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UUFFPPBB –– UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDAA PPAARRAAÍÍBBAA CCTT –– CCEENNTTRROO DDEE TTEECCNNOOLLOOGGIIAA DDEEPP –– DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA DDEE PPRROODDUUÇÇÃÃOO SSIISSTTEEMMAASS DDEE PPRROODDUUÇÇÃÃOO ((VVEERRSSÃÃOO PPRREELLIIMMIINNAARR)) FFrraanncciissccoo AAnnttôônniioo CCaavvaallccaannttii ddaa SSiillvvaa ((CCoooorrddeennaaddoorr)) AAnnaa CCllááuuddiiaa QQuueeiirroozz LLyyrraa IIzziiddrroo SSooaarreess BBaarrrreeiirroo JJúúnniioorr LLúúcciiaa MMoorrggaannaa ddee LLiimmaa QQuuiirriinnoo MMaarrccoonnii EE.. EEssmmeerraallddoo AAllbbuuqquueerrqquuee PPaabblloo AA.. ddee OOlliivveeiirraa JJOOÃÃOO PPEESSSSOOAA –– PPBB OOUUTTUUBBRROO // 22000033 1 SSIISSTTEEMMAASS DDEE PPRROODDUUÇÇÃÃOO 2 UUFFPPBB –– UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDAA PPAARRAAÍÍBBAA CCTT –– CCEENNTTRROO DDEE TTEECCNNOOLLOOGGIIAA DDEEPP –– DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA DDEE PPRROODDUUÇÇÃÃOO SSIISSTTEEMMAASS DDEE PPRROODDUUÇÇÃÃOO FFrraanncciissccoo AAnnttôônniioo CCaavvaallccaannttii ddaa SSiillvvaa ((CCoooorrddeennaaddoorr)) AAnnaa CCllááuuddiiaa QQuueeiirroozz LLyyrraa IIzziiddrroo SSooaarreess BBaarrrreeiirroo JJúúnniioorr LLúúcciiaa MMoorrggaannaa ddee LLiimmaa QQuuiirriinnoo MMaarrccoonnii EE.. 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JJOOÃÃOO PPEESSSSOOAA –– PPBB OOUUTTUUBBRROO // 22000033 3 SUMÁRIO Página APRESENTAÇÃO............................................................................................................. 8 CAPÍTULO 1 – ORGANIZAÇÃO E CONCEITO DE SISTEMA 1.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1.2 A TRANSIÇÃO DO ARTESANATO À INDÚSTRIA.............................................. 1.3 O CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO......................................................................... 1.4 O CONCEITO DE SISTEMA...................................................................................... 1.4.1 Parâmetros dos sistemas................................................................................ 1.4.2 Classificação dos sistemas quanto à sua natureza......................................... 1.4.3 Principais características dos sistemas........................................................... 1.5 A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS RELATIVAS AOS SISTEMAS............................. 1.6 RESUMO..................................................................................................................... 1.7 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 11 11 16 20 20 21 22 25 26 27 28 CAPÍTULO 2 – FUNÇÕES E OBJETIVOS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO 2.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ENQUANTO FUNÇÃO... 2.3 DEFINIÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO...................................................... 2.4 OS SUBSISTEMAS DENTRO DA CATEGORIZAÇÃO FUNCIONAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO........................................................................................... 30 30 32 33 4 2.5 A SUBDIVISÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO BASEADA NOS FATORES ESTOQUE E CLIENTE...................................................................................................... 2.6 OBJETIVOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES........................................................... 2.7 RESUMO..................................................................................................................... 2.8 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 2.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 38 44 45 47 48 CAPÍTULO 3 – SISTEMAS DE PRODUÇÃO: BENS X SERVIÇOS 3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 3.2 ORGANIZAÇÃO MANUFATUREIRA X ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS........ 3.3 DISTINÇÃO ENTRE BENS E SERVIÇOS: A DIMENSÃO DO PRODUTO.......... 3.4 O PRODUTO COMO UM PACOTE DE BENS E SERVIÇOS................................. 3.5 RESUMO..................................................................................................................... 3.6 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 3.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 49 51 54 56 58 59 60 CAPÍTULO 4 – TIPOLOGIA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO 4.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 4.2 CONCEITOS................................................................................................................ 4.2.1 Produção e transformação.............................................................................. 4.2.2 Sistemas de produção.................................................................................... 4.2.3 Os componentes de um sistema de produção................................................ 4.2.4 Função dos sistemas de produção.................................................................. 4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO............................................ 4.3.1 Classificação dos sistemas produtivos segundo a sua atividade 61 61 61 62 63 64 65 5 econômica........................................................................................................................... 4.3.2 Classificação dos sistemas produtivos segundo o grau de padronização dos produtos.............................................................................................................................. 4.3.3 Classificação dos sistemas de produção segundo o volume produtivo ou o tipo de operação.................................................................................................................................................. 4.3.4 Classificação dos sistemas produtivos segundo a tecnologia de produção empregada...........................................................................................................................4.3.5 Classificação dos sistemas produtivos segundo o grau de interação com os clientes................................................................................................................................ 4.4 RESUMO..................................................................................................................... 4.5 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 4.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 65 65 66 68 69 70 71 72 CAPÍTULO 5 – ÁREAS E FUNÇÕES DA GESTÃO DE OPERAÇÕES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO 5.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 5.2 ESCOPO DA GESTÃO DE OPERAÇÕES................................................................. 5.3 PRINCIPAIS ÁREAS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES............................................ 5.3.1 Programação.................................................................................................. 5.3.2 Principais problemas relacionados à área de programação........................... 5.3.3 Gestão de estoques......................................................................................... 5.3.4 Principais problemas relacionados à área de gestão de estoques.................. 5.3.5 Gestão da capacidade..................................................................................... 5.3.6 Capacidade e programação............................................................................ 5.3.7 Capacidade e estoques................................................................................... 73 73 74 75 77 78 79 81 82 83 6 5.4 ÁREAS DE APÓIO À GESTÃO DE ESTOQUES..................................................... 5.4.1 Manutenção.................................................................................................... 5.4.2 Controle de qualidade.................................................................................... 5.4.3 Instalações físicas.......................................................................................... 5.5 RESUMO..................................................................................................................... 5.6 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 83 83 84 85 88 89 90 CAPÍTULO 6 – A TECNOLOGIA E OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO 6.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 6.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE TECNOLOGIA...................................... 6.3 A TECNOLOGIA NA EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO................ 6.4 A TECNOLOGIA NO DESEMPENHO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO........... 6.5 A TECNOLOGIA NA COMPETITIVIDADE DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO...................................................................................................................... 6.6 O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIA PELOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO........................................................................................... 6.7 O GERENCIAMENTO DA TECNOLOGIA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO.... 6.8 RESUMO..................................................................................................................... 