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1
Disciplina: HIGIENE ZOOTÉCNICA 
Prof. Paulo Francisco Domingues 
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública 
FMVZ-UNESP-Botucatu 
 
A HIGIENE NO PROCESSO PRODUTIVO 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A saúde animal, o melhoramento genético e a alimentação adequada 
constituem a base, que serve de apoio ao desenvolvimento de qualquer sistema 
de produção animal. É importante que estes três fatores sejam fortalecidos 
progressiva e harmoniosamente, havendo a necessidade de se manter um 
equilíbrio entre eles, que representam o tripé da cadeia da produtividade animal. 
 A genética confere ao indivíduo potencial intrínseco que é o ponto de 
partida para o desempenho de toda e qualquer função, ressaltando-se a produção. 
 A higiene e o manejo zoosanitário fornecem, ao lado da genética, as 
condições de higidez necessárias à criação animal, tornando a produção 
economicamente viável, pois caso contrário, o animal reduz o seu rendimento, 
deixa de produzir economicamente ou simplesmente não produz, mesmo sob 
condições ambientais favoráveis, e adequada tecnologia zootécnica. Portanto, a 
saúde constitui a base para qualquer programa de produção animal, e para se 
obtê-la são necessárias uma série de observações e medidas, que passaremos a 
discutir detalhadamente. 
 
CONCEITO DE HIGIENE 
 
 Trata-se de uma ciência que estuda os meios para preservar o homem e os 
animais das enfermidades, bem como as regras para a manutenção de um estado 
de perfeita saúde. A palavra higiene se origina da deusa “Hygia”, da mitologia 
grega, filha de Esculápio e irmã de Panacéia. Segundo a mitologia, Panacéia se 
 2
dedicava ajudando o pai na colheita de ervas medicinais e tratamento das 
enfermidades, enquanto Hygia preocupava-se em ensinar o povo os meios de 
conservar a saúde, evitando-se a utilização de medicamentos, e priorizando a 
adoção de medidas preventivas, para melhorar a qualidade de vida. 
 
IMPORTÂNCIA DA HIGIENE 
 
 Na pecuária, de uma forma muito ampla, para as diferentes espécies 
animais de interesse zootécnico, a prática da higiene usada adequadamente, deve 
resultar em três índices importantes na produção animal: 
 Melhor índice de conversão alimentar 
 Maior taxa de crescimento 
 Menor taxa de mortalidade 
 Estes se traduzem por maior produtividade, rentabilidade e competitividade, 
que são expressões comuns e levam, obrigatoriamente a se trabalhar melhor. Os 
resultados de pesquisas mostram claramente, a contribuição de um programa de 
limpeza e desinfecção, quanto à capacidade dos animais expressarem 
plenamente o seu potencial genético, refletindo diretamente nos níveis de 
produção e performance animal, principalmente nas criações modernas e com 
aplicação de tecnologias disponíveis. 
 Na Tabela 1, pode-se verificar os valores referentes à taxa de mortalidade e 
eficiência alimentar, com a utilização de limpeza e desinfecção adequada, das 
instalações e equipamentos, após a retirada de cada lote de suínos. 
Tabela 1 – Resultados obtidos com um programa de limpeza e desinfecção em 700 
criações de suínos para abate. 
Variável Limpeza e desinfecção 
regular após cada lote 
Limpeza 
irregular 
Sem 
limpeza 
Ganho de peso diário (g) 628 610 535 
Conversão alimentar 3,19 3,28 3,36 
Mortalidade (%) 2,08 2,61 3,50 
Índice econômico + 21,0 + 0,1 - 20,0 
Fonte: Male, 1979 (citado por Sobestiansky, 1987). 
 3
 
 A criação de bovinos é uma importante atividade agropecuária no Brasil, 
entretanto, os índices de produção e produtividade do rebanho brasileiro ainda são 
baixos, quando comparado com os de outros países. 
 
