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Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Engenharia Mecânica Processamento de Polímeros Profa. Dra. Sara Silva Ferreira de Dafé CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS Esquema de classificação dos fluidos segundo comportamento reológico Fluido newtoniano é um fluido em que cada componente da velocidade é proporcional ao gradiente de velocidade na direção normal a essa componente. A constante de proporcionalidade é a viscosidade. O comportamento newtoniano indica que a viscosidade do fluido é independente da taxa de deformação a que ele está submetido. Possui um único valor de viscosidade, em uma dada temperatura. Exemplos: gases, água, leite, soluções de sacarose, óleos vegetais, etc O comportamento reológico de um fluido, em experimentos conduzidos à temperatura e pressão constantes, é definido como newtoniano quando: •a viscosidade não varia com a da taxa de cisalhamento; •a viscosidade é constante com relação ao tempo de cisalhamento e a tensão no líquido cai imediatamente a zero quando cessa o cisalhamento. Seu valor independe do período de repouso do material e em qualquer cisalhamento subseqüente, a viscosidade terá o mesmo valor anteriormente medido. Fluido não newtoniano não apresentam taxa de deformação diretamente proporcional à tensão de cisalhamento aplicada sob uma determinada área. São classificados como aqueles que: Possuem propriedades reológicas independentes do tempo de aplicação da tensão de cisalhamento. Possuem propriedades reológicas dependentes do tempo de aplicação da tensão de cisalhamento Viscoelásticos sem tensão de cisalhamento inicial: com tensão de cisalhamento inicial: requerem a aplicação de uma tensão de cisalhamento superior a um certo valor para que haja deformação conseqüência de uma estrutura interna que impede a movimentação. Sob a ação de uma certa tensão, a estrutura do fluido colapsa e se inicia a deformação. maioria dos fluidos não newtonianos - Pseudoplásticos e dilatantes Plásticos de Bingham e Herschel – Bulkley Reopéticos e tixotrópicos Fluido pseudoplástico Não newtoniano; Diminuição da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento em escoamentos cisalhantes estacionários. Não há uma relação linear entre a viscosidade e a taxa de cisalhamento. Tal efeito pode estar acompanhado por outros fenômenos como certa elasticidade do fluido. O efeito contrário à pseudoplasticidade é chamado de dilatância (muito raramente encontrado). Fluidos biológicos apresentam o efeito de pseudoplasticidade Sangue - apresenta diversos graus de pseudoplasticidade de acordo com a geometria em que esteja escoando e com a sua composição, basicamente, protéica. - suspensão de diversos tipos de partículas (essencialmente hemácias), a quantidade dessas partículas também é determinante para que o grau de pseudoplasticidade varie não só de indivíduo para indivíduo, mas também dentro do mesmo indivíduo dependendo do ponto do organismo onde está circulando o sangue. Possuem propriedades independentes do tempo de cisalhamento sem tensão de cisalhamento inicial O comportamento de materiais pseudoplásticos pode ser compreendido quando sua estrutura interna é analisada. Embora homogêneo, um material pseudoplástico é na realidade composto por mais de uma fase, como partículas ou gotas de um líquido disperso em outro. Por outro lado, existem soluções poliméricas que apresentam longas cadeias moleculares, que se arranjam na forma de fibras. Quando em repouso, a maioria destes materiais apresenta uma estrutura interna, sob a forma de flocos, por exemplo, que dificulta a mobilidade das partículas e provoca aumento na viscosidade da suspensão. Ao ser cisalhada, a estrutura é quebrada e os componentes alinham-se na direção do fluxo deslizando uns pelos outros de modo mais fácil, causando a diminuição no valor da viscosidade. Um exemplo deste processo ocorre com as hemácias no sangue, que podem deformar-se elasticamente, assumindo uma forma mais alongada, permitindo que o sangue cisalhado flua mais facilmente, mesmo através de vasos sangüíneos menores. O cisalhamento pode também induzir partículas agregadas a se deflocularem, o que, macroscopicamente, corresponde a uma redução no valor da viscosidade. Para a maioria das suspensões, o efeito da reofluidificação é reversível, ocorrendo recuperação da viscosidade inicial após redução ou eliminação do cisalhamento. Em tal