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A Importância Do Jogo Na Educação Infantil

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A Importância Do Jogo Na Educação Infantil
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1. INTRODUÇÃO
Relembrando que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. A escola deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio. A escolha do tema está vinculada à atividade profissional na área de Educação Infantil. Associar a educação da criança ao jogo não é algo novo.
Os jogos constituíram sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo. A relação entre o jogo e a educação são antigas, Gregos e Romanos já falavam da importância do jogo para educar a criança. Portanto a partir do século XVIII que se expande a imagem da criança como ser distinto do adulto o brincar destaca-se como típico da idade. As brincadeiras acompanham a criança pré-escolar e penetram nas instituições infantis criadas a partir de então. Nesse período da vida da criança, são relevantes todos os aspectos de sua formação, pois como ser bio-psico-social-cultural dá os passos definitivos para uma futura escolarização e sociabilidade adequadas como membro do grupo social que pertence. 
Segundo Kishimoto (1994) o jogo, vincula-se ao sonho, à imaginação, ao pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação de crianças (e educadores de crianças) com base no jogo e nas linguagens artísticas. A concepção de Kishimoto sobre o homem como ser simbólico, que se constrói coletivamente e cuja capacidade de pensar está ligada à capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade, é fundamental para propor uma nova "pedagogia da criança". Kishimoto vê o jogar como gênese da "metáfora" humana. Ou, talvez, aquilo que nos torna realmente humanos. 
Nestes tempos de mudanças educacionais, nós educadores temos que ser multifuncionais, ou seja, não apenas educadores, mas filósofos, sociólogos, psicólogos, psicopedagogos, recreacionistas e muito mais para que possamos desenvolver as habilidades e a confiança necessária em nossos educandos. Para que tenham sucesso no processo de aprendizagem e na vida. Tudo isso marcados pela ansiedade, medo, resistência e ao mesmo tempo esperança.
Esperança esta que nos faz acreditar que o espaço escolar pode-se transformar em um espaço agradável, prazeroso, de forma que as brincadeiras e jogos permitam ao educador alcançar sucesso em sala de aula, e quebrar a era do “desencanto escolar”. 
A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e imaginação favorecem á criança comportamento além dos habituais. Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, e isto, inegavelmente, contribuem de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento (Rego, 1932, p.36).
Relembrando que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. A escola deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio. Associar a educação da criança ao jogo não é algo novo. 
Os jogos constituíram sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo. A relação entre o jogo e a educação são antigas, Gregos e Romanos já falavam da importância do jogo para educar a criança. Portanto a partir do século XVIII que se expande a imagem da criança como ser distinto do adulto o brincar destaca-se como típico da idade. As brincadeiras acompanham a criança pré-escolar e penetram nas instituições infantis criadas a partir de então. Nesse período da vida da criança, são relevantes todos os aspectos de sua formação, pois como ser bio-psico-social-cultural dá os passos definitivos para uma futura escolarização e sociabilidade adequadas como membro do grupo social que pertence. Sua personalidade começa a consolidar-se: a auto-controle e a segurança interna começa a firmar-se.
2. QUAL O PAPEL DO PROFISSIONAL DA ESCOLA INFANTIL?
A perspectiva teórica do sociointeracionismo destaca o papel do adulto frente ao desenvolvimento infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências diversificadas e enriquecedoras, a fim de que as crianças possam fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas capacidades.
Para Severino (1991) a auto-estima refere-se à capacidade que o indivíduo tem de gostar de si mesmo, condição básica para se sentir confiante, amado, respeitado. Tal capacidade, porém, não se instala no indivíduo como num passe de mágica, mas faz parte de um longo processo, que tem sua origem ainda na infância.
Cabe ao adulto ajudar na construção da auto-estima infantil, fornecendo à criança uma imagem positiva de si mesma, aceitando-a e apoiando-a sempre que for preciso. No entanto, algumas práticas podem ser prejudiciais ao bom andamento deste processo, como por exemplo, a colocação de apelidos pejorativos nas crianças (“manhosa”, “maluco”, “burro”). 
