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Pedologia 1ª Prova Pedologia é a ciência que estuda o solo, sua forma, origem, classificação e propriedade. Portanto, é o estudo das coberturas superficiais da Terra. É a ciência do solo, responsável pela sua identificação, formação, classificação e mapeamento. Relação entre a evolução humana e o solo Há 300 mil anos, os hominídeos nômades viviam em uma época de instabilidade climática. Tal civilização relacionava o solo à base de locomoção, ao crescimento de frutas e vegetais silvestres, barro para cerâmica e aos pigmentos para pinturas rupestres. Identificaram que solos diferentes geravam frutas e matérias-primas diferentes. Há 10 mil anos, os hominídeos se tornaram sedentários uma vez que o clima estabilizou. A fixação levou ao conceito de território e defesa dos seus limites, desenvolvimento da agricultura e maior previsibilidade da alimentação, surgimento das cidades e a necessidade de conhecimento do substrato. O avanço das civilizações precisava levar em conta a fertilidade dos solos, a disponibilidade de água e a baixa erodibilidade. Percebeu-se que grandes rios em terrenos semi-áridos geravam solos orgânicos nas planícies de inundação (processo geológico de avulsão). Portanto, as civilizações mais antigas tenderam a desenvolver-se às margens dos rios, como na região da Mesopotâmia, que se localiza entre os rios Tigre e Eufrates. As civilizações mais desenvolvidas são os Incas, no Peru, e apesar de terem solos ricos, eram secos, logo foi necessária a construção de canais de irrigação e terraços. Outra civilização são os indígenas brasileiros, esses usavam a técnica da queimada para a fertilização dos solos pobres, mas o cultivo durava no máximo 3 anos. As primeiras classificações dos solos surgiram em decorrência das civilizações agrícolas, que são na China há 6600 anos, eles dividiam o solo em nome classes baseadas na produtividade (era a base de cálculo de ITR da época). Na Grécia há 2500 anos Aristóteles e Theofastes relacionaram os solos com os tipos de plantas e Hipócrates na medicina afirmou que os solos estão para as plantas assim como o estômago está para os animais. E Catão, o Velho, em Roma, 2200 anos antes do presente, criou, também, nove classes de solos; sendo o primeiro fértil e plano (vinhas) e o último íngreme e pedregoso (pastoreio). Gerou então o Tratado da Agricultura. Quanto mais escuro melhor é o solo! Os Árabes, no século I d.C. fizeram o tratado da irrigação (base em hidráulica), manuais e cultivo específico chegaram à Portugal e Espanha. Durante à Idade Média, século V e XV d.C. houve uma estagnação cultural, social e filosófica. Após a Idade Média, o surgimento da imprensa gerou progressos científicos, os alquimistas queriam saber o que faziam as plantas crescerem, baseando-se em quatro elementos únicos surgiu o “elixir da vegetação”, que dizia que toda matéria vegetal se originava da água do solo. O progresso nos estudos do solo. Após a Revolução Francesa (1789 – 1799), ocorreu um avanço da ciência (incluindo medicina), houve também um aumento da expectativa de vida, logo uma necessidade de aumento da produção alimentos, portanto um aumento da eficácia do plantio o que levou a investigação da química do solo. Em 1840, um químico alemão, Justus Von Liebig, prova que as plantas dependem de compostos químicos minerais. Com isso surge a necessidade da produção de fertilizantes minerais para aumentar a colheita, logo empresas como Vale Fertilizantes e Fosfertil, surgem no ramo. Início da pedologia: A pedologia teve início em 1877-78 com o naturalista VasilyV. Dokuchaev, que comparava os solos da Ucrânia (clima seco) com os de Gorki (leste de Moscou, clima fio e úmido). As diferenças associadas por ele ao clima. Solos distribuídos em camadas horizontais da superfície até o contato com a rocha. Descrever detalhadamente estas camadas permitiria caracterizar cada solo diferente. Dokuchaev, descreveu o solo como um corpo dinâmico, criando o conceito de pedogênese. Posteriormente, Darwin afirma que espécies biológicas geram bioturbações, minhocas, formigas e cupins também fertilizam o solo. Áreas que estudam os solos: A Edafologia é um ramo que estuda os terrenos, está ligada à agronomia (solo como sendo o local onde cultivam as plantas). No Brasil esse ramo é subdividido em fertilidade do solo e nutrição das plantas, biologia, física e conservação do solo. A Pedologia, estudo dos solos, é uma área mais abrangente, que envolve os níveis mais superficiais, arável, e subsuperficiais. As vantagens que esse estudo oferece aos geólogos são diversas, pois permitem uma análise tridimensional, possuem grande distribuição na paisagem e sofrem influência de fatores ambientais. Os solos estão ligados à geologia da seguinte forma: geologia econômica, na produção de fertilizantes para produção agrícola (os recursos minerais e gerados ou concentrados durante a pedogênese são alumínio, ferro, nióbio e turfeiras); hidrologia e hidrogeologia, na qualidade das águas, purificação e recarga dos aquíferos; geologia de engenharia, geologia urbana e geotecnia, no controle da urbanização; paleontologia, paleobiologia, na adaptação das espécies e na geologia ambiental por meio do controle da desertificação e da mitigação das mudanças ambientais. Como os solos se formam: ROCHAS SOLOS Os solos se formam a partir de processos que resultam em inúmeras modificações na composição química dos minerais e nos aspectos físicos do material fonte. Intemperismo físico: 1. Alívio de pressão: As rochas encontram-se comprimidas a grandes profundidades. Com o alívio da pressão as rochas sofrem expansão (processo de isostasia), os níveis mais externos se expandem mais que os níveis mais internos, devido a hidratação dos minerais primários com consequente aumento do volume. Ocorre então o fraturamento paralelo à superfície, que permite a fácil penetração pela água. 1.1. Esfoliação esferoidal (acebolamento, adjunção esferoidal): processo físico-químico. Processo de alteração intempérica desenvolvendo Intemperismo formas arredondadas concêntricas que se assemelham a cascas de cebolas, deixando, muitas vezes, blocos de rocha sã (boulders) perfeitamente arredondados no meio do solo autóctone ou da rocha parcialmente alterada. Se dá em rochas maciças e relativamente isotrópicas (basaltos, granitos, gabros, grauvacas..) que são inicialmente mais atacadas nos cantos de blocos fraturados, evoluindo em etapas de intemperismo progressivo no subsolo para as formas arredondadas quando se formam as "camadas" de esfoliação variavelmente alteradas. 