições sem a necessidade de qualquer declaração expressa. 
Em linhas gerais, a Comissão atua apenas de forma consultiva elaborando pareceres, de modo que não julga casos, apenas estabelece ao Estado objeto da consulta que realize determinada conduta. Se eventualmente o Estado não realizar a conduta estabelecida, poderá então a Comissão Interamericana ingressar na Corte.
A Comissão nada vai julgar, emitirá parecer ao qual o estado objeto dele deverá seguir as diretrizes ali apontadas. Se não houver o segmento das diretrizes, não se pode falar em aplicação de sanções internacionais. 
	Caso emérito: Maria da Penha
Em maio de 1983, a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, à época com 38 anos, levou um tiro nas costas enquanto dormia que a condenou a passar o resto da vida em uma cadeira de rodas. Não conseguiu identificar imediatamente o agressor, mas suspeitou de seu marido Marco Antonio Heredia, baseado nas atitudes cada vez mais violentas que ele vinha adotando com ela e com suas filhas. Ela havia sugerido a separação, mas Marco Antonio Heredia não aceitou.
O agressor disse à polícia que Maria da Penha havia sido atingida em uma tentativa de assalto à sua residência.
Após quatro meses e meio de internação, Maria da Penha voltou a viver com seu marido e filhas, já que não sabia ser ele seu agressor, e sofreu nova tentativa de homicídio, agora por meio de um chuveiro elétrico danificado com intenção de eletrocutá-la. Após quase um ano, convencida de que seu marido queria matá-la, Maria da Penha denunciou Heredia às autoridades e começou sua luta para que ele fosse condenado.
Marco Antonio Heredia se declarou inocente da acusação de tentativa de homicídio, e impetrou diversos recursos durante um longo período, mantendo-se em liberdade.
Em 20 de agosto de 1998, a Comissão Interamericana de Direitos recebeu petição protocolada por Maria da Penha Maia Fernandes juntamente com o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) e pelo Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), para que fosse averiguada a demora da República Federativa do Brasil na aplicação da sanção ao seu agressor, uma vez que decorridos mais de 15 anos sem punição.
Alegavam que apesar da contundência da acusação e das provas, demorou oito anos para que o caso chegasse ao Tribunal do Júri, que condenou seu agressor à pena de quinze anos de prisão que foram reduzidos para 10 anos, já que não possuía condenação anterior.
O agressor apresentou um recurso de apelação extemporâneo e após outros 3 anos o Tribunal de Alçada decidiu aceitando a alegação apresentada extemporaneamente, entendendo que houve vícios na formulação das perguntas aos jurados que compunham o Tribunal do Júri.
O julgamento foi anulado e após outros 2 anos aconteceu novo julgamento, condenado o agressor a 10 anos e 6 meses de prisão. No entanto, o Tribunal aceitou a segunda apelação da defesa em que se alegava que o réu foi julgado ignorando-se as provas dos autos.
Em resumo, os peticionários alegavam que a justiça brasileira havia tardado mais de 15 anos sem chegar à condenação definitiva, sendo que o agressor se manteve em liberdade durante todo o tempo apesar da gravidade da acusação e das provas contra ele. Lembrando que a prescrição ocorreria em 20 anos do fato.
Em 19 de outubro de 1998, a Comissão Interamericana transmitiu a petição ao Estado e solicitou-lhe informações a respeito
da denúncia apresentada, no entanto, após decorridos 250 dias sem resposta, a Comissão reiterou ao Brasil o pedido de informações, ficando novamente sem resposta razão pela qual os peticionários solicitaram que a Comissão entendesse como verdadeiros os fatos narrados na petição.
A Comissão então se colocou à disposição para um processo de seleção amistosa e entendeu que o silêncio processual do Estado com respeito à petição contradiz a obrigação que assumiu ao ratificar a Convenção Americana em relação à faculdade da Comissão para “atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, em conformidade com o disposto nos artigos 44 e 51 da Convenção”.
Na opinião da Comissão, dado que essa violação contra Maria da Penha é parte de um padrão geral de negligência e falta de efetividade do Estado para processar e condenar os agressores, a Comissão considera que não só é violada a obrigação de processar e condenar, como também a de prevenir essas práticas degradantes.  Essa falta de efetividade judicial geral e discriminatória cria o ambiente propício à violência doméstica, não havendo evidência socialmente percebida da vontade e efetividade do Estado como representante da sociedade, para punir esses atos.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos reiterou ao Estado Brasileiro as seguintes recomendações:
Completar rápida e efetivamente o processamento penal do responsável da agressão e tentativa de homicídio em prejuízo da Maria da Penha Fernandes Maia.
Proceder a uma investigação séria, imparcial e exaustiva a fim de determinar a responsabilidade pelas irregularidades e atrasos injustificados que impediram o processamento rápido e efetivo do responsável, bem como tomar as medidas administrativas, legislativas e judiciárias correspondentes.
Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o responsável civil da agressão, as medidas necessárias para que o Estado assegure à vítima adequada reparação simbólica e material pelas violações aqui estabelecidas, particularmente por sua falha em oferecer um recurso rápido e efetivo; por manter o caso na impunidade por mais de quinze anos; e por impedir com esse atraso a possibilidade oportuna de ação de reparação e indenização civil.
