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Resenha Dos Delitos e das Penas

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Ana Luíza Massa – 2NB
Resenha: Dos Delitos e das Penas - Cesare Beccaria
	
	No capítulo I, o autor apresenta que há uma necessidade em distribuir igualmente as vantagens da sociedade entre os seus membros, isso não ocorre já que há uma tendência de concentração, ae somente com a elaboração de boas leis pode ser eliminada. O processo de melhoria das leis passaria por um esclarecimento social, por pensadores e humanistas, e é com essa função que o autor se diz motivado a escrever a obra, com foco no sistema criminal, e na análise da necessidade de algumas das penas, como a pena de morte, a tortura e os meios mais apropriados para prevenir a criminalidade.
	O capítulo II justifica o direito de punir, só as leis podem apontar as penas para cada delito, essas leis são feitas pelo legislador que representa toda a sociedade através do contrato social. Qualquer lei que não siga essa base, irá se deparar sempre com uma resistência que a fara desaparecer. Portanto, é no coração humano que encontraremos os preceitos do direito de punir, pois as leis devem ser fundadas a partir do que está no coração do homem.
O autor utiliza teoria contratualista de Hobbes para fundamentar a existência do direito penal e das penas, e tambem para limitar a incidência do poder punitivo, que sofreria afastamento de seu fundamento se não fosse limitado. Para Thomas Hobbes, a humanidade, no estado natural, estaria em estado de guerra constante devido a falta de segurança, e, para evitar tal condição, optam os homens por um contrato social, renunciando de certas liberdades em troca de segurança.
	No capítulo III, como consequência do princípio que o contrato social fundamentou o direito de punir e a existência das punições penais, tem-se que só a lei pode prever as penas e que apenas o legislador pode criar leis penais. Em decorrência do princípio da legalidade, tem-se que o magistrado não é parte da sociedade, não podendo ser ele mais severo contra um de seus semelhantes do que permite a lei. A segunda consequência é a de que o soberano só pode fazer leis gerais, com punições as violações ao contrato social, mas não as pode aplicar. Esses princípios demonstram a adesão de Beccaria à teoria de Montesquieu da separação dos poderes.
	O capítulo IV trata da forma de intrepretação das leis, os juízes não possuem o direito de interpretar as leis penais, pela simples razão de não serem legisladores, cabendo a função de apenas aplicá-las ou seja, as funções do magistrado e do legislador são constantemente delimitadas para evitar a concentração de poder.
	O capítulo V trata da necessidade de o legislador elaborar leis que sejam claras e de fácil entendimento por qualquer cidadão, evitando a obscuridade. O capítulo VI trata da prisão, declarando Beccaria que somente a lei pode determinar quando ela seja viável. Assim, a lei deve indicar os indícios suficientes para a prisão daqueles acusados, para que não haja abusos já que se trata da liberdade de um ser humano.
	O capítulo VII procurou ressaltar a qualidade das provas para se chegar à verdade. Afirmou que uma prova que se sustenta sozinha é capaz de condenar ou absolver um acusado; porém, as provas que dependem de outras provas merecem pouca consideração, pois destruindo a única prova que parece ser certa, destruirá todas as outras, de nada adiantando ter varias provas que são dependentes em si para provar um ato, se uma única prova duvidosa poderá destruir todo um trabalho criado para se chegar à verdade, dessa forma, podemos observar com clareza o princípio da ampla defesa e do contraditório. 
O capítulo VIII trata das pessoas que podem ser aceitas como testemunhas, para o autor pode ser qualquer um que não tenha interesse em mentir. O capítulo IX diz respeito à denúncia secreta, que não deveria existir segundo o autor. 
	O capítulo X trata do modo de se proceder ao interrogatório o interrogatório deveria ocorrer segundo a maneira pela qual o crime foi cometido e sobre as circunstâncias em que os acompanhou. as perguntas feitas para o acusado em seu interrogatório não podem ser diretas, com o fito de induzi-los às respostas que se deseja ouvir. 
	No capítulo XI ele faz uma critica a exigência do juramento para o acusado que é obrigado a dizer a verdade, pois o instinto do homem é proteger-se da condenação, se preciso for mentir. O capítulo XII trata da tortura que em nada adianta, vez que se o acusado é culpado e se tem comprovado, a tortura será inútil; se o acusado causa incertezas estariam torturando um inocente. O capítulo XIII trata da duração do processo, que deve ser curta para que o delito cometido venha a ser acompanhado da respectiva punição,e servindo como u freio ao criminoso.
	No capítulo XIV o autor defende que a tentativa deve ser punida com a uma pena inferior à do delito consumado. O cúmplice de um delito que o ajuda a ser resolvido deve receber benefício legal como uma lei geral que prometesse a impunidade ao cúmplice, e não meramente a redução da pena definitiva. 
O capítulo XV trata da desproporcionalidade das penas, Ao aplicar a pena, o jurista deverá observar aquela que causa a impressão de eficácia e durabilidade sendo a menos cruel, visto que, quanto mais severas as penas, mais procurarão evitá-los cometendo outros crimes que o acobertem. O castigo deve causar um mal maior ao infrator do que o benefício da prática do crime