2. Congelamento/Degelo: A água do degelo se acumula em fissuras e poros da superfície (as fissuras surgem pelo próprio congelamento). A variação do clima abaixa a temperatura, causando o congelamento e consequente expansão da água (a água expande 9% do seu volume ao se congelar), que exerce uma força nas paredes das fissuras/poros, levando ao fraturamento. 3. Termoclastia: Ocorre em regiões de grande amplitude de variação térmica entre o dia e a noite (no Saara a variação é de 25° C). Durante o dia, com as maiores temperaturas, as rochas sofrem expansão (devido a composição mineralógica da rocha, a expansão volumétrica do quartzo, por efeito da temperatura, é três vezes superior à do feldspato). Durante a noite a temperatura diminui e as rochas se contraem, ocorrendo o fraturamento. A baixa condutibilidade térmica estabelece um gradiente de temperatura entre a superfície e o interior. Intemperismobiológico: 1. Intemperismo químico: 1.1. Liberação de ácidos húmicos pelas raízes. 1.2. Lançamento de excreções ácidas pelos animais. 1.3. Ação de bactérias na formação de sulfetos em ambientes redutores. 2. Intemperismo físico: 2.1. Rompimento da rocha pelas raízes em busca de água e sais minerais. 2.2. Escavações dos animais em busca de alimentos e proteção. Intemperismo Químico: Alteram as estruturas internas dos minerais por remoção e/ou adição de elementos. Águas pluviais e subterrâneas (rasas): ricas em O2 ao entrar em contato com o CO2 da atmosfera adquirem caráter ácido devido a formação do ácido carbônico (H2CO3). Ácidos flúvicos e/ou húmicos: processos biológicos de degradação da matéria orgânica e respiração das plantas geram um aumento da produção de CO2 do solo também contribuem para acidificação das águas. Quanto mais baixo o pH, maior será o intemperismo químico. Mineral Primário + Solução de Alteração (água ácida) Mineral Secundário (pode ser apenas a hidratação do primário ou ocorrer a formação de um novo mineral) + Solução de Lixiviação Minerais residuais (já se encontravam no sistema antes do processo de intemperismo) + H2O (pH de 5 a 9) Neoformados/Transformados (a estrutura do mineral permanece) + elementos móveis A transformação é típica dos filossilicatos (micas, ilitas e vermiculitas). 1. Hidrólise: Reação entre o mineral e a água. É a reação mais comum no intemperismo dos silicatos. Ocorre a adição de água sem que se processem reações químicas. Anidrita Gipsita CaSO4 + 2H2O CaSO4.2H2O 1.1. Total ou alitização: Sílica e bases (K+) TOTALMENTE eliminadas. Soluções de alterações permanentemente diluídas. É preciso alta pluviosidade e drenagem eficiente para que se tenha um rápido escoamento. Feldspato Gibbsita KAlSi3O8 + 8H2O Al(OH)3 + 3H4SiO4 + K+ + OH- O pH da água deve ser entre 5 e 9 para que a água leve a SiO2 e precipite o Al(OH)3. 1.2. Parcial: A infiltração é menos eficiente, a sílica PARCIALMENTE eliminada. 1.2.1 Monossialitização: Sílica parcialmente eliminada (66%) e bases totalmente eliminadas. O pH da água permanece entre 5 e 9, mas como a água permanece no sistema, não há eliminação da sílica. 2 KAlSi3O8 + 11 H2O Si2Al2O5(OH)4 + 4 H4SiO4 + 2 K+ + 2OH- Feldspato caulinita Formam os argilominerais 1:1. 1.2.2. Bissialitização: Sílica parcialmente eliminada (46%) e bases parcialmente eliminadas (87%). Ocorre o represamento da água. 2,3 KAlSi3O8 + 8,4 H2O Si3,7Al0,3O10Al2(OH)2K0,3 + 3,2 H2SiO4 + 2 k+ + 2 OH- Feldspato esmectita Geram os argilominerais 2:1. 2. Salinólise: É “equivalente” à hidrólise parcial (bissialitização e pH entre 5 e 9,6) em ambientes salinos (manguezais). 3. Oxidação/Redução: Reação com oxigênio para formar óxidos ou com oxigênio e água para formar hidróxidos. A redução ocorre em ambientes subaquosos e anaeróbicos. A oxidação gera solos de tons vermelhos e amarelos e a redução tons verdes e cinzas. Sulfetos se oxidam para sulfatos. CaFe(Si,Al)2O6 + 5H2O 2H4SiO4 + FeOOH + Al3+ + Ca2+ + OH- Piroxênio Goethita (ferralitização) Goethita Hematita (desidratação) Ferro gerado na hidrólise total ou parcial (substituindo Al nas caulinitas – monossialitização). A presença de goethita e hematita no solo geram os tons castanho, vermelho, laranja e amarelo dos solos tropicais. Pacotes superficiais de oxi-hidróxidos de Al e Fe + caulinita: Lateritas. Processos de alitização e Monossialitização: Laterização. 4. Acidólise (hidrólise ácida): Ocorre em climas frios, onde não há decomposição total da matéria orgânica, formando ácidos orgânicos. A água possui pH menor que 5 (alumínio vai embora e sílica fica no sistema). Complexação de Fe e Al: solução (muita lixiviação). Por ocorrer a retenção da sílica, gera um solo rico em quartzo. Ocorre a decomposição dos minerais primeiros. 4.1 Total: Ocorre em pH menor que três. Ocorre total remoção do alumínio e do potássio do sistema. KAlSi3O8 (feldspato) + 4 H+ + 4 H2O 3 H4SiO4 + Al3+ + K+ Podzolização: Sem minerais secundários. (Espodosolos/Podzólicos: solos constituídos apenas por minerais primários insolúveis – quartzo). 4.2 Parcial: O pH da água encontra-se entre 3 e 5. Ocorre remoção parcial do alumínio e do potássio, retenção de sílica e formação de esmectitas aluminosas (aluminossialitização). Eluviação (translocação de Fe/Al de cima para baixo: horizonte E branco) e iluviação (ganho de Fe). 5. Alcalinólise (hidrólise ácida): Ocorrência restrita. Regiões áridas e semi- áridas. Soluções com reagentes básicos (Na, carbonato de cálcio, magnésio). O pH é maior que 9,6. Ocorre dissociação do H4SiO4 em H3SiO3-. Alumínio como Al(OH)4-. 5.1. Total: Sílica e alumínio em solução em forma aniônica. Sem minerais secundários. O pH é acima de 11,3. 