processo, as grandes moléculas retornam ao seu estado natural desorientado, as gotas deformadas retornam a sua forma original esférica e os agregados se recompõem graças ao movimento Browniano Ex.: Tintas a base de látex e vários termoplásticos fundidos. Dilatantes Apresentam um aumento de viscosidade aparente com a tensão de cisalhamento. Ex: Suspensões à medida que se aumenta a tensão de cisalhamento, o líquido intersticial que lubrifica a fricção entre as partículas é incapaz de preencher os espaços devido a um aumento de volume que freqüentemente acompanha o fenômeno. Ocorre, então, o contato direto entre as partículas sólidas e conseqüente aumento da viscosidade aparente. Exemplos: soluções de amido, farinha de milho, açúcar, etc. Exemplo: processos de estampagem de tecidos em que utilizam-se tintas a base de PVC. Quando a velocidade do processo é subitamente aumentada, a resistência ao fluxo pode tornar-se tão alta a ponto do tecido romper-se ou o cilindro quebrar-se. Os materiais dilatantes são assim denominados porque seu comportamento está associado ao aumento de volume do fluido à medida que o mesmo flui, muito comum em suspensões concentradas. Incluídos neste grupo estão as suspensões concentradas de amido e farinha de milho, soluções concentradas de goma e de açúcares. Muitos materiais não fluem prontamente quando submetidos à ação de uma força, necessitando que um patamar de tensão seja superado para que possam fluir. Esse patamar é denominado limite de escoamento o, e seu valor depende de cada material. Os materiais que exibem tal comportamento são conhecidos como plásticos ou fluidos de Bingham. Pode-se afirmar que os fluidos de Bingham exibem viscosidade infinita quando a taxa de cisalhamento é zero, não havendo portanto, uma primeira região newtoniana Plásticos de Bingham Herschel – Bulkley Sob a ação de uma certa tensão, a estrutura do fluido colapsa e se inicia a deformação Um modo de se estabelecer a existência de limite de escoamento em um material é verificar se o mesmo flui prontamente ao ser solicitado por uma força como a da gravidade. Maionese, catchup, creme dental, margarina e chocolate fundido são alguns dos exemplos mais comuns de emulsões e suspensões que geralmente não fluem nesta situação, necessitando da aplicação de uma força maior para que ocorra o escoamento. TIPO DE ALIMENTO/ADITIVO LIMITE DE ESCOAMENTO (Pa) Chocolate fundido 1,2 Goma guar, 0.5% sólidos, em água 2,0 Goma guar, 1.0% sólidos, em água 13,5 Suco de laranja 7,0 Proteína de soja, 20% de sólidos 127,1 Sacarose, 75% em água 0,0 Purê de tomate, 11% de sólidos 2,0 Goma xantana, 0.5% de sólidos, em água 2,0 Goma xantana, 1.2% de sólidos, em água 4,5 Valores típicos de limite de escoamento para alguns alimentos e aditivos são apresentados na tabela abaixo: Tixotrópicos Apresentam um decréscimo reversível no tempo da força tangencial necessária para manter uma taxa de deformação constante, a uma temperatura constante. Reopéticos Apresentam comportamento inverso aos tixotrópicos. Os ciclos de histereses destas substâncias dependem da velocidade de mudança da taxa de deformação. Possuem propriedades dependentes do tempo de cisalhamento Variação da taxade deformação em função do tempo para fluidos tixotrópicos, newtonianos e reopéticos. FLUIDOS TIXOTRÓPICOS Fluidos tixotrópicos são aqueles em que viscosidade aparente decresce gradualmente com o tempo de cisalhamento, de modo reversível, uma vez fixadas a temperatura e a taxa de deformação. Tais fluidos apresentam uma estrutura interna que é quebrada durante o cisalhamento, sendo recuperada quando o material permanece em repouso por um período suficiente. O fenômeno é chamado de tixotropia. Devido à necessidade de se quebrar a estrutura para que ocorra o fluxo, geralmente estes fluidos apresentam limite de escoamento. Viscosidade Aparente: É aquela medida em um único ponto e através de cisalhamento constante. É expressa por unidades de Poise (1p=0,1Pa.s) ou centiPoise (mPa.s). Utilizada na leitura de viscosidade de fluidos pseudo-plásticos. A tixotropia normalmente ocorre em circunstâncias em que o líquido é reofluidificante ou seja, a viscosidade decresce com o aumento da taxa de cisalhamento. A diferença entre tixotropia e reofluidificação (pseudoplástico) está no fato de que na primeira, a recuperação da estrutura do material só ocorre após um lapso de tempo. São considerados fluidos tixotrópicos várias tintas, os