6.9 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 6.10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 92 92 95 99 103 104 107 114 116 117 CAPÍTULO 7 – TENDÊNCIAS RECENTES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO 7.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 119 7 7.2 FILOSOFIAS MODERNAS NO GERENCIAMENTO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO...................................................................................................................... 7.2.1 O “Just-In-Case”…..............................................................................…….. 7.2.2 O “Just-In-Time” (JIT).........................................................................……. 7.3 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS EMPREGADAS NA OPERACIONALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO...................................... 7.3.1 MRP……………………………………………………………………… 7.3.2 MRP II……………………………………………………………………... 7.3.3 “Kanban”……….....….........................................................................…..... 7.4 RESUMO..................................................................................................................... 7.5 QUESTÕES PROPOSTAS.......................................................................................... 7.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... ANEXOS ESTUDO DE CASO 1 – MANUFATURA ESTUDO DE CASO 2 – TRANSPORTE ESTUDO DE CASO 3 – SUPRIMENTO ESTUDO DE CASO 4 – SERVIÇO 119 120 122 131 131 135 138 140 142 143 8 APRESENTAÇÃO Francisco Antônio Cavalcanti da Silva Este conjunto de textos, reunidos sob a forma de apostila, objetiva suprir a carência de literatura especializada de suporte à disciplina “Sistemas de Produção” do curso de graduação em Engenharia de Produção Mecânica do Centro de Tecnologia (UFPB – campus I). Considere-se, todavia, que a utilização destes textos não se esgota no cumprimento do objetivo estrito que motivou a sua elaboração. Cumpre reconhecer a colaboração que eles podem prestar a estudantes de outras áreas da Engenharia bem como a estudantes de Administração. A decisão em empreender este esforço decorre em parte do reconhecimento da importância da disciplina “Sistemas de Produção” para a abertura do processo de formação profissional nessa subárea das Engenharias, mas também da oportunidade de se organizar um conjunto articulado de textos capaz de preencher identificáveis lacunas no ensino de graduação em outras subáreas das Engenharias e da Administração, relacionadas com os Sistemas de Produção. Nesta disciplina, a partir da internalização dos conhecimentos tratados sob a perspectiva sistêmica e estruturados na moderna divisão funcional das organizações produtivas, o estudante desenvolve uma perspectiva que o ajuda no processo de construção do conhecimento profissional a que se submete até a conclusão do curso. A produção deste conjunto articulado de textos resultou do esforço intelectual coletivo, coordenado pelo professor da disciplina, da colaboração de alunos do curso de mestrado em Engenharia de Produção, em estágio docente, e do monitor da disciplina. O trabalho se iniciou com uma seqüência de reuniões acadêmicas, com periodicidade semanal, voltadas à estruturação do conjunto de textos (capítulos) e de cada texto em particular, bem como para discussões sobre suporte bibliográfico mais recomendável. Cumprido o prazo de elaboração da primeira versão dos textos, estes passaram a ser objeto de revisão e avaliação em conjunto, por parte do coordenador do 9 projeto e do monitor da disciplina, para, em seguida, serem configurados dentro de padrão pré-estabelecido: 1. Introdução 2. Corpo do texto 3. Resumo4. Questões Propostas 5. Referências Bibliográficas Este trabalho resultou na elaboração dos seguintes textos, que devem ser percebidos na importância do seu conjunto para o trato do corpo de conhecimentos a que se propõe a disciplina “Sistemas de Produção”, a saber: Capítulo 1 – Organização e Conceito de Sistema; com o objetivo de contribuir para o entendimento do conceito de sistemas de produção a partir das teorias sobre organização. Capítulo 2 – Funções e Objetivos dos Sistemas de Produção; com o objetivo de analisar os conceitos e finalidades de sistemas de produção, de forma estrutural, a partir de uma categorização funcional adotada. Capítulo 3 – Sistema de Produção: Bens X Serviços; com o objetivo de caracterizar os “outputs” (bens e serviços) que são gerados de uma determinada função de sistema, seja manufatura, transporte, suprimento e serviço, e detalhar as peculiaridades inerentes aos serviços. Capítulo 4 – Tipologia dos Sistemas de Produção; com o objetivo de classificar os diversos sistemas de produção sob os seguintes aspectos: 1) atividade econômica; 2) grau de padronização dos produtos; 3) volume produtivo; 4) tecnologia empregada e 5) grau de interação com os clientes. Capítulo 5 – Áreas e Funções da Gestão de Operações nos Sistemas de Produção; com o objetivo de apresentar do escopo da gestão de operações bem como os problemas relacionados às principais áreas da gestão de operações. 10 Capítulo 6 – A Tecnologia e os Sistemas de Produção; com o objetivo de apresentar o contexto histórico do desenvolvimento da tecnologia, os conceitos e classificações a respeito da tecnologia, bem como a influência do seu desenvolvimento para os sistemas de produção em termos de uma gestão voltada à elevação dos níveis de desempenho e da competitividade. Capítulo 7 – Tendências Recentes nos Sistemas de Produção; com o objetivo de destacar as novas técnicas e ferramentas tecnológicas de gestão de operações e as suas principais influências nos sistemas de produção. Dado o exposto, os resultados obtidos conduzem a conclusão a respeito da importância do esforço coletivo de forma estruturada e coordenada para a produção acadêmica e constitui exemplo de iniciativa a ser reproduzida em muitas áreas ainda carentes de uma literatura adequada aos requisitos do ensino de graduação. 11 CAPÍTULO 1 – ORGANIZAÇÃO E CONCEITO DE SISTEMA Izidro Soares Barreiro Júnior Francisco Antônio Cavalcanti da Silva Pablo A. de Oliveira 1.1 INTRODUÇÃO Este capítulo apresenta o conceito de sistemas de produção, bem como as suas características mais relevantes, a partir das teorias sobre organizações. Inicialmente são apresentados os fatos de maior relevância no tocante ao desenvolvimento dos sistemas produtivos, com ênfase especial nas Revoluções Industriais e suas conseqüências. Em seguida, trata de uma apreciação acerca dos modelos teóricos utilizados para se tentar compreender as organizações. Este item apresenta desde a denominada “abordagem do bom senso”, na qual se baseava a maior parte da teoria e do raciocínio clássicos utilizados para o estudo das organizações, até o modelo teórico proposto por Katz & Kahn (1978), fundamentado na clara semelhança que existe entre os organismos vivos e as organizações. O conceito de sistema de produção, os seus respectivos parâmetros, a sua classificação, bem como as nove principais características são apresentadas na seqüência do texto. O texto, finalmente, aborda a evolução das teorias relativas aos sistemas, sendo apresentados desde os princípios da Teoria Geral de Sistemas, até as pressuposições feitas pela Teoria de Sistemas propriamente dita, no tocante à integração entre as ciências naturais e sociais. 1.2 A TRANSIÇÃO DO ARTESANATO À INDÚSTRIA As atividades de produção constituem a base do sistema econômico de uma nação, haja vista que são elas as responsáveis pela transformação dos recursos de capital, materiais e humanos em bens e serviços de maior valor (Monks, 1987). A figura 1.1, mostra os fatos históricos mais importantes relativamente ao desenvolvimento de sistemas de produção nos últimos duzentos anos: 12 Figura 1.1 Estágios no desenvolvimento dos sistemas de produção FONTE: Adaptado de Monks (1987). De acordo com Chiavenato (1983), a era do artesanato, que perdurou até aproximadamente a penúltima década do século XVIII, teve fim principalmente devido à invenção da máquina a vapor, de James Watt (1764) e de Mathews Bultton, e às contribuições prestadas por Adam Smith relativamente à divisão do trabalho, que tem como exemplo clássico a fabricação de alfinetes que é subdividida em 18 operações distintas, onde cada etapa, geralmente é da responsabilidade de um único trabalhador. Dado à sua relevância neste contexto, a máquina a vapor de Watt e Bultton se encontra ilustrada na figura 1.2. Tais ocorrências permitiram, mais precisamente a partir do último quartel do século XVIII, a criação de uma nova concepção de trabalho, que veio modificar completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, num período de aproximadamente um século, foram maiores do que as mudanças ocorridas no milênio