Segundo Severino (1991) os profissionais das escolas infantis precisam manter um comportamento ético para com as crianças, não permitindo que estas sejam expostas ao ridículo ou que passem por situações constrangedoras. Alguns adultos, na tentativa de fazer com que as crianças lhes sejam obedientes, deflagram nelas sentimentos de insegurança e desamparo, fazendo-as se sentirem temerosas de perder o afeto, a proteção e a confiança dos adultos.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito às simpatias que os adultos desenvolvem em relação a algumas crianças. Estas, por sua vez, também têm suas preferências, identificando-se mais com algumas pessoas do que com outras. No entanto o profissional da educação infantil deve tratar a todas com igual distinção. Isto não implica apenas elogiar apenas uma criança (a mais simpática, a mais cheirosa, por exemplo), em detrimento das outras, que podem se sentir rejeitadas, caso não recebem o mesmo tratamento.
 
3. O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR 
Quando referimos a educação, sabemos são muitos os desafios a serem enfrentados para que esta área possa ser considerada como geradora dos avanços científicos. Ao compará-la com outros setores (medicina, engenharia, informática), onde as inovações aparecem com freqüência, percebemos que nos últimos 50 anos pouco aconteceu, e os avanços ocorridos não chegaram a reverter o processo como um todo. 
Kami (1991) refere que a grande maioria das instituições educacionais ainda é pautada numa prática que considera a idéia do conhecimento repetição sob uma ótica comportamentalista, tornando o conhecimento cristalizado e/ou espontaneísta e não como um saber historicamente produzido visto sob a ótica do conhecimento construção.
“Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para a vida”. (KAMI, 1991, 125).
Nesta abordagem do processo educativo a afetividade ganha destaque, pois se acredita que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar as pessoas do que um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente. Esta idéia ganha adeptos ao enfocar as atividades lúdicas no processo do desenvolvimento humano. 
Acrescenta Kishimoto (1994) a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualqueridade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Estas questões nos remetem à problemática da formação do educador, a qual passa por ambigüidades e paradoxos que nunca são efetivamente dissipados. Isto resulta, quase sempre, em dificuldades no campo da prática pedagógica. Então perguntamos: afinal o que é necessário para formar o educador?
Os cursos de licenciaturas têm recebido inúmeras críticas, especialmente no que se refere à sua ineficiência quanto à formação dos profissionais de educação. É, hoje, questão de consenso que os egressos dos cursos de graduação não estão suficiente preparados para atender as necessidades das escolas, principalmente no que se refere á compreensão da criança como ser histórico-social, capaz de construir seu próprio conhecimento.
A questão é sempre recolocada e, apesar das reflexões teóricas a respeito do processo educacional, não se tem encontrado reversibilidade neste processo. Qualquer que seja o ângulo abordado sobre a realidade, há muito a ser repensado.
A formação do educador não é um quebra-cabeça com recortes definidos, depende da concepção que cada profissional tem sobre a criança, homem, sociedade, educação, escola, conteúdo e currículo. Neste contexto, as peças do quebra-cabeça se diferenciam, possibilitando diversos encaixes.
Segundo Severino (1991) ao entender a educação como um processo historicamente produzido e o papel do educador como agente desse processo, que não se limita a informar, mas ajudar as pessoas a encontrarem sua própria identidade de forma a contribuir positivamente na sociedade e que a ludicidade tem sido enfocada como uma alternativa para a formação do ser humano, pensamos que os cursos de formação deverão se adaptar a esta nova realidade. Uma das formas de repensar os cursos de formação é introduzir na base de sua estrutura curricular um novo pilar: a formação lúdica.
Na obra de Negrine (1994) esta questão é analisada, onde o autor sugere três pilares que sustentariam uma boa formação profissional, com a qual concordamos inteiramente, pois os cursos de licenciaturas têm-se preocupado somente com a formação teórica e com a formação pedagógica.
A inovação proposta por Negrine (1994) é chamada de formação pessoal, que no nosso entendimento preferimos chama-la de formação lúdica. Este tipo de formação é inexistente nos currículos oficiais dos cursos de formação do educador, entretanto algumas experiências têm mostrado sua validade e não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade a alavanca da educação para o terceiro milênio.
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora.
Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa. A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo para a vida da criança, do jovem e do adulto. 
4. ATIVIDADES LÚDICAS 
Para Oliveira (1990), as atividades lúdicas são a essência da infância. Por isso, ao abordar este tema não podemos deixar de nos referir também à criança. Ao retornar a história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a criança nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela não tinha existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, ou adulto em miniatura. Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho, colaborando na geração da renda familiar.