5.2. Parcial: O meio não é suficientemente alcalino para que todo o Al e Si estejam como ânions. 9 < pH < 10 alcalonodade nítida, meios menos concentrados: bissialitização. pH > 10 Meios mais concentrados, Al na forma aniônica reage com a sílica (tectossilicato): zeolitização. Feldspato analcita 6. Dissolução: Halita (NaCl), gipsita (CaSO4.2H2O) e carbonatos (CaCO3) são os materiais mais solúveis, em ordem decrescente Se a calcita estiver em contato com água contendo CO2, ela irá se dissolver muito mais. A solubilidade do gás carbônico é maior em águas frias, mas se a temperatura da água aumenta, o CO2 escapa e leva a precipitação de CaCO3. Perfil de alteração: Conceito: Segundo a EMBRAPA solo é um sistema trifásico (sólido + líquido + gasoso). Processos envolvidos na formação do solo: Adição: Incorporação de matéria por fontes externas (matéria orgânica, poeiras, sais minerais). Sedimentação. Perda: Lixiviação física (partículas) ou química (solução) para o lençol freático. Erosão. Translocação: Eluviação da matéria orgânica, argila silicatada e óxidos (soluções laterais e verticais). Transformação: Ruptura da rede cristalina dos minerais primários. Gênese dos argilominerais. Decomposição da matéria orgânica. Identificação dos Horizontes do Solo: Um perfil de solo completo e bem desenvolvido possui 5 tipos de horizontes (horizontes principais). O Horizonte de cobertura, orgânico, sobreposto a solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado com água. H Horizonte orgânico, superficial ou não, sob condições de prolongada estagnação de água. A Horizonte mineral, superficial ou em sequência a horizonte O ou H, de concentração de matéria orgânica decomposta e perda de componentes minerais (Fe, Al e argila). E Horizonte mineral, perda de argilas, óxidos de ferro e alumínio ou matéria orgânica, individualmente ou em conjunto. Concentração residual de areia e silte (quartzo ou outros minerais resistentes) e/ou resultante descoramento. B Horizonte subsuperficial, acumulação de argila, Fe, Al, Si, húmus, CaCO3, CaSO4 com bom desenvolvimento estrutural. C Horizonte mineral inconsolidado sob o solum, pouco afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual o solum pode ou não ter se formado. F Horizonte mineral consolidado sob A, E ou B, rico em ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica, endurecimento irreversível da plintita, ou concentração promovida por translocação lateral de ferro e/ou alumínio. R Camada mineral de material consolidado, que constitui substrato rochoso contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que pode apresentar. Formaçãodo solo: Evolução: A rocha mãe em processos de desintegração devido aos agentes externos (chuva, vento, etc). A presença de material orgânico. Em seguida a formação inicial dos horizontes do solo e então constitui-se o solo. Horizontes do solo: Camadas ou bandas aproximadamente paralelas à superfície. Os horizontes possuem aspectos e constituintes diferentes. São sobrepostos em uma sequência visível. Transição nem sempre bem distinta. Horizontes diagnósticos X Solo: HORIZONTE VÉRTICO: Geram os VERTISSOLOS. Horizonte mineral subsuperficial. Apresenta cores escuras, acinzentadas, amareladas ou avermelhadas. Fendas com pelo menos 1 cm de largura nos períodos mais secos do ano. Superfícies de fricção. A textura varia de argilosa a muito argilosa. Presença de argila expansiva. A CHERNÔMICO: Geram os CHERNOSSOLOS. É um horizonte mineral superficial, relativamente espesso (mais de 25 cm). Alta saturação por bases predominando íons Ca2+ e/ou Mg2+. Cores escuras. Consistência muito dura e extremamente dura quando seco. Deve ter certo conteúdo de carbono orgânico (húmus). A HÍSTICO: Geram o CAMBISSOLO. O horizonte B é incipiente. É um horizonte rico em material orgânico, coloração escura. Pode possuir até 40 cm de espessura. Depositados sobre os solos sob condições de excesso de água e atualmente drenado. Pode estar soterrado por material mineral. Pode chegar até 40 cm de espessura. B INCIPIENTE: Também geram o CAMBISSOLO. Horizonte subsuperficial, pouco espesso, subjacente a horizonte A, Ap ou AB. Sobrejacente a C (bem evoluído). Alteração química e física em grau não muito avançado, porém o suficiente para o desenvolvimento de cor ou de estrutura. Pouco desenvolvido ou parcialmente intemperizado. B ESPÓDICO: Geram os ESPODOSSOLOS. O horizonte B espódico vem logo abaixo do horizonte A ou E. Horizonte subsuperficial. Pouco espesso. Formado por acumulação iluvial de matéria orgânica e complexos organometálicos de alumínio, com presença ou não ferro iluvial. B TEXTURAL: Geram os ARGILOSSOLOS. Presença de argila de baixa atividades. Horizonte subsuperficial. Textura franco-arenosa ou mais fina. Acumulo de argila iluvial retirada de A ou E. As argilas podem estar orientadas ou não, pode ter ou não matéria orgânica. O conteúdo de argila no horizonte B textural deve ser maior do que o do horizonte A e pode ou não ser maior que o horizonte C. Geram o LUVISSOLO. Argila de alta atividade e são saturados em bases. B PLÂNICO: Geram os PLANOSSOLOS. Encontram-se abaixo do horizonte A ou E. É um tipo especial de horizonte B textural. Acúmulo de argila iluvial retirada de A ou E. Apresenta mudança textural abrupta. Permeabilidade lenta ou muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas. Adensado com elevados teores de argila dispersa. Pode ser responsável pela retenção de lençol de água suspenso, de existência temporária. HORIZONTE GLEI: Geram o GLEISSOLO. Abaixo de A ou E. Apresenta cores neutras. Espessura de 15 cm ou mais. Presença de água estagnada. Redução do ferro e prevalência do estado reduzido. Trata-se de um horizonte fortemente influenciado pelo lençol freático e regime de umidade redutor. Livre de oxigênio dissolvido. B LATOSSÓLICO: Gera o LATOSSOLO. Horizonte logo abaixo do horizonte A. Encontra-se em avançado estágio de alteração. Intensa dessilicificação, lixiviação de bases. Presença de argilas do tipo 1:1 e minerais primários resistentes ao intemperismo. Acumulo residual de óxidos, sem acúmulo de argilas. Bastante espesso. PLÍNTICO: Gera o PLINTOSSOLO. Presença de plintita igual