anterior. É o período denominado de Era do Artesanato Revolução Industrial Adm. Científica Sistemas Flexíveis e Robótica Computador Pesquisa Operacional Expansão colonial Expansão industrial Expansão financeira Expansão da automação 1750 1800 1850 1900 1950 2000 Guerra Revolucionária Guerra Civil 2ª Guerra Mundial Depressão 13 Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e rapidamente se alastrou por todo o mundo civilizado. Figura 1.2 Máquina a vapor desenvolvida por James Watt e Mathews Bultton FONTE: Silva, 1985. Segundo Burns, apud Chiavenato (1983), a Revolução Industrial pode ser dividida em duas épocas bem distintas: 1ª Revolução Industrial, ou revolução do carvão e do ferro, compreendida de 1780 a 1860, e 2ª Revolução Industrial, ou revolução do aço e da eletricidade, compreendida de 1860 a 1914. A 1ª Revolução Industrial pode ser dividida em quatro fases: 1ª Fase: A mecanização da indústria e da agricultura; 2ª Fase: A aplicação da força motriz à indústria; 3ª Fase: O desenvolvimento do sistema fabril; 4ª Fase: O aceleramento dos transportes e das comunicações. A 2ª Revolução Industrial, por sua vez, foi provocada por três acontecimentos importantes: 14 1. O desenvolvimento de novo processo de fabricação de aço (1856); 2. O aperfeiçoamento do gerador e motor elétrico; 3. A invenção do motor de combustão interna (1873). Ainda segundo Burns, apud Chiavenato (1983), as principais características da 2ª Revolução Industrial são as seguintes: 1. A substituição do ferro pelo aço como material industrial básico; 2. A substituição do vapor pela eletricidade e pelos derivados de petróleo como principais fontes de energia; 3. O desenvolvimento da maquinaria automática e o estabelecimento de um alto grau de especialização do trabalho; 4. Transformações radicais nos transportes e nas comunicações; 5. O desenvolvimento de novas formas de organização capitalista; 6. A expansão da industrialização. Na calma produção artesanal, os operários eram organizadosem corporações de ofícios e era exigido dos aprendizes, a fim de que fossem promovidos a mestres, uma obra perfeita aprovada por um corpo de jurados. Com o advento da Revolução Industrial, as atividades de produção da sociedade da época passaram a ser desenvolvidas com o auxílio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Neste processo não houve uma gradativa adaptação entre as duas situações sociais, mas sim uma súbita modificação de situação, provocada principalmente por dois aspectos, a saber: 1. A transferência da habilidade do artesão para a máquina; 2. A substituição do esforço físico humano e dos animais de tração e carga, pela maior potência da máquina a vapor, e posteriormente dos motores elétricos e à combustão interna (Chiavenato, 1983). Os proprietários de oficinas que não tinham condições financeiras de adquirir máquinas foram obrigados, por força da concorrência, a trabalhar para outros proprietários de oficinas. O fenômeno da maquinização das oficinas provocou uma série de fusões de pequenas oficinas, que passaram a integrar outras maiores, e que, posteriormente, vieram a 15 se transformar em fábricas. Com a decorrente elevação da produtividade implicando no paulatino rebaixamento dos preços e a conseqüente ampliação dos mercados, as fábricas passaram a exigir gradativamente maiores contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou à sua divisão, fazendo com que os ofícios tradicionais fossem substituídos por tarefas semi-automatizadas e repetitivas. O artesanato em família desapareceu com a súbita competição das unidades fabris, surgindo daí grandes contingentes de operários em jornadas de trabalho de até 13 horas. Ao tempo em que o capitalismo se solidificava, se ampliava uma nova classe social: o proletariado. Os proprietários de fábricas passaram a enfrentar os novos problemas de gerenciamento, improvisando suas decisões e tendo que encarar os equívocos decorrentes (Chiavenato, 1983). Com a nova tecnologia dos processos de produção e o advento de uma legislação que procurava defender e proteger a saúde do trabalhador, a administração e a gerência das empresas passaram a ser a preocupação permanente dos seus proprietários. A prática foi lentamente ajudando a selecionar idéias e métodos empíricos. Ao invés de pequenos grupos de aprendizes dirigidos por mestres habilitados, o problema passou a ser o de dirigir batalhões de operários da nova classe proletária que se criou. Os produtos passaram a ser elaborados em operações parciais que se sucediam, sendo cada uma delas entregue a um grupo de operários especializados, que geralmente sequer tinham conhecimento das demais operações que compunham o restante do processo produtivo. Desse modo, os operários especialistas desconheciam, na maioria das vezes, até mesmo o produto final que estava sendo fabricado. Essa nova situação contribuiu para apagar da mente do operário o veículo social mais intenso, ou seja, o sentimento de estar produzindo e contribuindo para o bem- estar da sociedade. O capitalista passou a distanciar-se dos seus operários e a considerá-los uma enorme massa anônima. A principal preocupação dos empresários fixava-se na melhoria dos aspectos mecânicos e tecnológicos da produção, com o objetivo de produzir quantidades maiores de produtos melhores e de menor custo (Chiavenato, 1983). Diante de todo esse quadro, pode-se deduzir que a Revolução Industrial, embora tenha provocado uma profunda modificação na estrutura empresarial e econômica da época, não chegou a influenciar diretamente os princípios de administração das empresas então utilizados. Para justificar este raciocínio, Chiavenato (1983) argumenta que os dirigentes de empresas simplesmente trataram de cuidar, como podiam ou como sabiam, das demandas de uma economia em rápida expansão e carente de especialização. Alguns 16 empresários baseavam as suas decisões nos modelos das organizações militares ou eclesiásticas bem sucedidas nos séculos anteriores. Neste contexto, é inaugurada por Frederick Taylor, no início do século XX, a era da Administração Científica, o que lhe conferiu o título de “Pai da Administração Científica”. Para Taylor, a organização e a administração deveriam ser objeto de preocupação científica. Seus esforços foram de extraordinária importância para o aperfeiçoamento das organizações no tocante aos seus aspectos gerenciais, notadamente aqueles relacionados com a produção. À medida que se aperfeiçoavam os controles automáticos e a maquinaria, a maior parte do esforço de fabricação pesada foi sendo dirigida para a produção em massa, o que caracteriza a expansão industrial da primeira metade do século passado. 1.3 O CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO Os modelos de representação de organizações têm sido objeto de preocupação de muitos autores, destacando-se, do ponto de vista sistêmico, a proposição de Katz & Kahn. De um modo geral, a formulação de tais modelos originou-se da percepção da clara semelhança que existe entre os organismos vivos e as organizações, em virtude dos seus inúmeros aspectos comuns. O crescimento a partir do acréscimo de partes, a importação de energia de fontes externas, a ingestão das mesmas, os respectivos processos envolvidos na conversão dessa energia, as reações ao meio ambiente e, por fim, o processo reprodutivo (no caso de organizações representado pela criação de empresas subsidiárias), são exemplos de elementos que justificam a forte similitude existente entre os organismos vivos e as organizações, como bem ilustram as figuras 1.3 e 1.4. Esta abordagem sistêmica teve implicações de notável relevância na Teoria da Administração (Katz & Kahn, 1978). 17 Figura 1.3 Célula de um organismo vivo – modelo representativo para as organizações FONTE: Capra, 1996. Figura 1.4 Processos que justificam a correlação entre os organismos vivos e as organizações FONTE: Capra, 1996. A partir do estabelecimento do paralelo existente entre organização e sistemas vivos, esses autores destacam as seis funções básicas de uma empresa: 18 1. Ingestão – Função que representa a atividade de aquisição de energia e materiais, a fim de que sejam, posteriormente, processados e convertidos em produtos finais (saídas); 2. Processamento – Função que representa a atividade de conversão da energia e da matéria em produtos finais, através do processo de produção; 3. Reação ao ambiente – Resposta da empresa às diversas influências exercidas pelo meio ambiente; 4. Suprimento das partes – As partes integrantes da empresa são supridas por meio de dados de produção, compras, vendas e contabilidade; 5. Regeneração das partes – Função que diz respeito ao fato de os elementos fundamentais de uma empresa poderem ser substituídos por outros; 6. Organização – Nesta função, destaca-se o sistema de comunicação como o principal responsável pela organização das cinco funções anteriormente descritas, bem como pela organização do controle e da tomada de decisões. Com base nesta teoria, bem como devido à existência dos problemas relativos à “abordagem do bom senso”,que se apóia nas suposições de que a localização e a