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PE André Santos Furtado de Mendonça

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DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
JORNALISMO
ANDRÉ SANTOS FURTADO DE MENDONÇA
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS JOGADORES DE FUTEBOL SEM PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA EVENTUAIS FRACASSOS NA PROFISSÃO
Rio de Janeiro
2016
�
ANDRÉ SANTOS FURTADO DE MENDONÇA
Matrícula: 1310361
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS JOGADORES DE FUTEBOL SEM PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA EVENTUAIS FRACASSOS NA PROFISSÃO
Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, sob a orientação da Professora Sandra Korman.
AGRADECIMENTOS:
Agradeço à Sandra Korman, minha orientadora nesse projeto, ao professor e amigo Luiz Léo, que sempre me incentivou nesse trabalho, à Clarisse Fukelman, minha professora de Metodologia da Pesquisa, e aos meus pais, Ciro e Lucy, que sempre me oferecem o melhor, me concedem ensinamentos diários e se sacrificaram para que eu tivesse uma boa formação profissional e pessoal.
DEDICATÓRIA:
Aos meus familiares por estarem comigo em todos os momentos e sempre me apoiarem, e aos meus amigos, por todas as alegrias compartilhadas.
RESUMO:
O presente trabalho analisa o processo de formação dos jogadores de futebol no Brasil, com foco nos atletas que fracassam nessa concorrida profissão, partindo da ideia de que a maioria dos clubes não se preocupa com a formação pessoal do jogador, mas tão somente com o aprimoramento da técnica do esporte, tratando-os como mercadoria. Dessa forma, o jovem não é preparado para o fracasso e costuma ter dificuldades na hora de seguir um novo rumo caso não tenha êxito no futebol. A partir de exemplos, pesquisas e entrevistas, veremos que os atletas encontram grandes dificuldades para conciliar os estudos com a prática esportiva e, consequentemente, têm no futebol a única alternativa de sucesso profissional.
Palavras-chave: futebol; estudo; formação; profissão; fracasso; 
SUMÁRIO
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS. 7
2 – PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL E PRCESSO DE RECRUTAMENTO. 9
3 – A INTERNACIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL E O JOGADOR VISTO COMO MERCADORIA. 12
4 – INICIATIVAS LOUVÁVEIS 15
– O CASO DO COLÉGIO VASCO DA GAMA 15
– SINERGIA ENTRE ESPORTE E EDUCAÇÃO NAS FACULDADES DOS ESTADOS UNIDOS. 19
– CASOS DE SUCESSOS. 27
6 – CASO DE FRACASSO. 33
7 – CONCLUSÃO. 36
 BIBLIOGRAFIA. 39
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No dia 29 de fevereiro de 2016, a Revista Época publicou uma matéria com o título “Futebol, a fábrica de ilusões”, escrita por Rodrigo Capelo. A reportagem trata sobre as dificuldades de ser jogador de futebol no Brasil, com foco naqueles que não conseguem o sucesso desejado na profissão. Segundo a pesquisa do jornalista, apenas 4% dos jogadores profissionais do país ganham um salário acima de cinco mil reais. Enquanto os outros 96% convivem com uma realidade de desemprego, salários baixos, atraso no pagamento e insistência no sonho. O último item, aliás, é cultivado desde a infância, quando o menino começa a se interessar pela carreira e pelo sucesso que ela proporciona aos ídolos da profissão.
O desejo de se tornar um jogador renomado, com mansões e todo luxo que o salário de um jogador bem-sucedido pode gerar é tão grande, que os jovens passam a se dedicar exclusivamente ao esporte, abrindo mão, muitas vezes, dos estudos. Evidentemente que o abandono do colégio nem sempre é desejo dos meninos, pois essa aposta é extremamente arriscada e trará sérios prejuízos no futuro. Abrindo mão dos estudos, o jovem passa a ter como única alternativa o futebol e, caso não logre êxito na profissão, terá dificuldades na hora de escolher um novo caminho para seguir.
Segundo uma matéria do site Globo Esporte, publicada por Gabriel Duarte e Luiz Martini no dia 7 de junho de 2016, dentre os mais de 600 jogadores que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro deste ano, apenas 15 alcançaram o ensino superior, o que representa incríveis 2% dos atletas. Desses 15, somente seis conseguiram completar a faculdade, enquanto os outros nove abandonaram ou trancaram o curso, alegando dificuldade de conciliação por conta da rotina pesada de treinos, jogos e viagens. 
Nesta monografia, veremos casos de jogadores que abandonaram a escola, mas obtiveram sucesso no esporte como Ronaldo Fenômeno, e casos de jogadores que também alcançaram o sucesso, mas a falta de esclarecimento e estudo interrompeu tragicamente suas carreiras, como o goleiro Bruno (ex-Flamengo) e o atacante Jóbson (ex-Botafogo). Veremos também os casos de um jogador que conseguiu conciliar as duas atividades e optou pelo estudo quando passou a ter muitas dificuldades no esporte, sendo criticado por tal decisão, e o caso do ex-lateral Leonardo, que teve um grande sucesso dentro e fora de campo, fruto de sua escolarização.
Tudo isso será exemplificado através de entrevistas com antropólogo, jovens que tiveram a experiência de jogar bola em faculdades dos Estados Unidos e o ex-jogador Leonardo, tetracampeão do mundo. Ou seja, pessoas que são especialistas no assunto e vivenciaram experiências na área.
Leonardo, aliás, é uma rara exceção. Um jogador que vai na contramão de tudo aquilo que será discutido aqui, por ter conseguido conciliar as duas atividades e, por isso, ter alcançado um alto nível intelectual. Veremos, no entanto, que para isso ter ocorrido o craque precisou de muita força de vontade, dedicação e apoio dos familiares, coisas que muitos dos jovens que se arriscam na vida de jogador de futebol não têm.
Vale destacar, no entanto, que o afastamento do colégio se dá não só por conta da vontade dos jovens de focar no futebol, mas também pela falta de flexibilidade das escolas, que, muitas vezes, não toleram as ausências rotineiras dos alunos. Muitos dos atletas precisam faltar por conta de compromissos profissionais, como viagens para disputar competições, por exemplo. Essa dificuldade de conciliar outra atividade com o futebol, contudo, existe desde meados de 1930, quando o esporte começou a se profissionalizar, como veremos neste estudo.
O que podemos notar é que os clubes não se preocupam com a formação pessoal do jogador, apenas com a formação técnica e esportiva. Um time do Rio de Janeiro, no entanto, foge dessa cultura. Pensando no futuro dos jovens e preparando-os para um possível fracasso na profissão de jogador de futebol, o Vasco da Gama criou um colégio exclusivo para os atletas do clube. Ciente da rotina cheia de compromissos profissionais que os atletas têm, o clube fez uma escola com métodos de ensino e calendário diferentes das tradicionais. Ou seja, tudo voltado para o atleta não ter prejuízos na carreira, sem abrir mão dos estudos. 
A despeito de muitas iniciativas de projetos de lei estadual (no caso de São Paulo já sancionado), obrigando os clubes de futebol, que tenham menores de 18 anos a eles vinculados, a assegurar suas matrículas nas instituições publicas ou privadas de ensino básico, com aplicação das penalidades de multa e de impedimento de participação em torneios e competições oficiais em caso de descumprimento às referidas leis, os entrevistados afirmaram que os estudos não são acompanhados da melhor maneira e muitos atletas conseguem ser aprovados mesmo sem frequentar as escolas.
PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL E PROCESSO DE RECRUTAMENTO
Com origem difusa, o futebol só chegou ao Brasil por volta de 1895, através dos ingleses, segundo o site Wikipédia. O primeiro jogo oficial entre seleções, no entanto, ocorreu alguns anos antes. No dia 30 de novembro de 1872, Inglaterra e Escócia, justamente os dois países que “disputam” a criação do esporte, fizeram o primeiro duelo oficial. Antes de se tornar popular e igualitário, vale destacar que, inicialmente, apenas os brancos e os ricospodiam praticá-lo, enquanto os negros e as camadas mais pobres só tinham o direito de assistir. Por conta desse preconceito, não se podia considerar o esporte profissional, mas sim amador.
Aos poucos, o futebol foi se popularizando e caindo no gosto dos brasileiros, mas ainda estava longe de se profissionalizar. Os jogadores, muitas vezes, tinham outro trabalho fixo, sendo o futebol apenas uma segunda fonte de renda. Era o “futebol operário”. Os trabalhadores representavam o time de sua fábrica e o sucesso nos torneios gerava uma grande divulgação para a empresa. Naquela época,era mais fácil conciliar as duas atividades. Mesmo assim, os jogadores que se destacavam nestes campeonatos ganhavam diversas regalias na empresa, tornando o trabalho mais leve, como está destacado no site Wikipedia.
Por volta de 1923, no entanto, o futebol deu o primeiro grande passo em direção ao profissionalismo. O Vasco da Gama, um dos primeiros clubes a aceitar negros no elenco, conquistou o título do Campeonato Carioca daquele ano com um time repleto de trabalhadores negros e mulatos. Tal fato desagradou os aristocratas, que fizeram de tudo para retardar a popularização e profissionalização do esporte, segundo o artigo “A extinção do racismo no futebol”, um compilado de uma série de crônicas escritas pelo jornalista Álvaro de Nascimento para o Jornal dos Sports, publicado por Mauro Prais em 2004, no site Netvasco.