ou superior a 15%. Espessura de pelo menos 15 cm. Apresenta um arranjamento de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas, com ou sem cores amareladas ou brunadas. Mosqueados abundantes de cores avermelhadas. B NÍTICO: Gera o NITOSSOLO. A com mais de 35% de argila. Textura argilosa ou muito argilosa. Sem incremento de argila do horizonte A para B. Argila de baixa atividade. Superfícies reluzentes descritas como cerosidade. Apresentam transição gradual ou difusa entre os suborizontes. HORIZONTE H: Geram o ORGANOSSOLO. Essencialmente orgânico. Resultante da acumulação de resíduos vegetais, materiais depositados no solo sob condições de muita água. Horizonte H com espessura superior a 40 cm. Não tem B diagnóstico ou horizonte Glei, plíntico ou vertico logo abaixo de A: Geram o NEOSSOLO. Solos pouco evoluídos constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm. 2ª Prova 1) Tipos de reações de intemperismo químico Como visto anteriormente, o intemperismo químico ocorre por reações de hidrólise, oxidação/redução, dissolução e acidólise. Mas quais são os fatores que influenciam? Antes de falar sobre isso, vamos discutir sobre a distribuição dos tipos de reação pelo mundo. As zonas de alteração química, representadas pelas cores amarela e cinza, se caracterizam pela ausência da água líquida (ou elevada evaporação – zonas desérticas) ou sua presença em estado sólido inviabilizando o intemperismo químico. As áreas de alitização, representada pela cor vermelha, é marcada pela grande precipitação para que se tenha toda a lixiviação da sílica e das bases. Se encontram, principalmente, nas zonas de clima equatorial muito úmido, ou seja, baixas latitudes. Associação mineral de oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio (goethita e gibbsita). Pode-se correlacionar a presença das cangas com o fato da área ter se encontrado nas áreas equatoriais, por exemplo, se há canga na Rússia, quer dizer que no passado esse país esteve em área de clima equatorial. Em laranja no mapa esta destacada a zona de monossialitização. Portanto, percebe-se que tal área encontra-se em zonas de clima tropical úmido, com precipitação de média a alta e temperaturas superiores a 15°C. Em tal região ocorre a associação mineral de oxi-hidróxidos de ferro e argilominerais (goethita e caulinita). As zonas de bissialitização, marcas em verde no mapa, se encontram em regiões de clima temperado e árido, logo a alteração e a lixiviação são pouco intensas. Pode englobar o processo de acidólise parcial, gerando as argilas 2:1 (esmectita aluminosa). Por último, em amarelo claro temos a zona da acidólise total, que se forma nas zonas frias do globo terrestre, logo a matéria orgânica é degradada lentamente. A vegetação de tal local é marcada pela presença de líquens e coníferas. Gera solos podzólicos, ou seja, ricos em quartzo e matéria orgânica. Diante de todas as informações acima podemos responder à pergunta inicial: Quais são os fatores que controlam o intemperismo? 1) CLIMA: Precipitação + Temperatura determina o tipo e a velocidade do intemperismo numa região. Precipitação: quanto maior a disponibilidade de água e mais frequente for a sua renovação, mais complexas serão as reações químicas. Precipitação lixiviação drenagem. Temperatura: acelera as reações químicas e aumenta a evaporação. A cada 10°C a velocidade das reações químicas aumenta 2 a 3 vezes. Figura 1: Evidências da influência da PRECIPITAÇÃO, TEMPERATURA E VEGETAÇÃO no intemperismo. 2) ORGANISMOS: Influenciam de diferentes formas, sendo comum a penetração das raízes nas fendas da rocha, a presença de compostos húmicos, carcaças de animais, fazendo morada, a presença de micro-organismos, entre outras. Os organismos influenciam a qualidade da água de alteração, variando seu pH. Fornecem elementos minerais e protege o solo contra erosão. O homem também influencia, removendo a vegetação, revolvendo o horizonte A, adicionando corretivose fertilizantes. Exemplo: A minhoca faz buracos no solo e o aduba com seu esterco, além disso, abre caminhos para circulação de água, ar e raízes. 3) TEMPO: Não havendo erosão acelerada, os horizontes vão se espessando e se diferenciando. Portanto o tempo condiciona a evolução do solo (solos jovens são menos evoluídos). O start para a formação dos solos é a deposição do último sedimento ou quando a rocha é exposta pela erosão. Tem primeiramente a formação de um neossolo, raso. Tal solo evolui para um solo intermediário pouco desenvolvido, podendo ser chamado de cambissolo. A evolução do cambissolo, pode dar origem ao argissolo e esse se evolui para um solo bem desenvolvido, formado pela erosão, deposição e/ou bioturbação, gerando o latossolo. Portanto, a diferença do neossolo e do latossolo é o tempo de exposição e sua alteração. Segundo especialistas em gênese de solos, são necessários 1000 anos para formação de 1 cm de solo desenvolvido de granito. Os latossolos são os solos mais antigos na superfície terrestre, eles levam cerca de 5 milhões de anos para se formar. 4) RELEVO: Regula a velocidade do escoamento superficial. Relevos muito íngremes não geram solo pois a taxa de erosão é maior do que do intemperismo. A eliminação dos componentes solúveis depende da eficiência da infiltração. 5) ROCHA: Autóctones (residual) Alóctones (transportado) Solo Residual é um material derivado do intemperismo da rocha e que não foi transportado de seu local original, ou seja, a decomposição do material é “in situ”. São aqueles que foram erodidos da rocha- mãe, transportados e depositados em outro local. Os agentes de transportes podem ser o vento, a água, o gelo e a força da gravidade. Pode-se ter um solo alóctone sobre um autóctone. Quanto menos desenvolvido for o solo mais ele se parecerá com a rocha. Entretanto, o solo pode se desenvolver em materiais de origem diversa. 