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PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO

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PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO
INICIATIVA 
• Base Constitucional: art. 84, XXIII da CF/88; art. 61, § 1, II, b ; art. 85,VI; art. 166 § 6º
- São de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, leis que envolvam matéria orçamentária. Esta iniciativa é privativa e indelegável;
- No Brasil, diz-se que a iniciativa é de iniciativa vinculada, vez que, embora a competência pela iniciativa seja do titular do Poder Executivo, o mesmo está obrigado ao prazo determinado em legislação;
- Todas as leis de elaboração do PPA, LDO e LOA são ordinárias de iniciativa do Chefe do Poder Executivo;
A omissão(não exercer a iniciativa ou deixar de cumprir o prazo determinado pela CF, CE e LOM) do chefe do executivo constitui crime de responsabilidade CF/88, art. 85, VI);
PRAZOS
Caberá a uma lei complementar dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA, da LDO e da LOA(art. 165, § 9º, I da CF/88). Lei complementar ainda não foi editada. Assim, a União, os Estados e os Municípios que não estabeleceram prazos específicos continuam seguindo o disposto no art. 35,§ 2º, do ADCT da CF/88, que determina os prazos na tabela seguinte:
	
Projeto de lei
	Envio: Chefe do PE ao PL
	Devolução: do PL ao PE(para sanção ou veto)
	
BASE LEGAL
	
	Parâmetro para envio:
término do exercício 
financeiro.
	Parâmetro para devolução: 
término da sessão legislativa 
ou período legislativo.
	