Naquela época, o racismo imperava no futebol brasileiro. Em 1921, era debatido se jogadores de cor deveriam ser convocados para os importantíssimos confrontos entre a seleção brasileira e a da Argentina. Como vingar-se do atrevimento do Vasco? Os clubes aristocratas reuniram-se e deliberaram excluir jogadores humildes, sob a alegação de que praticavam o profissionalismo. (PRAIS, Mauro apud DE NASCIMENTO, Álvaro)
Alguns anos depois, em 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder, o futebol deu o segundo grande passo rumo à profissionalização. Foi criada uma política de esportes mais elaborada e organizada que a anterior. Em 1933, acompanhando o desenvolvimento do esporte, Vasco, Fluminense, América e Bangu fundaram a primeira entidade que aceitava a inscrição de atletas profissionais. No mesmo ano, os times de São Paulo também aderiram à nova política e, junto com os clubes cariocas, criaram a Federação Brasileira de Futebol (FBF), que travaria grandes duelos com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Duelos estes que prejudicaram o Brasil na Copa do Mundo de 1934, durante a convocação. Para dar fim às brigas, em 1937 a CBD extinguiu as práticas amadoras e aceitou o profissionalismo, em troca da permanência no poder, como também destaca o site Wikipédia.
Depois disso, o esporte foi se popularizando até se tornar febre, principalmente, entre as crianças. Por ser extremamente fácil de ser praticado – só depende de uma bola, que pode ser improvisada – o futebol logo se tornou o esporte mais popular do Brasil. Dessa forma, não demorou muito para surgir o apelido “país do futebol”, que seria justificado com as cinco Copas do Mundo conquistadas pelos brasileiros.
Como consequência da popularização e profissionalização do esporte, o funil para se tornar um jogador profissional foi ficando cada vez mais estreito. Para se tornar um jogador profissional, passou a ser necessário, além da técnica, um grande comprometimento com o clube, com treinos exaustivos e alimentação balanceada. Ou seja, uma vida regrada e dedicada, quase que exclusivamente, àquele time.
Falecido em 2011, o ex-craque Sócrates, ídolo da torcida do Corinthians, foi um dos que sofreram com essa rotina pesada de treinos. Com uma habilidade fora do normal, o jogador logo despertou o interesse de clubes profissionais na década de 70. Na época, o menino estudava na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e treinava no Botafogo de São Paulo. Com dificuldades para conciliar as duas profissões e enfrentando a resistência de alguns treinadores por conta disso, Sócrates chegou a pensar em abandonar o futebol, mas conseguiu ter êxito nas duas profissões. Além de ter sido um dos maiores jogadores da história, inaugurou a Medicine Socrates Center, uma clínica em Ribeirão Preto, e ficou conhecido no mundo da bola como “Dr. Sócrates”.
Se naquela época já era difícil conciliar outra atividade com o esporte, hoje em dia é possível dizer que está ainda mais complicado. Com o desenvolvimento do esporte e a grande quantidade de dinheiro que envolve a atividade, os jogadores precisam treinar integralmente para se prepararem da melhor forma possível para os desafios da profissão. Por volta dos doze anos, muitos meninos fazem as famosas peneiras (processo de seleção feito por clubes para recrutar os jovens talentos) com o intuito de se tornarem grandes jogadores e terem todas as regalias dos craques, mas só os mais habilidosos são aprovados. Essa aprovação, no entanto, não significa que ele se transformará em um grande jogador, visto que o caminho até a profissionalização é longo, árduo e depende de muitos fatores. Por conta disso, muitos craques acabam desistindo no meio do caminho.
São treinos diários de fundamentos e de preparação física, que exigem uma vida totalmente dedicada ao esporte. O talento para jogar futebol é fundamental, mas não é suficiente. Além disso, é necessário muito treinamento para aquela “jóia” ser lapidada e ter uma carreira de sucesso. Um dos problemas dessa severa dedicação está relacionado aos estudos. É praticamente impossível conciliar as duas atividades, o que acaba prejudicando os jogadores brasileiros em relação à formação pessoal. Ou seja, eles não terão outra formação além do futebol. Como toda aposta, a dedicação extrema a esse esporte representa um risco para esse atleta, que terá dificuldades na vida profissional caso não seja um jogador diferenciado.
Vale destacar que, segundo uma pesquisa da Revista Época de fevereiro de 2016, 82,4% dos jogadores profissionais do Brasil recebe um salário inferior a mil reais. Torna-se evidente, portanto, que essa possibilidade de ascensão social através do futebol é algo quase ilusório, pois é extremamente difícil e depende não só de talento e dedicação, mas também da sorte. O desemprego de 59% dos atletas e o atraso no pagamento também são características da arriscada profissão.
A INTERNACIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL E O JOGADOR VISTO COMO MERCADORIA
De acordo com o relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação Getúlio Vargas, citado no trabalho “Entendendo o futebol como um negócio: um estudo exploratório”, de Márvio Pereira Leoncini, o futebol mundial é capaz de movimentar, em média, 250 bilhões de dólares anuais. Dessa maneira, a atividade deixa de ser simplesmente um esporte e passa a ser tratada como um negócio extremamente lucrativo. Vale destacar, no entanto, que esse processo de transformação não ocorreu de um dia para o outro. Segundo Leoncini, a mudança começou em meados dos anos 90, quando foram firmadas parcerias entre os clubes e empresas de gestão comercial. Além disso, não podemos esquecer que o fenômeno da globalização teve grande influência para que o futebol chegasse ao nível de internacionalização atual. 
Assim como Leoncini, no trabalho “A internacionalização dos clubes de futebol no Brasil”, publicado na Revista Intercontinental de Gestão Esportiva em 2013, Thadeu Miranda Gasparetto afirma que, por volta da década de 90, o futebol passou a ser antes de tudo um grande negócio. Nesta época, destaca Gasparetto, a transmissão dos jogos na TV começava a gerar grandes receitas para os clubes e a internacionalização era vista como uma tendência, já que a audiência do esporte se tornava global. Além disso, o pesquisador ressalta a importância da globalização neste processo. 
O que se percebe é que os clubes estão cada vez menos preocupados com o atleta como pessoa e cada vez mais interessados no lucro que ele pode gerar ao time. Sendo assim, trabalha-se muito a parte técnica do atleta desde menino, já como intuito de “lapidar” a joia e vende-la a um grande clube europeu no futuro. Isso explica o fato de jogadores ainda das divisões de base, mas com um futuro promissor, terem contratos milionários, com multas rescisórias elevadas.
Para justificar este fato, podemos citar o exemplo de Ronaldo Fenômeno. Segundo uma matéria escrita pelo jornalista Carlos Augusto Ferrari no dia 18 de julho de 2009, para o site Globo Esporte, o craque abandonou o colégio Madre Carmelita, em Belo Horizonte, na sétima série e passou a se dedicar exclusivamente ao esporte. Na época, com 17 anos, o menino começava a fazer sucesso na equipe do Cruzeiro e as viagens para disputar torneios e o aumento da carga horária dos treinos passaram a dificultar a vida acadêmica de Ronaldo. No ano seguinte, o atacante foi vendido para o PSV Eindhoven, da Holanda, por seis milhões de euros e nunca mais voltou para as salas de aula. Na matéria do Globo Esporte, Rosa Oliveira Andrade, auxiliar de educação do colégio que o craque frequentou, relatou o abandono dos estudos de Ronaldo.
Em pouco tempo, ele passou a se destacar no Cruzeiro e, com isso, a vir menos para a escola. (...) Ele começou a vir muito pouco às aulas e não chegou a encerrar o ano letivo. Quando foi vendido, também não pediu transferência. A vida estudantil dele acabou por ali. (ANDRADE, Rosa)
Não se pode negar que craque teve o sucesso desejado por todos os jogadores de futebol. Além de ter conquistado uma fama internacional, jogando em grandes clubes como Real Madrid e Barcelona, da Espanha, e Milan e Inter de Milão, da Itália, Ronaldo conquistou dois mundiais com a seleção brasileira, em 1994 e 2002, e foi eleito três vezes o melhor jogador do mundo. 
Contudo, assim como a grande maioria dos jogadores, o Fenômeno não se planejou para o fracasso. Por mais que o craque tivesse uma habilidade fora do normal, já destacamos que sucesso no futebol depende de muitos outros fatores, como a sorte.
Já no artigo “A importância do processo de internacionalização dos clubes de futebol”, publicado em 2009, no site Universidade do Futebol, Bruno Camarão afirma que o processo de internacionalização do futebol começou por volta de 1960. Neste período, segundo o autor, houve um grande aumento no número de competições internacionais.
 Além disso, Camarão destaca que, para um time se tornar conhecido internacionalmente, é necessário conquistar títulos importantes ou contratar jogadores renomados, como fez o Real Madrid, no início dos anos 2000, ao montar “Os Galáticos”, time repleto de craques mundialmente conhecidos que Ronaldo fez parte.