géis de alginato e sucos integrais concentrados. FLUIDOS REOPÉTICOS Fluidos que apresentam aumento reversível na viscosidade com o tempo de cisalhamento, para uma dada temperatura e taxa de deformação, são chamados reopéticos. Esse fenômeno é conhecido como reopexia, tixotropia negativa ou anti-tixotropia. Tal como a tixotropia, a reopexia está relacionada a interações estruturais entre constituintes do material sendo, porém bem menos comum em sistemas alimentícios. Ex.: alguns lubrificantes Viscoelásticos Exibem muitas características de sólidos; São substâncias que apresentam propriedades viscosas e elásticas acopladas. Quando cessa a tensão de cisalhamento ocorre uma certa recuperação da deformação. Exemplos: massas de farinha de trigo, gelatinas, queijos, etc. Ao cisalhar um fluido newtoniano inelástico, este responde apenas com deformação na direção em que a força cisalhante é aplicada. Entretanto, para muitos materiais, a resposta ao cisalhamento pode ser também uma tensão na direção normal ao plano de aplicação da força. Essa tensão é conhecida como tensão normal N1. Fluidos que exibem este comportamento são conhecidos como viscoelásticos. O termo viscoelástico significa a existência simultânea de propriedades viscosas e elásticas num material, sendo muito comum em polímeros, vidros inorgânicos e sistemas alimentícios. Definição de Viscoelasticidade Faixa de Comportamento de Materiais Sólido ---------- Líquido Sólido Ideal ----- Maior parte dos Materiais ----- Fluido Ideal Puramente Elástico ----- Viscoelástico ----- Puramente Viscoso Viscoelasticidade: propriedades viscosas e elásticas. Definição de Viscoelasticidade Linear “Se a deformação é pequena, ou aplicada com suficiente lentidão, os arranjos moleculares nunca estarão longe do equilíbrio. A resposta mecânica é então apenas um reflexo de processos dinâmicos ao nível molecular que ocorrem constantemente, mesmo para um sistema em equilíbrio. Este é o fundamento da VISCOELASTICIDADE LINEAR. Tensão e deformação estão relacionadas linearmente, e o comportamento de qualquer líquido é descrito completamente por uma única função de tempo." Resposta dos Extremos Clássicos Resposta Puramente Elástica Sólido Hookeano = G Resposta Puramente Viscosa Líquido Newtoniano = No caso dos extremos clássicos, o que importa são os valores de tensão, deformação e da taxa de deformação. A resposta independe da carga. Mola Êmbolo Resposta para um Material Viscoelástico ➢ Com pequenos tempos (altas freqüências) a resposta é característica de sólidos ➢ Com longos tempos (baixas freqüências) a resposta é característica de líquidos A HISTÓRIA DA CARGA É CRUCIAL Comportamento Viscoelástico Dependente do Tempo: Propriedades Líquidas e Sólidas de "Silly Putty" t é curto [< 1s] t é longo [24 horas] Número de Deborah [De] = / t Comportamento Viscoelástico Dependente de Tempo: O Número de Deborah ➢ O Velho Testamento diz: “As Montanhas Fluem Diante do Senhor" ➢ Tudo flui se esperarmos tempo suficiente! ➢ Número de Deborah, De – A razão de um tempo característico de relaxação de um material () pelo tempo característico do processo de deformação relevante (t). De = t O Número de Deborah ➢ Sólido elástico Hookeano - é infinito ➢ Líquido Viscoso Newtoniano - é zero ➢ Processo de fusão de um polímero - pode ser alguns segundos Alto De Comportamento Sólido Baixo De Comportamento Líquido IMPLICAÇÃO: Material pode parecer sólido porque 1) Tem um longo tempo característico de relaxação ou 2) o processo de deformação relevante é muito rápido MODELOS REOLÓGICOS Os modelos reológicos são úteis para descrever o fluxo de fluidos não newtonianos e são importantes para relacionar suas propriedades reológicas com grandezas, tais como: temperatura, pH, concentração, etc. O dimensionamento e projeto de equipamentos e processos, bem como o controle de qualidade de produtos, dependem do conhecimento das propriedades reológicas dos fluidos e daí a importância de se utilizar modelos. Os modelos reológicos podem ou não levar em consideração a influência da temperatura e, em alguns casos, incluir um termo relativo ao limite de escoamento. Alguns dos mais importantes são apresentados a seguir. MODELO DE CROSS É um modelo que prediz a forma geral de uma curva de fluxo usando quatro parâmetros, sendo válido para muitos fluidos pseudoplásticos numa extensa faixa de taxas de cisalhamento. É expresso pela equação ))(1( 1 . mo K m o K )( . ou Onde 0 e referem-se respectivamente à viscosidade newtoniana inicial e final, anteriormente discutidas; K é um parâmetro constante com dimensão de tempo e m, uma constante adimensional. MODELO DA LEI DE POTÊNCIA Também conhecido como modelo de Ostwald-De-Waelle, o modelo de potência pode ser obtido do modelo de Cross, quando <<0 e >>, obtendo-se: 1. n K . 