OBJETIVOS DA HIGIENE 
 
 O objetivo principal é a manutenção da produção e da saúde animal, no 
nível mais eficiente, capaz de propiciar retorno econômico máximo ao criador. 
Atua nos indivíduos sadios do rebanho prevenindo doenças, embora em algumas 
situações específicas pode e deve aplicar medidas de controle sobre o indivíduo 
enfermo, no sentido de se evitar ou minimizar os riscos de contaminação para os 
outros animais e, desta forma, para o homem. Pode-se citar como objetivos 
principais: 
- Estabelecer criações saudáveis, e zootecnicamente econômicas. 
- Higienizar o meio ambiente de produção do animal, reduzindo o número 
de agentes patogênicos potenciais. 
- Minimizar a poluição ambiental, por produtos de excreção animal. 
- Evitar problemas ambientais e de manejo, capazes de afetar a 
performance produtiva e reprodutiva, de crescimento, e de favorecer a 
incidência de doenças na criação. 
- Manutenção da harmonia entre a criação e o ambiente. 
- Prevenção de doenças dos animais, transmissíveis ao homem, que são as 
zoonoses. 
- Manutenção da saúde dos animais e do homem. 
 
Para que estes objetivos sejam atingidos é necessário que as estratégias 
adotadas dentro do planejamento ou programa de saúde animal sejam: 
- Abrangentes e de utilização contínua. 
- Adaptado para ajustar-se às necessidades individuais, às instalações ou 
meio, e atividades fins da propriedade. 
 4
- As pessoas envolvidas no programa a ser instituído na propriedade devem 
receber instruções e orientações quanto às tarefas a serem 
desenvolvidas. Assim, elas estarão sensibilizadas para a importância do 
programa a ser desenvolvido, e que são parte importante do mesmo, e 
que o êxito depende da ação conjunta de todos os envolvidos. 
 
A higiene não deve ser entendida como um capítulo à parte, mas sim uma 
área que tem como reflexos positivos na cadeia produtiva, redundando em melhor 
qualidade de vida para os animais, com melhores índices relacionados à 
produtividade, e indiscutivelmente melhor qualidade dos alimentos (segurança 
alimentar) produzidos, como a carne, leite e ovos, oferecendo à população 
produtos livres de agentes causadores de doenças. 
Dentro deste contexto a higiene se relaciona com outras áreas como: 
1. Fisiologia − a higiene pretende que a vida dos animais se mantenha 
dentro dos limites de saúde, portanto, é necessário que se conheça os 
fenômenos fisiológicos das espécies animais envolvidas na criação. 
 
2. Agricultura – as relações entre animais e vegetais indicam dependência 
existente entre a agricultura e a higiene. Os produtos vegetais 
constituem a base da alimentação do homem e dos animais domésticos. 
É importante conhecer a quantidade e qualidade dos alimentos a ser 
fornecida aos animais, as modificações pelas quais estes passam em 
função das condições do solo, métodos de cultivo e armazenamento, 
para que não prejudiquem os índices de produção pretendidos. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ANDRIGUETTO, J.M., PERLY, L., MINARDI, I., GEMAEL, A., FLEMMING, J.S., 
SOUZA, G.A. de, BONA FILHO, A. Nutrição animal, vol. 1, São Paulo: Nobel, 
1982. 395p. 
ARAUJO, M.J.B. Higiene e profilaxia. São Paulo: Bezerra de Araujo, 1982. 172p. 
 5
FONSECA, L.F.L. Análise de conjuntura da pecuária leiteira nacional. Rev. CRM-
São Paulo, out/dez, p. 2-5, 1997. 
KLOETZEL, K. Higiene física e do ambiente. São Paulo: EDART/USP, 1974. 190p. 
PEREIRA, A.S. Higiene e sanidade animal. Portugal: Publicações Europa-
América, 1992. 233p. 
RADOSTITS, O.M., BLOOD, D.C. Manual de controle da saúde e produção dos 
animais. São Paulo: Manole, 1986. 530p. 
RADOSTITS, D.O. LESLIE, K.E., FETROW, J. Herd health – Food animal 
production medicine. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1994. 
631p. 
SOBESTIANSKY, J., WENTZ, I., SILVEIRA, P.R.S. da, LIGNON, G.B., 
BARCELLOS, D.E.S.N., PIFFER, I.A. Manejo em suinocultura: aspectos 
sanitários, reprodutivos e de meio ambiente. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 
Circular Técnica n.7, 1985. 184p. 
 
 
IMPORTÂNCIA DA SAÚDE ANIMALNo processo produtivo, e neste caso específico, a produção animal, estão 
inseridos um conjunto de indicadores para se aferir a produtividade, que são: taxa 
de natalidade, taxa de mortalidade, idade ao primeiro parto, e idade ao abate, de 
machos para carne. 
A saúde dos animais não deve ser vista apenas como o contrário de 
enfermidade, já que considera em seu universo o resultado não só de ações 
destinadas à proteção dos animais, contra enfermidades, mas inclui também, os 
efeitos das atividades de fomento à saúde na produção animal. 
O conceito de enfermidade para os animais deve ser entendido como a 
ação de todo evento, que perturba ou prejudica o estado de higidez, e a 
capacidade produtiva e reprodutiva destes. O aparecimento, a manutenção e 
propagação, de qualquer enfermidade dos animais, pode-se considerar como 
resultado, muitas vezes, inesperado das atividades transformadoras do homem, 
 6
visando aumentar a produção, a produtividade pecuária e conseqüentemente a 
rentabilidade. 
 