natureza de uma organização são dados por seu nome e que uma organização é simplesmente constituída de metas intrínsecas. Katz & Kahn (1978) afirmam que os conceitos teóricos, formulados com o objetivo de se compreender as organizações, devem começar com o “input” (entradas), o “output” (saídas) e o funcionamento da organização como sistema, e não com os propósitos racionais de seus líderes. Segundo os mesmos autores, tais propósitos podem ser utilizadoscomo fonte para assuntos especiais de estudo ou quando se deseja obter alguns dados referentes à organização, mas não como constructos teóricos básicos para compreender organizações. Assim, Katz & Kahn (1978) propuseram um modelo teórico simplificado para a compreensão de organizações, e que ainda é largamente utilizado na literatura corrente, baseado em um sistema de energia “input - output”, no qual o retorno da energia do “output” reativa o sistema. Por este modelo, o “input” de energias e a conversão do produto em novo “input” de energia consistem em transações entre a organização e seu meio ambiente. Todos os sistemas sociais, inclusive as organizações, consistem em atividades padronizadas de uma quantidade de indivíduos. Além disso, essas atividades padronizadas 19 são complementares ou interdependentes em relação a algum produto ou resultado comum; elas são repetidas, relativamente duradouras, e ligadas em espaço e tempo. Se o padrão de atividade ocorresse uma única vez ou a intervalos imprevisíveis, não se poderia falar de organização. A estabilidade ou recorrência de atividades pode ser examinada em relação ao “input” de energia no sistema, à transformação de energias dentro do sistema e ao produto resultante ou produção de energia. Em uma fábrica, as matérias-primas e o trabalho humano são “inputs” de energia, as atividades padronizadas da produção são transformação de energia e o item acabado é o “output”. Manter esta atividade padronizada requer renovação contínua do influxo de energia. Nos sistemas sociais isso é garantido pelo retorno de energia do “input” ou resultado. Dessa forma, o ciclo de atividades fornece nova energia para a iniciação de um ciclo renovado (Katz & Kahn, 1978). De acordo com o modelo teórico de sistemas sugerido por Katz & Kahn (1978), há dois critérios básicos para a identificação de sistemas sociais e a determinação de suas funções. São eles: 1) Traçar o padrão de intercâmbio de energia ou atividade das pessoas, à medida que ele resulta em alguma espécie de “output”; 2) Verificar como o “output” é transladado em energia que reativa o padrão. Desse modo, verifica-se que Katz & Kahn (1978) fazem referência às funções organizacionais ou objetivos, não como as finalidades conscientes de líderes ou membros de grupos, mas como resultados que são a fonte de energia do mesmo tipo de “output”. Por fim, com base na teoria apresentada por Katz & Kahn (1978), pode-se definir organização como sendo um sistema, criado pelo homem, que coexiste e interage dinamicamente com o seu meio ambiente, exercendo influência sobre este e, em concomitância, recebendo sua influência. Além disso, em toda e qualquer organização deve haver uma forte integração entre as suas diversas partes componentes, no sentido de que uma série de metas, sejam elas próprias da organização ou de seus participantes, possam ser alcançadas e concretizadas. Assim, as partes inter-relacionadas de uma organização devem interagir harmoniosamente para que possam promover o sucesso do seu funcionamento. 20 1.4 O CONCEITO DE SISTEMA Um sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas, denominadas de subsistemas para a consecução de um determinado objetivo, que é o de transformar entradas (inputs) em saídas (outputs), de modo que estas sejam maiores quando comparadas aos resultados e rendimentos individuais de cada elemento constituinte do sistema principal (Wild, 1981). Assim, todo sistema é constituído de vários subsistemas. Por outro lado, todo sistema é parte integrante de um sistema maior, denominado de macrossistema, que normalmente é a própria sociedade na qual o sistema está inserido. 1.4.1 Parâmetros dos sistemas Um sistema caracteriza-se por determinados parâmetros, que podem ser conceituados como constantes arbitrárias. Tais constantes, por intermédio de suas propriedades, fornecem informações relativas ao valor e à descrição dimensional de um sistema específico ou de um componente do sistema. Os principais parâmetros de um sistema são os seguintes: a) Entradas ou “inputs” – Representam todo o material e energia necessários para o funcionamento do sistema. Geralmente são oriundos do meio externo; b) Processamento – É o mecanismo responsável pela conversão das entradas em saídas. O processamento consiste, portanto, no próprio funcionamento interno do sistema; c) Saídas ou “outputs” – Representam os resultados do processo em um determinado sistema. Para o caso dos subsistemas, por estarem inclusos em um sistema maior e mais complexo, os resultados são intermediários, enquanto que no caso dos sistemas, os resultados são conclusivos. Porém, em ambos, as saídas devem ser coerentes com as metas previamente estabelecidas; d) Retroação ou “feedback” – É um tipo de controle que, através de um fluxo específico de informação, visa comparar os resultados obtidos, a partir de um determinado processo, com o critério ou padrão previamente estabelecido. É esta comparação que permite, caso necessário seja, o ajuste das saídas obtidas relativamente ao funcionamento do sistema. 21 Além desses quatro parâmetros principais que constituem os sistemas, pode-se ainda considerar um quinto elemento, que são as fronteiras ou limites. As fronteiras são linhas que separam o que está dentro e fora dos limites de um sistema. As organizações possuem fronteiras que as diferenciam do ambiente no qual elas estão inseridas e, através das quais, ocorre o intercâmbio entre o sistema e o ambiente. O grau de abertura do sistema em relação ao ambiente é definido pelo grau de permeabilidade dessas fronteiras. 1.4.2 Classificação dos sistemas quanto à sua natureza Os sistemas podem ser classificados segundo diversos critérios. Quanto à sua constituição, por exemplo, podem-se classificar em sistemas físicos ou concretos – quando são compostos por equipamentos, maquinarias e objetos reais – ou em sistemas abstratos, quando são compostos de conceitos, planos, hipóteses e idéias. Em outras palavras, pode- se afirmar que os sistemas físicos englobam “hardware”, enquanto que os sistemas abstratos envolvem “software” (Wild, 1981). No entanto, a classificação dos sistemas quanto à sua natureza representa um dos mais significativos critérios de classificação. Sob esta ótica, os sistemas podem assumir duas configurações básicas: sistemas abertos e sistemas fechados. Segundo Wild (1981), os sistemas abertos são aqueles cujas saídas não têm influência direta sobre as partes anteriores do sistema. Isto significa que um sistema aberto não reage a seu próprio desempenho. Suas últimas ações não têm influência sobre ações atuais e futuras, assim como não há “feedback” de informação sobre as suas saídas para o controle de suas entradas. Zaccarelli (1987) complementa a visão de Wild (1981), ao afirmar que os sistemas abertos são aqueles que funcionam sob relações desconhecidas de “entradas/saídas” (relações causa/efeito) e que mantêm um intercâmbio complexo e indeterminado com o meio ambiente. Ainda segundo o mesmo autor, nestes sistemas há diversas entradas e saídas, não muito bem conhecidas e determinadas, sendo, por isto, denominados de probabilísticos. Com relação aos sistemas fechados, Wild (1981) afirma que tais sistemas são aqueles que são diretamente influenciados por seu próprio comportamento pregresso. Isto significa que suas próprias saídas são monitoradas com o intuito de que algum controle proposital possa ser exercido sobre suas entradas. Neste caso, a operação do sistema 22 depende diretamente do “feedback” de informação. Zaccarelli (1987), por sua vez, endossa o pensamentode Wild (1981), ao afirmar que os sistemas fechados são aqueles que funcionam sob relações predeterminadas de “entradas/ saídas” (relações causa/efeito), ou seja, determinadas entradas produzem exatamente determinadas saídas. Por isto, ainda segundo este autor, tais sistemas são denominados de determinísticos. Nota-se, portanto, que, de acordo com a visão desses autores, a distinção básica que existe entre os conceitos de sistemas aberto e fechado, ao contrário do que normalmente se pensa, não está diretamente relacionada ao maior ou menor grau de intercâmbio do sistema com o meio ambiente, mas sim com o tipo de relação de “entradas/ saídas” (ou relação causa/efeito) que caracteriza o sistema. Assim, de acordo com essas considerações, é correto afirmar que tanto sistemas abertos quanto sistemas fechados podem manter relações de troca com o meio ambiente. 