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13 3. ROCHA É qualquer agregado natural formado a partir de um, dois ou três tipos de constituintes minerais, material amorfo (vidro) e matéria orgânica. A maioria das rochas é formada pela associação de cristais de uma ou mais espécie mineral. Rocha é o substrato do qual se originam praticamente todos os solos. A caracterização genética e petrográfica das rochas é um instrumento de grande utilidade para a obtenção de informações, principalmente sobre a gênese e a classificação dos solos por ela originados. Todas as características das rochas estão estreitamente ligadas à gênese e à fertilidade do solo, principalmente sua composição química e sua mineralogia, sua resistência mecânica e sua textura. Estas características vão influir sobre o teor de elementos químicos colocados em disponibilidade para as plantas, sobre as reservas minerais do solo na forma de seus fragmentos minerais não decompostos, sobre a coloração que o solo pode apresentar, sobre a textura e também sobre a profundidade do perfil do solo. De acordo com a sua origem, as rochas são divididas em magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas. 3.1. ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS As rochas ígneas ou magmáticas, como indica o próprio nome, originam-se do magma, sob altas temperaturas (800 a 1.000oC), por resfriamento e consolidação. O resfriamento do magma gera uma série de fenômenos da mais alta complexidade, porque nele existe uma infinidade de minerais em estado potencial. Cada um deles surge, no momento em que sua estrutura interna possa manter-se intacta, isto é, em equilíbrio com as condições do meio, naquele exato momento. O magma é, essencialmente, uma fusão mútua de silicatos que, quando resfriada, dá origem aos minerais de rocha. Como os minerais silicatados constituem cerca de 93% do peso das rochas ígneas, o resfriamento do magma pode ser analisado, em relação à formação desses minerais. A solidificação do magma pode ocorrer na superfície da litosfera, formando rochas vulcânicas ou extrusivas, ou em regiões profundas, formando rochas plutônicas ou intrusivas. As rochas magmáticas são as únicas que não se formam a partir de outras pré-existentes, pois pelo intemperismo e pelo metamorfismo, as magmáticas transformam-se nas rochas sedimentares e metamórficas, respectivamente. As rochas magmáticas constituem 80% do volume da litosfera. São exemplos: granitos, basaltos, diabásios, etc. As rochas magmáticas, em conseqüência do seu processo genético, exibem as seguintes propriedades gerais: 1. São rochas compactas, de alta dureza; 2. Total ausência de fósseis, uma vez que não há condições de gênese; 3. Total ausência de matéria orgânica, uma vez que a alta temperatura é capaz de volatilizar qualquer substância orgânica; 4. Ausência de estratificação, típica de outras rochas; 5. Apresentam minerais típicos, como nefelina, cromita, leucita, trimidita e outros. Geralmente com alto teor de feldspatos. Óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio e minerais do grupo das argilas estão ausentes. 6. Matéria vítrea pode fazer parte de sua composição, ocorrendo apenas nas extrusivas e chegando, em alguns casos, a constituir toda a rocha, como a obsidiana; 7. Apresentam estruturas típicas, como granitóide, porfirítica, pegmatítica, fluidal, etc. 14 3.1.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS São classificadas e definidas com base na sua textura, composição mineralógica e composição química. A textura é uma característica que diz respeito ao tamanho, à forma e ao arranjamento dos minerais dentro das rochas. O que caracteriza o aparecimento de texturas diferentes nas rochas magmáticas é principalmente a localização do magma quando do seu resfriamento, condicionando o aparecimento de ambientes geológicos de solidificação diferentes. Quando o resfriamento se dá a alguns quilômetros abaixo da superfície terrestre, o magma solidifica vagarosamente porque a perda de calor é lenta. Além disso, esse resfriamento se dá sob a presença de substâncias voláteis aprisionadas, o que leva a uma cristalização mais perfeita dos minerais. Tem-se dessa forma, o aparecimento de cristais maiores dando às rochas uma textura grossa. Essas rochas são denominadas faneríticas. Quando o magma se resfria na superfície da crosta terrestre através do extravasamento, a temperatura e a pressão caem rapidamente, não são aprisionados voláteis e não existem condições favoráveis à cristalização dos minerais. Estas rochas têm então textura fina e são chamadas de afaníticas. Como magmas semelhantes podem