Os jogos e brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na humanidade desde seu início, também não tinham a conotação que têm hoje, eram vistos como fúteis e tinham como objetivo a distração e o recreio.
Salienta Almeida (2004), cada época e cada cultura têm uma visão diferente de infância, mas a que mais predominou foi a da criança como ser inocente, inacabado, incompleto, um ser em miniatura, dando à criança uma visão negativa. Entretanto já no século XVIII, Rousseau se preocupava em dar uma conotação diferente para a infância, mas suas idéias vieram a se firmar no início do século XX, quando psicólogos e pedagogos começaram a considerar a criança como uma criatura especial com especificidades, características e necessidades próprias.
Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas, surgindo como decorrência à valorização dos jogos e brinquedos.
O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator do desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas e hoje é questão de consenso a importância do lúdico. Dentre as contribuições mais importantes destes estudos, segundo Negrine (1994, p. 41), podemos destacar:
·                    As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resiliência”, pois permitem a formação do autoconceito positivo;
·                    As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mental-mente.
·                    O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade;
·                    Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação;
·                    Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.
5. ESCOLARIZAÇÃO BRINCADEIRA E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Nos tempos atuais, as propostas de educação infantil dividem-se entre as que reproduzem a escola elementar com ênfase na alfabetização e números (escolarização) e as que introduzem a brincadeira valorizando a socialização e a re-criação de experiências. No Brasil, grande parte dos sistemas pré-escolares tende para o ensino de letras e números excluindo elementos folclóricos da cultura brasileira como conteúdos de seu projeto pedagógico. As raras propostas de socialização que surgem desde a implantação dos primeiros jardins de infância acabam incorporando ideologias hegemônicas presentes no contexto histórico-cultural. (OLIVEIRA, 2000)
Pretende-se analisar o papel da cultura como elemento determinante do modelo de escola que prevalece, na perspectiva da nova sociologia da educação. Fatores de ordem social, econômica, cultural e política são responsáveis pelo tipo de escola predominante. Desde tempos passados, a educação reflete a transmissão da cultura, o acervo de conhecimentos, competências, valores e símbolos. Não se pode dizer que a escola transmite o patrimônio simbólico unitário da cultura entendido na acepção de sociólogos e etnólogos, como o conjunto de modos de vida característicos de cada grupo humano, em certo período histórico (BORJAS, 1992, 45). 
O repertório cultural de um país, repleto de contradições, constitui a base sob a qual a cultura escolar é selecionada. Ideologias hegemônicas, zfruto de condições sociais, culturais e econômicas tendem a pressionar a escola pela reprodução de valores nelas incluídas moldando o tipo de instituição. Os conteúdos e atividadesescolares que daí decorrem resultam no perfil da escola e, no caso brasileiro, geram especialmente pré-escolas destinadas à clientela de 4 a 6 anos dentro do modelo escolarizado. As raízes desse processo encontram-se no longo período de colonização portuguesa, preservadas pelo irrisório investimento no campo da educação básica. 
“Entretanto, sugere que, no início, a educação deve ser "somente protetora, guardadora e não prescritiva, categórica, interferidora" e que o desenvolvimento da humanidade requer a liberdade de ação do ser humano, "a livre e espontânea representação do divino no homem", "objeto de toda educação bem como o destino do homem". Entende que é destino da criança “viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para que use todo seu poder”. A criança precisa aprender cedo como encontrar por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e observar com seus próprios olhos. Ao elevar o homem à imagem de Deus, criador de todas as coisas, postula que a criança deve possuir as mesmas qualidades e "ser produtiva e criativa". Dessa forma, para que o ser humano expresse a espiritualidade de Deus, seria necessária "a liberdade para auto-atividade e autodeterminação da parte do homem, criado para ser livre à imagem de Deus.” (FROEBEL, 1912, p.11)
Para Froebel (1912) As concepções de homem e sociedade envolvendo a liberdade do ser humano de autodeterminar-se, buscar o conhecimento para a humanidade desenvolver-se, definem a função da educação infantil que se reflete no brincar, considerado “a fase mais importante da infância” do desenvolvimento humano neste período por ser a auto-ativa representação do interno a representação de necessidades e impulsos internos, "a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo - da vida natural interna no homem e de todas as coisas”. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de outros. Como sempre falamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. 