	PPA
	4 meses antes do 
encerramento do primeiro
exercício financeiro do 
1º mandato do chefe do PE(31 de agosto)
	Até o término do segundo 
período da sessão legislativa (22 de dezembro), do exercício em que for encaminhado.
	Art. 35, § 2º, do 
ADCT.
	LDO
	8 meses e ½ antes do 
encerramento do exercício 
financeiro(15 de abril)
	Até o encerramento do 
primeiro período da sessão 
legislativa (17 de julho)
	Art. 35, § 2º, do 
ADCT
	LOA
	4 meses antes do 
encerramento do exercício 
financeiro(31 de agosto)
	Até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro), do exercício em que for encaminhado
	Art. 35, § 2º, do 
ADCT.
Obs1: os prazos assinalados na tabela supra dizem respeito à União, prevalecendo para Estados, DF e Municípios o que estiver disposto nas suas respectivas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas. Isto, até que a Lei complementar referida no art. 165, § 9º, I e II, da CF/88 esteja em vigor.
Obs2: A Sessão Legislativa Ordinária no âmbito federal está regulamentada pelo art. 57 da CF/88, que estabelece:
“Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)”. 
Cuidado com essa mudança!!!
O ADCT refere-se ao “encerramento do 1º período da sessão legislativa” e “encerramento da sessão legislativa”, não estabelecendo datas. Com a Emenda nº 50/2006, as datas foram alteradas!!!!!!
Ainda, o § 2º do mesmo artigo versa: 
“§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.”
Com base no parágrafo do artigo supra disposto, pode-se inferir que uma das situações que impede o início do recesso parlamentar em 18 de julho é a não aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa.
1º) E se o chefe do Poder Executivo não encaminhar a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios?
O art. 32 da Lei nº4.320/64
 “Se não receber a proposta no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.”
2º) E se o Poder Legislativo não devolver o projeto de lei aprovado para sanção do Chefe do Poder Executivo até o dia 31 de dezembro?
Apesar de não previsto em legislação, entende a doutrina que caberá, por princípio da simetria, a promulgação por parte do Poder Executivo, tal como o enviou ao Legislativo, ignorando eventuais emendas aprovadas ou em discussão(Sérgio Jund citando Kiyoshi Harada)
Outro entendimento: Valdecir Pascoal entende que, de forma diversa, na falta de uma regra permanente que regule essa situação excepcional, tanto na União como em alguns estados, a LDO vem tratando dessa questão, estabelecendo que o Executivo fica autorizado a gastar determinada proporção(X/12) da proposta que ainda está tramitando (duodécimo)
Com base na LDO, o Poder Executivo elabora a proposta orçamentária para o ano seguinte, com a participação dos Ministérios (órgãos setoriais) e das unidades orçamentárias dos Poderes Legislativo e Judiciário. Por determinação constitucional, conforme visto no quadro anterior (art. 35, § 2º, inciso III do ADCT), o governo é obrigado a encaminhar o projeto de lei do orçamento ao Congresso Nacional até quatro meses antes do encerramento da sessão legislativa e, consequentemente, do exercício financeiro, o que corresponde a 31 de agosto.
Acompanha a proposta uma mensagem do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a situação econômica do país e suas perspectivas. 
- A Constituição determina que a Proposta Orçamentária deve ser votada e aprovada até o final da sessão legislativa, atualmente encerrando a 22 de dezembro. Depois de votada no Legislativo, a proposta segue para o Executivo, que dispõe de 15 dias para sancionar ou vetar. Sancionada, entra em vigor a partir de sua publicação até o encerramento do exercício financeiro seguinte ao de sua elaboração. 
VETO
Entretanto, se o Executivo resolver vetar esta proposta, devolverá para o legislativo que dispõe, inicialmente de 30 dias para uma análise prévia do veto executivo, podendo restituí-la neste prazo ou posteriormente.
Durante a discussão desta proposta no exercício subseqüente de sua geração, a cada mês será executado 1/12 da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO anteriormente aprovada, enquanto não houver Lei Orçamentária Anual legalmente válida.
Quando do retorno da Proposta da LOA, o Executivo deverá se manifestar em 48 horas. Se não houver nenhuma manifestação de vontade, neste período, ocorrerá a sanção tácita desta, ou seja, a LOA entrará automaticamente em vigor após este prazo.
Se houver, entretanto, reação contrária, ou melhor o segundo veto por parte do Executivo, este devolverá a Proposta ao Legislativo, onde deverá ser sancionada pelo Presidente do Senado, e em sua ausência, pelo VicePresidente do Senado.
Apreciação(Discussão) pelo Poder Legislativo
O Processo Legislativo Orçamentário é um processo especial, pois a CF estabelece, em regra, uma apreciação conjunta da matéria, sendo apreciado pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum (art. 166 da CF/88), que corresponde ao Regimento do Congresso Nacional. 
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.
        § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
        I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
        II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58
Essa fase do processo, portanto, consiste na etapa destinada ao debate em plenário, conhecida, também, por fase de discussão, sendo subdvidida nas seguintes etapas: 
-proposição de emendas,
- voto do relator, 
- redação final e 
-votação em plenário. 
 apreciação e votação dos projetos (PPA, LDO e LOA) e das leis referentes a créditos adicionais cabe ao Poder Legislativo em suas respectivasesferas;
 a apreciação dos projetos de leis orçamentárias (PPA, LDO, LOA) e dos projetos relativos a créditos adicionais (suplementares e especiais) é conjunta, feita pelas duas Casas do Congresso Nacional(Câmara e Senado);
 a apreciação obedecerá às regras do regimento comum;
 ATENÇÃO!!!! embora a sessão de apreciação(discussão e votação) seja CONJUNTA, a apuração dos votos, SEMPRE, dar-se-á separadamente(art. 43 do Regimento do Congresso Nacional)
 A não-obtenção de maioria simples em, pelo menos, uma das Casas, importará na rejeição da matéria.
 a apreciação das leis orçamentárias pelo Poder Legislativo é indelegável, vez que essa matéria não pode ser objeto de lei delegada(art. 68, § 1º, III da CF);
EMENDAS
Base Constitucional: art. 166, § 2º, §3º, §4 º, 
As emendas devem ser apresentadas à Comissão Mista Permanente de Deputados e Senadores, que sobre elas emitirá um parecer, e, apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional (conjuntamente).
A Comissão Mista deverá emitir parecer sobre as emendas antes de serem apreciadas pelo plenário.
Ficará a cargo da Comissão Mista a redação final do projeto de lei.
-PPA: não pode sofrer emenda que visem majoração de despesas.
 § 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
        I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
        II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:
        a) dotações para pessoal e seus encargos;
        b) serviço da dívida;
        c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou
        III - sejam relacionadas:
        a) com a correção de erros ou omissões; ou
        b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
        § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.
        § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
APLICAÇÃO DO PROCESSO LEGISLATIVO COMUM
O processo legislativo orçamentário é considerado um processo legislativo especial; no entanto, atendidas as regras ou os preceitos especiais, aplicam-se aos projetos que tratam de matéria orçamentária, no que não contrariar o disposto no processo legislativo especial (art. 166 da CF/88), as demais normas relativas ao processo legislativo comum(art. 66 da CF – sanção, promulgação, veto, informação das razões de veto etc.).
SANÇÃO
Uma vez aprovado no Legislativo, será necessária a aquiescência do titular do Poder Executivo ao projeto de lei aprovado. Assim, o titular do Poder Executivo somente sancionará o projeto se estiver de acordo com o mesmo, conforme determina o art. 66 da CF/88: ”a Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará”.
VETO
Caso não esteja de acordo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo, poderá veta-lo total ou parcialmente, conforme art. 66 da CF/88.
PROMULGAÇÃO
Consiste no atestado de validade da existência da lei. É, portanto, um ato declaratório, demonstra que a lei é executável, ou seja, quando o titular do Poder Executivo aquiesce com o projeto de lei, também o está promulgando, pois o ato de sancionar já imprime caráter de executoriedade à lei, restando, no entanto, para que possa ter eficácia e se tornar obrigatória, o ato de publicação.
PUBLICAÇÃO 
Apesar de acabada, a lei, para se tornar executável e obrigatória, necessita de publicação no órgão de imprensa oficial da esfera governamental (Diário Oficial). A publicação consiste no atestado de conhecimento de que uma lei nova está em vigor. Ao contrário da promulgação, que revela a executoriedade de uma lei, a publicação impõe a sua obrigatoriedade, pois, com a promulgação, a lei existia, mas não obrigava o seu cumprimento; após a sua publicação, ela se torna obrigatória, não podendo ser alegado o seu desconhecimento. 
CONCEITOS IMPORTANTES!!!!
(1) Crédito orçamentário: autorização da própria lei orçamentária ou de crédito adicional expressa nos programas de trabalho. Corresponde à dotação prevista na lei de orçamento.
 Exemplo: Recuperação da pavimentação das rodovias federais
 