ENFERMIDADES DA PRODUÇÃO 
 
 A maioria dos países da América Latina apresenta características comuns, 
quanto aos problemas que afetam a saúde dos animais. As enfermidades infecto-
contagiosas, parasitárias, metabólicas e carenciais, são de grande importância, e 
interferem diretamente nos indicadores, apresentados anteriormente. Estas 
enfermidades estão associadas principalmente à desnutrição animal, ao escasso 
desenvolvimento dos procedimentos de manejo adequado dos animais, à falta de 
higiene das instalações, à falta de recursos, e de informação dos proprietários. As 
enfermidades da produção, que não são transmissíveis, que estão relacionadas 
com problemas funcionais e metabólicos, têm adquirido importância crescente 
para a saúde animal, pois não se originam de agente biológico específico, mas 
sim, devido a múltiplos fatores ambientais, ou de manejo dos animais. 
 Para serem resolvidos os problemas de saúde das populações animais, é 
necessário compreender sua realidade como um todo, tanto no âmbito regional, 
ou mais amplo, como em todo o país. 
 
IMPACTOS DOS PROBLEMAS DE SAÚDE ANIMAL 
 
 A estreita relação existente entre os perfis de saúde animal e a organização 
sócio-econômica da produção pecuária, simultaneamente com a estrutura 
econômica, e social da comunidade, faz com que os problemas de saúde animal 
sejam quantificados pelos seus efeitos desfavoráveis, sobre diversos aspectos do 
setor pecuário, bem como sobre outros setores da sociedade. Como áreas de 
impacto, levando-se em consideração os problemas inerentes à saúde animal, 
pode-se relacionar: a produção e produtividade pecuária; os investimentos na 
pecuária; o comércio pecuário seja de animais ou de produtos, a nível nacional e 
internacional e a saúde pública. 
 7
 
PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE ANIMAL 
 
 Os prejuízos à produção e à produtividade animal são do tipo físico, com 
conseqüências econômicas. Estes afetam tanto o produto pecuário propriamente 
dito, como o capital pecuário. Resumidamente a perda de produto pecuário leva a 
uma diminuição do volume de produção, perda na produtividade, e eliminação de 
produtos. 
 Os prejuízos à saúde animal podem ser diretos, de efeito imediato, e de 
curto prazo, ou indiretos, de efeito em médio prazo. Os prejuízos diretos e, 
portanto, imediatos, estão relacionados com a diminuição, perdas de produção por 
restrições sanitárias, e com o aumento da mortalidade. Os danos indiretos ou em 
médio prazo referem-se à perda de capacidade produtiva, deficiência de 
desenvolvimento bioeconômico bem como com a diminuição da capacidade 
reprodutiva. 
 
INVESTIMENTOS NA PECUÁRIA 
 
 Os investimentos aplicados à atividade pecuária sofrem impactos 
desfavoráveis, provocados pelos problemas de saúde animal. Esses efeitos 
podem atuar tanto sobre os investimentos aplicados pelos pecuaristas, quanto 
àqueles realizados pelo Estado, no caso de programas oficiais. Quanto ao setor 
produtivo tem-se uma diminuição de retorno de dinheiro investido, aumento no 
custo de reposição com conseqüente diminuição da rentabilidade. Considerando 
os programas sanitários oficiais verifica-se um aumento na dotação de recursos. 
 
