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Saúde mental e legislação

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Saúde Mental e Legislação (Aula 10)
- O conceito de normalidade impõe a análise do contexto sociocultural; aquilo que para algumas sociedades e culturas em determinadas épocas pôde ter sido considerado inadequado ou fora do padrão, em outras podem ter sido adequadas.
- Para uma definição sobre o tema, existem diversos critérios de normalidade e anormalidade em saúde mental, dependendo, para a adoção destes, a opção filosófica, ideológica e pragmática de cada profissional.
a) O critério de ausência de doença é um deles, porém, o próprio critério já se mostra contraindicado, uma vez que se trata de uma definição negativa, onde “ser normal é não ser...”.
b) O critério “ideal de...” também é bastante subjetivo e além de ser utópico, depende do que determinada cultura define como padrões de idealização. Esse critério pode gerar graves exclusões, segregando àqueles que não conseguem atingir estes ideais aspirados e almejados.
- Outro critério que já foi bastante utilizado e em algumas condições ainda é usado é o critério estatístico, onde:
a) àqueles que apresentam determinadas características em maior frequência são considerados “dentro da faixa da normalidade” e as minorias, que apresentam determinadas características com menor frequência, estariam fora desta faixa e, portanto, considerados anormais e por conseguinte, excluídos.
- Outro critério utópico seria o bem-estar, uma vez que um completo bem estar em diversas áreas, com ausência de conflitos também parece distante, além de oferecer margens à subjetividade.
- Em saúde mental, este tema é bastante complexo e muito já se foi discutido, uma vez que a existência de diagnósticos, de certo modo, sempre favoreceu e favorecerá exclusões.
- Contudo, é possível encontrar manuais específicos que sugerem alguns critérios sintomáticos para determinados tipos de transtorno, como a:
a) CID (Classificação Internacional de Doenças);
b) DSM (Manual Diagnóstico de Saúde Mental).
- É por isso que, antes de se definir um critério para o que seja ou não normal, deve-se sempre observar o contexto social e cultural em que determinado indivíduo ou grupo se inserem.
- Há a necessidade de se observar as alterações de comportamento em conjunto com as transformações sociais, haja vista que estas, também influenciam os comportamentos e os modos de vida de seus indivíduos.
- A releitura da história do Brasil e do mundo nos mostra o quanto as técnicas e procedimentos utilizados para lidar com o fenômeno da “loucura” já foram, na maioria das vezes, desumanos e ineficazes, segregando e adoecendo ainda mais àqueles que:
a) A priori foram definidos como “loucos” ou fora dos padrões pré-definidos de normalidade.
- O Brasil, seguindo a tendência mundial e baseado na reforma psiquiátrica italiana, que questionava os métodos e técnicas até então utilizadas para lidar com os portadores de transtorno mental, também organizou a sua reforma psiquiátrica, tendo como lema frases do tipo: “A liberdade é terapêutica”, “De perto, ninguém é normal”.
- Estes movimentos, que se iniciaram no início dos anos 80, culminaram com a criação da Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental e a Portaria 2.391/2002, de acordo com elas, tem-se que:
Art. 4º A intenção, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, de lazer e outros.
Art. 3º Estabelecer que ficam caracterizadas quatro modalidades de internação:
Internação Psiquiátrica Involuntária (IPI);
Internação Psiquiátrica Voluntária (IPV);
Internação Psiquiátrica Voluntária que se torna Involuntária (IPVI);
Internação Psiquiátrica Compulsória (IPC).
Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita de familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 7º Determinar que, se no decurso de uma internação voluntária o paciente exprimir discordância quanto à sua internação, após sucessivas tentativas de persuasão pela equipe terapêutica, passando a caracterizar-se uma internação involuntária, o estabelecimento de saúde envie ao Ministério Público o Termo de Comunicação de Internação Involuntária, até 72 horas após aquela manifestação, devidamente assinado pelo paciente.
Art. 11º Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

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