Considerado por Blow (1911), psicólogo da infância, Froebel introduz o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua teoria metafísica pressupõe que o brincar permite o estabelecimento de relações entre objetos culturais e a natureza, unificados pelo mundo espiritual. Froebel concebe o brincar como atividade livre e espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, e os dons ou brinquedos, objetos que subsidiam atividades infantis. Entende, também, que a criança necessita de orientação para seu desenvolvimento. A perspicácia do educador leva-o a compreender que a educação é ato intencional, que requer orientação, materializados na função da jardineira usar materiais para facilitar a construção do conhecimento de pré-escolares. Entretanto, a aquisição do conhecimento, requer a auto-atividade, capaz de gerar auto-determinação que se processa especialmente pelo brincar.
6. O JOGO E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronúncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros.
Tais jogos, embora recebam a mesma denominação, tem suas especificidades. Por exemplo, no faz-de-conta, há padronizadas permitem a movimentação das peças. Brincar na areia, sentir o prazer de fazê-la escorrer pelas mãos, encher e esvaziar copinhos com areia requer a satisfação da manipulação do objeto. Já a construção de um barquinho exige não só a representação mental do objeto a ser construído, mas também a habilidade manual para operacionalizá-lo.
7. O PAPEL DO PROFESSOR 
Apesar do jogo ser uma atividade espontâneas nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.
A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de jogos, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.
O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam pelo material de que são feitos. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças. A sucata é um exemplo de material que preenche vários destes requisitos. 
Uma observação atenta pode indicar o professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem.
Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existem ganhadores ou perdedores. Outro modo de estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como brincava quando tinha a idade delas. Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância dessa atividade para o desenvolvimento da criança, ocupa-se com outras tarefas, deixando de observar atentamente para poder refletir sobre o que as crianças estão fazendo e perceber sue desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas novas aquisições, as relações com as outras crianças, com os adultos.
8. CONCEPÇÕES DE PIAGET E VYGOTSKY SOBRE O JOGO
Com relação ao jogo, Piaget (1998) acredita que ele é essencial na vida da criança.  De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3  e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação.
Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e por conseqüência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social. Para Piaget (1998), o  jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
Já Vygotsky (1989), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem à regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas.  Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.
Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer segundo Oliveira (1990), que são correspondentes. “O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança”.(Oliveira, 1990), lembrando que ele afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: a real e a proximal.  A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido esse conhecimento.
As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu  nível básico de ação real  e moralidade. (Vygotsky, 1989). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo,  por isso, indispensável à prática educativa.
NEGRINE (1994), em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica".  Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.
9. PORQUE É IMPORTANTE BRINCAR?
Para CUNHA (1994), o brincar é uma característica primordial na vida das crianças. Segundo a autora o brincar para a criança é importante: 
·      Porque é bom, é gostoso e dá felicidade, e ser feliz é estar mais predisposto a ser bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente; 
·      Porque é brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas potencialidades; 
·      Porque, brincando, a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo, espontaneamente, sem pressão ou medo de errar, mas com prazer pela aquisição do conhecimento; 
·      Porque, brincando, a criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprende a conviver respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo; 
·      Porque, brincando, aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo prazer de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa; 
·      Porque, brincando, prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que a sua condição atual permite; 
·      Porque, brincando, a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida. (CUNHA, 1994) 
·      Sendo assim fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades. 
10. PAPEL DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO LÚDICA 
Para se ter dentro de instituições infantis o desenvolvimento de atividades lúdicas educativas, é de fundamental importância garantir a formação do professor e condições de atuação. Somente assim será possível o resgate do espaço de brincar da criança no dia-a-dia da escola ou creche. 
"A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor". (ALMEIDA,1987,p.195) 
 
A decisão de se permitir envolver no mundo mágico infantil seria o primeiro passo que o professor deveria dar. Explorar o universo infantil exige do educador conhecimento teórico, prático, capacidade de observação, amor e vontade de ser parceiro da criança neste processo. Nós professores podemos através das experiências lúdicas infantis obtermos informações importantes no brincar espontâneo ou no brincar orientado. 
A aplicação de jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações educacionais podem ser um meio para estimular, analisar e avaliar aprendizagens específicas, competências e potencialidades das crianças envolvidas. 