Apesar de ser uma atividade extremamente lucrativa, o futebol, no Brasil, é uma fábrica de ilusões, com muitos atletas desempregados e com baixos salários, como foi destacado na matéria da Revista Época citada anteriormente. Dessa forma, os jogadores sonham em se transferir para a Europa o mais cedo possível, para tentarem fazer história na elite do futebol mundial e conseguirem salários generosos, garantindo o futuro da família. 
O caminho, no entanto, é longo e exige muita dedicação. Antes mesmo da adolescência, uma fase em que a maioria só pensa em brincar e quase não tem compromissos, aqueles que sonham em se tornar profissionais já precisam abrir mão de muitas coisas para atingir o objetivo profissional. Para se ter uma ideia, o ex-craque Felipe, que fez história no Vasco, começou a treinar futsal como federado aos seis anos de idade. 
À medida que o jovem vai amadurecendo, os treinamentos vão se tornando cada mais pesados, quando não são integrais. Dessa forma, fica quase impossível conciliar a prática esportiva com outra atividade. Contudo, como já foi destacado, o sucesso está longe de ser garantido. No livro “Universo do Futebol: esporte e sociedade brasileira”, Simoni Lahud Guedes explica no capítulo 3 – Subúrbio: Celeiro de Craques” – que, além da dedicação, outros três fatores são fundamentais para o êxito.
Portanto, não há nada de misterioso no craque do futebol. É uma pessoa como eles, que teve a sorte de aproveitar a chance. E, ainda, que teve apoio. A ausência deste último fator pode também ser responsável pelo abandono do sonho (...) (GUEDES; p. 68-69).
Além disso, neste mesmo capítulo, Guedes comenta sobre essa dificuldade de conciliar o futebol com outra atividade, no caso o emprego na fábrica. Com ambas as profissões exigindo bastante tempo de dedicação, aqueles que têm fábricas administradas pela família acabam tendo regalias. Tal fato é justificado pela flexibilidade de horário e pela condescendência do patrão.
Esta relação é que lhe permitiu conciliar de uma forma incomum o operário e o jogador pois, muitas vezes, trabalhava e jogava apenas nos fins de semana, como os outros, mas, em várias oportunidades, simplesmente abandonava a fábrica por seis ou sete meses e substituía exclusivamente através do futebol. A relação de ‘apadrinhamento’ possibilitava-lhe conseguir o emprego de volta todas as vezes que o abandonou. (GUEDES; p.70)
Para aqueles que não têm esse privilégio, no entanto, chega uma hora, entre os 15 e 17 anos, que é preciso escolher um caminho para seguir. Além de não ter essa regalia na fábrica, o jovem, às vezes, não tem o apoio da família e pode também não contar com a sorte. Sem falar da necessidade de ajudar nas despesas da casa, como lembra Guedes.
Esse momento de desistência costuma ser extremamente doloroso para o jovem, pois todos aqueles anos de dedicação exaustiva ao esporte acabaram sendo em vão, já que o sonho de tornar-se um jogador de futebol profissional não será realizado. Dessa maneira, o jovem volta toda sua atenção para a atividade de operário e, caso não tenha familiares donos de fábrica, se desdobra em busca de um novo emprego.
INICIATIVAS LOUVÁVEIS
Embora a grande maioria dos clubes não se importe com a formação escolar do jogador, temos alguns exemplos positivos de instituições que souberam integrar o esporte com a indispensável formação humana de adolescentes.
O CASO DO COLÉGIO VASCO DA GAMA
Com o intuito de considerar as peculiaridades que a profissão de atleta exige e percebendo a dificuldade de conciliação da prática esportiva profissional com os estudos, o Vasco da Gama criou uma escola exclusiva aos esportistas do clube em agosto de 2004. Evidentemente que o colégio e o método de ensino se diferenciam das escolas consideradas tradicionais. Na dissertação de mestrado “Entre a Profissionalização e a Escolarização: Projetos e Campos de Possibilidades em jovens atletas do Colégio Vasco da Gama”, de 2014, Carlus Augustus Jourand Correia afirma que, assim como o time de futebol, “o colégio respira esporte, buscando ser a representação encarnada do clube”.
Prova disso é que para se matricular no colégio é necessário ser atleta do Vasco e, caso haja um desligamento voluntário ou involuntário do clube, o aluno também é automaticamente desligado da escola, independentemente da época do ano. Além disso, os horários de entrada e saída do colégio também são baseados nas atividades esportivas, colocando sempre a saúde do atleta em primeiro lugar. Dessa forma, as aulas no Colégio Vasco da Gama costumam começar mais tarde que o habitual.
Alegando que o horário de despertar interfere diretamente na qualidade das atividades realizadas ao longo do dia, especialmente o treino, os especialistas médicos do clube aconselharam a escola a iniciar suas atividades escolares um pouco mais tarde para não prejudicar o dia de tarefas dos atletas. (CORREIA, p.121)
O uniforme dos alunos foi outra questão analisada pelo pesquisador que evidencia as diferenças para as escolas tradicionais. Com um material semelhante ao da camisa usada pelos jogadores (microfibra), o uniforme estampa o símbolo do Vasco e, segundo Correia, se assemelha mais a uma roupa esportiva do que escolar. 
Apesar das diferenças para o ensino considerado tradicional, a criação da escola foi uma ótima solução encontrada pelo clube para auxiliar seus atletas no equilíbrio entre a prática esportiva profissionale os estudos. Sendo assim, o Vasco acaba se diferenciando dos demais clubes por não se preocupar apenas com a formação técnica do atleta, mas também com a formação pessoal, preparando os jovens para os desafios que serão encontrados na sociedade. Como destaca o pesquisador, o jovem é preparado para um possível fracasso no esporte como profissão.
Essa instituição possui uma cultura esportiva, isto é, um direcionamento que confere à prática esportiva grande importância. Não podemos esquecer que a escola do Vasco da Gama é uma instituição que acolhe exclusivamente atletas de alto rendimento, e, por isso, essa prática ganha tamanha importância no interior do colégio. Sendo assim, diversos são os mecanismos idealizados pelo colégio para estimular uma conciliação entre a ambição esportiva dos atletas e a possibilidade de inserção dos mesmos no mercado de trabalho caso o projeto esportivo não dê certo. (CORREIA, p.119)
Outra diferença do Colégio Vasco da Gama para as escolas tradicionais está no calendário escolar. Enquanto a grande maioria dos colégios tem um calendário rígido, a escola de São Januário é bem flexível em relação a isso. No trabalho de Correia, podemos notar que muitos atletas (76,7%) precisam viajar para disputar competições em outras cidades ou até mesmo em outros países e, consequentemente, acabam ficando um longo período longe das salas de aula. Este fato acaba sendo um dos grandes motivos para o desânimo quanto aos estudos. 
No Colégio Vasco da Gama, no entanto, essas ausências programadas não são motivos de preocupação. Por se tratar de um colégio voltado para atletas, o calendário está sempre sofrendo alterações, com o intuito de ”suavizar os impactos das competições e viagens realizadas e garantir a assiduidade dos alunos às aulas”, como destaca o site oficial do clube. São elaborados os chamados calendários independentes de provas para os alunos em competição e, dessa forma, eles não perdem nenhum tipo de avaliação por motivos de falta. Para justificar esse fato,Correia citou em seu trabalho um exemplo que ocorreu em junho de 2012 com os atletas e alunos do Colégio Vasco da Gama.
Cerca de 20 alunos do futebol da categoria sub-15 foram disputar um torneio com duração de 1 mês em Jacarta, na Indonésia. A competição seria ao longo de todo o período de provas do 2º bimestre dos alunos e para não prejudicá-los, a instituição escolar criou um calendário alternativo somente para esses atletas no mês de agosto para que eles pudessem voltar e ainda terem tempo de estudar para as provas. (CORREIA, p.127 e 128)
Em escolas com o método de ensino tradicional, voltada apenas para a aprovação no vestibular, esses jovens provavelmente não teriam esse benefício. Consequentemente, teriam dificuldades para passar de ano, o que acaba desmotivando os alunos quanto à sequência dos estudos.
De acordo com dados presentes no site oficial do clube, em 11 anos de existência o Colégio Vasco da Gama formou 240 alunos, sendo 67 do Ensino Médio e 173 do Ensino Fundamental. Entre os atletas que tiveram a oportunidade de estudar na instituição, destacam-se o meia Phillipe Coutinho, frequentemente convocado para a seleção brasileira e o atacante Alex Teixeira, que recentemente se transferiu para o futebol chinês em uma negociação que envolveu mais de 200 milhões de reais.
Ainda segundo os dados encontrados no site oficial do Vasco, atualmente 287 atletas estudam nas dependências do clube. Embora o foco do presente estudo seja o futebol, o Colégio Vasco da Gama conta também com atletas de basquete, vôlei, futsal, remo, natação e atletismo. Os jogadores de futebol, no entanto, representam, em média, 50% dos alunos. Vale destacar que a estrutura da escola não deixa a desejar: são nove salas de aula, biblioteca, auditório, secretaria administrativa, salas dos professores, coordenação e direção.