2) Como se dá a diferenciação do solo a partir da rocha mãe? Por definição o intemperismo age na interface entre a atmosfera e a litosfera e inclui os processos que levam a desagregação das rochas expostas na superfície da Terra. São originadas partículas minerais discretas (produtos residuais) presentes na rocha matriz, que permanecem mais ou menos inalteradas, ao lado de novos minerais formados por intemperismo, além de materiais em solução. Os novos minerais produzidos por intemperismo resultam das reações de silicatos, sulfetos ou óxidos com água, que é mais abundante nos ambientes de intemperismo que nos de formação das rochas. O pequeno aumento de alguns minerais durante o intemperismo é chamado de aumento relativo, pois é em comparação ao geral. Não quer dizer que foi inserido mineral no solo. Minerais Produtos residuais Minerais em solução Quartzo Grãos de quartzo SiO2 Feldspatos Argilominerais SiO2, K+, Na+, Ca²+ Hornblenda Argilominerais e “limonita” (hidróxido) SiO2, Ca²+, Mg+2 Olivina “Limonita” (hidróx.) e hematita SiO2, Mg+2 Tabela 1: Produtos de intemperismo resultante da transformação de alguns minerais comuns na Terra. Figura 2: Diagrama das diferenças de persistência com a profundidade, dos principais minerais componentes de um granodiorito. Pela figura acima percebemos que minerais são “consumidos” enquanto outros são “formados” durante a alteração. Algumas possíveis transformações são relatadas na tabela 1. 3) Série do intemperismo: É a série inversa à série de cristalização de Bowen (1922), uma vez que os últimos minerais a se cristalizar, quando em superfície, encontram-se mais próximos à condição de estabilidade. 4) Classificação dos solos: 1) Quanto a origem: Solos eluviais ou residuais: Materiais que não sofreram movimentação após sua formação. O limite entre o regolitio e a rocha mãe é transicional ou gradual, portanto, pode-se dizer que é um limite tênue (não é bem marcado). Quando derivado de rochas ígneas é chamada de ortoeluvião, de metamórficas, paraeluvião e de rochas sedimentares, eoeluvião. Pode ser um solo maduro, ou seja, bem evoluído ou jovem, quando guarda características da rocha mãe ou é pouco espesso. Solos coluviais ou transportados: Materiais que sofreram transporte e estão localizados nos sopés das vertentes. Pode se desenvolver sobre solos eluviais ou diretamente sobre a rocha. Colúvio-eluvial: O solo foi formado no local, mas começou a se movimentar, por isso não pode ser chamado de eluvial. Tal solo é formado pelo rastejo gravitacional de curta distância A divisão entre o solo eluvial e coluvial é feita por uma linha de pedra. Tal linha pode marcar uma fase úmida (drenagem) ou uma fase muito árida que gera uma desagregação da rocha (intemperismo físico sobrepondo o químico). O talus se diferencia dos colúvios pela presença de blocos de rocha. Tal depósito apresenta alta porosidade e baixa estabilidade. É formado próximo a rocha mãe que se encontra muito fraturada. Quando se diz que um solo é transportado, quer dizer que ele foi formado a partir da erosão, transporte e deposição de solos pré-existentes. Solos aluviais (também são transportados): Material erodido, retrabalhado e transportados pelo curso d’água e depositado nos leitos e margens dos rios e lagos. São ruins para fundação uma vez que são incoesos, com muitos clastos e drenantes. Mas são importantes fontes de material de construção. Solos Eólicos: Transportados pelo vento. Solos orgânicos: Originados da decomposição e posterior apodrecimento de matérias orgânicas, sejam estas de natureza vegetal (plantas, raízes) ou animal. 2) Classificação Taxonômica: Define grupos de elementos da natureza com base em características comuns, e dá nome a esses grupos. Vários grupos podem ser agregados, de forma a constituir um grupo de maior hierarquia. Os grupos criados são referidos como táxon. Vantagens: Organizar os conhecimentos científicos acumulados. Estudar, entender e comunicar melhor suas descobertas. Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série. Muitas vezes apenas a classificação em ordem e subordem é suficiente, uma vez que as outras classificações ficam muito específicas, exigindo até mesmo análises químicas. Os solos transicionam verticalmente e lateralmente. Dificuldade de descrição, identificação e distinção (agravantes: solos / sedimentos transportados, necessidade de cavar quando não há corte natural (drenagem) /artificial (estrada)). Limites arbitrários e diferenciações locais são definidas. Ao contrário dos seres vivos, aparecem vários sistemas taxonômicos diferentes ao redor do globo. “Numa sucessão vertical, uma passagem gradual entre duas fácies sugere que as mesmas estejam associadas, tendo sido geradas em ambientes deposicionais lateralmente contínuos. ” No campo deve-se trabalhar com a descrição/interpretação de um perfil modal e Pedon. Figura 3: Deve-se evitar zonas de inclusão. Um “atributo diferencial” deve ser operacionalmente identificado (campo): Cor do horizonte B: De fácil identificação em campo com o auxílio da tabela de cores – carta de Munsell. E sugere o tipo e/ou a quantidade de óxidos, que permite inferir as condições sob as quais se deram os processos pedogenéticos. 3) Classificação Natural X Classificação Técnica: As primeiras classificações surgiram no século XIX e priorizavam somente um fator de formação do solo (relevo, rocha-mãe, clima ou vegetação). As primeirasclassificações hierarquizadas consideravam 3 taxa no nível mais elevado e dependiam muito da experiência de quem classificava uma vez que não existiam parâmetros mensuráveis. Zonal: Bem desenvolvido (clima + organismos). Solos maduros contendo os 3 horizontes (A, B e C). Condições de boa drenagem. Tempo de exposição longo. Intrazonal: Influência maior do relevo e material de origem. Excesso de umidade e salinidade. Azonal: Sem horizontes bem definidos. Jovens/imaturos ou associados a materiais ou relevos que impediram o seu desenvolvimento (A-C ou A-R). Não possuem nenhuma subordem. Sistemas Modernos de Classificação: Surgiu no século XX, com levantamentos pedológicos em vários países. Os sistemas em destaque são dos EUA, Brasil, França e Austrália. Há também o sistema da FAO/Unesco que são de abrangência e aceitação mundial. Tal sistema tem como base os horizontes diagnósticos, sendo que pode exigir análises químicas para refinamento pós-campo. Eles possuem maior objetividade na descrição. 