originar rochas que se formam no interior, ou na superfície da crosta, conclui-se que essas rochas, embora sejam semelhantes na sua composição mineralógica, diferem-se na textura. Tem-se, então, de modo geral, que cada rocha fanerítica possui sua correspondente afanítica, mas procurar-se-á estabelecer sua correspondência com as rochas faneríticas. Existem outros tipos de textura, além dos dois mencionados, bem como tipos intermediários entre eles que não serão considerados nestas notas. A composição mineralógica é outra característica importante das rochas magmáticas e diz respeito à presença de minerais que aparecem na composição da rocha, permitindo a sua distinção e classificação. Aqueles que aparecem obrigatoriamente na rocha são chamados de minerais essenciais e os que podem ou não ocorrer, são chamados minerais acessórios. Os minerais mais comuns das rochas ígneas ou magmáticas se enquadram em dois grandes grupos: aqueles que são ricos em silício e alumínio chamados de siálicos (feldspatos potássicos, plagioclásios calco - sódicos, quartzo, nefelina, muscovita, etc.) e aqueles ricos em ferro e magnésio, denominados máficos ou ferromagnesianos (olivina, piroxênios, anfibólios, biotita, etc.) Quanto a composição química, as rochas podem ser classificadas com base no teor de óxido de silício, componente obrigatório em todos os minerais silicatados, que as compõe. Esta é uma classificação muito usada, apesar de empírica, muito antiga e quimicamente incorreta. Quanto a riqueza em SiO2, têm-se: rochas ácidas (> 65% de SiO2), rochas alcalinas (52 a 65% de SiO2), rochas básicas (45 a 52% de SiO2) e rochas ultrabásicas (< 45% de SiO2). As rochas ácidas são as mais ricas em SiO2 devido a sua riqueza em quartzo, que tende a diminuir nas rochas alcalinas, nas básicas e praticamente não ocorre nas ultrabásicas. Com relação aos minerais máficos, as ultrabásicas são as mais ricas. O teor desses minerais diminui, gradativamente, das ultrabásicas para as ácidas. Em função dessas características as rochas magmáticas faneríticas podem ser classificadas como se segue: ROCHAS GRANÍTICAS É um grupamento de rochas que possuem o quartzo e os feldspatos como minerais essenciais e normalmente a biotita como mineral acessório. É dividido em famílias, de acordo com as variedades de feldspatos que predominam nas rochas. Em geral, são rochas ácidas, de coloração clara ou acinzentada ou na forma de extrusivas. São muito empregadas nas construções pela sua resistência e beleza. O granito, principal rocha desse grupo, faz parte, associado ao gnaisse, dos 15 chamados escudos cristalinos ou o embasamento cristalino de nosso país. Sob condições de intemperismo, essas rochas podem gerar solos profundos e, às vezes, bons para a utilização agrícola. Exemplos: Granitos: são rochas que possuem em média 71,5% de SiO2. Mais de 2/3 dos feldspatos que as constituem estão na forma de feldspatos potássicos e o teor de quartzo é muito alto. Quartzo-monzonitos: são rochas que possuem em média 66,8% SiO2. Os feldspatos potássicos estão em equilíbrio com os plagioclásios calco - sódicos e o teor de quartzo diminui em relação aos granitos. Granodioritos: Possuem em torno de 65,3% de SiO2. Predominânciados plagioclásios calco - sódicos. O teor de quartzo é semelhante aos quartzo-monzonitos. Quartzo-Dioritos: possuem 61,6% de SiO2. 90% dos feldspatos estão na forma de plagioclásios cálcio-sódicos. Menores teores de quartzo. ROCHAS SIENÍTICAS São rochas que possuem os feldspatos como minerais essenciais, predominando os potássicos, e como minerais acessórios a hornblenda e a biotita. Distinguem das graníticas pela ausência de quartzo ou, se presentes, estão em pequenas quantidades. São rochas alcalinas, acinzentadas, sendo bastante empregadas na construção civil. Podem-se distinguir duas famílias: Sienitos: possuem em média 60,4% de SiO2. Tem com mineral essencial os feldspatos potássicos e podem ou não apresentar quartzo. Nefelin-Sienitos: tem em média 56% de SiO2. Além de feldspatos potássicos, possui a nefelina (feldspatóide) como mineral essencial. Nunca possuem quartzo. ROCHAS MONZONÍTICAS Trata-se de um grupamento de rochas que possuem os feldspatos como minerais essenciais, havendo um equilíbrio entre os feldspatos potássicos e plagioclásios calco–sódicos ácidos. Normalmente apresentam a hornblenda como acessório, e, às vezes, augita e biotita. O quartzo não é essencial e pode estar ausente. Mozonitos: possuem 57% de SiO2. Nefelin- Mozonitos: possuem 54% de SiO2. Presença obrigatória de nefelina como mineral essencial. ROCHAS DIORÍTICAS São rochas em que os feldspatos são essenciais, predominando os plagioclásios calco – sódicos em relação aos feldspatos potássicos. Comumente apresentam a hornblenda e a biotita como minerais acessórios. A única família é dos Dioritos, com 58% de SiO2 em média. ROCHAS GÁBRICAS Possuem os feldspatos na forma de plagioclásios calco – sódicos básicos, e também os minerais máficos como essenciais. Possuem uma coloração mais escura. São divididos em duas famílias Gabro (48% SiO2) e Nefelin-gabro (47% de SiO2). 