Ainda que o método de ensino não seja o mesmo das escolas tradicionais, e não tenha como principal objetivo a aprovação no vestibular, alguns alunos formados no Colégio Vasco da Gama conseguem resultados surpreendentes. Segundo o site oficial do clube, muitos estudantes que passaram pelo colégio de São Januário foram aprovados em diferentes cursos universitários, mas dois merecem destaque nessa lista. Caio Vinícius de Oliveira Amaro conseguiu 100% de bolsa em uma universidade particular, através do ENEM, e João Marcos Quintanilha foi aprovado no vestibular de Educação Física da UERJ em 2009.
De acordo com as pesquisas de Correia, no ensino fundamental II do Colégio Vasco da Gama, quando os jovens têm entre 11 e 14 anos, o número de alunos cresce de forma significativa. O aumento se dá por conta do interesse em seguir a carreira no esporte, integrando as divisões de base do clube, sem abrir mão dos estudos. No 9º ano do ensino fundamental, o número de atletas matriculados costuma ser o mais elevado da escola, representando em média 24,4% dos alunos do colégio. A partir do ensino médio, contudo, o número de alunos começa a cair de tal forma que, no 3º ano existem, em média, apenas 8,3% dos matriculados na escola. Segundo o pesquisador, o abandono dos estudos pode ser justificado pela proximidade da profissionalização.
Podemos supor que o decréscimo desse número de alunos pode estar ligado ao processo de intensificação dos gargalos esportivos (eliminando os considerados não aptos) no clube e forçando, necessariamente, a sua saída da instituição escolar. Além disso, existem casos de atletas que, diante da profissionalização iminente, resolvem abandonar a escola para se dedicar exclusivamente ao esporte. (CORREIA, p.106)
Abrir mão dos estudos para apostar todas as fichas no futebol é o que muitos jogadores fazem, como já foi citado no presente estudo, exemplificando com o caso do Ronaldo Fenômeno. Apesar de ser uma aposta arriscada, os jovens passam a se dedicar exclusivamente ao esporte, com o intuito de obter sucesso e conseguir a ascensão social desejada, que pouquíssimos alcançam. Se fracassarem na profissão esportiva, terão que se desdobrar para conseguir outra formação além do futebol, já que dificilmente o estudo é retomado.
Por outro lado, mesmo que o sucesso e a ascensão social sejam alcançados através do esporte, a falta de instrução e esclarecimento pode ser extremamente prejudicial. Um dos casos que mais chocou o país ultimamente foi o do goleiro Bruno. Titular absoluto do Flamengo e ídolo da torcida, o jogador havia realizado o sonho de menino, transformando a infância pobre em Ribeirão das Neves, cidade do interior de Minas Gerais, em uma vida de luxo, com carros importados e mansões. 
No auge da carreira, cotado para ser o goleiro da seleção brasileira e com a transferência para o futebol italiano encaminhada, no entanto, Bruno foi preso, em 2011, acusado de seqüestro, homicídio e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, sua amante. Em entrevista publicada pelo site Globo Esporte no dia 17 de maio de 2016, por Bernardo Pombo e Luiz Claudio Amaral, Bruno, que ainda cumpre pena, revelou sua atual situação financeira e fez planos para o futuro.
Muitos acham que eu ainda tenho dinheiro. Mas devido aos anos recluso e aos problemas que tive nessa caminhada, perdi tudo. Não tenho vergonha nenhuma de assumir. Tudo que eu tinha conquistado num período de cinco anos de carreira, nesses seis anos eu perdi. O que sobrou é a vontade de dar a volta por cima, de vencer, de lutar, de reconquistar. Falando da parte financeira, talvez eu não chegue onde cheguei um dia. Mas que eu possa ter o suficiente para cuidar da minha família. (DE SOUZA, Bruno)
No livro “Indefensável”, Leslie Leitão, Paula Sarapu e Paulo Carvalho escreveram sobre a história de Bruno e o caso da morte de Eliza Samudio. No capítulo 2 da obra, “O Craque”, que conta sobre a sua infância em Ribeirão das Neves, as primeiras namoradas e os primeiros passos no futebol, os autores revelam que a avó do goleiro, Estela de Souza, cobrava presença na escola e notas boas. Bruno, no entanto, era fascinado por futebol e não queria saber de livrose estudo. Se não estava na escola, o goleiro certamente era encontrado no campo de futebol perto da casa em que morava. Evidentemente que não podemos apontar a carência de instrução como o único fator responsável pelo crime brutal cometido por Bruno. Contudo, é de se esperar que um certo grau de esclarecimento possa dar ao indivíduo o descortino necessário para evitar comportamentos equivocados. 
Além do goleiro, podemos citar também o caso do jogador Jóbson. Com muita eficiência técnica, o atacante surgiu como uma grande promessa ao ajudar o Botafogo a permanecer na primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 2009 e estava prestes a se transferir para o Cruzeiro, quando se envolveu com drogas e foi suspenso por dois anos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Além do uso de substâncias ilícitas, outros casos de indisciplina prejudicaram a carreira do jogador, que hoje está sem clube.
Para tentar evitar esses tipos de acontecimentos, o Colégio Vasco da Gama convida ex-atletas para explicar os desafios da profissão e o caminho a ser trilhado para alcançar o sucesso. Em seu trabalho de pesquisa sobre a escola, Correia afirmou que as palestras são mensais e têm como objetivo pontuar questões sobre o cuidado com o corpo. De acordo com o pesquisador, o palestrante que mais chamou a atenção durante o tempo em que estudou a escola e os alunos foi Gaúcho, zagueiro formado nas divisões de base do Vasco no início da década de 70, que ressaltou o “comportamento socialmente esperado e desejável dos atletas”. Dessa forma, o ex-zagueiro vascaíno criticou os excessos cometido por alguns jogadores, como saídas à noite e envolvimento com drogas lícitas e ilícitas, destacando a importância de se afastar das más companhias, que acabam por influenciar os deslizes cometidos por alguns jogadores. Dessa forma, segundo Gaúcho, os atletas teriam mais chances de manter o foco no esporte e no estudo.
SINERGIA ENTRE ESPORTE E EDUCAÇÃO NAS FACULDADES DOS ESTADOS UNIDOS
Referência no quesito conciliação de estudo com esporte, os Estados Unidos segue a passos largos nessa caminhada de sucesso. Lá, o estudo é tão importante quanto o desempenho no esporte, a ponto de o atleta ser cortado do time se não estiver com um bom rendimento na universidade.
Dentre as diversas empresas que existem, a Next Level Sports é uma das maiores agências de intercâmbio esportivo da América Latina. Fundada em 2008, a empresa cria oportunidades e soluções para atletas que têm o interesse de concluir os estudos ao mesmo tempo em que se dedicam ao esporte. 
Após uma série de testes, físicos e acadêmicos, o jovem, se aprovado, viaja para os Estados Unidos e pode ganhar uma bolsa de estudos, cujo valor costuma variar de acordo com seu desempenho na sala de aula ou dentro de campo. É importante ressaltar que, diferentemente dos clubes do Brasil, onde o esporte prevalece sobre os estudos, nos Estados Unidos essa comparação não entra em pauta, visto que são duas atividades que andam lado a lado.
De acordo com o site da empresa, a Next Level Sports participa de todo processo de preparação, adaptação e desenvolvimento dos jovens. Dessa forma, eles não se sentem abandonados no novo país e acabam tendo o apoio necessário para superar os problemas de adaptação e saudade da família, por exemplo.
A assistência foi confirmada por Leonardo Machado. Estudante de Propaganda e Publicidade na PUC, o jovem cursou "Mass Communication" na Missouri Valley College, na cidade de Marshall, e ressaltou que o apoio da Next Level Sports foi fundamental para a sua adaptação. Embora tivesse pouco mais de 50% de bolsa na faculdade, o jovem decidiu voltar para o Brasil por conta do aumento significativo do dólar.
Machado chegou aos Estados Unidos duas semanas antes das aulas começarem para fazer parte da pré temporada do time, quando os atletas são preparados fisicamente para os campeonatos ao longo do ano. Nessas primeiras semanas, o jovem afirmou que chegava a ter três treinos por dia.
Quando as aulas começaram, no entanto, a carga de treinos diminuiu consideravelmente, visto que os atletas já estavam com um bom preparo físico e o estudo não podia ser deixado de lado. Segundo Machado, a estrutura lá é de alto nível e os jovens têm tudo o que precisam, seja no esporte ou na educação, a assistência é completa.
Como morava no próprio campus, o jovem revelou que demorava apenas dois minutos para chegar até a sala de aula e mais três para o campo onde ocorriam os treinamentos. Oportuno lembrar que, no Brasil, o problema da distância dos locais de treinamento dos clubes é levantado constantemente, sempre que tocam no assunto divisões de base.
No site da Next Level Sports há um espaço com depoimentos de grandes craques em relação ao trabalho realizado pela agência. Um dos maiores ídolos do Flamengo, o ex-lateral Júnior afirmou que a proposta da empresa é a melhor que existe, pois esporte e educação têm que andar juntos. Outro craque que rasgou elogios à empresa foi Roberto Dinamite, ídolo do Vasco. Segundo o ex-atacante, a Next Level forma não só grandes atletas, mas também grandes homens.
Outra agência de intercâmbio esportivo renomada, que faz um trabalho parecido com a Next Level Sports, é a A10 Academy. Após a realização de seletivas e "Showcase", os jovens aprovados nos testes são preparados pela agência com treinamentos esportivos e aulas de inglês, de forma simultânea. Posteriormente, a A10 Academy faz a assessoria na preparação dos vídeos com os melhores lances dos atletas em campo e preparam para a realização das avaliações acadêmicas.
