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DIMENSÃO PESSOAL DO ESTADO

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DIMENSÃO PESSOAL DO ESTADO 
Nacionalidade
A população de um Estado soberano é o conjunto de pessoas instaladas em caráter permanente sobre seu território, tanto nativos, quanto estrangeiros. Ao lado do território e do governo soberano, ela constitui elemento constitutivo do Estado e representa sua dimensão pessoal.
Nacionalidade é o status do indivíduo face ao Estado. Relativamente ao Estado, todo indivíduo ou é nacional, ou estrangeiro.
Alexandre de Moraes conceitua nacionalidade da seguinte forma: “Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos”. Já Rezek afirma que: “Nacionalidade é um vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, que faz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado”.
História: Ao longo da história, o estrangeiro sempre foi discriminado. Antigamente, não se lhe reconheciam quaisquer direitos. Hoje, a proteção jurídica do estrangeiro é de reconhecida importância.
A proteção à nacionalidade, por seu turno, é um dos princípios do DI. O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece que: “Todo homem tem direito a uma nacionalidade. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. 
No mesmo sentido, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Roca, 1969), em seu art. 20 estabelece: “Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido se não tiver direito a outra”. O objetivo dessas regras é evitar a apatria e garantir a todos os indivíduos certos vínculos jurídico-políticos com um Estado.
O Direito Internacional reconhece a obrigação do Estado de acolher seus nacionais, não importando as circunstâncias, incluindo a hipótese de terem sido expulsos de onde se encontravam. Os Estados, portanto, devem velar pelo bem-estar de seus nacionais e não devem expulsar seus súditos de forma arbitrária.
A Constituição Federal do Brasil reconhece os mesmos direitos aos brasileiros e aos estrangeiros residentes em território nacional (art. 5º, caput). Há algumas exceções, todavia, no que tange à participação no governo, tais como para o exercício de funções públicas e cargos políticos. É importante destacar também que apesar de a nacionalidade ser um conceito importante no âmbito do DI, esse vínculo político é disciplinado pela legislação interna de cada país.
Jus soli e jus sanguinis: “Jus soli” - a nacionalidade é conferida a todos aqueles que nascem no território do Estado. “Jus sanguinis” - a nacionalidade é concedida ao descendente de nacional, não importa o lugar de nascimento. O Brasil adota, simultaneamente, os dois critérios. Consultar as regras exaradas no art. 12 da CF/88.
Nacionalidade originária e derivada
O Estado soberano é livre para conferir disciplina legal a sua nacionalidade. No Brasil, a questão da nacionalidade é tratada, em linhas gerais, na Constituição Federal à luz da doutrina que houve por bem adotar. A lei maior traça as normas básicas, deixando pouco espaço para leis ordinárias. Há também o Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80), que regulamenta os vistos de entrada no Brasil e os direitos dos estrangeiros. 
Brasileiros natos: 1 – São brasileiros todos aqueles nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que eles não estejam a serviço de seu país (jus soli); 2- nascidos no estrangeiro, desde que um dos pais seja brasileiro e esteja a serviço do governo do país (jus sanguinis + critério funcional); e 3- nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil e optem, em qq tempo, depois de atingida a maioridade pela nacionalidade brasileira (jus sanguinis + critério burocrático/residencial + opção confirmativa). 
Brasileiros naturalizados: Podem adquirir a nacionalidade brasileira: 
1 – os que voluntariamente se naturalizarem (aquisição potestativa);
2 – os estrangeiros que residam no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade (aquisição extraordinária ou quinzenária). 
Para o estrangeiro naturalizar-se, é preciso preencher os requisitos do art. 112 do Estatuto do Estrangeiro (Lei n.º 6.815, de 19 de agosto de 1980), que são: 1- ser civilmente capaz, segundo a lei brasileira; 2- ter visto permanente; 3- residência contínua por, no mínimo, 4 anos; 4- ler e escrever a língua portuguesa; 5- estar no exercício de profissão ou possuir bens suficientes para prover a família; 6- ter bom procedimento; 7- inexistir denúncia ou condenação penal no Brasil ou no exterior; 8- gozar de boa saúde.