Prosseguir e intensificar o processo de reforma que evite a tolerância estatal e o tratamento discriminatório com respeito 
 a)   Medidas de capacitação e sensibilização dos funcionários judiciais e policiais especializados para que compreendam a importância de não tolerar a violência doméstica;
b)       Simplificar os procedimentos judiciais penais a fim de que possa ser reduzido o tempo processual, sem afetar os direitos e garantias de devido processo;
c)       O estabelecimento de formas alternativas às judiciais, rápidas e efetivas de solução de conflitos intrafamiliares, bem como de sensibilização com respeito à sua gravidade e às consequências penais que gera; 
d)       Multiplicar o número de delegacias policiais especiais para a defesa dos direitos da mulher e dotá-las dos recursos especiais necessários à efetiva tramitação e investigação de todas as denúncias de violência doméstica, bem como prestar apoio ao Ministério Público na preparação de seus informes judiciais.
e)       Incluir em seus planos pedagógicos unidades curriculares destinadas à compreensão da importância do respeito à mulher e a seus direitos reconhecidos na Convenção de Belém do Pará, bem como ao manejo dos conflitos intrafamiliares.
Solicitou por fim, que fosse apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, dentro do prazo de 60 dias a partir da transmissão do relatório ao Estado, um relatório sobre o cumprimento destas recomendações para os efeitos previstos no artigo 51 da Convenção Americana.
 Fontes: http://www.oas.org/pt/default.asp
http://www.mariadapenha.org.br/
Análise crítica da atual relação do governo brasileiro com o sistema protetivo
VENTURA, D.; PIOVESAN, F. e KWEITEL, J. Comissão de Direitos Humanos da OEA: Sistema Interamericano sob forte ataque. Folha de São Paulo, São Paulo, 07 ago. 2012.
Após ser questionado por Belo Monte, o Brasil foi virulento. Ao quer limitar a ação da comissão, o país ainda encoraja Equador e Venezuela a atacarem o sistema
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos está sob forte ataque. Um processo de reforma capciosamente batizado de "fortalecimento" esconde a tentativa de limitar sua capacidade de agir de forma autônoma e independente.
Organizações de direitos humanos de todos os países da região apontam o Brasil como um detrator.
A diplomacia brasileira reconhece abertamente que suas relações com o sistema estão estremecidas, mas nega os ataques. Na visão do Itamaraty, o Brasil estaria apenas buscando o seu "aprimoramento". Mas o que realmente está em jogo?
Criado nos anos 1960 no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), o sistema têm uma comissão e uma corte independentes, que complementam a ação dos Estados. Por meio de medidas de urgência, tem salvado muitas vidas.
Permitiu a desestabilização dos regimes ditatoriais, exigiu justiça e o fim da impunidade nas transições democráticas e agora demanda o fortalecimento da democracia, contra as violações de direitos e proteção aos grupos mais vulneráveis.
Tem prestado uma extraordinária contribuição para a promoção dos direitos humanos, do Estado de Direito e da democracia na região.
No entanto, quando a Comissão fez recomendações no caso da hidroelétrica de Belo Monte, o Brasil não perdoou. Contrariado, desqualificou publicamente a comissão, retirou seu embaixador junto à OEA, decidiu não pagar a sua quota por meses e desistiu da candidatura de um membro brasileiro para a comissão.
Foi a primeira vez que o Brasil reagiu com tal virulência, embora vítimas e organizações sociais brasileiras recorram com frequência ao sistema. Entre 1998 e 2011, o Brasil foi alvo de 27 "medidas cautelares" (recomendações com caráter de urgência) da comissão. Já a corte, desde 1998, proferiu quatro sentenças condenatórias ao Brasil.
Até Belo Monte, o governo brasileiro parecia se esforçar no cumprimento de tais recomendações e sentenças. O caso Maria da Penha - que resultou em uma lei sobre a violência contra a mulher- é um exemplo.
Por causar constrangimento internacional aos Estados, o Sistema Interamericano foi alvo de ataques de diferentes países durante toda a sua história. Os EUA, por exemplo, jamais aceitaram a jurisdição da corte e nunca ratificaram a Convenção Americana de Direitos Humanos.
A propósito, não se pode confundir a OEA com o sistema. A OEA possui 35 membros. Apenas 25 deles são signatários da convenção, dos quais 21 aceitam a jurisdição da corte.
Hoje, entre as maiores ameaças, destacam-se propostas que: restringem o poder da comissão de adotar medidas cautelares (único instrumento previsto para casos de urgência e gravidade), suprimem a possibilidade de analisar detidamente casos de países com violações massivas e limitam as faculdades das relatorias especiais, como a de liberdade de expressão e acesso à informação.
Cada país ou bloco tem interesse particular em um desses pontos. O Brasil tem procurado abertamente limitar as medidas cautelares. Sua atitude tem encorajado posições ainda mais extremas, sobretudo do Equador e da Venezuela, há pouco questionados em casos de direitos políticos e liberdade de expressão.
Se o Brasil, de forma efetiva, deseja o aprimoramento do sistema, o silêncio e a ação de bastidores não podem ser opções. É preciso um sistema interamericano forte, autônomo e independente.