No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação, registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo. 
Com isso podemos definir, a partir de uma escolha criteriosa, as ações lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida, respeitando assim o princípio básico de individualidade de cada ser humano. 
Já no brincar dirigido pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos, brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável. Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos, científicos, históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc. E um outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, lingüístico e na construção da moralidade (nos valores). 
O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras. 
É papel do educador observar e coletar informações sobre as brincadeiras das crianças para enriquecê-las em futuras oportunidades. Sempre que possível o educador deve participar das brincadeiras e aproveitar para questionar com as crianças sobre as mesmas. É importante organizar e estruturar o espaço de forma a estimular na criança a necessidade de brincar, também visando facilitar a escolha das brincadeiras. 
Nos jogos de regras o professor não precisa estimular os valores competitivos, e sim tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças. Que o mais importante no brincar é participar das brincadeiras e dos jogos. 
Estimular a imaginação infantil, para isso o professor deve oferecer materiais dos mais simples aos mais complexos, podendo estes brinquedos ou jogos serem estruturados (fabricados) ou serem brinquedos e jogos confeccionados com material reciclado (material descartado como lixo), por exemplo: pedaço de madeira; papel; folha seca; tampa de garrafa; latas secas e limpas; garrafa plástica; pedaço de pano etc. Todo e qualquer material cria para a criança uma possibilidade de fantasiar e brincar. 
11. SEGURANÇA DOS BRINQUEDOS: ALGUNS CUIDADOS E SUGESTÕES 
As crianças, acostumadas que estão a passarem grande parte do tempo em frente à TV, são vítimas ingênuas dos apelos da publicidade e desorientam os pais com exigências sutis, declaradas e até abusadas. Como nenhum pai agüenta a cantilena e até as pirraças comuns aos baixinhos contrariados, acabam cedendo aos seus apelos. Mas é necessário que estejam atentos para comprarem produtos que tenham alguma utilidade para as crianças, e mais, que não tragam danos imediatos ou futuros. Vamos a alguns conselhos: 
Brinquedo é um tipo de treinamento divertido para a criança, através dele é que ela começa a aprender, conhecer e compreender o mundo que a rodeia. 
Existem brinquedos para todas as faixas etárias. Não adianta forçar a natureza. Quanto mais adequado à idade da criança, mais útil ele é. Se o brinquedo puder ser utilizado em várias idades acompanhando o desenvolvimento, melhor ainda. 
Brinquedos que servem para adultos brincarem e crianças assistirem não são estimulantes. Pelo contrário: habituam a criança a ser um mero espectador. 
Bom brinquedo estimula a imaginação e desenvolve a criatividade. Brinquedos que ensinam apenas a repetir mecanicamente o que os outros fazem são prejudiciais, irritantes e monótonos. 
Criança gosta de brinquedos que possibilitem ação e movimento, com isso, aprende a coordenar olhos, mãos e o corpo, garantindo com naturalidade e prazer uma maiorsaúde física e mental no futuro. 
Brinquedo sério é aquele que educa a criança para uma vida saudável, livre, solidária, onde o companheirismo e a amizade sejam os pilares básicos. 
Evite tudo o que condiciona a padrões discutíveis como a discriminação sexual, racial, religiosa e social. Afaste brincadeiras que incentivam a vitória a qualquer custo, a esperteza fora das regras, à conquista de lucro ilegal, a compra ou venda através de meios desonestos. 
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentei de forma resumida algumas idéias sobre o brincar. Agora cabe a cada leitor fazer uma reflexão mais profunda sobre este tema tão maravilhoso e ao mesmo tempo misterioso. Esperamos que as informações contidas neste trabalho possam ajudar ao educador infantil, na organização e planejamento de suas atividades. É importante colocar que o educador que trabalha diretamente com crianças pequenas deve sempre que possível ler artigos, textos e livros que falem sobre jogos, brincadeiras, brinquedos, e ainda sobre a criança e o seu desenvolvimento. Por isso esperamos que os conteúdos abordados acima venham colaborar de forma objetiva e concreta para uma melhor compreensão do universo lúdico infantil. E principalmente para uma melhor qualidade educativa na formação lúdica do educador infantil. Caro educador não esqueça que existem várias formas de brincar e nem sempre é preciso dinheiro para isso, só precisa de imaginação, ser criativo e acreditar em sonhos. 