101010 logloglog nK ou onde: K = índice de consistência e n = índice de comportamento. Quando n=1, o fluido é newtoniano. Para valores de n<1, a viscosidade decresce com o aumento da taxa de cisalhamento e o fluido é portanto, pseudoplástico. Se n>1, o fluido apresenta comportamento dilatante. A equação de potência é freqüentemente aplicada no desenvolvimento de sistemas de transporte para alimentos fluidos. Vários sistemas reduzem-se a uma relação linear sobre uma ampla faixa de taxas de cisalhamento, quando reduzidos a um gráfico log- log. A tabela a seguir apresenta constantes da lei de potência determinadas para várias polpas de frutas. MODELO DE BINGHAM O modelo de Bingham descreve o comportamento reológico dos fluidos plásticos. Utiliza-se a equação: . po Onde: = limite de escoamento ou tensão inicial; = viscosidade plástica de Bingham o p )2/1(. )2/1()2/1( apo . MODELO DE CASSON Desenvolvido por Casson (1959). A equação é dada por: onde é a tensão de cisalhamento; 0 o limite de escoamento; ap, a viscosidade aparente; e é a taxa de cisalhamento. HERSHEL BULKLEY Fluidos que obedecem este modelo são caracterizados pela presença de limite de escoamento. Num gráfico linear log (tensãode cisalhamento) – log (taxa de deformação). A equação para este modelo pode ser expressa por: n o K . onde 0 é o limite de escoamento. A forma da equação é quase a mesma da utilizada para a lei de potência, mas com a adição do limite de escoamento 0. O valor numérico do expoente n indica a proximidade com um gráfico tensão cisalhante–taxa de deformação; o gráfico é retilíneo quando n é 1 e o grau de curvatura do gráfico nos eixos lineares aumenta a medida que n se distância da unidade. Esse modelo deve ser resolvido por regressão não- linear, pois apresenta três parâmetros a serem determinados. Se o valor do limite de escoamento for conhecido, o modelo pode ser resolvido por regressão linear. Usualmente, o valor do limite de escoamento é determinado empregando-se a equação de Casson. MODELOS PARA A VISCOELASTICIDADE: MAXWELL E KELVIN O comportamento de materiais viscoelásticos é estudado com base em modelos que usam o somatório de componentes elásticas e viscosas. Os modelos clássicos são o de Maxwell e o de Kelvin, que podem ser representados em diagramas esquemáticos de mola e êmbolo, arranjados em série ou paralelo. O êmbolo representa a componente viscosa e a mola, a componente elástica. O modelo de Maxwell é constituído da associação em série desses dois elementos conforme apresentado na figura abaixo. Quando o sistema é submetido a uma tensão , as deformações somam-se, obtendo-se: Diagrama esquemático do modelos de Maxwell . ve para a componente elástica e G ve ' ''' para a componente viscosa. Multiplicando-se a equação acima por , pode-se rescrevê-la da seguinte forma: ´´ Onde é o tempo de relaxação. Se G , 0, trata-se de um fluido newtoniano; por outro lado, quando , , trata-se de um sólido hookeano G O modelo de Kelvin é obtido pela superposição dos elementos viscoso e elástico em paralelo. A deformação é a mesma para os dois e as tensões se somam. As equações descrevem o modelo, representado esquematicamente pela figura. ve ´ G FATORES QUE AFETAM A VISCOSIDADE DOS FLUIDOS Em processos industriais, determinado fluido pode sofrer variações de temperatura, ser submetido à valores distintos de pressão, ser adicionado de pós ou outras substâncias, etc. Em cada uma destas situações, a viscosidade do fluido pode variar significativamente, sendo importante conhecer a extensão desses efeitos sobre o material. Nos tópicos seguintes, serão discutidas a influência da taxa de cisalhamento, temperatura, pressão, concentração de soluto, fração volumétrica e dos sistemas de medida sobre a viscosidade dos fluidos. TAXA DE CISALHAMENTO Como visto anteriormente, a descrição completa do comportamento reológico de uma dada substância exige que as medidas de viscosidade sejam obtidas numa faixa ampla de taxas de cisalhamento pois, para muitos fluidos, o comportamento reológico pode mudar em função desses valores. Há substâncias que a baixas taxas de