(2) Crédito Adicional: a dotação prevista nas leis sucessivas ao orçamento, cuja finalidade é atender a despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
(3) Dotação orçamentária: o montante (limite) da autorização dada na lei orçamentária para gastos, ou seja, o valor que pode ser gasto em um crédito.
(4) Unidade orçamentária (UO): aquela contemplada com dotação diretamente na lei orçamentária.
(5) Unidade administrativa (UA): aquela que recebe autorização por descentralização de uma UO ou outra UA.
(6) Unidades Executoras (UE): são aquelas que efetivamente realizam o gasto, ou seja, executam a despesa orçamentária.
(7) SOF/MPOG (Secretaria de Orçamento Federal): corresponde ao órgão central do sistema de orçamento, vinculado ao Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão.
(8) Descentralização Orçamentária: movimentação da autorização de despesa da unidade orçamentária para a unidade administrativa. Pode ser Provisão (se interna) ou Destaque (se externa)
(9) Provisão ou descentralização interna de créditos: quando envolve unidades gestoras de um mesmo órgão, ministério ou entidade integrante dos orçamentos fiscal e da seguridade social.
(10) Destaque ou descentralização externa de créditos: quando envolve unidades gestoras de órgãos, ministériosou entidades de estruturas administrativas diferentes (de um órgão para outro) 
(11) Descentralização Financeira: movimentação de recursos financeiros do órgão arrecadador (Ministério da Fazenda, na União, Secretarias da Fazenda ou de Finanças, nos Estados e Municípios) aos demais órgãos na estrutura organizacional do mesmo ente da federação (intra-governamental). Na linguagem contábil, podem ser de dois tipos (Repasse e Sub-Repasse).
(12) Cota: é a primeira fase da descentralização das disponibilidades financeiras, consiste na transferência do órgão central de programação financeira para os órgãos setoriais do sistema. Essa movimentação está condicionada, entre outras coisas, à efetiva arrecadação de recursos financeiros pelo Tesouro Nacional e ao montante de compromissos financeiros assumidos pelos órgãos.
(13) Repasse: importância financeira que a unidade orçamentária transfere a outro Ministério (ou Secretaria de Estado ou de Município) ou órgão. É a descentralização das disponibilidades financeiras vinculadas ao orçamento, recebidas anteriormente sob a forma de cota da STN/MF, sendo de competência dos órgãos setoriais de programação financeira, que as transfere para outro órgão ou ministério.
(14) Sub-Repasse: importância financeira que a unidade orçamentária transfere a outra unidade orçamentária ou administrativa do mesmo Ministério (ou Secretaria de Estado o Município) ou órgão. Corresponde à descentralização de disponibilidades financeiras vinculadas ao orçamento, realizada pelos órgãos setoriais de programação financeira, para unidade orçamentária (UO) ou unidade administrativa (UA) a eles vinculadas, ou seja, que faça parte da sua própria estrutura.

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