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.T.P. Jogos divertidos e brinquedos criativos. Petrópolis: Vozes, 2004. 
BLOW, Susan E. Symbolic education: a commentary on Froebel's mother play. Harris, W.T. (ed.) New York and London.
Autor: Edson Alves Bezerra 
artigos.netsaber.com.br/.../artigo_sobre_a_importancia_do_jogo_na_edu...‎
A ORIGEM DOS JOGOS 
Inaugurados em 1896, em Olímpia, na Elída, os jogo
s Olimpícos reuniam atletas de toda 
a Grécia antiga. Estes buscavam alcançar o status d
e herói sempre visando a perfeição física. Na 
modernidade o grande responsável pelo retorno dos j
ogos foi o Barão Pierre de Coubertin, 
esportista e educador francês. 
Começou em 1894, plano para a realização dos jogos 
modernos. A fundação do Comitê 
Olímpico Internacional (COI), com sede em Lauseane,
Suíça, e recebeu ajuda de organizações 
desportivas e de indivíduos de vários países europe
us. Nos dias atuais tem reconhecido 186 
comitês olímpicos nacionais. 
O comitê registrou os princípios competitivos e esc
olheu Atenas (Grécia) como sede dos 
primeiros jogos olímpicos da era moderna, sede esta
que é escolhida pela COI normalmente com 
seis anos de antecedência. 
O JOGO NA CONCEPÇÃO DE ALGUNS AUTORES 
O jogo na concepção de Piaget 
Para Piaget (1978), a origem das manifestações lúdi
cas acompanha o desenvolvimento da 
inteligência vinculando-se aos estágios do desenvol
vimento cognitivo. Cada etapa do 
desenvolvimento está relacionada a um tipo de ativi
dade lúdica que se sucede da mesma maneira 
para todos os indivíduos. Outro conceito essencial 
da teoria sobre o jogo é a relação deste com o 
processo de adaptação, que implica dois processos c
omplementares: a assimilação e a 
acomodação. 
A assimilação se caracteriza como o processo pelo q
ual a criança, quando se depara com 
determinados problemas do mundo externo, utiliza, p
ara resolvê-los, estruturas mentais já 
existentes. 
A acomodação é o processo pelo qual a criança, quan
do se depara com o problema e não 
consegue resolver com as estruturas existentes, mod
ifica-as. Para Piaget, as crianças adaptam-se 
ao ambiente, através do processo de equilibração. 
Este conceito piagetiano se evidencia na atividade 
lúdica infantil à medida que as 
crianças, ao jogarem, assimilam novas informações e 
acomodam-nas às suas estruturas mentais. 
Piaget (1978) identifica três grandes tipos de estr
uturas mentais que surgem 
sucessivamente na evolução do brincar infantil: o e
xercício, o símbolo e a regra. O jogo de 
exercício representa a forma inicial do jogo na cri
ança e caracteriza o período sensório-motor do 
15 
desenvolvimento cognitivo. Manifesta-se na faixa et
ária de zero a dois anos e acompanha o ser 
humano durante toda a sua existência, da infância à
idade adulta. 
O jogo de exercício não supõe o pensamento nem qual
quer estrutura representativa 
especificamente lúdica. 
De acordo com Piaget (1978), o jogo simbólico tem i
nício com o aparecimento da função 
simbólica, no final do segundo ano de vida, quando 
a criança entra na etapa pré-operatória do 
desenvolvimento cognitivo. Um dos marcos da função 
simbólica é a habilidade de estabelecer a 
diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o
que ela representa, seu significado. 
Sendo assim, concebendo a estrutura do símbolo como
instrumento de assimilação lúdica, 
Piaget observa que durante o desenvolvimento da cri
ança, surgem novos e diversos símbolos 
lúdicos que determinam à evolução do jogo simbólico
. Meios para compensar, liquidar, nos casos 
onde o jogo até então era indispensável. 
Para Piaget (1978), o jogo de regras constitui-se o
s jogos do ser socializado e se 
manifestam quando, por volta dos 4 anos, acontece u
m declínio nos jogos simbólicos e a criança 
começa a se interessar pelas regras. 
Não se identifica nos jogos de regras segundo Piage
t (1978) o processo de involução. 