1.4.3 Principais características dos sistemas Segundo Katz & Kahn (1978), as nove principais características dos sistemas são as seguintes: 1. Importação de energia. Todos os sistemas importam alguma forma de energia do ambiente externo. Por exemplo, a célula recebe oxigênio da corrente sangüínea; igualmente, o corpo absorve oxigênio do ar e alimento do mundo exterior. A personalidade também é dependente do mundo exterior para a obtenção de estímulo, isto é, o funcionamento da personalidade depende muito do influxo contínuo de estimulação do ambiente externo. Da mesma forma, as organizações sociais precisam de suprimentos renovados de energia de outras instituições, ou de pessoas, ou do meio ambiente material. Nenhuma estrutura social é auto-suficiente ou autocontida. 2. A transformação. Os sistemas transformam a energia disponível. O corpo converte amido e açúcar em calor e ação. A personalidade converte formas químicas e elétricas de estimulação em qualidades sensoriais, bem como informações em configurações de pensamento. A organização cria um novo produto, ou processa materiais, ou treina pessoas, ou proporciona um serviço. Essas atividades acarretam alguma reorganização de “input”. É executado um trabalho no sistema. 23 3. O “output”. Os sistemas exportam os produtos que produzem para o meio ambiente, quer sejam a invenção concebida por mente pesquisadora, quer sejam um bem tangível ou a prestação de um serviço. 4. Sistemas como ciclos de eventos. O padrão de atividades de uma troca de energia tem um caráter cíclico. O produto exportado para o ambiente supre as fontes de energia para a repetição das atividades do ciclo. A energia que reforça o ciclo de atividades pode derivar-se de um certo intercâmbio do produto no mundo exterior, ou ainda da própria atividade. Segundo Katz & Kahn (1978), o método básico para a identificação de estruturas sociais consiste em seguir a corrente de energia dos eventos, a partir do “input” de energia, através de sua transformação, até o ponto de fechamento do ciclo. 5. Entropia negativa. Para sobreviver, os sistemas precisam mover-se para deter o processo entrópico, isto é, precisam adquirir entropia negativa. O processo entrópico é uma lei universal da natureza, cuja teoria básica consiste em afirmar que todas as formas de organização se movem para a desorganização ou a morte. Entretanto, a partir do momento em que um dado sistema importa do seu meio ambiente uma quantidade de energia superior àquela que expende, então ele estará apto a armazenar a energia excedente, adquirindo, assim, a denominada entropia negativa. Portanto, deduz-se que, em todo sistema, há uma tendência geral em se maximizar sua razão de energia, de importada para expendida. O processo entrópico impõe-se em todos os sistemas biológicos, uma vez que o seu reabastecimento de energia não é de caráter qualitativo, não podendo, por consegüinte, manter indefinidamente a complexa estrutura organizacional do tecido vivo. Os sistemas sociais, porém, não se acham vinculados às mesmas constâncias físicas dos organismos biológicos e, por isso, podem ser capazes de deter, quase que indefinidamente, o processo entrópico. 6. “Input” de informações, “feedback” negativo e processo de codificação. Os “inputs” para os sistemas vivos não consistem somente em materiais contendo energia, que se transformam ou são alterados pelo trabalho feito. Os “inputs” também são de caráter informativo e proporcionam sinais à estrutura sobre o ambiente e sobre seu próprio funcionamento em relação a ele. O tipo mais simples de “input” de informação encontrado em todos os sistemas é o “feedback” negativo, que permite ao sistema corrigir seus desvios da linha certa. Segundo Miller, apud Katz & Kahn (1978), “quando o “feedback” negativo de um sistema é interrompido, seu estado firme desaparece e, ao mesmo tempo, sua fronteira se eclipsa e o sistema termina”. Se não houver dispositivo de correção para fazer 24 com que o sistema volte ao seu curso, este absorverá um excesso de “input” de energia ou gastará uma quantidade de energia além da necessária. Todos esses fatores indicam a natureza crítica do “feedback” negativo. Por outro lado, a absorção de “input” por um determinado sistema deverá apresentar um caráter seletivo, uma vez que nem todos os “inputs” de energia podem ser absorvidos por todos os sistemas. O termo geral para os mecanismos seletivos de um sistema, por cujo intermédio os materiais são rejeitados ou aceitos e traduzidos para a estrutura, é a codificação. A natureza das funções desempenhadas pelo sistema determina seu mecanismo de codificação, que, por sua vez, perpetua este tipo de funcionamento. 7. Estado firme e homeostase dinâmica. Considera-se que uma organização alcança um estado firme, isto é, um ponto de eqüilíbrio, no que se refere ao relacionamento de suas partes, a partir do momento em que há a ocorrência de dois requisitos fundamentais, que são a unidirecionalidade – que diz respeito à manutenção da orientação do sistema para um determinado objetivo, de modo que os mesmos resultados possam ser atingidos, ainda que haja mudanças no ambiente ou na empresa – e o progresso com relação ao fim, que se refere ao fato de que, ao manter os objetivos e fins desejados, o sistema torna-se capaz de apresentar um grau de progresso que pode ser otimizado quando a empresa alcança a condição focal com menor esforço e maior precisão. Vale também salientar que, sob a ótica da sobrevivência da organização, faz-se necessária a conciliação dos processos de homeostase, que garantem a rotina do sistema a partir de uma situação de equilíbrio e adaptabilidade, que conduz, por sua vez, à ruptura, à inovação ou à mudança, haja vista que tal situação se constitui na alteração da organização de um sistema. 8. Diferenciação. Os sistemas deslocam-se para a diferenciação e a elaboração. Os padrões difusos e globais são substituídos por funções mais especializadas. Assim como o crescimento da personalidade prossegue de organizações primitivas e grosseiras, das funções mentais, para sistemas hierarquicamente estruturados e bem diferenciados de crenças e sentimentos, as organizações sociais deslocam-se para os papéis de multiplicação e elaboração com maior especialização de função. 9. Eqüifinalidade. É a característica dos sistemas que diz respeito à dependência que existe entre suas partes inter-relacionadas (subsistemas), no que se refere ao alcance dos objetivos propostos. Isto significa que todos os subsistemas que compõem um sistema principal devem trabalhar unidos e imbuídos da consecução dos objetivos deste (Katz & Kahn, 1978). 25 1.5 A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS RELATIVAS AOS SISTEMAS A Teoria Geral de Sistemas é de interesse particular da Ciência da Administração,uma vez que está essencialmente preocupada em estabelecer características e parâmetros para todos os sistemas. Esta teoria, que teve suas origens nos trabalhos publicados pelo biólogo alemão Ludwing von Bertalanffy, no período compreendido entre 1950 e 1968, alicerçava-se nos pressupostos de que existia uma clara tendência para a integração entre as ciências naturais e sociais. A Teoria Geral de Sistemas não objetiva resolver problemas, mas sim elaborar teorias e conceitos, de modo que possam ser aplicados à realidade empírica. Ela ainda sustenta que as propriedades dos sistemas devam ser estudadas de maneira conjunta, a fim de serem adequadamente compreendidas. Assim, a análise dos elementos de um sistema, de forma desagregada, não faz parte das premissas básicas desta teoria (Chiavenato, 1999). A tendência da Teoria Geral de Sistemas, no tocante à integração entre as ciências naturais e sociais, dirigia-se para uma “teoria pura de sistemas”, que, por sua vez, viria a ser o modo mais abrangente de se estudar os campos não-físicos do conhecimento científico – especialmente no que diz respeito às ciências sociais – bem como viria a colaborar para o objetivo da integração e da unidade da ciência como um todo. Desse modo, deduz-se que a Teoria de Sistemas nada mais é do que uma especificidade da Teoria Geral de Sistemas. Não obstante, pode-se afirmar que aquela teoria possui aspectos bastante distintos daqueles pertencentes às teorias da administração que a antecederam. O principal deles é que, enquanto as teorias anteriores desconsideravam diferentes ambientes organizacionais, bem como negligenciavam a importância de se considerar a dependência da organização quanto ao ambiente no qual ela está inserida, a Teoria de Sistemas apresenta uma abordagem exatamente oposta a esses princípios (Chiavenato, 1999). Segundo o mesmo autor, pode-se considerar que a rápida interação da Teoria de Sistemas na administração foi devida a duas razões em especial: 1ª) Os avanços surgidos nos campos da matemática, da cibernética e da tecnologia de informação, que vieram proporcionar possibilidades de desenvolvimento e operacionalização de idéias que tendiam para uma teoria de sistemas própria da administração; 26 2ª) A necessidade que havia de uma síntese ou integração entre as teorias anteriores, o que veio a acontecer justamente pela influência da Teoria de Sistemas. A Teoria de Sistemas permite, portanto, a análise dos fenômenos dentro de uma abordagem global, favorecendo, até mesmo, a inter-relação e a integração de assuntos de naturezas distintas. 