O capítulo XVI faz uma crítica à pena de morte, por ser conflitante com a ideia do contrato social, uma vez que a liberdade delegada pelos indivíduos em troca de segurança não autoriza o estado a eliminar tais indivíduos. O capítulo XVII faz uma defesa da pena de banimento para quem viola as leis. Porém, pena maior que o banimento, para o autor, é a perda dos bens daquele indivíduo. Esta perda poderá ocorrer de maneira gradual, conforme o crime cometido por aquela pessoa. 
O capítulo XVIII trata da pena de infâmia, que é instituída para poucos delitos, que procura humilhar moralmente o agente. O capítulo XIX trata da duração do processo, que serve, para prevenir o delito, já que o tempo entre a ação e a punição cria no agente um incentivo à infração, diferentemente da resposta rápida do sistema penal que desmotiva o agente a cometer outros delitos. O capítulo XX trata da possibilidade de extinguir a punição através do perdão pelo ofendido ou da restauração do estado anterior ao dano. O autor se opõe a essa hipótese, declarando que o interesse particular não pode destruir a necessidade pública já que o direito de castigar pertence às leis e não a qualquer cidadão.
	O capítulo XXI trata da pena de asilo, descartada pelo autor, pois ele considera de que há pouca diferença entre a impunidade e o asilo. O capítulo XXII trata da ilegitimidade de se pôr a prêmio a cabeça de alguém, já que o poder público estaria influenciando a prática de homicídios prática. O capítulo XXIII traz uma defesa à proporcionalidade da fixação das penas em relação à gravidade dos delitos – dosimetria das penas, já o capitulo seguinte defende que é o prejuízo causado à sociedade que define o grau de cada delito. O capítulo XXV defende que os delitos devam ser classificados aqueles que afetam diretamente o cidadão em os que contrariam ou infrinjam proibição legal. Os demais atos não poderiam ser criminalizados e todo cidadão poderia fazer o que a lei não proibe, sendo uma espécie de liberdade. Os capítulos seguintes tratam dos crimes contra a segurança dos particulares,castigados com penas corporais; dos crimes de injúria punidos com a infâmia; sobre os duelos privados em defesa da honra.
O capítulo XXX trata da punição de roubo, para o autor que ela deve ser uma compensação pecuniária. defende, para aqueles que roubaram e não tem condições de ressarcir, a aplicação da pena de escravidão temporária, comumente usada nos paises europeus na época O capítulo XXXI defende que no caso de contrabando a pena é de prisão ou mesmo a escravidão temporária do agente. O capítulo XXXII trata da punição do delito de falência, sendo punível apenas em caso que má-f, umavez que o falido de boa-fé deve quitar suas dívidas, sem ser punido criminalmente já que a a prisão de nada adiantará aos credores.
Nos capítulos XXXIII, XXXIV e XXXV são analisadas as condutas contra a paz pública, a ociosidade, o suicídio e a imigração, os quais não devem ser punidos criminalmente, mas para a prevenção deles devem ser criadas leis específicas. O autor tambem defende políticas públicas preventivas aos delitos de adultério, pederastia e infanticídio. Beccaria sugere, a instuituição de políticas públicas para preverirem a pederastia, em vez de criminalizá-la, ela é caracterizada como uma desvio do homem que vive em sociedade, e não como uma consequência da necessidade do homem livre.
O capítulo XXXVII trata de crimes motivados pela religião, são tratados isoladamente, tendo em seu período da História sem menção à forma de punir.. Os capítulos XXXVIII e XXXIX tratam de leis que limitam indevidamente direitos do cidadão e ferem a liberdade individual, como a que limita a venda de armas. O capítulo XL trata do modelo de punição anterior ao século XVIII, um mecanismo estritamente pecuniário de penalidade, no qual o patrimônio do infrator era utilizado para indenizar r soberano. O juiz acabava por atuar como um advogado do soberand, ou seja, deixava de ser imparcial muitas.
O capítulo XLI é iniciado com a declaração de que, para Beccaria, a prevenção dos crimes é preferível à punição. Para facilitar a prevenção em vez da punição, a quantidade de delitos tipificados deveria ser minima, com leis claras e simples, protegendo todos os membros da sociedade e que ao mesmo tempo gerem um temor social. O autor menciona que a forma mais segura, porem difícil, de tornar o homem menos propenso ao crime é a educação, sendo um dos pontos mais relevantes da obra, pois, embora nem tudo de seu livro não tenha saído da teoria, é comprovado de que as sociedades com elevado grau de educação não utilizam encarceiramento de forma desordenada para controle social.
	O livro de Beccaria constitui um importante trabalho humanizador por tecer uma crítica ao sistema prisional e, nos dias atuais, vê-se a necessidade de adoção de algumas de suas propostas para que se possa reduzir a violência do aparato penal, sem que se fale em abolição da punição penal. A prevenção dos crimes não se dá apenas com o temor social, mas também com a criação de leis delimitadas pela moral social, orientando o cidadão desde a infância na arte da cidadania e que se chama educação

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