16 ROCHAS ULTRABÁSICAS São rochas de coloração escura e que têm os minerais máficos como essenciais. São formadas em uma profundidade muito maior do que as outras rochas magmáticas. Não possuem o quartzo. Os feldspatos, quando presentes, estão em pequena quantidade. São divididas em duas famílias: os peridotitos (menos de 45% de SiO2, mas que contém feldspatos na forma dos plagioclásios calco – sódicos básicos em pequenas quantidades) e os melteígitos (menos de 45% de SiO2, mas não possuem feldspatos). As rochas gábricas e as ultrabásicas possuem importância na formação de solos, mas também são muito empregadas na construção civil. Rochas, como basalto e diabásio, cobriram uma área de aproximadamente 1.200.000 km2, dos quais 900.000 km2 estão em território brasileiro. A presença de rochas desse tipo, ricas em minerais máficos e que são facilmente intemperizados, propiciou a formação de solos como os de designação genérica Terras Roxas, que são de boa fertilidade natural e excelentes condições físicas onde se encontra a agricultura mais desenvolvida do Brasil. As rochas magmáticas que se consolidam na superfície da crosta terrestre, através do extravasamento do magma são chamadas de Afaníticas. Possuem a mesma composição das faneríticas, mas se distinguem pela textura mais fina. Assim, para cada rocha fanerítica existe sua correspondente afanítica (Fig. 16.9). 17 ROCHAS SEDIMETARES São oriundas do acúmulo de materiais de outras rochas que lhes precederam, ou seja, devido a destruição natural de todas as rochas na camada mais superficial da litosfera. O Fenômeno responsável por esta destruição é o intemperismo ou meteorização. A formação da rocha sedimentar decorre de uma sucessão de eventos que constitui o chamado Ciclo Sedimentar. As etapas básicas do ciclo sedimentar são: Decomposição das rochas pré-existentes (Intemperismo) Remoção e transporte dos produtos do intemperismo Deposição dos sedimentos Consolidação dos sedimentos Em função das características do ciclo, há basicamente dois grandes grupos de sedimentos: os detríticos (fragmentos) e os químicos (solutos), que originam três grupos de rochas sedimentares as clásticas, as químicas e as orgânicas. De acordo com sua natureza, as rochas sedimentares podem ser classificadas em: Residuais CLÁSTICAS Epiclásticas Psefitos Psamitos Pelitos Piroclásticas Brecha vulcânica Tufo vulcânico QUÍMICAS Evaporitos de atividade bioquímica Caustobiólitos ORGÂNICAS Carbonatadas Acaustobiólitos Silicosas Fosfatadas ROCHAS CLÁSTICAS Provém de sedimentos mecânicos, também chamados de detríticos, originários de processos nitidamente físicos de fragmentação ou quebra de outras rochas. O tamanho dos sedimentos pode variar de pequeno até grandes blocos de rochas, dependo do agente transportador (águas, ventos, geleiras). As rochas clásticas podem ser divididas em: Residuais ou Não Consolidadas São depósitos de material solto, sem coesão (textura grosseira) e com alguma coesão (presença de material fino). Exemplo: Areia Quartzífera, Cascalho Diamantífero, Argila Variegada, etc. 18 Epiclásticas São depósitos de material detrítico consolidado por simples compressão ou por cimentação. A formação desta cimentação é natural e vários são os tipos, como por exemplo: argiloso, calcário, micáceo, ferruginoso, silicoso e sulfático. Conforme o tamanho das partículas que as compõe, as rochas epiclásticas podem ser dividas em: Psefitos ou conglomerados: são formados por partículas maiores que 2 mm de diâmetro. Consolidação das partículas se dá por cimentação. Exemplo: brechas, conglomerados, etc. Psamitos: são formados por partículas de 2 a 0,05 mm de diâmetro, faixa que engloba todas as partículas componentes da fração areia. Consolidação se dá também por cimentação. Exemplo: arenito. Pelitos: são formados por partículas menores que 0,05 mm. Consolidam-se apenas por compressão. Exemplos: siltitos, argilitos, folhelhos, etc. Piroclásticas São rochas formadas pela consolidação de materiais sólidos ou piroclásticos lançados aos ares em virtudes de manifestações vulcânicas explosivas. Exemplos: tufo vulcânico e brecha vulcânica. ROCHAS QUÍMICAS Originam-se