O país não pode carregar na sua história a mácula de ter contribuído para acabar com o mais importante mecanismo para a proteção de direitos humanos da nossa região.
2.3.3. Corte Interamericana de Direitos Humanos
A instalação da Corte se deu em 1979, esta tem natureza de órgão jurisdicional no sistema regional. É composta por sete juízes nacionais dos Estados-membros da OEA, eleitos pelos Estados-membros ou Estados parte da Convenção.
O estatuto
da Corte prevê duas atribuições essenciais ao órgão:
A primeira de natureza consultiva, interpretando as disposições da Convenção Americana, assim como de tratados relativos à direitos humanos nos estados americanos;
A segunda de caráter jurisdicional, resolvendo controvérsias que se apresentem acerca da interpretação ou aplicação da própria Convenção.
Portanto, conforme Thomas Buergenthal in PIOVESAN (2007): “A Convenção Americana investe a Corte Interamericana em duas atribuições distintas. Uma envolve um poder adjudicar disputas relativas à denuncia de que um Estado-parte violou a Convenção. Ao realizar tal atribuição, a Corte exerce a chamada jurisdição contenciosa. A outra atribuição da Corte é interpretar a Convenção e determinados tratados de direitos humanos, em procedimentos que não envolvem adjudicação para fins específicos. Esta é a jurisdição consultiva da Corte Interamericana” (grifos nossos).
Jurisdição Consultiva
Com relação à jurisdição consultiva, a Corte pode ser acionada por qualquer membro da OEA, parte ou não da Convenção. Ela tem exercido esta jurisdição contribuindo com importantes conceitos no campo do direito internacional dos direitos humanos, conferindo uniformidade e consistência à interpretação da Convenção Americana e de outros tratados da matéria. Até julho de 2005, a Corte havia emitido 18 opiniões consultivas, analisando aspectos importantes, dentre eles: sua competência consultiva, o sistema de reservas, o habeas corpus, a questão relativa ao esgotamento prévio dos recursos internos, etc.
Jurisdição Contenciosa
Já no plano contencioso, a Corte tem sua competência limitada para o julgamento de casos em que constem apenas os Estados parte da Convenção e que ainda reconheçam tal jurisdição de maneira expressa, nos termos da Carta constitutiva da Corte. Infelizmente trata-se de um anacronismo onde o voluntarismo deveria ceder espaço para a jurisdição obrigatória.
Saliente-se ainda que somente a Comissão Interamericana e os Estados parte da Convenção podem submeter um caso à Corte Interamericana, nos termos do artigo 61 da Convenção. Entretanto, em 2001 a Corte revisou suas regras de procedimento para assegurar a representação de vítimas perante a Corte. 
Sendo assim se a Comissão submeter o caso à Corte, as vitimas ou seus representantes podem enviar de forma autônoma argumentos e provas para apreciação do citado órgão.
A jurisdição da Corte envolve o exame de casos em que o Estado parte viola direito previsto na Convenção, podendo determinar a adoção de medidas visando a restauração do estado anterior, ou ainda condenar o Estado a pagar uma justa compensação à vitima. 
Conforme ensina Antonio Augusto Cançado Trindade in PIOVESAN (2007): “Os tribunais internacionais de direitos humanos existentes – as Cortes Europeia e Interamericana – não substituem os tribunais internos, e tampouco operam como tribunais de recursos ou de cassação de decisões dos tribunais internos. Não obstante, os atos internos dos Estados podem vir a ser objeto de exame por parte dos órgãos de supervisão internacionais, quando se trata d verificar a sua conformidade com as obrigações internacionais dos Estados em matéria de direitos humanos”.
Frise-se que a decisão da Corte tem força jurídica vinculante e obrigatória, cabendo ao Estado seu imediato cumprimento, se houver compensação à vitima, a decisão valerá como título executivo, sendo executada conforme os procedimentos internos do Estado condenado. Entretanto repita-se, é necessário que o Estado reconheça a jurisdição da Corte, é a conhecida cláusula facultativa da jurisdição.
O Estado brasileiro reconheceu a jurisdição da Corte Interamericana por meio do Decreto Legislativo n° 89, de 3 de dezembro de 1998, conforme artigo 62, §1° da Convenção.
A Corte na sua jurisdição contenciosa, até julho de 2005 proferiu 127 sentenças.
3.União Europeia
A União Europeia é uma integração regional que atingiu o mais alto grau de integração: a união política. 
3.1. Histórico
A União Europeia nasce do desejo de uma comunidade europeia a partir de França e Alemanha, ainda na década de 50, já que a Europa se encontrava numa encruzilhada proposta pela bipolaridade EUA e União Soviética. Era necessário, portanto, a criação de um espaço europeu. Essa comunidade nasce de uma inusitada parceria entre e França e Alemanha na exploração do carvão e aço alemães.
3.2. Processo de Integração Europeu
Podemos citar como antecedentes históricos de integração europeia com a catálise dos Estados Unidos, duas organizações: Organização Europeia de Cooperação Econômica que mais tarde se transformou na OCDE– Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, bem como na esfera militar, a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte.