4) Classificação Norte-Americana: Tal classificação teve como motivação a falta de critérios claros para a definição dos solos da classificação de 1949 e recebeu o nome de Soil Taxonomy, 1975. Após os estudos passou de 6 categorias para 12 e surgiu o conceito de horizonte diagnóstico. A ausência/presença dos horizontes diagnósticos define 12 ordens de solo. A nomenclatura é derivada do grego e do latim para que houvesse reconhecimento mundial. Solo (ordens) Resumo das características Gelisols De climas frígidos, com camada permanentemente congelada (permafrost a uma profundidade de até 2m). Histosols Compostos essencialmente de materiais orgânicos (pelo menos 20-30% de matéria orgânica) em mais de 40 cm de espessura. Spodosols Com húmus ácido, horizonte E acinzentado e horizonte B com acúmulo iluvial de óxidos de ferro e/ou matéria orgânica. Andisols Solos pouco desenvolvidos, formados em depósitos de cinzas vulcânicas e outros materiais piroclásticos. Oxisols Solos bem desenvolvidos, com argila de atividade baixa (horizonte B com acúmulo residual de óxidos de ferro e de alumínio) Vertisols Solos ricos em argila de alta atividade que se expandem e contraem periodicamente formando fendas até 50 cm de profundidade. Aridisols Secos por mais de 6 meses do ano com mínimo de desenvolvimento de horizonte A mas com acúmulo de algum material no horizonte subsuperficial (carbonatos, etc) Ultisols Solos com horizonte B de acúmulo de argila iluvial e com baixos teores de bases trocáveis. Molisols Com horizonte A espesso, escuro e com alto teor de cátions básicos trocáveis (principalmente cálcio). Altisols Solos com horizonte B de acúmulo de argila iluvial e com altos teores de bases trocáveis. Inceptisols Solos exibindo um mínimo de desenvolvimento de horizontes em materiais fracamente intemperizados. Entisols Solos de origem recente, mais comumente sem horizontes pedogenéticos, exceto delgado horizonte A. Tabela 2: As 12 ordens do atual sistema de classificação dos EUA. Categoria Número de táxons Natureza das características de diferenciação Ordem 12 Processos de formação do solo como indicativos de horizontes diagnósticos, atributos mineralógicos e condições extremas de regimes de temperatura e umidade. Subordem 61 Subdivisões das ordens de acordo a presença ou a ausência das propriedades associadas com regimes hídricos do solo e tipos de horizontes diagnósticos. Grande Grupo 316 Subdivisão das subordens de acordo com o grau da expressão do horizonte diagnóstico (tipo de semelhança, arranjo, saturação por bases, presença ou ausência de atributos diagnósticos). Subgrupo 2484 Atributos que indicam transição (“intergrades”) para táxons de outras ordens, subordens e grandes grupos ou para materiais que não são solos. Família Regimes de temperatura dos solos, textura e mineralogia da seção de controle dos pedons, propriedades importantes para o crescimento das raízes das plantas. Série 23000 (nos EUA) Qualquer atributo do solo que pode ser consistentemente identificado ou não identificado como critério de uma classe de categoria superior. Tabela 3: Resumo das principais características diferenciais das seis categorias da Classificação dos EUA. Figura 4: Hierarquia do Sistema Americano de Classificação de Solos. Aquic Acrudox, clay 1 – Oxisol (ox: elemento formativo da ordem) 2 – Udox: ud (regime hídrico údico – úmido por até 90 dias no ano) (Subordem) 3 – Acrudox: acr (caráter ácrico – argilas pouco reativas) (grande grupo) 4 – Aquic: características intermediárias para aquiox (menos úmido) (subgrupo) 5 – Clay: textura argilosa. A subordem Udept refere-se ao Inceptisol (ept de Inceptisol), com regime hídrico údico (ud de údico). O agrupamento ud de udico + ept de Inceptisol resulta em Udept. O uso de prefixos e sufixos gregos ou latinos é uma característica única da Soil Taxonomy. Essa classificação possui subdivisões complicadas, baseadas no regime de umidade do solo, por exemplo. E são de difícil compreensão e leitura. No sistema americano, a ordem dos Oxisols na sua grande maioria correlaciona-se com os Latossolos do sistema brasileiro, os Ultisols com os Argissolos de baixo potencial nutricional, os Alfisols com os Argissolos de alto potencial nutricional, os Inceptisols com os Cambissolos, os Entisols com os Neossolos, os Mollisols com os Chernossolos, os Spodosols com os Espodossolos, os Vertisols com os Vertissolos e os Histosols com os Organossolos. No Brasil ocorrem as ordens dos Oxisols, Ultisols, Alfisols, Inceptisols, Entisols, Mollisols, Spodosols, Vertisols e Histosols. 5) Classificação da FAO/Unesco: A Sociedade Internacional de Ciência do Solo, em 1960, recomendou a publicação da legenda do mapa de solos do Mundo na escala 1 : 5.000.000, para representar os solos do globo terrestre como referencial. Em 1969 foi publicado o primeiro mapa de solos do Mundo com aproximações ao longo do tempo, em 1994 foi publicada com a legenda revisada, e 1998 como World Reference Base (WRB). Houve uma manutenção de alguns nomes históricos, em respeito às sensibilidades nacionais, por exemplo, o nome podzol é de origem russa, uma vez que foi descrito lá pela primeira vez (pod = sob + zol = cinza), ferralsol, de origem francesa (ferrugineux = ferruginoso) e andosol, é de origem japonesa e significa solo escuro. Essa classificação lança mão de horizontes diagnósticos e ao contrário da Soil Taxonomy as propriedades de campo são mais importantes do que as análises laboratoriais, uma vez que não são todos os países que possuem condições para investir na análise e estudo dos solos. Foram propostos 2 níveis categóricos: o primeiro composto por 32 grupos de referência básica (processos pedogenéticos = feições morfológicas especiais). O segundo são as subdivisões, composta por sufixos e prefixos referentes a processos secundários. Os regimes hídricos e térmicos dos solos não são especificados. Figura 5: Hierarquia da legenda dos solos da FAO (1994). Tal classificação é utilizada para demonstrar os potenciais produtivos e os problemas que os solos possuem ao redor do planeta. 