COMÉRCIO DE ANIMAIS, DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL, 
E DE PRODUTOS AGRÍCOLAS 
 
 Como vários países latino-americanos, tem-se na pecuária um dos setores 
mais importantes de suas economias, entre os prejuízos provocados pelos 
 8
problemas de saúde animal que se inserem, destaca-se os que afetam o comércio 
de animais ou de produtos de origem animal, refletindo negativamente nas 
relações comerciais entre os vários países. Como exemplo pode-se citar as 
restrições impostas ao Brasil quanto à exportação de animais ou de seus 
subprodutos, levando-se em consideração a ocorrência da Febre Aftosa em nosso 
país. A nova condição sanitária alcançada por alguns países da América do Sul 
que já a erradicaram e algumas regiões do Brasil, onde esta enfermidade está sob 
controle, tem permitido um incremento em suas relações comerciais. 
 Adicionalmente, os produtos hortifrutigranjeiros, e cereais são discriminados 
internacionalmente, segundo o tipo de problema sanitário animal, prevalente na 
região ou país. Referindo-se então aos prejuízos relacionados ao comércio 
pecuário, tem-se no mercado interno, transtornos ao abastecimento e quanto ao 
mercado externo, perda de mercados e deterioração de preços. 
 
SAÚDE PÚBLICA 
 
 Quanto aos efeitos socialmente desfavoráveis que produzem os problemas 
de saúde animal, merece especial consideração os que afetam a saúde pública. 
Um desses efeitos é a menor disponibilidade de alimentos de origem animal, 
especialmente leite, carne e ovos. A fome que afeta a população humana da 
América Latina tem como uma de suas múltiplas causas, um sistema de produção 
de baixa produtividade, que é influenciada, pela situação sanitária precária da 
população animal. Uma das conseqüências mais dramáticas da fome é a 
desnutrição. 
 Aos profissionais das Ciências Agrárias cabem então a responsabilidade da 
produção de alimentos de qualidade. Assim, em suas mãos repousam esta nobre 
missão e é inquestionável a relevância destes profissionais na cadeia produtiva 
alimentar, quando se medita sobre a “Geografia da Fome” de Josué de Castro ou 
sobre o tratado de Malthus, segundo o qual o destino do homem sobre a terra era 
padecer de fome, uma vez que os recursos alimentares crescem em progressão 
aritmética enquanto que a população terrestre o faz em progressão geométrica. É 
 9
nesta realidade que nos inserimos profissionalmente e, portanto, devemos cumprir 
conscientemente o nosso papel profissional na busca de soluções para os 
problemas inerentes à pecuária nacional, melhorando a produtividade animal, e 
indiretamente a saúde pública. 
 Outros problemas de saúde animal que afetam a saúde pública são as 
zoonoses (doenças comuns aos animais e ao homem), uma vez que representam 
importante ameaça para a saúde e bem-estar das populações humanas. Entre 
estas se destacam a brucelose e tuberculose por poderem ser transmitidas por 
alimentos. O homem infectado por essas ou outras doenças provoca diminuição 
horas/homem de trabalho, aumento dos custos com saúde e ainda a possibilidade 
de invalidez e mortes. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ASTUDILLO, V., ROSENBERG, F.J., ZOTTELE, A. OLASCOAGA, R.C. 
Considerações sobre a saúde animal na América Latina. A Hora Veterinária, 
n.54, p.37-43, 1990. 
BECK, A.A.H. Problemas sanitários que afetam as produções de carne e leite. 
Balde Branco, n.242, p.18-22, 1984. 
DORA, J.F.P. Erradicação da Febre Aftosa: contribuição da Medicina Veterinária 
paranossa economia. A Hora Veterinária, n.105, p.17-22, 1998. 
MODA, G., DABORN, C.G., GRANEE, J.M., COSINI,O. The zoonotic importance 
of Mycobacterium bovis. Tuber. Lung. Dis., v.77, p.103-8, 1996. 
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico, v.19, n.2, 
1998. 
PANETA, J.C. O clone e a fome. Editorial. Revista Higiene Alimentar, v.11, n.48, 
1997. 
TWEDDLE, N.E., LIVINGSTONE, P. Bovine tuberculosis control and erradication 
programs in Australia and New Zealand. Veterinary Microbiology, v.40, p.23-
39, 1994. 
 10
SANEAMENTO E PRODUÇÃO ANIMAL 
 