1.6 RESUMO A partir do último quartel do século XVIII, uma nova concepção de trabalho, a Revolução Industrial, veio modificar completamente a estrutura social e comercial da época, ocasionando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social. Mais adiante, no início do século XX, próximo ao fim da 2ª Revolução Industrial, é inaugurada, por Frederick Taylor, a era da Administração Científica, cujos princípios básicos apregoavam que as organizações e a administração deveriam ser estudadas cientificamente. Em meio a este contexto, à medida que se aperfeiçoavam os controles automáticos e a maquinaria, a maior parte do esforço de fabricação pesada ia sendo dirigida para a produção em massa, caracterizando a expansão industrial da primeira metade do século XX. A “abordagem do bom senso”, que reúne a maior parte da teoria e do raciocínio clássicos utilizados para a compreensão das organizações, apóia-se nas suposições de que a localização e a natureza de uma organização são dadas por seu nome, e que uma organização é simplesmente constituída de metas intrínsecas. Katz & Kahn (1978) enxergam dois problemas que estão diretamente relacionados às suposições básicas da “abordagem do bom senso”, a saber: 1) os rótulos populares representam os estereótipos socialmente aceitos sobre as organizações, mas não especificam suas estruturas de desempenho de papel, sua natureza psicológica ou suas fronteiras; 2) a compreensão de uma organização pode ser tida simplesmente como a sinopse das finalidades de seu criador. Neste contexto, com base na clara semelhança que existe entre os organismos vivos e as organizações, Katz & Kahn (1978) propõem um modelo teórico para a compreensão de uma organização, que nada mais é do que um sistema de energia “input-output”, no qual o retorno da energia do “output” reativa o sistema. Com base neste modelo teórico, pode-se definir organização como sendo um sistema, criado pelo homem e composto de partes inter-relacionadas, que coexiste e interage dinamicamente com o seu meio ambiente, exercendo influência sobre este e, concomitantemente, recebendo sua influência. Um sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas, denominadas de subsistemas, que existem para a consecução de um determinado objetivo, que é o de transformar entradas (“inputs”) em saídas (“outputs”), de modo que estas sejam maiores quando comparadas aos resultados e rendimentos individuais de cada elemento constituinte 27 do sistema principal. Todo sistema é composto pelos seguintes parâmetros: entradas ou “inputs”, processamento, saídas ou “outputs”, retroação ou “feedback”, e fronteiras. Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser classificados em abertos ou fechados. Os sistemas abertos são aqueles que funcionam sob relações desconhecidas de “entradas/saídas”, ou seja, são aqueles cujas saídas não têm influência direta sobre as partes anteriores do sistema, ou que não reagem a seu próprio desempenho. Não há “feedback” de informação sobre as suas saídas para o controle de suas entradas. Os sistemas fechados, por sua vez, são aqueles que funcionam sob relações predeterminadas de “entradas/ saídas”, ou seja, são aqueles que são diretamente influenciados por seu próprio comportamento pregresso, de modo que suas saídas são monitoradas com o objetivo de que algum controle proposital possa ser exercido sobre suas entradas. Neste caso, a operação do sistema depende diretamente do “feedback” de informação. Segundo Katz & Kahn (1978), as nove principais características dos sistemas são as seguintes: 1. Importação de energia; 2. A transformação; 3. O “output”; 4. Sistemas como ciclos de eventos; 5. Entropia negativa; 6. “Input” de informação, “feedback” negativo e processo de codificação; 7. Estado firme e homeostase dinâmica; 8. Diferenciação; 9. Eqüifinalidade. A Teoria Geral de Sistemas, que teve suas origens nos trabalhos publicados pelo biólogo alemão Ludwing von Bertalanffy, alicerçava-se nos pressupostos de que existia uma clara tendência para a integração entre as ciências naturais e sociais. Tais pressupostos dirigiam-se para uma “teoria pura de sistemas”, que viria a ser o modo mais abrangente de se estudar os campos não-físicos do conhecimento científico, bem como viria a colaborar para o objetivo da integração e da unidade da ciência como um todo. A Teoria de Sistemas apresenta aspectos bastante diversos daqueles pertencentes às teorias da administração que a antecederam, principalmente pelo fato de que esta teoria leva em consideração os diferentes ambientes organizacionais, bem como dá importância à questão da dependência das organizações quanto ao ambiente no qual estão inseridas. 1.7 QUESTÕES PROPOSTAS 1. Comente a respeito das principais conseqüências provocadas pela Revolução Industrial relativamente ao desenvolvimento do sistema fabril. 2. Quais são os princípios básicos da Administração Científica? 3. Quais são as suposições básicas da “abordagem do bom senso” ? 4. Quais os dois principais problemas observados por Katz & Kahn (1978)relativamente à “abordagem do bom senso” para a compreensão das organizações? 5. Quais são as principais semelhanças existentes entre os organismos vivos e as organizações? 28 6. Disserte a respeito da(s) base(s) do modelo teórico proposto por Katz & Kahn (1978) para a compreensão das organizações, explicitando o conceito de organização com base no referido modelo teórico. 7. Quais são os principais parâmetros ou partes que compõem um sistema? 8. Qual a diferença entre os conceitos de sistemas aberto e fechado? 9. Com suas próprias palavras, comente brevemente a respeito das nove principais características dos sistemas. 10. Teça um comentário a respeito da Teoria Geral de Sistemas e a Teoria de Sistemas no tocante às suas origens, essências e distinções. 1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Ed. Cultrix, 1996. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração / edição compacta - 2ª ed – Rio de Janeiro: Campus, 1999. KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia social das organizações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1978. MONKS, Joseph. Administração da Produção. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. Cap. 1: Funções da Administração da Produção. SILVA, Francisco de Assis. História Geral: moderna e contemporânea - 1 o grau. Vol 2. São Paulo: Ed. Moderna, 1985. 29 ZACCARELLI, Sérgio Baptista. Programação e controle da produção. São Paulo: Pioneira, 1987. WILD, Ray. Concepts for operations management. Londres: John Wiley & Sons, 1981. 30 CAPÍTULO 2 – FUNÇÕES E OBJETIVOS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Francisco Antônio Cavalcanti da Silva Lúcia Morgana de Lima Quirino Pablo A. de Oliveira 1.1 INTRODUÇÃO Este capítulo analisa as funções e objetivos dos sistemas de produção, de forma estrutural, a partir de uma categorização funcional. Inicialmente, apresenta a classificação dos sistemas de produção enquanto função, isto é, sistemas de produção dos tipos: manufatura, transporte, suprimento e serviço. Em seguida expõe uma apreciação mais detalhada a respeito do conceito ou definição de cada uma destas funções. O capítulo destaca e exemplifica os diversos subsistemas existentes em cada uma das funções anteriormente citadas. Devido à sua significativa relevância para o contexto do funcionamento dos sistemas de produção, considerar-se-á os fatores estoque e influência do cliente na subdivisão das estruturas apresentadas. Por fim, o texto introduz os conceitos de eficiência e eficácia a fim de determinar os objetivos de desempenho dos sistemas de produção. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ENQUANTO FUNÇÃO A função de um sistema de produção, qualquer que seja ele, é satisfazer as necessidades dos clientes através da produção de saídas (bens ou serviços) úteis. O conceito de bens está relacionado ao conceito de utilidade, ou seja, a propriedade que os objetos materiais e serviços tem de satisfazer desejos humanos. Assim, os objetos que têm utilidade são considerados bens (artigos de comércio, negócio ou produtos manufaturados em geral). Os bens são objetos fisicamente tangíveis, comprados em uma loja e levados para casa. Os serviços são intangíveis e podem ser definidos como um sistema organizado de utensílios, aparelhos, e/ou funcionários para fornecer alguma acomodação e atividades requeridas pelo público ou a realização de quaisquer tarefas ou trabalho para outra pessoa. 31 Serviços são coisas como “acomodações” de hotel, “atividades” de boliche, tênis, esqui ou teatro, ou algum reparo, limpeza, cuidado médico, consultoria ou outras “tarefas ou trabalhos” realizados por pessoas contratadas. Diferentemente de bens manufaturados, serviços são consumidos no próprio momento de sua produção. Para a criação de bens e serviços, pelas organizações, são utilizados recursos físicos. Tais recursos são categorizados por Wild (1981) como se segue: 1. Materiais: aqueles itens físicos consumidos ou convertidos pelo sistema (matéria-prima, combustível, materiais indiretos etc). 