Além disso, a agência faz o contato e inicia as negociações com as universidades americanas, com o intuito de oferecer o melhor para o jovem que está sendo "lapidado". A empresa também ajuda na preparação dos documentos exigidos pelas universidades e no preenchimento dos formulários, visto, passagem e seguro de saúde. Assim como a Next Level Sports, a A10 Academy não abandona o jovem em nenhum momento e, mesmo no território americano, disponibiliza cursos intensivos de inglês.
Formado em Educação Física e com pós graduação em sociologia urbana, Bernardo Conde tem mestrado e doutorado em ciências sociais, abordando a antropologia. Na juventude, por cinco anos, trabalhou como preparador físico do Fluminense e do América e viu de perto a realidade dos jogadores em formação. A despeito das iniciativas legais já citadas anteriormente, que obrigam os clubes de futebol de diversos Estados da Federação, que tenham menores de 18 anos a eles vinculados, a assegurar suas matrículas nas redes de ensino publica ou privada, com aplicação de penalidades em caso de descumprimento da lei, Conde explicou, em entrevista não publicada realizada no dia 5 de setembro de 2016, que há uma certa acomodação por parte desses colégios e dos clubes. O ensino não é o ideal e passa longe de ser rígido. Dessa forma, os atletas acabam tendo a liberdade de se ausentar por longos períodos, sem se preocupar com o calendário letivo.
Além disso, o antropólogo afirma que os garotos frequentam a escola, mas ao mesmo tempo têm na consciência que o futebol é a salvação para ele e a família. Por isso, ele volta todas as energias para o futebol. No âmbito geral, os atletas não têm a dimensão de que o estudo é o outro caminho concreto a ser seguido.
“O universo do jogador de futebol bem sucedido é muito sedutor! O pensamento deles é que essa vida de sucesso, glamour, mulheres e carros de luxo só pode ser alcançada através do futebol. Poucos veem o estudo como uma alternativa, eles não têm essa consciência internalizada, embora sejam muito alertados pelos profissionais dos clubes.” (CONDE, Bernardo) Entrevista não publicada realizada no dia 5 de setembro de 2016.
Apesar de existir uma certa preocupação da federação e dos clubes, Conde alega que não é o suficiente. O ideal, segundo ele, seria o aluno se dedicar às duas atividades simultaneamente e, se não der certo no futebol, poder ser integrado ao clube para trabalhar com as crianças, com os atletasem formação, na comissão técnica, entre outras funções. Dessa forma, o atleta não seria abandonado em meio à escuridão em relação ao futuro, como costuma acontecer com os fracassados.
Vale destacar que o estudo é importante não só em caso de fracasso na profissão, como um plano B, mas também para a formação de um jogador. Quanto maior o nível escolar de um atleta, mais facilidade ele terá para lidar com o técnico, para assimilar as instruções, as táticas e jogar com inteligência. No Brasil, é comum ouvir os técnicos falarem que uma orientação passada aos jogadores só dura 15 minutos, pois eles não conseguem assimilar da melhor maneira possível. Eles não têm um pensamento processual internalizado.
“O atleta brasileiro, no geral, não tem uma capacidade intelectual para entender que tem que resistir naquela tática, pois vai ter uma hora que o outro time vai cair emocionalmente e fisicamente e vai ser a oportunidade para decidir um jogo. Essa consciência é cada vez mais importante e valorizada no futebol europeu, por exemplo.” (CONDE, Bernardo) 
Segundo Bernardo, esse foi um dos principais motivos para a derrota brasileira para os alemães por 7 a 1, na Copa do Mundo de 2014. Embora fosse muito melhor tecnicamente, com jogadores muito mais habilidosos, a seleção brasileira foi envolvida taticamente pela Alemanha e não conseguiu evitar a derrota. O antropólogo explicou que, apesar de não ter nenhum “gênio da bola”, a Alemanha tem jogadores extremamente disciplinados, que jogam com inteligência, de forma coletiva e com um pensamento processual.
Vale destacar que um técnico alemão passa por um longo processo antes de poder comandar uma equipe profissional. Entre cursos preparatórios, estágios como auxiliar técnico e muito estudo, o treinador demora anos para se tornar profissional. No Brasil, no entanto, muitos treinadores são ex-jogadores, que não se prepararam da melhor maneira e, muitas vezes, também não conseguiram conciliar o estudo com o esporte quando eram atletas. Ou seja, é um ciclo vicioso extremamente prejudicial ao futebol brasileiro.
Além da falta de escolaridade, existe outro problema que pode marcar o fim da carreira de um atleta e deixar ele sem rumo na vida. De acordo com o antropólogo, a família tem grande influência na vida dos jovens que sonham em se tornar jogadores e precisam controlar de perto para que tudo aconteça da melhor forma possível, sempre dando conselhos e bons exemplos. O que acontece muitas vezes, no entanto, está longe de ser o ideal.
Nos tempos em que era preparador físico do Fluminense, Bernardo Conde viu um talento despontar como a grande promessa do clube. Com apenas 17 anos, o garoto tinha uma inteligência absurda dentro de campo e fazia o que queria com a bola nos pés. O problema era que, além de não estudar, o jovem não tinha mãe, seu pai era alcoólatra e o influenciava a fazer as coisas erradas.
“A gente sofria demais com esse garoto. Os profissionais do clube tentavam fazer a cabeça dele, convencer de que ele estava indo para o caminho errado, que o futebol mudaria a vida dele, mas não teve jeito. Ele sumia por semanas e o clube sempre dava mais uma chance para ele. O treinador chegou a chorar, falava que ele ia morrer, até o dia em que ele sumiu e nunca mais voltou ao clube. Vários jogadores têm pouca estrutura familiar e isso faz muita falta na formação.” (CONDE, Bernardo)
Seguindo essa linha de raciocínio, o antropólogo ponderou que, se para uma pessoa formada e esclarecida ganhar muito dinheiro em pouco tempo já é motivo de euforia, para um menino pobre, que teve uma infância difícil, com pouco recurso financeiro é quase impossível manter os pés no chão. De um dia para o outro, o jovem passa a ter tudo que quiser, vira famoso, rico, com muitas mulheres e todo luxo que a profissão pode proporcionar. O problema está em manter a cabeça no lugar e não fazer com que essa fama repentina tenha reflexos no gramado. Muitos são os jogadores que caem na tentação, passam a andar com más companhias e, mesmo que tenham alcançado o raríssimo sucesso de ser um jogador profissional de destaque após abrir mão dos estudos, colocam tudo a perder. O goleiro Bruno, preso por cumplicidade na morte da amante, e o atacante Jóbson, reincidente na suspensão por uso de cocaína, são exemplos concretos de grandes talentos que poderiam ter chegado muito mais longe e hoje sofrem cumprindo suas penas.
O antropólogo explicou ainda que, para o estudo e o esporte andarem simultaneamente, seria necessária uma grande reestruturação no país. De acordo com ele, o que marca as diferenças das potências esportivas é que o esporte praticado está encaixado dentro da vida de estudante e dentro da vida profissional de atleta. É necessário conscientizar de que, seguindo o caminho do estudo, terá uma formação para além do esporte. Além de ser muito concorrida, é uma profissão curta e, por isso, é necessário encontrar uma ocupação após encerrar a carreira de atleta. Sendo assim, torna-se evidente a importância do estudo.
Nos Estados Unidos, principalmente, o esporte está encaixado dentro das universidades. O atleta tem uma importância muito grande para a faculdade e é valorizado por representá-la nos torneios. Para fazer parte do time, no entanto, além do talento, é necessário alcançar uma nota mínima, o que acaba estimulando o atleta a estudar. Ou seja, caso não seja por prazer, ele se vê na obrigação de estudar.
João Pedro Brasil, de 20 anos, foi um dos muitos brasileiros que decidiram deixar o país para conseguir conciliar as duas atividades. Antes disso, no entanto, o ex-jogador de Fluminense, Olaria e Boavista, teve que sentir na pele as dificuldades e o despreparo do Brasil no quesito.
Ao contrário da grande maioria dos meninos que sonham em se tornar jogadores de futebol, João era morador do Leblon e sempre teve condições financeiras de estudar em escolas particulares. O sonho de se tornar um craque da bola vem desde os sete anos, quando o jovem passou a treinar no Grajaú Country Club. À medida que foi evoluindo na profissão e passou a ter uma carga de treinos cada vez mais pesada, as dificuldades começaram a surgir. 
Apaixonado pelo futebol de salão, João se federou pelo Flamengo, mas chegou a treinar futebol de campo, como já foi citado, no Fluminense, Olaria e Boavista. Conciliar os treinos de futebol de salão com o futebol de campo é uma prática muito comum entre os meninos, mas que acarreta em dificuldades na hora do estudo. Aluno do Centro Educacional da Lagoa (CEL), João alega que não teve qualquer tipo de apoio e, consequentemente, acabou repetindo por falta.