cisalhamento apresentam comportamento newtoniano, mas exibem pseudoplasticidade quando a taxa de cisalhamento é suficientemente alta. Outros materiais somente fluem quando ultrapassado um determinado valor de tensão de cisalhamento. Em função disso, faz-se necessário o uso de até três equipamentos diferentes para que uma faixa suficientemente ampla de taxas de cisalhamento seja estudada. O quadro abaixo mostra valores típicos de taxas de cisalhamento em diversos fenômenos físicos, que variam de 10-6 (s-1) até 107 (s-1). SITUAÇÃO TAXA DE CISALHAMENTO (s-1) APLICAÇÃO Sedimentação de pós finos em um líquido suspenso 10-6-10-4 Fármacos, tintas Nivelamento devido a tensão superficial 10-2-10-1 Tintas para impressão Drenagem devido a força gravitacional 10-1-101 Pintura e recobrimento Extrusoras 100-102 Polímeros Mastigação 101-102 Alimentos Recobrimento de superfícies 101-102 Tintas, confeitaria Mistura e agitação 101-103 Fabricação com fase líquida Bombeamento 100-103 Bombeamento, fluxo sangüíneo Atomização 103-104 Secagem, pintura, atomização de combustível Lubrificação de pele humana 104-105 Aplicação de cremes e loções na pele Lubrificação industrial 103-107 Motores à gasolina Taxas de cisalhamento típicas para vários processos e materiais (modificada). TEMPERATURA A viscosidade de fluidos newtonianos decresce com o aumento da temperatura, podendo ser descrita pela equação de Arrenhius na forma: T B Ae onde T é a temperatura absoluta e A e B são constantes do líquido Em geral, para líquidos newtonianos, quanto maior a viscosidade, maior é a dependência da temperatura, razão pela qual as medidas de viscosidade devem ser feitas preferencialmente com controle de temperatura, para obter-se resultados acurados. A água por exemplo, tem sua viscosidade variada em cerca de 3% para cada grau, à 25°C sendo necessário manter-se controle de 0,3°C para manter o erro da medida em 1%. )( ln 0TT B A Uma equação mais precisa que a de Ahrrenius e válida para uma faixa bem mais ampla de temperatura e viscosidade é a equação de Vogel-Fulcher-Tammann (VFT), que pode ser expressa por: Por sua confiabilidade, a equação de VFT é utilizada para interpolação das viscosidades de padrões de vidros numa faixa superior a 10 ordens de magnitude, sendo por isso, útil para a determinação de temperaturas de transição líquido-sólido de muitos materiais, como a temperatura de transição vítrea, Tg. A Tg é útil para a obtenção de informações relativas à estrutura de um material, além de contribuir na determinação de seu diagrama de fases. PRESSÃO A viscosidade da maioria dos líquidos é essencialmente constante à pressões que variam entre 0 e 100 atm. Portanto, o efeito da pressão pode ser ignorado para os alimentos submetidos a essa faixa de trabalho. CONCENTRAÇÃO DE SOLUTO Numa solução, há usualmente uma relação não linear entre a concentração do soluto e a viscosidade à temperatura constante. Na tabela a seguir são apresentados os valores de viscosidade para soluções de sacarose em água em várias concentrações. Observa-se a baixas concentrações o efeito reduzido, em contraste com o efeito acentuado causado por concentração de soluto acima de 60% Concentração de sacarose (%) Viscosidade (Pa.s) 0 0,001 20 0,002 40 0,006 60 0,056 80 40,000 Efeito da concentração de soluto em soluções de sacarose. FRAÇÃO VOLUMÉTRICA NUMA SUSPENSÃO Usualmente, valores elevados da fração volumétrica numa suspensão causam aumento significativo na viscosidade, o que pode ser explicado em função da interação entre as partículas do material. Esse comportamento pode ser descrito pela equação de Einstein para a viscosidade: )5.21(0 onde o é a viscosidade do solvente e a fração volumétrica. O efeito é comum em misturas leite-amido e também na chamada “areia movediça”. INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS DE MEDIDA As propriedades reológicas fundamentais são independentes do instrumento no qual elas são medidas e, portanto, instrumentos diferentes devem produzir os mesmos resultados. Entretanto, este é um conceito ideal e desse modo, instrumentos diferentes raramente produzirão os mesmos resultados. Para a obtenção de resultados realísticos, condições como regime laminar e controle de temperatura devem ser garantidas durante os ensaios. Assim, a qualidade dos resultados dependerá das características de cada viscosímetro. O tópico seguinte aborda alguns aspectos relativos ao princípio de medida de viscosidade.