O período de 4 anos de residência contínua pode ser reduzido se forem preenchidas as condições do art. 113 do Estatuto do Estrangeiro. Já para os originários de países de língua portuguesa, exige-se apenas: 1- residência por um ano ininterrupto; e 2- idoneidade moral. O processo de naturalização tramita no âmbito do Ministério da Justiça.
Ademais, ressalte-se que a naturalização não é direito subjetivo do estrangeiro. Trata-se de faculdade do Poder Executivo, a quem compete concedê-la ou não, de forma discricionária e satisfeitas as condições legais. 
Perda da nacionalidade
A extinção do vínculo patrial pode atingir tanto o brasileiro nato, quanto o naturalizado. 
As hipóteses encontram-se enumeradas no art. 12, §4º da CF/88, que são: 1- cancelamento da naturalização; 2- aquisição de nova nacionalidade incompatível com a brasileira. 
Cargos privativos de brasileiros natos
art. 12, §2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição, que são os seguintes, §3° - Presidente e Vice-Presidente; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do STF; Carreira diplomática (oficial de chancelaria diplomata); Oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado da Defesa (inciso VII acrescentado pela EC 23/99).
A Convenção sobre “Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses” (Dec. n.º 70.391/72) e o Dec. n.º 70.436/72, que regulamenta o “Estatuto da Igualdade”, inovam a ordem jurídica nacional e assegura o exercício de determinados direitos relativos à cidadania mesmo sem o pressuposto da nacionalidade, disciplinando dois procedimentos: o relativo à simples igualdade de direitos e obrigações civis, e um segundo, mais amplo, tendente à obtenção também dos direitos políticos. A iniciativa de postular o benefício do estatuto incumbe sempre à pessoa natural interessada, cabendo ao Ministro da Justiça deferir o pedido através de portaria, cujos efeitos são individuais. 
Quando vise apenas a igualdade de direitos e obrigações civis, o português terá que fazer prova de sua nacionalidade, de sua capacidade civil segundo a lei brasileira e, ainda, de sua admissão em território nacional em caráter permanente. Se o português pleitear a igualdade de direitos políticos, o estrangeiro terá ainda que provar o gozo dos direitos políticos em seu país de origem, residência no Brasil por no mínimo 5 anos e a inexistência de antecedentes criminais. 
Condição jurídica do estrangeiro
Segundo Rezek, nenhum Estado soberano é obrigado, por princípio de Direito Internacional, a admitir estrangeiros em seu território, seja em caráter provisório ou definitivo.
No Brasil, existem diversos tipos de vistos. Eles podem ser concedidos tanto para aqueles que aqui desejam residir em caráter permanente, quanto para aqueles que apenas permanecem em caráter temporário (viagem de negócios, estudos, missionários, correspondentes jornalísticos, desportistas etc.). Há também os países que através de acordo bilateral dispensam o visto para ingresso em seu território.
Os estrangeiros possuem os mesmos direitos civis que os nacionais (salvo o de exerceratividade remunerada, por exemplo, que só é permitido aos estrangeiros residentes) e o Estado deve garantir a todos o pleno gozo dessas garantias.
Os estrangeiros não têm, por outro lado, direitos políticos, mesmo quando instalados definitivamente em território nacional. É o que se infere da leitura do art. 14, §2º da CF/88.
DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E EXTRADIÇÃO
Deportação. Deporta-se o estrangeiro em casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro.art.98 do Dec.86.715/81 que dispõe que nos casos de entrada ou estada irregular, o estrangeiro, notificado pelo Departamento de Polícia Federal, deverá retirar-se do território nacional em 8 dias (estada irregular) ou em 3 dias (entrada irregular, quando não configurado dolo). Descumpridos os prazos, o estrangeiro é deportado, podendo reingressar no território brasileiro a qualquer momento, bastando que regularize sua situação através do visto competente e pague as despesas porventura ocorridas com o ato de sua retirada.