 Entre as atividades relacionadas à saúde animal e saúde pública, o 
saneamento é um dos mais importantes meios de prevenção de doenças. É 
definido pela Organização Mundial da Saúde, como: “o controle de todos os 
fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério 
sobre o seu bem-estar físico, mental ou social”. Como definição clássica pode-se 
dizer que o saneamento é o conjunto de medidas que visam a preservação ou 
modificação das condições ambientais, objetivando a prevenção de doenças, e 
conseqüentemente a promoção da saúde. 
 Acredita-se que o processo de saneamento tenha significado desde 500 
anos a.C., quando já existia o conceito de que a água fervida era importante na 
prevenção de doenças. Até que a teoria dos microrganismos de Louis Pasteur, se 
estabelecesse, acreditava-se que as doenças eram transmitidas por odores. A 
desinfecção da água e do esgoto surgiu em épocas mais remotas, com a idéia de 
se controlar estes odores, para se evitar a ocorrência de doenças. 
 São muitas as doenças que podem evoluir pela carência de medidas de 
saneamento. A não disponibilidade de água de boa qualidade, para 
dessedentação dos animais, a má disposição dos dejetos, e o inadequado destino 
do lixo, são alguns exemplos de fatores, que contribuem para uma maior 
ocorrência de doenças. 
 ZIEGLER et al. (1994), desenvolveram estudo sobre saneamento rural em 
propriedades no município de Londrina/PR, com ênfase às condições de 
potabilidade da água, o destino de excretas e do lixo, e a problemática dos 
roedores. Os resultados obtidos foram os seguintes: a) 76,6% das propriedades 
apresentaram amostras de água contaminada por coliformes fecais, 
representando risco para a saúde da população; b) 46,7% da água consumida 
pela população tem como procedência os poços rasos, 30% provém de minas 
(fontes) e 23,3% de poços artesianos; c) 92,8% dos poços rasos, 57,1% dos 
poços artesianos e 77,7% das minas apresentavam-se impróprias para o 
consumo; d) em 90,0% das propriedades a água era consumida “in natura”; e) em 
 11
6,7% das propriedades, o destino de excretas humanas era realizado a céu aberto 
e apenas 6,6% das propriedades apresentavam estrumeiras para as excretas 
animais; f) em 80,0% das propriedades os roedores causavam prejuízos, embora 
em 70,0% das mesmas era realizado o seu controle; g) em relação ao lixo, 46,7% 
era queimados, 33,3% depositado a céu aberto e 20,0% enterrado. Os autores 
recomendam que se realizem programas de educação sanitária enfocando o 
saneamento rural para a população envolvida. 
 O saneamento tem sua área de atuação ampla, que tende a aumentar, 
principalmente, devido à necessidade de controlar a ação do homem sobre o 
ambiente, cada vez mais intensa. As principais atividades relacionadas ao 
saneamento são: abastecimento de água, manejo de dejetos, coleta e destino 
adequado do lixo, controle dos alimentos, controle de insetos e roedores. Outras 
atividades são incorporadas, como o controle da poluição ambiental, em suas 
diversas modalidades: do solo, ar, instalações, entre outras. 
 Os problemas ambientais, decorrentes do crescimento populacional e do 
desenvolvimento industrial, exigem soluções técnicas de saneamento cada vez 
mais aperfeiçoadas e eficazes. Assim, além das soluções básicas consagradas, 
novos estudos e pesquisas são desenvolvidos para encontrar meios de garantir ao 
homem e aos animais, um ambiente de vida saudável. 
 Entre esses problemas vem se destacando o da destinação de resíduos 
orgânicos e agroindustriais provenientes de setores produtivos, tanto da 
agricultura como da pecuária. Grandes quantidades de esterco, produzidas por 
animais em regime de confinamento, como bovinos, suínos e aves, por exemplo, 
trouxe vários inconvenientes, como mau cheiro, infestação de moscas, produção 
de chorume, este último podendo contaminar os lençóis freáticos, além de ser 
potencialmente focos para a manutenção de insetos transmissores de doenças, e 
poder poluir rios e córregos, quando ali despejados. 
 O destino adequado de resíduos das agroindústrias continua sendo um 
problema no meio rural. Alguns desses resíduos, como o vinhoto, que é o produto 
do processamento da cana nas destilarias de álcool, sendo altamente poluentes 
quando despejados em quantidades excessivas nos locais que os recebem. 
 12
 Efeito também poluidor tem os agrotóxicos e outros produtos bioquímicos, 
como os fertilizantes, quando carreados para rios e córregos por força das 
enxurradas. Segundo dados da Cetesb – Companhia de Tecnologia de 
Saneamento Ambiental, de 134 casos de mortandade de peixes registrados entre 
1985-1987 no Estado de São Paulo, 37 foram provenientes da contaminação por 
agrotóxicos, revelando a importância desse fator dentro do problema de poluição 
de fontes de água. 
 Deve-se evitar que os animais tenham acesso a lugares sujeito ao acúmulo 
de água estagnada, ou alagadiços. A drenagem do terreno consiste na remoção 
do excesso de água existente nas camadas superiores, objetivando a recuperação 
do solo para a agricultura, consolidação do terreno e saneamento. Um efeito direto 
desta ação é o controle de insetos, especialmente moscas e mosquitos, evitando-
se a disseminação de focos destes, que são vetores potencialmente transmissores 
de doenças aos animais e ao homem. 
 
EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE 
 
 Educação sanitária é o processo pelo qual pessoas ou grupos de pessoas 
aprendem a promover, manter ou restaurar a saúde. Para lograr este objetivo é 
necessário que nos métodos e técnicas empregados se tomem em consideração 
as maneiras pelas quais elas moldam sua conduta, os fatores que as induzem a 
conservar ou modificar os hábitos adquiridos, e os modos pelos quais elas 
adquirem e utilizam seus conhecimentos. Assim, a educação sanitária deve 
inicialmente considerá-las tais como são, com o interesse que possam ter em 
melhorar suas condições de vida. Seu objetivo é desenvolver nas mesmas um 
sentido de responsabilidade para com a saúde, como indivíduos e como membros 
de uma família e de uma comunidade. No controle das doenças transmissíveis, a 
educação sanitária compreende a avaliação dos conhecimentos que a população 
tem de uma doença, o estudo dos hábitos e atitudes desta no que se refere à sua 
disseminação e frequência, e a divulgação de meios específicos para remediar as 
deficiências observadas. 
 13
 A educação sanitária como meio principal de promover a saúde é, 
juntamente com os modos e meios de proteção específica da mesma, o alicerce 
da ação primária, segundo os níveis de prevenção e aplicação das ações de 
saúde. O papel dos técnicos envolvidos nas atividades de produção animal, que 
estarão cada vez mais exercendo a medicina veterinária preventiva na fazenda, 
inclui o aconselhamento quanto à administração e manejo, com o propósito de 
manter e melhorar a saúde e o bem-estar dos animais, a higiene de seus 
produtos, visando sua melhor qualidade, bem como a produtividade, e ainda o 
rendimento econômico da empresa rural. 
Estas medidas não se referem somente ao animal, mas sim com uma ação 
diretasobre o meio ambiente como a orientação quanto ao lixo doméstico , que 
deverá ser depositado em recipiente com tampa, e, também, colocado em local 
distante de produtos alimentícios, e que as lixeiras deverão ser esvaziadas 
freqüentemente. Associada ainda a presença de lixo, deverá ser investigada a 
existência de rastros ou sinais que indiquem a presença de roedores na 
propriedade, e qual o melhor método para combatê-los. Finalizando, relacionamos 
ainda, entre tantas outras ações que devem ser enfatizadas em um programa de 
educação para saúde em nível de propriedade rural, a importância do controle de 
resíduos sólidos, enfatizando que o esterco gerado em atividades agropecuárias e 
em animais domésticos deverá ser corretamente armazenado e poderá ser 
utilizado como adubo, e ainda, que os animais mortos e seus restos deverão ser 
eliminados por enterramento, cremação ou aproveitamento industrial, evitando-se 
com esta medida, o risco das zoonoses, a poluição do meio, a proliferação de 
insetos, e de outros animais nocivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 14
BIBLIOGRAFIA 
 
BARRETO, G.B. Suinocultura: Saneamento Rural. 2.ed. Campinas: Instituto 
Campineiro de Ensino Agrícola, 1973. 328p. 
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Washington: Publicação Científica – Organização Mundial da Saude, n.442, 
1983. 420p. 
LAUBUSH, E.J. Clorination and other desinfection processes. In: Water quality and 
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trihalometenos e os riscos potenciais à saúde pública. Cadernos de Saúde 
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RADOSTITS, O.M., BLOOD, D.C. Manual de controle da saúde e produção dos 
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RADOSTITS, O.M., BLOOD, D.C., GAY, C.C. Veterinary Medicine. 8.ed. London: 
Bailliere Tindall, 1994. 1763p. 
RENTERO, N. Saneamento: Surge uma nova preocupação no meio rural. Rev. 
Balde Branco, n.272, p.10-3, 1987. 
ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. 3.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 
cap.12, p.343-64, 1994. 492p. 
ZIEGLER, J.C.S., LERMEN, C., BEZERRA DOS SANTOS, L. Estudo sobre 
saneamento rural em propriedades da Colônia Coroados, em 1993, Londrina, 
Paraná. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, XXIII, Olinda, PE, 
1994. Anais ... Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, Olinda, 1994. 
p.275.

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