6) Classificação Brasileira: Os conceitos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da EMBRAPA foram baseados não só no sistema de classificação de solos de BALDWING, KELLOG & THORP de 1938, modificado por THORP em 1949, como também no sistema de classificação da FAO. Em 1999, a EMBRAPA publicou a primeira edição, depois revisada e ampliada em 2006. Nome popular Rocha de Origem Salmorão Granitos e gnaisses pegmatíticosMassapé Gnaisses e xistos Terra arenosa branca Arenitos Terra arenosa catanduva Arenitos Terra roxa de campo Basaltos e arenitos (solo de baixa fertilidade) Terra roxa misturada Basaltos e arenitos (solo de média fertilidade) Terra roxa legítima Basaltos e diabásios (solo de alta fertilidade) A classificação dos solos do sistema brasileiro, até o presente, contempla os níveis de ordem, subordem, grande grupo e subgrupo. Figura 6: Hierarquia do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos. 13 Ordens Características Argissolos Horizonte B com acúmulo de argila (antigo podzólico). Cambissolos Cambiar, horizonte B incipiente. Latossolo Latossol; horizonte B latossólico. Nitossolo Nítido (agregados com fases nítidas). Planossolo Plânico; horizonte B plânico. Plintossolo Plintita; horizonte plíntico. Luvissolo Saturado por bases; acúmulo de argilas. Chernossolo Chernozêmico; escuro, rico em bases. Espodossolo Spodos; horizonte B espódico. Vertissolo Vértico; horizonte vertico. Neossolo Novo; pouco desenvolvido. Gleissolo Glei; horizonte glei. Organossolo Orgânico; horizontes H ou O hísticos. Tabela 4: Nomenclatura das classes em nível de ordem, elementos formativos e respectivos significados. A classificação depende da identificação de horizontes diagnósticos: Horizontes diagnósticos superficiais Hístico Essencialmente orgânico, com até 40 cm de espessura. A chernozêmico Mineral superficial muito espesso (mais de 25 cm), escuro e rico em húmus e cálcio. A proeminente Mineral superficial, também escuro e espesso (de 25 a 75 cm), com baixos teores de cálcio. A húmico Semelhante ao A proeminente, porém mais espesso (mais de 75 cm). A antrópico Muito modificado pelo uso contínuo do solo pelo homem. Horizontes diagnósticos subsuperficiais B textural Essencialmente orgânico, com até 40 cm de espessura. B plânico Tipo essencial de B textural adensado com mudança textural abrupta. B nítico Sem aumento de argila e com estrutura em blocos e com nítidas superfícies brilhantes. B latossólico Muito intemperizado com acúmulo residual de óxidos e sem aumento de argila. B incipiente Pouco desenvolvido e/ou parcialmente intemperizado. B espódico Com acúmulo iluvial de húmus e/ou ferro e alumínio. Vértico Horizonte (B ou C) com rachaduras e superfícies de fricção, típicas de argilas expansivas. Plíntico Com mais de 50% de plintita (ou “laterita” não endurecida). Concrecionado Com mais de 50% de petroplintita (ou “laterita” endurecida) na forma de concreções. Lintoplíntico Com mais de 50% de petroplintita consolidada (ou “laterita” endurecida) e cimentada. Glei Acinzentado fortemente influenciado pelo excesso de água. Plânico Tipo especial de horizonte Bt, adensado e com mudança textural abrupta. Subordens: Considera-se atributos que remetem aos processos pedogenéticos. Incluem características diferenciais (cor do horizonte B, constituição do horizonte C – quando B for ausente, etc.). 1) Tomando por exemplo um Neossolo (Ordem). Opções de Subordem: 1–Litólico (A sobre R), 2–Flúvico (A sobre C de origem fluvial), 3–Regolítico (A sobre C de origem litológica), 4–Quartzarênico (A sobre C de areias de quartzo) 2) Agora, um Latossolo (ordem). Opções de Subordem: 1–Bruno (B amarelo-azulado/brunado), 2–Amarelo (B amarelo) 3–Vermelho (B vermelho) 4–Vermelho-Amarelo (B alaranjado) Grande grupo: Consideram-se tipo, arranjo e grau de expressão dos horizontes. Ênfase na atividade da argila e saturação em bases ou alumínio ou sódio ou sais. 1) Neossolo Flúvico Sódico (alta saturação em sódio). 2) LatossoloVermelho... Eutroférrico (alto teor de ferro e alta saturação em bases). Subgrupo: Consideram-se características extraordinárias (antripogênicas) ou então se o solo representa o conceito central da classe: 1) Neossolo Flúvico Sódico Típico ou Vértico (quando também tiver algo de vertissolo) ou 2) Latossolo Vermelho Eutroférrico Câmbico (algo intermediário entre os latossolos e os cambissolos). Famílias e Séries: Propriedades físicas, químicas e mineralógicas. Condições ambientais não contempladas nas classes anteriores (ultradetalhe). 7) Comparativo entre Classificações: Não existe um sistema de classificação melhor do que o outro, cada um tem suas características próprias, o quadro abaixo mostra as diferenças dos sistemas brasileiro, americano e internacional. Muitos afirmam que o Sistema Americano é melhor do que o Brasileiro, mas na prática como enquadrar os solos brasileiros no nível de subordem que exige dados precisos dos regimes hídricos? Somente os Estados Unidos e não o Brasil dispõe desses dados de regime de umidade no solo. Existem grandes diferenças nos enfoques dos sistemas de classificação dos solos do Brasil (SiBCS, 2006), dos Estados Unidos (SOIL TAXONOMY, 1999) e Internacional (WRB, 1998). Critérios SiBCS Soil Taxonomy Sistema Internacional Hierarquia Descendente (ordem em direção à série) Ascendente (série em direção à ordem) Descendente (de ordem para subordem) Ordem Presença ou ausência de horizontes diagnósticos Presença ou ausência de horizontes diagnósticos Diferenciados com base nos processos pedogenéticos Nº de classes no 1º nível 13 12 12 Subordem Atuação dos processos pedogenéticos Tipos de regime hídrico e de horizontes diagnósticos Prefixos e sufixos relacionados com o manejo Grande grupo Condições químicas pedológicas: tipo e arranjo dos horizontes sub superficiais Condições químicas pedológicas, ocorrência ou não de horizontes diagnósticos Não contempla Subgrupo Solos típicos ou intermediários Solos típicos ou intermediários Não contempla Família Não contempla Textura, mineralogia e temperatura Não contempla Série Não contempla Solo pedogeneticamente idênticos Não contempla Tabela 5: Principais diferenças entre os sistemas de classificação dos solos. Tabela 6: Comparação da classificação dos solos no primeiro nível de hierarquia. 