Além disso, o jovem confirmou, em entrevista não publicada realizada no dia 11 de setembro de 2016, que existe uma obrigatoriedade de estar matriculado em um colégio para ser inscrito nos torneios, mas isto é muito negligenciado e os clubes não se interessam pela formação educacional do jogador. Após repetir de ano por falta, João realizou algumas provas fáceis, segundo ele, e conseguiu fazer o Ensino Médio em apenas dois anos.
“Depois que eu repeti, fiquei um ano sem estudar, só focado no futebol. Em seguida, realizei um curso muito fraco, bem ridículo. Era uma prova com dez questões de múltipla escolha e se eu acertasse cinco eu passava de ano. O único jeito de passar no colégio era assim.” (BRASIL, João) Entrevista não publicada realizada no dia 11 de setembro de 2016.
Provando o risco e a imprevisibilidade da profissão, João Brasil sofreu uma grave lesão no joelho e precisou passar por uma cirurgia, justamente no momento em que mais precisava jogar e se mostrar superior aos concorrentes para conseguir uma ascensão para os profissionais. Quando muitos já desacreditavam na sua recuperação, o jovem retornou e, cansado da falta de estrutura no Brasil, decidiu se aventurar nos Estados Unidos.
Antes disso, no entanto, o jogador precisou superar mais uma etapa. Sem nunca ter feito um curso de inglês, por falta de tempo, João fez um curso particular intensivo e foi aprovado para fazer parte dotime de futebol da faculdade Indian Hills Community College, localizada em Ottumwa, cidade localizada no estado americano de Iowa, no Condado de Wapello.
Há pouco mais de um ano vivenciando essa nova experiência, João não demorou muito para reparar nas diferenças entre os dois países. Confirmando a fala do antropólogo Bernardo, João disse que o modelo dos Estados Unidos integra o estudo com o esporte.
“Um dia antes dos jogos o treinador manda e-mail para o professor e, depois, todos os atletas recebem a matéria que perdeu, os trabalhos e as provas são remarcadas. Se você é atleta, os professores gostam de você, mas se você é atleta e se mostra interessado nos estudos, eles vão te respeitar. É tudo muito bem planejado, organizado e estruturado. Diferente do Brasil, aqui os atletas não perdem tempo no deslocamento até o treino. Está tudo dentro da universidade.” (BRASIL, João)
Cursando Gerenciamento Esportivo nos Estados Unidos, o atleta mostra que tem um pensamento diferente dos demais. De acordo com ele, a prioridade é se formar na faculdade. Por isso, ele diz que só aceita uma proposta de algum clube da Major League Soccer, a principal liga de futebol dos Estados Unidos e do Canadá, se pagarem a faculdade até a conclusão do curso. Ciente de que a carreira é curta, terminando por volta dos 35 anos, João pretende continuar trabalhando com o esporte, gerenciando a carreira dos atletas.
CASOS DE SUCESSO
Por outro lado, existe a parcela inexpressiva dos atletas que conseguem conciliar o futebol com os estudos. Estes são tão raros que quando aparecem costumam ganhar um grande destaque na imprensa. Jogador do Flamengo dos 12 aos 21 anos, Antônio Carlos fez o caminho inverso e trocou o futebol pelos estudos. 
Apesar do sucesso que fez durante as divisões de base, chegando a atuar pela seleção brasileira sub-17, a promessa sofreu uma grave lesão e precisou ficar um bom tempo afastado dos gramados. Mesmo recuperado, o jovem, diante da incerteza representada pelo mundo do futebol, decidiu focar nos estudos e acabou passando para engenharia de produção na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Em entrevista publicada no site Globo Esporte, no dia 30 de setembro de 2014, o ex-jogador revelou que muitas pessoas não entendiam sua decisão e alguns chegaram a criticá-lo, já que o craque havia dedicado nove anos de sua vida ao esporte e de uma hora para outra abandonava o sonho. Em uma das falas publicadas na entrevista, Antônio mostra a barreira que existe entre futebol e estudo.
“(...) No futebol, isso não é valorizado.Pegar um livro no ônibus indo para o estádio é visto com estranheza ou mesmo como algo errado. Isso me fazia mal, porque gosto.” (CARLOS, Antônio) Entrevista para o site Globo Esporte.
Vale destacar que, apesar dos nove anos de dedicação ao Flamengo, Antônio conseguiu estudar de forma regular no colégio onde se formou e, por isso, tinha uma boa base acadêmica. Mesmo assim, precisou fazer um ano de curso pré-vestibular para conseguir passar em engenharia de produção na UFF.
Tetracampeão do mundo e com passagens por Vasco, Flamengo, São Paulo, Milan-ITA e Paris Saint-Germain-FRA, o ex-lateral e atual dirigente Leonardo Araújo vai na contramão da grande maioria dos jogadores de futebol. Morador de Icaraí, bairro de classe média alta de Niterói, Leonardo estudava regularmente no Colégio Abel e se destacava jogando bola no clube Rio Cricket. Embora fosse apenas uma atividade de lazer, o talento e a dedicação no esporte logo passaram a ser reconhecidos por todos. Seus familiares, no entanto, não tinham nenhuma influência no esporte e não incentivavam a aposta na concorrida profissão, o que já o diferenciava dos demais meninos, que viam no futebol a única alternativa para um futuro melhor.
Convidado por um preparador físico do Vasco da Gama, que por acaso trabalhava na academia do clube Rio Cricket, Leonardo foi fazer um teste para fazer parte da equipe carioca, aos 14 anos, prestes a se formar no Ensino Fundamental. De acordo com ele, era uma peneira muito concorrida e mais de 200 meninos lotaram os ônibus que partiam para o local das avaliações. Os testes duravam por volta de 20 dias e Leonardo acabou sendo aprovado. Em entrevista não publicada realizada no dia 31 de outubro de 2016, o ex-jogador fez uma ressalva importante relacionada ao nível técnico e intelectual dos concorrentes.
“Nessa peneira você já vê muitos meninos com uma série de problemas particulares. Eu fui selecionado, mas se for comparar o meu talento com o talento daqueles garotos, a maioria deles era melhor que eu, com certeza. Talento puro, ainda sem ser lapidado. Mas a avaliação exige muito mais do que isso. Eles avaliam o comportamento, a continuidade, compromisso, as reações às situações negativas. Nesse processo de seleção, muitos meninos talentosos acabam sendo eliminados ou porque não voltam, ou porque brigam, ou o emocional não aguenta, ou um treino bom já faz eles acharem que são “Pelé”. Tem uma série de situações assim! Já é uma consequência do que não poderia ser, pra não acontecer isso.” (ARAÚJO, Leonardo) Entrevista não publicada realizada no dia 31 de outubro de 2016.
Aprovado no Vasco, Leonardo começou a ter treinos diários e, mesmo ciente da importância do estudo e com um bom apoio familiar, inevitavelmente teve que se desdobrar para não abandonar a escola. Em vez de estudar pela manhã ou à tarde, passou a ter aulas à noite, o que revelou ser um grande sacrifício, devido ao cansaço proporcionado pelos treinos exaustivos. Além disso, o fato de existirem poucas escolas que oferecem estudos noturnos também foi motivo de crítica pelo ex-jogador.
Por conta da grande dificuldade que Leonardo encontrava em conciliar as duas atividades, os pais o proibiram de seguir no esporte e a carreira foi interrompida de forma precoce. Dois anos mais tarde, aos 16 anos, o craque recebeu um convite para jogar no Flamengo e, mais maduro, tomou a decisão que mudaria sua vida. 
Mesmo contra a vontade dos pais, aceitou a oferta e, com a dificuldade de sempre, conseguiu se formar na escola, fazer vestibular e cursar dois períodos de Educação Física na Universidade Gama Filho. A vida acadêmica chegou ao fim apenas quando assinou o primeiro contrato como profissional do Flamengo, prestes a completar 18 anos. No profissional, a rotina de jogos e viagens, somada aos treinos e às concentrações antes das partidas, decretou o fim dos estudos de Leonardo. Se hoje, com toda essa tecnologia e cursos online, apenas 15 dos 600 jogadores da Série A alcançaram o ensino superior, como vimos no presente estudo, na época de Leonardo era ainda mais complicado.
A questão da dificuldade em conciliar o estudo com o esporte, segundo Leonardo, é algo difícil de ser solucionado, pois o futebol não nasceu dentro do ambiente escolar. É uma característica do Brasil, porque o futebol nasceu nas ruas, nas praças públicas. Ou seja, é uma cultura popular. Como vimos nesse trabalho, esse esporte era praticado exclusivamente pela elite e os clubes eram privados. Sendo assim, aqueles que não faziam parte das classes mais altas, mas se interessavam pelo esporte, não tinham outra alternativa senão pratica-lo na rua. Por isso, vários craques são descobertos nas peladas, pelos olheiros, o que é raro de acontecer nos Estados Unidos, por exemplo.
Leonardo ressaltou ainda, aquilo que foi relatado por João Pedro Brasil. Nos Estados Unidos, por esporte e estudo estarem completamente integrados, o jovem consegue se dedicar ao esporte, pois treina no mesmo ambiente em que estuda. Além disso, todos os estados têm o mesmo nível de formação, o que facilita na formação dos atletas. No Brasil, por exemplo, o jovem que quer se arriscar na profissão de jogador de futebol precisa ir para os grandes centros, se distanciando da família e precisando se adaptar à nova região, o que já é uma grande dificuldade. Isso explica a dificuldade do atleta de ter condições de preparar a vida depois que se aposenta, caso dê certona concorrida profissão.