3.2.1.Tratado de Paris e a Criação da CECA
Constatava-se à época que a Europa ainda não se encontrava pronta para a criação de instituições políticas comunitárias. Por conta disso procurou-se uma evolução mais lenta em campos de ação mais técnicos. A partir dessa ideia, em 1950 o chanceler francês Robert Schumann propôs a criação de um consórcio franco-alemão de carvão e aço, criando-se ainda um órgão supranacional encarregado do controle das indústrias envolvidas, sem a partição direta de nenhum dos governos e submetida à jurisdição independente. A ideia foi bem recebida pela contraparte alemã na pessoa de Konrad Adenauer, tendo estes artífices assinado em 1951 o Tratado de Paris formando a Comunidade Europeia do Carvão e Aço (CECA). Reunindo-se aos dois países: Bélgica, Luxemburgo, Holanda (BENELUX), assim como a Itália.
A CECA está montada sobre uma estrutura formada por uma Alta Autoridade composta por pessoas designadas pelos países membros administrando o mercado de carvão e aço; uma Assembleia Parlamentar integrada pelos delegados dos parlamentos nacionais; um Conselho de Ministros; e um Tribunal de Justiça.
Foi provavelmente a primeira incursão no direito comunitário, já que encontramos experiências de relações supranacionais entre os países integrantes e a CECA. 
A CECA desapareceu em 2002, após os 50 anos de existência fixado no Tratado de Paris (tempo determinado), transferindo seu acervo histórico e seu patrimônio à Comunidade Europeia.
3.2.2. Os Tratados de Roma e a criação da Comunidade Econômica Europeia – CEE
Em razão do sucesso da CECA, os países integrantes, capitaneados por Jean Monnet, resolveram criar uma instituição que impulsionasse a formação de um mercado comum. Desse desejo nasceu a Declaração de Messina, incluindo-se ai, a intenção do desenvolvimento pacifico da energia atômica.
A Conferência de Veneza realizada em 1956 foi o encontro onde se estabeleceram as bases encontradas nos dois tratados de Roma de 1957: o primeiro criando a Comunidade Econômica Europeia (CEE); e o segundo a Comunidade Europeia de Energia Atômica – (EURATON).
A Comunidade Econômica Europeia buscava o estreitamento das relações de seus integrantes visando o progresso econômico e social destes, melhorando a condição de vida e trabalho de seus povos, eliminando os obstáculos à livre circulação dos fatores de produção.
A previsão inicial era que esse mercado comum se estabelecesse ao final de um período de transição de doze anos, dividido em três etapas de quatro anos cada.
A Comunidade ultrapassava os conceitos já conhecidos da união aduaneira, já que repousava sobre a novidade da liberação de todos os fatores de produção, criando políticas comuns para diferentes áreas. 
Já a EURATON, os estados signatários do tratado expunham a convicção que a energia nuclear era essencial para o desenvolvimento, criando-se à época uma indústria nuclear moderna que no entanto evitasse qualquer risco para a saúde e vida das populações envolvidas, cooperando ainda com outros países interessados no desenvolvimento pacífico da energia atômica.
3.2.3. Ampliação da Europa dos seis
A década de 60 do século passado trouxe uma crise à França que resgatou o general De Gaulle que imaginava a França como o centro do poder europeu,
afastando qualquer ingerência norte americana principalmente pela via da Grã-Bretanha. Essa política do chefe francês levou a chamada “crise da cadeira vazia”, ou seja, a França se retirou de diversas negociações envolvendo decisões de conteúdo supranacional alegando que estas feriam a sua soberania.
Com a subida de um novo presidente, George Ponpidou, em razão da renúncia De Gaulle em 1969 abriu-se a possibilidade da entrada de quatro novos Estados à Comunidade Europeia, quais sejam: Grã-Bretanha, Irlanda, Noruega e Dinamarca, com efetiva incorporação em 1973.
Durante esse período é percebida uma evolução na área tributária no que se refere a união aduaneira com a fixação de tarifas comuns e participação nas receitas de impostos sobre varejo, assim como há a criação de órgão para a promoção do controle externo do orçamento da comunidade, órgão este denominado Tribunal de Contas. Sob a ótica institucional e política de representação, um passo importante foi a criação de um Parlamento Europeu em 1979 com a eleição direta de parlamentares.
Toda esta integração se dá sob a crise do petróleo que não contribuiu para as relações de cooperação e desenvolvimento comuns. 
A década de 80 é marcada pela inclusão de três países que saiam de regimes militares autoritários: Grécia, Portugal e Espanha e em 1986 a Europa já contava com doze Estados-membros. 
A Europa dos doze buscará integração maior, fixando suas metas na ata única europeia, assinada em Luxemburgo e em Haia em 1986. 
3.2.4.O Tratado de Maastricht
Sobre as bases do acordado na ata única europeia, o processo de integração atinge sua maturação em 1992, com a assinatura do tratado na cidade holandesa de Maastricht. Neste instrumento se vislumbra a vontade dos integrantes de criar um espaço sem fronteiras promovendo o desenvolvimento econômico e social de seus integrantes estabelecendo ainda uma união econômica e monetária instituindo inclusive, uma moeda única. O Tratado de Maastricht de difícil negociação pode ser chamado de “tratado dos tratados” na União Europeia, pois nele se encontra o projeto comunitário europeu e se refere à questão da cidadania, economia, segurança coletiva, além da óbvia cooperação entre os integrantes, inclusive do ponto de vista jurisdicional.