8) Laterização: Em 1807, Buchanan descreveu sobre materiais encontrados pela primeira vez na região de Malabar na Índia, que seria um depósito de laterita. Esse material, à medida que ficava exposto ao ar, mais coeso ficava parecendo um tijolo, que também era usado nas construções. Esse depósito de laterita de ferro foi desenvolvido através de gnaisses (gnaisse exposto e intemperizado por muito tempo). Em 1921, Belthier descreve um material semelhante na França, desta vez enriquecido em alumínio, ao qual deu o nome de Bauxita. Existem diferentes termos para denominar a laterita no mundo (canga, ferricrete, laterite, plinthite, etc). Obs.: canga é uma denominação somente para laterita de ferro. O que são? São materiais incoesos ou compactos resultantes da ação de intenso intemperismo químico sob condições tropicais (tem que haver muita água). Presentes em grandes quantidades nas lateritas: Fe, Al, Ti, Mn, Caulinita, Fosfato. Presentes em quantidades mínimas nas lateritas: K, Si, Mg Obs.: A extração de ferro da laterita não é viável devido à contaminação com o fosfato. A laterização ocorre em regiões de clima tropical úmido, para que haja maior disponibilidade de água e em altos topográficos. Portanto, não há formação de canga em baixos topográficos, mesmo que tenha formação ferrífera. Lembrando que na parte mais alta ocorre a alitização, formando bauxita, e nas partes seguintes formam as lateritas ferruginosas. Laterização é então um conjunto de complexas reações químicas, mineralógicas e bioquímicas interligadas,agindo sobre rochas expostas na superfície terrestre. As reações são provocadas pelo contato das rochas com o ambiente de clima tropical úmido e finalizado com clima mais seco, que ao longo do tempo geológico transformam as rochas em lateritos. Portanto, a Laterização é um processo geológico estritamente dependente de climas específicos, sendo suas rochas importantes registros paleogeográficos, paleoclimáticos e paleobotânicos. A Laterização é formada por: 1) Acumulação relativa: preservação dos minerais primários e sua conservação no perfil devido à perda de matéria. Ex.: Concentração de apatita, cromita e cassiterita. 2) Acumulação absoluta: destruição do material primário e formação de minerais secundários mais ricos que os primários no elemento de interesse. Ex.: Feldspato → bauxita. Elementos de baixa solubilidade: depósito de Al e Ti → gibbsita e anatásio Migração de elementos mais solúveis para áreas onde há condições propícias para precipitação em fase secundária. Depósitos de níquel e manganês → garnierita e pirolusita Perfil laterítico por acumulação relativa: Processo pedogenético atuante em climas tropicais, onde uma profunda lixiviação (intemperismo químico) leva o solo a se enriquecer em óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio. Nível Freático: O processo de Laterização tem relação direta com o nível freático flutuante. A zona vadosa é a região onde o solo fica saturado em água na estação chuvosa até o nível onde não fica saturada na estação seca. Portanto, para ocorrer Laterização precisa-se de um clima tropical com estações bem marcadas. A linha do nível freático passa pela zona mosqueada, que define o tanto que ele sobre e o tanto que ele desce. O nível acima da zona mosqueada, que é a crosta laterítica não sofre mais influência do nível freático. Na zona mosqueada, devido à presença de água, temos a oxidação/redução do ferro. Oscilação do nível freático: Alta precipitação → Ambiente saturado → Se torna um ambiente redutor → tem-se o íon Fe2+ que se encontra em solução e pode ser mobilizado → Formam os mosqueamentos (Fe2+ que se juntou formando hematita) → Baixa precipitação → Nível freático abaixa → Ambiente se torna oxidante → Fe2+ em contato com ooxigênio se torna Fe3+ → o íon Fe3+ é imóvel → Formam-se as concreções ferruginosas. Todo esse processo também ocorre lateralmente (processo de acumulação absoluta, onde explica a migração do Fe, fazendo com que ocorra canga mesmo em terrenos de litologia sem presença de Fe). Zona mosqueada: Na zona mosqueada não há texturas ou estruturas herdadas da rocha mãe, e há um colapso do volume. A parte branca corresponde ao quartzo e a caulinita, a amarela corresponde ao hidróxido de ferro e a parte vermelha corresponde ao óxido de ferro (hematita). Depósitos de Bauxita: Caulinita → Gibbsita Ocorrem em condições oxidantes/redutoras, onde os cátions básicos (Ca2+, Mg2+ e K) são facilmente lixiviados. O Fe2+ é oxidado e substituído pelo alumínio que sai das extremidades da grade cristalina das argilas, podendo, então, ocorrer a formação do hidróxido de alumínio. Em meio úmido e permanentemente percolado → Latossolo Gibbsítico – Caulinítico friáveis Em meio úmido, saturado ou não, onde há oscilação do nível freático → Mosqueamento e concreções ferruginosas Em meio úmido com alternância de condições de umidade → carapaças endurecidas As lateritas podem ser classificadas baseadas na sua composição química, principalmente em relação ao conteúdo de Fe e Al, percentagem de óxidos e hidróxidos de Fe e Al , composição química e/ou mineralógica e aspectos físicos- morfológicos. Distribuição na paisagem: Os depósitos leteríticos são importantes pois “sustentam” a paisagem devido à sua grande resistência mecânica, protegendo a paisagem contra a erosão, causando, por vezes, inversão de relevo. Lembrando que as lateritas não se desenvolvem na parte mais alta do relevo. O que vemos hoje nas partes elevadas teriam sido formadas nas vertentes próximas aos vales. Houve erosão das partes mais elevadas, sendo que as áreas mais baixas lateritizadas são resistentes ao processo erosivo e se sobressaem na topografia. Fatores que influenciam a formação de lateritas: 1) Fator litológico Diferentes rochas formam diferentes lateritas 2) Fator climático Alta pluviosidade e temperatura, sendo encontradas nas zonas tropicais 3) Fator morfológico Relevo que permite boa drenagem, sem erosão e tectonicamente estável.
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