“Se você analisar hoje, nos Estados Unidos, quase todos os esportes nascem e são desenvolvidos dentro das universidades. Todos os campeonatos universitários são fortíssimos e depois você passa para um campeonato profissional. No Brasil são dois percursos completamente paralelos, que em nenhum momento se cruzam. Tem uma grande barreira entre eles. Se você vai se dedicar ao esporte, você vai prejudicar o seu estudo e se você vai se dedicar ao estudo, você vai se prejudicar no esporte e não vai dar certo. São duas linhas tão distantes que, quem não pode optar pelo estudo, se tiver talento, vai jogar bola.” (ARAÚJO, Leonardo) 
De acordo com o ex-jogador, os jovens que têm boas condições financeiras e têm um apoio familiar, dificilmente se arriscam na tentativa de se tornar um jogador de futebol profissional, até porque o caminho para o sucesso é extremamente longo e incerto. Dessa forma, a grande maioria dos jogadores que surgem são de classe mais baixa, que não enxergam outras alternativas de garantir um futuro melhor.
Além disso, Leonardo explicou que os clubes até têm certa preocupação com os estudos dos atletas, mas não têm nenhuma interação com o percurso escolar. Por mais que a presença nas escolas seja obrigatória, se o menino tiver muito talento e um péssimo desempenho escolar, é capaz de o clube pedir até pra ele abandonar os estudos para não atrapalhar os treinos. O craque acrescentou que o clube profissional vive de resultados e os resultados são consequência de uma performance muito alta, o que requer muito tempo. Sendo assim, fica complicado conciliar o esporte com qualquer outra atividade.
Segundo Leonardo, a prioridade do clube é, sem dúvidas, a formação esportiva. Afinal de contas, é um clube de futebol, um clube de esporte, e não um clube de formação educacional. Dessa forma, o craque chegou à conclusão que não tem como esses meninos se prepararem para algum fracasso no futuro, se no “durante” eles não tiveram acesso às coisas básicas.
Quando perguntado se os companheiros de equipe se preocupavam e discutiam sobre os estudos, Leonardo disse que era muito difícil de acontecer. De acordo com ele, a realidade daqueles jovens era muito árdua. Muitos já eram pais de família e estavam ali para garantir o alimento e a moradia. Ou seja, viam no futebol a oportunidade de garantir um futuro melhor. Sendo assim, a questão não era se estudava ou se dedicava ao esporte, mas sim, se ia comer ou não, onde ia morar, entre outras necessidades básicas. Era uma necessidade momentânea.
Hoje em dia, no entanto, com o avanço das tecnologias, há uma facilidade no acesso às informações, o que torna essa discussão mais relevante. De acordo com Leonardo, as tecnologias ajudam no processo de formação dos jovens, porque eles estão sempre ligados e, consequentemente, acabam tendo acesso às informações, ficam por dentro das notícias e isso acaba sendo uma formação “empírica” para esses garotos.
Apesar da dificuldade de conciliar, o ex-lateral também reconheceu a importância dos estudos dentro de campo, alegando que um jogador mais escolarizado tem mais facilidade para assimilar uma orientação tática do treinador do que um menos escolarizado, por exemplo.
“O processo acadêmico, com certeza, te dá muitas informações e o fato de você aprender a ler, tomar gosto pelo estudo, se interessar, pesquisar, fazer uma redação, entre outras coisas, te ajuda em qualquer coisa na vida. Claro que se alguém te explica uma coisa que seja tática do futebol ou como fazer um bolo de chocolate, se você tem uma formação acadêmica você vai assimilar mais rápido. Você acaba tendo, inevitavelmente, uma velocidade maior de aprendizado. E isso também acontece no mundo do esporte.” (ARAÚJO, Leonardo)
Tendo saído bem jovem do Brasil para jogar na Europa, onde hoje mora com a família, Leonardo pode comparar, melhor do que qualquer um, a diferença entre a gestão dos dirigentes brasileiros e europeus. Na Europa, os clubes são muito mais organizados e, por isso, conseguem oferecer um tempo maior para os meninos se dedicarem à escola.
 Apesar de não ser o modelo ideal, que é o americano, os atletas europeus têm o mínimo acesso aos estudos e, se dedicando, conseguem ter uma excelente formação escolar. Oportuno lembrar que o ensino público europeu é infinitamente superior ao brasileiro, o que já é um grande diferencial nessa comparação.
A base familiar, somada à formação escolar, foi sem dúvida um grande diferencial na carreira de Leonardo desde as categorias de base. Extremamente dedicado e inteligente, o ex-jogador teve um grande sucesso dentro e fora de campo. Ao se aposentar, tornou-se um dos dirigentes mais respeitados do futebol mundial, com passagens por Milan, Inter de Milão e, mais recentemente, Paris Saint-Germain, onde assumiu a responsabilidade de montar um time com grandes craques e tornar a equipe uma das mais respeitadas do futebol mundial.
“Tive muito apoio da família e esse suporte é fundamental. Além disso, fui alguém que conseguiu as coisas muito mais por transpiração do que inspiração. Minha dedicação era total. Somado a isso tive a oportunidade de ir pro Flamengo e poder estrear no profissional com 17 pra 18 anos num time com vários craques e tudo isso ajudou muito! Acabei saindo muito novo do Brasil e isso me fez quebrar vários tabus e vários mitos: da distância, da saudade e da diferença cultural. Sempre fui um cara curioso, que quer sempre aprender e acho que o que mais me ajudou foram os idiomas. Para você entrar num lugar, se adaptar, ser bem aceito e poder exercer uma determinada função, você tem que se fazer conhecer e tem que entender. Para entender e ser entendido é fundamental você dominar o idioma.” (ARAÚJO, Leonardo)
Leonardo fez questão de ressaltar, no entanto, que o problema não se restringe ao futebol. De acordo com o ex-jogador, o problema não é só dos clubes, mas da sociedade, é um problema social, pois acontece também com muitos jovens que não estão ligados ao esporte. Mas é no esporte que o problema se agrava. As consequências pela falta de instrução se destacam e, algumas vezes, viram capa das páginas policiais.
Assim como explicou o antropólogo Bernardo Conde, Leonardo disse que a grande maioria vem de condições muito precárias e, quando se transforma numa referência para a família, aquele que é capaz de garantir um futuro melhor para todos, acaba se deslumbrando e não resistindo às más tentações que são propiciadas pelo sucesso. Um jovem, com menos de 20 anos, recebendo um salário altíssimo, tendo uma vida luxuosa e toda a fama que a carreira proporciona precisa ter uma cabeça muito boa para manter o foco, e é aí que entra a questão da base familiar e escolaridade, embora também seja muito difícil até para um jovem que tenha muita instrução.
Ao ser perguntado se, com um alto nível de escolaridade, o jovem tende a ter um comportamento melhor, Leonardo afirmou que sim, mas ressaltou que os meninos que têm a oportunidade de estudar não costumam se arriscar na carreira árdua e imprevisível de jogador de futebol. 
Por fim, o ex-jogador reafirmou que a única solução seria integrar o processo informativo e educativo com o esportivo, mas não se mostrou muito otimista, pois não consegue imaginar um clube sendo uma entidade educacional.
CASO DE FRACASSO
A carreira de jogador de futebol começa mais cedo do que qualquer outra e com Antonio Barbosa (nome fictício) não foi diferente. Morador de Niteroi, o jovem se destacava no futebol praticado na escola e, com apenas seis anos de idade, foi convidado pelo professor para fazer parte do time do Botafogo de futebol de salão. Com tão pouca idade, já precisava conciliar as atividades escolares, com os treinos na escola e no Botafogo, abrindo mão de muitas atividades de lazer com os amigos, como revelou em entrevista não publicada realizada no dia 10 de novembro de 2016.
Segundo Antonio, o talento não basta. Por começar muito jovem, o jogador tem que ter muita força devontade e foco, o que nessa idade é bem complicado. Precisa querer muito e tem que estar pronto para certas situações e jogar sob pressão. Tem que ser focado e também ter sorte e oportunidades. Precisa contar com o apoio familiar, um dos maiores pilares nessa jornada.
Depois do Botafogo, com 11 anos, se transferiu para o Fluminense, e foi nessa época que passou a ser mais exigido pelo clube e os treinos começaram a interferir nas atividades acadêmicas. Com treinos de manhã e de tarde e muitas viagens para disputar torneios, o estudo ficou em segundo plano e Antonio passou a perder muitas aulas.
Somado a isso, o ex-atleta admitiu que não era um aluno muito focado e sempre priorizava o futebol. Vale destacar que o jovem perdia muito tempo para deslocar até Xerém, local de treinamento do Fluminense.
Sua família, no entanto, não aceitava a decisão de abrir mão totalmente dos estudos para se dedicar exclusivamente ao futebol. Por isso, aos 12 anos, se transferiu para o Praiano, um clube de Niteroi, para conseguir conciliar melhor as duas atividades. 