Com o Tratado de Maastricht o Parlamento Europeu ganhou protagonismo legislativo, ao lado do Conselho detém poderes políticos e orçamentários sobre a comunidade. 
Nesse tratado cria-se um Banco Europeu de Investimentos além de se estabelecer as regras de criação do Banco Central Europeu, organizando o Sistema Europeu de Bancos Centrais. Com relação aos direitos humanos o tratado prevê a criação do cargo de Defensor do Povo.
Diferença entre comunidade europeia e união europeia
3.2.5.Tratado de Amsterdã
3.2.6.Tratado de Nice
3.3. Estrutura da União Europeia
1) Conselho Europeu
A União Europeia tem como órgão político o Conselho Europeu, que define as orientações políticas gerais do bloco, mas não tem poder para adotar legislação. 
	
	É composto pelos chefes de Estado ou de Governo, com presidência atual de Herman Van Rompuy (foto).
O Conselho Europeu se reúne nas Cúpulas Europeias onde são tomadas decisões de natureza política. As Cúpulas ocorrem quatro vezes ao ano.
Matéria jornalística: Análise da atual crise da União Europeia
http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/06/crise-atual-nao-pode-ser-comparada-de-2008-diz-conselho-europeu.html
2) Conselho da União Europeia
Representa os governos nacionais, tendo como objetivos:
Aprovar a legislação aplicável à União Europeia; 
Coordenar políticas comuns; 
Aprovar orçamento anual da União Europeia;
Coordenar a cooperação entre os tribunais e as forças policiais dos países integrantes.
Os integrantes do Conselho da União Europeia não são permanentes, já que cada país envia um representante conforme a reunião a ser realizada. As reuniões também tem natureza temática, portanto, o representante do país será Ministro da Pasta com tema da reunião, por exemplo, meio ambiente. Portanto, os Conselhos se formam por setores, no caso Conselho Ambiente.
Há um Conselho de Assuntos Gerais e Relações Exteriores que decide as diferentes composições, atualmente temos: Conselho para Assuntos Econômicos e Financeiros; Conselho de Transporte, Telecomunicações e Energia; Conselho para Emprego, Política Social, Saúde e Consumidores, e etc. Vale lembrar que o Conselho é único e assume determinada nomenclatura conforme a necessidade do assunto, ou seja, se se tratar de assunto sobre meio ambiente, o Conselho passa a ser Conselho de Meio Ambiente. Essa inteligente maneira do Conselho atuar se dá em razão da prevenção de um inchaço do sistema.
O Conselho conta com uma presidência rotativa onde cada Estado-membro ocupa por um período de seis meses. Já havendo previsão dos Estados-membros que ocuparão a presidência até 2020.
As decisões do Conselho são tomadas por maioria qualificada e em média ponderada pelo tamanho da população do país, atingindo o número de 345 votos, assim distribuídos:
Alemanha, França, Itália e Reino Unido: 29 votos
Espanha e Polônia: 27
Romênia: 14
Países Baixos: 13
Bélgica, Grécia, Hungria, Portugal, e República Checa: 12
Áustria, Bulgária e Suécia: 10
Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Irlanda e Lituânia : 7
Chipre, Eslovênia, Estônia, Letônia e Luxemburgo: 4
Malta: 3
A maioria qualificada deve ser de ao menos 255 votos expressos, que representem ao mesmo dois terços dos 27 países. Além disso, estes votos devem representar 62% da população total da União Europeia.
3) Comissão Europeia
Este órgão corresponde verdadeiramente ao Executivo Comunitário.
A Comissão Europeia tem seu histórico inicial no Tratado de Paris que formou a CECA (Comunidade Europeia de Carvão e Aço) dando-lhe o nome de Alta Autoridade. Com a fusão das Comunidades Europeia – CEE (Comunidade Econômica Europeia), da CECA e da EURATON (Comunidade Europeia para Energia Atômica) – em 1965, temos os verdadeiros contornos deste órgão que exprime verdadeiramente o contexto da supranacionalidade enfrentado pela integração. As atuais competências da Comissão se revelam no Tratado de Maastricht. 
As competências da Comissão se referem ao poder de fiscalização dos órgãos do bloco; formular pareceres e recomendações, podendo ainda participar dos atos do Conselho e do Parlamento Europeu por iniciativa, como uma espécie de direito de iniciativa normativa, competência que exerce quase que exclusivamente, já que o Conselho não detém esta capacidade. Cabe ainda à Comissão a representação da União Europeia junto aos demais sujeitos do direito internacional.
3.4. Sistema Regional Europeu de Proteção dos Direitos Humanos
O sistema nasce como uma resposta aos horrores vivenciados ao longo da Segunda Guerra Mundial na tentativa de estabelecer condições mínimas à dignidade humana. Busca ainda afirmar que o processo de integração europeu lastreado nos valores democráticos do Estado de direito e dos direitos humanos.
Dentre os sistemas regionais existentes, o europeu é o que mais maturou influenciando inclusive os demais. Ele tem como origem a Convenção Europeia de Direitos Humanos e como órgão a Corte Europeia.