Estes, se desenvolvem e se mantém por toda a vida, c
omo é o caso dos esportes, cartas e outros. 
Neste sentido, para o autor supracitado, o jogo de 
regras apresenta um equilíbrio entre a 
assimilação ao eu e a vida social, marcando a passa
gem do jogo infantil para o jogo adulto. As 
regras conferem legitimidade ao jogo, inserindo, na
competição, uma disciplina coletiva e uma 
moral de honra. 
16 
Portanto, Piaget (1978) forneceu uma percepção sobr
e as crianças que serve como base de 
muitas linhas educacionais atuais. De fato, suas co
ntribuições para as áreas da Psicologia e 
Pedagogia são imensuráveis. 
O jogo na concepção de Vygotsky
Vygostky (1999) estabelece uma relação estreita ent
re o jogo e a aprendizagem, 
atribuindo-lhe uma grande importância. Para que pos
samos melhor compreender essa 
importância é necessário que recordemos algumas idé
ias de sua teoria do desenvolvimento 
cognitivo. A principal é que o desenvolvimento cogn
itivo resulta da interação entre a criança e as 
pessoas com quem mantém contato regular. Convém lem
brar também que o principal conceito da 
teoria de Vygotsky é o de zona de desenvolvimento p
roximal, que ele define como a diferença 
entre o desenvolvimento atual da criança e o nível 
que atinge quando resolve problemas com 
auxílio, o que leva à conseqüência de que as crianç
as podem fazer mais do que conseguiriam 
fazer por si só. 
Conforme Vygotsky (1999), não é todo jogo da crianç
a que possibilita a criação de uma 
zona de desenvolvimento proximal, do mesmo modo que
nem todo o ensino o consegue; porém, 
no jogo simbólico, normalmente, as condições para q
ue ela se estabeleça estão presentes, haja 
vista que nesse jogo estão presentes uma situação i
maginária e a sujeição a certas regras de 
conduta. Sendo assim, o autor supramencionado, afir
ma que as regras são partes integrantes do 
jogo simbólico, embora, não tenham o caráter de ant
ecipação e sistematização como nos jogos 
habitualmente regrados. Ao desenvolver um jogo simb
ólico a criança ensaia comportamentos e 
papéis, projeta-se em atividades dos adultos, ensai
a atitudes, valores, hábitos e situações para os 
quais não está preparada na vida real. 
17 
Vygotsky, (1999), também detecta no jogo outro elem
ento a que atribui grande 
importância: o papel da imaginação que coloca em es
treita relação com a atividade criadora. Ele 
afirma que os processos de criação são observáveis 
principalmente nos jogos da criança, porque 
no jogo ela representa e produz muito mais do que aq
uilo que viu. 
Na visão sócio-histórica deVygotsky (1999), a brin
cadeira, o jogo, é uma atividade 
específica da infância, em que a criança recria a r
ealidade usando sistemas simbólicos. Essa é 
uma atividade social, com contexto cultural e socia
l. 
A noção de zona proximal de desenvolvimento interli
ga-se, portanto, de maneira muito 
forte, à sensibilidade do professor em relação às 
necessidades e capacidades da criança e à sua 
aptidão para utilizar as contingências do meio a f
im de dar-lhe a possibilidade de passar do que 
sabe fazer para o que não sabe.Assim sendo, as brin
cadeiras que são oferecidas à criança devem 
estar de acordo com a zona de desenvolvimento em qu
e ela se encontra, desta forma, pode-se 
perceber a importância do professor conhecer a teori
a de Vygotsky. 
O jogo na concepção de Wallon
Wallon foi um estudioso que se dedicou ao psiquismo
humano na perspectiva genética, ou 
seja, ele defendeu a gênese da pessoa, na qual just
ifica o seu interesse pela evolução psicológica 
da criança. 
Segundo Ferreira (2003), a psicogenética walloniana
oferece subsídios para reflexão sobre 
as práticas pedagógicas. Ele considera que não é po
ssível selecionar um único aspecto do ser 
humano e perceber o desenvolvimento nos vários camp
os funcionais nos quais se distribuem a 
atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo). Po
is o estudo do desenvolvimento humano deve 
18 
considerar o sujeito como geneticamente social e es
tudar a criança contextualizada, nas relações 
com o meio. Para Ferreira (2003), partindo desse pr
essuposto, podemos dizer que a infância é um 
momento real e distinto de todos os outros, por iss
o mesmo, deve ser considerado de acordo com 
as suas peculiaridades. É neste período que express
amos nossos sentimentos, nossa criatividade 
da forma mais espontânea possível quando as atividad
es lúdicas são predominantes. Sabemos que 
é através das brincadeiras que as crianças estabele
cem relação com o meio, interagem com o 
outro, para construir a própria identidade e desenvol
ver sua autonomia. 