2. Máquinas: aqueles itens físicos utilizados pelo sistema (ferramentas, veículos, construções etc). 3. Trabalho: são contribuições fornecidas pelas pessoas para a operação do sistema, sem as quais nem as máquinas, nem os materiais seriam utilizados com eficácia. O quadro 2.1, a seguir, apresenta alguns exemplos de sistemas de produção. Quadro 2.1 Sistemas de produção 1. Supermercado 2. Serviço de táxi 3. Dentista 4. Transportadora 5. Serviço de remoção de lixo 6. Posto de Combustíveis 7. Pronto Socorro 8. Lavandaria 9. Construtora 10. Corretora 11. Restaurante 12. Farmácia FONTE: Adaptado de WILD (1981). 32 A categorização dos sistemas quanto à produção de bens e serviços não é suficiente. As organizações, em sua maioria, estão preocupadas com os dois aspectos que são mutuamente dependentes. A empresa que produz um bem, também presta um serviço ao consumidor para vendê-lo. A empresa de serviço, por sua vez, atende ao cliente, mas preocupa-se também com a qualidade do bem envolvido na operação. Portanto, a noção de função é que torna possível uma maior categorização dos sistemas de produção, quais sejam: manufatura, transporte, suprimento e serviço. 2.3 DEFINIÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Agora se pode considerar um sistema de produção como uma configuração de recursos combinados para os propósitos de manufatura, transporte, suprimento e serviço (Wild, 1981). A Manufatura tem como característica predominante a criação física, isto é, a saída consiste de bens que diferem fisicamente em forma, conteúdo etc. daqueles materiais que entram no sistema. Assim, a manufatura requer alguma transformação física ou uma mudança na forma da utilidade dos recursos. A categoria de Transporte existe com o propósito de mover alguma coisa ou alguém de um lugar para outro, isto é, a localização de alguém ou alguma coisa é mudada. O sistema utiliza seus recursos primordialmente para estes fins, e tais recursos, normalmente, não sofrerão mudanças físicas. O sistema provê recursos para uma mudança no local da utilidade. Suprimento é a categoria em que a principal característica é a mudança de propriedade ou posse de bens. Diferentemente da manufatura do bem, as saídas do sistema são fisicamente iguais às entradas. Não há transformação física e a função do sistema é primordialmente a mudança na posse da utilidade de um recurso. O sistema de Serviço tem como característica principal o tratamento ou a acomodação de alguma coisa ou de alguém. Há uma mudança primordial no estado da utilidade de um recurso. Diferentemente dos sistemas de suprimento, o estado ou condição das saídas físicas irá diferir das entradas, em virtude de terem sido, de alguma forma, tratadas. As categorias, definidas acima, estão resumidas no quadro 2.2, na página seguinte. 33 Quadro 2.2 Funções dos sistemas de produção Função Principal Principais Características Exemplos Manufatura Criação física Mudança na forma Alfaiataria Construtora Transporte Deslocamento de pessoas ou objetos. Mudança de lugar Transportadora Remoção de lixo Serviço de táxi Suprimento Transferência Mudança de posse de bens Farmácia Supermercado Posto de combustíveis Corretora Serviço Tratamento dealguma coisa ou de alguém Dentista Lavandaria Restaurante Pronto socorro FONTE: Adaptado de WILD (1981). Definido o sistema de produção por função, pode-se dizer que a gestão das operações é a gestão do projeto, planejamento, operações e controle dos sistemas de manufatura, transporte, suprimento ou serviço. A definição de gestão das operações sinaliza que seus objetivos são tanto produzir um serviço satisfatório ao consumidor quanto elevar a produtividade dos recursos envolvidos na produção. O item 2.6 deste capítulo dedica-se a explicitar os objetivos da gestão das operações. 2.4 OS SUBSISTEMAS DENTRO DA CATEGORIZAÇÃO FUNCIONAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO A tipologia apresentada nos tópicos iniciais deste capítulo – manufatura, transporte, suprimento e serviço - facilita enormemente a compreensão a respeito do funcionamento dos sistemas de produção. Pode-se pensar nestes sistemas como um conjunto de elementos 34 interdependentes e interagentes, no qual os resultados, ou saídas, são maiores se comparados aos resultados e rendimentos individuais de cada elemento constituinte, agindo por si próprio. Contudo, convém destacar que os sistemas de produção são concebidos, no tocante ao aspecto funcional, não apenas através de uma perspectiva externa, mas também se observando seu âmbito interno e estrutural. A análise dos aspectos internos dos sistemas de produção leva à concepção da existência de sistemas interiores a outros sistemas, ou seja, subsistemas de sistemas maiores, como mostrado na figura 2.1 logo abaixo. Dessa maneira, torna-se impossível a compreensão da integração dos elementos e partes destes sistemas apenas pela simples investigação de partes isoladas dos mesmos. A organização, enquanto sistema, está continuamente submetida a constantes mudanças requerendo balanço e equilíbrio, por parte de suas estruturas constituintes. Figura 2.1 Esquema representativo de um sistema de produção e seus respectivos subsistemas FONTE: Araújo, 2002. A fim de se conseguir distinguir os subsistemas dentro de um sistema de produção, faz-se necessário um estudo do mesmo baseado nos principais aspectos que caracterizam um sistema de operações; entre eles convém fazer menção a um em especial: a equifinalidade. Segundo Katz & Kahn (1978), esta é a característica que assegura aos sistemas abertos a possibilidade de partir de condições iniciais diferentes, seguir caminhos diversos e atingir os mesmos resultados, o mesmo estado final. À proporção que estes sistemas desenvolvem mecanismos reguladores para suas operações, a quantidade de equifinalidade pode ser reduzida; contudo esta permanece, uma vez que existe mais de um método para a consecução de um objetivo. Input(s) C A Ouput(s) D B 35 A característica da equifinalidade auxilia na identificação dos subsistemas de sistemas de produção, uma vez que permite a análise e a comparação entre os objetivos do sistema como um todo e do possível subsistema. Caso ambos existam para o mesmo fim, isto é, quando o subsistema trabalha e contribui para que o sistema atinja a sua finalidade, ele será considerado, verdadeiramente, um subsistema do todo. Se o sistema funcionar perfeitamente sem a presença do mesmo, ele não será considerado um subsistema e sim um sistema agregado ao sistema maior e com uma finalidade não convergente à finalidade do sistema de produção estudado na ocasião. A fim de ilustrar esta última condição, tome-se como exemplo um posto de combustíveis, no qual existe uma loja de conveniências que atende não apenas diversos clientes como também os próprios funcionários do estabelecimento. Esta loja não é concebida como um subsistema do sistema representado pelo posto de combustível, pois este último cumpre perfeitamente a função de sistema de suprimento na ausência da loja de conveniências. Em outras palavras as metas da referida loja e do posto de combustíveis não se encontram direcionadas para o alcance dos mesmos fins. As figuras 2.2 a 2.5, em seguida, apresentam fotografias que ilustram o exemplo comentado em termos de um sistema de produção, seu respectivo subsistema e um sistema agregado à estrutura geral do mesmo. Figura 2.2 Figura 2.3 Posto de Combustíveis Posto e Loja de Conveniências (ao fundo) 36 Figura 2.4 Figura 2.5 Loja de Conveniências Setor de Manutenção Mecânica Sistema de Suprimento Agregado Subsistema de Serviço Internamente a um sistema de produção é possível a existência de subsistemas pertencentes a funções diferentes daquela particular ao sistema como um todo. A partir deste ponto, visando a clarificar este contexto, convém apresentar esta apreciação com base nos seguintes exemplos. Considere-se, inicialmente, um sistema manufatureiro, como, por exemplo, uma fábrica de um gênero industrial qualquer, isto é, químico, mecânico, elétrico, enfim. Este sistema possui internamente subsistemas de transporte, serviço e suprimento. A existência de uma oficina de manutenção do maquinário utilizado nas linhas de produção, pode ser considerado um subsistema de serviço, já que contribui para manter o correto desempenho do maquinário, que é fundamental no desempenho do processo produtivo. Os estoques, sejam eles de matérias-primas ou de produtos acabados, são considerados subsistemas de suprimento, pois dão suporte ao início do processo produtivo (estoque de matérias-primas) ou armazenam adequadamente o resultado da produção até ser realizada a sua distribuição para o mercado consumidor. Um dos muitos subsistemas de transporte a ser destacado em uma unidade industrial (sistema de manufatura) é a esteira mecânica rolante. Claro está que a sua função diz respeito ao transporte de produtos ou materiais de um ponto do processo produtivo a outro qualquer. Em uma empresa metalúrgica, por exemplo, as mesmas podem ser utilizadas para o transporte de materiais pesados. Já em uma empresa química do ramo de cosméticos, esta