3.4.1. Convenção Europeia de Direitos Humanos
Foi elaborada em 1949 após a Segunda Guerra Mundial. Os Estados-membros do Conselho da Europa adotaram assim, em 1950 a Convenção Europeia para Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, que entrou em vigor em 1953 com a ratificação de oito Estados: Dinamarca, Alemanha, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Reino Unido. Em 2007 a Convenção já contava 45 Estados-parte.
A Convenção europeia inicialmente compreendia direitos civis e políticos, incluindo somente depois os direitos sociais, econômicos e culturais com a adoção Carta Social Europeia em 1965.
Em 1998 o Protocolo n°11 alterou profundamente a estrutura do sistema: os dois órgãos antes previstos – Comissão e Corte – foram reunidos num único órgão: a Corte Europeia de Direitos Humanos, que tem
por competência admitir e analisar o mérito dos casos que lhe são submetidos. Promove-se assim, o fortalecimento da jurisdição contenciosa.
3.4.2. Corte Europeia de Direitos Humanos
Antes do citado Protocolo, a Comissão e a Corte previstas no sistema não atuavam de maneira permanente. A Convenção Europeia se referia à cláusulas facultativas onde o indivíduo somente teria direito de peticionar perante a Comissão e a Corte somente apreciaria os casos submetidos pela Comissão. 
Ao longo do tempo todos os Estados-parte passaram a consentir com as duas cláusulas facultativas: tanto a petição à Comissão, quanto a submissão à Corte, ainda que de forma política. 
Não se nega o avanço promovido pelo Protocolo n°11 que conferiu também legitimidade aos indivíduos, coletividades e ONG´s acesso direto à Corte Europeia por meio de petição, visto que anteriormente somente Comissão e Estados-parte podiam submeter casos à Corte. Repita-se: que a partir do Protocolo a cláusula deixou de ser facultativa, passando a ser obrigatória.
A Corte tem jurisdição contenciosa e consultiva e o grande desafio atual é fazer frente ao volume de demandas. Em razão disto, o Protocolo n°14 que entrou em vigor em 2010, promoveu uma série de reformas principalmente na estrutura da Corte, que conta hoje com um número de juízes igual ao número de Estados-parte na Convenção – atualmente quarenta e sete.
Não há restrição ao número de juízes com a mesma nacionalidade, já que exercem suas atividades a título pessoal e não representando Estados. São eleitos para um mandato de 9 anos, sem possibilidade de recondução. O órgão que os elege é o Conselho da Europa em Assembleia.
A sede da Corte é Estrasburgo, região da Alsaciana França.
4. Integração Regional
Se refere a um processo político econômico que teve na década de 90 o seu apogeu, em razão do liberalismo econômico. O processo de integração entre países da mesma região em regra se inicia por razões econômicas, mas extravasa para o conteúdo político. 
A integração regional será instrumentalizada por tratados internacionais podendo estar institucionalizada em uma organização internacional. A doutrina internacionalista prefere em alguns casos tratar da integração regional como um tópico do próprio direito internacional, mas não se pode esquecer o direito comunitário como área afeta do direito internacional público, mas se defende autônoma deste. 
O direito comunitário repousa na supranacionalidade, ou seja, defende a união de Estados que se submetem a tratados criadores de instituições que não necessitam de decisões baseadas no consenso. O único modelo de comunidade internacional a alcançar tal patamar de integração, utilizando-se do direito comunitário será vista à frente, qual seja, a União Europeia.
Os países decidem a etapa de integração que pretendem alcançar, por exemplo, o NAFTA (North American Free Trade Agreement) que tem como objetivo a formação de uma área de livre comércio sem avançar para outras etapas de integração.
As etapas de integração significam de um lado a perda de poder decisório unilateral, mas de outro ganho de poder em razão da coletividade frente aos demais Estados não integrantes do bloco.
As etapas de integração são necessárias, no sentido de que só se pode avançar para a próxima etapa se a anterior tiver sido concluída.
4.1. Etapas de Integração na Formação de Blocos Regionais
O processo de integração regional e sua divisão em etapas foi concebido ainda na década de 60, pelo teórico húngaro Bèla Balassa em sua obra “A teoria da integração econômica”.
A distinção entre integração econômica e cooperação econômica, ainda segundo o autor, é de que a cooperação está nas medidas tomadas de harmonização de política econômica entre os Estados, buscando diminuir a distância entre eles. Já a integração se utiliza do entendimento entre Estados buscando a supressão de formas de discriminação de produtos e serviços. Este tratamento tem natureza obrigatória na integração. Podemos dar o exemplo: adoção de acordos internacionais visando políticas de comércio harmônicas, falamos aí de cooperação; quando se fala em tratamento nacional dado a produtos e serviços oriundos de países vizinhos, abordamos a questão da integração. 
1° Fase – Área de Livre Comércio
Se refere a busca do tratamento nacional para produtos ou serviços originários de países que formam o bloco regional. Em outras palavras significa a livre circulação de produtos e serviços dentro do bloco regional.
2ª Fase – União Aduaneira
Com a formação de uma área de livre comércio, há a possibilidade do surgimento de um desequilíbrio entre os países que formam o bloco regional em razão de tratamento distinto dado aos produtos e serviços importados pelos países do bloco.