da precipitação de substâncias contidas em solução nas águas dos mares ou lagoa salgadas, ou transportadas pelas águas, após a saturação. Existem dois tipos de formação destas rochas: Evaporitos: são rochas formadas pela evaporação da água e a conseqüente precipitação dos sais. Exemplos: sal gema, anidrita, gipsita, calcários, etc. Bioquímicas: são rochas formadas pela atividade bioquímica de organismos vivos existentes nestas águas, que transformam os sais solúveis em insolúveis, proporcionando a sua precipitação. Exemplos: calcários e dolomitos. ROCHAS ORGÂNICAS São rochas formadas à partir do acúmulo de resíduos orgânicos de qualquer natureza. As rochas orgânicas são também chamadas de biólitos, e são divididas em: Caustobiólitos: são rochas orgânicas combustíveis. Exemplos: turfa, lignita, antracita e petróleo. Acaustobiólitos – são rochas orgânicas não combustíveis. Exemplos: Carbonatadas (calcários de recifes, corais, etc.), silicosas e fosfatadas (fosforitas). 19 ROCHAS METAMÓRFICAS São rochas que surgem do metamorfismo (ou transformação) de outras rochas (magmáticas, sedimentares e metamórficas). O metamorfismo é devido, principalmente, ao calor, a pressão e fluidos que ocorrem no interior da crosta terrestre. O metamorfismo pode promover alterações apenas físicas, como crescimento de cristais, ocasionando novas texturas; ou alterações químicas como o surgimento de novos minerais por recombinação;ou, ainda, alterações físico-químicas em conjunto, sem ocorrer a fusão da rocha. Tipos de metamorfismo: Metamorfismo de contato Desenvolve-se ao redor de corpos ígneos intrusivos (batólitos). O fator dominante é a temperatura e as soluções gasosas que emanam do corpo ígneo, sendo secundário o papel da pressão. É responsável pela transformação nas rochas encaixantes, sem deformações. Metamorfismo Regional ou Dinamometamorfismo Desenvolve-se em regiões de intenso tectonismo, com compressões e dobramentos em extensas áreas, com atuação elevadas pressões orientadas e temperaturas muito elevadas. Geralmente ocorrem em áreas onde existem ou existiram grandes cadeias de montanhas, fazem parte dos chamados escudos cristalinos. Classificação de rochas metamórficas A classificação das rochas metamórficas não obedece a critérios determinados como nos casos anteriores, dada a sua grande variabilidade. Os mais diversos tipos de rochas são passíveis de se metamorfizarem, de modo que não existem parâmetros distintivos de aplicação ampla. Assim, são descritas a seguir as principais classes de rochas metamórficas: Ardósia: baixo grau metamórfico, oriunda de rochas do tipo argilito e siltito. Possuem granulação muito fina e excelente xistosidade. Muito empregada na construção civil. Filito: rochas de granulação com boa xistosidade. Os planos de xistosidade apresentam um brilho sedoso típico dado pela sericita e ou clorita. São de grau de metamorfismo fraco, originando de argilito e siltito. Filito e ardósia são, muitas vezes, materiais de origem de solos. Xistos: rochas xistosas, cujos minerais são perfeitamente visíveis na amostra de mão. São rochas de grau de intemperismo médio, originadas de argilito e ou siltito, basalto, gabros e ultrabásicas. Gnaisse: rochas com grau de metamorfismo médio a forte, originadas de rochas ígneas (granito) e sedimentares (arenito). Constituem quase a totalidade do embasamento cristalino de nosso território, com afloramentos importantes. Normalmente apresentam os minerais claros e escuros em bandeamentos alternados. São constituídas de quartzo, feldspatos e mica (biotita). Quartzito: rochas metamórficas derivadas de arenitos, compostas por mais de 80% de quartzo e 20% micas. São de grande ocorrência no Brasil. 20 Mármore: rochas originadas do metamorfismo de calcários, composta basicamente de calcita e dolomita. Muito utilizado na construção civil, e quando impuros, são moídos e utilizados como corretivos da acidez de solo. Itabirito: são um tipo especial de quartzito, proveniente de uma rocha sedimentar química, que se caracteriza por uma alternância de bandas de quartzo e de hematita (material ferruginoso). Esteatitos (pedra sabão): rochas compostas essencialmente por talco e clorita com xistosidade pouco pronunciada, originadas do metamorfismo de rochas ígneas ultrabásicas. LITERATURA CONSULTADA FONTES, M.P.F. Introdução ao estudo de minerais e rochas. Viçosa, Imprensa Universitária da UFV, 1984. 23p. POPP, J.H. Geologia geral. 5 ed., Rio de Janeiro, LTC, 1998. 376p. TEIXEIRA, W. e outros. Decifrando a terra. 2.a ed., São Paulo, Oficina de Textos, 2003. 568p.
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