esteira pode ser usada para transportar embalagens visando o 37 envasamento dos produtos finais (cremes, xampus, sabonetes líquidos etc), auxiliando, conseqüentemente, na dinâmica do fluxo de produção. Continuando, considere-se uma empresa transportadora de cargas como um sistema de transporte, já que seu objetivo principal é o transporte das propriedades de um usuário de um determinado local para outro. A oficina de manutenção que funciona na sede da empresa caracteriza um subsistema de serviço. A mesma atua estrategicamente no sentido de garantir a segurança dos funcionários que realizam as viagens e também dos próprios clientes, por meio da manutenção do funcionamento dos caminhões; contribuindo, assim, para transportes mais seguros e ágeis. Aliado a esta oficina mecânica, quase sempre existe um almoxarifado que armazena peças e ferramentas; sendo, por isso, considerado um subsistema de suprimento. Deste subsistema provém o suporte necessário à atuação da oficina, e em conjunto com ela, o mesmo contribui para o desempenho total do sistema em questão. Exemplos clássicos de sistemas de suprimento são as redes de supermercados. Na atualidade, é bastante comum em diversos supermercados a venda, nos setores alimentícios, de produtos relacionados à panificação, doces e salgados. Boa parte destes produtos é fabricada pela própria panificadora do estabelecimento, a qual, nestes termos, vem se apresentar como um subsistema de manufatura; produztais artigos alargando o leque de produtos à disposição dos clientes que vão passar a possuí-los, contribuindo, claramente, para o cumprimento da finalidade do sistema de suprimento, isto é, reunir e colocar à disposição do cliente uma série de bens, que serão adquiridos por estes últimos, caracterizando a mudança na posse da utilidade dos produtos. Um subsistema de transporte que merece destaque no contexto dos supermercados, enquanto sistemas de suprimento, é o conjunto das máquinas empilhadeiras que transportam os mais variados produtos para outros locais dentro do estoque, organizando-os segundo o determinado pela logística de distribuição interna, e ajudando no descarregamento da mercadoria enviada pelos fornecedores. Por sua vez, o estacionamento juntamente com os funcionários que nele trabalham se apresenta como um subsistema de serviço; prestando o serviço de alojar o veículo do cliente ou comprador e garantir a segurança do mesmo enquanto o proprietário realiza suas compras. Este último subsistema contribui para o desempenho do 38 sistema em atingir sua finalidade à proporção que cuida da segurança dos veículos e, assim, gera nos clientes confiança e credibilidade na organização. Finalizando, tome-se, como exemplo de sistema de serviço, um restaurante que faz entregas em domicílio. A cozinha deste restaurante é tida como um subsistema de manufatura, pois converte os alimentos em pratos que são solicitados pelos clientes. Os estoques, mais uma vez, são considerados subsistemas de suprimento dentro deste sistema de serviço; ajudando a armazenar toda a matéria-prima necessária para a confecção e elaboração dos pratos pedidos. Por último, tem-se como subsistema de transporte o próprio serviço de entrega em domicílio, no qual o pedido é deslocado do local de fabricação até a residência do cliente. Percebe-se, novamente, que todos estes subsistemas citados existem para fazer o sistema de serviço cumprir a finalidade a que se destina, isto é, o atendimento dos pedidos em domicílio. 2.5 A SUBDIVISÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO BASEADA NOS FATORES ESTOQUE E CLIENTE Conforme Wild (1981), os termos adotados na identificação dos sistemas de produção enquanto função, ou seja, manufatura, transporte, suprimento e serviço; embora valiosos para objetivos descritivos sobre a função dos sistemas de operações, não possuem significância para um estudo a respeito da natureza dos mesmos. Para examinar e compreender a natureza, juntamente com as similaridades dos problemas enfrentados pela gestão de operações, se faz necessário entender a estrutura e características dos sistemas, bem como seus pontos em comum. Para tal fim, necessita-se de uma apreciação que tenha como escopo a subdivisão dessas estruturas com base em dois importantes fatores, presentes no contexto de todo e qualquer sistema de produção: a existência e localização de estoques e a influência dos clientes. Sucintamente, pode-se afirmar que a função de um sistema de produção é a satisfação das necessidades dos seus clientes através da produção de saídas úteis, isto é, bens ou serviços. Ao assim afirmar, toma-se consciência da imensa influência dos clientes à medida que agem na propulsão do funcionamento dos sistemas de produção. Trata-se de um fator de extrema relevância, uma vez que está diretamente relacionado à sobrevivência do sistema, a partir da concretização de seus objetivos fundamentais. 39 No que tange ao fator estoque, Slack (1996) o define como a acumulação de recursos materiais em um sistema de transformação. Por vezes, o termo estoque é usado para descrever qualquer recurso que esteja armazenado. A existência do estoque é atribuída a uma contínua diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda. A presença de estoques influencia bastante a organização interna e a dinâmica de funcionamento de um sistema de produção. Tomando por base os dois fatores apresentados, as subdivisões em estruturas, conforme Wild (1981), para os sistemas de manufatura são: “produção para estoque, a partir de estoque”, na qual as entradas são estocadas e o cliente é servido de um estoque de bens acabados; “produção para estoque, ordenar para fazer”, isto é, não há estoque de entrada, contudo bens são produzidos para estoque; “produção sob encomenda, a partir de estoque”, ou seja, todas as entradas são estocadas muito embora os bens só sejam produzidos com recibo de compra do cliente; “produção sob encomenda, ordenar para fazer”, nela inexistem estoques de entrada e todos os bens são fabricados apenas com o recibo de compra do cliente. Com relação à função suprimento, na visão do mesmo autor, as estruturas mais comuns são: “suprimento para ordem a partir de estoque”, isto é, o cliente recebe os bens que requisitou a partir de um estoque de entrada; “suprimento para ordem a partir de ordem”, o cliente recebe os bens que requisitou; contudo estes não são provenientes de um estoque de entrada. Segundo Wild (1981), nos sistemas de transporte e serviço não é possível a existência de estruturas que requerem funções antes do recebimento do pedido do cliente, uma vez que nestas categorias funcionais nenhum estoque físico de saídas é possível. Os sistemas de serviços geram um estoque de saídas visando a satisfação de futuras solicitações dos clientes. Uma relevante característica comum nestes sistemas é a presença ativa do cliente no processo produtivo. Nestes sistemas o serviço se presta no momento do consumo. O cliente é um recurso de entrada para o 40 sistema. Dessa maneira, estas categorias dependem dos clientes não apenas para especificar suas saídas, mas também para o suprimento de alguma entrada física necessária a uma função. Esta presença marcante do cliente contrasta, em termos de aspecto comparativo, com o papel do cliente nos sistemas de manufatura e suprimento; nos quais age apenas sobre as saídas e não participa diretamente dos processos de produção. É importante acrescentar que, de acordo com as considerações apresentadas para os sistemas de transporte e serviços, a gestão de operações não detém o controle direto de todos os recursos de entrada, uma vez que o cliente controla um canal de entrada. Ainda com relação aos sistemas de transportes e serviços, três estruturas são requeridas para a representação dos mesmos. A primeira delas é uma situação de estoque e de cliente, onde os recursos de entrada são mantidos em estoque e são introduzidos no processo apenas a partir da entrada de clientes. Outra estrutura diz respeito à situação de função a partir de fonte, com fila de cliente. Nesta, ao contrário da primeira citada, os clientes formam filas e os recursos de entrada não são estocados. A última estrutura descreve a situação de função a partir de estoque com fila de clientes, ou seja, há estoque dos recursos de entrada com a possível existência de filas. Trata-se por filas os estoques físicos do canal de entrada dos clientes; elas representam demandas futuras conhecidas, vindas dos clientes. Focalizando, agora, o estudo da natureza dos sistemas; Wild (1981) apresenta exemplos das sete estruturas básicas que guiam esta análise. São elas: 1. SOS – Função de estoque, para estoque, para cliente. Esta estrutura pode representar processos de manufatura que lidam tanto com produtos padronizados quanto com lotes em massa de produtos cuja demanda está sujeita a flutuações, como, por exemplo, a indústria de calçados. Nestas estruturas um estoque de produtos de saída é gerado em virtude dos níveis de saída superarem, em certos períodos, os níveis da demanda. Atividades do setor de
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