A correção deste desequilíbrio se dá com o mesmo tratamento dado a estes produtos através das tarifas externas comuns (TEC´s).
A título exemplo hipotético, o importador brasileiro de violões norte americanos paga 10% de imposto de importação, enquanto o importador paraguaio de violões norte americanos paga 5% do mesmo imposto de importação, gerando, portanto, um desequilíbrio concorrencial. Para corrigir esse desequilíbrio se estabelecem tarifas externas comuns no montante de 7,5%, por exemplo, no caso dos violões norte americanos, ou seja, um meio termo. É o caso do Mercosul atualmente, reconhecido como uma união aduaneira imperfeita já que não estabeleceu tarifas externas comuns para 100% dos produtos importados pelos países que formam o bloco regional.
3ª Fase – Mercado Comum
Livre circulação de pessoas e capitais originários dos países que formam o bloco regional.É a fase das liberdades: liberdade na circulação de indivíduos, de capitais, de prestação de serviços, etc. Por exemplo, os indivíduos de determinado bloco, podem circular entre os países, trabalhar, abrir conta corrente, etc., assim como, por exemplo, os indivíduos da União Europeia que é o exemplo mais bem acabado de mercado comum. Ainda que o Mercosul adote a designação de mercado comum, ele não atingiu tal etapa de integração, na verdade é o projeto do Mercosul.
4ª Fase – União Monetária
É a adoção de uma moeda comum pelos países que formam o bloco, significa que os países irão abandonar sua moeda nacional adotando somente uma moeda e também perderão o poder de unilateralmente fixar o valor do dinheiro circulante. Com adoção da moeda única é necessário a criação de um banco comum. É o exemplo da União Europeia. Falar da crise do euro.
5ª Fase – União Política
A criação de importantes instituições comunitárias como, por exemplo, criação de um parlamento onde cada representante é eleito para essa função por voto popular, tribunais com jurisdição supranacional, presidência comum e inclusive a representação externa comum.
É a formação de quase que uma federação, com liderança unificada. O avanço pode chegar a formação de quase que um país, no qual terão uma liderança comum, com força eleita por todos os membros.
Podemos citar a União Europeia, que possui representação externa comum na Organização Mundial do Comércio e ainda possui importantes instituições comunitárias, além de uma jurisdição supranacional, ou seja, de natureza obrigatória para alguns temas como, por exemplo, os direitos humanos.
5. Mercosul
 
5.1. Histórico
O Brasil até mesmo em razão de sua distinta colonização, a portuguesa, ao longo da história deixou de se relacionar de forma integrada aos demais países vizinhos, estes colonizados pela Espanha. As relações exteriores com os vizinhos da América do Sul, principalmente os situados ao sul do Brasil (Argentina, Paraguai e Uruguai) sempre foram pautadas mais pela desconfiança do que pela ajuda mutua. Isto se dá em razão de disputas fronteiriças, a breve anexação da Província Cisplatina (hoje Uruguai), além claro, da Guerra do Paraguai.
Na década de 70, o Brasil promove tentativas de aproximação com seus vizinhos na América do Sul, dentre estas, a construção de Itaipú, estabelecendo
uma empresa binacional com o Paraguai na exploração daquela hidrelétrica; o Pacto Amazônico com os países que dividem aquela região do globo; as tratativas com relação a exploração de hidrocarbonetos na Bolívia.
A década de 80 colhe toda a América latina em crise, com vertiginoso aumento das dívidas externas e internas, crescimento da pobreza e evidente piora dos indicadores sociais. Somente no meio desta década, com a simultânea reabertura democrática, já que grande parte dos países desta região enfrentou ditaduras militares, os países resolvem estabelecer acordos de natureza econômica.
A natureza destas relações ficou evidenciada na declaração conjunta da reunião de Foz do Iguaçu realizada em 1985, contando com a presença do presidente argentino Raul Alfonsin e do presidente brasileiro José Sarney. O resultado desta reunião está objetivado na Declaração do Iguaçu, onde se encontram as propostas de cooperação econômica complementadas por seus devidos protocolos, abordando temas:
Bens de capital;
Exportação e importação de trigo;
Energia;
Acidentes Nucleares;
Aeronáutica;
Siderúrgica;
Transportes;
Moeda Comum
Autopeças e Indústria automobilística, etc.
A partir deste momento temos uma substancial mudança nas relações destes importantes países do chamado cone sul. Estas relações pautarão inclusive o processo de integração regional que desembocará no bloco regional chamado Mercosul.
A posse dos novos presidentes na Argentina e no Brasil, Carlos Menen e Fernando Collor de Mello, em 1990, faz com que cada um destes países tome rumos econômicos diversos. Na argentina a dolarização adotada pelo Plano Cavallo e no Brasil o confisco da poupança pelo Plano Collor evidenciam as distintas abordagens tomadas pelos governos de então. Ainda que Brasil e Argentina trilhem caminhos econômicos distintos, o plano de integração fica mantido e participarão deste plano Uruguai e Paraguai, que inicialmente se colocavam como observadores, mas possuíam evidente interesse em integrar o bloco de integração regional.
O Tratado de Assunção assinado em março de 1991 na capital paraguaia, cria o bloco regional que busca a integração econômica entre os quatro países do chamado cone sul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
O objetivo principal deste tratado é a criação de um mercado comum da região, daí seu nome Mercado Comum do Sul, ou MERCOSUL.