Segundo Winnicott (1975), o brincar facilita o cres
cimento e, em conseqüência, promove 
o desenvolvimento. Uma criança que não brinca não s
e constitui de maneira saudável, tem 
prejuízos no desenvolvimento motor e sócio/afetivo.
Possivelmente tornar-se-á apática diante de 
situações que proporcionam o raciocínio lógico, a in
teração, a atenção. 
"Brincar é parte integrante da vida social e é um p
rocesso interpretativo com uma textura 
complexa, onde fazer realidade requer negociações d
o significado, conduzidas pelo corpo e pela 
linguagem". Ferreira (2003, p. 84) 
Segundo Espíndola (2002), em sua teoria Wallon most
ra que é através da imitação que a 
criança vive o processo de desenvolvimento que é se
guido por fases distintas, no entanto, é a 
quantidade de atividades lúdicas que proporcionarão
o progresso, e diante do resultado, temos a 
impressão que a criança internalizou por completo o
aprendizado, mas, ela só comprova seu 
progresso através dos detalhes. 
Wallon (1981), compreende que as etapas do desenvol
vimento evidenciam atividades em 
que as crianças buscam tirar proveito de tudo. Os j
ogos comprovam as múltiplas experiências 
vividas pelas crianças, como: memorização, enumeraç
ão, socialização, articulação, sensoriais, 
entre outras. 
Debruçando-se nas idéias de Wallon, percebe-se que 
os jogos para a criança são 
progressão funcional, já para o adulto é regressão,
"porque o que existe é a desintegração global 
da sua atividade face ao real" Wallon (1981, p. 79)
. Ou seja, para o adulto acontece o contrário, 
pois ao longo da vida o homem se aborrece por ser c
riança e quer o mais rápido possível se 
desligar completamente das atividades lúdicas, apro
ximando-se de atividades como o trabalho. 
Posteriormente deseja ser criança outra vez, então 
relaxa quando está ao lado de uma criança, se 
permitindo realizar atividades sem compromisso. 
Percebe-se que sua concepção diz que, o lúdico e in
fância não podem ser dissociados, 
toda atividade da criança deve ser espontânea, livr
e de qualquer repressão, antes de tornar-se 
subordinada a projetos de ações mais extensas e tra
nsformadas. Portanto, o jogo é uma ação 
voluntária, caso contrário, não é jogo, mas sim trab
alho ou ensino. 
O papel do adulto e educador se faz necessário numa
vivência em todas as fases da 
infância, pois é importante ter atrelado ao seu aut
o-conhecimento e autoconsciência, o 
conhecimento teórico. Desta forma, ele estará prepa
rado para intervir no jogo infantil, de maneira 
adequada, destacando o progresso e proporcionando m
ais crescimento. O adulto deve ser um 
facilitador do jogo e não um jogador. Brincar com c
riança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é 
triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é 
vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, 
com exercícios estéreis, sem valor para a formação d
o homem.
Ao jogar uma partida de qualquer jogo pode-se obser
var as operações requeridas do 
sujeito. É importante observar que nos jogos e na v
ida, no dia a dia, as mesmas operações são 
requisitadas, assim ao jogar o sujeito exercita-se 
cognitivamente, socialmente e afetivamente, 
pois o seu desejo de jogar é determinante para que o p
ossa fazer. 
No jogo existe alguma coisa "em jogo" que transcend
e as 
necessidades imediatas da vida e confere um sentido
à ação. Todo jogo 
significa alguma coisa. (HUINZINGA, 1996, p. 4). 
O jogar, não implica apenas a questão de regra, da 
competição, da brincadeira em si. O 
jogo envolve muito mais: a forma como se vê e enten
de. 
O olhar psicopedagógico sobre o sujeito que brinca 
se liga às modalidades de sua atuação, 
levando em conta a forma de utilização de sua intel
igência.

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