“Eu nunca escondi que queria ser jogador de futebol e apostava com todas as fichas que meu futuro seria ali. Por isso, muitas vezes, deixava o estudo em segundo plano. Meu pai não falava muito, mas minha mãe dizia que se eu não tivesse um bom desempenho na escola, eu ia parar de jogar futebol.” (BARBOSA, Antonio) Entrevista não publicada realizada no dia 10 de novembro de 2016.
A passagem pelo clube de Niterói durou apenas um ano, visto que o Fluminense fez uma nova proposta para o craque voltar para a equipe. Sem pensar duas vezes, Antonio aceitou a oferta. O jovem, sem dúvidas, era um dos melhores jogadores daquela geração e todos apostavam no seu sucesso.
Antonio afirmou que o Fluminense só se preocupava com a escolarização dos jovens que moravam na concentração do clube, prestando grande assistência social. Quem morava com a família, no entanto, não contava com esse apoio do clube. Para o ex-atleta, o estudo é essencial para um jogador, não só para assimilar melhor as orientações dentro de campo, mas também para a própria vida do atleta, para saber se comportar e opinar nas entrevistas, para saber lidar com muito dinheiro, lidar com empresários sem ser enganado e ter uma boa relação com a imprensa. Ou seja, é importante para a construção da imagem de um jogador. 
Nos dias atuais, com o “boom” das redes sociais, tal fato é cada vez mais importante, visto que uma declaração mal dada ou foto reveladora, em questão de segundos, viram assunto nacional e podem manchar a imagem de um jogador.
No Fluminense, Antonio ficou até os 17 anos, quando se transferiu para o Criciúma. Jogou apenas dois meses no clube e, na época, tomou a decisão mais difícil de sua vida. Depois de 11 anos de dedicação ao futebol, o craque abria mão do sonho para se concentrar nos estudos, que nunca foi seu forte. 
É bem verdade que a saída do Fluminense fez com que o jogador ficasse desacreditado quanto ao futebol, pois era um grande clube e tudo estava ocorrendo conforme imaginava.
“Desistir do futebol é a decisão mais difícil para qualquer jogador, ainda mais pra mim que passei tantos anos jogando e estava tão perto do sonho. Foi a decisão mais certa que eu poderia ter tomado, pois ou eu ficava e jogava em times pequenos, sem garantia nenhuma de sucesso na profissão, ou eu estudaria e teria um caminho menos obscuro.” (BARBOSA, Antonio)
Retomar os estudos também não foi uma tarefa simples. A busca incessante pelo sonho de ser jogador de futebol fez com que o craque abandonasse a escola no primeiro ano do Ensino Médio. Por isso, antes de fazer vestibular e ingressar em uma faculdade, Antonio precisou fazer um supletivo para garantir o diploma na escola.
Depois disso, ingressou em um curso preparatório para o vestibular e, no primeiro ano de tentativa, foi aprovado no curso de Educação Física na Universus. Logo em seguida, conseguiu transferência para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e teve um desempenho escolar incrível.
De acordo com ele, por nunca ter sido tão dedicado, não conseguiu o sucesso desejado no futebol e nem no estudo. Sendo assim, chegou o momento em que ele teve que mudar de comportamento, para deixar de ser só mais um e se esforçar para ser o melhor naquilo que fazia.
Comportamento inadequado, aliás, é o que leva muitos atletas ao fracasso. A grande maioria, que não vê outra alternativa além do futebol, costuma sofrer muito com a desistência do sonho e não fazem nada para reverter a situação. Dessa forma, não se dedicam aos estudos e acabam tendo uma vida árdua e dolorosa apenas para garantir as necessidades básicas da família. Vale destacar, ainda, que alguns desses jovens já têm filhos antes mesmo de se tornarem profissionais, o que pressiona e prejudica ainda mais esses atletas, que são obrigados a buscar alguma fonte de rendimento que garanta o sustento mínimo da família.
Sem repetir nenhuma matéria, Antonio se formou em Educação Física há três anos e, depois de trabalhar em diversas academias de Niterói como personal trainer, está a pouco mais de um ano trabalhando como preparador físico particular do jogador Fellipe Bastos, nos Emirados Árabes.
CONCLUSÃO
Torna-se evidente, portanto, que conciliar o esporte com o estudo é algo quase impossível no Brasil, pois são duas atividades que andam paralelamente, e em nenhum momento se encontram. A grande maioria prefere focar no futebol, esquecendo que é uma carreira extremamente difícil, curta e incerta, como foi dito no presente estudo. 
O clube que mais se aproxima do modelo ideal é o Vasco da Gama, que tem um colégio voltado exclusivamente para os atletas da instituição. Embora ainda não seja o modelo ideal, visto que a prioridade continua sendo o retorno financeiro proporcionado pelo esporte, a iniciativa do clube denota uma certa preocupação com a formação pessoal desses jovens. 
Como vimos na dissertação de mestrado “Entre a Profissionalização e a Escolarização: Projetos e Campos de Possibilidades em jovens atletas do Colégio Vasco da Gama”, de 2014, de Carlus Augustus Jourand Correia, o colégio é totalmente adaptado e o calendário flexível, para não prejudicar o rendimento dos atletas. O problema está no fato de que se o atleta deixa de fazer parte do Vasco, por alguma lesão ou algo do tipo, ele também é automaticamente desligado da escola, o que denota um imediatismo mercantilista, sem falar em um certo tipo de abandono da criatura humana.
O ideal, como sugeriu o antropólogo Bernardo Conde, seria o aluno se dedicar às duas atividades de forma simultânea e, caso não desse certo no futebol, poderia ser integrado ao clube para trabalhar com as crianças, com os atletas em formação, na comissão técnica, entre outras funções ou até mesmo, dada sua formação escolar, buscar outras alternativas de emprego no mercado. Dessa maneira, os atletas que não alcançassem o sucesso desejado não seriam abandonados como são e poderiam ter um futuro mais sólido, sem maiores sustos.
Cabe frisar, no entanto, que esse problema não é novidade no nosso país, pois na década de 20 os trabalhadores tinham dificuldade de conciliar os jogos dos times das fábricas com as atividades que exerciam. Por isso, aqueles trabalhadores que se destacavam no esporte tinham mais regalias do que os outros funcionários.
Com o desenvolvimento do futebol, que passou a ser algo extremamente lucrativo e globalizado, os clubes passaram a exigir cada vez mais dos atletas, em relação à parte física, com treinos cada vez mais longos e pesados, e o estudo se torna cada vez menos importante. Embora haja iniciativas legais estaduais obrigando os atletas a estarem matriculados em um colégio, não existe um controle rígido e muitas dessas escolas negligenciam.
O que muitos dos clubes não sabem, como destacou o antropólogo Bernardo Conde, é que a formação pessoal do jovem, com uma boa escolarização, pode ser um grande diferencial na carreira desse atleta, principalmente em relação ao comportamentodentro e fora de campo, com uma boa leitura de jogo, assimilando facilmente as orientações do treinador e tendo atitudes corretas, evitando as más influências. 
Como ressaltou Leonardo, muitos jovens talentos não têm êxito na profissão justamente por não saberem se comportar, agindo de maneira errada em determinadas situações e se perdendo no caminho, por consequência das más influências.
Não podemos esquecer, contudo, que o problema não é exclusivamente dos clubes. Muitos desses garotos não demonstram a vontade necessária de se dedicar aos estudos e, além disso, não tem o apoio dos pais. É um problema social e cultural do nosso país, que atinge não só os atletas, mas também muitos jovens, visto que o ensino público está longe de ser o ideal. 
O ensino público ideal, aliás, faz com que os jogadores europeus tenham uma boa base escolar e um nível de instrução bem superior ao dos brasileiros, como destacou Leonardo.
A partir das entrevistas, torna-se evidente que o modelo adotado nos Estados Unidos está próximo do ideal. Lá, o esporte se desenvolve dentro das universidades e os jovens conseguem conciliar da melhor maneira possível. Os torneios entre as faculdades são muito bem organizados e conta com o incentivo do governo. 
O atleta João Pedro Brasil, que tentou ser jogador no Rio de Janeiro e hoje em dia joga em uma universidade dos Estados Unidos, confirmou que não tem como comparar e que a estrutura é diferente de todas que já viu. Assim como o jovem Leonardo Machado, que exaltou a proximidade da sala de aula e do campo de futebol nas faculdades. 
Além disso, vimos que não basta ter talento na modalidade para fazer sucesso no esporte dos Estados Unidos. Se o atleta não tirar uma nota mínima, ele fica impedido de atuar pelo time. Ou seja, o atleta é estimulado a estudar, mesmo quando não tem dedicação e interesse inato pelos estudos.
Se alguém duvida que o modelo dos Estados Unidos está próximo do ideal e deveria ser copiado por outros os países, basta analisar o desempenho dos americanos nos Jogos Olímpicos. Sempre liderando o ranking de medalhas, muitos dos atletas dos Estados Unidos praticaram o esporte na faculdade. 
Embora ainda não seja uma potência mundial no futebol, os norte-americanos possuem um projeto de longo prazo e estão investindo cada vez mais na liga do país, a MLS (Major League Soccer), contratando jogadores renomados como Kaká, Pirlo, David Villa, David Beckham, Thierry Henry, Robbie Keane, Landon Donovan, Frank Lampard com o intuito de, no futuro, chegar ao topo.
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