O Tratado de Assunção fixa ainda as metas para atingir a etapa de integração desejada, ou seja, o mercado comum, passando pelas etapas de integração anteriores, quais sejam: zona de livre comércio e união aduaneira.
A data limite para alcançar a eliminação total de barreiras comerciais seria 31 de dezembro de 1994 para Brasil e Argentina, e um período de graça de 12 meses para Paraguai e Uruguai. 
O tratado de Assunção tem a característica de ser um acordo-quadro, ou seja, ele delimita os itens a serem negociados e estes serão implementados por protocolos.
Após diversas reuniões de implementação do tratado, foi acordado o Cronograma de las Leñas, portanto, segundo o cronograma, inicialmente formaria-se uma zona de livre comércio onde os produtos e serviços originários dos quatro países do Mercosul, teriam verdadeiro tratamento nacional. Após este período estabeleceria-se uma união aduaneira com tratamento comum dado aos produtos e serviços originários de terceiros países não pertencentes ao bloco, estabelecendo-se assim, uma tarifa externa comum (TEC) para estes produtos e serviços.
E por fim, na data indicada alcançaria-se a etapa de integração de mercado comum.
 
Fonte: http://www.estadao.com.br/fotos/mercosur_headqueaters.jpg
5.2. Estrutura do Mercosul
O Protocolo de Ouro Preto de 1994, além de estabelecer a personalidade jurídica do bloco de integração regional, estabelece a criação de órgãos definindo suas competências e atuações. Sua estrutura institucional é composta por:
Conselho do Mercado Comum (CMC);
Grupo Mercado Comum (GMC);
Comissão de Comércio do Mercosul;
Comissão Parlamentar Conjunta substituída pelo Parlamento do Mercosul;
Foro Consultivo Econômico Social (FCES);
Secretaria Administrativa do Mercosul;
Tribunal Permanente de Revisão
 
Conselho do Mercado Comum
É o órgão máximo da organização, possuindo inclusive capacidade decisória nas políticas do processo de integração, a fim de atingir os objetivos do tratado constitutivo na formação do mercado comum. A sua formação é intergovernamental. As competências do Conselho Mercado Comum – CMC, estão previstas no artigo 8º do Protocolo de Ouro Preto e vão desde 
“I - velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito; 
II- formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do mercado comum; 
III- exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul; 
IV- negociar e assinar acordo em nome do Mercosul, com terceiros países, grupos de países e organizações internacionais; 
V- manifestar-se sobre propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo Mercado Comum – GMC;
VI- criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre acordos remetidos pelas mesmas;
VII- criar os órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-los ou extingui-los;
VIII- esclarecer, quando estime necessário o conteúdo e o alcance de suas decisões;
IX- designar o Diretor da Secretaria do Mercosul;
X- adotar decisões em matéria financeira e orçamentária;
XI- homologar o regimento interno do Grupo Mercado Comum – GMC”
Os componentes do Conselho Mercado Comum – CMC são os ministros das Relações Exteriores e Ministros da Economia dos Estados-parte, sendo que uma vez por semestre participarão também os presidentes dos Estados-parte. 
A presidência do Conselho é rotativa, exercida por seis meses pelos Estados-parte, sendo as reuniões coordenadas pelos Ministros das Relações Exteriores.
A tomada de decisões no Conselho é por consenso, tendo a presença de todos os Estados-parte e a figura normativa é a Decisão.
Grupo Mercado Comum
O Grupo Mercado Comum é um órgão que possui capacidade decisória e de natureza intergovernamental. Trata-se do órgão executivo do Mercosul.
As competências do Grupo Mercado Comum estão descritas no artigo 14 do Protocolo de Ouro Preto, são elas:
“I- Velar, nos limites de suas competências, pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito;
II- Propor projetos de Decisão ao Conselho do Mercado Comum;
III- Tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum;
IV- Fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do mercado comum;
V- Criar, modificar ou extinguir órgãos tais como subgrupos de trabalho e reuniões especializadas, para o cumprimento de seus objetivos;
VI- Manifestar-se sobre as propostas ou recomendações que lhe forem submetidas pelos demais órgãos do Mercosul no âmbito de suas competências;
VII- Negociar, com a participação de representantes de todos os Estados Partes, por delegação expressa do Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites estabelecidos em mandatos específicos concedidos para esse fim, acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organismos internacionais. O Grupo Mercado Comum, quando dispuser de mandato para tal fim, procederá à assinatura dos mencionados acordos. O Grupo Mercado Comum, quando autorizado pelo Conselho do Mercado Comum, poderá delegar os referidos poderes à Comissão de Comércio do Mercosul;
VIII- Aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela Secretaria Administrativa do Mercosul;
IX- Adotar Resoluções em matéria financeira e orçamentária, com base nas orientações emanadas do Conselho do Mercado Comum;
X- Submeter ao Conselho do Mercado Comum seu Regimento Interno;
XI- Organizar as reuniões do Conselho do Mercado Comum e preparar os relatórios e estudos que este lhe solicitar.
XII- Eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul;
XIII- Supervisionar

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