Expulsão: É passível de expulsão o estrangeiro q., de qq forma, atente contra a segurança nacional, a ordem política ou social, ou se torne nocivo aos interesses nacionais. O MJ, atendendo solicitação do MP, determina que a PF instaure inquérito para a expulsão de estrangeiro. O expulsando precisa ser informado do processo e devidamente citado. Se a citação por carta não for possível, é feita citação por edital. Na expulsão, a decisão final cabe sempre ao Presidente da República, que completará o ato expulsório através da publicação do competente decreto. 
Distinções entre deportação e expulsão:
1) Quanto à causa: a deportação implica estada ou entrada irregular no país. Já a expulsão implica o cometimento de crime contra a segurança nacional.
2) Quanto ao processo: na deportação não há processo. Basta a comprovação da entrada ou permanência irregulares.
3) Quanto aos efeitos: a deportação não impede o retorno do estrangeiro. Quando expulso, o estrangeiro só pode retornar ao território brasileiro após revogado o decreto expulsório.
O reingresso do estrangeiro anteriormente expulso configura o crime previsto no art. 338 do Código Penal.
Extradição: 
Extradita-se o estrangeiro que esteja no Brasil e que tenha cometido crime em seu país de origem. Caracteriza-se pela entrega de criminoso sem a observância de maiores formalidades. O fundamento de todo pedido de extradição deve ser um tratado entre os dois países envolvidos, no qual se estabeleça que, em presença de determinados pressupostos, dar-se-á a entrega da pessoa reclamada. Na falta de tratado, o pedido de extradição só será processado mediante promessa de reciprocidade. 
Trâmite: 
Pedido de extradição chega por via diplomática ao MRE → O MRE envia o processo ao MJ para que seja efetuada a prisão do acusado → o MJ coloca o preso à disposição do STF → ocorre o interrogatório → defesa do extraditando em 10 dias → vistas ao PGR para se manifestar em 10 dias → decisão do STF concernente à extradição. Ler art.5º, LI, CF/88.!!!
Os crimes políticos não ensejam a extradição (CF/88, art. 5º, LII). Os delitos militares como deserção, insubordinação, abandono de posto, dentre outros, não estão no elenco da extradição, bem como os chamados delitos de opinião.
A extradição (passiva) é solicitada pelo Estado estrangeiro, que requer a entrega de pessoa em virtude do cometimento do crime (ação tipificada pela legislação penal de seu país de origem).
No Brasil, o procedimento de extradição passa pelo crivo do STF. O art. 207 do RISTF dispõe que: “Não se concederá extradição sem prévio pronunciamento do STF sobre a legalidade e a procedência do pedido, observada a legislação vigente”. Ou seja, recebendo o pedido de extradição e peças anexas, o presidente do STF o faz autuar e distribuir e o Ministro Relator determina a prisão do extraditando. Tem início, então, processo cuja finalidade é fiscalizar a aplicação da lei, responsabilidade que é partilhada pelo STF com o Ministério Público. A defesa do extraditando não pode adentrar no mérito da acusação, mas tão somente quanto a sua identidade, à instrução do pedido e à legalidade da extradição à luz da lei específica.
Asilo Político
É o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures – geralmente, mas nem sempre, em seu próprio país patrial – por dissidência política, delitos de opinião, ou crimes q., relacionados c/a seg.do Estado, não config.quebra de dto penal comum...neste caso há cooperação internacional/extradição etc.
Na criminalidade política o objeto/afronta não é um bem jurídico reconhecido universalmente mas uma forma de autoridade q se dá sobre ideologia ou metodologia capaz de suscitar confronto além dos limites da oposição regular num Estado democrático.
O asilo político é territorial, isto é, concede-o o Estado àquele estrangeiro q,havendo cruzado fronteira, colocou-se no âmbito espacial de sua soberania e aí requereu o benefício.
Já o asilo diplomático é uma forma provisória do asilo político, só praticada regularmente na Amer.Latina, onde surgiu como instituç costumeira no séc.XIX, e onde se viu tratar em alguns textos convencionais a partir de 1928 (Conveç.de Havana).
Se dá, mormente, em missão diplomática, podendo acontecer tb nas embaixadas e consulados.

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